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PRINCÍPIOS DAS FRATURAS DEFINIÇÃO As fraturas são caracterizadas por serem lesões de tecido ósseo onde a consequência é a perda de continuidade óssea com a formação de um hematoma → De acordo com o mecanismo traumático, as fraturas podem sofrer diversos e diferentes tipos de traço, independentemente de serem consideradas abertas ou fechadas. → As fraturas geralmente resultam de traumas de alta energia, mas podem ser relacionadas a traumas de baixa energia quando houver doença subjacente, como osteoporose ou câncer ósseo. CLASSIFICAÇÃO A) Quanto à localização: → As fraturas podem acometer a epífise do osso (região articular), metáfise ou na diáfise (corpo ósseo). B) Quanto ao comprometimento de partes moles: → Fratura aberta/exposta: nas fraturas expostas o osso quebrado lesiona a pele e está exposto ao ambiente. Neste tipo de fratura, além da possibilidade maior de lesão de tecidos moles, ainda há todo o risco de contaminação e infecção, o que torna este tipo de fratura de pior prognóstico e de tratamento cirúrgico, acompanhado de antibioticoterapia. → Fratura fechada: Nas fraturas fechadas, a pele fica intacta, ou seja, o osso não fica exposto ao ambiente. Esse tipo de fratura não é identificado tão facilmente, uma vez que não há a exposição do osso. Entretanto, alguns sinais podem indicar sua ocorrência, tais como grande dor no osso ou nas articulações, dificuldade ou até mesmo incapacidade de movimentar a área afetada, inchaço e pele arroxeada, formigamento e adormecimento da região. C) Quanto ao traço da fratura: → Pode ser indicativo de qual é o mecanismo traumático da lesão; geralmente, o prognóstico segue de acordo com o tipo do traço da fratura - existem fraturas de serem mais fáceis ou mais difíceis de serem consolidadas. ● Simples: → Apenas um traço de fratura → Lesão única transfixando todo o osso ● Cunha: → Dois traços de fratura fazendo cunha ● Cominutiva: → Múltiplos traços de fratura → Osso fraturado em vários seguimentos 1) Fratura Transversal: São aquelas que apresentam o traço de fratura transversal à diáfise óssea, normalmente causadas por trauma direto ao osso. ● O traço da fratura é transversal a diáfise do osso; ● São fraturas fechadas; não geram fraturas expostas. ● São fraturas alinhadas. ● Se dá por trauma direto no osso. 2) Fratura Oblíquas: São aquelas que apresentam traço oblíquo ao sentido do osso. Assim como as transversais, são normalmente causadas por trauma direto, porém em sentido oblíquo ao osso lesionado. ● Ocorrem em um ângulo. ● Se dá por trauma direto no osso, porém é oblíquo a diáfise 3) Fratura em espiral: Apresentam sentido oblíquo ao osso, porém, diferentemente das fraturas oblíquas, as fraturas em espiral são causadas normalmente por trauma indireto ocasionando a torção do osso e consequente fratura por torção. → É considerada uma fratura de pior prognóstico pois normalmente está associada a lesão de tecidos moles devido a grande formação de espículas ósseas cortantes. → Implica em mecanismo rotatório, sendo diferenciadas das fraturas oblíquas por um componente paralelo ao eixo longo do osso em pelo menos 1 incidência. ● Se dá por trauma indireto no osso >> o osso quebra-se fazendo uma torção óssea >> gera várias espículas ósseas; ● Tendência a lesionar tecidos moles (ex: artérias, nervos, etc). ● É uma das fraturas fechadas que, normalmente, dependendo do traço, tem indicação cirúrgica 4) Fratura cominutiva: São aquelas que acontecem normalmente por trauma direto em grande área óssea, ocorrendo um esmagamento do osso e fratura em múltiplos segmentos. Trata-se de uma fratura de difícil consolidação, normalmente associada a perda de massa óssea e seu tratamento, muitas vezes, requer a utilização de fixador externo. ● Fratura que acontece por esmagamento (ex: acidentes automobilísticos envolvendo motocicletas) >> gera múltiplos fragmentos ósseos ● Fratura de difícil tratamento >> tratada por meio de fixadores externos (ilizarov - “gaiola”). ● Consequência: perda de comprimento ósseo, principalmente em membro inferior. 5) Fratura segmentar: Caracterizada por ser uma fratura em segmento, ou seja, aquela em que há dois traços separando ou isolando um dos segmentos ósseos. ● Semelhante a transversal, porém não quebra em um único ponto >> 2 pontos de separação óssea, gerando intervalos diferentes. ● Tratamento: placas e parafusos >> depende do osso comprometido. 6) Fratura em avulsão: É caracterizada por ser uma fratura causada pelo avulsionamento (arrancamento) de uma extremidade por um tendão ou ligamento ali inserido e que sofre grande tensão. → As causas das fraturas por avulsão são tendão ou ligamento que desaloja um fragmento ósseo. ● Avulsão = arrancamento >> é quando o osso não se quebra por um trauma direto, mas alguém avulsiona, ou seja, alguém arranca um fragmento ósseo >> ocorre por meio de tensão muscular ou ligamento colateral (ex: tensão gerada de maneira elevada e momentânea em um ligamento ou até mesmo em um tendão >> durante a fase de crescimento). ● Comum na tuberosidade da tíbia. 7) Fraturas impactadas: Nessa fratura, apesar de formação de traço, não há descontinuidade óssea. Normalmente causada por traumas de menor intensidade, no mesmo sentido do osso (perpendiculares) e que levam a lesão do periósteo e uma fratura por estresse ósseo. → Encurtam o osso e podem ser visíveis como uma densidade focal anormal na trabécula óssea ou em irregularidades no córtex ósseo. ● Traço da fratura sem gerar separação óssea. ● O osso apenas se trinca, porém gera lesão de periósteo >> provoca dor insuportável. ● Se dá por impactos repetitivos. ● Muito comum de acontecer crista da tíbia >> periostite/canelite. ● Tratamento: repouso >> não houve separação óssea 8) Fratura compactada ou com deformidade: As fraturas impactadas normalmente são causadas por queda de grandes alturas, onde o osso sofre grande impacto em sentido perpendicular e, durante a fratura, um fragmento ósseo se funde ao outro, gerando deformidade e perda de comprimento ósseo. ● O trauma acontece no mesmo sentido da diáfise de ossos longos (ex: fêmur e tíbia). ● Gera uma deformação óssea por impactação. ● Comum em queda da própria altura. ● Tratamento conservador - imobilização e repouso 9) Fraturas em galho verde: Trata-se da fratura típica das crianças e adolescentes em fase de crescimento, quando o osso ainda não é completamente rígido e, desta forma, ainda possui bastante cartilagem. → Assim como um galho verde, nesta fratura há deformação óssea sem a separação dos fragmentos, como se o osso literalmente dobrasse. → O tratamento é sempre conservador com imobilização e o prognóstico é muito bom. Nota: Tratamento básico de qualquer fratura. ● Redução de fratura > reduzir o espaço que foi criado - encostar e alinhar as extremidades ósseas + imobilização >> consequência: calcificação. C) Quanto ao comprometimento articular da lesão: → Fraturas intra-articulares: invasão do traço da fratura até na articulação. → Fraturas extra-articulares: o traço fraturário não acomete a articulação. CONSOLIDAÇÃO Processo de cicatrização óssea: → A estabilização dos fragmentos ósseos fraturados ocorre, de forma gradativa através da reindução das cascatas osteogênicas gerando uma dureza progressiva ao osso. → Ocorre um processo de reparo da lesão, e posteriormente um período de remodelação para o retorno anatomofuncional. → Para que esses dois processos ocorram é necessário que haja estabilidade. → O tempo é muito variável para cada osso fragmentado. → Pode haver duas possibilidades de consolidação sendo primária ou secundária, isso a depender do tipo de imobilização para consolidar a fratura Tipos de consolidação: 1) PRIMÁRIA: → Ocorre quando não há nenhum grau de mobilidade no foco da fratura. → Os fragmentos fraturados não se movimentam. → Geralmente utilizam a imobilização inter fragmentárias cirúrgicas, não havendo chance de calo ósseo. 2) SECUNDÁRIA: → Ocorre quando há movimentação controlada no foco da fratura. → Utilizando processos de estabilização que permitam discretamobilidade. → Há formação de calo ósseo - Fatores: processos que influenciam na consolidação → Caso haja deficiência de um desses fatores dificilmente ocorrerá a consolidação. ● Mecânico: → Estabilização do foco fraturário por imobilização → Não consolida caso haja movimentação excessiva. ● Biológico: → Aporte sanguíneo e a chegada de substâncias para bom desenvolvimento da consolidação. → Células sanguíneas, mediadores inflamatórios (citocinas) células osteogênicas e células de preenchimento de TC. Etapas da consolidação: A cicatrização óssea geralmente é dividida em três estágios levemente sobrepostos: 1) FASE INFLAMATÓRIA: → A fase inflamatória inicial é dominada por eventos vasculares. → Após uma fratura, forma-se um hematoma que fornece os blocos de construção para a cura. → Posteriormente, ocorre a reabsorção de 1 a 2 mm de osso nas bordas da fratura que perderam seu suprimento sanguíneo. 2) FASE REPARADORA: → Na fase reparadora, novos vasos sanguíneos se desenvolvem de fora do osso, que fornecem nutrientes para a cartilagem, que começa a se formar no local da fratura. → A imobilização quase completa é desejável durante a fase inflamatória e a fase reparadora inicial para permitir o crescimento desses novos vasos. 3) FASE DE REMODELAÇÃO: → Na fase de remodelação, o calo endocondral torna-se completamente ossificado e o osso sofre remodelação estrutural. → O processo de remodelação ocorre rapidamente em crianças pequenas, que remodelam todo o seu esqueleto todos os anos. No final da infância, a taxa de remodelação esquelética é de aproximadamente 10 por cento ao ano e continua próximo a esse nível ao longo da vida. Mecanismo de consolidação: → O hematoma fraturário recruta plaquetas para redução do sangramento. → As plaquetas liberam fatores de crescimento, que recrutam mais células inflamatórias. → Esse processo promove uma diferenciação celular de células mesenquimais presentes no periósteo, gerando a diferenciação do pré-osteoblasto a osteoblasto. Estágios: 1) Hematoma: - Imediatamente após o trauma. - Sangramento local e acúmulo de células inflamatórias. - Clinicamente com dor e edema local. 2) Inflamação: - Aumento de células inflamatórias. - Início da angiogênese. - Fibroblastos, condroblastos, fatores de crescimento, interleucinas, prostaglandinas e células mesenquimais 3) Calo Mole: - Formação de um calo provisório. - Ainda é fibrocartilaginoso. - Apresentando um grau importante de mobilidade. - Ocorre 2 semanas após a fratura. 4) Calo Duro: - Substituição gradual do calo mole. - Pode ser observado em Rx a matriz óssea calcificada. 5) Remodelação óssea: - Fase prolongada até 2 anos - Excesso de tecido ósseo será absorvido FRATURA EXPOSTA - Definição:→ A fratura exposta é definida como a condição em que há ruptura na pele e nos tecidos moles subjacentes, ou seja, o invólucro, permitindo a comunicação óssea direta ou de seu hematoma fraturário com o ambiente - Características: → O diagnóstico pode ser evidente na maioria dos casos por ser possível visualizar o fragmento ósseo pela ferida, mas pode haver lesões puntiformes pouco visíveis ao exame físico → O prognóstico é proporcional à energia aplicada ao trauma → A evolução está relacionada com a quantidade de tecido mole que sofre com a lesão e se desvitaliza → A contaminação bacteriana é um dos maiores riscos, após a desvascularização os tecidos tornam-se mais suscetíveis a infecção por privá los do suprimento sanguíneo que auxilia no combate a infecção - Conduta: → Tipo 1 e 2: Cefalosporinas de 1° geração (cefalotina ou cefazolina) → Tipo 3: Cefalosporinas de 1° geração + aminoglicosídeo (gentamicina) → Ambiente Rural: além das anteriores associar penicilina cristalina para cobrir anaeróbios - Classificação de Gustilo e Anderson: guia para a necessidade de ATB profilática de acordo com a lesão TIPO FERIDA CONTAMINAÇÃO LESÕES DE PARTES MOLES LESÃO ÓSSEA I < 1 cm limpa mínima simples - sem o traço muito complexo na fratura II > 1 cm moderada moderada moderada IIIA > 10 cm contaminada grave + cobertura cutânea possível multifragmentar IIIB > 10 cm contaminada grave + perda de continuidade cutânea - reconstrução de partes moles multifragmentar IIIC > 10 cm contaminada lesão vascular (requer reparo); graves lesões de partes moles; reconstrução de partes moles multifragmentar Nota: PAF (perfuração por arma de fogo): classificar automaticamente em III
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