Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Gabriela Maia – Aula 1 (21/02) @AJUDAUNIVERSITARIO.COM.BR Enfermidades A saúde é o equilíbrio entre o bem estar físico, mental e social, não apresentando enfermidades. Já enfermidade é sinônimo de doença e este por definição seria a ausência de saúde, junto sinais e sintomas específicos. OBS: Infecção é caracterizada pela invasão de um parasito no corpo. Já a infestação o parasita coloniza o hospedeiro na parte de fora no do corpo. No estudo das enfermidades infecciosas e parasitárias é preciso compreender a etiologia (quem é patógeno), hospedeiro (quem hospedará o agente), transmissão (como o vírus adentrou o sistema do animal), patogenia (qual o processo de causar a doença), sinais clínicos (quais sinais o animal irá aparentar para identificarmos a doença), epidemiologia (fatores que influenciaram na constituição da doença), diagnóstico (quais as técnicas para identificarmos o patógeno), tratamento (quais as técnicas e medicamentos usar) e prevenção (medidas e manejo para evitar a doença). Adenite Equina Também conhecida como Garrotilho, Garotillo e Strangles, a Adenite Equina é uma doença causado pelo agente Streptococcus equi (subespécie equi), bactéria gram + (cora em roxo), imóvel (não possui flagelos) e Gabriela Maia – Aula 1 (21/02) @AJUDAUNIVERSITARIO.COM.BR não produtora de esporos. Além disso, ela é um beta- hemolítico, portanto, ao ser cultivado no ágar sangue irá realizar hemólise (degradação de hemácias) completa. A mesma é endêmica no Brasil, ou seja, é considerada frequente no sul do país por conta do clima mais frio e de alta umidade. Esta enfermidade acomete os equídeos, principalmente os potros (por não ter o sistema imune completo) e está altamente relacionada ao estresse, resultando em uma queda de imunidade. OBS: O estresse pode ser ocasionado pela falta de manejo, como: desmame abrupto, exercícios intensos, condições desconfortáveis, transporte prolongados, superlotação/aglomeração em eventos, entre outros. A transmissão desta doença pode ocorrer através da secreção nasal, logo, ao espirrar e relinchar, há a dispersão da bactéria e por fim, a contaminação do ambiente. OBS: Contaminação refere se a qualquer superfície não viva. OBS: Esta bactéria pode entrar em suspenção (para no ar) por ser muito leve. Uma vez que o local está contaminado, ao compartilhar espaços (cochos), bebedouros e comedouros, a transmissão da bactéria para animais sadios é ocasionada, não precisando do contato nasal direto entre os cavalos para transmitir o patógeno. A Adenite possui uma letalidade muito baixa, contudo a mesma pode sim levar o animal a óbito. Gabriela Maia – Aula 1 (21/02) @AJUDAUNIVERSITARIO.COM.BR O seu período de incubação dura de 3 a 14 dias, ou seja, a partir da invasão do agente no corpo do hospedeiro, esta é a média de tempo que leva para a doença se manifestar no corpo do mesmo e apresentam os primeiros sintomas. Por ser uma doença do trato respiratório anterior, do momento que a bactéria entra em contato com a narina, ela será inseminada dentro do equino pelas vias nasais. Já dentro do sistema o agente irá migrar em direção aos linfonodos submandibulares e retrofaríngeos. OBS: É nos linfonodos onde está presente as células de defesa, ou seja, as células do sistema imunológico. OBS: São os neutrófilos e macrófagos que tentarão combater o patógeno. Ao atingir os tecidos linfoides, a mesma consegue se proliferar nesse local, resultando em um crescimento dos linfonodos, ou seja, enfartamento de linfonodos, por conta da inflamação. Com o aumento de tamanho dos linfonodos, haverá a compressão das vias respiratórias, dificultando o animal de engolir e respirar. OBS: Ao palpar os linfonodos, podemos observar que se o mesmo estiver duro, quente ou de tamanho maior que o normal, é possível identificar a presença da resposta imunológica. Gabriela Maia – Aula 1 (21/02) @AJUDAUNIVERSITARIO.COM.BR Exsudato é a produção de qualquer tipo de secreção perante um estimulo. No caso da Adenite o exsudato inicia se seroso e se tornará seromucoso. OBS: Quando há a produção de pus dentro de uma capsula fechada recebe se o nome de abcesso. E quando se encontram pressionados podem fistular sozinhos. OBS: Linfonodo supurado é quando o mesmo está exposto para o meio externo. OBS: Caso a bactéria comece a ganhar o corpo, o sangue do animal será afetado, visto que a mesma é hemolítica. Os sintomas que podemos observar são: febre, apatia, anorexia, dor, dificuldade para se alimentar (deglutição), aumento de linfonodos (abscedação), pescoço estendido, descarga nasal mucopurulenta. Sinais pouco marcantes são: secreção ocular, fistulização natural de abscessos e feridas necrosantes. OBS: Tricotomia (raspagem do pelo) é recomendado em caso de abscessos fistulados. Apesar de atacar apenas os linfonodos, em caso de não haver tratamento, pode acontecer evoluções clínicas, como: empiema de bolsa gutural, pneumonia bacteriana secundaria, garrotilho bastardo e púrpura hemorrágica. O empiema de bolsa gutural é considerado um dos mais relevantes, pois após os linfonodos produzirem secreção, este liquido poderá começar a se acumular no saco gutural, promovendo inchaços e alta probabilidade desses microrganismos adentrarem a circulação sanguínea. Gabriela Maia – Aula 1 (21/02) @AJUDAUNIVERSITARIO.COM.BR OBS: A bolsa gutural é um saco vazio presente em ambos lados da cabeça do animal, que com a evolução da doença pode acometer este espaço oco. OBS: Nem todas as adenites irão resultar em empiemas. Pneumonia bacteriana secundária é quando as bactérias chegam aos pulmões do animal. Ela é de origem secundária, ou seja, não tem como objetivo colonizar o pulmão, este acontecimento apenas foi ocasionado por pressão de seleção. O garrotilho bastardo seria a propagação do agente por outros linfonodos, como eles estão interligados uns aos outros através de vasos linfáticos há o enfartamento dos linfonodos por conta da disseminação do patógeno. OBS: É possível visualizar os linfonodos expandidos por todo o corpo do animal, os da face são apenas mais expressivos. A púrpura hemorrágica, que seria uma vasculite causada pela bactéria. No momento que a mesma chega ao sangue começará a digerir as hemácias (hemólise), impedindo que o fluxo sanguíneo funcione normalmente. Neste momento, o organismo gera uma resposta imunológica, ou seja, produz anticorpos (imunocomplexos) que irão se envolver ao antígeno e se encaminhará até os membros inferiores e provocando edemas, inchaços nas patas do cavalo. Diversas doenças, por muitas vezes, possuem sintomas semelhantes, portanto, para chegarmos a um diagnóstico Gabriela Maia – Aula 1 (21/02) @AJUDAUNIVERSITARIO.COM.BR preciso, é necessário realizar testes e exames, como: anamnese (processo que antecede o exame físico, onde fazemos perguntas ao tutor), isolamento laboratorial (obtenção de material para o cultivo do mesmo), ELISA (diagnóstico imunológico) e PCR (detecta o DNA ou RNA do agente). OBS: A técnica de ELISA é feita em laboratório, onde coletamos o sangue do animal para detectarmos os anticorpos. Deste modo pode se notar se o mesmo possui anticorpos de memória (IgG) ou anticorpos ativos (IgM). OBS: Se apresentar anticorpos de memória (IgG) significa que o animal já teve esta doença, uma vez que o próprio corpo possui anticorpos contra a mesma. OBS: Por isso renovamos as vacinas, pois o IgG cai, nos deixando desprotegidos. Ou seja, ao tomar as vacinas produzimos IgM (não constante, ela sobe e desce), fazendo com que o nosso organismo gere anticorpos de memória (IgG) por conta da presença do agente no nosso corpo. Uma vez que o número de IgG está alto, só é necessário renovar a vacina depois do tempo determinadopelo fabricante. OBS: Caso o animal apresente anticorpos ativos (IgM), significa que o mesmo atestou positivo para a doença. OBS: Para o exame ELISA atestar positivo para IgG ou IgM, é preciso adicionar o sangue do animal à placa com o antígeno streptococcus equi, e se o soro do sangue possuir anticorpo, o mesmo se liga a bactéria. Em teoria, quanto mais forte estiver a coloração azul, mais anticorpo Gabriela Maia – Aula 1 (21/02) @AJUDAUNIVERSITARIO.COM.BR se há, sugerindo uma resposta imunológica ou presença da bactéria. OBS: O PCR detecta o vírus ou bactéria e por ele consegue quantificar quantas moléculas de DNA ou RNA existem, possibilitando saber a carga viral. A adenite equina consegue ser tratada com antibioticoterapia (penicilina injetável), anti-inflamatório e drenagem asséptica do abscesso. OBS: A drenagem deve ser feita da forma mais higiênica possível, portanto, a agulha deve ser estéril, deve se realizar a tricotomia e limpar a área com iodo. OBS: Tratando se da bolsa gutural, para retirar a secreção é necessário fazer uma sondagem com endoscópio para assim fazer a drenagem e limpeza. Para prevenir auto contagio e contaminação ambiental é preciso que o enfermo permaneça em isolamento e ao adquirir um animal novo é recomendável que o mesmo fique isolado dos demais (30 dias) para observarmos uma possível evolução da doença. Evitar aglomerações., tratar os animais positivos e tomar providencias para com os cochos, baias e ambientes. OBS: Nos locais que os animais positivam habitam é viável que o mesmo seja desinfectado por desinfetantes/vassoura de fogo, entre outros. Por conta de ser uma enfermidade similar ao mormo, é uma doença de notificação mensal, não precisando de notificação imediata. Gabriela Maia – Aula 1 (21/02) @AJUDAUNIVERSITARIO.COM.BR mormo Também conhecido como Muermo ou Glanders, é uma doença infectocontagiosa e zoonótica rara e severa, tendo como agente etiológico o Burkholderia mallei. O mesmo é uma bactéria GRAM negativa (cora em rosa), bacilo imóvel, não produtora esporos e de caráter intracelular facultativas (pode ou não entrar nas células). OBS: Apesar de possuir sintomas parecidos com o da Adenite Equina, o Mormo possui uma relevância maior por conta do seu potencial zoonótico. Ela pode se hospedar em equídeos (principalmente), pequenos ruminantes (ovinos e caprinos), carnívoros e até mesmo o homem. Animais de todas as idades são susceptíveis, contudo, os mais velhos e debilitados têm uma propensão maior de adquiri-la. Assim como aqueles que sofrem de trabalho excessivo, má alimentação e estresse. O mormo é enfermidade considerada uma doença reemergente, ou seja, os casos estão voltando a acontecer. Podemos relacionar isso a sua transmissibilidade e mortalidade altas. OBS: Os portadores assintomáticos são considerados um risco, pois não apresentam os sinais clássicos e não os isolamos dos outros animais. A transmissão desse patógeno pode ocorrer através da ingestão (alimento ou água contaminados), inalação (a bactéria pode estar presente no ar e absorver pelas vias aéreas) e contato direto (seja por feridas na Gabriela Maia – Aula 1 (21/02) @AJUDAUNIVERSITARIO.COM.BR pele, corrimento nasal, fômites contaminados). OBS: A infecção por inalação rara, visto que os bacilos é uma bactéria mais pesada e ela em especifico é sensível aos raios UV. OBS: Fômites seria tudo que não está vivo e pode transmitir (seringa, cocho, baia). OBS: Os humanos que acabam se infectando são normalmente tratadores, peões, proprietários, ou seja, pessoas que tem algum tipo de relação com o animal. Elas apresentam lesões bolhosas, como queimaduras e descarga nasal purulenta, como se fosse uma sinusite ou infecção bacteriana. OBS: Por hora, não há nenhum tratamento humano indicado para o Mormo, apenas terapias antibióticas, mas o mesmo não leva ao óbito. O período de incubação desta doença é variável, podendo ser de 3 dias a meses, por isso é difícil acompanhar. É possível infectar se a partir de água e alimentos contaminados, ao chegar na cavidade nasal ou oral a bactéria causará lesões primárias no septo ou traqueia. Em caso do mesmo ser engolido e se encaminhar para o intestino, o patógeno pode facilmente entrar na corrente sanguínea (septicemia) e de lá se espalhar para os pulmões, pele, mucosa nasal, baço e fígado, até mesmo para a corrente linfática, resultando em lesões nodulares (enfartamento dos linfonodos). O Mormo terá uma fase aguda e uma fase crônica: Gabriela Maia – Aula 1 (21/02) @AJUDAUNIVERSITARIO.COM.BR n n AGUDA: no geral, os asininos (asnos) e muares (mulas) são mais resistentes que os cavalos, mas neste caso, eles são mais sensíveis. Cursando com edema de peitoral e sintomas de septicemia (febre, fraqueza e anorexia). CRÔNICA: ela já acomete mais os cavalos, se manifestando através de secreção nasal (uni ou bilateral) e até mesmo secreção ocular. OBS: Em algumas situações, o muco das secreções pode vir acompanhado de sangue, ou seja, uma secreção sanguinolenta. Isso se ocasiona por conta do desenvolvimento na corrente sanguínea. OBS: Diferente da adenite, a secreção será mais rala. Devido a dispersão da bactéria pelo corpo, ela pode acometer os pulmões e gerar pneumonia lobar (se espalha pelo parênquima pulmonar completo), abscedação pulmonar (criação de abcessos com pus na área afetada) e pleurite fibrinosa (a capsula do pulmão torna se mais expeça). Nos casos de lesões subcutâneas, ocasionadas por conta da via linfática, há a presença de abscessos subcutâneos em cadeias dos linfonodos e exsudação (fistular) dos mesmos. OBS: Essa é a diferença entre a Adenite e o Mormo, a Adenite irá se manifestar no trato respiratório superior e no máximo, como consequência afetar outras áreas, já o Mormo é mais difundido. É possível chegar ao diagnóstico pela anamnese (aspectos clinico- Gabriela Maia – Aula 1 (21/02) @AJUDAUNIVERSITARIO.COM.BR epidemiológico), isolamento em meios de cultivo (teste ouro), inoculação em animais de laboratório, PCR, testes sorológicos (ELISA e fixação de complemento) e reação imunoalérgica (maleinização). OBS: O isolamento é o melhor teste para preconizar, mas nem sempre é possível. OBS: A prova de ELISA não é recomendada por conta da reação cruzada com a doença chamada Melioidose (Burkholderia pseudomallei), onde os sintomas são parecidos, mas não é uma zoonose e tem tratamento. OBS: A fixação de complemento (FC) é um exame que detecta anticorpos, que identificará IgG. OBS: Em casos de Mormo, animais que apresentam IgG ou IgM são encaminhados para a eutanásia. OBS: A maleinização é a inoculação de maleína (proteína) na região da pálpebra inferior do olho, ou seja, na conjuntiva. (geralmente no olho direito). Após este procedimento, é esperado entre 48-72h para checar o resultado, se tiver edema (inchaço) e/ou haver secreção ocular, o animal atestou positivo. OBS: O edema acontece por conta de uma reação produzida pela resposta imunológica, ou seja, o inchaço criado seria os anticorpos de memória se ligando a essa proteína (maleína). OBS: A maleína é uma proteína extraída da Burkholderia pseudomallei. OBS: Apresentando IgG ou IgM ou apenas suspeitar de ser Mormo, o Ministério da Saúde é informado e eles irão interditar a área onde o animal Gabriela Maia – Aula 1 (21/02) @AJUDAUNIVERSITARIO.COM.BR vive e realizar a maleinização e depois do tempo estipulado (entre 48-72h), os veterinários do ministério retornam para verificar se há edemas no olho do cavalo. OBS: O teste para mormo é feito em todos os animais próximos da área contaminada. E aqueles que atestarem positivo também são encaminhados para a eutanásia, os que não derem reação terãoque permanecer em quarentena e repetir o teste até ter três negativos. OBS: Apenas os veterinários da Defesa Sanitária podem fazer o exame de maleinização. Para efetuar um diagnóstico diferencial é preciso citar todas as doenças que envolvem os sistemas afetados, e por processo de eliminação, identificar a doença. Visto que, a pneumonia, Melioidose (devido a pseudomallei.) e Adenite equina (por conta dos enfartamentos de linfonodos), esporotricose (lesão ulceradas e linfonodos aumentados) e linfangite ulcerativa (linfonodos expandidos e supurados) apresentam sintomas similares. As maneiras de se prevenir casos de morno é pelo: quarentena de animais novos (animais recém adquiridos podem manifestar enfermidades, por isso os deixar afastados), isolamento da área com animal suspeito e confirmados. Não há vacinas eficazes contra esta doença e seu tratamento é proibido pelo Ministério da Agricultura, onde a notificação a defesa sanitária é imediata, as carcaças e fômites devem ser incinerados para evitar a contaminação do ambiente e o local deve ser Gabriela Maia – Aula 1 (21/02) @AJUDAUNIVERSITARIO.COM.BR n esterilizado (desinfetante, vassoura de fogo) OBS: O próprio ministério é responsável pela descontaminação. OBS: O PNSE (Programa Nacional de Sanidade de Equídeos) é diretriz do MAPA . MASTITE BOVINA A mastite ou mamite acorre nas glândulas mamárias, ela é uma inflamação (aguda ou crônica) por conta de uma infecção bacteriana que afetará a produção de leite. OBS: O teto, também chamado de quartos mamários não são conectados entre si, portanto, se um deles infeccionar não irá acometer os outros. OBS: A maioria das bactérias causadoras da mastite estão presente no ambiente, tornando difícil o controle desta enfermidade. OBS: Essa condição promove prejuízo econômico. A mastite é dividida em: mastite contagiosa e mastite ambiental. CONTAGIOSA: este tipo de mastite inicia se a partir do momento que o úbere das vacas está infectado, podendo, então, ser Gabriela Maia – Aula 1 (21/02) @AJUDAUNIVERSITARIO.COM.BR n transmitido entre os outros animais, sendo os seus agentes os Streptococcus agalatactiae, Staphylococcus aureus, Mycoplasma bovis, Corybacterium spp. OBS: Utilizar a mesma ordenhadeira nas vacas sem higienizar pode acarretar proliferação de bactérias. AMBIENTAL: por conta da exposição dos tetos ao ambiente contaminado ou ordenha incorreta, as bactérias coliformes (Escherichia coli, Klebsiella pneumoniae, Enterobacter, aerogenes), estreptococos ambientais (Streptococcus Uberis, Streptococcus bovis, Streptococcus dysgalactiae) e enterecocos (Enterecoccus faecium, Enterecoccus faecalis) irão entrar no teto, ou seja, a contaminação é através de agentes presentes no ambiente. OBS: A maioria das bactérias listadas acima irão causar sintomas inespecíficos. A patogenia geral da mastite (contagiosa ou ambiental) inicia se com a invasão do orifício do quarto, onde os agentes irão se instalar e multiplicar, uma vez que o leite é o principal meio de cultura dessa bactéria por ser uma grande fonte nutricional. É muito comum o animal, após a infecção, desenvolver uma resposta inflamatória, resultando em um úbere vermelho e inchado. A constante inflamação da glândula mamária sucede uma atrofia do parênquima, ou seja, há a formação de tecido fibroso (cronicidade), que fará com que o teto perca a sua função. Gabriela Maia – Aula 1 (21/02) @AJUDAUNIVERSITARIO.COM.BR n n n REAÇÃO INFLAMATÓRIA Os sinais clínicos da mamite são divididos em: mastite clínica e mastite subclínica. MASTITE CLÍNICA: são aquelas que podemos observar as alterações macroscópicas, ou seja, conseguimos identificar a vermelhidão, inflamada, inchada, com grumos e pus no leite. Superagudos: é aquele que apresenta sinais clássicos, como a vermelhidão, sensibilidade ao toque, febre, hipotensão, dispneia e prostração. Agudos: possui os mesmos sintomas que os superagudos, mas é mais discreto. Subagudos: quase não é perceptivo, mas é possível identificar pelos grumos no leite. Crônica: é a fase onde pode se ver a fibrose do úbere e a presença de fístulas no mesmo, ou seja, ao se tornar crônico o quarto deixa de ser funcional. Gangrenosa: além de fibrosar é acumulado pus dentro do teto, tornando o frio, escuro e úmido. Neste estágio o quarto já é afuncional. Para diagnosticar os casos de mastite clínica é analisado os aspectos clínicos (reconhecer qual fase a vaca se encontra) e realizado o teste da caneca de fundo preto. TECIDO FIBROSO ATROFIA DE PARÊNQUIMA Gabriela Maia – Aula 1 (21/02) @AJUDAUNIVERSITARIO.COM.BR n OBS: O teste da caneca é feito com os primeiros jatos de leite em uma caneca com o fundo escuro para conseguirmos visualizar a presença ou não de grumos. OBS: É possível tratar os casos de mastite, mas se a enfermidade retornar, o animal é descartado, uma vez que essa condição torna se recidiva e é fonte de contaminação para as outras vacas. MASTITE SUBCLÍNICA: quando não há alterações visíveis, nem durante a ordenha não há sinais de inflamação nem mesmo no leite. OBS: A subclínica são as mais frequentes (cerca de 70%), logo a mais relevante, por conta da facilidade de disseminação. Para diagnosticarmos a mastite clinica o teste da caneca e exames físicos não são eficazes, portanto, a California Mastitis Test (CMT) é a mais recomendável para esses casos. OBS: O CMT é feito em uma raquete com quatro circunferências (uma para cada quarto), onde é esguichado 2-3 ml de leite (por teto) e adicionado 3 ml de regente. Este reagente muda de cor quando entra em contato com o leite e tende a se tornar um gel. Quanto mais gelatinoso o mesmo for, maior é a infecção. Gabriela Maia – Aula 1 (21/02) @AJUDAUNIVERSITARIO.COM.BR Esse teste pode ser classificado em cinco posições: Negativo (-) > fluido Duvidoso > fluido, mas tem rastros de infecção Positivo (+) Positivo (++) Positivo (+++) > está se tornando mastite clinica É normal encontrar dentro do leite algumas células de defesa (macrófago, neutrófilo), porém há um limite na quantidade permitida pela legislação brasileira. Por isso há a análise do leite, o CCS (contagem de células somáticas) que é realizado quando o está no leite tanque, permitindo saber o grau de mastite no rebanho. OBS: Algumas impressas pagam pelo leite em função da quantidade de CCS e de gordura presente no leite, ou seja, quanto mais gordo o leite for e menor for o CCS menos a empresa paga para o produtor. O tratamento de mamite é com antibioticoterapia intramamária (antibiótico é introduzido dentro do teto) ou sistêmica e suporte ao animal em fator a sua dor, inflamação e higienização (limpeza constante). OBS: Todo antibiótico tem um período de carência, ou seja, é a período de tempo que após do tratamento que ele permanecerá no organismo. Logo, o leite com ANTIBIOTICOTERAPIA INTRAMAMÁRIA Gabriela Maia – Aula 1 (21/02) @AJUDAUNIVERSITARIO.COM.BR medicamento não pode ser comercializado. OBS: Antes de inocular o antibiótico no animal é necessário realizar o pré- dipping, precavendo a introdução de novas bactérias nas glândulas mamárias. Para prevenir a ocorrência desta enfermidade é recomendado a desinfecção periódica dos tetos (pré- dipping e pós-dipping), higienização correta de ordenhadeiras, reduzir o estresse, conferir regulagem do equipamento (evitar alta pressão), ordenhar vacas com mastite no final (descartar o leite) e descarte de animais recidivantes (são fontes eternas de infecção para outros animais). OBS: O pré-dipping retira toda a contaminação inicial (a base de iodo, hipoclorito de sódio), o pós-dippingtambém induz o fechamento do óstio. OBS: A sucção da ordenhadeira estiver muito forte, ela favorece a ocorrência de vácuo, puxando as bactérias do meio externo para o interno. LINFADENITE CASEOSE Conhecida também como “mal do caroço” é uma doença contagiosa crônica responsável por gerar abcessos nos linfonodos. Gabriela Maia – Aula 1 (21/02) @AJUDAUNIVERSITARIO.COM.BR OBS: Diferente da adenite equina, o abcesso da linfadenite será duro como um creme/manteiga. Possui como agente etiológico o Corynebacterium pseudotuberculosis, uma bactéria bastonete gram positiva imóvel, não produtora de esporo e é cultivada em ágar sangue. Entre o biótipo 1 e 2, a mais importante é a que afeta os caprinos e ovinos (biótipo 1), já o biótipo 2 consegue causar linfangite ulcerativa (equídeos) e abcessos superficiais (bovinos, suínos, cervos e homem). A mesma é considerada endêmica no nordeste do Brasil, devido à grande criação extensiva de caprinos e ovinos. Como veículo para a infecção temos a água e os alimentos. OBS: Há estudos que relacionam a presença de cactáceas a disseminação da linfadenite caseosa, por conta de seus espinhos. Essa condição consegue atingir todas os produtos gerados pelo animal de produção, como: carcaça, produção de lã e leite. Essa bactéria possui uma particularidade chamada latência, ou seja, a mesma pode permanecer no organismo do animal durante um bom tempo, sem se manifestar, esperando uma queda de imunidade, o que torna difícil separar os animais doentes dos sadios. Ademais, esse parasita é intracelular facultativo, ou seja, a bactéria tem capacidade de se reproduzir tanto dentro quanto fora da célula. Gabriela Maia – Aula 1 (21/02) @AJUDAUNIVERSITARIO.COM.BR A transmissão para outros animais pode ser de maneira cutânea (contato em feridas), aspiração de aerossóis (aspirou partículas de ar com o agente) e digestiva (penetração pela cavidade oral ou intestino). OBS: O contagio por aerossóis é menos frequente. OBS: A contaminação pelo sistema digestório possibilita a bactéria se disseminar pelo corpo por meio do sangue. E em alguns casos pode ser detectada através das fezes do animal. A patogenia da linfadenite caseosa se baseia na inoculação da bactéria no corpo do animal por um ferimento e se conduzirá para o linfonodo mais próximo. OBS: É comum que o primeiro enfartamento de linfonodo seja na área da cabeça, uma vez que os caprinos são muitos curiosos. Normalmente, a bactéria seria fagocitada pelos macrófagos, ou seja, no momento que a mesma entra no citoplasma, forma se uma vesícula e quando este fagossomo (vesícula) se ligar ao lisossomo, ele tentará digerir a bactéria. Neste caso, o Corynebacterium consegue inibir a ação do lisossomo, ou seja, ele pode até ser fagocitado para dentro do macrófago, mas o responsável pela sua degradação não se gruda e no final, ele utiliza o próprio macrófago para se multiplicar. Com essa multiplicação interna, as células do tecido irão sofrer morte celular, portanto, onde o macrófago estiver localizado as células de defesa começarão a morrer, devido ao parasita. Gabriela Maia – Aula 1 (21/02) @AJUDAUNIVERSITARIO.COM.BR n n E assim formando o primeiro abcesso no linfonodo, que se espalhará através da via linfática, atingindo os órgãos e debilitando o animal até a morte. OBS: É comum observar enfartamento nos linfonodos da parte anterior (pulmão, mediastino e costela). Os fatores de virulência influenciam na potencialização desse antígeno, são: FOSFOLIPASE D: é uma enzima responsável por produzir uma toxica secretora (exotoxina) que gerará necrose, ou seja, toda vez que a bactéria soltar no tecido a fosfolipase D vai dar necrose, visto que as células de defesa não a alcançam. Ademais, ela pode afetar o sangue, destruindo as hemácias (hemólise), interferindo na distribuição de oxigênio pelo organismo. A hemoaglutinação (aderência de hemácias umas nas outras dentro dos vasos sanguíneos) também é uma das consequências, podendo causar trombo e expandir a área de necrose. ÁCIDO MICÓLICO: é aquele que protege a bactéria de ser degradada pelo macrófago. Os principais sintomas dessa enfermidade são separados Gabriela Maia – Aula 1 (21/02) @AJUDAUNIVERSITARIO.COM.BR entre cutânea (linfoadenopatia uni ou bilateral e abscessos de aspecto caseoso) e visceral (abscessos em órgãos, linfonodos torácicos afetados, emagrecimento e fraqueza). A linfoadenopatia é um acometimento dos linfonodos, podendo ter os linfonodos de cada lado afeitado ou não. Abscessos de aspecto caseoso (cronicidade), não conseguem ser drenados com agulha, e na maioria das vezes estão envoltos por uma cápsula, devendo ser removido para não resultar em uma fibrose. OBS: Os abscessos muito antigos tornam se calcificados. Os casos viscerais é quando a bactéria já ganhou a circulação, por isso há abscessos no pulmão e fígado, assim como os linfonodos toráxicos e provocando emagrecimento e fraqueza. Para diagnosticar a linfadenite caseose é preciso da anamnese (observação clínica), coletar material por biópsia aspirativa com agulha fina, isolamento laboratorial (prova ouro), histopatológica, teste sorológicos (ELISA, imunodifusão em ágar-IDGA) e PCR. OBS: Por ser uma bactéria hemolítica, a mesma irá crescer no meio onde criará uma hemólise. OBS: A analise histopatológica seria a avaliação do tecido em laboratório. OBS: O teste de ELISA não é muito preciso. OBS: O IDGA é a prova ouro para quando há suspeita de AIE. OBS: IDGA colocando o antígeno no meio da placa e Gabriela Maia – Aula 1 (21/02) @AJUDAUNIVERSITARIO.COM.BR os soros os animais em volta, se haver anticorpo junto a proteína, se formará uma linha (positivo). Para tratarmos, utiliza se da antibioticoterapia (penicilina, eritromicina, ampicilina, cloranfenicol). É possível se livrar da bactéria com facilidade, mas a devido a presença da capsula fibrosa, o linfonodo terá que ser removido cirurgicamente (drenagem asséptica e cauterização do abscesso). OBS: O iodo é utilizado para cauterizar o abscesso. Em busca de prevenir a enfermidade falada acima, é eficaz a separação dos animais doentes dos sadios (sempre isolando aqueles que atestam positivo), extirpação dos abscessos (remoção cirúrgica), limpeza correta de fômites e de materiais usados no tratamento, uso de desinfetantes fortes (creolina, cal virgem), ou vassoura de fogo e vacinas. OBS: As vacinas atuais não são muito eficientes e são a base de toxoíde, ou seja, extraem a fosfolipase D, a esteriliza e inocula nos animais.
Compartilhar