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A soberania popular é uma ideia que decorre da Escola contratualista (de 1650 a 1750), representada por Thomas Hobbes (1588-1679), John Locke (1632-1704) e Jean-Jacques Rousseau (1712-1778). A doutrina central é a de que a legitimidade do governo ou da lei está baseada no consentimento dos governados. A soberania popular é assim uma doutrina básica da maioria das democracias. Hobbes, Locke e Rousseau foram os pensadores mais influentes desta escola; todos postulavam que os indivíduos escolhem entrar em um contrato social um com o outro, abrindo mão voluntariamente de alguns direitos em troca de proteção contra os perigos e riscos de um estado natural. Soberania popular é um conceito distinto de soberania territorial. Como muitos exemplos de divisões territoriais mostram, a soberania territorial é celebrada por um governo, não pelas pessoas. O resultado das eleições é uma das principais manifestações da soberania popular. É um evento único na democracia, em que o poder do povo transparece no resultado de uma disputa eleitoral para a escolha dos próximos governantes. É essa soberania que os legitima a tomarem a frente do povo, representando-o. O exercício do poder é legitimado pela escolha popular, portanto o governante regularmente eleito nas urnas estará apto a exercer o mandato eletivo. Tornar-se legítimo, pela literalidade da palavra, é o mesmo que tornar-se legal, válido, puro, perfeito ou regular. “Assim, a soberania popular se revela no poder incontrastável de decidir. É ela que confere legitimidade ao exercício do poder estatal. Tal legitimidade só é alcançada pelo consenso expresso na escolha feita nas urnas.” 2 Logo, permite-se, por meio da soberania popular, que os mandatos eletivos sejam exercidos de maneira legal, em conformidade com a lei, pelo simples fato de terem sido regularmente preenchidos por pessoas escolhidas pelo povo. Porém, essa não é uma escolha tão simples, visto que se trata de uma manifestação política, de tal forma que apenas as pessoas em regularidade com seus direitos políticos poderão votar. Em virtude disso, não poderão participar desse processo de escolha quem sofrer a perda ou a suspensão de seus direitos políticos, o que, de acordo com o art. 15 da Constituição Federal, somente ocorrerá nas hipóteses de: cancelamento da naturalização por sentença transitada em julgado; incapacidade civil absoluta; condenação criminal transitada em julgado, enquanto durarem seus efeitos; recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou prestação alternativa; e improbidade administrativa. Dessa forma, no pleito eleitoral, reúnem-se pessoas com direitos políticos no intuito de eleger seus governantes, utilizando-se, para tal empreitada, da soberania popular. A soberania popular vem preconizada, de plano, no primeiro artigo da Constituição Federal, segundo o qual: Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição. No art. 14 da CF/88, podemos encontrar a forma como se exerce essa soberania: A soberania popular será exercida pelo sufrágio universal e pelo voto direto e secreto, com valor igual para todos [...]. Diante dos artigos mencionados, pode-se observar que não há outro poder acima do poder do povo (soberania popular) e que esse poder é repartido de forma igual (princípio da igualdade) entre todos os cidadãos. Por soberania entende-se: [...] o poder supremo, ou o poder que se sobrepõe ou está acima de qualquer outro, não admitindo limitações, exceto quando dispostas voluntariamente por ele, em firmando tratados internacionais, ou em dispondo regras e princípios de ordem constitucional. 3 O poder do povo é soberano, conforme determina o próprio texto constitucional, o que lhe confere a característica de se sobrepor a qualquer outro que venha a surgir, cabendo apenas limitações criadas pelo próprio poder popular. O poder é de titularidade do povo, que é composto por milhões de pessoas. Assim, a única forma justa de distribuí-lo é colocá-lo em iguais medidas nas mãos de cada cidadão, primando pelo princípio da igualdade. Portanto, cada cidadão carrega consigo uma parcela do poder soberano, que, sozinha, não representa mais que um contra milhões, mas que, juntas, representam o mais elevado poder existente em nosso ordenamento jurídico: a soberania popular. José Afonso da Silva, fazendo referência aos ensinamentos de eminente filósofo, afirma: Aristóteles já dizia que a democracia é o governo onde domina o número, isto é, a maioria, mas também disse que a alma da democracia consiste na liberdade, sendo todos iguais. A igualdade, diz, é o primeiro atributo que os democratas põem como fundamento e fim da democracia. E assim ele acaba concluindo que toda democracia se funda no direito de igualdade, e tanto mais pronunciada quanto mais se avança na igualdade. 4 Nesse contexto, a igualdade é um dos alicerces fundamentais da soberania popular, não podendo, sequer, cogitar a existência de apenas um cidadão com mais poderes políticos que outro. Para cada homem, um voto. Portanto, nas eleições, os cidadãos juntos (detentores de parcela do poder soberano), decidem, em condições de igualdade, o futuro político do país, elegendo os candidatos que acharem mais aptos ao exercício do mandato. O povo é governado, então, por um representante democraticamente indicado nas urnas, que, a partir daí, conduzirá o país pautado pela vontade do povo. Em função disso, não importa quão apertada seja uma disputa eleitoral, o resultado das eleições sempre refletirá a vontade do povo, e o candidato eleito sempre deverá governar para todos, em vez de governar apenas para seus eleitores. Em outras palavras, a condução de nosso país não pode ser feita de costas para o povo ou para parte dele. Assim quis a Constituição Federal quando atribuiu o poder soberano à população. O acirramento do resultado das eleições não deslegitima o governo eleito, logo, ainda que por pequena diferença de votos, o candidato eleito estará perfeitamente legitimado para o exercício do cargo eletivo. Consequentemente, o resultado das eleições revela a vontade de todos, a vontade do povo. É natural que a parcela da população que atribuiu seu voto ao candidato perdedor sinta algum tipo de incômodo pela chegada ao poder do candidato adversário. Entretanto, esse é um peso que o cidadão tem de carregar para que a vida democrática em um país civilizado seja viável; caso contrário, teríamos governos autoritários, o que, de fato, agradaria menos que a aceitação da derrota de um candidato nas urnas. https://pt.wikipedia.org/wiki/Contrato_social https://pt.wikipedia.org/wiki/1650 https://pt.wikipedia.org/wiki/1750 https://pt.wikipedia.org/wiki/Thomas_Hobbes https://pt.wikipedia.org/wiki/Thomas_Hobbes https://pt.wikipedia.org/wiki/John_Locke https://pt.wikipedia.org/wiki/Jean-Jacques_Rousseau https://pt.wikipedia.org/wiki/Lei https://pt.wikipedia.org/wiki/Democracia https://pt.wikipedia.org/wiki/Estado_natural Princípio da Isonomia, o maior destaque, e isso porque naturalmente nele se efetiva toda uma série de outros direitos fundamentais como o livre exercício do voto e outros princípios como os relacionados à Liberdade (Liberdade de Expressão, de Informação e de Imprensa), sem falar na efetivação da Democracia brasileira. O princípio da isonomia, também conhecido como princípio da igualdade, representa o símbolo da democracia, pois indica um tratamento justo para os cidadãos. É essencial dentro dos princípios constitucionais, porém complexo e para sua completa compreensão é necessário entender o contexto cultural e histórico em que foi criado. Desde muito tempo, esse princípio tem feito parte das antigas civilizações. Ao longo da história, foi muitas vezes desrespeitado, assumindo um conceito errado, por entrar em atrito com os interesses das classes dominantes. De acordo com a Constituição Federal, o princípio da igualdade está previsto no artigo 5º, que diz que „Todos são iguais perantea lei, sem distinção de qualquer natureza‟. Esta igualdade é chamada de formal. De acordo com ela, é vetado que os legisladores criem ou editem leis que a violem. O princípio da igualdade garante o tratamento igualitário de acordo com a lei para os cidadãos. Existem algumas situações específicas na Constituição de 1988, em que o princípio é inserido de forma implícita e vale ressaltar: O surgimento e a evolução do direito ao voto no Brasil foram lentos e gradativos, e confundem-se com a própria história da evolução da sociedade brasileira. A cada promulgação – ou outorga – de uma nova Constituição surgiam direitos e outros eram ampliados, em especial os direitos políticos. Cada nova lei demonstra um pouco do entendimento que a sociedade tem no momento de sua criação, transparecendo seus pensamentos e anseios, mesmo que de forma incompleta e imperfeita (características próprias do ser humano). Um dos momentos históricos que mais inspirou e influenciou os pensadores brasileiros foi a Revolução Francesa, ocorrida no século XVIII, e que tinha por lema três palavras impactantes que refletiam de forma completa o que desejava a sociedade francesa naquele momento: “Liberdade, Igualdade e Fraternidade”. Apesar de este evento histórico ter ocorrido há mais de duzentos anos, o Brasil demorou a acompanhar esta tendência mais voltada para os direitos individuais, principalmente no que tange à questão da igualdade entre as pessoas, a chamada isonomia. Apesar de hoje sermos iguais perante a lei (igualdade formal), e podermos exercer os direitos políticos com total liberdade, ainda há certo desinteresse da maioria em participar ativamente do cenário político nacional. Tal problema tem raízes históricas tão antigas quanto a própria revolução supracitada, e são inegáveis os danos que a falta de participação causa à sociedade como um todo. Não por acaso a maior falta de espontaneidade em participar da política é dos grupos sociais mais carentes de atitudes efetivas do poder público, como os jovens, os mais pobres e os que possuem menor grau de instrução (escolaridade). Durante séculos estes foram até legalmente segregados, sendo o desinteresse político concomitantemente causa e resultado das diversas normas que imperaram em nosso ordenamento jurídico. Cada Constituição que rege a sociedade brasileira reflete os pensamentos de sua época, mantendo até segregações sociais tidas como “normais”, inclusive no exercício dos direitos políticos (dos quais derivam os demais numa sociedade democrática). Na Carta Magna de 1824, em pleno governo monocrático de D. Pedro I, os requisitos para ser candidato ou eleitor era basicamente ter no mínimo 25 anos de idade (para eleitor), ser homem e possuir um quinhão legalmente pré- fixado de contos de réis (além de necessitar ter influência junto ao imperador). Ou seja, mulheres, jovens, pobres e analfabetos não votavam, tampouco se candidatavam. Em 1891 iniciou-se no Brasil o período republicano seguindo o modelo norte-americano, adotando o sistema representativo de governo, diferenciando-se da antiga Constituição principalmente nos seguintes pontos: I) as eleições passaram a acontecer por meio do voto direto; II) os mandatos passaram a ter quatro anos de duração; e, III) os candidatos a cargo eletivo seriam escolhidos entre homens maiores de 21 anos, com exceção de analfabetos, mendigos, praças de pré(entenda-se militares) e religiosos sujeitos ao voto de obediência. Em1932 é instituído o primeiro Código Eleitoral do Brasil, sendo este um marco histórico na conquista da isonomia entre os gêneros, pois passou a ser “eleitor todo cidadão maior de 21 anos, sem distinção de sexo” (conforme redação constante em seu artigo 2º). Nesta época ainda não poderiam votar os mendigos, os analfabetos e os praças de pré, mas não mais persistiam os requisitos discriminatórios de renda e sexo para as candidaturas. Com a Constituição de 1934 o voto passou a ser obrigatório para os homens, e consolidou-se o voto feminino (ainda facultativo a estas). Também a idade para ser eleitor baixou para 18 anos, persistindo as restrições supra. Apesar destas evoluções, em 1937 com o governo de Getúlio Vargas inicia-se o Estado Novo, tendo por maior alteração na lei eleitoral que o mandato presidencial passou a ter 6 anos de duração. Com a Constituição de 1946 o voto tornou-se obrigatório para ambos os sexos, e as restrições ao voto persistiu aos analfabetos, aos mendigos, a alguns militares em serviço ativo e aos que estivessem privados temporária ou definitivamente dos direitos políticos. Em 1967, apesar de o Brasil ter passado por um trágico período da história, em plena ditadura militar houve a inserção de diversos direitos na nova Constituição. Determinou-se a vedação à nomeação para o cargo de prefeito pelo governador do estado, como antes ocorria, devendo este cargo ser ocupado também por meio da eleição. Enfim nasce a “Constituição Cidadã” em 1988, instituindo um Estado Democrático de Direito, coroando definitivamente o princípio/direito à isonomia, sendo vedado qualquer tipo de discriminação entre as pessoas (com exceção às que a própria lei prevê tendo por fim alcançar a igualdade material). Apesar desta Norma já possuir 70 emendas, é a mais completa e abrangente da história brasileira. Além da definitiva consagração ao sistema democrático (liberdade do povo para escolher seus representantes), deve-se dizer que trouxe maior justiça ao definir quem são considerados cidadãos. As pessoas de ambos os sexos podem votar e candidatar-se a todos os cargos, o voto ainda é obrigatório (sendo facultado aos que possuem entre 16 e 18 anos de idade, e aos maiores de 70), o sufrágio é universal e exercido pelo voto direto e secreto (não podendo ser objeto de emenda constitucional). Os analfabetos, que nas leis anteriores nunca puderam, agora podem votar (sendo-lhes facultativo o exercício deste direito). Os que ainda possuem vedação aos direitos políticos são os estrangeiros e os conscritos, mas, percebe-se que tal proibição não é em decorrência de segregação desmotivada, mas sim para preservar a autonomia dos brasileiros e garantir que não haverá indevida ingerência de um Poder no outro. Os partidos políticos hoje são instituições independentes e livres da antiga censura, que por muito tempo assombrou aos brasileiros, sendo figuras essenciais na democracia. Enfim, como dito no princípio, todas estas alterações legais foram lentas e gradativas, e são fruto das lutas de pessoas comuns que desejam ter direitos políticos a fim de ter voz nas esferas do poder. Hoje a sociedade brasileira os tem, portanto, devemos cumprir nosso papel social e exercê-los com seriedade e responsabilidade, fazendo uso, principalmente, da poderosa “arma” que detemos, que é o voto. Este sim é capaz de produzir mudanças, pois reflete a vontade popular, entregando a todos o direito/dever de escolher aqueles que melhor nos representarão, fazendo valer o que dispõe a Constituição da República de 1988 no parágrafo único de seu artigo 1º: “TODO O PODER EMANA DO POVO, QUE O EXERCE POR MEIO DE REPRESENTANTES ELEITOS OU DIRETAMENTE, NOS TERMOS DESTA CONSTITUIÇÃO.” Sistemas eleitorais Independentemente das eleições que se aproximam, falar sobre sistemas eleitorais é sempre relevante, considerando que envolvem um conjunto de técnicas legais cujo objetivo é organizar a representação popular com base nas circunscrições eleitorais 2 . Os sistemas eleitorais têm como função a organização das eleições e a conversão de votos em mandatos políticos, visando proporcionar uma captação eficiente, segura e imparcial da vontade popular democraticamente manifestada, de forma que os mandatos eletivos sejam exercidos com legitimidade. Também é função dos sistemas eleitorais o estabelecimento dos meios para que os diversos grupos sociais sejam representados e as relações entre representantes e representados se fortaleçam 3 . Em uma forma de governo democrática como a existente no Brasil,o entendimento dos sistemas eleitorais é imprescindível. Porém, de acordo com Gomes (2011), eles são mutáveis, ou seja, variam no tempo e no espaço, e a forma que assumem em determinada sociedade decorre da atuação, da interação e dos conflitos travados entre as diversas forças político-sociais constituídas ao longo da história. Embora exista, para o Direito Eleitoral, como espécies de sistemas eleitorais, o majoritário, o proporcional e o distrital misto 4 , este artigo tratará apenas dos sistemas majoritário e proporcional, os quais são utilizados no Brasil, de acordo com a Constituição Federal de 1988. O sistema majoritário é aquele em que vence a eleição o candidato que obtiver a maioria dos votos. Considera-se, nesse caso, maioria, tanto a absoluta, que compreende a metade dos votos dos integrantes do corpo eleitoral mais um voto, quanto a relativa (também chamada de simples), que considera eleito o candidato que alcançar o maior número de votos em relação aos seus concorrentes 5 . No caso brasileiro, conforme preveem os arts. 46, caput, e 77, § 2º, ambos da Constituição Federal, tal sistema é utilizado tanto para escolha de representantes do Poder Legislativo, entre os quais estão os membros do Senado Federal, quanto para eleição de membros do Poder Executivo, como presidente da República, governadores de estado e prefeitos de municípios, todos com os seus respectivos vices. O sistema proporcional, por sua vez, de acordo com Cerqueira (2011), é aquele em que a representação se dá na mesma proporção da preferência do eleitorado pelos partidos políticos. Tal espécie é capaz de refletir os diversos pensamentos e tendências existentes no meio social, já que possibilita a eleição de quase, se não todos, os partidos políticos, observadas as suas representatividades. No Brasil, conforme previsão dos arts. 27, § 1º, 32, § 3º, e 45 da Lei Maior, o sistema proporcional é adotado para eleger apenas os membros do Poder Legislativo, ou seja, deputados federais, estaduais e distritais e, ainda, vereadores. Os candidatos a senador, como ressaltado anteriormente, não são escolhidos por esse sistema eleitoral, mas sim pelo majoritário. Diferentemente do sistema majoritário, o proporcional pode ocorrer de duas formas: lista aberta ou lista fechada. O de lista aberta, utilizado no Brasil, é aquele em que os eleitores escolhem diretamente seus candidatos. Já o de lista fechada é aquele em que o eleitor vota apenas no partido político, e este se encarrega de selecionar, por uma votação de lista, os candidatos que efetivamente ocuparão os mandatos eletivos 6 . Ao observar a realidade brasileira, Ramayana (2011) afirma que parte da doutrina entende que o sistema majoritário é mais adequado que o proporcional, pois este termina por levar ao poder candidatos que não representam opiniões, uma vez que são eleitos por grupos singularizados. Por outro lado, de acordo com o autor, outra corrente doutrinária acredita que o sistema proporcional é mais apropriado para o exercício democrático do poder, já que assegura às minorias o direito de representação. O que se pode depreender, portanto, é que tanto o sistema majoritário quanto o proporcional têm suas particularidades, mas isso não quer dizer que um seja melhor do que o outro. Pelo contrário, cada um é importante para o fim ao qual se destina, uma vez que, como bem ressalta Comparato (1996) apud Gomes (2011), não há sistemas idealmente perfeitos para todos os tempos e todos os países, mas apenas sistemas mais ou menos úteis à consecução das finalidades políticas que se têm em vista em determinado país e em determinado momento histórico. Justiça Eleitoral: composição, competências e funções A Justiça Eleitoral é um órgão de jurisdição especializada que integra o Poder Judiciário 2 e cuida da organização do processo eleitoral (alistamento eleitoral, votação, apuração dos votos, diplomação dos eleitos, etc.). Logo, trabalha para garantir o respeito à soberania popular e à cidadania. Para que esses fundamentos constitucionais – previstos no art. 1º da CF/1988 – sejam devidamente assegurados, são distribuídas competências e funções entre os órgãos que formam a Justiça Eleitoral. Aliás, são eles: o Tribunal Superior Eleitoral, os tribunais regionais eleitorais, os juízes eleitorais e as juntas eleitorais. O Tribunal Superior Eleitoral é composto de, no mínimo, sete membros, sendo eles: três ministros do Supremo Tribunal Federal (STF); dois ministros do Superior Tribunal de Justiça (STJ); e dois ministros dentre advogados indicados pelo STF e nomeados pelo presidente da República (art. 119 da CF/1988). Algumas de suas principais competências são 3 : (i) processar e julgar originariamente o registro e a cassação de registro de partidos políticos, dos seus diretórios nacionais e de candidatos à Presidência e Vice-Presidência da República; (ii) julgar recurso especial e recurso ordinário interpostos contra decisões dos tribunais regionais; (iii) aprovar a divisão dos estados em zonas eleitorais ou a criação de novas zonas; (iv) requisitar a força federal necessária ao cumprimento da lei, de suas próprias decisões ou das decisões dos tribunais regionais que a solicitarem, e para garantir a votação e a apuração; e (v) tomar quaisquer outras providências que julgar convenientes à execução da legislação eleitoral. Já os tribunais regionais eleitorais estão distribuídos nas capitais de cada estado e no Distrito Federal (ex.: TRE-GO, TRE-AL, TRE-DF, etc.) e são compostos, cada um, de sete juízes: dois juízes dentre os desembargadores do Tribunal de Justiça (TJ) do respectivo estado; dois juízes, dentre juízes de direito, escolhidos pelo TJ; um juiz do Tribunal Regional Federal (TRF) com sede na capital, ou, não havendo, de um juiz federal; e dois juízes nomeados pelo presidente da República dentre seis advogados de notável saber jurídico e idoneidade moral, indicados pelo Tribunal de Justiça (art. 120 da CF/1988). Suas competências 4 compreendem ações como: (i) processar e julgar originariamente o registro e o cancelamento do registro dos diretórios estaduais e municipais de partidos políticos, bem como de candidatos a governador, vice- governadores e membro do Congresso Nacional e das assembleias legislativas; (ii) julgar recursos interpostos contra atos e decisões proferidas pelos juízes e juntas eleitorais; (iii) constituir as juntas eleitorais e designar a respectiva sede e jurisdição; e (iv) requisitar a força necessária ao cumprimento de suas decisões e solicitar ao Tribunal Superior a requisição de força federal. Os juízes eleitorais, por sua vez, são os juízes de Direito de primeiro grau de jurisdição integrantes da Justiça Estadual e do Distrito Federal (art. 32 do Código Eleitoral), sendo algumas de suas atribuições 5 : (i) processar e julgar os crimes eleitorais e os comuns, exceto o que for da competência originária do Tribunal Superior Eleitoral e dos tribunais regionais eleitorais; (ii) expedir títulos eleitorais e conceder transferência de eleitor; e (iii) tomar todas as providências ao seu alcance para evitar os atos ilícitos das eleições. Finalmente, as juntas eleitorais são compostas de um juiz de Direito – que será o presidente da junta eleitoral – e de dois ou quatro cidadãos de notória idoneidade (art. 36 do Código Eleitoral; e art. 11, § 2º, da LC nº 35/1979), aos quais compete 6 , por exemplo, resolver as impugnações e demais incidentes verificados durante os trabalhos da contagem e da apuração, bem como expedir diploma aos candidatos eleitos para cargos municipais. Descritas as composições e as competências dos órgãos da Justiça Eleitoral, nota-se que esta funciona em uma dinâmica diferenciada de modo a permitir, por exemplo, que, em sua esfera, atuem magistrados de outros tribunais, tais como do STF, do STJ e da Justiça Comum Estadual, evidenciando, assim, a ausência de uma magistratura própria, organizada em carreira. Além disso, outras peculiaridades dessajustiça especializada podem ser observadas quando se descrevem algumas de suas funções. Aliás, a Justiça Eleitoral desempenha outros papéis nos limites de sua atuação – afora as funções administrativa e jurisdicional – a saber, funções normativa e consultiva. Primeiramente, ainda a respeito da função administrativa, o juiz eleitoral administra todo o processo eleitoral, independentemente de que um conflito de interesses lhe seja submetido para solução, mesmo porque está investido do poder de polícia, que é a “atividade da administração pública que, limitando ou disciplinando direito, interesse ou liberdade, regula a prática de ato ou abstenção de fato, em razão de interesse público concernente [...]”, por exemplo, à segurança, à ordem, aos costumes, à tranquilidade pública (art. 78 do Código Tributário). Alguns exemplos do exercício da função administrativa são: alistamento eleitoral, transferência de domicílio eleitoral e medidas para impedir a prática de propaganda eleitoral irregular. De outra parte, ao exercer a função jurisdicional, atuará na solução de conflitos sempre que provocada judicialmente para aplicar o Direito. Isso acontecerá em situações tais como ajuizamento de ação de investigação judicial eleitoral(AIJE),ação de impugnação de mandato eletivo(AIME), ação de impugnação de registro de candidatura(AIRC) e nas representaçõespor propaganda eleitoral irregular. Outra função atribuída à Justiça Eleitoral – e que lhe confere um caráter peculiar – é a normativa, descrita no art. 1º, parágrafo único e art. 23, IX, ambos do Código Eleitoral e que lhe permite – por meio de resoluções 7 – expedir instruções para a execução das leis eleitorais, entre elas o Código Eleitoral. O conteúdo inserido nessas normas tem o propósito de regulamentar as matérias de competência do órgão colegiado que as instituiu, criando situações gerais e abstratas. Podemos citar, como exemplo, instruções criadas para auxiliar a execução de leis no ano das eleições, tal como a Res.-TSE nº 23.376/2012, que dispõe sobre a arrecadação e os gastos de recursos por partidos políticos, candidatos e comitês financeiros e, ainda, sobre a prestação de contas nas eleições de 2012. Finalmente, a função consultiva 8 permite o pronunciamento dessa Justiça especializada – sem caráter de decisão judicial – a respeito de questões que lhe são apresentadas em tese, ou seja, de situações abstratas e impessoais. Pode-se dizer que também é uma função de caráter particular da Justiça Eleitoral, haja vista que o Poder Judiciário não é, por natureza, órgão de consulta. Conclui-se que a Justiça Eleitoral tem ampla atuação descrita em lei, o que permite, de fato, sejam preservadas a ordem e a lisura do processo eleitoral, e, assim, assegurados os fundamentos constitucionais da soberania popular e da cidadania. Quais as características mais importantes do voto? As características mais importantes do voto estão elencadas no art. 60 , § 4º , inciso II da Constituição Federal , a qual trata dessas características como cláusulas pétreas, sendo elas: Voto é Direto : ou seja, o cidadão vota diretamente no seu candidato, sem intermediários; Voto é Secreto : garante a impossibilidade de ser revelado em quem o eleitor votou; Voto é Universal : é dever de todos os cidadãos; Voto é Periódico : devem ser criadas condições que possibilitem que o desejo dos cidadãos na escolha de seus representantes seja oferecido de tempos em tempos. Além das características elencadas na Constituição Federal , podemos ainda citar que o voto é personalíssimo , de obrigatório comparecimento e por fim há igualdade de valor de cada voto . Características do voto: a) Direto: é o voto pelo qual os cidadãos escolhem de forma direta seus representantes, sem terceiros na intermediação do voto. A própria Constituição Federal traz exceções ao voto direto, no caso de vacância do Presidente e Vice Presidente da República nos últimos dois anos do período presidencial as eleições serão feitas de forma indireta através do Congresso Nacional. (art. 8, §1º CF). b) Secreto: o voto é secreto, não podendo ser revelado, apenas por vontade do próprio eleitor. É a garantia de um processo eleitoral imparcial, probo e forma de evitar corrupção, suborno, além de dificultar a prática do voto de cabestro. c) Igual: o voto de qualquer cidadão terá o mesmo peso e valor. d) Personalíssimo: o ato de votar é restrito a pessoa do eleitor, o qual deve se apresentar sem intermédio de terceiros na votação. e) Obrigatório: é obrigatório o voto a todo cidadão maior de 18 anos e menor de 70 anos. A obrigatoriedade de comparecimento às urnas nos dias de eleição. No entanto, o voto poderá ser facultado para os analfabetos, os maiores de 70 anos e maiores de 16 anos e menores de 18 anos. f) Livre: é o direito do eleitor em votar em quem quiser ou mesmo anular o voto. g) Periódico: o voto será realizado em determinados períodos. No Brasil, por exemplo, ocorrem eleições de dois em dois anos com o intuito de renovação e rotatividade dos mandatos políticos. Propaganda Eleitoral A Lei nº 13.165/2015, conhecida como Reforma Eleitoral 2015, promoveu importantes alterações nas regras das eleições deste ano ao introduzir mudanças nas Leis n° 9.504/1997 (Lei das Eleições), nº 9.096/1995 (Lei dos Partidos Políticos) e nº 4.737/1965 (Código Eleitoral). Além de mudanças nos prazos para as convenções partidárias, filiação partidária e no tempo de campanha eleitoral, que foi reduzido, está proibido o financiamento eleitoral por pessoas jurídicas. Na prática, isso significa que as campanhas eleitorais deste ano serão financiadas exclusivamente por doações de pessoas físicas e pelos recursos do Fundo Partidário. Antes da aprovação da reforma, o Supremo Tribunal Federal (STF) já havia decidido pela inconstitucionalidade das doações de empresas a partidos e candidatos. Outra mudança promovida pela Lei nº 13.165/2015 corresponde à alteração no prazo de filiação partidária. Quem quiser disputar as eleições em 2016 precisa filiar-se a um partido político até o dia 2 de abril, ou seja, seis meses antes da data do primeiro turno das eleições, que será realizado no dia 2 de outubro. Pela regra anterior, para disputar uma eleição, o cidadão precisava estar filiado a um partido político um ano antes do pleito. Nas eleições deste ano, os políticos poderão se apresentar como pré-candidatos sem que isso configure propaganda eleitoral antecipada, mas desde que não haja pedido explícito de voto. A nova regra está prevista na Reforma Eleitoral 2015, que também permite que os pré-candidatos divulguem posições pessoais sobre questões políticas e possam ter suas qualidades exaltadas, inclusive em redes sociais ou em eventos com cobertura da imprensa. A data de realização das convenções para a escolha dos candidatos pelos partidos e para deliberação sobre coligações também mudou. Agora, as convenções devem acontecer de 20 de julho a 5 de agosto de 2016. O prazo antigo determinava que as convenções partidárias deveriam ocorrer de 10 a 30 de junho do ano da eleição. Outra alteração diz respeito ao prazo para registro de candidatos pelos partidos políticos e coligações nos cartórios, o que deve ocorrer até às 19h do dia 15 de agosto de 2016. A regra anterior estipulava que esse prazo terminava às 19h do dia 5 de julho. A reforma também reduziu o tempo da campanha eleitoral de 90 para 45 dias, começando em 16 de agosto. O período de propaganda dos candidatos no rádio e na TV também foi diminuído de 45 para 35 dias, com início em 26 de agosto, no primeiro turno. Assim, a campanha terá dois blocos no rádio e dois na televisão com 10 minutos cada. http://www.jusbrasil.com/topico/10633322/artigo-60-da-constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-de-1988 http://www.jusbrasil.com/topico/10632328/par%C3%A1grafo-4-artigo-60-da-constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-de-1988 http://www.jusbrasil.com/topico/10700350/inciso-ii-do-par%C3%A1grafo-4-do-artigo-60-da-constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-de-1988http://www.jusbrasil.com/legislacao/1027008/constitui%C3%A7%C3%A3o-da-republica-federativa-do-brasil-1988 http://www.jusbrasil.com/legislacao/1027008/constitui%C3%A7%C3%A3o-da-republica-federativa-do-brasil-1988 Além dos blocos, os partidos terão direito a 70 minutos diários em inserções, que serão distribuídos entre os candidatos a prefeito (60%) e vereadores (40%). Em 2016, essas inserções somente poderão ser de 30 ou 60 segundos cada uma. Do total do tempo de propaganda, 90% serão distribuídos proporcionalmente ao número de representantes que os partidos tenham na Câmara Federal. Os 10% restantes serão distribuídos igualitariamente. No caso de haver aliança entre legendas nas eleições majoritárias será considerada a soma dos deputados federais filiados aos seis maiores partidos da coligação. Em se tratando de coligações para as eleições proporcionais, o tempo de propaganda será o resultado da soma do número de representantes de todos os partidos. Por fim, a nova redação do caput do artigo 46 da Lei nº 9.504/1997, introduzida pela reforma eleitoral deste ano, passou a assegurar a participação em debates de candidatos dos partidos com representação superior a nove deputados federais e facultada a dos demais. Para ser candidato, uma pessoa deve atender a alguns requisitos definidos na legislação brasileira. Notadamente, deve atender às condições constitucionais e legais de elegibilidade, além de não se enquadrar em nenhuma das hipóteses de inelegibilidade. As condições de elegibilidade são previstas na Constituição Federal (CF), art. 14, §3º, e suas regras mais específicas são regulamentada na legislação infraconstitucional. São elas: a) a nacionalidade brasileira b) o pleno exercício dos direitos políticos c) o alistamento eleitoral d) o domicílio eleitoral na circunscrição e) a filiação partidária f) a idade mínima de: a) vinte e um anos para prefeito e vice-prefeito e b) dezoito anos para vereador 1. Nacionalidade brasileira Para ser candidato e concorrer a cargo eletivo no Brasil é preciso ser brasileiro, nato ou naturalizado. Somente para os cargos de Presidente e Vice-Presidente da República há distinção, uma vez que o brasileiro naturalizado não pode concorrer a tais cargos, como assim previsto no art. 12, §3º, incisos I e II, da CF. O texto constitucional prevê a possibilidade dos portugueses que possuam residência permanente no Brasil possam concorrer a cargos eletivos, desde que haja reciprocidade em favor de brasileiros, conforme art. 12, §1º, in verbis: §1º Aos portugueses com residência permanente no País, se houver reciprocidade em favor de brasileiros, serão atribuídos os direitos inerentes ao brasileiro, salvo os casos previstos nesta Constituição. Dessa forma, é possível que a pessoa com nacionalidade portuguesa possa concorrer a cargo eletivo no Brasil, exceto para os cargos de Presidente e Vice-Presidente. Para tanto, deverá possuir alistamento eleitoral com prazo mínimo de um ano no município que pretenda ser candidato. 2. Pleno exercício dos direitos políticos Estar em pleno exercício dos direitos políticos é condição indispensável ao interessado em ser candidato. Não pode ser candidato, por exemplo, aqueles que estão com os direitos políticos suspensos em decorrência de condenação criminal transitada em julgado, incapacidade civil absoluta, Na nova ordem constitucional implantada após a promulgação da CF de 1988 não há cassação de direitos políticos, havendo, entretanto, a possibilidade de perda e suspensão, nos casos previstos no art. 15: Art. 15. É vedada a cassação de direitos políticos, cuja perda ou suspensão só se dará nos casos de: I - cancelamento da naturalização por sentença transitada em julgado; II - incapacidade civil absoluta; III - condenação criminal transitada em julgado, enquanto durarem seus efeitos; IV - recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou prestação alternativa, nos termos do art. 5º, VIII; V - improbidade administrativa, nos termos do art. 37, § 4º. Assim, não poderá concorrer ao pleito eleitoral por ausência de condição de elegibilidade aqueles que estiverem com os direitos políticos suspensos, nos casos acima mencionados, nem aqueles que tiverem perdido seus direitos políticos, como na hipótese do naturalizado que venha a ter a naturalização cancelada. 3. Alistamento eleitoral Para pretender candidatar-se a um cargo eletivo, primeiramente deve-se buscar a inscrição no cadastro de eleitores, tirando o "título de eleitor". Esse procedimento é realizado junto à Justiça Eleitoral a partir da data em que se completa os dezesseis anos, idade mínima prevista para a aquisição do direito de votar (capacidade eleitoral ativa). 4. Domicílio eleitoral na circunscrição É preciso que o interessado em ser candidato possua domicílio eleitoral na circunscrição do pleito. Circunscrição é a delimitação geográfica para fins de realização de uma eleição determinada, de modo que a circunscrição das eleições para Presidente e Vice-Presidente da República é todo o país; para os cargos de governador, vice- governador, senadores, deputados federais e deputados estaduais a circunscrição é o respectivo estado ou o distrito federal; e para os cargos de prefeito, vice-prefeito e vereadores a circunscrição é o respectivo município. A Lei das Eleições (Lei nº 9.504/97) prevê em seu art. 9º o prazo mínimo de um ano de domicílio eleitoral na circunscrição para que o interessado possa ser candidato. Dessa forma, deverá o interessado já estar com o seu domicílio eleitoral fixado formalmente no município que pretende concorrer desde o dia 02 de outubro de 2015. Questão interessante diz respeito ao fato de que o conceito de domicílio eleitoral é alargado pela Justiça Eleitoral, englobando, dentre outros, vínculos outros que não sejam exclusivamente o de moradia ou residência civil, sendo permitida a fixação do domicílio eleitoral em um determinado município por caracterização de vínculo patrimonial, comunitário, afetivo e funcional, dentre outros. Ora, se o interessado consegue comprovar materialmente o domicílio no município, por exemplo, com data anterior a 02 de outubro de 2015, sem que, entretanto, tenha transferido seu domicílio eleitoral para aquele município, poderá ele concorrer a cargo eletivo nas eleições do corrente ano? Para caracterizar o domicílio eleitoral, para fins de registro de candidatura, o interessado deve atender ao requisito formal de ter efetivado a transferência antes do prazo fatal fixado no calendário eleitoral, de modo que a inscrição eleitoral deve estar vinculada ao município formalmente na data acima mencionada. Na hipótese de município novo criado até o dia 31 de dezembro de 2015, é possível comprovar o domicílio por meio da vinculação do título de eleitor em seções instaladas dentro dos limites territoriais do novo município (art. 12, §2º, da Res. TSE nº 23.455/2015). 5. Filiação partidária No Brasil, é obrigatória a filiação a um partido político para que se concorra a um cargo eletivo, não havendo candidaturas avulsas como em outros países. O prazo legal fixado para que o interessado esteja filiado é de seis meses antes do pleito, de modo que a filiação deve estar deferida antes de 02 de abril deste ano, para que seja possível concorrer a cargo público (art. 9º, da Lei das Eleições; art. 20, da Lei nº 9.096/95). Na hipótese de haver fusão de partidos políticos até o prazo final de filiação partidária, será considerada a filiação ao partido de origem do candidato (art. 12, §1º, da Res. TSE nº 23.455/2015). 6. Idade mínima A última das condições de elegibilidade que o interessado deverá possuir é a idade mínima, fixada em 21 anos para os cargos de prefeito e vice-prefeito e de 18 anos para vereador. A data fixada para a aferição da idade mínima necessária é a data da posse no caso dos candidatos a prefeito e vice- prefeito e o dia 15 de agosto, último dia para o pedido de registro coletivo de candidaturas. (art. 11, §2º, da Res. TSE nº23.455/2015). Todo cidadão que pretende se candidatar ao cargo de prefeito, vice-prefeito ou vereador nas Eleições/2016 deve preencher as condições legais de elegibilidade e não pode incidir em quaisquer causas de incompatibilidade e inelegibilidade. Além dessas, há outras condições a serem observadas pelos candidatos e partidos políticos e que estão previstas na Resolução n. 23455/2015/TSE. De acordo com a lei, as condições de elegibilidade são: a nacionalidade brasileira, o pleno exercício dos direitos políticos, o alistamento eleitoral, a filiação partidária e o domicílio eleitoral na circunscrição. Outra exigência legal é ter, na data da posse, no mínimo 21 anos se candidato a prefeito e vice, e no caso de vereador, 18 anos na data do registro de candidatura. Nos casos da filiação partidária e domicílio eleitoral, há prazos que devem ser observados. Exige-se, até a realização da Eleição (02/10/2016), que o candidato esteja há pelo menos seis meses filiado ao partido político pelo qual irá concorrer e que seja eleitor do município em que se candidatou há pelo menos um ano. Os prefeitos e quem os houver sucedido ou substituído no curso dos mandatos, poderão concorrer à reeleição para um único período subsequente. Caso o candidato ocupe outro cargo no Poder Executivo – presidente da República ou governador de Estado, e quiser se candidatar como prefeito, deve renunciar ao mandato até seis meses antes do pleito. Por fim, são inelegíveis: os inalistáveis (os estrangeiros e os que estiverem prestando serviço militar, denominados conscritos) e os analfabetos. Também se enquadra nessa condição, o esposo (a) e os parentes consanguíneos ou afins, até o segundo grau ou por adoção, do presidente da República, de governador de Estado ou do Distrito Federal, de prefeito ou de quem os haja substituído dentro dos seis meses anteriores ao pleito, salvo se já titular de mandato eletivo e candidato à reeleição. O candidato também pode se tornar inelegível por prazos determinados, caso seja condenado em ações judiciais específicas. A escolha dos candidatos pelos partidos deverá ser feita no período de 20 de julho a 5 de agosto deste ano. Condições de elegibilidade Regras constitucionais: Art. 14, § 3º: São condições de elegibilidade: a nacionalidade brasileira; o pleno exercício dos direitos políticos; o alistamento eleitoral; o domicílio eleitoral na circunscrição; a filiação partidária; a idade mínima de: - 35 anos para Presidente e Vice-Presidente da República e Senador; - 30 anos para Governador e Vice-Governador de Estado e do Distrito Federal; - 21 anos para Deputado Federal, Deputado Estadual ou Distrital, Prefeito, Vice-Prefeito e juiz de paz; - 18 anos para Vereador. A Constituição Federal de 1988 dispõe em seu art. 1º, I como um dos fundamentos da República Federativa do Brasil: a soberania. Para que a soberania esteja em conformidade com a democracia deve ser exercida de forma popular, ou seja, poderes são atribuídos ao povo a fim de que este se manifeste, prevalecendo, contudo, a vontade da maioria. A Carta Magna ao ser produzida pelos representantes do povo a fim de que fosse instituído o Estado Democrático de Direito, como bem denota seu preâmbulo, admite a ideia do poder soberano nas mãos do povo que compõe o Estado. Tal soberania será exercida nos termos do art. 14, da CF/88, no capítulo dos direitos políticos. Os direitos políticos são meios de tutela da soberania popular, os quais garantirão o exercício do sufrágio universal, pelo voto direto e secreto, mediante o plebiscito, o referendo e a iniciativa popular. O sufrágio universal e o voto direto e secreto, além de direito e garantia fundamental instituídos pela Lei Maior, são princípios fundamentais do Direito Eleitoral e mola propulsora para o estabelecimento da Democracia. Porém, apesar de sinônimos, os mesmos são institutos diferentes com classificações distintas, mas que não deixam de complementar um ao outro, desta forma seus institutos serão desenvolvidos e analisados ao tempo que discorrermos sobre o respectivo trabalho. 2. SUFRÁGIO UNIVERSAL: 2.1) Definição: Na doutrina, o melhor e mais didático meio de entender o que é o sufrágio está descrito como “o direito de votar e ser votado”. Contudo, e mais além que isso o sufrágio para a democracia deve revelar-se como a vontade do povo, a verdadeira participação da sociedade na vida política e nas decisões tomadas pelo governo, não existindo limitações fundadas em descriminações sociais, raciais, intelectuais, de sexo, cor e/ou idade. Porém, esta participação política apesar da ideia de amplitude contida na nomenclatura da palavra “povo”, é restrita aos denominados cidadãos. E quem são os cidadãos? Seriam aqueles detentores de direitos políticos. Para o doutrinador Pedro Lenza, em seu livro Direito Constitucional Esquematizado, a definição de direitos políticos é “o instrumento por meio do qual a Constituição Federal garante o exercício da soberania popular, atribuindo poderes aos cidadãos para interferirem na condução da coisa pública seja direta, seja indiretamente”. Destarte, no sentido stricto sensu, a cidadania é garantida aos que exercem os seus direitos políticos na forma da capacidade eleitoral ativa, podendo votar e escolher seus governantes, ou por meio da capacidade eleitoral passiva que é a capacidade de ser eleito, de concorrer a um cargo eletivo e político. Enfim, o sufrágio universal é o direito de votar e ser votado inerente a todos os indivíduos da sociedade, desde que respeitadas às restrições trazidas pela Constituição Federal com o intuito apenas de garantir a mínima capacidade possível para aqueles que participarão do processo eleitoral, os chamados cidadãos. 2.2) Capacidade Eleitoral Ativa: Como mencionado, o art. 14 da Constituição Federal dispõe os requisitos da capacidade eleitoral ativa, quais são: alistamento eleitoral, a nacionalidade brasileira, idade mínima de 16 anos e não ser conscrito para o serviço militar. O alistamento eleitoral é o que atribui à qualidade de cidadão ao individuo, pois inscreve o mesmo como membro do corpo eleitoral de determinado município, estado e país, está disposto no art. 42 do Código Eleitoral. A nacionalidade brasileira, conforme Gomes (2011, p. 41) “é o status do indivíduo perante o Estado”, pois bem, é o vinculo entre o indivíduo e o Estado para que este exerça seus direitos e deveres, de forma que a perda da nacionalidade acarreta de imediato à perda dos direitos políticos. A idade mínima de 16 anos faculta o direito de voto e consequentemente o exercício do sufrágio, no entanto uma vez alistado passa a ser obrigatório o exercício desse direito. Os conscritos são os convocados para o serviço militar, estes estariam impedidos de se alistar e consequentemente votar, no entanto, caso já tenham se alistado o mesmo estará impedido de votar, conforme art. 6º do Código Eleitoral. 2.3) Capacidade Eleitoral Passiva: Quanto à capacidade eleitoral passiva, os requisitos estão dispostos no §3º do referido artigo, o qual dispõe sobre as condições de elegibilidade: nacionalidade brasileira, pleno exercício dos direitos políticos, alistamento eleitoral, domicílio eleitoral na circunscrição, filiação partidária e idade mínima conforme as alíneas “a”, “b”, “c” e “d”. A nacionalidade brasileira, remetemos ao tópico anterior. O pleno exercício dos direitos políticos é o desenvolver dos direitos políticos subjetivos, como o sufrágio universal e não ter nenhum impedimento constitucional que o prive de exercer seus direitos políticos, o chamado direito político negativo. No que se refere ao domicílio eleitoral na circunscrição, o art. 42, parágrafo único do Código Eleitoral, dispõe: “ é domicílio eleitoral o lugar de residência ou moradia do requerente, e, verificado ter o alistando mais de uma, considerar-se-á domicílio qualquer delas”. Joel J. Candido, no livro de Direito Eleitoral Brasileiro, ao discorrer sobrea circunscrição do domicílio eleitoral diz que: Fixado o domicílio, deverá o eleitor comprová-lo, no município, pelo tempo que a lei determinar, para se candidatar às eleições locais; para as eleições gerais, a comprovação deverá ser de domicílio no território do Estado, também obedecido o tempo mínimo exigido por lei. A filiação partidária é o meio pelo qual qualquer cidadão que queira participar como candidato nas eleições deverá obrigatoriamente filiar-se a partidos políticos. É vedada a criação de candidaturas autônomas, isto é, sem estar inserida em qualquer agremiação política do sistema eleitoral brasileiro. Essa filiação se faz tão importante que o art. 17, § 1º da CF/88 atribui aos partidos estabelecer normas quanto à fidelidade partidária. Essa induz que os candidatos são eleitos não em razão da sua pessoa, mas sim pelos seus ideais, planos de governo oriundos de uma ideologia política pertinente ao partido ao qual se filiou; a agremiação que lhe confiou a disputa de determinado cargo dando todo o apoio político e econômico necessário. Dessa forma, o cargo é direito dos partidos políticos e suas coligações, devendo o candidato eleito perdê-lo caso venha a se desligar do partido filiado durante as eleições. A idade mínima, como o próprio nome diz, dispõe acerca da idade que os futuros candidatos deverão ter para concorrer ao pleito de acordo com o cargo que almejem: trinta e cinco anos para Presidente e Vice-Presidente da República e Senador; trinta anos para Governador e Vice-Governador de Estado e do Distrito Federal; vinte e um anos para Deputado Federal, Deputado Estadual ou Distrital, Prefeito, Vice-Prefeito e juiz de paz e dezoito anos para Vereador. 3. O VOTO: 3.1) Definição: O ato de votar é o exercício do sufrágio pelo cidadão, consequentemente o ponto máximo do exercício da soberania popular. Os indivíduos revestidos de plena capacidade eleitoral ativa e exercendo seus direitos políticos, por meio do voto escolhem aqueles que irão representá-los no governo. É a manifestação da vontade popular de forma a viabilizar a concretização de uma das formas da democracia, no Brasil, a chamada democracia representativa ou indireta. 3.3) Votações Eletrônicas: As votações por meio de sistema eletrônico fundamentam-se em razão da necessidade de garantir a transparência, a autenticidade, o sigilo e a segurança das eleições. Além de proporcionar aos eleitores e candidatos a celeridade no processo de apuração das urnas, pois o cômputo dos votos se encerra no mesmo dia possibilitando saber-se da decisão final da votação. O sistema eletrônico de votação foi implantado pela Justiça Eleitoral, inicialmente, nos procedimentos de alistamento eleitoral e revisão do eleitorado. No ano de 1996, nas eleições municipais, foram realizadas votações eletrônicas, porém de forma restrita. No ano de 1997 é publicada a Lei de nº 9504, a chamada Lei das Eleições, a qual dispõe nos seus arts. 59 a 62 sobre o sistema eletrônico de votação e a totalização dos votos. Porém, o caput do art. 59 permite, ainda que de caráter excepcional, o voto impresso, aquele realizado por meio de cédulas, sendo este previsto nos arts. 83 a 89 da referida lei, por exemplo, quando exista um defeito na urna que não poderá ser sanado ao tempo das eleições utilizar-se-á do voto impresso. Apenas no ano de 2000, as eleições foram realizadas de forma eletrônica em todo o país. Tal voto eletrônico possibilitou também uma maior fiscalização da apuração dos votos, visto que as urnas eletrônicas possuem um sistema de Registro Digital do Voto, disponibilizado, posteriormente, como meio de conferir a contagem dos votos e a lisura do processo eleitoral. As próprias urnas eletrônicas conterão o registro de cada voto e o seu total, identificando quem nela votou, sem demonstrar o voto dos eleitores. 3.4) Voto nulo, voto em branco e voto por legenda: O voto nulo se dá quando o eleitor digitar nas urnas números incompatíveis com os números dos candidatos ou da legenda partidária e vier a confirmar esse número, consequentemente, tal voto não será contabilizado e não elegerá nenhum candidato, pois neste caso a incompatibilidade não é apenas dos números, mas também, de ideologias entre o eleitor com os candidatos e partidos, entende-se o voto nulo como um voto de protesto. Na urna eletrônica, existe a tecla de cor “branca” ao clicá-la e posteriormente clicar na tecla de cor “verde”, o eleitor terá confirmado seu voto em branco, o mesmo também não influenciará no resultado final. No entanto, apesar do voto branco ou nulo não acarretar nenhuma consequência no resultado final das eleições, essas podem ser visualizadas de forma indireta no contexto social, pois a abstenção do voto implica em prováveis escolhas de candidatos ainda menos qualificados ao cargo público, na dúvida deve-se escolher aquele que menor prejudicaria o município, estado e o país. O voto de legenda está disposto de forma expressa no art. 60 da Lei das Eleições, Lei nº 9.504/97, o qual diz que “considerar-se-á voto de legenda quando o eleitor assinalar o número do partido no momento de votar para determinado cargo e somente para este será computado”, neste ocorre o engano do eleitor ao digitar o número de seu candidato e confirmá-lo, mas a fim de não “perder” o voto, se identificado este será computado por legenda, pois os números dos candidatos se iniciam com os mesmos números do partido. 4. DISTINÇÃO ENTRE SUFRÁGIO E VOTO: Nas palavras do doutrinador Joel J. Cândido, no seu livro de Direito Eleitoral Brasileiro, “o sufrágio é o poder ou o direito de se escolher um candidato; o voto é o modo ou instrumento através do qual se escolhe esse candidato”. Para Gomes (2011, pg 44), “o sufrágio e o voto não se confundem. Enquanto o sufrágio é um direito, o voto representa seu exercício. Em outras palavras, o voto é a concretização do sufrágio”. Percebe-se também a distinção nos termos do art. 14 da CF/88 e art. 82 do Código Eleitoral. 5. PLEBISCITO, REFERENDO E INICIATIVA POPULAR: O plebiscito, referendo e a iniciativa popular é a realização direta de consultas populares, por meio do sufrágio universal e do voto, com fulcro ao exercício da soberania popular. O plebiscito e o referendo distinguem-se em razão do momento de elaboração de cada um. O plebiscito é uma consulta prévia aos cidadãos sobre um determinado ato governamental ou direito, os quais posteriormente serão levados ao Congresso Nacional para que sejam ratificados ou não, na forma de lei, por exemplo, o plebiscito ocorrido no ano de 1993, em que o povo escolheu o sistema de governo, entre o parlamentarismo ou presidencialismo, decidindo ainda sob qual regime prevaleceria, a república ou a monarquia. No referendo a matéria foi discutida anteriormente pelo Congresso Nacional e só depois será alvo de consulta dos eleitores, para enfim ser ratificada ou não como lei. Como exemplo de referendo, foi o ocorrido em 23 de outubro de 2005, referente à comercialização de armas de fogo no país, neste caso o Estatuto do Desarmamento já tinha sido elaborado pelo Congresso Nacional sendo posteriormente consultada a população sobre sua ratificação ou não. Enquanto que a iniciativa popular é o meio pela qual a própria população se faz presente na criação de normas, que serão discutidas posteriormente no Congresso Nacional, por meio de projetos de lei. Faz-se necessário a colhida de 1% de assinaturas dos eleitores distribuído em pelo menos cinco estados do país, tendo ainda que contar com no mínimo três décimos por cento do eleitorado de cada um deles, para enfim ser apresentada na Câmara de Deputados, sendo posteriormente submetidos à aprovação do Senado e da Presidência da República. Como exemplo, temos a Lei nº 8.930/94, dos Crimes Hediondos. 6. CONSIDERAÇÕES FINAIS: Como bem explicitado o sufrágio universal e o voto instrumentaliza o exercício da soberania popular, visto que através desses podeo povo decidir a escolha do seu governante de acordo com a análise dos planos, ideais e metas de governo que ele propõe. Não obstante, como seria exercido o governo do povo, se o mesmo não participasse da formação política do seu Estado, se não escolhesse seus representantes ou mesmo pudesse opinar sobre determinado direito. Ainda que o exercício venha a ser obrigatório, distanciando-se da ideia de liberdade, fundamento da democracia, tal argumento se desfaz em razão do comodismo presente na sociedade brasileira ao deparar-se com os problemas sociais ou ainda, com o mal maior, que é a corrupção na política. Faz- se necessário à retomada da consciência da população brasileira de que o sufrágio universal, exercido por meio do voto, é a concretização da vontade da maioria, e não de uma parcela desta, isto é, uma das poucas formas de serem ouvidas as diversas classes do povo não se restringindo, apenas, a uma parcela menor, mas economicamente mais forte. Sendo ainda, de fundamental importância para a mudança da política, dos políticos e consequentemente dos malefícios da sociedade.
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