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O trauma é a principal causa de morte até os 45 anos de idade, sendo responsável por cerca de 80% das mortes em pacientes jovens (18 a 24 anos). POLITRAUMATIZADO: refere-se a todos aqueles que sofreram mais de um traumatismo, independente de sua magnitude Definição: é uma síndrome de múltiplas lesões, excedendo a gravidade definida, em que, pelo menos, uma das lesões pode levar à disfunção ou à falência de órgãos remotos. O protocolo de atendimento aos politraumatizados, deve ser usado em todo indivíduo vitima de trauma que, na admissão, tenha pelo menos 1 desses critérios: A melhora do atendimento pré-hospitalar, o aprimoramento do atendimento intensivo e as técnicas cirúrgicas mais apuradas possibilitaram melhores resultados. 3 principais causas de óbito no paciente politraumatizado ✗ Morte imediata: quando ocorre instantes após o traumatismo. Ex: laceração cerebral, trauma raquimedular (TRM) alto, lesão do tronco cerebral; ✗ Morte precoce: quando o óbito ocorre nas primeiras horas após o traumatismo. Ex: hematomas epi/periduais, ferimentos no baço e no fígado, perda de sangue causada por múltiplas lesões nas extremidades; ✗ Morte tardia: quando o óbito ocorre semanas após o traumatismo Ex: trauma cranioencefálico, falência múltipla de órgãos e sepse. Resposta metabólica ao trauma RMT– É a designação dada ao conjunto de alterações neuroendócrinas e imunológicas que ocorrem após a injúria, com o objetivo de reestabelecer a homeostase. Todo trauma produz resposta inflamatória sistêmica, seguida por um período de imunossupressão relativa, e que a cirurgia provoca a liberação de mediadores inflamatórios, polimorfonucleares e depressão da função monocitária, há 3 respostas bem definidas: CARDIOVASCULAR Ocorre imediatamente após a lesão, traduzindo a extensão das lesões teciduais e a perda de sangue. Ocorre ativação dos fatores de coagulação, migração do líquido do espaço intersticial para intravascular e hiperventilação, a fim de promover oxigenação do sangue. IMUNOLÓGICA/INFLAMATÓRIA Migração de células inflamatórias (neutrófilos e macrófagos) e liberação de mediadores pró- inflamatórios (interleucinas, fator de necrose tumoral, interferons) que objetivam acelerar o afluxo de células inflamatórias, bloquear ação dos agentes bacterianos e iniciar processo de reparação tecidual. METABÓLICA Ocorre aumento da necessidade de glicose, liberação de impulsos nervosos a partir da área lesada até o sistema nervoso central e o tronco cerebral, com ativação do hipotálamo e liberação de adrenalina, noradrenalina, ACTH, TSH e glucagon. Atendimento inicial Deve se seguir o PROTOCOLO DE ATENDIMENTO DO ATLS ➔ A – Vias aéreas e controle cervical ➔ B – Ventilação ➔ C – Circulação e controle de sangramento externo ➔ D – Deficit neurológico ➔ E – Exposição e cuidados com hipotermia Importante: na fase inicial do tratamento, a obtenção de acessos venosos calibrosos e a solicitação de exames laboratoriais em caráter emergencial são fundamentais. Escala de Glasgow < 14 FR <10 ou >29 PAS = 90 mmHg Escore de trauma revisado < 11 Fratutas pélvicas Fraturas de 2 ou mais ossos longos Amputação proximal de punho ou tornozelo Tórax instável Lesões penetrantes de cabeçaa, dorso e extremidades proxiamais de cotovelo e joelho Politraumatizado – ortopedia Conduta ortopédica A conduta depende, basicamente, das condições gerais do paciente. Nos pacientes instáveis a indicação é o controle de danos ortopédicos (damage control), enquanto, nos demais, as cirurgias definitivas precoces podem ser realizadas. Exames de Imagem Radiografia Convencional – ainda é usada na maioria das instituições – incidências: anteroposterior do tórax e da pelve e lateral da coluna cervical Ultrassonografia Usada para rastrear lesões abdominais e torácicas de forma rápida e objetiva Tomografia Computadorizada É realizada em um segundo momento para avaliação do traumatismo craniencefálico, além de tórax, abdome e pelve, caso seja necessário; A TC tem sido utilizada cada vez mais como uma avaliação inicial dos pacientes mais graves. Angiografia Considerada padrão ouro no diagnóstico de lesões da aorta, assim como de outros vasos importantes. Logo, sempre que necessário, pode- se utilizar esse exame. 1950 – indivíduos com lesões múltiplas eram considerados de alto de risco para se submeterem a procedimentos cirúrgicos. Nessa década, a manipulação precoce era contraindicada devido o maior risco de embolia gordurosa. 1980 – publicações sugeriam que a estabilização esquelética precoce tinha efeito benéfico sobre a função pulmonar e as complicações pós- operatórias. EARLY TOTAL CARE (estabilização definitiva): se refere à estabilização esquelética na emergência, pois a estabilização precoce cursa com diminuição dos mediadores inflamatórios e do risco de embolia pulmonar, além de ter efeito analgésico e facilitar mobilização no pós-operatório. 1980 – 1990: notou-se alto índice de complicações letais em pacientes politraumatizados submetidos ao tratamento definitivo (early total care) nas primeiras 24 horas. Então, surge o conceito de controle de danos DAMAGE CONTROL: é um caminho mais seguro na abordagem de pacientes politraumatizados graves. Realizando a abordagem definitiva em um segundo momento para assim o paciente conseguir mais força. 2000 – CONTROLE DE DANOS ORTOPÉDICOS É considerado um procedimento primário, rápido e temporário. A fixação externa representa o principal método para sua execução, cuja preocupação maior deveria ser com o controle do sangramento através da estabilização dos ossos longos e da pelve. Período Atual Alguns autores sugerem o uso de parâmetros clínicos e laboratoriais para a tomada de decisões, indicando controle de danos para os pacientes que apresentem: Paciente politraumatizado vítima de fratura bilateral de fêmur, fratura exposta da tíbia direita e fratura diafisária do úmero esquerdo. Foi submetido a controle de danos ortopédicos. De acordo com alguns estudos foi concluído que a fixação definitiva precoce pode ser usada de forma segura e com benefícios reais para muitos pacientes politraumatizados. Os autores consideram que o reconhecimento e o controle precoce da hemorragia, além da agressiva ressuscitação para controle de acidose, são fundamentais na redução da mortalidade e morbidade. Hipoperfusão subclínica Definida como a normalização dos sinais vitais em resposta à ressuscitação, mas mantendo lactato acima de 2,5 mmol/L. Os autores observaram que os indivíduos com hipoperfusão subclínica tiveram morbidade pós- operatória muito elevada e, por esse motivo, recomendam inicialmente o controle de danos. FIXAÇÃO ORTOPÉDICA DEFINITIVA Qual o melhor momento para realizar a fixação definitiva? A queda do antígeno leucocítico humano (HLA- DR) constitui um importante parâmetro para a ocorrência de complicações e, assim, estudaram seu comportamento no politraumatizado. Hoje se considera que os melhores momentos para a fixação precoce são do 5º ao 10º dia e a partir da terceira semana, visto que, do segundo ao quarto dia, o organismo passa por uma fase de hiperinflamação, cuja cirurgia deve ser apenas a chamada de second look. Do 10º dia à terceira semana, instala-se um período de imunossupressão, de tal modo que cirurgias reconstrutivas cursam com maior risco de infecção. Cirurgias de emergência em pacientes instáveis • Descompressão aguda de cavidades • Controle da hemorragia • Laparotomia • Revascularizações • Debridamento de fraturas expostas e lesões articulares • Fixação externa de ossos longos • Fasciotomias • Fixação dorsal de fraturas vertebrais instáveis Fraturas da pelve São uma dasprincipais causas de morte nos pacientes politraumatizados, motivo pelo qual deve-se dar atenção especial a essa lesão. Mediante qualquer suspeita, torna-se imperativa uma medida no sentido de controlar o volume intrapélvico, de preferência ainda no atendimento pré-hospitalar, por meio de cintas pélvicas. Como nem sempre estão disponíveis, podem ser substituídas por um lençol passado ao nível dos trocânteres maiores, acompanhado da rotação medial dos membros inferiores. Essa simples medida é fundamental na busca pela preservação da vida do paciente. Estabilização provisória da pelve, com uso de lençol, associada a rotação medial do membro inferior PH < 7,25 base excesso < -5 lactato > 2 temperatura < 35º C Plaquaetas < 120.000 RNI > 1.5 Se houver dúvida sobre quais pacientes devem ser tratados preferencialmente com early total care, todavia o bom senso indica, que é mais prudente realizar o controle de danos Após a avaliação imaginológica da pelve, a questão passa a ser quais lesões têm indicação de fixação em caráter emergencial. Conduta paciente hemonadicamente instável com fratura de pelve IMPORTANTe: Se, após a fixação emergencial da pelve, o paciente continuar apresentando sinais de instabilidade hemodinâmica, não havendo outro motivo para isso, pode-se lançar mão de dois procedimentos: • Embolização de vasos pélvicos, cuja principal desvantagem está no fato de não ser seletiva e poder causar necrose de tecidos não desejáveis; • Packing, que consiste na colocação de compressas no interior da pelve, em especial nas regiões posteriores (três cada de lado, em média) por acesso anterior. Fresagem Não é contraindicada mas há alguns grupos de pacientes como os portadores de fraturas bilaterais do fêmur e, sobretudo, indivíduos com contusão pulmonar associada cuja preferência é evitar fresagens Critérios Prognósticos • Valores de entrada da interleucina 6 maiores que 800 cursavam sempre com falência múltipla de órgãos • Plaquetas ↓ 90.000/mL • Débito urinário ↓ 50 mL/h • Lactato acima de 2,5 mmol/L • BE ↓ 8 mmol/L • Temperatura ↓ 33°C • Transfusão ↑ 3 unidades/h • PaO2 ↓ 250 • Idade ↑ 55 anos Considerações finais A abordagem de pacientes politraumatizados objetiva a estabilização precoce quando as funções vitais estão estabilizadas. Todavia, na presença de instabilidade hemodinâmica, a fixação temporária por meio de fixadores externos é considerada vital para a obtenção de melhores resultados. Indivíduos politraumatizados com fraturas diafisárias do fêmur costumam apresentar lesões associadas devido a traumas de alta energia com significativa perda sanguínea e associação a grande lesão de partes moles que envolvem o maior e mais forte osso do esqueleto humano. Pacientes com lesões pulmonares ou respiratórias são considerados de alto risco, pois desenvolvem maiores complicações. Com o aperfeiçoamento de métodos mais invasivos e precisos de monitoração, considera-se como pacientes de risco aqueles que apresentam: • Traumas de crânio • Contusões pulmonares bilaterais • Múltiplas lesões de ossos longos • Coagulopatias • Hipotermia • Cirurgias estimadas acima de seis horas Marcadores como interleucina 6, interleucina 10 e procalcitonina podem orientar quanto à decisão de realizar ou não o chamado de controle de danos cirúrgicos.
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