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Alcoolismo: Definição, Epidemiologia e Consequências

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Kemelle Nascimento- 5ºP
Alcoolismo
Definição:
 
 Doença crônica caracterizada pelo consumo incontrolável de álcool, condicionado pela dependência. É a incapacidade de controlar a ingestão de álcool devido a dependência física e emocional.
Epidemiologia:
 Os levantamentos epidemiológicos sobre o consumo de álcool e outras substâncias psicoativas entre os jovens, no Brasil e no mundo, mostram que a experimentação acontece na passagem da infância para a adolescência.
 Até os 10 anos, as crianças não fumam nem demonstram intenção de fumar, diferentemente do que acontece com a bebida alcoólica. Esta já parece estar no imaginário de crianças e adolescentes, que dizem que “em algum momento na vida” irão beber.
 Em geral, o uso de psicotrópicos inicia-se na adolescência, aproximadamente aos 13 anos, por meio das drogas lícitas para adultos.
 O álcool e o tabaco são as substâncias mais usadas no momento atual e ao longo da vida. São também aquelas com a maior taxa de consequências.
 O levantamento entre estudantes realizado pelo Cebrid (Centro Brasileiro de Informações sobre drogas psicotróficas) em 2004 mostrou que o uso experimental de drogas acontecia cada vez mais cedo na vida – para o álcool, em torno de 12,5 anos.
Etiologia:
 Muitos fatores influenciam a decisão de beber, o surgimento de dificuldades temporárias relacionadas ao álcool durante a adolescência
e na faixa dos 20 anos e o desenvolvimento de dependência de álcool. 
 O início da ingestão de álcool provavelmente depende, em grande parte, de fatores sociais, religiosos e psicológicos, embora características genéticas também possam estar presentes. Os fatores que influenciam a decisão de consumir álcool ou que contribuem para os problemas temporários, no entanto, podem ser diferentes daqueles que contribuem para o risco de problemas graves e recorrentes de dependência de álcool.
 Uma interação semelhante entre influências genéticas e ambientais contribui para várias condições médicas e psiquiátricas, e, portanto, um exame desses fatores no alcoolismo oferece informações sobre transtornos genéticos de herança complexa de modo geral.
 Genes dominantes ou recessivos, embora sejam importantes, explicam apenas condições relativamente raras. A maioria dos transtornos apresenta algum grau de predisposição genética que normalmente se relaciona a uma série de características de influência genética diferente, sendo que cada qual aumenta ou reduz o risco para o transtorno.
 Provavelmente várias influências genéticas se combinam para explicar cerca de 60% da proporção de risco para alcoolismo, sendo que o ambiente é responsável pela proporção restante da variação.
 Existe a combinação de uma série de fatores psicológicos, socioculturais e biológicos, entre outros, por trás do desenvolvimento de problemas de vida graves e repetitivos relacionados ao álcool.
· Teorias: genética, ambiental, psicológica, sociocultural e história infantil.
Consequências neuropsicológicas do alcoolismo:
Bioquímica:
 Em contraste com a maioria das outras substâncias de abuso com alvos receptores – como o receptor N-metil-D-aspartato (NMDA) de fenciclidina (PCP) –, não foi identificado nenhum alvo molecular como mediador para os efeitos do álcool. 
 
 A antiga teoria sobre os efeitos bioquímicos do álcool é voltada para seus efeitos sobre as membranas dos neurônios. Dados apoiam a hipótese de que o álcool produz seus efeitos ao se intercalar nas membranas e, desse modo, aumentar a fluidez das membranas com o uso de curto prazo.
 Com o uso prolongado, no entanto, a teoria postula que as membranas se tornam rígidas ou endurecidas. A fluidez das membranas é essencial para o funcionamento normal dos receptores, dos canais iônicos e de outras proteínas funcionais ligadas a membranas.
 Estudos revelaram que atividades nos canais iônicos associadas aos receptores de acetilcolina nicotínica, serotonina 5-hidroxitriptamina3 (5-HT3) e GABA tipo A (GABAA) são intensificadas pelo álcool, enquanto atividades dos canais iônicos associadas aos receptores de glutamato e canais de cálcio disparados por voltagem são inibidas.
Efeitos comportamentais: 
 Como resultado final das atividades moleculares, o álcool funciona como depressor, assim como os barbitúricos e benzodiazepínicos, com os quais o álcool apresenta, parcialmente, tolerância cruzada e dependência cruzada. Em um nível de 0,05% de álcool no sangue, pensamento, discernimento e inibição são relaxados e às vezes perturbados. 
 Em uma concentração de 0,1%, atos motores voluntários normalmente se tornam perceptivelmente desajeitados. Na maioria dos Estados Unidos, a intoxicação legal varia de 0,1 a 0,15% de álcool no sangue. Em 0,2%, a depressão da função de toda a área motora do cérebro pode ser medida, e as partes do cérebro que controlam o comportamento emocional também são afetadas. 
 Em 0,3%, o indivíduo normalmente fica confuso
ou entra em estupor; em 0,4 a 0,5%, entra em coma. Em níveis mais elevados, os centros primitivos do cérebro que controlam a respiração e a frequência cardíaca são afetados, e ocorre morte secundária a depressão respiratória direta ou a aspiração de vômito.
 Indivíduos com histórias antigas de abuso de álcool, no entanto, podem tolerar concentrações muito mais elevadas do que pessoas com baixo consumo de álcool; sua tolerância à substância pode causar a impressão errônea de que estão menos intoxicados do que de fato estão.
Efeitos no sono:
 Embora o álcool consumido à noite normalmente aumente a facilidade em adormecer (redução da latência do sono), também tem efeitos adversos sobre a arquitetura do sono. 
 Especificamente, o uso de álcool está associado a diminuição do sono do movimento rápido dos olhos (sono REM- Memoria, concentração e aprendizado) e do sono profundo (estágio 4) e maior fragmentação do sono, com episódios mais frequentes e mais longos de vigília. Portanto, a noção de que ingerir álcool ajuda a dormir é um mito. 
OBS: Afeta na produção de adenosina
Diagnóstico e Características clínicas:
Intoxicação por Alcool:
 Os primeiros sintomas e sinais de intoxicação incluem desinibição e excitação comportamental, seguidos pelos efeitos sedativos conforme o nível de álcool no sangue aumenta.
 Há indivíduos intoxicados que apresentam comportamentos prejudiciais ou perigosos para a comunidade, como dirigir alcoolizado, fazer sexo sem proteção ou cometer crimes.
 A intoxicação grave está associada a piora do nível de consciência, podendo evoluir para estado comatoso e aumento do risco de morte.
 A intoxicação alcoólica mostrou reduzir a capacidade defensiva e a ansiedade subjetiva durante situações de insegurança. O álcool pode interromper a resposta afetiva e o processamento atencional, tornando os indivíduos intoxicados menos capazes de evitar comportamentos prejudiciais.
Abstinência ao álcool:
 O sinal clássico de abstinência de álcool é tremor, embora o espectro de sintomas possa se expandir para incluir sintomas psicóticos e de percepção (p. ex., delírios e alucinações), convulsões e os sintomas de delirium tremens (DTs), denominado delirium por álcool no DSM-5. 
 
 Tremores (normalmente chamados de “tremedeira”) se desenvolvem de 6 a 8 horas após a interrupção do consumo, convulsões, em 12 a 24 horas, e DTs, a qualquer momento durante as primeiras 72 horas, embora médicos devam estar atentos para o desenvolvimento de DTs durante a primeira semana de abstinência.
 A síndrome de abstinência às vezes não segue a progressão normal e, por exemplo, apresenta diretamente DTs.
 Outros sintomas de abstinência incluem irritabilidade geral, sintomas gastrintestinais (p. ex., náusea e vômito) e hiperatividade simpática autonômica, incluindo ansiedade, excitação, sudorese, rubor facial, midríase, taquicardia e hipertensão leve.
Estados alterados de consciência devido ao uso de álcool:
 
Convulsões de abstinência:
 Convulsões associadas à abstinência de álcool têm características estereotipadas, generalizadas e são tônico-clônicas. Os pacientes costumam ter mais de uma convulsão3 a 6 horas após a primeira ocorrência. Estado epiléptico é relativamente raro e ocorre em menos de 3% dos pacientes.
Delirium:
 Pacientes com sintomas reconhecidos de abstinência de álcool devem ser monitorados com atenção para impedir a progressão para delirium por abstinência de álcool, a forma mais grave da síndrome de abstinência, também conhecido como DTs. O delirium por abstinência de álcool é uma emergência médica que pode resultar em morbidade e mortalidade significativas. Pacientes com delirium são um perigo para si mesmos e para outros.
Demência persistente induzida por álcool:
 
 É um problema cognitivo de longo prazo, heterogêneo e pouco estudado, que pode se desenvolver no curso do alcoolismo. 
 Observam-se reduções globais do funcionamento intelectual, das capacidades cognitivas e da memória, mas dificuldades na memória recente são consistentes com o prejuízo cognitivo global, uma observação que ajuda a distinguir essa condição do transtorno amnéstico persistente induzido por álcool.
Transtorno amnéstico persistente induzido por álcool:
 A característica fundamental do transtorno amnéstico persistente induzido por álcool é uma perturbação na memória de curto prazo causada pelo uso intenso de álcool. Como o transtorno geralmente ocorre em indivíduos que consomem álcool intensamente há vários anos, é raro em indivíduos com menos 35 anos.
Síndrome de Wernicke-Korsakoff:
 A denominação clássica para transtorno amnéstico persistente induzido por álcool é composta por encefalopatia de Wernicke (um conjunto de sintomas agudos) e síndrome de Korsakoff (uma condição crônica). Enquanto a encefalopatia de Wernicke é totalmente reversível com tratamento, apenas 20% dos pacientes com síndrome de Korsakoff se recuperam.
 A conexão fisiopatológica entre as duas síndromes é deficiência de tiamina (vitamina B1), causada por maus hábitos nutricionais ou por problemas de absorção.
 A síndrome de Korsakoff é a síndrome amnéstica crônica que pode se seguir à encefalopatia de Wernicke. As características principais da síndrome de Korsakoff são a síndrome de prejuízo mental (especialmente a memória recente) e amnésia anterógrada em um paciente alerta e responsivo.
Apagões:
 Apagões são semelhantes a episódios de amnésia global transitória, uma vez que constituem episódios distintos de amnésia anterógrada que ocorrem em associação com intoxicação por álcool. Os períodos de amnésia podem ser particularmente aflitivos quando o indivíduo teme ter machucado alguém sem perceber ou tenha agido de forma imprudente enquanto intoxicado. 
 Durante um apagão, o indivíduo retém a memória remota de modo relativamente intacto, mas experimenta um déficit específico na memória de curto prazo, que o impossibilita de relembrar eventos que ocorreram nos 5 ou 10 minutos anteriores.
Transtorno psicótico induzido por álcool:
 Aproximadamente 3% dos indivíduos alcoolistas experimentam alucinações auditivas ou delírios paranoides no contexto do consumo pesado ou abstinência de álcool. As alucinações auditivas mais comuns são vozes, mas elas costumam ser desestruturadas. As vozes são caracteristicamente caluniosas, repreensivas ou ameaçadoras, embora alguns pacientes relatem que elas sejam agradáveis e não perturbadoras.
 As alucinações normalmente duram menos de uma semana, mas durante esse período frequentemente há prejuízo no teste de realidade. Depois do episódio, a maioria dos pacientes percebe a natureza alucinatória dos sintomas.
 São raras, diferente do delirium.
Transtorno do humor induzido por álcool:
 A ingestão intensa de álcool ao longo de vários dias resulta em vários dos mesmos sintomas observados no transtorno depressivo maior, mas a intensa tristeza melhora acentuadamente no prazo de vários dias até um mês de abstinência. 
 Um total de 80% dos indivíduos com alcoolismo relatam histórias de depressão intensa, sendo
que 30 a 40% ficam deprimidos durante duas ou mais semanas em um dado momento. Contudo, apenas 10 a 15% dos alcoolistas apresentam depressão que satisfaz os critérios para transtorno depressivo maior sem consumo intenso de álcool.
Transtorno de ansiedade induzido por álcool
 Sintomas de ansiedade que satisfazem os critérios diagnósticos para transtorno de ansiedade induzido por álcool também são comuns no contexto de abstinência de álcool aguda e prolongada. 
 
 Quase 80% dos alcoolistas relatam ataques de pânico durante pelo menos um episódio de abstinência aguda; suas queixas podem ser suficientemente intensas para que o clínico considere um diagnóstico de transtorno de pânico
Dependência química e os estados depressivos:
 O álcool é depressor do sistema nervoso, pois tem uma ação sedativa intrínseca.
 Na dependência do álcool ocorre uma alteração nítida no humor, geralmente com maior irritabilidade e quadro depressivo.
 
 Pacientes que paravam de beber, após uma semana, apresentavam sintomas depressivos suficientes para diagnosticar a depressão em 42% dos casos. Contudo, mesmo sem serem medicados ou irem para a psicoterapia, após 3 semanas de abstinência apenas 6% permaneceram com o quadro depressivo.
Alcoolismo e as relações sociofamiliares:
· Impotência sexual
· Familiares sobrecarregados, desgastados, ansiosos e desorientados
· Alto custo para a família por conta da dependência
· Com a sociedade trazer prejuízos como acidentes, relações sexuais sem preservativo
· Agressividade, tanto do alcoólatra tanto da sociedade e família para com ele.
Referências:
· Psiquiatria: Estudos fundamentais- Mileiro 2018
· Alcoolismo nos contextos social e familiar: Analise documental á luz de Pimentel- Bessa Jorge 2007
· Compêndio de psiquiatria 2017
· Tratado de psiquiatria clínica- Hales 2012
· Psiquiatria básica- Mario 2007

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