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PELE – FUNÇÃO, ESTRUTURA, FISIOLOGIA E EMBRIOLOGIA Luíza Roque ATM 2024/2 FUNÇÃO DA PELE A pele do ser humano corresponde a 15% do peso corporal. Apresenta plasticidade, determinada pela resistência e flexibilidade. Dotada de grande capacidade renovadora e de reparação, e de certo grau de impermeabilidade. Tem como função vital a conservação da homeostasia, mas também desempenha funções sensoriais e de defesa. PROTEÇÃO A resistência da pele relativa aos agentes mecânicos se dá por sua capacidade moldável e elástica. No sentido físico, a proteção acontece através do sistema melânico, que neutraliza as radiações RUV. A produção de melanina sofre interferência da porção intermediária da hipófise por meio do hormônio intermedina, ou MSH. A melatonina produzida pela hipófise por meio da ação da norepinefrina clareia a pele ao induzir a agregação dos grânulos de melanina em torno do núcleo das células. • Proteção físico-química: manutenção do ph ácido da camada córnea; • Proteção química: manto lipídico com atividade antimicrobiana; • Proteção imunológica: na epiderme pelas células de Langerhans e na derme através de macrófagos, linfócitos e mastócitos. HEMORREGULAÇÃO E TERMORREGULAÇÃO A pele apresenta extensos plexos vasculares e corações periféricos (glomos). A partir disso, auxilia na manutenção e na regulação do débito circulatório. O aumento do débito sanguíneo periférico pode ser compensado pela constrição dos glomos, com desvio da circulação para a rede capilar, e pela utilização plena da capacidade total de enchimento de outros vasos. No choque, a constrição dos vasos cutâneos e a dilatação dos glomos provoca palidez, que denuncia a elevada função hemorreguladora da pele. A termorregulação é mantida por um mecanismo comandado pelo centro termorregulador por meio das vias do sistema nervoso autônomo, levando a vasoconstrição ou vasodilatação. METABOLIZAÇÃO A pele sintetiza hormônios como a testosterona e a di-hidrotestosterona, que têm um papel muito importante na alopecia androgenética, na acne e no hirsutismo. ESTRUTURA E FISIOLOGIA Epiderme + derme + hipoderme. A transição entre a epiderme e a derme é denominada junção dermoepidérmica ou zona da membrana basal. EPIDERME Tecido epitelial estratificado queratinizado. Composição: • Sistema ceratinocítico: composto por células epiteliais denominadas queratinócitos, responsáveis pelo corpo da epiderme e de seus anexos; PELE – FUNÇÃO, ESTRUTURA, FISIOLOGIA E EMBRIOLOGIA Luíza Roque ATM 2024/2 • Sistema melânico: formado pelos melanócitos; • Células de Langerhans: função imunológica; • Células de Merkel: integradas ao sistema nervoso; • Células dendríticas indeterminadas. A derme desempenha uma influência reguladora sobre a morfogênese e diferenciação epidérmica, sendo fundamental para a determinação de sua espessura, arquitetura, tipo de diferenciação e padrão dos seus anexos. SISTEMA CERATINOCÍTICO Responsável por, pelo menos 80% das células epidérmicas, é caracterizado pela disposição lado a lado de suas células e por sua constante renovação. O alto índice de multiplicação células dos queratinócitos da sua camada mais profunda, a camada basal, fornece células que, a seguir, gradativamente se modificam e migram para a superfície, formando a camada espinhosa ou de Malpighi. Essas células, após passarem por um rápido estágio em que se apresentam como citoplasma mais basofílico e granuloso, a camada granulosa, transformam-se em células anucleadas, os corneócitos, sendo então eliminadas no meio ambiente na camada mais externa da epiderme, a camada córnea. O citoesqueleto de todas as células é composto por uma rede de proteínas estruturais, incluindo microfilamentos de actina, filamentos intermediários e microtúbulos. No queratinócito e nas demais células epiteliais, os filamentos intermediários ou tonofilamentos são compostos por citoqueratinas (ck). As citoqueratinas se dispõem em torno do núcleo e conectam-se até alcançarem as placas desmossômicas e se inserirem nelas, ajudando a compor o cistoesqueleto dessas células. São conhecidos mais de 30 tipos de ck, sendo 20 epidérmicos e 10 do pelo. Os epidérmicos são divididos em tipo I (ácido: ck de 9 a 20) e tipo II (básico: ck de 1 a 8). Para formar o filamento intermediário, é necessária a combinação de uma ck do grupo I com outra do grupo II. A expressão de determinado par de citoqueratina varia segundo o tipo celular e seu grau de diferenciação, podendo ser adotado como marcador dessas situações, assim como de algumas condições patológicas. Os queratinócitos também participam ativamente dos processos inflamatórios e imunológicos, seja como células-alvo, seja como secretores de citocinas, neuropeptídios e outros mediadores. PELE – FUNÇÃO, ESTRUTURA, FISIOLOGIA E EMBRIOLOGIA Luíza Roque ATM 2024/2 São capazes de produzir substâncias com ação autócrina, parácrina e endócrina, nesse caso, em situações especiais. Fazem parte desse painel de substâncias: mediadores inflamatórios (IL-1), reguladores do crescimento ou da diferenciação celular, neuropeptídios, neuro-hormônios e outros mediadores. CAMADA BASAL Na pele normal, é formada por uma única fileira de queratinócitos justapostos, a maioria com capacidade de multiplicação, que apresentam morfologia colunar, citoplasma basófilo e núcleo grande e oval. Um pequeno percentual da população dessas células é composto por células-tronco caracterizadas por uma velocidade baixa de mitose durante a sua existência, gerando clones queratinócitos denominados células amplificadoras transitórias (TAC), que se dividem muito mais rapidamente, mas são programadas para um número limitado de mitoses. A mitose da TAC dá origem a duas células com características diferentes: uma nova célula TAC, que permanece na camada basal, e outra, denominada pós-mitótica ou diferenciada, que perde a capacidade de mitose e inicia o processo de diferenciação ceratinocítica em direção à superfície. CAMADA ESPINHOSA/DE MALPIGHI Ao passar por modificações, as células da camada basal se tornam poligonais, de citoplasma acidófilo e rico em desmossomos. As células são numerosas e dispostas em fileiras. Ao progredirem na migração, as células achatam-se e tornam-se cada vez mais acidófilas. CAMADA GRANULOSA As células passam a ser repletas de grânulos basofílicos de cerato-hialina no citoplasma. Apresenta grande atividade metabólica, objetivando a síntese dos elementos necessários ao processo final da cornificação, que resulta no súbito surgimento da camada córnea. Esses elementos são armazenados, em grande quantidade, na sua forma pré-ativada, tanto no interior de organelas quanto livremente. Os grânulos de cerato-hialina são constituídos por pró-filagrina, filamentos de citoqueratina e loricrina. A pró-filagrina converte-se em filagrina, promovendo a agregação e compactação lado a lado dos filamentos de queratina, uma característica dos corneócitos. Os grânulos lamelares (corpos de Odland ou ceratinossomos) contém glicoproteínas, ácidos graxos, fosfolipídios, glicosilceramidas e colesterol. O conteúdo é liberado no espaço intracelular durante a transição súbita da camada granulosa para a córnea, quando, sob ação de suas hidrolases, é remodelado e seus lipídios transformados em ceramida, colesterol, ácidos graxos, esfingosina livre, sulfato de colesterol, ésteres de colesterol e triglicerídeos. Todos esses se depositam em forma de bainha dupla em torno de cada corneócito, originando a grande barreira lipídica à passagem de água e substâncias polares da epiderme, principal responsável por sua relativa impermeabilidade, e, quando chegam à superfície, compõem, com o sebo,o manto lipídico da pele. CAMADA CÓRNEA Células acidófilas e extremamente planas, sendo as mais largas do organismo, o que permite sua descamação e a mobilidade da região. Surge subitamente pela ocorrência simultânea e muito rápida de vários eventos na célula da camada granulosa: apoptose, com destruição do núcleo e organelas, cujos componentes podem ser reaproveitados pela própria epiderme; liberação e ativação da filagrina contida nos grânulos de cerato-hialina, com consequente organização dos filamentos de queratina em feixes paralelos compactos; extrusão do conteúdo dos grânulos lamelares, especialmente colesterol, ceramida e ácido graxo livre, seguida pela formação da barreira lipídica extracelular hidrofóbica; formação do envelope celular do coneócito; e destruição gradativa dos desmossomos, que leva à PELE – FUNÇÃO, ESTRUTURA, FISIOLOGIA E EMBRIOLOGIA Luíza Roque ATM 2024/2 descamação final das células isoladas na porção mais externa da camada córnea. Antes da transformação da camada granulosa em córnea, pode ser observada a camada lúcida, de aspecto homogêneo e constituída por células achatadas e anucleadas. O processo de transição que ocorre das células basais até a formação do corneócito é metabolicamente rico devido à participação de hidrolases e proteases. Da integridade da formação do corneócito é que se tem o grau de hidratação da epiderme. JUNÇÃO DERMOEPIDÉRMICA A epiderme penetra na derme por meio dos cones interpapilares (cristas epidérmicas), e a derme projeta-se na epiderme pelas papilas dérmicas. Funciona como suporte para a epiderme, determina a polaridade do seu crescimento, fornece sinais para seu desenvolvimento, dirige a organização do citoesqueleto das células basais e serve como barreira semipermeável. Essa união é composta pelo polo inferior da membrana da célula basal e seus hemidesmossomos, lâmina lúcida, lâmina densa e sublâmina densa. A lâmina lúcida é composta por glicoproteínas não colágenas, lamininas, fibronectinas, entactina/nidogene, com grande capacidade para se ligarem entre si e a outras moléculas e células, colaborando para a adesão entre a membrana basal e a lâmina densa. A lâmina densa é formada por colágeno tipo IV sintetizado pelos queratinócitos, contendo laminina, preotoglicanos sulfatados, antígeno da epidermólise bolhosa adquirida e outros elementos. OUTRAS CÉLULAS EPIDÉRMICAS MELANÓCITO Células dendríticas derivadas da crista neural de produtores do pigmento intrínseco da pele, a melanina, responsável pela absorção e difusão da RUV. Porção 1 melanócito para 10 queratinócitos basais. Por meio de seus dendritos, cada melanócito relaciona-se com 36 queratinócitos, para os quais transfere seus pigmentos, constituído, assim, a unidade epidermomelânica. CÉLULAS DE LANGERHANS E CÉLULAS INDETERMINADAS A célula de Langerhans é um dos principais componentes do sistema imunológico da pele, sendo responsável pelo reconhecimento, pelo processamento e pela apresentação de antígenos solúveis e haptenos presentes na epiderme. É uma célula processadora- apresentadora de antígenos; em seu estágio não ativado tem ação fagocítica, internalizando antígenos e processando-os. As células indeterminadas não têm melanossomos nem grânulos de Birbeck. CÉLULAS DE MERKEL Localizam-se entre as células basais, às quais estão aderidas por desmossomos. Funcionam como um tipo de maconrreceptor de adaptação lenta em locais de alta sensibilidade tátil. Em determinadas localizações, organizam- se em estruturas especializadas denominadas discos táteis. ANEXOS CUTÂNEOS Estruturas que surgem de modificações da epiderme ainda na vida embrionária. FOLÍCULO PILOSSEBÁCEO Folículo piloso + glândula sebácea + músculo eretor do pelo FOLÍCULO PILOSO PELE – FUNÇÃO, ESTRUTURA, FISIOLOGIA E EMBRIOLOGIA Luíza Roque ATM 2024/2 Forma-se na vida embrionária como uma projeção de queatinócitos modificados (tricócitos) para dentro da derme. Histologicamente: infundíbulo, istmo e bulbo. Os melanócitos dispõem-se entre as células da matriz, que fica na extremidade inferior do bulbo. O folículo é circundado por uma membrana vítrea, acelular seguida da: bainha externa do pelo (triquilema); bainha interna do pelo, constituída por camada de Henle, camada de Huxley e cutícula; e haste do pelo, composta por cutícula, córtex e medula. A linha de Auber é uma linha imaginária que atravessa a região de maior diâmetro do bulbo, abaixo da qual está a área de maior atividade mitótica, que dá origem à haste e à bainha interna do pelo. O folículo passa por três fases caracterizadas por modificações no bulbo, que sofre processo de retração e expansão e, por isso, é considerada como a porção transitória do folículo. A fase anágena caracteriza-se por ter o bulbo e a papila foliculares bem desenvolvidos, com sua extremidade situada na derme profunda ou hipoderme. A matriz encontra-se em plena atividade mitótica, dando origem a uma haste de pelo terminal, em geral grossa e pigmentada. A fase catágena é quando as células da matriz e da bainha interna iniciam o processo de apoptose e interrompem suas mitoses, provocando a retração da porção inferior do folículo até o nível da protuberância e da inserção do músculo eretor. A fase telógena, ou de repouso, caracteriza-se por apresentar células da papila com atividade mitótica aumentada, fazendo surgir novo contingente de TAC, responsável pela expansão do bulbo e pelo estabelecimento de uma nova fase anágena. No couro cabeludo do ser humano existem, em média, 100 mil folículos pilosos; as fases anágena, catágena e telógena duram, em média, respectivamente, 3 a 6 anos, 2 semanas e 3 meses. Na histologia, é possível encontrar 85 a 90% de pelos anágenos, em torno de 13% telógenos e 1% catágenos. Os folículos têm importância no processo de reparação tecidual, funcionando como reservatório de células-tronco epidérmicas, presentes na sua protuberância. Em relação aos hormônios andrógenos, os folículos podem ser indiferentes (supercílio), estimulados positivamente (barba) ou estimulados negativamente (área frontoparietal do couro cabeludo). GLÂNDULA SEBÁCEA Origina-se de uma modificação, ainda na fase embrionária, das células-fonte da protuberância do folículo piloso. Sua porção secretória é mais frequentemente polilobular, constituída por células claras, cujo citoplasma é espumoso e rico em lipídios, enquanto a parte periférica é formada por células basais germinativas. É uma glândula holócrina, na qual as células se rompem e liberam todo o seu conteúdo. O sebo colabora na formação do manto lipídico com atividade antimicrobiana, emulsificadora de substâncias e de barreira protetora. Estão sob controle de hormônios andrógenos. PELE – FUNÇÃO, ESTRUTURA, FISIOLOGIA E EMBRIOLOGIA Luíza Roque ATM 2024/2 MÚSCULO ERETOR DO PELO Músculo liso que emerge da porção superior da derme, logo abaixo da epiderme, e se insere obliquamente no folículo piloso. GLÂNDULA APÓCRINA Deriva do germe epitelial primário, assim como o folículo piloso e a glândula sebácea. Glândulas mamárias e ceruminosas do conduto auditivo externo e as glândulas de Moll (pálpebras) são glândulas apócrinas modificadas. É andrógeno-dependente. Composta por uma porção secretória, localizada entre a derme e o subcutâneo, constituída por uma camada simples de células cuboidais ou cilíndricas, que diminuem de tamanho ao secretarem parte do seu citoplasma que é eliminado em conjunto com a membrana plasmática, constituído a característica secreção por decapitação. Esta é pouco abundante, constituída por grânulos PAS+ de tamanho e densidade variáveis, de aspecto oleoso, inodoro, mas rica em material orgânico.Porção ductal mais retificada e que desemboca no folículo piloso logo acima do ducto da glândula sebácea, sendo constituído por uma dupla fileira de células cuboidais, envolvidas por células mioepiteliais. Responde a estímulo adrenérgico nervoso ou sérico. GLÂNDULA SUDORÍPARA ÉCRINA Origina-se de brotamentos epidérmicos. Principal responsável pela termorregulação do corpo humano. Sua junção secretória localiza-se na junção dermo-hipodérmica e é composta por células claras ou secretórias, dispostas na periferia sobre a membrana basal; células escuras ou mucoides, que recobrem a superfície dos túbulos secretórios; e células mioepiteliais, localizadas sobre a membrana basal e entre as células claras. O ducto desemboca diretamente na superfície da pele e é composto por uma camada externa de células basais e, internamente, pela camada de células cuticulares. Estão sob controle hipotalâmico por meio de terminações simpáticas de característica única, por utilizarem acetilcolina e não norepinefrina como neurotransmissor. A acetilcolina estimula a secreção de suor e a contração das células mioepiteliais, promovendo a sudorese. GLÂNDULA SUDORÍPARA APÓCRINA De localização axilar exclusivamente de adultos, compartilha tanto de glândulas écrinas quanto apócrinas. UNHAS Lâminas de citoqueratina. Lúnula, eponíquio, lâmina unqueal, leito ungueal e hiponíquio. PELE – FUNÇÃO, ESTRUTURA, FISIOLOGIA E EMBRIOLOGIA Luíza Roque ATM 2024/2 CITOQUERATINAS Maiores proteínas estruturais das células epiteliais. Formam uma família complexa de 30 polipeptídios divididos entre tipo I (citoqueratinas ácidas) e tipo II (citoqueratinas básicas). As ck geralmente são conservadas durante transformação neoplásica quando todos os outros critérios de identificação da célula já foram perdidos, de forma que, em tumores pobremente diferenciado, sua presença pode ajudar no reconhecimento da origem epitelial da malignidade. DERME Camada de tecido conjuntivo composta por um sistema integrado de estruturas fibrosas, filamentosas e amorfas, na qual são acomodados vasos, nervos e anexos epidérmicos. Células residentes: fibroblastos, histiócitos, células dendríticas e mastócitos. Células transitórias: linfócitos, plasmócitos e outros elementos celulares do sangue. Pode ser dividida em: • Superficial ou papilar: com grande celularidade e onde predominam finos feixes fibrilares de colágeno dispostos mais verticalmente; • Profunda ou reticular: constituída por feixes mais grossos de colágeno, ondulados e dispostos horizontalmente; • Adventicial: disposta em torno de anexes e vasos e constituída de feixes finos de colágeno, como na derme papilar. COLÁGENO 75% do peso seco da derme; Provê resistência e elasticidade ao tecido; cora- se bem pela eosina; fibras em rede ondulada fina na derme papilar, e espessa na derme reticular. É secretado para o espaço extraceular como pró- colágeno, que sofra a ação de proteases, levando à formação de fibras, que se organizam para constituir feixes. As enzimas também são denominadas metaloproteases são responsáveis pelo equilíbrio dinâmico da síntese e da degradação do colágeno. • Colágeno tipo I: 80% do colágeno dérmico do adulto; • Colágeno tipo III: predomina na vida embrionária; • Colágeno tipo IV: compõe as membranas basais; • Colágeno tipo VII: antígeno da epidermólise bolhosa adquirida. FIBRAS ELÁSTICAS Formam uma rede que se estende da junção dermoepidérmica ao tecido conjuntivo da PELE – FUNÇÃO, ESTRUTURA, FISIOLOGIA E EMBRIOLOGIA Luíza Roque ATM 2024/2 hipoderme, estando presentes também na parede dos vasos e em torno do folículo piloso. Fibras oxitalânicas + fibras eulanínicas + fibras elásticas maduras. Fibras oxitalânicas: encontradas na derme papilar, dispostas verticalmente a partir da junção dermoepidérmica, e estão conectadas com uma rede horizontal de fibras eulanínicas na interface entre a derme papilar e reticular. Os três tipos de fibras formam uma trama com funções de ancoragem e de oposição às forças de distensão e compressão. SUBSTÂNCIA FUNDAMENTAL Composta por proteoglicanos. Sua capacidade de ligação a múltiplos componentes do meio extracelular promove a aderência necessária entre diversas estruturas. CÉLULAS DA DERME CÉLULAS MESENQUIMAIS As células mesenquimais primitivas são as únicas existentes ao início da vida fetal, diferenciando-se em outras células posteriormente. Em algumas condições patológicas, essas células são ativadas dando origem às células das linhagens: histiocítica, linfocítica e granulocítica. FIBROBLASTOS Células fusiformes e estreladas, com núcleo volumoso e citoplasma claro. Grande ação enzimática, sendo os principais responsáveis pela síntese e degradação das proteínas do tecido conjuntivo e de vários fatores solúveis que funcionam como mensageiros para a epiderme, os vasos e outras células. CÉLULAS DO SISTEMA RETICULOENDOTELIAL Macrófagos e dendrócitos dérmicos. Macrófagos: capacidade de fagocitar, apresentar antígeno microbicida e tumoricida, secretar moléculas imunomodeladoras, citocinas e fatores de crescimento e dispõem de propriedades hematopoiéticas. Dendrócitos dérmicos: macrófagos apresentadores de antígeno; principalmente ao redor dos vasos. MASTÓCITOS Apresenta grânulos de dois tipos: Secretórios: contêm heparina, histamina, triptase, quimase, carboxipeptidase, fator quimiotático para neutrófilos e fator quimiotático para eosinófilo; Lisossomais: contêm hidrolases ácidas que digerem no meio intracelular glicosaminoglicanos, proteoglicanos e complexos glicolipídicos. São capazes de secretar alguns fatores de crescimento, citocinas, leucotrienos e fator ativador de plaquetas. Papel importante na reparação de tecido, reação de hipersensibilidade tipo I, defesa contra parasitas, quimiotaxia, ativação e proliferação de eosinófilos, promoção de fagocitose, permeabilidade vascular, ação antitumoral e angiogênese. Encontrados em maior quantidade na derme papilar, em torno dos anexos e nos vasos e nervos do plexo subpapilar. VASCULARIZAÇÃO A vascularização supera o necessário ao suprimento metabólico da pele, o que se justifica pelo papel que desempenha na regulação da temperatura e da pressão arterial, na cicatrização e nos fenômenos imunológicos. Os vasos sanguíneos estão distribuídos em duas redes horizontais ligadas por vasos comunicantes; os vasos perfurantes dos PELE – FUNÇÃO, ESTRUTURA, FISIOLOGIA E EMBRIOLOGIA Luíza Roque ATM 2024/2 músculos subjacentes dão origem ao plexo inferior, no limite com a hipoderme, deste derivam vasos que ascendem até o plexo superior e outros que suprem os anexos; o plexo superior ou subpapilar, entre a derme papilar e a reticular, dá origem aos capilares das papilas dérmicas. Certos corpos vasculomusculares unem arteríolas e vênulas diretamente. Os glomos, que se localizam na derme reticular, são ricos em células musculares e têm por finalidade manter a termorregulação e a homeostasia. A rede linfática inicia-se nos capilares linfáticos com fundo cego, presentes na derme papilar, que drenam para o plexo subpapilar; estes confluem para vasos coletores verticais que atravessam a derme reticular e desembocam no plexo linfático profundo, no limite entre a derme e a hipoderme. INERVAÇÃO A distribuição de nervos segue a dos vasos sanguíneos, com um plexo profundo e outro superficial; todos provêm da medula espinhal e são mistos, formados por fibras sensoriais que procedem das raízes dorsais e por fibras simpáticas provenientes dos gânglios simpáticos. Os nervos sensitivos são mielínicos e terminam em arborizações na papila dérmica ou em torno dos anexos e, às vezes, em conexãodireta com a célula de Merke. Os nervos autônomos simpáticos são amielínicos e colinérgicos ao inervarem as glândulas sudoríparas écrinas, mas adrenérgicos e colinérgicos quando inervam o músculo eretor do pelo. HIPODERME/PANÍCULO ADIPOSO Camada mais profunda da pele, constituída de lóbulos de lipócitos delimitados por septos de colágeno com vasos sanguíneos, linfáticos e nervos. Os adipócitos são arredondados e grandes, contendo em seu citoplasma uma grande quantidade de lipídios. O panículo adiposo, além de ser um depósito de calorias, protege o organismo de traumas e de variações de temperatura, modela o corpo e permite a mobilidade da pele em relação às estruturas subjacentes. EMBRIOLOGIA A pele se origina dos folhetos ectodérmico e mesodérmico. Do ectoderma se originam as estruturas epiteliais (epiderme, glândulas, pelos e unhas) e neurais (melanócitos e nervos), e do mesorderma derivam a derme e a hipoderme. Os melanócitos derivam da crista neural. No embrião de 5 a 6 semanas, a epiderme está representada apenas por uma única camada de células justapostas. Mais tarde, a multiplicação dessas células leva à formação de duas camadas, a basal e a periderme. A proliferação celular leva ao aumento do número de fileiras de células de Malpighi, e, em torno do 6º mês, instala-se o processo de ceratinização. A partir da camada basal originam-se brotos ou germes epiteliais primários, isto é, amontoados de células que começam a invadir o mesênquima; esses brotos dão origem aos folículos pilosos, às glândulas sebáceas e apócrinas e às glândulas écrinas. As unhas e os dentes surgem no 3º mês. A derme e a hipoderme se diferenciam a partir do mesoderma. As estruturas nervosas começam a aparecer a partir da 5ª semana e têm diversas origens.
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