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ADENITE EQUINA (GARROTILHO) Agueda Castagna de Vargas A adenite equina, também conhecida como garrotilho, é uma faringite e linfadenite purulenta do trato respiratório superior dos membros da família Equidae. Etiologia O agente etiológico da adenite eqüina é o Streptococcus equi subsp. equi, cocos Gram-positivos encontrados isolados ou dispostos em cadeias lineares, apresenta cápsula de ácido hialurônico, é uma proteína M antifagocítica. A bactéria é rapidamente destruída a 56°C e por desinfetantes como povidine, clorexidina, fenol. Epidemiologia O S. equi subsp. equi é um parasita obrigatório dos eqüinos, necessitando deste hospedeiro para sua sobrevivência e manutenção inter epidêmica. A transmissão ocorre diretamente, pelo contato com nariz ou boca ou por aerossol, ou indiretamente, por meio de moscas, equipamentos e instalações contaminadas, alimentos, pastagens, etc. A sobrevivência do agente no ambiente não é de longa duração. No pus e descargas, o organismo sobrevive por semanas ou meses. A doença é altamente contagiosa, principalmente sob condições de superlotação, má condições de sanidade, nutrição inadequada e estresse. Eqüinos de todas as idades podem ser afetados, mas a doença é mais comum e mais severa em animais jovens. Os surtos geralmente começam pela introdução de um animal que está incubando a doença ou ainda está eliminando o organismo durante a fase de recuperação. Patogenia O S. equi penetra pela boca ou narinas e liga-se a células nas tonsilas e nódulos linfáticos adjacentes. Em poucas horas, o organismo atinge os linfonodos regionais, onde ele se multiplica extracelularmente. O peptidoglicano da parede celular ativa o complemento, cujos fatores atraem neutrófilos para o local. A falha destas células em fagocitar e destruir estas bactérias parece ser devido a uma combinação da cápsula de ácido hialurônico, proteína M antifagocítica, uma toxina leucocida e a provável influência da estreptoquinase e estreptolisina O. A proteína M tem ação antifagocítica pela inibição do fator H do complemento e pela ligação com o fibrinogênio, o que impede o reconhecimento da bactéria como estranha. Este processo de destruição de fagócitos atrai outras células inflamatórias que facilitam algumas bactérias e são destruídas por outras, levando a formação de pus num processo contínuo que pode ter várias resoluções, como será descrito a seguir. Sinais Clínicos O período de incubação varia de 3 a 14 dias após a exposição. O início da doença geralmente se caracteriza por depressão, febre (39 a 39,5°C), e um corrimento nasal inicialmente seroso podendo ficar purulento, tosse, perda de apetite, dificuldade de deglutição, e aumento do linfonodo mandibular. Com o progresso da doença, os linfonodos submandibulares e/ou retrofaríngeos aumentam de tamanho e ficam duros e doloridos. Este processo pode chegar ao ponto de ser necessário uma traqueostomia de emergência para salvar o animal. Pode ainda ocorrer uma drenagem por uma ruptura externa, ou ainda para a bolsa gutural. Casos mais complicados podem levar a metástase a outros linfonodos, como os mediastinais e torácicos que, em extremos, podem supurar levando a pleurite e peritonite graves, ou até mesmo septicemia. Por outro lado, a enfermidade pode simplesmente se instalar e o animal conseguir resolver o processo rapidamente, sem auxílio terapêutico. Existe ainda a possibilidade da ocorrência de um estado de portador crônico do agente, que talvez explique a permanência da infecção no rebanho. Seqüelas A maioria dos animais se recuperam rapidamente após a ruptura e evacuação do conteúdo dos abscessos. Como consequência da pressão dos linfonodos aumentados sobre o nervo laríngeo recurrente pode ocorrer uma hemiplegia laríngea. Por um processo aparentemente autoimune pode ocorrer miocardite (a proteína M possui antígeno semelhante a uma proteína cardíaca, de modo que os anticorpos produzidos contra ela atuam também sobre o coração). Uma outra sequela observada é a púrpura hemorrágica que afeta de 1 a 2% dos eqüinos de 2 a 4 semanas após infecção aguda. É uma vasculite leucocitoclástica, que se caracteriza por edemas e petéquias disseminados, parece ser devido a deposição de imunocomplexos, levando à ativação do complemento sobre membranas dos vasos sangüíneos (outra forma de doença autoimune). Imunidade Aproximadamente 75% dos eqüinos desenvolvem uma sólida e duradoura imunidade à adenite eqüina e parece ser mediada por IgG e IgA de mucosa produzidos localmente. O colostro de éguas que se recuperaram da doença contém IgG e IgA, fornecendo assim (se ingerido nas primeiras 24 horas de vida) proteção aos potros até o período de desmame. Acredita-se que a proteína M seja o principal antígeno protetor do S. equi. Diagnóstico O diagnóstico é feito pelo isolamento do S. equi, principalmente nas fases iniciais da doença, a partir de "swabs" nasais enviados ao laboratório preferencialmente em meio Stuart. O diagnóstico diferencial deve ser feito das infecções virais como a influenza (surtos explosivos, corrimento nasal mais seroso, tosse seca e grave), rinovirose (doença mais discreta) e rinopneumonite eqüina (doença discreta , geralmente associado a abortos), que podem ser facilmente diagnosticadas em laboratórios especializados. Prevenção e Controle A natureza altamente contagiosa desta enfermidade torna difícil o controle de sua disseminação no rebanho. Como o animal infectado é geralmente o disseminador da infecção, animais novos na propriedade e os clinicamente afetados devem ser designados a um área de isolamento e quarentena por 14 a 21 dias, e controlados diariamente, de preferência com coleta de "swabs" nasais para exame laboratorial, mesmo dos clinicamente normais. O manejo deve ser voltado para a higiene, segregação de animais por idade, diminuição da lotação e da entrada de novos animais no rebanho. Em casos de ocorrência da enfermidade, os animais afetados devem ser isolados e submetidos a medidas terapêuticas, quando necessário, e as instalações e equipamentos devidamente desinfetados. As vacinas existentes compõe-se de bacterianas de S. equi ou de extratos de proteína M. Elas estimulam a produção de anticorpos mas não conferem um alto nível de imunidade contra a exposição natural. Em estudos de campo, as vacinas reduziram em torno de 50% na taxa de ataque clínico. Em geral, ocorre uma atenuação dos sinais clínicos. Além disso, vários efeitos colaterais são notados em animais vacinados. Entretanto, as vacinas se mostraram eficientes durante uma epidemia. Tratamento O tratamento geral para as afecções respiratórias são: proporcionar um ambiente confortável, bem ventilado (evitar correntes de ar), com cama abundante para proporcionar conforto e calor (usar mantas se necessário), fazer inalações, manter limpo o focinho e boa alimentação. Há muita controvérsia no tratamento antimicrobiano da adenite eqüina. O uso de antibióticos dificulta que o animal monte uma resposta imune específica e atrasa o processo de maturação e ruptura dos abscessos (que geralmente leva à resolução da doença), podendo levar às complicações acima citadas. A recomendação atual é deixar que os casos não complicados sigam seu curso normal sem intervenção de antibióticos. Pode-se ainda acelerar este processo pela aplicação de substâncias rubefacientes na pele da região afetada. Estas, provocam um processo inflamatório pela irritação, apressando a maturação e supuração. A drenagem dos abscessos pode ser utilizada quando se observar que o abscesso está maduro, prestes a supurar. A aplicação de antibióticos é indicada quando (1) ocorrer dispnéia com obstrução parcial das vias aéreas; (2) houver febre alta por períodos prolongados; e (3) observar-se severa lesão e anorexia. A antibioticoterapia parece ser também eficiente bem no início da enfermidade. O S. equi é muito sensível à penicilina, cloranfenicol, eritromicina, tetraciclina e lincomicina.
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