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Formação Econômica Brasileira

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Aula 1 - Formação econômica do Brasil colonial
COMO SURGIU A EMPRESA COLONIAL AGRÍCOLA?
A empresa colonial agrícola, começando com a introdução da monocultura do açúcar no
Nordeste pelos portugueses, é uma experiência muito bem sucedida e única no século XVI.
A Expansão comercial europeia, a partir do final da idade média, quebrando o típico
isolamento econômico do período feudal . O mar Mediterrâneo tornou-se a rota mais
importante de negócios, beneficiando principalmente as cidades italianas, onde estão Gênova
e Veneza. Considerando os altos custos e riscos de envio ao empreendedorismo comercial,
apenas a comercialização de produtos tem um enorme valor de mercado - tamanho e peso
pequenos, por exemplo, especiarias orientais (como pimenta preta e canela) -
economicamente viável.
Feudalismo hoje Em junho de 2004, a Estação Ciência, da Universidade de São Paulo (USP),
reabriu a exposição O Castelo Medieval e o Feudalismo, disponível em:
http://www.eciencia.usp.br/Exposicao/feudalismo/. Leia, na apresentação da exposição, o
texto do Prof. Hilário Franco Júnior, do Departamento de História da Universidade de São
Paulo (USP). Ele afirma que alguns tipos de relação social característicos do feudalismo,
como o favorecimento de amigos em detrimento da lei, perduram até hoje.
Constantinopla (agora Istambul, Turquia) foi tomada pelos turcos, dificultando a manutenção
de rotas comerciais conectadas em 1453, fonte de especiarias nas cidades mediterrâneas. Os
turcos passaram a controlar o comércio na região, bloqueando Portugal e espanhóis,
interrompendo o comércio de longa distância e incentivando-os a descobrir novas rotas
comerciais. Assim começou uma nova fase da História Mundial: 1453 é considerado o ano do
fim do mundo Feudalismo (396-1453) e o início do período moderno (1453-1789).
PORTUGAL ENTRA EM CENA
Os portugueses exploram desde meados do século XV a Rota Atlântica, que se estabeleceram
em alguns lugares ao longo da costa África, onde cultivam cana-de-açúcar. No entanto, o
objetivo era um fornecedor de especiarias localizado nas Índias pela rota Atlântica. Para isso,
a tecnologia de construção de navios, que lhes permitam superar chamada " Mar Tenebroso"
porque é muito mais do que isso, mais difícil de navegar do que as águas calmas do
Mediterrâneo. essa conquista Tem lugar no século XV, o apogeu do império marítimo
português - Marcado profundamente a cultura deste país, este poema exemplifica Mar
Portuguez, poeta Fernando Pessoa (1888-1935).
A OCUPAÇÃO PORTUGUESA NA COLÔNIA
A descoberta do Brasil foi uma etapa na conquista do Brasil Oceano Atlântico, como parte do
Movimento de Grande Expansão com GRANDES NAVEGAÇÕES. Desde o século XV, O
Mediterrâneo perdeu sua centralidade no comércio mundial, mudando para o Atlântico.
Portugal na época era uma monarquia absoluta. Foi um dos vários países europeus
autocráticos que surgiram como a estrutura política da burguesia - é Cenário Econômico -
Encontre Suporte Oficial de acordo com seus interesses comerciais. Características desses
interesses o mercantilismo, por modelo protecionista de comércio exterior.
Estados Absolutistas: É um Estado que centraliza todo o poder político e econômico nas
mãos de apenas uma pessoa, geralmente um monarca ou ditador.
Burguesia: A burguesia foi um grupo de pessoas dedicadas ao comércio durante a Idade
Média.
A consolidação de Portugal como Estado Nacional moderno ocorreu no século XVI. O
Governo absolutista de Portugal financiou grandes viagens, conquistou novos territórios e
submeteu-os ao PACTO COLONIAL.
A ocupação colonial do Brasil no período colonial (1500 a 1822), esteve intimamente
relacionada com a expansão comercial e colonial europeia. Inicialmente, tratava-se de uma
disputa envolvendo o estado ibérico. Segundo Celso Furtado (1971), a luta entre Espanha e
Portugal por terras nas Américas foi muito difícil devido à quantidade de terras a defender. A
Espanha encontrou ouro e prata em suas colônias, o que lhe permitiu financiar defesas contra
possíveis invasões estrangeiras. Suas defesas se estendem desde a Flórida até a foz do Rio da
Prata. Mesmo com seus recursos abundantes, a Espanha não conseguiu impedir que seus
inimigos invadissem as Antilhas e a parte norte do continente sul-americano, onde se
estabeleceram britânicos, franceses e holandeses, estabelecendo a Guiana Inglesa e a Guiana
Francesa e o Suriname (ex-Guiana Holandesa).
A divisão do continente americano
? Espanhóis e portugueses disputaram
as terras do novo continente americano. Essa
disputa foi mediada pelo papa – que, àquela época, tinha autoridade equivalente à da
Organização das Nações
Unidas (ONU) para dirimir conflitos internacionais.
O resultado dessa negociação foi a assinatura do tratado de Tordesilhas (1494). Com esse
documento, convencionou-se que as terras a oeste do meridiano que corta o Brasil desde o
Pará até Santa Catarina ficavam sob domínio espanhol. Já os portugueses ficavam com as
terras situadas a leste dessa linha imaginária. Assinado seis anos antes da chegada de Pedro
Álvares Cabral ao Brasil, parecia que o tratado tinha beneficiado os espanhóis, quanto às
terras americanas. Estes imaginavam estar cedendo apenas o oceano aos portugueses.
Entretanto, o fato de os portugueses terem assinado o tratado pode ser considerado um
indicador de que eles já deviam ter indícios da existência do Brasil.
Portugal, incapaz de encontrar metais preciosos no seu novo território, enfrenta mais
dificuldades na defesa do seu território americano, o Brasil. Com recursos insuficientes, além
de permitir o desvio de lucros comerciais para a metrópole, teve que implementar uma
atividade muito lucrativa para financiar a própria defesa da colônia. Assim, introduziu o
cultivo da cana-de-açúcar, produto tropical que explorou nas ilhas do Atlântico Sul, que
está ampliando seu mercado na Europa. O elemento que garante a rentabilidade do
empreendimento é o monopólio comercial determinado pela metrópole. Analisando o
Sistema de Exploração Colonial Durante as Etapas da Expansão Comercial Europeia,
Historiador.
Analisando o sistema de exploração colonial na etapa da expansão comercial européia, o
historiador Fernando Novais (1990), argumenta que:
O monopólio do comércio das colônias pela Metrópole define o sistema colonial porque é
através dele que as colônias preenchem a sua função histórica, isto é, respondem aos
estímulos que lhes deram origem, que foram a sua razão de ser, enfim, que lhes dão sentido.
CARACTERÍSTICAS DA COLONIZAÇÃO PORTUGUESA NO BRASIL
A introdução da empresa agrícola colonial nas colônias não se reduzia à extração de riquezas
naturais para revenda nos mercados europeus. Trata-se de um empreendimento mais
complexo que envolve o desenvolvimento de uma atividade agrícola que será explorada
segundo critérios que proporcionem aos portugueses a maior rentabilidade possível. A
introdução do agronegócio colonial nas colônias não se reduzia à extração de riquezas
naturais para revenda nos mercados europeus. Trata-se de um empreendimento mais
complexo que envolve o desenvolvimento de uma atividade agrícola que será explorada
segundo critérios que proporcionem aos portugueses a maior rentabilidade possível. O
objetivo da colonização era cultivar produtos tropicais lucrativos para o comércio europeu, de
modo a não competir com as culturas temperadas disponíveis na Europa. Esses produtos
seriam tropicais, pois a produção colonial deveria complementar, não competir com a
produção européia.
A rentabilidade da empresa agrícola colonial foi baseada em três fatores principais,
garantindo baixos custos de produção:
• latifúndios: é necessário um amplo crescimento da produção porque a expansão das
atividades não se baseia no aumento da produtividade, mas no uso generalizado da terra.
Além disso, essa grande propriedade foi importante para atrair colonos portugueses, que viam
a colônia como uma possibilidade de enriquecer, mas não como um local de assentamentodefinitivo como uma colônia de assentamento.
• Monocultura: como um agronegócio colonial voltado para a rentabilidade comercial, era
mais interessante para os colonos mobilizar recursos para produtos de exportação do que
considerar diversificar a produção no mercado interno (na verdade inexistente devido à baixa
circulação de moeda) economia colonial, como você como você verá mais adiante na caixa
de explicação sobre economias de subsistência e comerciais);
• o trabalho escravo: a dificuldade de acesso à mão-de-obra barata diante da necessidade de
conter custos de produção levou à introdução da escravidão na colônia, ainda que estivesse
em vias de desaparecimento na Europa.O recurso à escravidão decorria de:
a) inexistência de excedentes populacionais em Portugal;
b) insuficiência de trabalhadores indígenas;
c) ambiente desfavorável na Colônia, fazendo com que os salários necessários para atrair
trabalhadores europeus fossem elevados demais, o que comprometeria a lucratividade do
empreendimento;
d) uma experiência lucrativa do tráfico de escravos oriundos das colônias africanas, o que
levou à utilização dessa espécie de mão-de-obra como relação básica de produção na empresa
colonial agrícola.
texto explicativo: A existência da escravidão caracteriza a colonização do Brasil como
feudal?
O uso de trabalho escravo na economia colonial agrícola não pode ser interpretado como uma
manifestação da existência de relações feudais de produção. O Brasil nunca foi feudal, ainda
que sua ocupação estivesse associada à empresa colonial agrícola, sustentada no trabalho
escravo. O sentido da colonização foi proporcionar lucros mercantis aos comerciantes
metropolitanos, favorecendo o acúmulo de capitais na Europa e a afirmação da burguesia. A
utilização do trabalho escravo tinha a finalidade de baratear os custos de produção, o que
permitia à burguesia comercial ampliar seus lucros mercantis.
O conceito de produtividade e o uso extensivo de recursos
O crescimento da produção pode ocorrer em decorrência de dois fatores: aumento da
produtividade, pelo uso mais eficiente dos recursos ou aumento extensivo dos recursos, isto é,
utilização de mais trabalhadores, mais capital ou mais terras. Este foi o caso do Brasil. A
empresa colonial agrícola contava com terras abundantes, o que lhe permitia aumentar a
produção pela simples incorporação de territórios, ao invés de tornar mais eficiente o uso dos
recursos.
Fim do texto explicativo
Economia canavieira: elemento-chave no sucesso da empresa colonial agrícola
O sucesso da empresa colonial agrícola implantada no Nordeste no século 16 está relacionado
à introdução da cultura da cana-de-açúcar, especiaria cultivada em clima tropical que contava
com grande mercado consumidor na Europa. A cultura da cana foi o maior êxito
experimentado pela economia colonial agrícola. Ela permitiu associar a experiência
portuguesa do cultivo da cana nas ilhas do Atlântico Sul à utilização da mão-de-obra escrava
nas colônias africanas e ao uso de terras férteis da costa do Nordeste para produção de uma
cultura tropical que desfrutava de crescente mercado consumidor na Europa.
Um elemento fundamental que explica esse sucesso foi a implantação de uma rota comercial
entre as colônias da Coroa portuguesa, criando uma interdependência entre dois negócios: a
exploração de produtos primários na colônia brasileira voltados para o mercado externo e a
exportação de escravos pelas colônias africanas.
Em uma época (séculos 16 e 17) em que a navegação dependia do regime de ventos e
correntes marítimas, um fato fundamental a considerar é que, em função das correntes
marítimas, era mais fácil a comunicação entre o Nordeste brasileiro e a costa africana do que
entre estas regiões e outras partes dos respectivos continentes. Tal proximidade estimulou um
novo fluxo comercial entre as colônias portuguesas. Ampliavam-se, assim, as receitas
resultantes dos tributos cobrados pela Coroa, somando-se os tributos cobrados de duas de
suas colônias: a venda de escravos africanos e a venda do açúcar brasileiro. Além disso, os
colonos do Brasil tinham de se sujeitar à metrópole por causa do suprimento de mão-de-obra,
dado o controle exercido pelo reino sobre o comércio de escravos nas colônias africanas.
Figura 1.5: O fluxo de navios entre o Nordeste brasileiro e as colônias portuguesas na África
foi favorecido pelos ventos e pelas correntes marítimas. Por esta razão, era mais fácil a
comunicação entre estas duas regiões do que dentro dos próprios continentes.
A proximidade entre Brasil e África, apesar do Oceano Atlântico, ainda hoje está presente no
imaginário popular, como atesta uma recente propaganda da cerveja Nova Schin, na qual um
homem sedento entra em um bar africano, pede uma cerveja e o balconista lhe diz que o
produto está em falta, mas que ele pode encontrar a cerveja em um bar “logo ali em frente”
(no Brasil). O homem, então, entra no mar e nada em direção ao bar brasileiro.
A partir da metade do século 16, a produção de açúcar passou a ser cada vez mais um
empreendimento conjunto entre portugueses e holandeses. Estes recolhiam o produto em
Lisboa, refinavam-no e o distribuíam por toda a Europa. Participavam também do
financiamento da atividade, que dependia da mobilização de capital para implantar o engenho
de açúcar e adquirir os escravos. Fonte. (FURTADO, 1971). Os gastos operacionais,
entretanto, eram bem modestos, já que as fazendas de cana-de-açúcar eram praticamente
auto-suficientes.
Atividade 2. Cana-de-açúcar no Nordeste: um negócio rentável?
Descreva o modo de produção de açúcar no Nordeste do Brasil, considerando:
1. A comercialização do produto (mercado interno ou externo?)
2. A lucratividade do negócio, tendo em vista os custos de produção e os ganhos obtidos
3. O tipo de terreno (fértil ou não) e em que tamanho (grandes ou pequenas extensões de
terra)
4. A mão-de-obra utilizada
Resposta comentada: Produzir açúcar no Nordeste do Brasil era, de fato, uma atividade
lucrativa para os donos de terras na nova colônia. Em primeiro lugar, porque os custos de
produção eram baixos: em grandes parcelas de terra, cultivava-se cana utilizando
mão-de-obra escrava para o plantio e a colheita, além de gado como força motriz dos
engenhos. O solo era fértil, não precisando de cuidados especiais, e o clima , tropical ,
favorável.
Em segundo lugar, os lucros eram altos, já que a produção estava voltada para o mercado
externo, onde o açúcar era uma especiaria, alcançando preços elevados. Daí provinha o lucro.
Para a metrópole, ainda era vantajoso pela possibilidade de articular os interesses da Coroa
portuguesa ao tornar interdependentes a cultura do açúcar no Nordeste brasileiro e o
abastecimento de mão-de-obra escrava das colônias africanas.
Fim da resposta comentada da atividade 2.
A parceria com os holandeses terminou com a anexação de Portugal pela Espanha
(1580-1640). Lutando contra a Espanha, que não reconhecia sua independência, a Holanda
resistiu à perda do negócio do açúcar e invadiu o Brasil em 1630, estabelecendo-se no
Nordeste. A expulsão dos holandeses, em 1654, trouxe conseqüências econômicas graves e
duradouras, já que, com os conhecimentos adquiridos na cultura da cana, eles estabeleceram
um empreendimento concorrente nas Antilhas, acabando com o monopólio na oferta do
produto pelos colonos do Nordeste brasileiro.
texto de atenção: Você sabia que as primeiras moedas do Brasil foram cunhadas pelos
holandeses, quando ocuparam o Nordeste? A economia da colônia, então, era mais por metal
circulante. Fim do texto de atenção.
Atividade 3. Conseqüências econômicas da expulsão dos holandeses
O economista Celso Furtado afirmou que as conseqüências econômicas da expulsão dos
holandeses do Nordeste brasileiro, em 1654, foram muito mais duradouras do que as
conseqüências da vitória militar. Em sua opinião, quais as razões que o levaram a sustentar
essa afirmativa?
Resposta: As conseqüências econômicasseriam mais duradouras, porque a expulsão dos
holandeses resultou na implantação de outra área agroexportadora de cana-de-açúcar nas
Antilhas, o que quebrou o monopólio do açúcar nordestino. A quebra do monopólio destruirá
um dos pilares sobre os quais estava sustentada a economia colonial agrícola no Nordeste do
Brasil.
Fim da resposta comentada da atividade 3.
A partir de meados do século 17, com o declínio do preço da cana no mercado externo,devido
ao aumento da oferta, com a produção antilhana, a economia canavieira deixou de ser
lucrativa. Os baixos custos operacionais permitiram apenas manter o negócio, mas não
ampliá-lo.
A crise da economia canavieira não foi superada. Até que a mineração substituísse a cultura
de cana-de-açúcar como principal fonte de renda de exportações, no século 18, a Colônia
enfrentou uma crise provocada pela queda dos preços da cana, enfraquecendo a economia da
metrópole.
Essa incapacidade de superação da crise da economia canavieira esteve relacionada à forma
como circulava a renda gerada pela atividade canavieira. A lucratividade do negócio estava
na comercialização, e não na produção da cana. O comércio (e o transporte) da cana era
controlado por comerciantes portugueses, associados aos holandeses, os maiores
beneficiários da economia canavieira.
Neste negócio, a renda interna ficava extremamente concentrada nas mãos dos grandes
proprietários fundiários. Estes proprietários mantinham uma produção alimentar de
subsistência, adquirindo apenas animais e madeira no mercado interno. Tratava-se, assim, de
uma atividade em que prevalecia a pouca circulação de dinheiro – o que lhe conferia alto grau
de resistência a crises. Assim, mesmo enfrentando declínio dos preços internacionais da cana,
o produto seguia sendo cultivado, pois os gastos monetários para manter em operação o
engenho eram modestos (animais e madeira).
texto explicativo: Economia de subsistência versus economia mercantil
Economia de subsistência, como o próprio nome sugere, é aquela produzida para
autoconsumo, em que o produtor não se distingue do consumidor, sendo desnecessário o uso
de dinheiro. Economia mercantil, ao contrário, é aquela em que o produto é direcionado ao
mercado; a consequentemente separação entre produtores e consumidores torna necessária a
intermediação monetária.
Uma família de pequenos proprietários de terra pode produzir verduras para sua alimentação,
mas essa cultura será de pequenas proporções, já que voltada apenas para o consumo da
família. Não estará sujeita, portanto, a crises econômicas, porque não haverá produção
excedente para ser vendida em mercado.
A economia colonial caracterizou-se pela baixa circulação interna de dinheiro, já que a
empresa que produzia a monocultura para exportação era auto-suficiente, produzia quase
todos os bens necessários para sua operação, demandando apenas madeira e animais no
mercado interno. Portanto, os colonos que não fossem latifundiários agroexportadores, mas
simples criadores de gado, por exemplo, recebiam uma parte muito pequena da renda que
circulava na Colônia, resultante das compras internas animais e madeira).
A maior parte da renda ficava concentrada nas mãos dos colonos latifundiários (os senhores
de engenho), o que permitia que eles consumissem produtos de luxo importados. Esta divisão
não favorecia a circulação de moeda, nem tampouco a produção mercantil.
Fim do texto explicativo
Ainda assim, a economia colonial mergulhou em uma crise da qual só saiu quando houve a
descoberta de ouro e diamante, no século 18, na região correspondente ao atual Estado de
Minas Gerais. Do mesmo modo que a economia canavieira, tampouco a mineradora logrou
gerar condições para o surgimento de uma atividade sustentável. O mesmo ocorreu com
outros produtos, como o algodão e a borracha, que conheceram o auge dinamizados pela
renda das exportações. Na sua decadência, o desenvolvimento da região onde eles se
situavam retrocedia, declinando o grau de monetização (de circulação de dinheiro),
resultando em transferência de recursos para a economia de subsistência, de baixa
produtividade.
A percepção desse padrão, que perdurou durante todo o período colonial, levou os
historiadores a identificar o desenvolvimento da economia colonial como uma sucessão de
ciclos.
A noção de ciclos de produtos coloniais tem caráter apenas descritivo; entretanto, tem o
mérito de sugerir que, esgotada a potencialidade de um produto colonial, retoma-se o
processo de desenvolvimento praticamente do mesmo ponto de partida. A estrutura
socioeconômica permaneceu a mesma, baseada no latifúndio, na monocultura e no trabalho
escravo. Essa foi a natureza da economia colonial, incapaz de suscitar a sua superação e o
advento de outra estrutura econômica internamente mais dinâmica.
Conclusão
Você iniciou o estudo da história econômica do Brasil desde a chegada dos portugueses, no
século 16. Inicialmente, você acompanhou o empreendimento da economia canavieira, que
tornou-se o paradigma da empresa colonial agrícola instalada na colônia pelos portugueses.
Nas duas próximas aulas, continuaremos analisando a economia colonial no período que se
estende até 1822.
Atividade Final. Decidindo novos rumos para o seu reino
Europa, séculos 15 e 16. Imagine que você é um monarca e que precisa decidir sobre os
rumos do seu reino. Notícias de outras terras chegam até você. Surgem novas nações:
Portugal, Espanha, França, Inglaterra... Unificadas, elas criam exércitos, defendem seus
territórios e buscam expandir-se. Você sabe, porém, que organizar uma expansão territorial
deste porte não é tão simples quanto possa parecer.
Está lançado o desafio. De acordo com as idéias da sua época, os estados nacionais deveriam
se expandir, levando a salvação e a maneira européia de viver a outras partes do mundo.
Que tipo de investimento você considera necessário para:
1. Manter o seu Estado-Nação e defendê-lo de invasores.
2. Enviar exploradores de seu país para a busca e a conquista de novas terras.
3. Ocupar e colonizar os territórios conquistados.
4. Proteger a nova terra da invasão por estrangeiros.
5. Possibilitar o crescimento da colônia e fazer dela um negócio lucrativo.
Neste momento, lembre-se de levar em conta o mercantilismo, política econômica de sua
época.
Resposta comentada: Como um bom soberano, dotado de direito divino, primeiramente você
deve ter pedido ajuda a Deus para orientá-lo neste trabalho. Em segundo lugar, ao avaliar a
situação em sua época, você deve ter pensado nos pontos a seguir:
(1.) Com o surgimento dos estados nacionais, era preciso organizar e defender sua nação
(criação de exércitos). Uma ideologia que unisse os estamentos (veja o boxe sobre
feudalismo) ao redor de uma só figura ou personalidade, como a do rei, também ajudaria
bastante.
(2.) Com a “casa” arrumada, você já pode pensar em expandir os seus domínios. Para isto,
você vai precisar de caravelas que possam enfrentar o Mar Tenebroso sem afundar.
Instrumentos de navegação também serão úteis, e aperfeiçoá-los é uma medida prudente, já
que o mar, bravio e misterioso, “não estava para peixe”. Navegadores bem preparados são
fundamentais, e a idéia de uma escola de navegação pode ser interessante.
(3.) Feito tudo isto, rumo à expansão! As colônias, territórios desconhecidos e ainda sem
dono, principalmente em outras regiões do mundo, são ideais para expandir seus domínios.
(4, 5 e 6) Lá, você poderia encontrar produtos para explorar – como os metais preciosos – ou
desenvolver monoculturas para exportação. No caso do Brasil, o que os portugueses
buscaram, em primeiro lugar, foi ouro e prata. Por não terem encontrado este tipo de riqueza,
estabeleceram, no território conquistado, a empresa colonial agrícola. São exemplos desta
exploração o pau-brasil (da mata nativa), e a cana-de-açúcar (monocultura desenvolvida pelos
colonos portugueses), em um primeiro momento. O Pacto Colonial garantiria os lucros para a
metrópole.
Paradesenvolver as atividades agrícolas que vão trazer dividendos para a metrópole, é
necessário morar no território, o que resolve em parte o problema de proteger as terras
conquistadas. Fortificações em locais estratégicos também são fundamentais. Os fortes
construídos pelos portugueses em várias partes do país são, atualmente, atrações turísticas.
Para todas estas realizações, era necessário dispor de capital. Que política você iria adotar
para acumular o capital necessário?
O mercantilismo, apoio econômico do regime absolutista, deve ter sido a resposta que você
encontrou para a pergunta anterior. Por meio de acumulação de capitais, protecionismo
alfandegário e a busca por uma balança de comércio favorável em um primeiro momento, e
pela procura de metais preciosos – principalmente ouro e prata – em uma segunda etapa, era
possível conseguir os recursos necessários para expandir a sua nação. A burguesia
desempenharia um papel fundamental, fornecendo o apoio financeiro para sua empreitada.
Fim da resposta comentada da atividade final
Resumo
A ocupação do Brasil colonial foi uma das conseqüências da expansão marítima portuguesa.
O sentido da colonização brasileira foi produzir especiarias e produtos tropicais (como a
cana-de-açúcar) para comercialização na Europa.
Os principais elementos da formação econômica colonial são o latifúndio, a monocultura e o
trabalho escravo. Alicerçada nestes três pilares, surgiu, no Nordeste brasileiro, a economia
canavieira, que teve seu auge entre os séculos 16 e 17. Este modelo econômico entrou em
crise após a invasão holandesa ,que foi terminada em 1654. Expulsos do Nordeste, os
holandeses utilizaram, em suas colônias nas Antilhas, os conhecimentos que haviam
adquirido na produção de açúcar, provocando a quebra do monopólio brasileiro na oferta do
açúcar no mercado mundial.
Aula 2: Atividades econômicas de subsistência e mineração auxiliam o povoamento do
interior
Introdução
O primeiro critério de distribuição do solo da colônia portuguesa na América foi o regime de
concessão de sesmarias. Este ordenamento jurídico do território foi, antes de mais nada, uma
transposição da norma reguladora do processo de distribuição de terras em Portugal para os
solos coloniais. Sob este ponto, é preciso ressaltar que o interesse primordial do processo de
colonização portuguesa estava aliado à extensiva exploração do território, com o intuito de
campear recursos minerais, principalmente o ouro. Em um primeiro momento, esse propósito
da coroa foi completamente frustrado, pois durante todo o século XVI não houve a ocorrência
de descoberta de metais preciosos nos solos coloniais americanos de possessão portuguesa.
Desde o princípio, a empresa colonial percebeu que a colônia poderia produzir outros tipos de
riquezas que não a exploração mineral. Data do ano de 1557 a instalação do primeiro
engenho de produção de açúcar no Brasil; os portugueses, que dominavam plenamente a
técnica de plantio da cana e fabrico do açúcar, devido às suas possessões nas ilhas do
Atlântico, introduziram e incentivaram a produção da cana, que possuía grande valor
comercial.
Na colônia portuguesa, os séculos 16 e 17 marcaram o que a professora Vera Lúcia Amaral
Ferlini denomina de abre aspas a civilização do açúcar fecha aspas. Uma economia baseada
plenamente no cultivo da cana-de-açúcar e no trabalho artesanal de produção do próprio
açúcar por meio dos engenhos. Nesse período, o incentivo agrícola foi dado à produção em
larga escala para abastecer o mercado europeu. Não havia o interesse de construir na colônia
uma produção agrícola de pequeno porte e caráter diversificado, pois o elemento norteador
das políticas européias era o mercado europeu. Assim, a colonização do século 16 foi fiel ao
seu sentido original de abre aspas colonização de caráter absolutamente mercantilista fecha
aspas, sem incentivo à pequena propriedade.
A partir do século 18, ocorre uma mudança nessa política econômica, com um enorme
crescimento da colônia: junto a um grande ciclo migratório, verificou-se uma ampliação da
economia devido, principalmente, à descoberta das Minas Gerais. O ciclo do ouro foi capaz
de dinamizar novos setores da economia, como o de produção de alimentos e do tráfico
interno de mão-de-obra. A reivindicação pela terra tornou-se mais difusa, e a política de
doação por meio de sesmarias fazia-se insuficiente às novas necessidades sociais. A confusa
situação de ocupação de território ditada pela debilidade da Lei de Sesmarias aumentou ainda
mais no final do século 18, quando ocorreu a decadência da mineração e houve o que alguns
autores denominaram como um renascimento da atividade agrícola.
Nesse contexto, vamos incluir também a mineração, importante para a ocupação do interior
do país, além de ter sido uma atividade de grande relevância para gerar excedentes –
apropriados por Portugal.
Segundo Roberto Simonsen (apud SILVA, 1990), os instrumentos econômicos que serviram
como base para a expansão para o interior foram a busca por metais preciosos e especiarias, a
caça aos indígenas, para suprir a falta de mão-de-obra africana, e a criação de gado.
Nesta aula, analisaremos como cada uma dessas estratégias contribuiu para o povoamento do
interior da colônia.
Busca por metais preciosos e apresamento de índios: os bandeirantes ampliaram os domínios
portugueses na América
Antes de falarmos de expansão territorial, vale a pena retomar alguns tópicos vistos na Aula
1. Um deles é o Tratado de Tordesilhas que, em 1494, determinou que o recém-descoberto
continente americano fosse dividido entre Portugal e Espanha. Segundo Dias (1990, página
25),
Abre aspas Conforme a cláusula fundamental do diploma (o Tratado de Tordesilhas), as duas
monarquias estabeleciam uma linha de demarcação , o meridiano traçado a 370 léguas a oeste
das ilhas de Cabo Verde, dividindo o Mar Oceano (o Oceano Atlântico) em duas zonas de
influência: as ilhas e terras firmes já descobertas ou que viessem a descobrir-se no hemisfério
oriental pertenceriam a Portugal; as do hemisfério ocidental caberiam à Espanha.
Essa raia de demarcação corta o litoral brasileiro através do meridiano que passa por Belém,
ao norte, e Laguna, ao sul, dando a Portugal o domínio de quase todo o Atlântico Sul e a parte
de terra firme que fica a leste dessa linha – o Brasil – cuja existência genialmente se
suspeitava fecha aspas.
Esses limites, entretanto, não foram respeitados. Em primeiro lugar, porque as potências
européias excluídas daquela divisão nunca deixaram de lutar pela conquista de territórios,
como comprova a invasão francesa ao Rio de Janeiro, repelida pelos portugueses
comandados por Estácio de Sá, ainda no século XVI. No século seguinte, franceses, ingleses
e holandeses conseguiram se estabelecer ao norte da América do Sul, onde fundaram a
Guiana Francesa, a Guiana (ex-Guiana Inglesa) e o Suriname (antiga Guiana Holandesa).
Em segundo lugar, as fronteiras entre a América portuguesa e a espanhola foram modificadas
devido ao movimento de bandeiras.
Verbete: As bandeiras constituíam uma espécie de expedição armada que desbravava os
sertões a fim de escravizar indígenas ou descobrir ouro, o que intensificou a ocupação do
interior do continente sul-americano. O principal ponto de partida dessas expedições era a
Capitania de São Vicente (atual estado de São Paulo), ponto da costa mais avançado na
direção do interior. Pelos rios, principalmente os da bacia do Tietê, as bandeiras chegaram aos
atuais estados de Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso do Sul e às regiões onde se localizavam
as aldeias jesuíticas.
As primeiras bandeiras foram comandadas por Diogo Quadros e Manuel Preto, em 1606, e
Belchior Dias Carneiro, em 1607. Compostas por integrantes das mais diversas etnias –
portugueses, índios, caboclos e mamelucos – e, às vezes, formadas por milhares de homens,
duravam de meses a anos, pois os bandeirantes fixavam acampamentos temporários para
explorar uma região,verificando a existência de ouro, prata ou pedras preciosas, ou para
preparar o ataque às tribos indígenas.
fim do verbete
texto de atenção
Para o apresamento de índios, os alvos principais dos bandeirantes foram os aldeamentos
jesuíticos. Estima-se que 300 mil índios foram escravizados entre 1614 e 1639.
fim do texto de atenção
texto multimídia:
Você se lembra da minissérie A Muralha, veiculada pela Rede Globo em 2000? Era
justamente sobre o período da história econômica brasileira que você está estudando nesta
aula. A minissérie teve como base o livro homônimo de Dinah Silveira de Queiroz. Ambos
valem a pena ser vistos. Lembre-se, ler o romance ou ver o filme pode ser uma excelente
maneira de estudar. Que tal aproveitar para aprender e se divertir ao mesmo tempo?
fim do texto multimídia
Atividade 1 – Recuperando as origens do bandeirantismo
Figura 2.1: Localizado no Parque do Ibirapuera, em São Paulo, o Monumento aos
Bandeirantes, de Victor Brecheret, começou a ser construído em 1936. Nele, estão
representados índios, negros, portugueses e mamelucos que parecem ir em direção ao Pico do
Jaraguá, um dos pontos de partida do movimento de bandeiras. A estrutura, toda em granito,
tem 43 m de comprimento por 8 m de largura e 5 m de altura.
Em sua opinião, por que os paulistas decidiram homenagear os bandeirantes construindo esse
monumento? Qual a importância do movimento das bandeiras para o Brasil? Que
características do bandeirantismo estão representadas no monumento?
Reposta comentada: antiga Capitania de São Vicente, São Paulo não teve, nos primeiros
tempos da colonização, a importância que tem na economia brasileira atual. No entanto, por
sua localização mais próxima ao sertão, de lá partiram os bandeirantes, como você já viu.
Você já se deu conta de como esse movimento foi importante para o que nós conhecemos
hoje como Brasil? Entre as conseqüências mais relevantes do bandeirantismo, está a
expansão da fronteira da América portuguesa em direção à América espanhola, rompendo o
acordo assinado em Tordesilhas em 1494. Além de terem encontrado metais preciosos, os
bandeirantes conquistaram mais territórios para o país, como a atual Região Centro-Oeste.
Em termos populacionais, é bem interessante observar, no monumento, portugueses, índios e
mestiços (mamelucos e caboclos). O interesse por metais preciosos unia esses grupos
populacionais tão distintos e os levava em direção ao interior do país.
Se você estiver em São Paulo ou for visitar a cidade, vá ao Parque do Ibirapuera e veja o
monumento aos bandeirantes. Sem dúvida, você vai perceber outros significados nele.
Fim da resposta comentada da atividade 1
O deslocamento da fronteira entre as Américas portuguesa e espanhola acentuou-se entre
1580 e 1640, durante a União Ibérica, quando Portugal foi anexado à Espanha, como você viu
na aula passada. Durante esse período, o movimento das bandeiras tomou grande impulso,
dadas as dificuldades de obtenção de mão-de-obra africana: no início do século XVII, a
Holanda investiu no comércio de escravos, desorganizando o tráfico português.
Ocupação do Sudeste
Na região Sudeste, as condições de produção da cana-de-açúcar não eram favoráveis. O solo
era menos fértil, o que diminuía a produtividade em relação ao açúcar nordestino, e os custos
de transporte, mais elevados, por causa da maior distância até os mercados europeus
(lembra-se das correntes marítimas favoráveis que você viu na Aula 1?). Os colonos logo
perceberam, todavia, que a existência de índios em grande número poderia dar origem a outra
atividade econômica: a escravização do trabalhador indígena. Os jesuítas também se fixaram
no interior, porém estavam mais interessados em catequizar os índios. Você vai ter mais
informações sobre os jesuítas ainda nesta aula, aguarde!
A ocupação do vale amazônico
Durante a União Ibérica, era grande a preocupação dos espanhóis com a incursão holandesa
pela região amazônica. Eles temiam que os holandeses pudessem ocupar o vale amazônico
navegando pelo rio Amazonas, o que poderia colocar em risco as minas de prata do Peru,
então colônia espanhola, pelo Tratado de Tordesilhas. O grande número de rios e afluentes
era outro facilitador das incursões pela região.
Além de espanhóis, holandeses e ingleses conseguiram se estabelecer no norte do continente,
a partir de 1596. Naquela região, desenvolveu-se o comércio com a produção extraída da
floresta – como as madeiras e o o urucum utilizado para tingir tecidos – e o pescado.
Portugal também passou a sofrer tentativas de invasão dos tradicionais inimigos do império
espanhol. Os portugueses conseguiram expulsar franceses, ingleses e holandeses das margens
do rio Amazonas e fundaram, com objetivos de defesa, a cidade portuária de Belém, em
1616, a partir da construção do forte do Presépio, atualmente forte do Castelo. Localizado na
confluência do rio Guamá com a baía de Guarajá, o forte estava situado em local estratégico,
dificultando a entrada dos invasores. O “fechamento” dessa porta de entrada da região
conseguiu mantê-la protegida.
Figura 2.2. Construído pelos portugueses no século XVII para defender a região de invasões
estrangeiras, o forte do Presépio foi um dos primeiros edifícios de Belém (PA). A
fortificação, atualmente chamada forte do Castelo, foi tombada pelo Instituto do Patrimônio
Histórico e Artístico Nacional (Iphan) em 1962 e é um dos pontos turísticos da cidade.
Segundo Prado Jr. (1970), outra fonte de infiltração no vale do Amazonas foram “as ordens
religiosas, em particular jesuítas e carmelitas. (...) Os padres realizaram uma grande tarefa no
vale amazônico. A eles cabe a iniciativa do desbravamento de todo esse território imenso,
semeando suas missões num raio de milhares de quilômetros. Estas missões (...) constituem
importantes empresas comerciais. Reunidos os índios em aldeias (...), eram eles submetidos a
um regime disciplinado e rigoroso de trabalho e de vida em geral.” (apud MENDONÇA;
PIRES, 2002, p. 69-71)
Desfeita a União Ibérica, em 1640, Portugal tentou fazer de Belém do Pará a base para a
reconstituição do comércio de especiarias, perdido pelos portugueses na Ásia (com a tomada
de Constantinopla, lembra-se do que você viu na Aula 1?). Mais tarde, durante o governo do
Marquês de Pombal (meados do século XVIII), foi constituída uma companhia de navegação
para explorar as riquezas da região amazônica. O extrativismo seria, assim, estimulado, e
contribuiu fortemente para o avanço das fronteiras coloniais brasileiras. As especiarias –
cravo, canela, castanha e salsaparrilha – assim como o cacau, a madeira e a pesca sustentaram
uma exploração econômica que tinha como base o trabalho indígena.
Verbete: Marquês de Pombal (1699-1782)
Célebre primeiro-ministro do rei português D. José I, Sebastião José de Carvalho e Melo, o
marquês de Pombal, foi o mais notável estadista de seu tempo. Planejou e executou as obras
de reconstrução de Lisboa, após o terremoto que destruiu a cidade em 1755. Após esse
evento, consolidou seu poder de governante absoluto em detrimento da nobreza e do clero.
Um exemplo claro desse poder foi a submissão da até então poderosa Ordem dos Jesuítas ao
estado português. Pombal fez importantes reformas no estado, com destaque para o grande
impulso concedido à instrução popular com a reforma do ensino, instituída por lei em 1722.
fim do verbete
Sul: as missões jesuíticas
Os jesuítas desempenharam um papel fundamental na ocupação de outras partes do território,
além da Amazônia. Um exemplo foi o que aconteceu no sul do país, com a chegada dos
jesuítas portugueses, particularmente na área de fronteira entre Brasil, Argentina e Paraguai.
Em regiões de difícil acesso, mas com forte presença indígena, eles estabeleceram as missões
jesuíticas, visando à catequese de guaranis e demais tribos indígenas.
As missões jesuíticas eram núcleos de povoação indígena que visavam a defender os índios
do aprisionamento pelos colonizadores brancos.Tratava-se de emprendimentos comerciais,
porém seus métodos de cooptação não se baseavam na escravização do nativo, como faziam
os colonizadores, e sim na catequese. Sua presença era maior em regiões de menor interesse
dos colonos, o que, entretanto, não significou a inexistência de conflitos entre religiosos e
colonos, resultando na expulsão dos jesuítas pela Coroa portuguesa em 1759, durante o
governo do Marquês de Pombal.
Texto explicativo: Jesuítas: instrumentos de ocupação e empreendimentos comerciais
Diferentemente dos holandeses e ingleses, os portugueses justificavam a colonização não
somente como instrumento de expansão comercial, mas também de disseminação da fé cristã.
Esse foi o propósito que moveu a Companhia de Jesus, ordem religiosa responsável pela
implantação de missões na colônia.
Os primeiros jesuítas chegaram ao Brasil em 1549. Ao longo do tempo, a ordem foi
responsável por missões no interior, catequizando indígenas, e pela criação de colégios, entre
outras realizações.
Em meados do século XVIII, o sucesso da empresa comercial organizada pelos jesuítas feriu
interesses de colonos espanhóis e portugueses em uma região situada na fronteira entre Brasil
e Paraguai. Interessados em apropriarem-se daquele empreendimento, os colonos de ambos
os países conseguiram o apoio não só dos governos espanhol e português, mas também da
Igreja Católica, chamada para arbitrar a disputa, o que resultou na decisão do governo
português de expulsar os jesuítas da colônia em 1759.
Fim do texto explicativo
Texto multimídia: A Missão, filme estrelado por Robert de Niro e Jeremy Irons, mostra o
contraste entre os interesses de missionários jesuítas e dos colonos na ocupação do interior do
continente sul-americano. De Niro representa o papel de um aprisionador de índios, pago
pelos espanhóis, e Jeremy Irons interpreta um padre responsável pela missão jesuíta local.
Liam Neeson é outro integrante do elenco. Dirigido por Rolland Toffé, o filme é de 1986.
Anote a ficha técnica, procure o filme em alguma locadora perto de você e divirta-se!
Filme: A Missão (The Mission)
Inglaterra, 1986
Direção: Rolland Joffé
Roteiro: Robert Bolt
Duração: 125 min.
Disponível em vídeo e DVD
Quer saber mais sobre os jesuítas e a ocupação do sul do Brasil? Dê uma olhada em
http://www.riogrande.com.br/historia/couro/couro1.htm e em
http://www.riogrande.com.br/historia/missoes.htm
fim do texto multimídia
A retaguarda da expansão agrícola: o grande sertão da pecuária
Segundo o historiador Teixeira da Silva (1990, p.58),
Os principais pontos de irradiação para o interior foram: de São Vicente em direção aos
campos de Curitiba; da Bahia, já desde os tempos de Tomé de Souza, penetrando os currais
no Piauí, Maranhão, Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará, corrigindo os traços iniciais da
ocupação portuguesa, por demais ligada ao litoral; outros grupos se embrenharam pelos
sertões do São Francisco até atingir os Rios Tocantins e Araguaia; de Pernambuco, partiu-se
para a ocupação do agreste e sertão, até o Piauí.
Como você já viu, a ocupação do Nordeste, Sudeste e Centro-Oeste ocorreu a partir do século
XVII. O gado foi o instrumento principal desta ocupação, principalmente por atender às
necessidades das fazendas produtoras de monocultura visando ao mercado externo.
Inicialmente, era utilizado somente como força motriz dos engenhos, instrumento de tração
de carretas que transportavam lenha e açúcar nas fazendas de cana-de-açúcar. No âmbito do
consumo interno, a carne era destinada à alimentação, e o couro, à fabricação de selas,
casacos, calçados, correias e cantis.
A partir do início do século XVII, a criação de gado torna-se mais independente, ocupa terras
cada vez mais para o interior, pois o desenvolvimento dos rebanhos requeria grandes
extensões de terras para as pastagens. Tratava-se, assim, de uma atividade que respondia aos
estímulos de outra atividade mais dinâmica, principalmente da economia canavieira e da
mineira. Por ser uma atividade móvel pela própria natureza, a pecuária contribuiu
decisivamente para a ocupação do território.
Como na economia canavieira, a pecuária também era explorada de forma extensiva, baseada
na ocupação do território. Mas, diferentemente da primeira, a maioria da mão-de-obra na
pecuária era constituída por trabalhadores livres que, sem acesso às terras mais férteis do
litoral, buscavam o trabalho como vaqueiros ou condutores de rebanho.
Entretanto, a expansão da cana-de-açúcar gerou conflitos entre criadores de gado e
proprietários de engenho na disputa de terras. De acordo com Mendonça e Pires (2002),
isto se deve ao fato de que a plantação de cana era feita de maneira extensiva, ou seja, não
havia qualquer preocupação com a preservação do solo, uma vez que o imenso território da
colônia permitia que as culturas fossem transferidas de local. O conflito acabou por empurrar
a criação de gado cada vez mais para o interior do Nordeste, e as fazendas fixaram-se na zona
semi-árida e no sertão, impróprios para o cultivo. (p. 99).
O conflito entre criadores de gado e proprietários de engenho cresceu quando surgiu a
economia mineira, aumentando a demanda por couro e animais para corte e tração e,
portanto, intensificando a disputa por terras. Com o aumento da procura, os preços dessas
mercadorias logo subiram, provocando protesto dos senhores de engenho do Nordeste.
Atividade 2 – Modos de produção na colônia
Compare os tipos de atividades econômicas realizadas no Brasil do século XVII,
considerando o tamanho do terreno (latifúndio ou minifúndio), a mão-de-obra (escrava ou
livre) e o destino da produção (mercado interno ou externo).
Resposta: Na produção canavieira, voltada para o mercado externo, o sentido da atividade
econômica era produzir lucros mercantis, o que envolvia a necessidade de rebaixar o máximo
possível o custo de produção, daí a opção pelo trabalho escravo. Na pecuária, voltada para o
mercado interno, ao contrário, o sentido da atividade era mais complementar ou alternativa à
agroexportação, sendo muitas vezes uma atividade de subsistência, em que não se justificava
o “investimento” em manutenção de escravos.
Fim da resposta comentada da atividade 2
O que mudou com a mineração?
Entre meados do século XVII e início do século XVIII, a economia colonial enfrentou uma
longa crise, da qual somente iria sair com a descoberta de ouro no interior da colônia, onde
hoje se localiza o Estado de Minas Gerais.
A crise da economia açucareira, a partir de meados do século XVII, levou os colonos
portugueses a intensificar a busca por metais preciosos. As bandeiras que exploravam o
sertão brasileiro finalmente encontraram ouro e pedras preciosas nos atuais Estados de Minas
Gerais, Bahia, Goiás e Mato Grosso, no final daquele século.
Com a descoberta de ouro, iniciou-se um novo ciclo na economia colonial, intensificando as
relações entre metrópole e colônia. A mineração do ouro tornou-se o centro das atenções de
Portugal, de onde partiram fluxos emigratórios importantes para a colônia. As demais
atividades econômicas entraram em declínio, ocorrendo o empobrecimento e o
despovoamento das regiões onde se localizavam.
A produção aurífera cresceu rapidamente, alimentando a expectativa de grande durabilidade
de suas reservas. Tais expectativas, entretanto, não se concretizaram. O ouro era prospectado
em rio, não era ouro de mina, havendo sempre a possibilidade de se encontrarem novas
reservas, sem que fosse possível prever seu volume. Após atingir o auge da produção na
década de 1750, houve um rápido declínio, comprometendo as possibilidades de
desenvolvimento da economia colonial.
Furtado (1971) afirma que a economia mineira permitiu que o Tratado de Methuen, entre
Inglaterra e Portugal, pudesse ser cumprido, já que proporcionou os recursos necessários a
Portugal para enfrentar o comércio deficitário com a Inglaterra, país que se valeu de
condições especiais no comércio com os portugueses. Aquele acordosignificou para Portugal
a renúncia a todo desenvolvimento manufatureiro e implicou a transferência, para a
Inglaterra, do impulso econômico gerado pela economia mineira do Brasil. Mas, graças a ele,
Portugal conseguiu apoio militar e político da Inglaterra para manter o que restava do seu
império colonial, em particular a sua posição como metrópole da colônia brasileira.
Muitas cidades surgiram devido ao dinamismo econômico da mineração, como Vila Rica
(atual Ouro Preto) e Diamantina, a primeira considerada patrimônio da humanidade pela
Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco),
responsável pela defesa do patrimônio histórico e cultural. Essas cidades fazem parte hoje das
chamadas cidades históricas, destino de grandes fluxos de visitação turística e ícone do
Estado de Minas Gerais.
Figura 2.3. Na Casa dos Contos, em Ouro Preto, funcionou, entre outras instituições, a Casa
da Moeda. Na foto, você vê uma balança e um forno para fundição de metais. O casarão,
residência de um rico coletor de impostos, foi também casa de fundição e prisão de
inconfidentes, como Cláudio Manoel da Costa.
Verbete: Tratado de Methuen
Acordo comercial assinado entre Portugal e Inglaterra em 1703 e revogado em 1842.
Articulado pelo diplomata inglês John Methuen, estabelecia que Portugal passava a importar
“para sempre” os produtos têxteis ingleses, com taxas privilegiadas, enquanto a Inglaterra se
comprometia a importar vinhos portugueses taxando-os apenas em dois terços dos tributos de
importação pagos pelos vinhos franceses. Além da ampliação descontrolada da cultura de
vinhos em Portugal em detrimento dos demais cultivos, o Tratado de Methuen provocou a
ruína da incipiente indústria têxtil daquele país, que passou a não ter condições de concorrer
com a produção inglesa. Ao mesmo tempo, acentuou-se um vultoso desequilíbrio na balança
comercial portuguesa, compensado pelo ouro proveniente do Brasil (Minas Gerais) que,
transferido para a Inglaterra, contribuiria para formar os meios de financiamento da revolução
industrial.
Sandroni, Paulo – Novíssimo Dicionário de Economia
fim do verbete
Atividade 3 – 500 anos de ocupação do Brasil
Observe o quadro a seguir. Ele contém informações do mais recente censo demográfico,
realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 2000:
Distribuição da população segundo regiões e grau de urbanização.
Brasil. População total em 2000. 169.799.170 – 100%.Território, em percentual. 8,5 milhões
km2 – 100%.
Norte. População total em 2000. 7,6%. Território, em percentual. 45,3.
Nordeste. População total em 2000. 28,16%. Território, em percentual. 18,3.
Centro-oeste. População total em 2000. 6,9%. Território, em percentual. 18,9.
Sudeste. População total em 2000. 42,6%. Território, em percentual. 10,9.
Sul. População total em 2000. 14,8%. Território, em percentual. 6,8.
Fonte: IBGE, Censos Demográficos
Em sua opinião, por que as regiões Norte e Centro-Oeste são as menos povoadas, apesar de
constituírem quase 65% do território brasileiro? Você identifica alguma razão histórica para
este fato? Qual a diferença entre estas regiões e o Estado de Minas Gerais, também localizado
no interior?
Distantes do litoral, as duas regiões, historicamente, tiveram um acesso difícil. Em uma época
em que o transporte interno era baseado no uso da tração animal, foi difícil povoar essas
regiões, especialmente porque era a atividade agroexportadora que dava o sentido da
colonização e esta, como se sabe, localizava-se na costa. No caso amazônico, outro fator
importante foi a construção de fortificações como o forte do Presépio para proteger a região
de invasões estrangeiras, como você já viu nesta aula. No caso específico de Minas Gerais,
apesar de situada no interior, a região foi ocupada depois da descoberta de ouro, em 1680.
Fim da resposta comentada da atividade 3
A economia mineira estava situada longe da costa, no interior do país, em regiões de difícil
acesso. A necessidade da metrópole de controlar a produção e a exportação do metal levou à
mudança da capital colonial, deslocando-se de Salvador para o Rio de Janeiro, cidade mais
próxima da região mineira. A mineração foi, portanto, responsável pelo deslocamento do
centro econômico colonial do Nordeste para o Centro-Sul.
A circulação da renda na economia mineira diferia em muito daquela observada na economia
açucareira, estudada na Aula 1. A economia mineira estimulou o surgimento de cidades para
o abastecimento da população do interior, desenvolvendo melhores condições para as
atividades comerciais internas. Isso trouxe uma mudança da organização social – até então
baseada na vida rural –, que passou a ter caráter urbano.
A economia mineira foi responsável também pela articulação de distintas regiões
econômicas, em função da necessidade de abastecimento de sua população com animais e
alimentos. Atraiu fornecedores do sertão nordestino e do sul do país, viabilizando a expansão
de atividades até então exploradas de modo pouco eficiente. Pela primeira vez, o país
começava a ser percebido como uma nação, uma entidade com unidade política, fato de
grande relevância para a emancipação política da colônia.
A riqueza do ouro suscitou o crescente controle sobre a exportação do metal, mas coincidiu
com o declínio da mineração. Após atingir o auge na década de 1750, houve um rápido
declínio na produção do ouro, comprometendo as possibilidades de desenvolvimento da
economia colonial. Tal declínio não foi percebido, já que o ouro brasileiro era de aluvião e
não de mina, o que dificultava a estimativa de suas reservas. Você vai conhecer as medidas
econômicas tomadas por Portugal para tentar sanar este problema na próxima aula.
Se você quiser mais informações sobre esse tema, pode consultar sites como
www.pesquisaescolar.com.br. Outra fonte importante é o Dicionário do Brasil Colonial,
organizado pelo historiador Ronaldo Vainfas.
Segundo Teixeira da Silva (1990), o impacto da mineração sobre o conjunto da economia
colonial teve muitas conseqüências. Entre elas, destacam-se o aumento da faixa de ocupação
do território brasileiro, a integração das “ilhas” de povoamento no Nordeste e no Sudeste. A
mudança nas bases políticas e administrativas da colônia, em que o Rio de Janeiro, capital
colonial depois de 1763, ganhou destaque, incentivando a vida urbana.
Conclusão
As atividades pecuárias e mineiras, assim como as missões dos jesuítas, levaram à ocupação
do interior do País, povoando-o e promovendo uma dinâmica social, política e econômica que
não se esgotava com o fim de um ciclo expansivo. Esse povoamento teve por protagonistas os
trabalhadores livres, não-identificados com grandes proprietários de terras nem com escravos,
os dois principais agentes da empresa colonial agrícola.
Essa ocupação dos “sertões” é muito valorizada na cultura paulista, pela importância dos
bandeirantes paulistas, os principais agentes dessa ocupação entre os séculos XVI e XVIII.
Mais recentemente, os “currais” de gado também vêm sendo mais valorizados culturalmente,
a exemplo do livro de Raquel de Queiroz, Memorial de Maria Moura, transformado em
minissérie pela TV Globo em 1994..
Atividade Final:
Observe estes mapas. No primeiro, você pode ver as atividades econômicas realizadas no
Brasil durante a primeira fase da colonização. Veja, agora, o segundo mapa, referente ao
século XVIII. Que diferenças você pode notar entre eles, e a que você as atribui? Lembre-se
de considerar o tamanho do território brasileiro, a quantidade e o tipo de atividades
econômicas, bem como o local onde ocorrem. Registre a sua resposta e, se puder, compare
com as de seus colegas.
Resposta comentada: Como bom observador que é, você deve ter notado, logo de início, que
o território brasileiro cresceu, indo além do Tratado de Tordesilhas. Por que isso aconteceu?
Lembra-se dos bandeirantes e dos jesuítas? A participação deles foi fundamental para o
aumentode população no interior e para a expansão das fronteiras do país (bandeiras e
missões jesuíticas, respectivamente). Veja como aumentou o número de cidades!
As atividades econômicas se diversificaram. Diminuiu a extração de pau-brasil, cresceu a
cultura de cana-de-açúcar. A pecuária expandiu-se em direção ao interior, principalmente no
Nordeste, devido aos engenhos. Outra diferença importante é o surgimento da mineração.
Você vai ver como o descobrimento de ouro no Brasil afetou até a vida política do país. Mas
isto é uma outra história...
Resumo
A economia colonial não se resume aos ciclos de monocultura para exportação. A ocupação
do interior da colônia foi resultado da pecuária extensiva, do aprisionamento do índio, da
implantação das missões jesuíticas e da atividade mineradora.
A articulação espacial dessas atividades gerou alterações significativas na organização social
e política do Brasil, favorecendo sua independência de Portugal.

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