ARBOVIROSES Condições infecciosas febris epidêmicas transmitidas pela picada de um artrópode. V I N I C I U S D A S I L V A S A N T O S - M E D I C I N A - U N I V E R S I D A D E F E D E R A L D E P E R N A M B U C O ARBOVIROSES: Conjunto de doenças causadas por um vírus que é transmitido por artrópodes, englobam os artrópodes as seguintes patologias: • Dengue • Chikungunya • Zikavírus • Febre amarela DENGUE DEFINIÇÃO: Doença febril aguda de etiologia viral, transmitida através de um artrópode do gênero Aedes. • Agente etiológico: Vírus de RNA da família flaviví- rus, possui 4 sorotipos: DENV 1/2/3/4. • O contato com um sorotipo leva à desenvolver imunidade: Ou seja você só pode pegar dengue 4 vezes ao longo da vida (no BR). • Infecção sequencial → Aumenta o risco de formas graves: Isso porque a imunidade que você criou pro sorotipo passado não combate o vírus e ainda atrapalha, gerando uma resposta imune exacerbd. TRANSMISSÃO • Vetor: Aedes aegypti, o famoso mosquito da dengue, um vetor hematófago que adquire o vírus se alimentando do sangue de uma pessoa com dengue na fase de viremia (até o 6º dia de dç). • A fêmea faz a postura dos ovos em ambientes de água parada: Como poços, caixas d’água... • Período de incubação → 3-15 dias: Ou seja, pra suspeitar de dengue a pessoa deve ter estado no local que circula o mosquito. • A dengue acompanha de perto a distribuição do mosquito transmissor: Por isso, sua incidência tende a ser maior no verão e em países quentes e úmidos. *Outras formas de transmissão: A transmissão vertical e a transfusão sanguínea são possíveis, no entanto, o impacto delas na doença carece de mais estudos. PATOGÊNESE GERAL 1. O vírus é inoculado no organismo e vai parasitar dois tipos de células, principalmente: Macrófagos (primeiro lugar) e células musculoesqueléticas. 2. A replicação viral nos monócitos estimula a produção de fatores pró-inflamatórios → Febre! 3. O tropismo muscular leva ao quadro de mialgia 4. Resposta humoral: A partir do sexto dia já tem IgM PATOGÊNESE NA DENGUE GRAVE 1. Geralmente ocorre em pacientes que já tiveram dengue: Ou seja, já tem imunidade a um sorotipo. 2. Teoria de Halstead: Os anticorpos produzidos para um sorotipo diferente defendem o corpo de uma forma errada e acabam por facilitar a entrada de mais vírus dentro dos macrófagos. 3. Aumento da viremia e tempestade de citocinas: Pelo aumento da replicação viral e produção de mais citocinas inflamatórias (TNF-alfa e IL-6). 4. Secreção do antígeno NS1: Durante a viremia ele é secretado e desestabiliza o glicocálix do endotélio, aumentando a permeabilidade vascular e agravando o quadro da doença. CLASSIFICAÇÃO CLÍNICA → VARIADA (3 TIPOS)! CASO SUSPEITO DE DENGUE • Definição: Febre alta (até 7 dias) + ≥ 2 sintomas: o Mialgia intensa: “Febre quebra-ossos”! o Dor retro-orbital: Dor na musculatura atrás dos olhos, alteração característica. o Artralgia: Mais comum na chik, mas pode ter também na dengue. o Exantema: No 2º ao 4º dia, um exantema máculopapular. o Petéquias na prova do laço: Manifesta- ções hemorrágicas na pele o Vômitos e outros sintomas do TGI o Leucopenia: Principalmente às custas de neutropenia. • Melhora da febre → 2º-7º dias: Pelo contrário do que parece, é na melhora da febre que o quadro se agrava e carece da nossa atenção. DENGUE COM SINAIS DE ALARME • Definição: Suspeita de dengue + ≥ 1 sinal de alarme • Fisiopatologia: A resposta imune exacerbada leva a uma tempestade de citocina → Sepse viral → Acometimento da parede dos vasos e plaquetas. • Extravasamento plasmático: Pelo acometimento dos vasos, vai virar uma peneira e o plasma vai para o terceiro espaço. 3 sinais de alarme: 1. Aumento do hematócrito: Hemoconcen- tração, sai líquido e fica mais hemácias. 2. Lipotímia (hipotensão postural): Menos líquido no vaso a pressão vai cair. 3. Ascite, derrame pleural e derrame pericárdico: Plasma nas cavidades. V I N I C I U S D A S I L V A S A N T O S - M E D I C I N A - U N I V E R S I D A D E F E D E R A L D E P E R N A M B U C O • Disfunção orgânica leve: Se os vasos estão acome- tidos, o sangue não consegue chega ao órgão, leva à uma disfunção orgânica e mais 4 sinais de alarme: 4. Dor abdominal contínua/à palpação 5. Vômitos persistentes: A víscera isquêmica perde peristalse, leva à vômitos persistentes. 6. Hepatomegalia > 2cm do RCD 7. Letargia e irritabilidade: Por má perfusão cerebral, leva à rebaixamento da consciência. • Lesão de plaquetas: O sangue não vai coagular direito, portanto, leva à o oitavo sinal de alarme: 8. Sangramento de mucosas: (Epistaxe, gengivo- rragia) Com a plaquetopenia, o sangramento é facilitado, o sangue não coagula direito. DENGUE GRAVE • Definição: Suspeita de dengue + ≥ 1 sinal de gravidade (Nota que agora tudo vai piorar) o Extravasamento plasmático grave: Pct chocado (hipovolêmico), tem que dar o diagnóstico no consultório na hora! Essa é a principal causa de morte por dengue! o Disfunção orgânica grave: A dengue escolhe um órgão para focar, manifesta uma febre + Encefalite ou Febre + Miocardite ou Febre + Hepatite o Sangramento grave: Sangramento que ameaça a vida, uma hemorragia digestiva ou um sangramento no SNC. *Como dar o diagnóstico de choque no consultório: • Queda da PA/Pressão convergente: Diferença entre PAS e PAD < 20 mmHg. • Pulso: Fino e rápido! • Periferia: Tempo de enchimento capilar > 2 seg, extremidades frias. DIAGNÓSTICO • Fase de viremia → Até o 5º dia: o Isolamento viral: Caro e específico. o Antígeno NS1: Melhor opção e melhor ainda se estiver entre o 1º-3º dia de sinto- mas. (NSI tem 3 caracteres, lembrar 3ºd) • Após soroconversão → A partir do 6º dia: o Sorologia → Elisa IgM: Marca a infecção aguda da doença, o IgG não adianta pois pode positivar em dengues passadas. AVALIAÇÃO DA DANGUE → PROVA DO LAÇO • Objetivo do exame: Avaliar o risco de agravamen- to da doença, se o paciente tem maior risco de extravasamento plasmático. • Como fazer o exame: o Aferir e fazer a média da PA: PAS + PAD/2 o Insuflar o manguito até a média e manter insuflado por 3 (criança) ou 5 min (adulto) o Desenhar um quadrado de 2,5 cm de lado: O quadrado deve ser desenhado na região com maior concentração de petéquias. • Prova do laço positiva: Pelo menos 10 petéquias na criança e pelo menos 20 petéquias no adulto. V I N I C I U S D A S I L V A S A N T O S - M E D I C I N A - U N I V E R S I D A D E F E D E R A L D E P E R N A M B U C O TRATAMENTO • Analgesia → Paracetamol / Dipirona: Nunca prescreva AINES/AAS porque eles são anti- coagulantes associados, vai piorar a dengue! • SUPORTE HÍDRICO: Com base nos grupos ABCD! • A: Não é B, C ou D, vai ser tratada ambulatorial- mente, 60 ml/kg/d, 1/3 por SRO e o resto de líquidos (2/3) a vontade. • B: Dengue com sangramento de pele, risco social, comorbidades ou gestantes, precisa fazer obriga- toriamente um hemograma! Mesma hidratação do A até o hemograma. Se hematócrito normal trata como A, se alterado trata como C. • C: Dengue com sinais de alarme. Paciente com pelo menos um sinal de alarme, precisa internar na enfermatia e fazer hidratação venosa generosa (20mL/kg em 2h até 3x), reavalia o paciente e vê se tem melhora (manutenção com 25 mL/kg em 6h) e se não tem melhora → grupo D! • D: É o paciente classificado como dengue grave! Tem que internar na UTI e fazer hidratação vigorosa igual ao C, se melhorar, hidrata com a manutenção do grupo C, se não melhorar, fazer Nora/Albumina. DETALHAMENTO DOS GRUPOS C E D INDICAÇÃO E ALTA HOSPITALAR PROFILAXIA • Ações individuais: Erradicação de criadouros peri- domiciliares do vetor (evitar água parada). • Ações coletivas: Implantação do Programa