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Difração de raio-x Laboratório de Física Moderna – Departamento de Física - Universidade Federal do Paraná Centro Politécnico – Jd. das Américas – 81531-990 – Curitiba – PR - Brasil Resumo. Este trabalho tem como objetivo estudar os espectros de raio X em monocristais, sendo eles KBr e LiF, com ou sem uso de filtro de níquel. Foi usada a Lei de Bragg para verificar os valores obtidos experimentalmente e comparar aos de literatura. Palavras chave: Difração de raio X, Lei de Bragg. 1 - Introdução O Raio X foi descoberto em 1895, por Wilhelm Röntgen, quando fazia experimentos com raios catódicos. Os Raios X podem ser produzidos quando elétrons são acelerados em direção a um alvo metálico. O choque do feixe de elétrons (que são acelerados devido a uma diferença de potencial acima de 30 mil Volts,) com o anodo (alvo) produz dois tipos de raios X. Um deles constitui um espectro contínuo, que resulta da desaceleração do elétron durante a penetração no anodo. O outro tipo são os raios X característicos do material do anodo e resultam do deslocamento dos elétrons que ocupam as órbitas desse material. Assim, cada espectro de raios X é a superposição de um espectro contínuo e de uma série de linhas espectrais características do material do anodo. Como toda energia eletromagnética de natureza ondulatória, os raios X sofrem interferência, polarização, refração, difração, reflexão, entre outros efeitos. Embora de comprimento de onda muito menor e, portanto, com mais energia, sua natureza eletromagnética é idêntica à da luz [1]. Em 1914 o físico alemão Max Von Laue ganhou o prêmio Nobel por sua descoberta “ A difração de raio X por cristais”. Após experimentos com sulfato de cobre (CuSO4), associando a ideia de que cristais são constituídos por um arranjo periódico de átomos (osciladores) e que os raios-x têm o mesmo comportamento da luz visível, mas com comprimento de onda da ordem de Angström. Os cristais são materiais sólidos cujos constituintes estão dispostos em uma estrutura microscópica altamente ordenada, formando uma rede cristalina que pode ser definida como: qualquer das linhas imaginárias que atravessam um cristal, perpendicular a esses dois, chamado de b. O ângulo entre c e b é chamado de alfa (α); o ângulo entre a e c é chamado de beta (β); e o ângulo entre a e b, de gama (γ). Os eixos cristalográficos servem como referência na descrição da estrutura e simetria dos cristais. Sendo sete sistemas cristalino: cúbico, tetragonal, ortorrômbico, monoclínico, triclínico, hexagonal e trigonal. Como mostra a Figura 1. Figura 1: Estruturas cristalinas Durante este experimento foi usado os monocristais de fluoreto de lítio (LiF) e brometo de potássio (KBr), cujas estrutura cristalina é de face centrada, cujo parâmetro de rede é igual a: a = 2 R (1)2 Podemos considerar como exemplo um átomo de ouro (Au, Z = 79) como uma bola homogênea e sabendo-se que o volume e o diâmetro do átomo são dados pelas equações: V = 4/3πR³ (2) d = 2R = 2 3√ (3)3𝑉4π Onde,V = volume da esfera/átomo, R = raio do átomo e d = diâmetro do átomo. O diâmetro da bola é 2R ≈ 3,32.10-10 metros. A distância entre bolinhas vizinhas se estiverem empilhadas será de aproximadamente 4,67.10-10 metros. Figura 2: Esquema ilustrativo da Lei de Bragg Em 1912, Bragg explicou os resultados de Laue em termos da "reflexão de ondas'' encontrando-se por planos atômicos do cristal, no qual foi possível obter a determinação das estruturas cristalinas do NaCl, do ZnS e do diamante. A Lei de Bragg pode ser deduzida considerando-se o esquema da Figura 2, onde o planos cristalinos é representado por retas paralelas equidistantes sendo d, a distância entre planos. Quando uma frente de onda λ monocromática de comprimento de onda incide em um certo ângulo sobre este conjunto deθ planos, haverá um reforço na intensidade espalhada numa certa direção se a diferença de caminho entre os raios (ondas) espalhados pelo plano superior e inferior for um múltiplo inteiro n do comprimento de onda incidente, ou seja: [2] n = 2d sen (4)λ θ Esta observação é um exemplo de interferência de ondas de raios-X, conhecido como difração de raios-X (XRD). Embora a Lei de Bragg foi usada para explicar o padrão de interferência de raios-X espalhados por cristais, o fenômeno de difração tem sido desenvolvido para estudar a estrutura de todos os estados da matéria com diversos feixes, por exemplo, íons, elétrons, nêutrons e prótons, com um comprimento de onda da mesma ordem de grandeza da distância entre as estruturas atômicas ou moleculares de interesse. [3] 2- Procedimento Experimental Na realização deste experimento foi utilizado um difratômetro Phywe, cuja chave geral fica na parte traseira do equipamento. Será então ligada a interface Cobra3 que é alimentada com 12 V pela fonte encontrada sobre a mesa, e também serão ligados o computador e o contador de pulsos Geiger-Müller (GM). O contador de pulsos Geiger-Müller (GM) foi usado para medir os níveis de radiação em corpos e no ambiente do difratômetro em milivolts, ele contém um tubo com argônio, que se ioniza ao ser atravessado por partículas alfa e beta da radiação, fechando o circuito elétrico é acionado o contador. A interface Cobra 3 coletou os dados que foram interpretados no computador pelo software “Measure”. A montagem da aparelhagem instrumental é ilustrada na Figura 3. Figura 3: Aparatos experimentais usados para realização do experimento. As medidas foram realizadas com e sem o uso de filtro de níquel (inserido no feixe, entre a amostra e o colimador, o filtro tem uma espessura de 10 ) para os monocristais deµ𝑚 fluoreto de lítio (LiF) e brometo de potássio (KBr). 3 - Resultados e discussão Os Gráfico foram plotados no software OriginPro, os Gráficos 1 e 2 são referentes ao espectro de raio X de Cobre analisados por cristal de KBr e LiF respectivamente, e posteriormente foi analisadas estas mesmas amostras utilizando filtro de níquel, cujo o espectro de Raio X de Cobre está representado no Gráfico 3 e 4. Gráfico 1 : Espectro de raios X de Cu analisado por um cristal de KBr. Gráfico 2: Espectro de raios X de Cu analisado por um cristal de LiF. Gráfico 3: Espectro de raios X de Cu analisado por um cristal de KBr, com o uso de filtro de níquel. Gráfico 4 : Espectro de raios X de Cu analisado por um cristal de LiF, com o uso de filtro de níquel. Na tabela 1 foram calculados dos comprimentos de onda, usando a Lei de Bragg representada na equação (4), sendo o comprimento de onda representado pela seguinte equação: λmin= ℎ.𝑐𝑒.𝑉 h = constante de Planck = 6,62607.10-34J.s c = velocidade da luz = 3,00.108m/s e = carga elementar do elétron = 1,6.10-19 C V = tensão = 25.103 Tabela 1: Comprimentos de onda ( da radiação de Cobreλ) Amostras Comprimento de onda (m) Energia (keV) KBr Linha Cu Kα 8,1070 1,5305 Linha Cu Kβ 8,8871 1,3961 LiF Linha Cu Kα 8,0824 1,5351 Linha Cu Kβ 8,8964 1,3947 Comprimento de onda mínimo 0,49696 As intensidades no difratograma como consequência do feixe de raios-x, sem passar ou passando pelo filtro de Ni, estão representadas na Tabela 2. Tabela 2: Intensidade de difração dos picos Iβ Iα I /Iα β KBr 308,0 97,2 3,169 KBr (Filtro) 165,5 - - LiF 663,0 311,5 2,128 LiF (Filtro) 488,0 49,0 9,959 Quando incidimos os raios-X gerados pelo alvo de cobre com um filtro de níquel, este permite passar somente raios-X com comprimento de onda 1,5413. A este processo chamamos de monocromatização do feixe e ao comprar um equipamento de raios-X o elemento alvo e filtro já estão estabelecidos [5]. Deste modo é possível perceber que a intensidade de difração dos picos diminui com o uso de filtro, conforme mostra a tabela acima. Nas Tabelas 3, 4, 5 e 6 estão representados os valores referente ao ângulo, distância interplanares e parâmetro de rede para as amostras com e sem o uso de filtro. Tabela 3: Sem filtro amostra KBr Pico 1 Pico 2 Pico 3 Pico 4 2θ (°) 24,50 26,90 55,40 89,10 d (nm) 0,32899 0,32900 0,32925 0,32725a (nm) 0,65798 0,65800 0,65850 0,65450 Tabela 4: Com filtro amostra KBr Pico 1 Pico 2 Pico 3 Pico 4 2θ (°) 26,50 55,40 - - d (nm) 0,30456 0,32925 - - a (nm) 0,60912 0,65850 - - Tabela 5: Sem filtro amostra LiF Pico 1 Pico 2 Pico 3 Pico 4 2θ (°) 40,60 44,90 87,60 - d (nm) 0,20092 0,20099 0,20150 - a (nm) 0,40184 0,40198 0,40300 - Tabela 6: Com filtro amostra LiF Pico 1 Pico 2 Pico 3 Pico 4 2θ (°) 40,20 45,70 - - d (nm) 0,20292 0,19890 - - a (nm) 0,40584 0,39780 - - 4 - Conclusão: Comparando os valores obtidos experimentalmente com os valores de referência para os monocristais KBr e LiF, obtemos valores aproximados aos de literatura, utilizando a Lei de Bragg. Foi possível observar também a diminuição da intensidade dos picos com o uso de filtro, devido ao processo de monocromatização dos feixes. Agradecimentos: A autora agradece a UFPR por disponibilizar a disciplina oferecida neste período de pandemia, e a Prof.ª Lucimara Stolz Roman e a doutoranda Talitha Ramos Canabarra dos Santos. Referências: [1]OS RAIOS X. Disponível em: http://www.ufrgs.br/sead/servicos-ead/publicac oes-1/pdf/Raios_Catodicos.pdf. Acesso 08 de dezembro de 2021. [2] DIFRAÇÃO DE RAIO X. Disponível em: http://fisica.ufpr.br/varalda/files/Difracao_Raio s-x_Lab_Moderna_Varalda.pdf. Acesso em 08 de dezembro de 2021. [3]LEI DE BRAGG. Disponível em: https://www.if.ufrgs.br/tex/fis01101/home.htm. Acesso 08 de dezembro de 2021. [4] DIFRAÇÃO DE RAIO-X. Disponível em: http://fisica.ufpr.br/varalda/files/Difracao_Raio s-x_Lab_Moderna_Varalda.pdf. Acesso 10 de dezembro de 2021. [5]AULA TEÓRICA DE DIFRAÇÃO DE RAIO-X. Disponível em: https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/50955 90/mod_resource/content/1/Apostila%20Difrat ometria%20de%20Raios%20X_DRX.pdf http://fisica.ufpr.br/varalda/files/Difracao_Raios-x_Lab_Moderna_Varalda.pdf http://fisica.ufpr.br/varalda/files/Difracao_Raios-x_Lab_Moderna_Varalda.pdf https://www.if.ufrgs.br/tex/fis01101/home.html http://fisica.ufpr.br/varalda/files/Difracao_Raios-x_Lab_Moderna_Varalda.pdf http://fisica.ufpr.br/varalda/files/Difracao_Raios-x_Lab_Moderna_Varalda.pdf
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