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HISTÓRIA
ANTIGA
Renata Cardoso Belleboni Rodrigues
H
IST
Ó
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IA
 A
N
T
IG
A
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enata Cardoso Belleboni R
odrigues
HISTÓRIA
ANTIGA
Renata Cardoso Belleboni Rodrigues
H
IST
Ó
R
IA
 A
N
T
IG
A
R
enata Cardoso Belleboni R
odrigues
Código Logístico
58802
Fundação Biblioteca Nacional
ISBN 978-85-387-6519-6
9 788538 765196
O mundo antigo está presente em nosso cotidiano e em nosso imaginário de diversas 
maneiras. Nesta obra, os mesopotâmicos, os egípcios, os gregos e os romanos estão 
reunidos em um mesmo espaço. As histórias de todos esses povos se cruzaram em 
algum momento, e as culturas ocidentais posteriores buscaram neles os alicerces ou os 
contrapontos de suas estruturas políticas, filosóficas, educacionais, artísticas e culturais. 
Em suma, esta obra traz informações para a compreensão geral 
 da História Antiga e destina-se tanto a estudantes de História 
quanto àqueles que acreditam que são sujeitos da e na história.
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A
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enata Cardoso Belleboni R
odrigues
História Antiga
IESDE BRASIL S/A
2019
Renata Cardoso Belleboni Rodrigues
Todos os direitos reservados.
IESDE BRASIL S/A. 
Al. Dr. Carlos de Carvalho, 1.482. CEP: 80730-200 
Batel – Curitiba – PR 
0800 708 88 88 – www.iesde.com.br
© 2019 – IESDE BRASIL S/A. 
É proibida a reprodução, mesmo parcial, por qualquer processo, sem autorização por escrito da autora e do detentor 
dos direitos autorais.
Projeto de capa: IESDE BRASIL S/A. 
Imagem da capa: Luciano Mortula - LGM/kostasgr/matrioshka/Shutterstock
CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO 
SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ
R616h
Rodrigues, Renata Cardoso Belleboni
História Antiga / Renata Cardoso Belleboni Rodrigues. - 1. ed. - Curitiba [PR] : 
IESDE Brasil, 2019. 
138 p. : il.
Inclui bibliografia
ISBN 978-85-387-6519-6
1. História Antiga. I. Título.
19-58191 CDD: 930
CDU: 94(100)”.../05”
Renata Cardoso Belleboni Rodrigues
Pós-doutora pela École des Hautes Études en Sciences Sociales (EHESS), em Sorbonne, 
França. Doutora em História Cultural pelo Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da 
Universidade Estadual de Campinas (IFCH-Unicamp). Licenciada e bacharel em História pela 
Universidade Estadual Paulista (Unesp). Atua como professora de História Antiga há 20 anos. 
É autora de artigos científicos e capítulos na área de História Antiga e de livros destinados 
à modalidade de ensino a distância (EaD). É coordenadora institucional do Programa de 
Residência Pedagógica em parceria com a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível 
Superior (Capes), professora adjunta e coordenadora do curso de História em uma instituição 
de ensino superior.
Sumário
Apresentação 7
1 A escrita e a Antiguidade 9
1.1 O que é História Antiga? 9
1.2 A cultura material e os povos antigos 14
1.3 Interpretando e reinterpretando a Antiguidade 29
2 As sociedades do Oriente Próximo 37
2.1 A redescoberta da Mesopotâmia 37
2.2 Aspectos culturais dos povos mesopotâmicos 39
2.3 A terra dos faraós: o Egito Antigo 46
2.4 Relação entre cultura oriental e clássica 55
3 A Grécia Antiga: os protegidos de Prometeu 61
3.1 Formação da Hélade e estrutura social 61
3.2 Oligarquia e democracia: o poder da aristocracia e do povo 69
3.3 Religiosidade grega: mito, rito e representação iconográfica 76
4 A Roma Antiga: o domínio dos generais 87
4.1 Todos os caminhos levam a Roma 87
4.2 Período republicano: a força do Senado 96
4.3 O Principado: a era dos imperadores 103
5 A Antiguidade Tardia 111
5.1 Império Romano do Ocidente: a crise do século III d.C. 111
5.2 Império Romano do Oriente: a cultura bizantina 118
5.3 Legado cultural romano: da legislação ao cristianismo 126
Gabarito 135
Apresentação
O mundo antigo está presente em nosso cotidiano e em nosso imaginário de diversas 
maneiras. Por meio das histórias em quadrinhos, das animações, dos filmes, dos jogos e até 
mesmo da arquitetura, revisitamos o passado mesopotâmico, egípcio, grego e romano com 
grande frequência. As culturas ocidentais posteriores buscaram nesses povos os alicerces ou os 
contrapontos de suas estruturas políticas, filosóficas, educacionais, artísticas e culturais. Por esse 
motivo, é fundamental que você os conheça, pois estará, ao mesmo tempo, compreendendo a si 
mesmo e o mundo ao seu redor. 
É comum em livros e em currículos de cursos de História vermos a separação entre 
Antiguidade Oriental (Mesopotâmia e Egito – às vezes incluindo os hebreus) e Antiguidade 
Clássica (Grécia e Roma). Nesta obra, tais culturas estão integradas, pois compreendemos que 
não é possível desconsiderar os contatos entre elas como gatilhos de mudanças, adaptações e 
inspirações para o modo de ver e viver no mundo. Em outras palavras, reunir em um mesmo 
espaço os mesopotâmicos, os egípcios, os gregos e os romanos foi uma forma de evidenciar que 
seus aspectos culturais também são resultado das relações estabelecidas entre eles. As histórias 
desses povos se cruzaram em algum momento. 
Cada capítulo é destinado ao estudo, à compreensão e à reflexão sobre esses povos. 
Iniciaremos com os diferentes tipos de fontes e documentos históricos que nos permitem conhecer 
suas histórias; em seguida, aprofundaremos nossos conhecimentos relativos aos orientais e, depois, 
aos gregos e romanos; por fim, trataremos da Antiguidade Tardia, um momento de transição 
cultural que nos levará, de acordo com a periodização histórica, à Idade Média. No decorrer dos 
capítulos, você será desafiado a refletir tanto sobre o passado quanto sobre o presente; afinal, a 
história ainda está sendo escrita por todos nós.
Em suma, esta obra traz as informações básicas para a compreensão geral da História Antiga 
e destina-se tanto a estudantes de História quanto àqueles que acreditam que são sujeitos da e 
na história.
Bons estudos!
1
A escrita e a Antiguidade
Somos filhos de nosso tempo. Você já parou para refletir sobre o significado dessa frase? Em 
termos gerais, quando a proferimos, queremos dizer que agimos, falamos, pensamos e trocamos 
experiências de acordo com o contexto em que vivemos. Reproduzimos e construímos simbologias 
que são reconhecidas por todos que estão à nossa volta. No entanto, é importante termos consciência 
de que nosso tempo não é estático, não é limitado. Ele é continuação de um tempo anterior e ponte 
para o futuro.
Desse modo, pensando a História como o estudo do homem no tempo, é comum voltarmos 
ao passado numa tentativa de identificarmos raízes, tradições, pertencimento. Você iniciará seus 
estudos sobre História Antiga e talvez se surpreenda com o fato de que muito do que somos e 
acreditamos teve origem na Antiguidade e suas culturas.
Malas prontas? Entre no trem da história e, juntos, vamos partir para uma viagem no tempo 
em busca da história de mesopotâmicos, egípcios, gregos e romanos.
1.1 O que é História Antiga?
Que é, pois, o tempo? Se ninguém me pergunta, 
eu sei; se quero explicá-lo a quem me pede, não sei.
(AGOSTINHO, 1970, Livro XI, cap. XIV)
Uma definição conhecida de história é que ela “é o estudo do homem no tempo” (BLOCH, 
1997, p. 55). Notou como aqui tempo está sendo utilizado como sinônimo de história? Pensando 
nisso, você conhece outros sinônimos de tempo? É muito provável que você conheça ou já tenha 
utilizado, mesmo com algumas variações, expressões como “Gostaria de ter mais tempo para 
realizar este trabalho”; “Antigamente, as coisas eram diferentes”; “Isso é tão ultrapassado que parece 
coisa da Idade Média”; “O mundo contemporâneo está louco”; “Estamos correndo contra o tempo”. 
O tempo todo nos referimos ao tempo.
Você saberia responder o que é o tempo? Nem mesmo Santo Agostinho, um dos mais 
importantes teólogos e filósofos da nossa era, sabia explicar. Podemos não saber defini-lo de modo 
objetivo, embora tenhamos definições em dicionários, mas podemos senti-lo, percebê-lo por meio 
de suas manifestações na natureza e no homem. Mas de onde vem a noção de tempo? Será que 
a periodização histórica é tãoantiga quanto a própria noção de temporalidade? Que tal, juntos, 
construirmos esse conhecimento?
Na cultura ocidental antiga, a ideia de tempo estava relacionada ao deus Cronos (daí 
o conceito de cronologia). Você já ouviu ou leu algo a respeito dele? Para os gregos, Cronos era o 
filho mais novo de Gaia (a Terra) e de Uranos (o Céu). Ele foi o responsável por castrar seu pai, 
História Antiga10
permitindo que todos os filhos que estavam encerrados no ventre de sua mãe fossem libertados. 
Ao arriscar-se a amputar os órgãos genitais do pai, Cronos estabeleceu o tempo, “desbloqueou 
o universo, criou o espaço, engendrou um mundo diferenciado, organizado” (VERNANT, 2000, 
p. 28). Esse é um mito muito interessante que vale a pena ser lido.
Discussões sobre esse conceito tão complexo foram colocadas, ainda na Antiguidade, por 
Platão, em sua obra Timeu, Aristóteles e Plotino. Aristóteles, em Física, acreditava que tempo e 
movimento estão fortemente relacionados. Para esse filósofo, segundo Martins (2004, p. 64-65, 
grifo do original),
não existe tempo se não há movimento (entendido mais amplamente como 
mudança). [...] O tempo, para Aristóteles, é infinito em dois sentidos: do ponto 
de vista da adição, pois não pode esgotar-se por nenhuma adição de partes, e do 
ponto de vista da divisão, ou seja, é divisível ad infinitum.
Outros estudiosos, no decorrer da história, igualmente analisaram e escreveram sobre o 
tempo: Santo Agostinho, já citado anteriormente, São Tomás de Aquino, Galileu Galilei, René 
Descartes, Immanuel Kant, Gaston Bachelard, entre tantos outros. Para cada época e contexto 
e para cada interesse ou objetivo, há uma definição: ora contraditória, ora complementar 
(MARTINS, 2004).
Na sociedade contemporânea, o tempo igualmente está sendo ressignificado. As tecnologias 
vieram nos mostrar a instantaneidade, o agora. Você já parou para pensar como o tempo está 
corrido ultimamente? A novidade perde sua característica de originalidade de modo quase 
instantâneo, bastam alguns cliques nas telas.
Mas e a cronologia histórica, o que você sabe sobre ela? É bem possível que esteja 
habituado com a seguinte padronização: Pré-História, História Antiga, História Medieval, 
História Moderna e História Contemporânea. Mais recentemente, você talvez tenha lido algo 
como História do Tempo Presente. Saberia dizer quando essa cronologia foi estabelecida e por 
quê? Vejamos, então, como essa divisão do tempo histórico foi pensada. Antes, porém, vamos 
a uma distinção: tempo cronológico é o que podemos medir por meio de relógios e calendários, 
por exemplo; tempo geológico é aquele que considera as transformações na Terra; e tempo histórico 
foi estabelecido tomando como base as mudanças em dadas sociedades.
A divisão cronológica da história, tal como conhecemos hoje, foi desenvolvida com base 
nas ideias iluministas do século XVIII e positivistas do século XIX. No entanto, suas raízes 
estão fincadas no século XVI, época do Renascimento, quando surge a ideia de modernidade. 
Nesse momento, as transformações políticas e econômicas, para além das sociais, impuseram 
a necessidade de uma comparação entre os homens desse tempo e os antigos. Tal comparação 
ora se prestava à função de elogiar os povos passados, sábios como os modernos, ora para 
desqualificá-los, como homens que acreditavam em seres mitológicos. Em meio a essa discussão, 
ainda havia o conceito de Idade das Trevas cunhado por Petrarca, no século XIV, para se referir 
ao período medieval (SILVA; SILVA, 2010).
Assim, a cronologia histórica foi estabelecida dentro de contextos variados e com intenções 
diversas, não sendo fixada como a conhecemos hoje, como se fosse um quadro definitivo. Ela foi 
A escrita e a Antiguidade 11
fruto de discussões sobre a superioridade ou inferioridade do pensamento dos homens que se 
entendiam como “modernos”. Isso implica dizer que os antigos não tinham ciência de que viviam 
na Antiguidade. A periodização entende que a história é evolutiva, começou em um dado momento 
e continua.
Ainda há duas observações importantes a serem apontadas: em primeiro lugar, a 
periodização histórica é eurocêntrica, ou seja, as idades, as épocas ou os períodos foram definidos 
com base em acontecimentos políticos do terreno europeu. Vamos relembrar essa periodização? 
Observe-a na Figura 1 a seguir.
Figura 1 – Periodização histórica tradicional
Antiguidade
Idade Média
Idade Moderna
Contemporaneidade
–4000 476 1453 1789
Fonte: Elaborada pela autora.
Em segundo lugar, a periodização histórica ocidental considera o calendário cristão. Quando 
nos referimos aos séculos, fazemos uso das abreviações a.C. (antes de Cristo) ou a.E.C. (antes da 
Era Cristã) e d.C. (depois de Cristo) ou E.C. (Era Cristã). Isso porque o nosso calendário é cristão, 
estabelecido em 1582 pelo Papa Gregório XIII.
Finalmente, antes de definirmos e entendermos o que é história antiga, é muito importante 
você ter em mente que algumas culturas não fazem uso dessa periodização e que determinados 
eventos ocorridos em um período podem encontrar eco no período posterior. Dito de outro modo, 
a periodização histórica nos auxilia na contextualização dos fatos, facilita nosso olhar em direção 
à história, mas não pode e não deve ser tomada como uma estrutura fixa e intransponível.
É sabido que a divisão cronológica da história se deve a uma conveniência 
de estudo: não são os acontecimentos que determinam os períodos. São os 
investigadores que utilizam acontecimentos e transições sociais como referências 
balizadoras dos seus estudos. Os acontecimentos considerados dependem da 
área geográfica observada e a perspectiva da abordagem, que pode ser política, 
social, económica, militar e assim por diante. (AFONSO, 2015, p. 2)
Agora que você já está familiarizado com as definições de tempo de historiadores e outros 
intelectuais inseridos nas demais Ciências Humanas e da Natureza, está na hora de ser apresentado 
à História Antiga. Todavia, mais uma distinção merece sua atenção: se utilizarmos a expressão 
História Antiga, com as letras H e A em maiúsculo, estamos nos referindo à disciplina que estuda 
os povos da Antiguidade, seja ela oriental ou greco-romana, e, igualmente, à periodização. Mas, se 
utilizarmos essas letras em minúsculo, estaremos nos referindo à história ocorrida na Antiguidade, 
História Antiga12
aos fatos e acontecimentos vivenciados por mesopotâmicos, egípcios, gregos e romanos, por 
exemplo. Assim, no curso de História você estuda história.
Por muito tempo a convenção historiográfica estabeleceu o início da história antiga 
em aproximadamente 4000-3500 a.C., isso porque a escrita teria surgido no mundo ocidental 
nessa data, dando início à civilização ocidental. No entanto, muitos estudiosos defendem que 
a Antiguidade teve início em 6000 a.C., momento em que teria surgido a escrita no mundo 
oriental. Essa diferenciação evidencia uma busca pela negação da teoria eurocentrista, ou seja, 
se a cronologia constituída pelos europeus não atende a todas as realidades, ela precisa ser 
revista (SILVA; SILVA, 2010).
Do mesmo modo, a data que define o fim da era antiga, ainda segundo os europeus, é 
476 d.C., quando o último governante romano, Flávio Rômulo Augusto, foi deposto pelo rei 
hérulo (um dos povos germânicos) Odoacro, dando início ao período de estruturação dos reinos 
germânicos. O grupo de estudiosos revisionistas, como Brown (1997), defende que a Antiguidade 
teve seu fim apenas no século VIII (período denominado como Antiguidade Tardia). Essa 
linha teórica não toma a deposição do último imperador como marco do fim do período, mas 
considera aspectos religiosos para a nova definição. De qualquer modo, nós ainda seguimos a 
periodização clássica.
A despeito dessa divergência, a tradição institui que os estudos de História Antiga, no mundo 
ocidental, devem abranger as culturas mesopotâmica, egípcia, grega e romana, o que significa que 
abrangemos uma extensão temporal enorme: de aproximadamente 6000a.C. a 500 d.C. Em outras 
palavras, esses estudos abarcam 65 séculos. Se compararmos ao período que é considerado como 
Idade Média, que se estende do século V ao XV (dez séculos), podemos observar uma discrepância 
gigantesca. Mas nem sempre foi assim. Logo que os europeus definiram a periodização, os estudos 
da Antiguidade privilegiariam os acontecimentos históricos ocorridos entre, aproximadamente, 
1200 a.C. e 476 d.C. A convenção estabeleceu, como você poderá observar na Figura 2, a seguinte 
periodização para os estudos de História Antiga.
Figura 2 – Descrição dos povos estudados pela História Antiga
–4000
Surgimento 
da escrita
Fim do 
Império Romano
Antiguidade
Clássica
Antiguidade
Oriental
Mesopotâmia
Egito
Pérsia
Fenícia
Hebreus
476
Pré-História Idade Antiga Idade Média
Grécia
• Esparta
• Atenas
Roma
• Monarquia
• República
• Principado
• Antiguidade 
 Tardia
Fonte: Elaborada pela autora.
A escrita e a Antiguidade 13
Quando surgiu o interesse pelos povos antigos, você saberia responder? Uma primeira parte 
da resposta se encontra no início desta seção, quando vimos que os renascentistas e posteriormente 
os iluministas buscaram as fontes da Antiguidade para embasarem suas teorias de que os povos 
evoluem e eles eram superiores, pois estavam no topo de uma era civilizada. Foi a forma encontrada 
para tentar resgatar o elo com as origens do mundo ocidental.
Entretanto, ainda há uma segunda causa para tanto interesse: a posse de objetos de arte 
considerados como relíquias, tesouros, tornou-se necessária. Durante os séculos XVI, XVII e 
XVIII, principalmente, ser proprietário de estátuas greco-romanas ou objetos variados dos povos 
antigos era sinônimo de pertencer à burguesia. Quanto mais objetos sob sua tutela, mais alto era o 
grau de importância entre os homens de poder.
Napoleão Bonaparte é um exemplo desse interesse por obras de arte antigas. Durante suas 
investidas bélicas por países como o Egito, ele patrocinou projetos arqueológicos com a finalidade 
de aumentar sua coleção de obras de arte consideradas exóticas. Muito do que está exposto nos 
museus franceses, como o Museu do Louvre, por exemplo, é resultado de escavações patrocinadas 
por ele. Todavia, ampliar a coleção não era a única razão para se investir na recuperação da 
cultura antiga, havia uma razão talvez mais importante: a intenção de retomar a glória da França 
enfraquecida por revoluções e construir a imagem de Napoleão como conquistador de territórios. 
Nessa empreitada, a Arqueologia foi um instrumento imprescindível, uma vez que, de acordo com 
Stoiani e Garrafoni (2006, p. 76-77),
a virada do século XVIII para o XIX foi um momento fundamental para a 
estruturação da Arqueologia francesa, que então nascia. Sua concepção está 
inserida em um novo contexto social pautado, como destaca Olivier, na filosofia 
das Luzes e na invenção da nação, concebida como uma coletividade com 
origens históricas comuns... Neste sentido, gregos, romanos, celtas, egípcios 
são recolocados no cotidiano francês, seus principais símbolos revisitados, 
produzindo imagens específicas e muitas vezes homogêneas do passado desses 
povos, buscando definir a identidade nacional francesa e justificar seu domínio 
perante outros povos. Os usos políticos do passado antigo contribuíram 
para a demarcação das diferenças e o estabelecimento de identidades: NÓS 
(franceses) em oposição a ELES (povos dos territórios conquistados pela França 
napoleônica). Assim, tanto do ponto de vista estético-material, quanto do 
mental e político-ideológico, a época de Napoleão I esteve imersa no passado 
antigo que as recentes descobertas em sítios arqueológicos faziam aflorar. 
Essa situação peculiar, longe de ser simplista, indica as relações intrincadas 
entre o passado antigo e a política moderna e, além disso, expressa o uso da 
nascente Arqueologia francesa com finalidades bem definidas e fundamentais 
na construção simbólica do poder napoleônico e da identidade francesa.
Devido ao fato de que as primeiras escavações tiveram o objetivo de ampliar acervos 
particulares e de gabinetes de curiosidades (como eram chamados os museus), o contexto no 
qual as obras estavam inseridas não foi preservado ou corretamente estudado. Desse modo, 
sabemos, por exemplo, que tal estátua é egípcia, mas não sabemos exatamente de que localidade, 
de que templo, quais outros objetos estavam ao lado dela, se o contexto era fúnebre, religioso ou 
político. Embora a própria estátua nos dê elementos de identificação cultural, perdemos parte de 
sua história com essas escavações de fundo político.
História Antiga14
Retornemos ao que é próprio da História Antiga: o conhecimento sobre os povos da 
Antiguidade. Para a compreensão dessas culturas, os egiptólogos, helenistas (quem estudam 
a Grécia), latinistas (que estudam Roma) ou mesmo os orientalistas (que estudam os povos 
do Oriente Próximo) perceberam que não conseguiriam ir muito além em seus estudos se 
caminhassem sozinhos. Foi imprescindível aos historiadores da Antiguidade se associarem a 
arqueólogos, antropólogos, filólogos, filósofos, semiologistas e até mesmo químicos.
Talvez aqui você perceba de forma mais direta a relação entre a História e a Arqueologia, 
afinal, é esta última que traz à nossa vista os artefatos e biofatos que são estudados pelos 
historiadores. No entanto, a cultura material resgatada traz símbolos escritos e imagéticos 
que precisam ser descritos, decifrados, interpretados, funções de filólogos e semiologistas. 
Os antropólogos e filósofos contribuem com suas pesquisas sobre as relações entre os homens 
e suas formas de pensamento. É provável que você esteja se perguntando o que os químicos 
estão fazendo aqui na área das Ciências Humanas. Eles são os responsáveis, por exemplo, por nos 
auxiliar na datação dos objetos pelo método do carbono 14.
Os especialistas da História na área da Antiguidade não andam sozinhos pelos labirintos 
do conhecimento. As parcerias com outras especialidades tornam seu trabalho mais completo e 
o resultado de suas pesquisas mais verossímil, já que não podemos recuperar por completo uma 
realidade que já passou. Quanto mais longe estivermos do tempo estudado, mais complexo é o 
processo de descoberta do que realmente aconteceu. Isso se deve, também, ao problema das fontes.
1.2 A cultura material e os povos antigos
Quando falamos em fontes primárias, estamos nos referindo àquelas produzidas dentro 
do contexto estudado, em nosso caso específico, as fontes primárias produzidas na Mesopotâmia, 
no Egito, na Grécia e em Roma. Podemos citar como exemplos de fontes primárias antigas toda 
a produção escrita, as construções arquitetônicas, os objetos de arte, as moedas, os utensílios 
domésticos e ritualísticos, os armamentos, o vestuário, os brinquedos, os jogos, entre tantos outros.
Esse conjunto pode parecer extenso e é. No entanto, é consenso entre os estudiosos do 
mundo antigo que muito já se perdeu (pela ação humana ou da natureza) e que muito ainda está 
por ser encontrado. A Arqueologia tem descoberto novas fontes que confirmam as teorias já 
apresentadas, as complementam ou, até mesmo, as contestam. Mas como você leu no final da seção 
anterior, essas fontes nos colocam problemas, ou desafios, complicados àqueles que se debruçam 
sobre elas. Vejamos alguns exemplos.
Imagine-se como um arqueólogo em trabalhos de prospecção em terreno assírio. Você já 
identificou espaços onde há indícios de objetos a serem encontrados. Trabalhos iniciados e, de 
repente, um tablete de argila com inscrições surge à sua frente. Como o persa antigo e a escrita 
cuneiforme já foram decifrados, você acredita que não terá muitos problemas para traduzir o que 
se encontra escrito ali. Olhando mais de perto, porém, percebe que o tablete está fragmentado, sua 
superfície tem rachaduras e lascas que fizeram parte da escrita desaparecer. De qualquer forma, 
alguns dados históricos são recuperados até que você se depara com um nome que apresenta apenas 
artefatos:objetos 
fabricados ou 
modificados pela 
mão do homem.
biofatos: 
vestígios animais 
preservados.
A escrita e a Antiguidade 15
as letras iniciais identificadas como “Assu”. Seria Assurbanípal? Ou Assuruballit II? A identificação 
equivocada do nome do chefe do governo pode trazer interpretações históricas errôneas.
Outro exemplo: escavando a região do Mar Morto, sua equipe encontrou um papiro que, 
após alguns estudos preliminares, foi identificado como sendo de autoria de um sumo sacerdote 
do Templo de Israel falando de um profeta que se autointitulava Messias. Logo acreditaram ter 
encontrado mais uma prova da existência do Jesus Homem. Muito provavelmente você e sua 
equipe ficaram eufóricos. Mas, como profissionais competentes, enviaram o material para que 
fosse realizado um teste de carbono 14. Tempos depois, a confirmação da data do objeto: século 
I d.C. Pronto. Todo mundo feliz. Aquele achado era do período em que Jesus viveu. Entretanto, 
o que parecia ser um documento importante aos pesquisadores da Arqueologia Sírio-Palestina 
(anos atrás chamada de Arqueologia Bíblica) não esclareceu muito sobre esse tal de Messias e sua 
equipe se lembrou de que na mesma época vários homens se declaravam como o profeta enviado 
por Deus, tentando se passar pelo salvador do povo judeu. O que fazer com essa fonte primária? 
No mínimo, continuar os estudos sobre o nome do sumo sacerdote, sobre o contexto onde o objeto 
foi encontrado e buscar ajuda de outras equipes que trabalhem com o tema.
Mesmo com os problemas de interpretação, os pesquisadores continuam na empreitada de 
nos apresentar explicações plausíveis sobre os acontecimentos ocorridos na Antiguidade. Embora 
nos séculos XVIII, XIX e início do XX as fontes estudadas tenham sido apenas as escritas, que se 
referiam a grandes feitos (como guerras) e grandes homens (como reis, faraós, homens públicos 
etc.), a partir da década de 1960, especialmente, a História Antiga expandiu suas pesquisas sobre 
uma enormidade de artefatos. Quer saber um pouco mais sobre eles? Vamos lá!
1.2.1 Os documentos escritos
Pensando no mundo antigo, seja por meio de leituras ou por tudo que os filmes já nos 
apresentaram, é muito comum imaginarmos que a escrita se dava quase que exclusivamente 
sobre um tipo de suporte: o papiro. No entanto, podemos encontrar vestígios escritos em 
tabletes de argila (como na situação hipotética da escavação do Mar Morto vista anteriormente) 
e de bronze, paredes, vasos, pedestais de estátuas, colunas, muros, moedas etc. Isso implica 
multiplicar enormemente o número de fontes a serem pesquisadas pelos historiadores.
Quando falamos do suporte papiro, estamos nos referindo a documentos como leis, 
anotações administrativas, textos de tragédias e comédias, compilação de mitos, contratos 
de casamentos, hinos aos deuses, textos filosóficos e até mesmo magia, entre outros estilos. 
É importante ressaltar aqui que esse suporte era utilizado no Egito, na Grécia e em Roma. 
Em terreno mesopotâmico, a escrita era privilegiada em tabletes ou tabuinhas (nome mais 
utilizado) de argila, pedra, marfim, vidro, madeira e metal. Sua escrita é conhecida como 
cuneiforme que, em período remoto, deu origem às línguas suméria e acádia.
Os documentos mais antigos conhecidos até hoje foram encontrados em um 
templo na cidade de Uruk, com data aproximada de 3.200 a.C. São tabletes de 
argila com escrita cuneiforme, apresentando sinais pictográficos. O nome da 
escrita cuneiforme vem do latim cuneus (canto), pois ela é o resultado da incisão 
de um estilete, impressa na argila mole, com três dimensões (altura, largura e 
profundidade). (POZZER, 1998/1999, p. 61, grifo do original)
História Antiga16
Observe, na Figura 3 a seguir, as marcas inscritas no mármore. Imagine você se deparando 
com uma fonte primária que apresenta essas marcas. Obviamente sua curiosidade seria aguçada, 
mas será que imaginaria se tratar de uma língua escrita?
Figura 3 – Inscrição cuneiforme gravada em mármore
Fragmento de estátua neossuméria, em mármore negro, com inscrição 
cuneiforme, ca. 2046-2038 a.C., Metropolitan Museum of Art. 
A decifração e a compreensão da escrita cuneiforme só foram possíveis, no século XIX, 
porque desde 1530, no Collège Royal François Ier, atualmente denominado Collège de France 
(Paris), já eram ensinadas duas línguas cujo conhecimento foi fundamental aos tradutores: 
tratava-se do ensino do hebreu e do árabe. Embora não possuíssem sinais gráficos semelhantes aos 
cuneiformes, as suas estruturas linguísticas serviram como base para a decifração que teve início 
em documentos bilíngues ou trilíngues. Outros dois fatores que colaboraram para essa tarefa foram: 
o conhecimento da obra de Heródoto, História, que trazia informações sobre dinastias persas, e a 
tradução de Abraham Duperron, em 1771, do livro sagrado do Zoroastrismo, o Zend-Avesta, cuja 
língua avestan era muito parecida com o persa antigo (BAKOS; POZZER, 1998).
A aventura toda começou com expedições em ruínas de uma cidade antiga nos Montes 
Zagros (cordilheira que se localiza entre o Irã e o Iraque) no século XVIII. Depois de identificada 
como Persépolis, capital do Império Aquemênida (Pérsia, entre 559-331 a.C.), em 1780, 
Carsten Niebuhr, um explorador alemão, descobriu e copiou de maneira fidedigna uma parte 
das inscrições que se encontravam nas paredes dos palácios. No entanto, apenas em 1802, o 
linguista Georg Grotefend conseguiu decifrar alguns dos caracteres do persa antigo e identificou 
os nomes dos reis Dario e Xerxes. Para tanto, ele estabeleceu um paralelo entre essa língua e a 
grafia do grego, do hebreu e do avestan. Anos mais tarde, em 1835, foi descoberto o Rochedo 
de Behistun onde havia uma inscrição trilíngue (persa antigo, elamita e assírio-babilônico ou 
acádio, como é conhecida hoje). A partir da descoberta até 1847, Henry Rawlinson (soldado e 
orientalista britânico) debruçou-se sobre a gigantesca inscrição e decifrou por completo o persa 
antigo. A última língua a ser decifrada foi o sumério. Isso ocorreu em 1877 devido à persistência 
do arqueólogo e assiriólogo François Thureau-Dangin (BAKOS; POZZER, 1998).
Como você pode perceber, encontrar as fontes escritas exigiu expedições e decifrá-las, 
empenho de décadas. Entre os mais importantes documentos escritos da Mesopotâmia, podemos 
citar o Código de Hamurabi, escrito em rocha de diorito escuro, apresentado na Figura 4 a seguir, 
A escrita e a Antiguidade 17
que muito provavelmente você já viu em ilustrações nos livros didáticos que utilizou nos ensinos 
fundamental e médio. Ele não é importante apenas por ser uma das mais conhecidas fontes escritas 
da Mesopotâmia, mas porque a legislação ali inscrita foi utilizada por várias culturas distintas.
O monólito mostrado na Figura 4 foi encontrado nas 
ruínas de Susa, na região do atual Irã, em 1901, pela expedição 
do arqueólogo Jacques de Morgan. Datado de aproximadamente 
1780 a.C., traz registrados 282 princípios dispostos em 46 
colunas de escrita cuneiforme acádica. Embora tenha sido 
interpretado durante muito tempo como um código de leis 
a serem seguidas por todos os súditos do Rei Hamurabi, há 
pesquisas indicando que ele não era propriamente um código, 
não tinha função legislativa, pois traz um prólogo e um epílogo, 
podendo se tratar de um documento com o intuito de promover 
uma apologia real, ou seja, justificar que o rei tem o poder 
porque assim os deuses desejaram, bem como tinha a função 
de glorificá-lo como um juiz justo. Os estudos ainda indicam 
que as gravações no monólito serviriam como guia de ações de 
futuros reis (LOBOSCO, 2007).
A respeito da escrita egípcia, exemplos não faltam. Não só os museus desse país estão repletos 
de exemplares de fontes escritas como também inúmeros museus pelo mundo. Sem contar os 
textos gravados nas paredes de templos, tumbas, pirâmides etc. Há dois documentos que ganham 
bastante destaque: a Pedra de Roseta e o Livro dos Mortos.
Aceita viajar pelo mundo mítico egípcio?Então vamos, primeiramente, à Pedra de Roseta. 
Antes, porém, vejamos algumas informações sobre a escrita desse povo.
A escrita egípcia pode ser observada em quatro tipos de grafia: a hieroglífica (escrita 
sagrada), a hierática (escrita dos sacerdotes), a demótica (escrita do povo) e o cópita (mistura dos 
sons dos antepassados com os sons do grego – permaneceu por séculos). Embora essas escritas 
tenham sido objetos de observação, admiração e tentativas de decifração no decorrer da história, 
apenas a partir de 1799 é que os hieróglifos foram realmente decifrados pelo filólogo Jean-François 
Champollion, após a descoberta de um bloco de granito negro, fragmentado, com uma inscrição 
em três tipos de escrita (hieroglífica, demótica e grega). Tal descoberta, realizada pelo tenente 
francês Pierre-François-Xavier Bouchard na data acima citada, durante as escavações no Fort de 
S. Julien, na cidade de Roseta, é considerada o início da Egiptologia (ALMEIDA, 2005). Esse 
bloco, conhecido como Pedra de Roseta, é, na verdade, um decreto que
expõe a decisão tomada em um conselho sinodal realizado na cidade egípcia 
de Mênfis, primeira capital real do Egito e ainda muito importante na 
época ptolomaica. O texto descreve em minúcias os deveres realizados pelo 
rei ptolomaico (no documento ele é apresentado em seu papel faraônico de 
mantenedor da ordem), além das honras conferidas pelos sacerdotes ao rei e 
a sua família, incluindo os fazeres diários para com a estátua do rei e de seus 
parentes. (ALMEIDA, 2005, p. 535)
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Figura 4 – Código de Hamurabi
Fragmento do monólito que mede 
2,25 m de altura, 1,50 m na parte 
superior e 1,9 m na base e pesa 
cerca de 4 toneladas, atualmente 
exposto no Museu do Louvre.
História Antiga18
O Decreto de Mênfis foi escrito após Ptolomeu V se tornar faraó aos 14 anos em um 
momento de crise do Egito. Veja, na Figura 5, o formato no qual o documento foi encontrado pelos 
arqueólogos (A) e a possível reconstituição com base em descrições de especialistas e ilustrações 
semelhantes (B).
Figura 5 – Pedra de Roseta ou Decreto de Mênfis
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De granito negro, mede 1,18 m de altura, 77 cm de 
largura e 30 cm de espessura, pesa cerca de 760 kg, 
datada de 196 a.C., pertence atualmente ao acervo do 
Museu Britânico.
Ilustração da Pedra de Roseta e 
das partes que faltam da estela 
(monólito) da qual ela fazia parte 
originalmente, Museu Britânico.
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(A) (B)
Outro documento escrito de grande importância para o Egito e para os estudos de 
Egiptologia é o Livro dos Mortos. Uma tradução aproximada para o título Reu Nu Pert Em Hru 
é Fórmulas para Voltar à Luz. No entanto, esse documento não era um livro no sentido que 
conhecemos hoje. Não era uma obra confinada a um único papiro ou conjunto de papiros 
unidos que trazem uma história com começo, meio e fim e nem mesmo tem uma autoria única. 
São fórmulas mágicas, preces, hinos e curtas invocações, ao modo das ladainhas cristãs, que 
foram encontradas separadas e compiladas por estudiosos no final do século XVIII, início do 
XIX. Em seu contexto original, essas fórmulas, preces etc. eram escritas em papiros que eram 
colocados nas tumbas com as múmias ou escritas nos próprios túmulos. O principal objetivo 
dessa ação estava em auxiliar o falecido em sua viagem para o além, orientando-o sobre os 
perigos do caminho até o Reino de Osíris. Os egípcios acreditavam que o conjunto de fórmulas 
era um presente de Thoth (deus do conhecimento, da escrita, da magia). Várias cópias foram 
feitas ainda na Antiguidade. O primeiro exemplar a que os egiptólogos tiveram acesso data de, 
aproximadamente, 1580 a.C. As publicações modernas consideraram cada fórmula um capítulo. 
Desde a primeira publicação, que teve 165 capítulos, outras fórmulas foram encontradas. 
A última versão de 1960 apresenta 162 capítulos (SOUZA, 2013).
A escrita e a Antiguidade 19
Na Figura 6, há um exemplar de papiro com tais fórmulas. Você poderá observar que, além 
da escrita, há uma representação figurada que resume a intenção do documento.
Figura 6 – Papiro com fórmulas mágicas destinadas aos mortos
Detalhe do Livro dos Mortos, do escriba Nebqed, durante o reinado de Aménophis III (1391-1353 a.C.), Museu do Louvre. 
Ele é seguido por sua mãe e sua esposa que se apresentam diante de Osíris, o deus dos mortos. 
Quanto à Grécia, as fontes escritas também são abundantes. Há textos sobre mitologia, 
política, filosofia, tragédias e comédias, entre outros gêneros. Um dos autores mais conhecidos 
dessa cultura é Homero, cujas obras e personagens conhecemos de livros, filmes e desenhos 
animados, por exemplo. Você já ouvir falar na Ilíada e na Odisseia? Com certeza já ouviu sobre 
o cavalo de Troia. Uma curiosidade: a escrita dessas duas obras foi tardia, quase três séculos após 
sua provável criação.
Você, agora, está convidado a conhecer mais essa empreitada para a construção e o 
entendimento da cultura que é tida como berço da civilização ocidental.
Diferente das culturais anteriores vistas aqui, o entendimento do grego não precisou passar 
pela descoberta de fontes arqueológicas. O grego, para além de ser a língua da Grécia, foi levado 
a uma vasta extensão territorial a leste da Europa e do Oriente Próximo com as conquistas de 
Alexandre, o Grande. No próprio Império Romano, antes de o latim ganhar força, era o grego 
a língua dos generais. Durante a Idade Média, muitas obras foram traduzidas para o latim pelos 
monges copistas. Desse modo, nas bibliotecas dos mosteiros estavam guardados os documentos 
originais e suas traduções.
Como você verá no Quadro 1 a seguir, a história da escrita grega é bem interessante e pode 
ser dividida em cinco etapas.
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História Antiga20
Quadro 1 – Periodização da escrita grega
Períodos Características
Período formativo
Teve início com a chegada de tribos indo-europeias à península grega, 
aproximadamente em 1500 a.C.
Período clássico
Teve início com a literatura de Homero, cerca de 900 a.C. O dialeto que se destacou 
nesse período foi o ático. Grande parte das fontes analisadas na atualidade se 
enquadra aqui.
Período koiné
Koiné significa comum. Provém do ático e teve início com as conquistas de 
Alexandre Magno em mais ou menos 330 a.C.
Período bizantino
Teve início com a divisão do Império Romano em 330 d.C. indo até a tomada de 
Constantinopla em 1453 pelos otomanos.
Período moderno
Teve início em 1453. Apenas em 1834 é que os estudiosos observaram um 
parentesco entre o koiné e o grego moderno.
Fonte: Elaborado pela autora com base em Areán-García, 2010.
Uma curiosidade sobre a língua grega é que ela era escrita apenas em maiúsculo, com letras 
arredondadas, dispostas de forma contínua, sem pontuação para separação das palavras bem 
como sem acentos. Por esse motivo e pela confusão que algumas letras muito parecidas causavam, 
algumas traduções foram problemáticas. Esse estilo de escrita poderá ser visualizado na Figura 7 
a seguir.
Figura 7 – Escrita grega
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Um dos 36 tabletes de bronze encontrados no Templo de Zeus, 
em Locros Epicefirios, com inscrição relativa a transações 
econômicas (empréstimos, presentes), ca. IV-III a.C., Museo 
Archeologico Nazionale di Reggio Calabria.
A escrita e a Antiguidade 21
Vale ressaltar que, antes do surgimento da língua grega, os povos que se estabeleceram na 
região faziam uso de outras duas línguas que receberam dos estudiosos as denominações de Linear 
A e Linear B. A Linear A, encontrada na Ilha de Creta, ainda hoje não foi decifrada. A Linear B, 
apresentada na Figura 8, utilizada em Pilos, Micenas, Tirinto, Tebas, Cnossos e na Cidônia, foi 
decifrada em 1950 pelos arqueólogos ingleses Michael Ventris e John Chadwick.
Figura 8 – Linear B
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Tablete deargila contendo uma inscrição micênica, em escrita Linear B, encontrada na Casa do Mercador de 
Óleo, ca. 1250 a.C., Museu Arqueológico Nacional de Atenas. Nele está registrada uma certa quantidade de lã, 
destinada a ser tingida por encomenda de uma jovem mulher. No reverso está gravada uma figura masculina. 
Em relação à cultura romana, igualmente podemos contar com um número muito grande 
de fontes escritas. Essa língua, originária na região do Lácio, não apenas foi utilizada para registros 
administrativos como também foi eleita pela Igreja Cristã para a divulgação dos preceitos do 
cristianismo. Dela se originaram, no transcorrer do tempo, o espanhol, o italiano e o francês, 
por exemplo.
Criado por volta do século VII a.C., o alfabeto latino ou romano se baseou no alfabeto 
dos etruscos (um povo do nordeste da Itália). As letras eram grafadas em maiúscula, tendo as 
minúsculas surgido próximo ao fim do século VIII de nossa era. Tomaremos como exemplo, 
conforme a Figura 9, uma fonte em que podemos notar o latim como língua oficial do Império 
(RIBEIRO; CÂNDIDO, 2010).
História Antiga22
Figura 9 – Escrita latina
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Inscrição dedicatória, em latim, na base da Coluna de Trajano, mármore, 
ca. 113 d.C., Roma. 
1.2.2 As fontes arquitetônicas
Inúmeras fontes arquitetônicas antigas são muito conhecidas devido ao fato de terem se 
tornado, a partir do século XX, pontos turísticos amplamente explorados e divulgados nas 
diferentes mídias. Dentro dessa categoria de fonte podemos citar templos, fóruns, ruínas de casas, 
estradas, muros, cisternas, aquedutos, cemitérios, tumbas, pirâmides, anfiteatros, hipódromos etc. 
Por vezes é possível ter acesso a uma cidade quase inteira, como é o caso de Pompeia, preservada 
pela erupção do Vesúvio em 79 d.C.
Por meio do estudo da arquitetura de um povo, é possível apontar como pensavam as 
separações de espaço (masculino/feminino – sagrado/profano – população subalterna/governantes 
– vivos/mortos), que recursos materiais utilizavam (barro, pedra, madeira etc.), como se dava a 
convivência nos espaços públicos e privados, como pensavam a defesa de territórios, a importância 
dada aos deuses e reis, como imaginavam a vida além da morte, o sistema de comunicação, 
o abastecimento de uma cidade etc. Sendo um produto cultural, a arquitetura revela o homem que 
a construiu.
Você já deve ter sido apresentado a inúmeros exemplos arquiteturais dos povos que aqui 
estão sendo estudados. O cinema, as novelas e a internet nos trazem detalhes impressionantes 
mostrando que a tecnologia da época era muito mais avançada do que muitos de nós pensávamos.
Observe as figuras 10 e 11 a seguir. Embora a monumentalidade não esteja presente, elas 
evidenciam como os espaços eram pensados.
A escrita e a Antiguidade 23
Figura 10 – Cemitério do Cerâmico
Ruínas do Cerâmico, antigo cemitério de Atenas, atualmente sítio arqueológico. 
Figura 11 – Ornamentação utilizada em casas de famílias abastadas
 Interior da casa de Amorini Donati, afresco, Pompeia. 
Nos dois exemplos anteriores, é possível observar a grandiosidade dos prédios 
arquitetônicos ou os detalhes dos interiores de algumas casas. A tecnologia utilizada tanto nas 
construções quanto nos ornamentos evidencia conhecimentos de engenharia e arte considerados 
de última geração.
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História Antiga24
Falar das ruínas antigas, você pode imaginar, exigiria quase o tempo de uma vida. Há muitos 
exemplares já descobertos, muitos a descobrir, incontáveis detalhes e histórias para desvendar e 
interpretar. Como se não bastassem as plantas dessas construções, os materiais com que foram 
construídas e as funções a que se destinavam, as paredes de palácios, templos e tumbas, por 
exemplo, podem conter relevos, murais e mosaicos que por si só contam uma história. Essas 
imagens também possuem significados próprios para cada cultura que as representava. Dito isso, 
você está convidado a construir seu conhecimento sobre a arte figurada no mundo antigo.
1.2.3 As representações figurada e estatuária
Você já ouviu falar em imagética? Em representação figurada? Uma das formas encontradas 
por todos os povos, não apenas os antigos, para representar, para dar a conhecer suas culturas, 
são as imagens. É a isso que os estudiosos dão o nome de representação figurada ou imagética. São 
pinturas em vasos, paredes, mosaicos elaborados em paredes, no chão ou nos armamentos.
Cada povo elabora seus padrões, suas convenções artísticas, estipula as cores para cada 
situação a ser representada, o que pode ou o que não pode ter como elemento complementar 
de acordo com o contexto da cena. Em outras palavras, se a cena representa a guerra, algumas 
imagens devem aparecer e outras não podem aparecer. Ao observar o “desenho”, cada povo deve 
poder identificar claramente o que ou a quem ele se refere.
Embora diferentes culturas façam uso de elementos idênticos (como o leão que aparece na 
cultura persa, grega e romana, por exemplo), cada uma tem sua forma particular de representá-lo 
(apenas de perfil, de frente) e cada uma traz significados distintos (força, poder, selvageria a ser 
derrotada etc.).
Entre os egípcios, é muito comum a representação dos deuses, do Nilo e das práticas 
cotidianas, como pesca, colheita etc. No que diz respeito aos gregos, você sabia que eles nunca 
representaram cenas da política? Não há um único vaso com a representação de uma assembleia na 
ágora ou um julgamento num tribunal. Em contrapartida, a mitologia e a vida cotidiana ganharam 
cores e espaços significativos. Em território romano, elementos da cultura grega foram utilizados e 
adaptados, o que não significa dizer que não possuíam um repertório imagético próprio.
Ainda no que diz respeito às imagens, as estátuas são importantes para nossa compreensão 
das culturas antigas. Você já parou para se perguntar qual a função desses elementos que hoje 
são utilizados como decoração? Podemos lhe garantir que não eram para decorar. Aliás, a arte no 
mundo antigo era funcional, ou seja, tinha função política, religiosa ou social, mas não a função 
de decorar.
A estátua de um imperador servia para lembrar quem estava no poder, a quem o povo 
deveria obedecer. A estátua de um deus servia para identificar a quem pertencia tal templo ou 
santuário, por exemplo. A estátua de um animal (sem a presença humana ao seu lado) tinha a 
função de reforçar as qualidades daquele povo ou lembrá-lo das forças que já foram derrotadas. 
Mas, igualmente, as estátuas poderiam ser encomendadas pelos aristocratas para que eles pudessem 
presentear um templo e, considerando a grandiosidade ou do material utilizado para sua confecção, 
mostrar seu poder. Ocorriam até rixas entre famílias na Grécia que eram efetivadas com a doação 
A escrita e a Antiguidade 25
de estátuas. Tal família encomendava uma estátua de 1,50 m em mármore e presenteava um templo. 
Logo depois aparecia uma de 2,50 m em bronze, doação de outro grupo familiar.
É importante ressaltar que muitas estátuas romanas 
são cópias de estátuas gregas. No primeiro caso, eram feitas 
em mármore e no segundo, em bronze (infelizmente foram 
derretidas para finalidades bélicas no decorrer dos tempos 
ou destruídas pela ação da natureza).
Veremos abaixo uma afirmação de um estudioso 
da arte grega que, embora fale especificamente desse 
povo, trata de uma realidade que pode ser estendida aos 
mesopotâmicos, egípcios e romanos: “Para o grego, [...] a 
arte pela arte é uma noção sem fundamento” (BOARDMAN, 
1989, p. 79, tradução nossa).
O pingente da Figura 12 representa o gorgoneion, 
a face de Medusa, cuja função era apotropaica (afastar o 
mal). Na Figura 13, temos outro exemplar de afresco com 
o objetivo de evidenciar a importância de uma dada família 
na sociedade.
Figura 13 – Arte romana
Uma cena da Ilíada em que Odisseu (Ulisses) descobre 
Aquilesvestido de mulher e se escondendo entre as 
princesas na corte real de Skyros. Mosaico em mármore e 
azulejos de vidro, 2,20 x 2,50 m, século IV-V d.C. Vila de La 
Olmeda, Espanha.
Figura 12 – Arte grega
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Pingente em bronze decorado com o 
gorgoneion (face de Medusa), segunda 
metade do século VI a.C., Museu do Louvre.
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História Antiga26
Como você poderá observar nas imagens anteriormente apresentadas, a arte figurada 
ganhou espaço em diferentes materiais, locais, formas, cores e significados. Procure observá-las 
com atenção e verifique o que lhe é familiar ou totalmente estranho. A análise de uma representação 
figurada ou iconográfica começa pela observação.
1.2.4 A numismática
A confecção de moedas no mundo antigo não foi raridade, mas também não foi unanimidade. 
Entre os povos estudados nesse momento, os mesopotâmicos e egípcios não criaram sistemas 
monetários próprios. No Egito, apenas no período ptolomaico (305 a 30 a.C.) veremos a adoção 
da moeda grega (dracma) em suas transações comerciais.
Em relação à Grécia, as primeiras moedas são datadas aproximadamente do século VII a.C. 
Seus exemplares variaram no tempo e no espaço e seu valor era determinado pelo peso e pelo 
material utilizado (COIMBRA, 1960). Com base nelas não somente podemos observar e estudar 
a composição desse material, como também é possível reconhecer símbolos culturais. Você já 
observou o que há nas moedas brasileiras? Na de R$ 1,00, temos a representação da República 
(com feição humanizada e feminina). Nos dracmas e óbulos (nomenclaturas das moedas gregas), 
não era diferente. No anverso, é sempre possível ver a imagem de um deus ou um personagem 
mítico, político. No reverso, temos o símbolo representativo da cidade ou algum elemento ligado 
ao deus ou herói. O aumento da cunhagem de moedas é realmente sentido no mundo romano. 
As primeiras cunhagens, ainda em período da realeza, revelam um modelo e tamanho bem 
diferentes do que estamos acostumados. Já se imaginou pagando uma mercadoria com uma 
moeda retangular de 9 x 15 cm e de quase 1,5 kg? Pois é. Assim eram os lateres, em que podemos 
encontrar a figura de um boi representada, pois esse animal era tomado como medida de valor 
nas trocas comerciais (COIMBRA, 1960). Observe o exemplar apresentado na Figura 14 a seguir.
Figura 14 – Exemplar de later
Later (protomoeda), lingote de bronze, com aproximadamente 15 cm 
de comprimento e cerca de 1,4 kg, fim do século IV ou início do 
século III a.C, Biblioteca de Santa Genoveva, Paris. 
anverso: parte 
frontal da moeda, 
cara.
reverso: parte 
oposta ao anverso, 
coroa.
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A escrita e a Antiguidade 27
O estudo da numismática1 é muito relevante para a compreensão dos povos antigos, pois 
“as moedas não apenas são instrumentos importantes para estabelecer a datação dos documentos 
que chegaram até nós sem seu contexto original, como são de grande valia na compreensão 
dessas mensagens simbólicas descritas no corpo das amoedações” (CARLAN, 2014, p. 14, grifo 
do original).
Nos exemplos mostrados na Figura 15, a seguir, você poderá verificar simbologias próprias 
dos gregos e romanos.
Figura 15 – Exemplares de moedas grega e romana
(A)
Esboço de um tetradracma (equivalente a quatro dracmas) ateniense. 
No anverso, cabeça da deusa Atena e, no reverso, símbolo da deusa e da 
sabedoria: a coruja. ca. 490 a.C. 
(B)
Dracma romano de bronze, ca. 225-212 a.C. Face de Juno no anverso e 
Júpiter na carruagem seguido pela Vitória no reverso.
Nos dois modelos anteriores, temos as representações de divindades estimadas pelos 
 gregos e romanos. A coruja, na primeira imagem, reforça o lugar e a função da deusa: a sabedoria. 
Na segunda imagem, temos Júpiter e a Vitória representando a força do exército romano. Com 
esses exemplos, podemos observar elementos culturais significativos e significantes.
1.2.5 Os vasos
Se você quiser escolher uma fonte primária da Antiguidade para colocar no topo da lista 
dos mais encontrados, os vasos serão a primeira opção. Chegaram até nós milhares de exemplares 
1 Expressão derivada da palavra latina nummus (moeda), que significa o estudo das moedas cunhadas (CARLAN; 
FUNARI, 2012, p. 11).
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História Antiga28
intactos ou muito bem preservados. Esses utensílios eram utilizados no dia a dia, em rituais, no 
armazenamento e transporte de cereais, vinho e azeite, serviam como urnas funerárias, além de 
outras finalidades. Podiam ser encontrados nas casas, nos templos, nos caminhos, em tumbas, nos 
mercados. Tinham tamanhos e formas variados de acordo com a função a que eram destinados. 
Seus materiais também são diversos. Temos vasos em cerâmica, vidro, bronze, prata, ouro e até 
mármore e calcário.
Quando os especialistas os analisam, buscam informações sobre o tipo de material e com 
base nisso estabelecem o local de criação e a capacidade técnica do artesão. A análise também 
permite descobrir as técnicas utilizadas para a sua confecção, observar a qualidade da produção 
(se a cerâmica é polida ou não, por exemplo, se o bronze está poroso ou não), tentar identificar o 
ateliê onde foram produzidos e se possível o artista que realizou a decoração do vaso, já que alguns 
vasos trazem assinatura.
Há uma etapa dessa análise bem complicada: a identificação e a interpretação das imagens 
reproduzidas quando não há uma inscrição identificando os nomes dos personagens. Para não 
incorrer em erro, o estudioso deve conhecer a convenção artística de cada local evitando, assim, 
nos repassar informações falsas. Para compreendermos um pouco mais a dificuldade da análise das 
representações iconográficas nos vasos, vamos fazer um teste? Observe as duas imagens a seguir.
Figura 16 – Representações de perfis masculinos
Héracles em seu décimo trabalho, ca. 
480 a.C., Museu do Vaticano. 
(A)
Po
m
pi
lo
s/
W
ik
im
ed
ia
 C
om
m
on
s
Tetradracma de Alexandre, o Grande, 
240-180 a.C.
(B)
Ya
ro
sl
af
f/
/S
hu
tt
er
st
oc
k 
Em ambas as imagens, você pode ver uma face masculina voltada para a direita e com o 
manto leonino sobre ela. Representam o mesmo personagem em suportes artísticos diferentes? 
Até poderia ser. Mas, nesse caso, na primeira imagem (A) temos o personagem Héracles, o herói 
mitológico grego que teve de realizar os doze trabalhos, representado em um vaso datado de 
aproximadamente 480 a.C., proveniente de Vulci, hoje exposto no Museu do Vaticano. Já na 
segunda (B), temos a representação de Alexandre, o Grande, rei macedônico conquistador dos 
gregos. Nessa imagem, ele é retratado ao modo do herói, para reforçar sua força, o apoio que 
acreditava receber dos deuses.
A primeira imagem é o recorte de uma cena de um vaso romano de figuras vermelhas, 
em que vemos Héracles navegando na taça do deus Hélios (Sol) durante o seu décimo trabalho. 
A segunda, uma moeda macedônica, em ouro, que se encontra no Museu de Arte de Atenas.
A escrita e a Antiguidade 29
Para estudar uma cultura por meio da interpretação iconográfica contida nos vasos, é 
necessário ao especialista ter conhecimento mais aprofundado de seus símbolos, sua mitologia, sua 
mentalidade e sua história. Hoje em dia, temos um aumento considerável de estudos semiológicos 
das imagens que buscam as analisar separadamente e, na sequência, relacioná-las entre si para 
apontar o sentido e a simbologia da cena. Não é uma tarefa fácil.
1.2.6 As fontes primárias diversificadas
Ainda dentro do conjunto das fontes primárias disponíveis para o estudo da Antiguidade, 
podemos citar utensílios domésticos, utensílios ritualísticos, armamentos, brinquedos e jogos. 
Por meio da análise desses objetos, você também poderá aprofundar seus conhecimentos sobre 
as culturas.
Para saber mais sobre eles, procure pesquisar em sites acadêmicosos resultados das 
pesquisas brasileiras sobre a iconografia antiga. Você se surpreenderá em ver como as pesquisas 
na área de História Antiga no país são abundantes e profissionais.
Com todos esses exemplos de fontes primárias, você deve pensar: podemos recriar cenários, 
situações reais daquele passado. Mas não é bem assim. Essas fontes trazem a marca de seu tempo, 
de seus espaços, de seus criadores, mas não são o passado.
Tais vestígios, contudo (e este é um ponto crucial), não importa sua quantidade 
ou qualidade, não são o próprio passado, mas algo bastante diferente. Não 
são representativos do que aconteceu de um modo uniforme ou regular; 
não são o passado como se reduzido a uma versão pequena de si mesmo. 
São mais como escassos pontos de luz na escuridão: isolados, desordenados, 
caóticos, filtrados, irregulares. Permitem-nos falar sobre o passado sem jamais 
vê-lo. (GUARINELLO, 2003, p. 43)
A despeito de todos os problemas que as fontes nos impõem, mesmo que elas sejam 
exemplares isolados, filtrados etc., são elas que nos permitem conhecer um pouco sobre a história 
dos povos passados. Elas são rastros culturais que nos indicam possibilidades históricas.
1.3 Interpretando e reinterpretando a Antiguidade
Como você acabou de ler, as fontes nos revelam indícios de um passado. Analisá-las é 
trabalho de vários cientistas sociais, entre eles os historiadores. No entanto, uma mesma fonte, 
ou conjunto de fontes, poderá ser tomada por um ou mais historiadores, uma ou mais vezes, em 
épocas distintas. Para entender melhor essa dinâmica, é importante que você preste atenção às 
situações hipotéticas a seguir.
Em 1530, período do Renascimento italiano, um grupo de estudiosos toma para análise 
20 vasos de cerâmica ateniense com representações de cenas de guerra. Como um dos interesses 
desses intelectuais é valorizar aspectos específicos do mundo antigo, provavelmente destacarão 
as posições dos guerreiros e a presença do corpo masculino na cena, modelo a ser explorado 
pelos artistas.
História Antiga30
Já no período da criação dos Estados-Nação, os mesmos vasos são analisados por 
historiadores contratados para escreverem uma história que dê identidade ao seu povo (francês, 
alemão, inglês). É certo que também darão valor à presença masculina no combate e usarão o 
argumento de que seus antepassados foram heróis, guerreiros valentes, destemidos.
Mais uma vez o conjunto de vasos é tomado para estudos no início do século XX. 
A mesma cena não será mais utilizada para representar o espírito do tempo do historiador, mas 
será interpretada como representação do espírito da época da fonte: como os gregos se viam, como 
eles imaginavam a guerra é o que está ali.
Os mesmos vasos são agora estudados nas décadas de 1990-2000. Continuamos vendo 
o interesse em buscar o contexto antigo, a valorização dos elementos culturais daquele tempo. 
No entanto, as análises não mais serão centralizadas nas figuras dos guerreiros. O olhar será 
ampliado pelas simbologias estampadas dentro dos escudos, abaixo ou acima dos guerreiros, 
sobre as cenas complementares. Buscam-se novos sentidos nas imagens, até os sentimentos 
expressos ali serão considerados.
Nas quatro situações hipotéticas, os interesses de cada intelectual e os objetivos de seu 
próprio tempo foram relevantes para a pesquisa. Esses exemplos procuraram mostrar a você que 
as fontes podem ser interpretadas e reinterpretadas. Essa tarefa considera os preceitos teóricos 
que norteiam as pesquisas. No último exemplo, temos um modelo de como os historiadores 
ligados à Escola da História Cultural observam as imagens: elas são textos a serem lidos, não 
apenas imagens figurativas. Todos esses exemplos estão inseridos dentro do que denominamos 
historiografia moderna.
Quando nos referimos à historiografia moderna, estamos falando da produção dos 
historiadores a partir do século XVI até os dias atuais. São livros, teses, dissertações, ensaios e 
artigos produzidos com base na análise das fontes primárias e nas revisões de historiografias 
mais antigas. Nesse segundo caso, as revisões podem se dar devido a novas fontes encontradas 
pela Arqueologia ou por posicionamentos teóricos diferentes.
Cada escola teórica tem a sua forma própria de analisar as fontes, tem um grupo de fontes 
específico que é mais privilegiado, tem questionamentos particulares a fazer a essas fontes. As 
escolas teóricas são filhas de seu tempo, buscam por respostas que interessam aos seus 
contemporâneos. Guarinello (2003, p. 44-45) dá uma explicação mais detalhada desse conteúdo.
Teorias e modelos são mediações. Têm um papel fundamental na prática da 
História, no modo como os historiadores a escrevem. Estes selecionam fatos entre 
os vestígios (os documentos), baseando-se em certas teorias da sociedade e da 
ação humana e em modelos mais específicos da sociedade que querem estudar. 
Teorias e modelos são cruciais; são modos de encarar os objetos pesquisados, 
de selecionar fatos pertinentes e pô-los em relação. Mesmo quando implícitos, 
teorias e modelos são modos de transformar os vestígios em interpretações do 
passado e de propor reconstruções específicas da história humana ou de partes 
dela. Eles relacionam os fatos desconexos que aparecem nos documentos de 
vários modos, por exemplo, considerando-os concomitantes ou colocando-
-os em relação de causa e efeito. Se, para um historiador, eventos políticos 
ou a atitude das elites forem fatores decisivos na História, ele selecionará 
informações dos documentos para extrair eventos e relacioná-los, explicando 
A escrita e a Antiguidade 31
ou interpretando uma realidade passada de modo a que faça sentido. Se conferir, 
porém, prioridade à economia como a dimensão explicativa na estruturação das 
sociedades humanas, selecionará fatos econômicos e os colocará em uma certa 
ordem, seja privilegiando as relações de propriedade e produção, como o fazem 
os marxistas, seja atribuindo mais importância às relações de troca, ao mercado, 
e assim por diante.
Neste momento, vamos conhecer um pouco mais algumas escolas teóricas que apresentaram 
resultados de pesquisas sobre o mundo antigo. Procure dar uma atenção especial a esse tema, 
pois, quando falamos em teoria, estamos ponderando sobre a construção do conhecimento 
historiográfico e esse conhecimento lhe será imprescindível em outras disciplinas. Vamos tomar 
como exemplos de interpretações e reinterpretações a história da Roma Antiga com o intuito 
de clarificar, ainda mais, como as teorias historiográficas foram utilizadas para a análise das 
fontes. Antes, porém, dois esclarecimentos sobre um conceito comum entre os estudiosos da 
História Antiga.
O conceito de apropriação ou usos do passado faz referência ao que lemos até aqui. Cada 
historiador toma para si acontecimentos do passado, os analisa e se apropria deles de modo a 
explicar, justificar, exemplificar algo do seu próprio tempo. A teoria apresentada objetiva, também, 
legitimar discursos, ações ou ideologias. A Antiguidade pode, dependendo da apropriação, ser 
arbitrariamente inventada, recriada, reconfigurada conforme os interesses dos estudiosos e seus 
grupos. Não há um resgate da história; há, muitas vezes, uma deturpação dela.
O pesquisador Glaydson José da Silva (2005) estudou o uso que foi feito da história romana 
para legitimar o apoio de uma região da França (Vichy) às causas nazistas. O autor expõe os fatos 
ocorridos entre 1940 e 1944, quando os franceses foram subjugados pelos alemães. Na ocasião, o 
Estado francês, com base em estudos históricos e arqueológicos, resgatou e reinterpretou a história 
da conquista sobre os gauleses efetuada por Júlio César para justificar seu apoio à Alemanha nazista. 
A versão francesa, repaginada, afirmava que a Gália não foi prejudicada pela conquista romana. 
Opostamente, afirmava que ela foi beneficiada porque o resultado foi ser anexada a um império 
tão superior. Em outras palavras, a reinterpretação francesa da história da conquista asseveravaque 
da união de gauleses e romanos nasceu o “povo francês”.
Fazendo uso político (próprio de regimes ditatoriais), essa ideologia, de fundo revisionista do 
passado, buscava justificar e legitimar, ao mesmo tempo, a submissão aos nazistas e as colonizações 
francesas dos séculos XIX e XX: os colonizados se tornariam superiores pela associação ao povo 
francês. Nas palavras de Silva (2005, p. 198),
pode-se citar o fato de a França ter se utilizado do discurso das “origens 
nacionais” com o intuito de justificar a colonização francesa na África e na 
Ásia. Assim, como a vitória do Império Romano sobre a Gália foi uma “cruel 
necessidade”, que fez surgir a civilização galo-romana, de igual modo figura a 
presença francesa nesses continentes, isto é, o domínio do certo sobre o errado, 
do desenvolvimento técnico sobre o atraso tecnológico, enfim, da civilização 
sobre a barbárie.
Imagine você se essa postura se solidifica entre os historiadores? Deturpar a história com 
fins políticos ou ideológicos pode ser compreendido como falta de comprometimento com o 
História Antiga32
conhecimento já constituído ou a ser construído. As fontes não trazem de volta o passado como ele 
realmente aconteceu. Isso já perdemos. Mas elas dão indícios do ocorrido. Devem ser analisadas 
com seriedade, com método. Afinal, o documento não é vazio de significados.
Outro exemplo a ser dado de reinterpretação de fatos históricos é o caso da política do pão 
e circo. É muito provável que você já tenha conhecimento dessa expressão. Durante quase todo 
o século XX, os eventos ocorridos no Coliseu, nos hipódromos ou demais teatros do Império 
Romano foram interpretados como instrumentos de controle da massa. Se a população mais 
carente tem diversão e, ao mesmo tempo, o que comer, ela se acalma. Assim, as corridas de biga, 
os jogos de gladiadores, as peças teatrais e a refeição que era servida durante tais eventos foram 
identificadas como política do pão e circo (GUARINELLO, 2007). Durante os Jogos Olímpicos 
e a Copa do Mundo FIFA no Brasil, muitas charges sobre esse tema foram publicadas na mídia 
nacional. Os governantes brasileiros estariam, de acordo com tais charges, fazendo uso da política 
do pão e circo para acalmar a população brasileira em momento de crise socioeconômica.
No entanto, novas reinterpretações foram publicadas em livros e artigos estrangeiros e 
nacionais. Segundo essas releituras, não se tratava mais de destacar as duas funções dos eventos 
no mundo romano: a de acalmar a massa e a de evidenciar os instintos abomináveis da população 
pobre. O fator primordial destacado pelos historiadores foi o de construção da identidade do 
governante e propaganda de seu poder. Corroborando essa afirmativa, Guarinello (2007, p. 128) 
escreve que:
a historiografia contemporânea rejeita, em grande parte, esses estereótipos. 
No caso particular dos gladiadores, sabe-se hoje que as classes dominantes 
tinham um envolvimento direto com sua realização, não apenas financiando 
os jogos, mas, muitas vezes, lutando como gladiadores na arena. Além disso, 
a historiografia moderna procura construir uma nova compreensão dos 
espetáculos no mundo romano – não apenas como momentos de diversão e 
prazer, mas como espaços de ação política, religiosa, cultural e identitária.
Como você pode observar, com base em Guarinello (2007), esses eventos e seus espaços, 
mais do que servir à política do pão e circo, serviam como ambientes de confrontamento político. 
Aristocracia e plebe compartilhavam seus interesses não necessariamente de forma amistosa. 
Ainda de acordo com o autor,
os anfiteatros funcionavam como uma espécie de microcosmo da sociedade 
romana, como parte e reflexo da vida cotidiana. Os assentos eram repartidos 
segundo as classes da população e o próprio anfiteatro era um espaço onde 
a população, não apenas via, mas se fazia ver e ouvir, no qual imperador e 
plebe, dirigentes e dirigidos, se confrontavam face a face, onde o anonimato da 
massa conferia força e consistência para o apoio ou as reivindicações da plebe. 
(GUARINELLO, 2007, p. 128)
Esses dois exemplos objetivaram lhe mostrar que a historiografia constantemente busca 
reforçar ou contradizer interpretações, apresentar novos olhares ou recriar a história. Vimos dois 
casos no âmbito da política, no entanto, podemos estender as interpretações e reinterpretações 
para assuntos relativos à economia, à religiosidade, à mitologia, ao cotidiano etc.
biga: carro romano 
de duas ou quatro 
rodas, usado como 
carro de combate, 
puxado por cavalos.
A escrita e a Antiguidade 33
Para Duby (1980, p. 44, tradução nossa), “cada época constrói, mentalmente, sua própria 
representação do passado, sua própria Roma e sua própria Atenas”. E, para concluir, há uma 
assertiva de Dabdab Trabulsi (1998, p. 248) que resume bem toda essa questão sobre a 
historiografia do mundo antigo: “a Antiguidade não é boa ou ruim por natureza. Como toda 
herança, isso depende do uso que dela se faz”.
É importante você ter em mente que nem todas as teorias são revistas, reinterpretadas 
ou criadas ao gosto de grupos teóricos. A maioria das interpretações é realizada com a 
responsabilidade que cabe ao pesquisador.
Considerações finais
A tarefa de orientalistas, egiptólogos, helenistas e latinistas é árdua, exige conhecimento de 
línguas mortas e disposição para a interdisciplinaridade. Do mesmo modo é difícil pelo fato de as 
fontes nem sempre estarem totalmente preservadas ou seus contextos indicados. Mas isso não é 
motivo para os estudos sobre a Antiguidade serem escassos. No Brasil e no mundo há inúmeros 
especialistas trabalhando em busca de uma melhor compreensão de culturas tão complexas 
e, ao mesmo tempo, fascinantes. Mesmo que não tenhamos, nunca, a reconstrução de uma 
realidade concreta desse passado, lucraremos com a ampliação de nosso conhecimento, com as 
interpretações e reinterpretações historiográficas produzidas por especialistas que, como nós, 
anseiam por aprender com os antigos.
Agora que já se familiarizou com a periodização, com as fontes e com a dinâmica 
historiográfica da História Antiga, vamos construir e aprofundar nosso conhecimento sobre os 
povos antigos do Oriente Próximo? O convite está feito.
Ampliando seus conhecimentos
• GUARINELLO, Norberto Luiz. Uma morfologia da História: as formas da História 
Antiga. Politeia: História e Sociedade, Vitória da Conquista, v. 3, n. 1, 2003, p. 41-61, 2003. 
Disponível em: http://periodicos.uesb.br/index.php/politeia/article/viewFile/167/181. 
Acesso em: 16 jul. 2019.
Neste artigo, o autor se propõe a refletir sobre as maneiras como os historiadores narram 
o passado com base em análises das fontes.
• THEOI greek mythology. 2019. Disponível em: www.theoi.com. Acesso em: 16 jul. 2019.
Nesse site estão reunidas inúmeras fontes de cultura material grega. Há reproduções 
da estatuária e cerâmica figurada desde o período arcaico até o helenístico. Aqui você 
conhecerá parte da riqueza da arte desse povo.
História Antiga34
Atividades
1. Vimos que o estabelecimento de uma cronologia histórica se pauta sobre acontecimentos 
políticos, econômicos, culturais ou sociais. A periodização histórica que utilizamos no Brasil, 
a exemplo da França, estabelece o início da história antiga em, aproximadamente, 4000- 
-3500 a.C., quando surgem a escrita e a civilização ocidental. O fim dessa era é estabelecido 
pelo momento em que o último imperador romano do Ocidente é deposto, em 476 d.C. 
Diante dessa assertiva, reflita e responda: quais problemas podem surgir ao historiador 
quando, para realizar seus estudos, ele se deparar com os limites dessa periodização?
2. Quantidade e qualidade das fontes antigas, diferentes suportes (papiro, metal, madeira etc.), 
diversidade de técnicas utilizadas para a confecção dessas fontes, simbologias próprias de 
cada cultura, todos esses fatores devem ser considerados pelo estudioso do mundo antigo. 
Como você vê a interdisciplinaridade nessa área? A História poderia, sozinha,enfrentar a 
empreitada de construção do conhecimento relativo aos povos estudados neste capítulo? 
Justifique sua resposta.
3. Continuamente o passado é interpretado e reinterpretado e, por vezes, recriado ou 
inventado. O passado pode ser usado para fins políticos, para fins de valorização cultural, 
para fins de aprendizado. O papel do historiador da Antiguidade é, com base nos indícios 
encontrados nas e por meio das fontes, apresentar uma possibilidade plausível de verdade 
histórica, uma vez que a verdade absoluta foge às mãos dele. Assim, qual é o compromisso 
dos estudiosos perante as fontes e a sociedade que terá acesso às suas pesquisas?
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VERNANT, Jean-Pierre. O universo, os deuses e os homens. São Paulo: Cia. das Letras, 2000.
2
As sociedades do Oriente Próximo
As culturas antigas sempre atraíram os olhares de curiosos, pesquisadores e turistas. 
As ruínas de palácios mesopotâmicos, sua arte vitrificada, as pirâmides, a esfinge de Gizé 
frequentam o imaginário de adultos e crianças. Atualmente, podemos visitar esses locais sem sair 
de casa, apenas com alguns cliques no computador ou no celular. Podemos ficar horas viajando 
por territórios que foram palcos de histórias singulares, cenários de guerras, campo para aflorar a 
imaginação com a divulgação das mitologias.
A Mesopotâmia e o Egito ainda têm muito a revelar e nós muito a aprender sobre a História 
Antiga. Vamos conhecer as histórias desses povos?
2.1 A redescoberta da Mesopotâmia
Quando vemos, pela televisão, a destruição de templos e outros monumentos no Iraque, 
nem imaginamos que eram construções erguidas cerca de 3.000 anos antes de Cristo. Esses 
edifícios eram heranças deixadas pelos sumérios e outros povos que viveram na região. Embora 
estivessem sendo utilizados como espaços turísticos, até mais ou menos 1850 sabíamos bem pouco 
sobre eles ou sobre os povos que viveram entre os rios Tigre e Eufrates. No mapa representado na 
Figura 1, você poderá localizar os povos que serão estudados.
Figura 1 - Mapa da Mesopotâmia e microrregião
Turquia
Gaziantepe
Diarbaquir
Uassucani
Mo
nte
s T
aur
o
Líbano
Israel
Jordânia
300 km
Iraque
Síria
D e s e r t o d a S í r i a
Cuaite
IrãAlepo
Hamã
Beirute
Damasco
Jerusalém Amã
Golfo Pérsico
Mar Cáspio
Baçorá
Avaz
Najafe
Carbela
Bagdá
Circuque
Moçul
Palmira Mari
Nínive
Nuzi
Hatra
Assur
Sipar
Babilônia
Quis
Isim
Nipur
Lagas
Uruque
Ur Cárax-Espasinu
Costa ca. 5500 a.C.
C
ha
bu
r
Eufrates
Tigre
Montes Zagro
ziaiaantepeeaaanntepeeee
Diaarbarbaququiq rrbb
Uaaassuccani
CCircuquqquuqque
MMoçuulul NíniveeNín
NNuNNuNuzi
HaHatHatraa
Asssururr
ab
C
ha
rrurrrr
Tigr
Tigr
ziaa
uir
e
ggr
Najafafeafe
CCarbella
BagBagBagdádádáBBBBBBBBBBBBB
Siparrr
iaaBaaabilôniaiaôn
QQuiuissQuQQ
Isimmm
NipNipipururrrur
LaLLagagaLaLLa
quequeeuquequeUUruruUruruquUruuUruuuuqu
Urr
Eufrateatess
AAvAvAvavaazzA
sppassiia nununspspsp
Elam
Mar
Mediterrâneo
M
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S
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P
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Mesopotâmia, Síria e Elam na Antiguidade. 
Jc
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 C
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s
História Antiga38
O pouco que se sabia era o que está registrado na Bíblia, na obra História, de Heródoto, 
e nos textos dos historiadores Diodoro Sículo

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