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APG – SOI II Emilly Lorena Queiroz Amaral – Medicina/2º Período 1 APG 8 – Os pares de 12 1) COMPREENDER A ANATOMOFISIOLOGIA DOS NERVOS CRANIANOS Os doze pares de nervos cranianos têm esse nome porque se originam no encéfalo, dentro da cavidade craniana, e passam através de vários forames do crânio. Fazem parte do sistema nervoso periférico! Cada nervo craniano tem um número – indicado por um numeral romano – e um nome. Os números indicam a ordem, de anterior para posterior, na qual os nervos se originam no encéfalo. Os nomes designam a distribuição ou a função dos nervos. Três nervos cranianos (I, II e VIII) contêm axônios de neurônios sensitivos e são, portanto, chamados de nervos SENSITIVOS ESPECIAIS. Na cabeça, eles são exclusivos e estão associados aos sentidos especiais do olfato, da visão e da audição, respectivamente. Os corpos celulares da maioria dos nervos sensitivos estão localizados em gânglios situados fora do encéfalo. Cinco nervos cranianos (III, IV, VI, XI e XII) são classificados como NERVOS MOTORES, pois eles contêm apenas axônios de neurônios motores quando deixam o tronco encefálico. Os quatro nervos cranianos restantes (V, VII, IX e X) são nervos MISTOS – contêm axônios de neurônios sensitivos que entram no encéfalo e de neurônios motores que deixam o encéfalo. NERVO OLFATÓRIO (I) É um nervo sensitivo especial. Contém axônios que conduzem impulsos relacionados com o olfato. Os receptores olfatórios do epitélio olfatório são neurônios bipolares. Cada um apresenta um dendrito sensível a odores que se projeta de um lado do corpo celular e um axônio não mielinizado que se projeta do outro lado. Feixes de axônios de receptores olfatórios passam por cerca de vinte forames olfatórios na lâmina cribriforme do etmoide, em cada lado do nariz. Estes cerca de quarenta feixes de axônios formam os nervos olfatórios direito e esquerdo. Os nervos olfatórios terminam no encéfalo em massas de substância cinzenta conhecidas como bulbos olfatórios, duas projeções do encéfalo que repousam sobre a lâmina cribriforme. De lá, fazem sinapses com os neurônios que vão formar os tratos olfatórios que, por sua vez, finalizarão na área olfatória primária do cérebro. NERVO ÓPTICO (II) É constituído por um grosso feixe de fibras nervosas que se originam na retina, emergem próximo ao polo posterior de cada bulbo ocular, penetrando no crânio pelo canal óptico. Cada nervo óptico une-se com o do lado oposto, formando o quiasma óptico, onde há cruzamento parcial de suas fibras, as quais continuam no trato óptico até o corpo geniculado lateral. O nervo óptico é um nervo exclusivamente SENSITIVO, cujas fibras conduzem estímulos visuais, classificando-se, pois, como AFERENTES SOMÁTICAS ESPECIAIS. NERVOS OCULOMOTOR (IlI); TROCLEAR (IV); E ABDUCENTE (VI) São nervos motores que penetram na órbita pela fissura orbital superior, distribuindo-se aos músculos extrínsecos do bulbo ocular, que são os seguintes: elevador da pálpebra superior, reto superior, reto inferior, reto medial, reto lateral, oblíquo superior e oblíquo inferior. Todos esses músculos são APG – SOI II Emilly Lorena Queiroz Amaral – Medicina/2º Período 2 inervados pelo oculomotor, com exceção do RETO LATERAL e do OBLÍQUO SUPERIOR, inervados, respectivamente, pelos nervos ABDUCENTE e TROCLEAR. É um nervo exclusivamente motor somático e visceral, que contém fibras pré-ganglionares parassimpáticas. Sua emergência craniana é a fissura orbital superior e a encefálica é o sulco medial do pedúnculo cerebral, seus núcleos são o oculomotor e o Edinger-Westphal. Ele contrai o músculo ciliar, que, por sua vez, relaxa as zônulas ciliares, deixando o cristalino mais arredondado, conferindo acuidade visual. Além disso, por possuir fibras parassimpáticas, realiza a miose da pupila. Ao aplicar um reflexo luminoso em apenas um olho, haverá a contração das duas pupilas, pois será recrutado um núcleo ipsilateral e contralateral. NERVO TRIGÊMEO (V) É o maior dos nervos cranianos. É um NERVO MISTO, porém o componente sensitivo é maior que o motor. Os axônios sensitivos do nervo trigêmeo transmitem impulsos nervosos de tato, dor e sensações térmicas. O NERVO TRIGÊMEO POSSUI TRÊS RAMOS: NERVO OFTÁLMICO: O menor dos ramos, passa pela órbita na fissura orbital superior. Contém axônios sensitivos da pele da pálpebra superior, da córnea, das glândulas lacrimais, da parte superior da cavidade nasal, da parte lateral do nariz, da fronte e da metade anterior do escalpo. NERVO MAXILAR: Tem um tamanho intermediário entre os ramos oftálmico e mandibular e passa pelo forame redondo. Contém axônios sensitivos da túnica mucosa do nariz, do palato, de parte da faringe, dos dentes superiores, do lábio superior e da pálpebra inferior. NERVO MANDIBULAR: O maior ramo, passa pelo forame oval. Contém axônios dos dois terços anteriores da língua (não relacionados com a gustação), da bochecha e sua túnica mucosa, dos dentes inferiores, da pele sobre a mandíbula e anterior à orelha e da túnica mucosa do assoalho da boca. Contém também AXÔNIOS MOTORES branquiais que suprem os músculos da mastigação (temporal, masseter, pterigoídeo lateral, pterigoídeo medial, milo-hiódeo e o ventre anterior do músculo digástrico) e controlam os movimentos mastigatórios. NERVO FACIAL (VII) É um nervo misto, que emerge do sulco bulbo-pontino através de uma raiz motora, o nervo facial propriamente dito, e uma raiz sensitiva e visceral, o nervo intermédio (de Wrisberg). A origem aparente no crânio se dá no forame estilomastoídeo. A função motora desse nervo é com os músculos da mímica facial (exceto o elevador da pálpebra superior, realizado pelo III par), corda do tímpano, platisma, ventre posterior do digástrico, estilo-hiódeo, músculo estapédio e Horner, que é o músculo responsável por ocluir a passagem do ducto lacrimal. O nervo facial inerva mais músculos do que qualquer outro nervo do corpo. APG – SOI II Emilly Lorena Queiroz Amaral – Medicina/2º Período 3 A função sensitiva desse nervo conduz as informações superficiais sensitivas do pavilhão auditivo, do meato acústico externo e do tímpano. Transmitem sensações táteis, álgicas e térmicas. A função gustativa desse nervo faz com que ele seja responsável pela gustação dos 2/3 anteriores da língua. Possui ainda uma função vegetativa (autônoma) por inervar as glândulas lacrimal, submandibular e sublingual. Fato curioso é que o nervo facial, apesar de atravessar a parótida, onde se ramifica, inerva todas as glândulas maiores da cabeça, exceto a parótida, que é inervada pelo glossofaríngco. NERVO VESTIBULOCOCLEAR (VIII) O nervo vestibulococlear (VIII) era antigamente conhecido como nervo acústico ou auditivo. Ele é um nervo sensitivo e tem dois ramos, o vestibular e o coclear. O ramo vestibular transmite impulsos relacionados com o equilíbrio e o ramo coclear, com a audição. Na orelha interna, os axônios sensitivos do ramo vestibular se projetam a partir dos canais semicirculares, do sáculo e do utrículo para os gânglios vestibulares, onde os corpos celulares destes neurônios estão localizados, e se terminam nos núcleos vestibulares da ponte e do cerebelo. Alguns axônios sensitivos também entram no cerebelo via pedúnculo cerebelar inferior. Os axônios sensitivos do ramo coclear se originam no órgão espiral (órgão de Corti), localizado na cóclea. Os corpos celulares destes neurônios se situam no gânglio espiral da cóclea. A partir daí, os axônios se projetam até núcleos bulbares e terminam no tálamo. O nervo vestibulococlear contém algumas fibras motoras. No entanto, em vez de inervaremtecidos musculares, elas modulam as células ciliadas da orelha interna. NERVO GLOSSOFARÍNGEO (IX) É um nervo misto, que possui a origem aparente no encéfalo no sulco lateral posterior do bulbo, e a origem aparente no crânio no forame jugular. A função sensitiva faz com que ele seja responsável por levar informações do pavilhão auditivo e do meato acústico externo, 1/3 posterior da língua, faringe, úvula, tonsilas, tuba auditiva, seio e corpos carotídeos (barorreceptores e quimiorreceptores). A função motora desse nervo é responsável por inervar parcialmente os músculos da faringe, laringe, traqueia e esôfago. A função autônoma é responsável pela inervação da glândula parótida. A função gustativa é responsável pela gustação do 1/3 posterior da língua. NERVO VAGO (X) É um nervo misto, que passa pela cabeça, pescoço, tórax e abdome. O nome vago é justamente por conta dessa ampla distribuição no corpo. A origem aparente no encéfalo é no sulco lateral posterior do bulbo e a origem aparente no crânio é no forame jugular. APG – SOI II Emilly Lorena Queiroz Amaral – Medicina/2º Período 4 A função sensitiva desse nervo faz com que ele inerve parte do pavilhão auditivo e meato acústico externo, impulsos aferentes originados da faringe, laringe, traqueia, esôfago, vísceras do tórax e abdome, barorreceptores do seio carotídeo e quimiorreceptores dos glomos paraórticos. A função motora desse nervo faz com que ele inerve parcialmente os músculos da faringe, da laringe e do palato mole. A função autônoma é que esse nervo fornece inervação parassimpática da árvore traqueobrônquica, miocárdio e maior parte do trato digestivo. Quando uma pessoa tem cólica, essa informação é conduzida através do nervo vago. NERVO ACESSÓRIO (XI) Seus axônios deixam a medula espinal lateralmente, unindo-se mais adiante, sobem pelo forame magno, e então saem pelo forame jugular junto com os nervos vago e glossofaríngeo. Sua principal função é motora, sendo responsável pela inervação de alguns músculos próximos ao ombro, por exemplo. O nervo acessório transmite impulsos motores para os músculos esternocleidomastóideo e trapézio com o objetivo de coordenar os movimentos da cabeça. Mas, além dessa função motora, possui ação sensitiva especial por auxiliar o nervo vago na inervação de algumas vísceras. NERVO HIPOGLOSSO (XII) O nervo hipoglosso (XII) é um nervo craniano motor. Seus axônios motores somáticos se originam de um núcleo bulbar (núcleo do nervo hipoglosso), saem do bulbo pela sua face anterior, e passam pelo canal do nervo hipoglosso para então inervar os músculos da língua. Estes axônios conduzem impulsos nervosos relacionados com a fala e a deglutição. Os axônios sensitivos não voltam para o encéfalo pelo nervo hipoglosso. Em vez disso, os axônios sensitivos que se originam de proprioceptores de músculos da língua, embora comecem seu curso em direção ao encéfalo no nervo hipoglosso, deixam o nervo para se juntar a nervos espinais cervicais e terminam no bulbo, entrando na parte central do sistema nervoso pelas raízes posteriores dos nervos espinais cervicais. 2) ENTENDER A MORFOFISIOLOGIA DA AUDIÇÃO (CÉLULAS ESPECIALIZADAS) O sistema audiorreceptor é constituído pelo aparelho auditivo ou órgão vestibulococlear, cujas funções se relacionam com a percepção do equilíbrio dinâmico e estático do corpo e com a audição. O órgão vestibulococlear é dividida em três partes: 1) Ouvido externo: recebe as ondas sonoras; APG – SOI II Emilly Lorena Queiroz Amaral – Medicina/2º Período 5 2) Ouvido médio: transforma as ondas sonoras em vibrações mecânicas; 3) Ouvido interno: transdução das vibrações em impulsos nervosos, que vão ser encaminhados para o SNC via nervo acústico. E também possui estruturas vestibulares que são responsáveis pelo equilíbrio do corpo. Ouvido externo: o ouvido externo é composto pelas seguintes partes: PAVILHÃO AURICULAR: É uma aba de cartilagem elástica recoberta por pele que possui formato irregular. Ela auxilia na captação do som. A pele da orelha contém glândulas sebáceas e poucas glândulas sudoríparas. MEATO ACÚSTICO EXTERNO: É um canal achatado de paredes rígidas que está sempre aberto e vai desde a orelha até membrana timpânica (cerca de 2,5 cm). Ele possui um arcabouço que é no 1/3 externo é de cartilagem elástica e no seu 2/3 internos composto por osso temporal. Ele é revestido por pele rica em pelos, glândulas sebáceas e glândulas ceruminosas (que são glândulas sudoríparas modificadas que produzem o cerume = junto aos pelos tem função protetora). MEMBRANA DO TÍMPANO: Estrutura mais interna da orelha externa, é uma camada fina e semitransparente que divide o meato acústico e a orelha média, e transmite as ondas sonoras para os ossículos do ouvido médio. Externamente é recoberta por pele, e internamente por epitélio cúbico simples. Além disso, entre essas duas camadas, encontra-se fibras colágenas e fibroblastos e fibras elásticas. A membrana de Shrapnell é uma região do tímpano em que não existem as fibras, portanto é mais flácida. A perfuração do tímpano leva, em média, 1 mês para recuperação. Ouvido médio: localizado dentro do osso temporal. E possui as seguintes comunicações: Comunicação anterior: comunica a faringe, por meio da tuba auditiva, que fica fechada, porém na deglutição ela se abre para permitir o equilíbrio da pressão externa com a do ouvido médio. Comunicação posterior: cavidades do processo mastoide do osso temporal. É revestido pelo epitélio simples pavimentoso, que tem uma lâmina própria que está aderida ao periósteo. A região próximo ao orifício da tuba auditiva é de epitélio colunar ciliado. E próximo a faringe é epitélio pseudoestratificado ciliado. Na parede medial do ouvido médio, encontra-se as janelas oval e redonda, região sem osso, que são recobertas por membrana conjuntivoepitelial. Ossículos da audição: Se encontram através da orelha média e são conectados por articulações sinoviais. São três ossículos articulados que transmitem as vibrações mecânicas geradas no tímpano até a orelha interna. Cada um é nomeado devido à sua forma: Martelo: O cabo se liga a face interna do tímpano e a cabeça é articulada ao corpo da bigorna. Bigorna: Osso do meio. Se articula com a cabeça do estribo. Estribo: Possui a base encaixada na janela do vestíbulo (oval). Além disso, há músculos estriados esqueléticos: Tensor do tímpano: inserido no martelo Tensor do estribo: inserido no estribo Eles servem para a regulação da condução do estímulo sonoro. APG – SOI II Emilly Lorena Queiroz Amaral – Medicina/2º Período 6 Ouvido interno: é também denominada de labirinto. Ele se divide em uma parte óssea (labirinto ósseo), que é uma série de cavidades e canais dentro do osso temporal e em uma parte membranácea (labirinto membranoso) que ocupa parcialmente as cavidades ósseas, e é repleto de endolinfa. Entre eles tem-se perilinfa (lembra o líquor) e tecido conjuntivo com vasos. A perilinfa é contínua com o fluido cerebrospinal que preenche o espaço subaracnóideo. O labirinto membranoso é revestido pelo epitélio pavimentoso simples, que é circundado por tecido conjuntivo. Em regiões que há contato dos nervos vestibular e coclear com o epitélio, tem-se a formação de estruturas especializadas, órgãos receptores especiais: máculas, cristas ampulares e órgão espiral de Corti. O labirinto constitui os sistemas auditivo e vestibular (não é o foco). Atrás do vestíbulo encontra-se a CÓCLEA. A cóclea é um canal ósseo que forma um espiral de quase três voltasao redor de um osso esponjoso chamado modíolo, que contém o gânglio espiral no seu interior. A cóclea possui as seguintes estruturas: Rampa do vestíbulo (escala vestibular): Canal ósseo que termina na janela do vestíbulo (oval). Preenchido com perilinfa. Localizado acima do ducto coclear. Rampa do tímpano (escala timpânica): Canal ósseo que termina na janela da cóclea (redonda). Preenchido com perilinfa. Localizado abaixo do ducto coclear. Helicotrema: Abertura no ápice da cóclea para comunicação entre as duas rampas. Ducto coclear (escala média): Continuação do labirinto membranáceo em direção à cóclea (comunica-se com o sáculo pelo ducto reuniens). Possui formato triangular. Preenchido com endolinfa. Estria vascular: Base do ducto ligada à parede óssea da cóclea. Epitélio estratificado que contem vasos sanguíneos entre suas células. Membrana vestibular (Membrana de Reissner): Separa o ducto coclear da rampa do vestíbulo; Lâmina basilar: Separa o ducto coclear da rampa do tímpano. Órgão espiral (de Corti): Lâmina espiral de células epiteliais de sustentação (pilares) e células ciliadas. As células ciliadas são os receptores da audição. Existem cerca de 16 mil delas, e cada uma possui de 40 a 80 estereocílios (microvilosidades) que se estendem para a endolinfa no ducto coclear. Elas podem ser de dois tipos: Células ciliadas internas: Possuem forma de cálice, com estereocílios modificados na sua superfície livre e mitocôndrias na região basal. Têm terminações nervosas aferentes e eferentes (poucas). Mais de 90% delas fazem sinapses com neurônios sensitivos de primeira ordem. Estão organizadas em fileira única. Células ciliadas externas: São alongadas, contendo estereocílios modificados, regiões com acúmulos de mitocôndrias. Possuem proteínas contráteis. Estão em contato com neurônios motores do nervo coclear (ramo do vestibulococlear - VIII). APG – SOI II Emilly Lorena Queiroz Amaral – Medicina/2º Período 7 Essa inervação por fibras motoras (originadas no núcleo olivar superior) promove a movimentação das células ciliadas pela ativação das proteínas contráteis, aumentando a sensibilidade sensorial dessas células. A movimentação gera sons inaudíveis chamados de emissões otoacústicas. Eles aumentam a movimentação da lâmina basilar, por isso a amplificação da sensibilidade. Estão organizadas em três fileiras. Existem em maior proporção (3:1) do que as internas. As células ciliadas são cobertas pela membrana tectória, que é uma estrutura gelatinosa formada por glicoproteínas e se assemelha àquela que recobre as máculas e cristas do sistema vestibular. Os corpos celulares dos neurônios sensitivos estão localizados no gânglio espiral. FISIOLOGIA DA AUDIÇÃO Os estímulos mecânicos produzidos pelas ondas sonoras mecânicas sofrem transdução em potenciais de ação na cóclea (OUVIDO INTERNO), a partir de onde são levados para o SNC via nervo coclear. O espectro audível vai de 20 Hz a 20.000 Hz. Os sons da voz humana vão de 300 a 3.500 Hz e 65dB. A intensidade sonora é medida em dB. Os sons se tornam desconfortáveis a partir de 120 dB, e dolorosos a partir de 140 dB. Apesar disso, não é recomendável a exposição constante a sons acima de 100 dB. PERCEPÇÃO DAS ONDAS SONORAS Antes da transdução da onda mecânica em potencial de ação, uma sequência de eventos deve acontecer para que o estímulo alcance as células ciliadas. São eles: 1. Na orelha externa, que tem como função a TRANSMISSÃO, as ondas alcançam o pavilhão que as direciona para o meato acústico externo e estende-se até a membrana timpânica. 2. As ondas ao chegarem ao tímpano, elas fazem com que este vibre. Ondas de frequências maiores provocam uma vibração mais rápida da membrana timpânica. A partir da membrana timpânica se inicia a orelha média, que vai AMPLIFICAR o som, o martelo se liga medialmente ao tímpano vibrando junto a ele. Martelo, bigorna e estribo estão juntos, então os dois últimos também vibram. A placa basal do estribo provoca vibração da janela do vestíbulo (oval). Associados aos ossículos existem dois músculos: o tensor do tímpano, que está ligado em uma de suas extremidades ao martelo, e o tensor do estribo, que está ligado ao estribo. Esses músculos são importantes para a regulação da condução do estímulo sonoro, resposta neural a sons muito barulhentos que poderiam causar lesões à cóclea, através da sua contração esse músculos aumentam a rigidez da cadeia de ossículos, dessa forma, diminuindo a transmissão das vibrações. 3. Na sequência vem a orelha interna, que tem como função a TRANSDUÇÃO SONORA = captar o som e transformar em um estímulo elétrico, que possui uma parte auditiva (CÓCLEA) e outra associada ao sistema vestibular (canais semicirculares = equilíbrio). As ondas de pressão da janela do vestíbulo (oval) provocam MOVIMENTO DA PERILINFA (entre o labirinto ósseo e membranoso) da rampa do vestíbulo (escala vestibular). 4. As ondas de pressão são transmitidas da rampa do vestíbulo para a rampa do tímpano e, eventualmente, para a janela da cóclea (redonda), fazendo com que ela se projete para fora na orelha média. 5. Uma vez na rampa do vestíbulo, elas provocam ondas na membrana vestibular que TRANSFERE A VIBRAÇÃO PARA ENDOLINFA (dentro do labirinto membranoso, e rica em potássio, importante para gerar o potencial de membrana). 6. A vibração na endolinfa FAZ COM QUE A LÂMINA BASILAR TAMBÉM VIBRE, E AS CÉLULAS CILIADAS (órgão espiral ou de Corti) se movam. A movimentação das células ciliadas promove o dobramento dos estereocílios e à geração do potencial de ação. APG – SOI II Emilly Lorena Queiroz Amaral – Medicina/2º Período 8 TRANSDUÇÃO DO SOM Com o movimento da membrana basilar, terá a movimentação das células ciliadas e da membrana tectorial, o dobramento dos estereocílios vai acarretar em uma abertura de canais de K+, entrando potássio na célula, vai haver uma despolarização da membrana. Com isso, há abertura dos canais de Ca+, entrando cálcio na célula resultando na mobilização de vesículas, que tem neurotransmissores excitatórios, liberando-os na fenda que vão ser captados pelas fibras cocleares aferentes. VIA AUDITIVA 1. Depois da movimentação dos estereocílios, e liberação do neurotransmissor excitatório para o nervo coclear: os axônios que formam a parte coclear do nervo vestibulococlear (VIII) fazem sinapses com neurônios dos núcleos cocleares no bulbo no mesmo lado da orelha. 2. A partir dos núcleos, ELES PODEM SEGUIR DOIS CAMINHOS: I. Alguns neurônios cruzam e ascendem pelo trato lemnisco lateral no lado oposto e terminam no colículo inferior do mesencéfalo. II. Outros terminam no núcleo olivar superior. Os axônios dos neurônios desse núcleo seguem pelo mesmo caminho dos anteriores (lemnisco lateral → colículo inferior). 3. Dos colículos inferiores, os impulsos são transmitidos para o NÚCLEO GENICULADO MEDIAL DO TÁLAMO, de onde vão para a área auditiva primária no córtex do lobo temporal. Como alguns axônios cruzam e outros não, os córtex de cada lobo temporal recebem aferencias das duas orelhas. 3) RELACIONAR OS POSSÍVEIS AGRAVOS DA AUDIÇÃO DURANTE O DESENVOLVIMENTO FETAL (MICRORGANISMOS) A placenta é uma membrana impermeável a muitos microrganismos, entretanto alguns deles conseguem atravessá-la, entrar na corrente sanguínea e infectar o embrião ou feto. Como ainda está em processo de desenvolvimento, o embrião ou o feto não possui um sistema imunológico eficiente para combater os processos infecciosos. Um microrganismo que causa sintomas leves na mãe, pode provocar graves danos, ou atéa morte, ao feto. Existe uma propensão para que o SNC seja afetado e a barreira hematoencefálica fetal (BHE) oferece pouca resistência aos microrganismos. Existe um acrônimo para os tipos de micro-organismos que podem atravessar a placenta, TORCH, que representa: Toxoplasmose: Doença causada pelo protozoário toxoplasma gondii. Forma de infecção materna: Ingestão de carne crua ou pouco cozida (geralmente porco ou carneiro) contendo cistos de Toxoplasma. Contato íntimo com animais domésticos infectados (p. ex., gatos) ou solo infectado. Alimentos infectados com os oocistos levados por moscas ou bactérias. Danos ao embrião ou feto: Alterações destrutivas no encéfalo (calcificações intracranianas) e olhos (coriorretinite) que resultam em deficiência mental, microcefalia, microftalmia e hidrocefalia. A morte fetal pode seguir à infecção, especialmente nos estágios iniciais da gravidez. Outras doenças: Inclui doenças como: Varicela e herpes-zoster, causadas pelo vírus varicela zoster. Danos: Cicatrizes na pele, hipoplasia dos membros, retardo mental, atrofia muscular. Sífilis, causada pela bactéria Treponema pallidum. Danos: Retardo mental e perda auditiva. Zika: Causada pelo zika vírus transmitido pelo Aedes Aegypti. Danos: Microcefalia, calcificações cerebrais, ventriculomegalia, convulsões, hiperreflexia, irritabilidade. Citalomegavírus: Vírus da família herpesvírus. Esta é a principal causa de infecção congênita com morbidade ao nascimento. APG – SOI II Emilly Lorena Queiroz Amaral – Medicina/2º Período 9 Forma de infecção materna: Contato íntimo com a pessoa que excreta o vírus através de sua saliva, urina ou outros fluidos corporais. O CMV pode ser sexualmente transmitido e também pode ser transmitido através do leite materno, transplante de órgãos e raramente através de transfusão sanguínea. Danos ao embrião ou feto: A infecção pode causar doenças graves no nascimento, como: RCIU, microftalmia, coriorretinite, cegueira, microcefalia, calcificação cerebral, deficiência mental, surdez, paralisia cerebral e hepatoesplenomegalia. Pode ser fatal. Algumas crianças são assintomáticas no nascimento; porém, desenvolvem anomalias mais tarde, inclusive perda auditiva, comprometimento visual e retardo mental. A rubéola é uma doença que quando surge na gravidez, pode causar malformações no bebê como microcefalia, surdez ou alterações nos olhos. Assim, o ideal é que a mulher faça a vacina contra a doença antes de engravidar. REFERÊNCIAS: MACHADO, A.B.M. Neuroanatomia Funcional. 3ª ed. Rio de Janeiro: Atheneu, 2014. TORTORA, G. J; DERRICKSON, B. Princípios de anatomia humana. 14. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2016. JUNQUEIRA, LC; CARNEIRO, J. Histologia básica. 12. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2013. ELAINE N. MARIEB, Patricia Brady Wilhelm e Jon Mallatt. Anatomia humana, 7ª ed. Pearson, 2014
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