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ANSIEDADE, INSEGURANÇA E MEDO: COMO ESTUDANTES UNIVERSITÁRIOS DO CURSO DE GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO DO CEFET/RJ CAMPUS VALENÇA TEM LIDADO COM ESSES FATORES DURANTE A PANDEMIA DE COVID-19. Caio Silva de Azevedo Matheus Ferreira da Silva RESUMO A pandemia de covid-19, causada pelo vírus SARS-CoV-2, gerou muitos impactos e consequências a população, ocasionando a necessidade de mudança drástica na rotina da sociedade alterando a forma de estudo que adotou o ensino remoto, as empresas adotaram o home office. Além do contágio e mortes causadas pelo vírus, ficou evidente o surgimento ou o agravamento de transtornos psicopatológicos como a depressão, ansiedade e estresse em estudantes universitários a partir do final do primeiro trimestre de 2020. Estudo feito com estudantes de Administração da Instituição Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca (CEFET/RJ) e comprovou um agravamento considerável nesses indivíduos após o fechamento da instituição. Os estudantes alertaram que tiveram sua saúde mental afetadas. Nessa pesquisa foi constatado que 17,1% foram afetados muito pouco, 37,1% pouco e 34,3% foram muito afetados. Apenas 20% dos entrevistados responderam que permanecem com sua saúde mental intacta mediante a pandemia de covid-19. Palavras-chave: Ansiedade; Insegurança; Medo; Estudantes; Administração. ABSTRACT The covid-19 pandemic, caused by the SARS-CoV-2 virus, generated many impacts and consequences for the population, causing the need for drastic change in society's routine, changing the form of study that adopted remote learning, companies adopted home office. In addition to the contagion and deaths caused by the virus, the emergence or worsening of psychopathological disorders such as depression, anxiety and stress in university students from the end of the first quarter of 2020 was evident. Technological Education Celso Suckow da Fonseca (CEFET/RJ) and showed a considerable worsening in these individuals after the institution was closed. The students warned that their mental health had been affected. In this research it was found that 17.1% were affected very little, 37.1% little and 34.3% were very affected. Only 20% of respondents answered that they remain with their mental health intact through the covid-19 pandemic. Key-words: Anxiety; Insecurity; Fear; students; Management. INTRODUÇÃO 2 Em 2020 tivemos no Brasil o início da grave crise econômica e social gerada pela pandemia de COVID-19. Todo o país foi afetado por essa crise que fez com que muitas empresas estabelecidas em território nacional passarem por graves problemas financeiros e precisarem se reinventar para continuarem exercendo suas atividades econômicas. O home office, que antes da crise era considerado uma tendência, foi adotado por 11% da população economicamente ativa em 2020 (IPEA, 2021). As empresas não foram as únicas afetadas pela crise tendo que migrar para as atividades remotas, as universidades também sofreram muito com as restrições que foram estabelecidas no mês de março de 2020, proibindo as atividades síncronas presenciais no campus das universidades. As instituições de ensino públicas foram as que mais sofreram com as medidas estabelecidas para evitar o contagio e o alastramento da pandemia, pois muitas não possuíam estrutura e nem pessoal capacitado para migrar para o ensino remoto emergencial. Segundo Nunes (2021, p. 2) “entretanto, é preciso deixar claro que a oferta emergencial da educação no período da pandemia utilizando meios tecnológicos não pode ser caracterizada como Educação a Distância. ” O ensino emergencial e um primeiro momento não possuía metodologia pedagógica anteriormente definida, pois não existiu tempo hábil para o planejamento didático técnico e pedagógico e por isso muitos fatores foram negligenciados pela urgência de implementação, esse tipo de ensino emergencial difere do ensino a distância de universidades privadas que possuem o seu planejamento definido, com planos pedagógicos elaborados com muita antecedência (NUNES, 2021). Segundo Appenzeller (2020) com início da pandemia novas estratégias pedagógicas foram utilizadas e trouxeram desafios, como a necessidade de capacitação dos docentes, adaptação dos estudantes, saúde mental da comunidade e manejo do tempo para estudo, e a garantia de acesso por parte dos estudantes ensino remoto passou a ser uma questão fundamental para o sucesso da modalidade. Em prol da saúde a até então modalidade inédita para muitos discentes e estudantes precisou ser implementada da maneira mais rápida possível na rede pública de ensino superior. Para muitos universitários da rede de ensino pública do Brasil estudar de maneira remota pode ser considerado um verdadeiro desafio, pois alguns fatores como a falta de um local e equipamentos adequados para acompanhar as aulas, conexão ruim ou inexistente com a internet, problemas familiares e distrações rotineiras do dia-a-dia desafiam diariamente a continuidade desse estudante no seu respectivo curso de graduação. Segundo Maia e Dias (2020) existiu por 3 parte dos estudantes universitários durante o período de pandemia um aumento considerável de perturbações psicológicas como ansiedade estresse e depressão. Segundo pesquisa a pesquisa Global Student Survey (CHEGG, 2021) 76% dos estudantes brasileiros consideram que a pandemia afetou sua saúde mental de alguma forma. Os fatores externos também pesam muito sobre o estudante, como família, trabalho, a falta de condições adequadas para o estudo e casos de óbitos na família por conta do vírus, podem desmotivar e gerar sentimento de ansiedade, insegurança e medo em relação a seu futuro o que pode levar o estudante a desistência temporária ou definitiva do curso. O objetivo dessa pesquisa é analisar como os estudantes de todos os períodos do curso de graduação e administração do CEFET/RJ campus Valença consideram o estado da sua saúde mental em relação a fatores como ansiedades, medo e insegurança, depois de dois anos de ensino emergencial provisório. A pesquisa buscar também analisar e interpretar a influência desses fatores em relação ao desempenho dos alunos da instituição e os motivos que impedem os estudantes de buscarem ajuda especializada. METODOLOGIA No que diz respeito a metodologia, foi realizado um estudo através de uma pesquisa, pesquisa essa de caráter de caráter descritivo e interpretativo com abordagem quantitativa e qualitativa, a fim de obter informações a respeito do quanto a saúde mental dos estudantes de graduação foi afetada após o agravamento da pandemia da covid-19 no cenário mundial e todas as medidas de isolamento adotadas. Os métodos escolhidos para a realização da pesquisa foram a pesquisa de levantamento e bibliográfica. O estudo busca relacionar os dados gerados pela pesquisa com outras pesquisas e dados anteriormente levantados por outros pesquisadores. A coleta de dados foi realizada em fevereiro de 2022, por intermédio de um questionário, com o documento voltado exclusivamente para os alunos do curso de graduação em Administração da Instituição CEFET/RJ, campus Valença. O instrumento da coleta dos dados foi elaborado por meio de um formulário criados no Google Forms, elaborado por alunos da disciplina de Metodologia de Pesquisa. Após a coleta das perguntas, foi divulgado um link no WhatsApp e contou com a colaboração de 35 alunos de maneira anônima. 4 PERFIL DO ESTUDANTE QUE PARTICIPARAM DA PESQUISA A pesquisa contou com estudantes dos gêneros masculino, onde foi a maioria (54,3%) e feminino que na pesquisa foi minoria (45,7%), com total de 35 alunos universitários, com faixa etária entre 18 e 50 anos, cursando entre o 1° e o 8° período do curso. A seguir no gráfico 1 é informado em que período da graduação os participantes se encontram: GRÁFICO 1. ANALISE E DISCUSSÃODOS DADOS A coleta de informações da amostra de 35 estudante do curso de administração possibilitou a realização de um retrato da influência da pandemia no impacto da saúde mental dos estudantes dois anos depois do início da pandemia. Para a melhor compreensão os resultados serão analisados, interpretados e correlacionados com outras pesquisas já publicadas em tópicos específicos logo abaixo. O AUMENTO DA ANSIEDADE NA PANDEMIA Como abordado anteriormente na introdução, a pesquisa Global Student Survey comprovou que 76% dos estudantes brasileiros consideram que a pandemia afetou sua saúde mental de alguma forma (CHEGG, 2021). Esse dado é muito interessante, pois comprova que a grande maioria dos estudantes não saiu ileso psicologicamente dessa pandemia, se 5 compararmos com os estudantes do CEFET/RJ campus Valença chegaremos a dados muito semelhantes e altamente preocupante. O gráfico 2 abaixo mostra o aumento de preocupação com ansiedade dos estudantes durante a pandeia: GRÁFICO 2. Existe uma grande preocupação entre os estudantes em relação a ansiedade e a saúde mental durante a pandemia. Com o isolamento rotinas formam totalmente modificadas, o trabalho para muitos virou home office e o estudo passou a ser remoto, com todo esse desequilíbrio os estudantes lidaram emocionalmente com a pandemia de diferentes formas, atividades físicas e aumento do tempo em redes sociais foram algumas das formas mais utilizadas de lidar emocionalmente com a pandemia, os dados que comprovam essa afirmação estão no gráfico 3 abaixo: 6 GRÁFICO 3. O ABANDONO PARCIAL OU TOTAL DO CURSO POR CONTA DA PANDEMIA A pandemia fez com que todos os alunos que utilizaram ou utilizam o ensino remoto emergencial tivessem que reaprender como estudar, pois, essa modalidade se diferencia muito do ensino tradicional presencial síncrono. Existem grandes diferenças entre as modalidades como o fator novidade e a falta de uma metodologia clara e pedagógica no princípio da adoção do modelo emergencial. Os fatores internos e externos da rotina dos estudantes junto do comprovado aumento da ansiedade e insegurança entre os estudantes do CEFET/RJ campus Valença durante a pandemia fazem necessário uma atenção especial a esse tópico. Com as informações da pesquisa foi possível constara que a maioria dos estudantes 68,6% da instituição considerar ter passado por alguma dificuldade de aprendizado durante a pandemia patamar muito superior aos que não tiveram dificuldades e aos que talvez tiveram dificuldades que equivalem a 20% e 14,30% respectivamente. Durante o ensino remoto emergencial da pandemia 94,2% dos estudantes de instituições públicas relataram ter tido problemas de saúde mental a e dificuldades para se concentrar nas aulas remotas (SAMESP, 2021). A pesquisa aplicada também comprovou que muitos alunos já chegaram a perder aulas, provas e prazos para entrega de atividade, por conta da ansiedade. 48,6% dizem que sim já perderam, 20% dizem que algumas vezes perdem e 40% dos participantes consideram que a ansiedade não interferiu na presença nas aulas e na entrega de atividades. 7 A taxa de estudantes que pensaram em desistir de alguma disciplina ou em desistir do curso de administração é muito elevada, 48,6% consideram que sim, já pensaram em desistir, 25,7% pensaram a respeito e 28,6%que não pensaram em desistir. O gráfico 4 abaixo aborda essa taxa: GRÁFICO 4. Levando em consideração todos os dados citados durante esse tópico, é possível considerar que fatores como a ansiedade e a dificuldade de aprendizado no ensino remoto aumentam as chances de um estudante trancar alguma disciplina para diminuir a pressão ou até mesmo trancar o curso em definitivo até que o período síncrono presencial retorne. AUXILIO PSICOLÓGICO O agravamento da pandemia e o quadro significativo no número de mortes e contágios foi fazendo com que a sociedade aos poucos fosse criando uma sensação de desespero, pois de forma simultânea que o quadro se agravava, as restrições ficavam ainda mais rigorosas com isolamentos e confinamentos prolongados pela quarentena. Nesse momento, o sentimento de impotência com todo o cenário gerou ou agravou o quando de doenças psicológicas em algumas pessoas na sociedade. 8 Efetivamente, a covid-19, através da pesquisa realizada com estudantes universitários, foi um grande causador direta e indiretamente desses problemas mentais que se transformou em estress graves, irritabilidade, ansiedade, depressão etc. Dessa forma, torna-se clara a necessidade de auxílio psicológico durante esse período vigente, entretanto muitos não procuraram, não tinham condições financeiras para procurar ajuda, tinham vergonha de pedir ajuda ou simplesmente não sabia como procurar esse tipo de ajuda. Abaixo o gráfico 5 da pesquisa realizada com alunos universitários do curso de graduação CEFET-RJ: GRÁFICO 5. Apesar de grande parte dos estudantes terem considerado em algum momento a importância da ajuda psicológica, muitos tiveram impeditivos para buscar ajuda. A correlação entre os dados acima e os dados do número de estudantes que tinham o conhecimento do suporte psicológico que a instituição ofereceu por meio de um profissional durante toda a pandemia chama a atenção. O percentual de conhecimento é de 74,3% contra 25,7% dos que não sabiam do suporte. Alguns alunos em sua resposta consideraram a questão financeira como impeditivo para a buscar ajuda, é interessante notar que a grande maioria dos estudantes alegaram conhecer o suporte oferecido pela instituição e mesmo assim não procuraram por ajuda oferecida de maneira gratuita. Talvez o fator vergonha de julgamento pese na hora de o estudante procurar por ajuda na própria instituição de ensino, pois como é mostrado no gráfico 6 abaixo, apenas poucos alunos procuraram e consideraram o suporte psicológico do CEFET/RJ campus Valença. Porcentagem gráfico 6: 9 GRÁFICO 6. CONSIDERAÇÕES FINAIS O presente estudo buscou entender como a pandemia e fatores como medo, ansiedade e insegurança influenciaram na saúde psicológicas dos estudantes de administração da instituição federal. A análise dos dados e a comparação com pesquisas anteriormente publicadas por outros autores comprovaram que os distúrbios e dificuldades que os estudantes do CEFET/RJ estão passando não são um acontecimento isolado da instituição de Valença. Os estudantes foram muito afetados por toda essa crise mundial, a falta de recursos e condições, associada a um grande aumento nos níveis de ansiedade dos estudantes justificam o fenômeno de êxodo de disciplinas que vem acontecendo na instituição, certamente alguma parte significativa de estudantes que trancaram por completo o curso durante a pandemia por motivos ansiedade, insegurança e medo não retornaram para as atividades síncronas presencias. O ensino emergencial remoto foi uma medida necessária para o período atual, mas deve ser repensado e reformulado o mais breve possível, as instituições devem buscar estar preparadas para adotar o ensino emergencial caso novas ondas de contágio ou novas pandemias aconteçam. Nesse período remoto estudante e professores foram muito sobrecarregados, a presente pesquisa buscou entender a influência da pandemia nos alunos, mas uma sugestão de tema de pesquisa igualmente relevante seria o de entender como os professores universitários lidaram emocionalmente com os desafios do ensino emergencial remoto. 10 REFERENCIAS APPENZELLER, S. et al. Novos Tempos, Novos Desafios: Estratégias para Equidade de Acesso ao Ensino Remoto Emergencial. Revista brasileira de educação médica v. 44, n. Suppl 01 e155, 2020. CHEGG. Global Student Survey 2021. Chegg.com. Disponível em: <https://www.chegg.com/about/wp-content/uploads/2021/02/Chegg.org-global-student- survey-2021.pdf>. Acesso em: 03 mar. 2022.IPEA. 11% dos trabalhadores utilizaram o home office. Disponível em: <https://www.ipea.gov.br/portal/index.php?option=com_content&view=article&id=38263>. Acesso em: 29 fev. 2022. MAIA, B. R; DIAS, P. C. Ansiedade, depressão e estresse em estudantes universitários: o impacto da COVID-19. Revista Estudos de Psicologia, Campinas, v. 37, e200067, 2020. NUNES, R. C. Um olhar sobre a evasão de estudantes universitários durante os estudos remotos provocados pela pandemia do COVID-19. Research, Society and Development - v. 10, n. 3, e1410313022, 2021. SAMESP. PESQUISA SOBRE ADOÇÃO DE AULAS REMOTAS - 2ª EDIÇÃO. Disponível em: <https://www.semesp.org.br/wp-content/uploads/2021/08/Relatorio_Alunos.pdf>. Acesso em: 28 fev. 2022.
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