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SELMA REGINA MAGALHÃES ACREDITAÇÕES, CERTIFICAÇÕES E AUDITORIA DA QUALIDADE EM SAÚDE SÃO PAULO 2022 Você é o gestor de um hospital que está cogitando se submeter a uma avaliação de uma Agência Certificadora de Qualidade. Ao analisar as unidades de internação percebeu que os locais de estoques de materiais estão desorganizados e com excesso de materiais (alguns vencidos). Para resolver essa situação você solicitou que os enfermeiros organizassem a unidade, porém, os mesmos, reclamaram que a organização não duraria mais de um dia. Questão 1A - Liste, no mínimo, 03 possíveis motivos para que os problemas observados por você aconteceram. Justifique cada um dos motivos possíveis com base em literatura sobre o tema. R: Planejamento mal realizado: Isso leva ao desperdício, ocasionando a compra de materiais pouco utilizados, levando ao vencimento da validade, gerando grandes prejuízos, como também, leva a falta dos materiais mais utilizados. Segundo Vecina Neto & Reinhardt Filho (2002, p.1) “em um hospital, os gastos com materiais representam aproximadamente de 15% a 25% das despesas correntes”. Ainda, segundo o mesmo autor “A dispensação de medicamentos é um dos itens que afetam de forma fundamental os gastos da unidade”. O espaço físico onde são armazenados os estoques e sua disposição devem serem pautados como um, item importante, onde, os materiais devem ser dispostos de maneira a facilitar o acesso aos materiais e até mesmo impedir que eles sejam extraviados, sendo que os produtos mais próximos do vencimento precisam ser utilizados primeiro para se evitar o descarte sem uso pelo vencimento da validade. Uma das maiores dificuldades da administração de materiais reside na distância entre o processo produtivo e os sistemas de apoio, fato que se repete na administração de recursos humanos e outros sistemas atuantes nas unidades. A falta de colaboradores capacitados para desempenhar a função de gestão de material, ou até mesmo, a falta de atualização também é tida como um dos motivos que geram tais problemas. Neste sentido, a desmotivação do funcionário em realizar suas tarefas com responsabilidade e zelo, negligenciando pontos como verificação da quantidade de determinado material e sua validade, ocasiona pedidos de materiais desnecessários no momento e superlotação do estoque. Não havendo critério de armazenamento de materiais hospitalares e o registro da sua localização no local de estoque, a depender do tamanho do espaço, se torna quase que impossível a localização de determinado material para o uso. A clareza dos objetivos a serem alcançados para se evitar o desperdício também é um ponto a ser analisado, quando na prática, esses objetivos não atingem suas metas no tempo previsto. Segundo Vecina Neto & Reinhardt Filho (2002, p.2) “quando os objetivos não estão claros, cada unidade cria seu próprio sistema de referência. Como consequência, pode ocorrer uma dissociação entre a área fim e as áreas meio”. A falta de um planejamento adequado e a falta de integração dos fluxos de informação de aquisição e do setor de almoxarifado (estoque), se enquadra também na falta de comunicação entre as partes responsáveis pela compra e estocagem dos materiais. Questão 1B - Nesta disciplina você conheceu algumas metodologias e instrumentos para a melhoria contínua da qualidade. Pensando nos seus conhecimentos recém adquiridos, descreva suas ações frente a esse problema. Quais ações deverão ser tomadas para mudar essa realidade? R: Pelo método de observação dos problemas desde o início do processo logístico, com uma análise criteriosa para tomada de decisões estratégicas, como compras inteligentes e diminuição dos desperdícios. Por meio de relatórios, pode-se ser feita essa análise e pontuar os erros no processo de gerenciamento de estoque, com isso, procurar soluções conforme a realidade da instituição e o quadro de funcionários. Após pontuação dos erros no processo de aquisição e estoque de materiais, o planejamento é o próximo passo para sanar esses erros, bem como a escolha da equipe para colocar o plano em prática, mantendo uma comunicação efetiva e clara das metas e do tempo para serem alcançadas. De acordo Coêlho (2010, p.03), os processos logísticos precisam ser vistos não apenas por um viés de racionalização de custos, mas também como elemento fundamental de apoio à prestação de cuidados de saúde aos pacientes, uma vez que tais processos contribuem com condições necessárias que viabilizam o atendimento. Conforme menciona Roriz (2011, p.12) para uma gestão eficiente dos materiais hospitalares, a instituição deve compor um banco de dados com informações referentes ao processo de abastecimento (materiais utilizados, preços dos itens, previsão da demanda x consumo, consumo médio, tempo de reposição de estoque e atendimento de requisições, entre outras) de forma a subsidiar os agentes desses processos na tomada de decisão, no planejamento de compras e no levantamento de necessidades de recursos utilizados pela instituição. A implantação de um banco de dados minucioso, onde contenha todos os dados desde a compra de materiais, quantidade em estoque, quantidade utilizada validade e demanda, é uma ferramenta importantíssima para a gestão de aquisição de insumos, evitando assim a falta de materiais, bem como, o desperdício, dando maior controle e cientificação do que é necessário no momento, podendo ser utilizado por outros profissionais que fazem parte da equipe escolhida pelo gestor, efetivando ainda mais a comunicação entre os integrantes da equipe. Graf (2016), em sua dissertação de mestrado “A implementação de escritório da qualidade em hospital de pequeno porte” (disponível na midiateca), aponta os pontos facilitadores e dificultadores na implementação de um Escritório da Qualidade: o corpo de enfermagem e os treinamentos realizados foram considerados facilitadores e os dificultadores são a falta de apoio da alta gestão, a falta de relações formais definidas e falhas na comunicação. Questão 2A - Compare os achados de Graf (2016) com os 14 pontos que servem de base para programas de qualidade, descritos por Deming (1981). (artigo que lista os 14 pontos está na midiateca- aula 5) R: A base para programas de qualidade pode ser avaliada nos pontos 3, 5, 7, 9, 11 e 14 descritos por Deming (1981), onde podem ser colocados no Graf (2016), e facilmente analisados o desempenho da metodologia implantada, sendo possível a verificação dos níveis já atingidos de satisfação. Questão 2B - Como a auditoria interna pode ajudar na implementação de um escritório da qualidade? R: No ambiente hospitalar, onde existe um escritório de qualidade, a confiabilidade aumenta em todos os sentidos, e a auditoria interna é a ferramenta adequada para a sua implantação, pois, a verificação de que todo os procedimentos internos se encontram de acordo com os estabelecidos pela política da instituição. Para Attie (2006, p.52): A importância que a auditoria interna tem em suas atividades de trabalho serve para a administração como meio de identificação de que todos os procedimentos internos e políticas definidas pela companhia, os sistemas contábeis e de controles internos estão sendo efetivamente seguidos, e todas as transações realizadas estão refletidas contabilmente em concordância com os critérios previamente definidos. Com isso, a implantação de um escritório de qualidade, passa pelo aval do controle interno de que tudo está sendo feito conforme a política adotada pela instituição, sendo essas informações verídicas e confiáveis, dando uma notoriedade e credibilidade a instituição no mercado competitivo. Referências ATTIE, William. Auditoria Interna. São Paulo: Atlas, 1992. COÊLHO, Eugênio Pacceli de Freitas et al. Logística de dispensação na rede de saúde pública. 2010. RORIZ, Adriano Bernardo de Sá. A rede integrada de abastecimento e o sistema de registro de preços no gerenciamento da cadeia de suprimentos da diretoria de administração da Fundação Oswaldo Cruz. 2011. VECINA NETO, G.; REINHARDTFILHO, W. Gestão de recursos materiais e de medicamentos. São Paulo: Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo, 2002 (Saúde e Cidadania, v. 12).