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Parasitologia-Unidade II-1

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PARASITOLOGIA HUMANA – UNIDADE II 
 
Schistosoma sp. 
Gênero que compreende uma série de parasitas intravasculares de região intestinal (Schistosoma 
guineensis, S. intercalatum, S. mansoni, S. japonicum e S. mekongi) e urogenital (S. Haematobium). 
 
Schistosoma mansoni: Agente etiológico da Esquistossomose mansônica; 
Popularmente conhecida: “barriga d’água”, “xistose” ou “doença do caramujo”; 
Tem forte relação com condições econômicas e sanitárias. Segundo a OMS, afeta 240 milhões de 
pessoas no mundo e 700 milhões vivem sob risco de contrair. 
Entre a população afetada está a do estado da Bahia, especialmente na região da Chapada 
Diamantina, onde há a presença do hospedeiro intermediário, algumas espécies de caramujos e 
também a presença intensa de cursos d'água, fatores essenciais para a manutenção do ciclo evolutivo 
disse que parasita. 
 
Esquistossomose na Bahia 
Considerando os dados epidemiológicos da Esquistossomose na Bahia, verifica-se que dos 417 Fatores 
associados municípios: 
167 (40%) são endêmicos e 122 (29,3%) são focais, ou seja 70% dos municípios são de regiões onde a 
presença da infecção é constante e a população está sob maior risco de contrair a infecção; e outros 
128 (30.7%) municípios são classificados como indenes, ou seja, regiões onde a infecção não é 
importante, não está presente de forma constante, mas que a vigilância se mantém ativa devido a 
possibilidade de expansão da doença por outros territórios da Bahia. 
Em 2018 foram notificados 316 casos suspeitos em 98 municípios da Bahia e embora possa parecer 
um número baixo de infecções considerando o tamanho do território, é preciso avaliar que como é 
uma doença fortemente relacionado ao saneamento básico e condições de qualidade de vida, 316 
casos é considerado um número alto. 
 
Fatores associados 
- Presença de cursos d'água 
- presença do hospedeiro intermediário 
Ambos os fatores contribuirão para a continuidade do ciclo nesse ambiente, para a transferência do 
parasita entre os hospedeiros intermediários e definitivos e para evolução do parasita no ambiente. 
Outros fatores relacionados a evolução e transmissão dessas formas parasitárias são: 
- Luminosidade 
- Temperatura 
- Pluviosidade 
 
 
 
 
Fatores que contribuirão com o descarte de material fecal contendo ovos dos parasitas no ambiente, 
próximo aos cursos d’água 
- Carência de saneamento básico e educação sanitária 
 
Taxonomia do Schistosoma sp. 
(Helmintos) 
Compreende espécies classificadas: 
Reino Animalia 
Sub-Reino Metazoa 
Filo Platyhelminthes - animais de corpo geralmente achatados 
Classe Trematoda – parasitas capazes de infectar hospedeiros vertebrados e invertebrados 
Sub-Classe Digenea – parasitas que apresentam ciclo heteroxeno, ou seja, parte de seu ciclo ocorre 
no hospedeiro intermediário e parte no hospedeiro definitivo. 
Ordem Strigeiformes 
Família Schistosomatidae 
Gênero Schistosoma sp. 
 
Schistosoma mansoni 
Espécie predominante no Brasil, causa uma doença conhecida popularmente por barriga 
d’água, embora por muito tempo tenha sido conhecida como “Moléstia de Pirajá da Silva”, 
fazendo referência a um dos estudiosos que ajudou a descrever tanto o parasita, quanto a 
enfermidade que ele causava, entretanto, a nomenclatura Schistosoma mansoni não 
atribuída a Pirajá da Silva e sim a Louis Sambon que descreveu o parasita de forma 
concomitante em Londres e devido às regras taxonômicas, que diz que quem primeiro 
descreve leva os créditos da descrição o parasita foi denominado Schistosoma mansoni e não 
Schistosoma americano como Pirajá da Silva o havia denominado. 
Este parasita está distribuído em várias regiões do mundo, especialmente na América do Sul, 
África e Antilhas e compreende um parasita que apresenta dimorfismo sexual, diferença 
morfológica entre machos e fêmeas e o seu nome faz referência a uma de suas características 
morfológicas, onde schisto = fenda e soma = corpo, uma referência presente nos corpos dos 
machos que se assemelha a uma fenda, onde a fêmea do parasita estaria inserida. 
Entretanto, verifica-se que a denominação de uma fenda não seria correta uma vez que o que 
esses parasitas apresentam não é bem uma fenda e sim uma projeção lateral do seu corpo 
que forma uma cavidade chamada de canal ginecóforo, onde as fêmeas estarão inseridas. 
 
 
 
 
 
 
 
Formas evolutivas 
Esse parasita apresenta diversas formas evolutivas 
- Adulto: macho e fêmea (visível diferença morfológica 
- Ovo: posto pelos adultos 
Formas larvárias 
- Miracídio: liberado dos ovos 
- Esporocisto: forma multiplicativa dentro do hospedeiro intermediário 
- Cercária: forma infectante para os hospedeiros vertebrados 
 
Formas adultas 
-Apresentam claro dimorfismo sexual 
-Quanto ao tamanho, os machos (1 cm/média) são menores que as fêmeas (1,5 cm/média) 
-Ambos os sexos apresentam 2 estruturas de ventosa importantes para alimentação e fixação do 
parasita nos tecidos de seus hospedeiros. A ventosa oral na extremidade anterior, associada a 
aquisição de alimentos; e a ventosa ventral ou acetábulo, mais associada a fixação do parasita no 
tecido de seu hospedeiro. 
-Os machos apresentam uma coloração esbranquiçada e fazendo referência ao nome no gênero, 
apresentam a estrutura anteriormente denominada de fenda, mas que na verdade é uma projeção 
lateral no corpo dos machos que forma o canal ginecóforo onde as fêmeas estarão inseridas. 
-Os machos não apresentam órgão copulador, então a inserção das fêmeas nesse canal facilita o 
processo de fecundação na qual os machos liberam nesse canal os espermatozoides, suas células 
reprodutivas e essas células se difundirão para a região genital, para a vulva das fêmeas onde a 
fecundação ocorrerá. 
-Outra estrutura morfológica presente nos machos, se localiza na região dorsal de seu tegumento 
formada por várias projeções chamadas de tubérculos, ao passo que as fêmeas apresentam 
tegumento liso sem a presença de tubérculos 
 
 
 
 
-As fêmeas apresentam coloração mais escura que os machos devido a presença de sangue 
semidigerido no seu interior e seus órgãos estão, majoritariamente, na região anterior de seu corpo, 
sendo a região posterior preenchida pelas células vitelogínecas ou vitelinas, células que promoverão 
a nutrição dos ovos dos embriões após a fecundação. 
 
 
Ovo 
-Características peculiares importantes inclusive, para o diagnóstico desta parasitose. 
-Apresentam aspecto ovoide com uma região mais afilada e outra mais alargada, possui dimensão 
média de 60 micrômetros de comprimento por 1,5 micrômetro de largura. 
-Na porção mais alargada, nota-se uma estrutura peculiar, uma espícula lateral que será importante 
na identificação dos ovos nas amostras biológicas. 
-Outra característica morfológica é que os ovos não possuem opérculo, uma abertura por onde as 
larvas eclode dos ovos. 
-A partir do momento em que são postos, ovos passarão por uma série de estágios de 
desenvolvimento e são considerados maduros por volta do 5º estágio em que se nota a presença de 
uma larva externa ou miracídio e a estrutura de uma casca, mais externa ao ovo, mais translúcida. 
 
 
Miracídio 
-Larvas que emergirão dos ovos maduros do S. mansoni liberados no ambiente 
-Forma infectante do schistosoma aos hospedeiros invertebrados intermediários, os moluscos. 
 
 
 
 
-Larva cilíndrica ciliada. Possui um conjunto de cílios no seu tegumento externo envolvido no processo 
de movimentação no ambiente aquático e apresentam dimensões que vão de 180 micrômetro de 
comprimento por 64 micrômetros de largura em média. 
-Na região apical apresentam uma estrutura denominada terebratorium que junto com as glândulas 
de penetração terá papel importante no processo de adesão dessas larvas no tecido do hospedeiro 
invertebrado para promover a infecção. 
-Apresentam um sistema nervoso composto por um grupamento de células na regiãocentral e um 
conjunto de 4 células denominadas solenócitos ou células flama (denominação anterior) que 
compõem o sistema excretor do miracídio. 
 
 
Cercária 
-Após um estágio de desenvolvimento dentro do hospedeiro intermediário, os moluscos, cada 
miracídio poderá dar origem a milhares de cercárias que são a forma infectante ao hospedeiro 
vertebrado. 
- Apresentam comprimento médio de 500 micrômetros e a sua estrutura dividida em 2 porções: o 
corpo principal e a cauda. 
-A cauda é bifurcada e envolvida no processo de natação em busca de seus hospedeiros a qual vão 
infectar e logo após a penetração na cercaria no tecido dos hospedeiros, a cauda é perdida 
permanecendo apenas a estrutura principal do corpo. 
 
-No corpo, nota-se a presença das 2 ventosas do Schistosoma, uma oral e uma ventral, que estão 
envolvidas no processo de fixação e penetração nos tecidos do hospedeiro, e também, a presença de 
um sistema excretor composto de células flama e de um intestino primitivo. 
 
 
 
 
 
 
 
Para a complementação do ciclo do S. mansoni, há a necessidade na presença no ambiente de seus 
hospedeiros invertebrados que compreendem moluscos do gênero Biomphalaria sp. 
Três espécies desse gênero são reconhecidas como competentes hospedeiros intermediários do S. 
mansoni: 
- Biomphalaria glabrata (principal responsável do S. mansoni no ambiente) - 4500 cercárias/dia 
- Biomphalaria straminea – 400 cercárias/dia 
- Biomphalaria tenogophila 
As 3 espécies estão presentes no Brasil e é muito difícil realizar a sua identificação considerando 
apenas a morfologia das conchas. 
Os estudiosos da área da malacologia, ciência que se dedica ao estudo dos moluscos, orientam que 
além das características morfológicas relacionadas as conchas, que características morfológicas 
relacionadas a estrutura corporal dos caramujos também sejam consideradas, uma vez que as 
características das conchas são muito sutis o que dificulta a identificação da espécie. 
 
Ciclo biológico 
É considerado um ciclo complexo em que o parasita passará por uma série de estágios de 
desenvolvimento para completá-lo. 
É um ciclo heteroxeno ou digenético já que há a necessidade de um hospedeiro definitivo vertebrado, 
os humanos, onde o parasita se apresentará na forma adulta e realizará a reprodução sexuada; e de 
um hospedeiro intermediário invertebrado, os moluscos, onde o parasita se multiplicará de forma 
assexuada. 
A infecção do hospedeiro vertebrado se dá a partir de seu contato, no ambiente, com a cercária que 
é a forma infectante para esse tipo de hospedeiro. 
A cercária atingirá os tecidos do hospedeiro, iniciando o processo de penetração. Após a penetração, 
a cercária perderá a região da cauda e se transforma em esquistossômulos. 
Os esquistossômulos iniciarão o processo de migração através do tecido subcutâneo até alcançarem 
um vaso, por onde serão carregados de forma passiva até a região dos pulmões. 
 
 
 
 
Dos pulmões os esquistossômulos migrarão para o sistema porta e alcançarão, por fim, a região dos 
vasos mesentéricos que é o sítio final de disposição desses parasitas. 
A migração dos esquistossômulos até o sítio final pode acontecer por 2 formas: 
A via principal, majoritariamente reconhecida que é a via hematogênica, na qual os parasitas alcançam 
os capilares pulmonares, depois por via circulatória alcançarão o sistema porta e os vasos 
mesentéricos. 
A via intratecidual ou tissular, onde dos pulmões, os esquistossômulos conseguiriam penetrar o 
parênquima pulmonar, atravessar a região do diafragma e peritônio, alcançando a região abdominal 
e se instalando nos vasos mesentéricos. 
A fixação final dos parasitas nos vasos mesentéricos é um processo que demanda tempo. Entre a 
migração dos esquistossômulos e a fixação dos parasitas nos vasos mesentéricos inferiores, decorre 
um tempo médio de 25 dias. 
Uma vez que os parasitas adultos estejam instalados nos vasos mesentéricos inferiores, iniciam o 
processo de fecundação e reprodução e em seguida a postura dos ovos será iniciada. Processo que 
dura em média 35 dias. 
Os ovos serão postos na região da parede do intestino e migrarão para a região da luz intestinal num 
período de aproximadamente 6 dias quando os ovos já se apresentarão maduros e poderão ser 
liberados juntos com as fezes no ambiente. 
Os ovos liberados com as fezes uma vez que alcançam regiões alagadas, eclodem e liberam as larvas 
miracídios. 
Os miracídios serão atraídos por substâncias liberadas pelos hospedeiros intermediários, os moluscos. 
Vão ativamente em busca dos moluscos e em seu tecido iniciarão o processo de penetração. 
Após a penetração no tecido dos hospedeiros intermediários, o miracídio se transformará em 
esporocisto, forma em que será possível visualizar uma série de multiplicações celulares que darão 
origem a diversas cercárias liberadas no ambiente. 
Os esporocistos poderão ser encontrados nos estágios I, II e III a depender do estágio de 
desenvolvimento do esporocisto. O inicial é classificado como esporocisto I, dele surgirão novas 
células que darão origem a várias cercárias, classificadas como esporocisto II e o esporocisto III dará 
continuidade a liberação constante das cercárias, sendo que um único molusco infectado pode liberar 
várias cercárias durante vários meses. 
Entre o processo de infecção dos miracídios no molusco, a multiplicação dos esporocistos até o 
momento de liberação das cercarias, decorre um tempo longo de 30 dias em média para as primeiras 
cercarias serem liberadas no ambiente. Estas cercarias, então estarão prontas para infectar um novo 
hospedeiro definitivo, no caso humano, e dar continuidade ao ciclo evolutivo do S. mansoni. 
A manutenção do S. mansoni no ambiente depende da capacidade dos hospedeiros vertebrados, 
definitivos, humanos de liberarem os ovos desse parasita por meio de suas fezes. 
Um casal de S. mansoni vive em média 5 anos podendo chegar até 30 anos de parasitismo, durante o 
qual porão cerca de 400 ovos por dia. 
 
 
 
 
Estes ovos postos se instalarão nas paredes Intestinais de onde migrarão para a luz intestinal para 
serem carregados pelo bolo fecal. Esse processo de migração dos ovos da região do sigmoide do 
intestino grosso até a luz intestinal depende de alguns fatores: 
- Reação inflamatória que a presença dos ovos causa na parede intestinal e já foi demonstrada 
essencial para este processo, pois em alguns hospedeiros em que a inflamação não está presente 
devido há algum outro fator, há um cúmulo de ovos na parede intestinal; 
- Pressão dos ovos (bombeamento), devido a quantidade de ovos postos por dia na mesma região, já 
que um ovo acaba empurrando o outro em direção a luz intestinal; 
- Enzimas proteolíticas liberadas pelo miracídio Interno ao ovo. E essas enzimas acabam lesando o 
tecido intestinal, favorecendo o processo de imigração; 
- Redução da espessura da parede do vaso da região mesentérica, especialmente vasos da região 
sigmoide devido à presença dos parasitas na luz dos vasos já que os parasitas vivem na luz do vaso se 
alimentando de hemácias; 
- Perfuração da parede venular pelos ovos, pelos parasitas, pelo processo inflamatório tecidual e a 
partir daí, os ovos conseguem então, associando todos esses fatores, migrar para a luz intestinal. 
 
Patologia 
Os aspectos patológicos relacionados a esquistossomose estão fortemente ligados a fatores como: 
Carga parasitária e resposta imunológica. 
A Carga parasitária se refere ao fato de que quanto maior o número de parasitas, maior será a 
quantidade de ovos postos, que contribuirá para uma apresentação mais grave da infecção. 
A resposta imunológica é um fator importante, já que indivíduos de áreas endêmicas tendem a uma 
resposta mais eficiente e por consequência apresentam uma forma mais brandainfecção, enquanto 
que indivíduos de regiões não endêmicas tendem a uma resposta imunológica mais pobre que 
apresentam por consequência infecções mais graves. 
Entre as principais apresentações da esquistossomose, tem-se: 
- Dermatite cercariana, Inflamação no local de penetração das cercarias. muito comum em indivíduos 
de regiões endêmicas que já apresentam uma resposta imunológica e são capazes, portanto, de 
gerarem essa inflamação no local de penetração das cercarias; 
- Forma hepatoesplênica, forma mais grave desta infecção, onde uma série de distúrbios 
hemodinâmicos são associado à presença de ovos e parasitas nos órgãos abdominais, a exemplo de 
uma hipertensão portal que pode ser por consequência da presença de ovos desse parasita no fígado 
que culminará com o acúmulo de líquido conhecido como ascite; esplenomegalia devido uma 
hiperplasia do sistema monocítico fagocitário em reposta a infecção; a possibilidade do 
desenvolvimento de varizes esofagianas. Todos esses processos contribuem para a apresentação mais 
clássica da esquistossomose, a barriga d’água. 
- Forma pulmonar, onde a presença de algumas formas parasitárias especialmente os 
esquistossômulos no pulmão leva à uma série de sintomas parecidas com os sintomas da tuberculose, 
com a possibilidade da formação de granulomas que pode dificultar o diagnóstico da diferenciação 
entre as 2 infecções. 
 
 
 
 
- De forma mais rara, pode ocorrer reação inflamatória pela presença de imunocomplexos formados 
de anticorpos capazes de reconhecer antígenos solúveis do S. mansoni. E esses imunocomplexos 
tendem a se depositar nos tecidos onde são responsáveis pelo desencadeamento de uma resposta 
inflamatória no local dessa deposição no tecido. Os rins são bastante afetados por esta resposta 
imunológica. 
A formação de granulomas ao redor dos ovos de S. mansoni especialmente, liberará alguns antígenos 
como os antígenos solúveis do ovo que vão contribuir para a migração de células imunológicas no 
local em que os ovos estão no tecido contribuindo para a formação dos granulomas que podem evoluir 
e formar uma estrutura fibrosa responsável por uma maior lesão nos tecidos, muitas vezes pela 
regressão do tecido hepático, apresentação de lóbulos externo característico da fibrose de Symmers, 
endoflebite aguda e fibrose periportal. 
 
Diagnóstico 
-Envolve aspectos clínicos e anamnese detalhada do paciente 
-Exame parasitológico qualitativo e quantitativo (Kato-Katz). Método mais aconselhável na qual se 
pode evidenciar a presença dos ovos e quantificá-los, saber quando ovos estão sendo eliminados por 
grama de fezes que dá ideia de carga parasitária importante para o curso da infecção. 
-Exames imunológicos, pouco utilizados, especialmente em regiões endêmicas uma vez que muitos 
indivíduos apresentarão positividade para este exame. 
-Exames de imagem para detectar alterações nos órgãos, especialmente órgãos da cavidade 
abdominal, fígado, baço. 
 
Profilaxia 
-Educação sanitária 
-Acesso a saneamento básico 
-Combate ao hospedeiro através de substâncias que o elimine 
-Inquéritos em busca de casos ativos para detecção e tratamento de indivíduos infectados e 
consequente interrupção da cadeia de transmissão 
-Tratamento profilático 
 
Tratamento 
-Praziquantel: eficaz contra todas as espécies de Schistosoma e outros cestódeos e trematódeos. 
-Oxamniquina: utilizado no tratamento profilático de larga escala atualmente em desuso. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fasciola hepatica 
 
É uma espécie de parasita de corpo achatado, popularmente conhecido como “barata no fígado”; 
Encontrado habitando região de vesícula e canais biliares de animais de criação especialmente quem 
são seus hospedeiros naturais, como ovinos, caprinos, bovinos, suínos e outros animais silvestres; 
o homem não é parasitado habitual da fasciola hepatica, entretanto havendo contato com as formas 
infectantes desse parasita a infecção pode ocorrer ocasionalmente; 
Agente etiológico da doença conhecida como fasciolíase ou distomatose hepática; 
os casos em humanos ocorrem majoritariamente na América Latina e Europa, sendo detectados casos 
no Brasil, Chile, Bolívia e outros países; 
uma outra espécie do gênero fasciola, a F. gigantica também é muito importante tanto para a infecção 
de animais quanto também para alguns casos de humanos relatados especialmente na África, Ásia e 
Havaí. 
 
Fasciolíase no Brasil 
A fasciolíase tem sido motivo de preocupação no Brasil nas últimas décadas, uma vez que a fasciolíase 
animal está em expansão, o que a torna uma doença muito importante para atividade pecuária; 
O aumento no número de casos da fasciolíase animal reflete, também, no número de casos da doença 
detectado em humanos, uma vez que há uma sobreposição das regiões afetadas pela doença animal 
e os casos que são detectados em humanos; 
Entre os estados pode-se citar Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Mato 
Grosso do Sul e Bahia; 
Na Bahia foram registrados alguns casos da doença, porém não foram autóctones, ou seja, não são 
casos em que a infecção ocorreu no território, são casos importados de outras regiões; 
A infecção em humanos está diretamente relacionada ao consumo de hortaliças contaminadas a 
exemplo do agrião. Hortaliças que são cultivadas em áreas alagadas que exercem papel importante 
para o ciclo desse parasita. 
 
Taxonomia 
A fasciola hepática é um platelminto da classe trematoda e diferente do Schistosoma é classificada 
como uma espécie hepática, uma vez que preferencialmente será encontrado na região da vesícula e 
dos canalículos biliares. 
Filo Platyhelminthes 
Classe Trematoda 
Sub-classe Digenea 
 
 
 
 
Espécies intestinais: 
- Fasciola buski 
- Heterophyes heterophyes 
- Metagonimus yokogawai 
Espécies hepáticas: 
- Fasciola hepatica 
- Clonorchis sinensis 
Espécies pulmonares 
- Paragonimus westermani 
Espécies sanguíneas 
- Schistosoma mansoni 
- Schistosoma japonicum 
- Schistosoma haematobium 
 
Morfologia 
Adulto 
Morfologicamente o verme adulto de fasciola hepática apresenta corpo com aspecto foliáceo 
atribuído a um achatamento desses vermes dorso-ventralmente e um afilamento das extremidades; 
Na extremidade anterior, assim como o Schistosoma, apresentam 2 ventosas, uma oral e uma ventral 
(acetábulo) envolvidos no processo de fixação no tecido do hospedeiro e aquisição de nutrientes; 
Apresenta na sua face anterior a presença de espinhos, importantes ao dano tecidual que o parasita 
causará ao hospedeiro; 
Possui tamanho médio de aproximadamente 3 cm de comprimento por 1,5 cm de largura e uma 
coloração pardo acinzentada. 
 
 
 
 
 
 
 
É um parasita hermafrodita, ou seja, os 2 sexos estão presentes no mesmo indivíduo, mas com 
prevalência de fecundação cruzada ponte; 
Na região do útero e ovários apresentam ramificações laterais que representam as glândulas vitelinas, 
responsáveis para a nutrição dos ovos; 
O órgão reprodutor masculino apresenta testículo duplo, sendo um anterior e outro posterior; 
Os machos apresentam órgão copulador conhecido como cirro, utilizado para a fecundação cruzada e 
fica protegido numa estrutura chamada bolsa do cirro; 
Apresenta sistema digestório com ramificações abundantes e recobre toda a extensão do corpo do 
parasita. 
 
Ovo 
Os ovos de fasciola hepática apresentam características morfológicas importantes: 
Presença de um opérculo, uma abertura por onde a larva vai deixar os ovos em direção ao ambiente, 
diferente ao visto na Schistosoma não há uma espícula nos ovos que apresentam coloração amarelada 
e forma elíptica; 
As dimensões dos ovos vão de 130 a 150 micrômetros de comprimento por 60 a 100 micrômetros de 
largura; 
Após fertilizados apresentam uma massa celular interna que darão origem a larva miracídio ao 
encontrarem condições ideais de temperatura, umidadee ausência de contaminação; 
 
Miracídio 
apresentam características morfológicas semelhantes às do S. mansoni, características externas 
como: 
A presença de cílios que serão importantes para o processo de natação do miracídio em busca de seu 
hospedeiro intermediário; 
Apresenta algumas estruturas na região anterior como glândulas apicais, glândulas de penetração e 
glândulas de secreção que serão importantes para o processo de penetração do miracídio no 
hospedeiro intermediário o que é o caramujo; 
As dimensões do miracídio são similares às dos ovos, uma vez que os ovos apresentam miracídio 
internamente que só são liberados em contato com condições favoráveis do ambiente externo como 
a presença de água, ausência de contaminação e outras condições como temperatura, luminosidade; 
Apresenta um formato triangular com a região anterior mais alargada e a posterior mais afilada, além 
de cílios na região epidérmica. 
 
Cercaria 
A porção principal do corpo apresenta aspecto de disco e cauda não bifurcada, longa; 
 
 
 
 
Apresenta as 2 ventosas, a oral e a ventral, além de sistema digestório composto por faringe, 
esôfago e intestino; 
Na lateral do corpo se encontra células ou glândulas cistogênicas importantes para o processo de 
encistamento da cercária no ambiente no qual perderá a sua cauda; 
Apresenta tamanho médio corporal que varia de 250 a 350 micrômetros de comprimento. 
 
Metacercária 
Uma vez em contato com o ambiente as cercarias passaram por um processo de encistamento em 
que ocorrerá a perda da cauda e a formação de uma membrana externa protetora chamada 
membrana circundante quando essa forma passará a se chamar metacercária; 
essa forma será a responsável pela manutenção da fasciola sobre a vegetação e a consequente 
Transmissão para seus hospedeiros vertebrados; 
apresenta coloração amarelada e pode se manter infectante no ambiente por meses e a depender da 
temperatura (mais baixas) e condições ambientais a manutenção da infecção da metacercária pode 
durar até um ano; 
 
Lymnaea sp. 
De forma semelhante ao observado para a esquistossomose, A manutenção da fasciolíase no 
ambiente depende da presença de um hospedeiro intermediário invertebrado que é igualmente um 
molusco, neste caso do gênero Lymnaea, as espécies principais que mantêm a doença ativa no Brasil 
são as espécies: 
- Lymnaea columela e L. viatrix 
Lymnaea é um molusco pulmonado de água doce, limpa que preferencialmente serão os capazes de 
manter o ciclo ativo da fasciolíase. 
 
Ciclo biológico 
classificado como heteroxênico, em que há a necessidade de um hospedeiro intermediário, 
representado pelo caramujo dos gêneros Galba, Lymnaea, Pseudosuccinea e de um hospedeiro 
definitivo que são os animais herbívoros; 
A infecção dos animais herbívoros se dá a partir do momento em que eles consomem um vegetal 
contaminado com a forma metacercária, a forma cística da fasciola e essa forma uma vez que alcança 
a região do intestino delgado passa por um processo de desencistamento e consegue perfurar a 
parede intestinal, cai na cavidade peritoneal e perfura a cápsula hepática a partir da qual migra 
ativamente até alcançar a região da vesícula e dos canalículos biliares. Essa migração da fasciola pelo 
parênquima hepático é responsável pela apresentação aguda da doença e a partir do momento o que 
o parasita alcança a região da vesícula e dos canalículos biliares dará início a fase crônica da doença; 
 
 
 
 
 
Uma vez que esses parasitas estejam no seu sítio final de localização, podem iniciar o processo de 
reprodução sexuada que dará origem aos ovos o que será um posto; 
A fasciola é muito eficiente na postura de ovos já que uma fêmea pode ser responsável por até 50 mil 
ovos postos por dia. Esses ovos são depositados no ambiente através das fezes. Alcançam a região 
intestinal carregados pelo fluxo biliar e são eliminados no ambiente pelas fezes dos indivíduos e 
quando postos ainda não apresentam no seu interior o miracídio. O miracídio começa a se desenvolver 
a partir do momento que os ovos entrarem em contato com o ambiente ia depender da 
disponibilidade de água, da intensidade de luz e da temperatura ambiental, os miracídio eclodem dos 
ovos e serão a forma infectante para os moluscos das regiões alagadas; 
Uma vez que o miracídio consegue infectar seu hospedeiro intermediário, passa por uma série de 
modificações até dar origem a forma cercariana. Primeiramente o miracídio se transforma numa 
estrutura de esporocisto, responsável por intensa multiplicação e com a formação de várias outras 
células Serão capazes de liberar estruturas chamadas de rédeas que são estágio anterior a formação 
das cercarias; 
No processo de infecção e diferenciação dos esporocistos até a forma cercariana, um único miracídio 
pode originar de 6 a 8 cercarias diárias e ao final de todo o processo que pode durar até 3 meses, um 
único miracídio pode ser capaz de produzir até 225 cercarias, Quantidade que manterá a presença da 
fasciola no ambiente; 
Uma vez que a cercária é liberada, em poucas horas ela inicia o processo de encistamento com a perda 
da cauda e formação da cápsula externa. Essa forma encistada, uma vez que encontre a superfície de 
vegetais, se manterá viável durante muito tempo para dar início ao ciclo infeccioso. 
 
Transmissão 
A ingestão de formas metacercarianas é a responsável pela infecção dos hospedeiros vertebrados 
herbívoros; 
As metacercarias podem ser ingeridas através de água ou alimentos contaminados; 
Em animais existe a forma de Transmissão congênita em que as fêmeas grávidas contaminadas pela 
fasciola podem transmitir para a sua prole o parasita; 
Entre os vegetais mais associados com a contaminação da fasciolíase está o agrião consumido pelos 
animais e humanos e são produzidos em regiões alagadas onde o ciclo biológico do parasita ocorre de 
forma muito intensa. 
 
Patologia 
Os aspectos patológicos relacionados a fasciolíase são especialmente atribuídos ao processo 
inflamatório, há uma inflamação crônica o que ocorre na região do fígado e dos ductos biliares que 
são os locais de migração e Instalação do parasita; 
Do fígado a migração das formas imaturas vai contribuir para a liquefação dos tecidos pela ação de 
enzimas proteolíticas que abrem passagem para os parasitas e também servem de alimento, já que o 
parasita se alimenta de restos celulares; 
 
 
 
 
Esse processo contribuirá para traumas no fígado, hepatite traumática e hemorragias ponte, 
No fígado pode ser encontrada fibrose, nos ductos biliares, devido à presença de vermes adultos, 
ulcerações; 
a presença de espinhos no corpo do parasita vai contribuir para irritação do endotélio 
esses processos vamos culminar numa hiperplasia epitelial, pode haver enrijecimento e calcificação 
dos canalículos biliares infra-hepáticos e extra-hepáticos que contribuíram para uma série de 
Apresentações clínicas e patológicas relacionadas a esta doença. 
 
Sintomatologia 
O período de incubação da fasciolíase é de 6 a 9 semanas A depender da carga parasitária. Quanto 
maior carga parasitária, menor período de incubação; 
Em hospedeiros humanos em que geralmente A Carga parasitária é menor de quem outros animais o 
período de incubação tende a ser um pouco maior e os sintomas dependem da fase em que a doença 
se apresenta, se aguda ou crônica; 
Fase aguda: sintomas pouco relevantes, sintomas associados a migração das formas pelo fígado, 
geralmente caracterizado por uma inflamação aguda; 
Fase crônica: sintomas associados a colecistite que é a inflamação da vesícula, angiocolite que é 
inflamação os canalículos biliares e alguns quadros associados a problemas digestivos crônicos, que 
podem estar relacionados à fibrose, a lesão já ocorrida no fígado e nos canalículos biliares e que 
podem se estender, em algumas situações, ao início do intestino por onde os ovos serão depostos. 
 
Diagnóstico 
pesquisa de ovosnas fezes ou na bile por técnica de sondagem ou tubagem. Muito associada a 
resultados falso negativos em humanos pela baixa produção de ovos já que não são os hospedeiros 
habituais desse parasita; 
Atenção especial ao consumo de fígado de animal infectado, uma vez que os hospedeiros habituais 
desses parasitas são animais de criação associados à alimentação humana e caso o fígado 
contaminado de um desses animais seja ingerido e lá estejam presentes os ovos, estes irão atravessar 
o sistema digestório dos humanos sem iCloud isso eram liberados nas fezes o que contribui para 
resultados falso positivos; 
Sorológicos: apresenta maior segurança na busca pela presença da fasciola em humanos, entretanto 
há que se tomar cuidado devido à baixa sensibilidade e a possibilidade de reação cruzada 
especialmente em casos de infecção por esquistossomose e hidatidose; 
As técnicas sorológicas mais utilizadas são ensaios de intradermorreação, imunofluorescência, reação 
de fixação do complemento e ELISA. 
 
 
 
 
 
 
 
Profilaxia 
Controle da doença em animais domésticos: 
- Identificação e tratamento dos animais infectados; 
- Controle do hospedeiro intermediário Através de substâncias moluscocidas; 
- Isolamento de pastos úmidos. 
Para o homem: 
- -Não consumir água de alagadiças; 
- Evitar consumo de vegetais diárias com possível contaminação de fezes de ruminantes e 
outros hospedeiros. 
Tratamento 
- Bithionol – na dosagem de 30-50 mg/Kg/dia durante 10 dias (dias alternados) 
- Deidroemetina – uso oral (drágeas com 10 mg) e injetável parenteral (30 e 60 mg), na dose 
diária de 1 mg/Kg durante 10 dias 
- Albendazol – dose de 10 mg/Kg 
 
COMPLEXO TENÍASE-CISTICERCOSE 
 
Informações gerais 
-O complexo teníase-cisticercose engloba duas enfermidades distintas que apresentam 
sintomatologia e epidemiologia completamente diferentes; 
-Ambas enfermidades são causadas pelo mesmo agente etiológico, parasitas do gênero Taenia; 
-Provocam impacto a saúde pública em várias partes do mundo, como China, sudeste asiático, Índia, 
África subsaariana e América Latina. 
As espécies de maior importância são: Taenia solium e Taenia saginata. 
são parasitas de ciclo heteroxênico , ou seja, para passar por todas suas formas evolutivas, o parasita 
precisa de pelo menos 2 hospedeiros; 
O porco e o boi são hospedeiros intermediários da Taenia solium e Taenia saginata 
respectivamente; 
O humano é considerado hospedeiro definitivo para as 2 espécies, pois é nele que se encontra a 
forma evolutiva do parasita capaz de realizar reprodução do tipo sexuada; 
 
Formas evolutivas 
Verme adulto 
Nesse estágio tem-se um verme em formato de fita achatado com o corpo todo segmentado 
pertencente à classe Cestoda; 
 
 
 
 
O verme adulto habita o intestino delgado humano, são longos, normalmente possuem de 3 a 5 m de 
comprimento, mas pode atingir mais de 10 m. São delgados e muito maleáveis. Apresentam na cabeça 
4 ventosas que são estruturas de fixação. Ao longo de todo o corpo desse verme aparecem 
segmentações conhecidas pelo nome de proglotes ou proglótides, sendo que cada um desses adultos 
pode ter de 1 a 2 mil proglotes. São hermafroditas, ou seja, possuem tanto aparelho reprodutor 
masculino como aparelho reprodutor feminino; 
 
Proglote Maduro e grávido 
 
Na imagem, à esquerda, o desenho esquemático de uma proglótide, mostrando os aparelhos 
reprodutores masculinos e femininos do verme. Todas as ramificações (bolinhas azuis) são os 
testículos da Taenia. O tubo mais central é o útero, nota-se, também, o canal deferente, vagina e 
ovários, confirmando assim o seu hermafroditismo. 
À direita, ao longo do corpo deste verme se encontram 3 grupos de proglotes: as proglotes da região 
mais anterior do verme são chamadas de jovens; na região intermediário estão as chamadas proglotes 
maduras, aqui já é possível visualizar os aparelhos reprodutores do verme e na região da posterior 
estão as chamadas proglotes grávidas do verme. Uma particularidade das proglotes grávidas é que 
nela se encontram as chamadas ramificações uterinas, estruturas onde aparecem os ovos produzidos 
pelo verme. Outro detalhe é que essas proglotes terminais, proglotes grávidas se destacam com mais 
facilidade do corpo da Taenia. 
O termo colo faz referências a região mais anterior do verme e o estróbilo diz respeito ao corpo em 
geral da Taenia. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Proglotes grávidas 
 
 
É possível se diferenciar as proglotes grávidas de Taenia solium em relação a da Taenia saginata ao 
se analisar a morfologia das ramificações uterinas. Enquanto que as ramificações da Taenia solium são 
do tipo dendrítica, fazendo referência aos dendritos, setor de recepção do impulso nervoso nos 
neurônios; as ramificações da Taenia saginata são do tipo dicotômicas com aspecto mais regular 
bipartido. Outra característica é que a proglote grávida da Taenia saginata apresenta mais 
ramificações uterinas. Isso significa que ao se colocar as 2 peças para serem visualizadas em um 
microscópio chegariam mais luzes aos olhos do observador se ele estivesse visualizando a proglote 
grávida de Taenia solium porque as ramificações uterinas são menos numerosas. Em relação às 
dimensões as proglotes posteriores tem como medidas 1 cm por 0,7 cm aproximadamente. 
 
Ausência do aparelho digestivo 
Não existe um aparelho digestivo nas Taenias adultas. Elas se alimentam por osmose fazendo uso das 
microvilosidades presentes no seu tegumento. 
Esses vermes adultos exercem grande ação do tipo espoliativa no seu hospedeiro, ou seja, retira do 
seu hospedeiro muitos nutrientes através do processo de osmose fazendo uso das micro vilosidades 
presentes no seu tegumento, sua superfície. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Cabeça (escolex) do verme adulto 
 
 
Escólex é um outro nome para cabeça. Através dessa estrutura é possível diferenciar as 2 espécies de 
Taenia. O escólex da taenia saginata é do tipo quadrangular apresentando 4 ventosas posicionadas 
no seu alto. Ausência de rostro que é um calo e de acúleos que são os espinhos. Na. taenia solium se 
observa um escólex globoso com 4 ventosas lateralizadas, com a região mais superior, o rostro 
apresentando os acúleos que são os espinhos. Os acúleos tem como função uma maior fixação e 
ancoragem do verme, assim com as ventosas que também são estruturas de fixação. O tamanho do 
escólex, para ambas espécies, mede de 1 a 2 mm. 
 
Ovos de Taenia 
 
Em relação aos ovos postos pelos adultos hermafroditas são microscópicos medindo de 30 a 40 
micrômetros de diâmetro, apresentam uma camada dupla estriada ou radiada chamada de 
embrióforo (refere-se à casca do ovo). No interior deste ovo encontra-se o embrião hexacanto, esse 
nome surgiu porque esse embrião apresenta 6 acúleos que podem ser visualizados fazendo uso do 
micrômetro do microscópio. O embrião hexacanto pode também ser chamado de oncosfera. O ovo é 
uma forma evolutiva de grande importância para o diagnóstico da teníase, mas não é possível se 
distinguir as 2 espécies de Taenia fazendo uma observação morfológica dos ovos. 
 
 
 
 
 
 
 
Cisticercos 
 
Parece uma vesícula inicialmente transparente e à medida que vai envelhecendo, se torna mais opaca, 
mais esbranquiçada. é visível a olho nu e mede de 5 a 10 micrômetros, podendo ser maior. 
No corte esquemático do cisticerco à direita, nota-se o proto-ecólex, a cabeça primitiva do verme; à 
esquerda a fase de transição, a passagem da fase larvar, o cisticerco, para a fase adulta do verme. Essa 
transição é gradual até a vesícula ser completamente absorvida e restar o verme adulto. 
 
A forma larvária da Taenia solium é denominada Cysticercus cellulosae; e da Taenia saginata é 
denominada Cysticercus bovis. 
 
Cisticerco no músculo 
 
Visível a olho nu e viável de 2 a 8 meses. Após esse tempomorre e se calcifica. 
 
Ciclo biológico 
Considerando-se homem sem enfermidade que venha a fazer consumo de carne de porco ou de boi 
sangrenta ou mal cozida contendo cisticercos viáveis. Ao ingerir juntamente com a carne as larvas, os 
cisticercos, estes sofrerão ação de sucos digestivos que conduzirão uma lise da vesícula permitindo a 
desenvaginação do cisticerco. Com extravasamento do proto-escólex ocorrerá sua adesão à mucosa 
do intestino delgado. A partir daí acontecerá um amadurecimento gradual do verme até se tornar 
adulto. Aproximadamente 60 dias depois da infecção, o hospedeiro humano poderá liberar, através 
das fezes, ovos da taenia. Esses ovos sairão muitas vezes associados à pedaços das proglotes grávidas 
do verme adulto. Normalmente o ciclo se fechará com a infecção do porco ou boi ao ingerir 
acidentalmente os ovos da tênia que saem junto com as fezes do hospedeiro humano portador do 
 
 
 
 
verme adulto. Esses hospedeiros intermediários irão desenvolver a partir dos ovos apenas os 
cisticercos, ou seja, porco e boi não desenvolvem o verme adulto. A infecção do boi ou porco a partir 
dos ovos estará diretamente atrelada à espécie de taenia. 
 
Curiosidade 
O estudo científico e o conhecimento da relação entre Cysticercus cellulosae do suíno e a Taenia 
solium adulta no homem se deve a 2 pesquisadores alemães, Kuchenmeister e Leuckart, que em 1895 
e 1896 demonstraram de forma experimental o desenvolvimento da Taenia solium no homem. 
O método usado por esses pesquisadores foi bem radical já que fizeram reclusos condenados à morte 
ingerirem cisticercos vivos e tempos mais tarde, após a execução do preso, analisaram o conteúdo 
intestinal dos executados e acharam a presença de taenias mais ou menos desenvolvidas no intestino 
desses condenados. Aqui uma ideia de como nasceram algumas pesquisas no passado. 
 
A solitária 
A teníase é uma enfermidade exclusiva do homem, que geralmente é portador de uma só taenia, por 
isso que comumente tem se denominado de “solitária” (Borchert, 1981). 
Os motivos estão associados a princípios de competitividade. A taenias são altamente competitivas, e 
sendo seres monoicos com estruturas fisiológicas para autofecundação, não necessitam de parceiros 
para a cópula e postura de ovos. 
A teníase é uma infecção intestinal humana provocada pelas formas adultas de T. solium ou T. 
saginata. 
 
 Sintomas 
Frequentemente assintomática, mas pode haver (hospedeiros mais sensíveis): 
- Dor, fraqueza, náusea 
- Perda de peso 
- Alterações na motricidade e secreção digestiva 
Ocasionalmente: 
- Obstrução intestinal pela massa do estróbilo 
 
Diagnóstico Laboratorial 
EPF – exame parasitológico de fezes 
Uma vez presentes ovos de taenia nas fezes humanas, o diagnóstico para teníase é confirmado. Como 
pelos ovos não é possível a distinção das espécies, geralmente se procura no bolo fecal a presença de 
proglotes grávidas. As peças passarão por uma clarificação com ácido acético e uma vez visualizadas 
as ramificações uterinas é possível saber se o paciente é portador de T. solium ou T. saginata. 
 
 
 
 
 
O hábito alimentar do hospedeiro poderia, por si só, tornar-se um indicador da provável espécie de 
taenia, mas se o hospedeiro ingerir os 2 tipos de carne, boi e porco, fica mais difícil precisar. 
Em relação aos métodos de imunodiagnósticos a hemoaglutinação e a imunofluorescência direta 
poderiam servir, mas tem valor limitado. Em 40% dos casos, esses exames não conseguem detectar. 
Alguns estudos mostram baixa especificidade, além de mais caros quando comparados ao EPF. 
 
Tratamento 
Existem anti-helmínticos que controlam facilmente o verme intestinal: 
Niclosamida (Cestocid, Devermin) 
 Albendazol 
Modo de ação: induz o desprendimento do escólex do verme e a lise do tegumento do helminto, 
desintegrando o parasita antes de ser eliminado nas fezes do hospedeiro. 
 
Profilaxia 
- Educação sanitária 
- Saneamento básico 
- Evitar o consumo de carne de boi e porco crua ou mal cozida 
- Inspeção sanitária em açougues 
- Impedir o acesso de suínos e bovinos às fezes humanas 
- Tratamento em massa dos casos humanos positivos 
 
CISTICERCOSE 
Infecção bem mais grave que a teníase. 
 
Ciclo biológico 
A via direta que pode conduzir ao estabelecimento da cisticercose humana é a ingestão acidental dos 
ovos de taenia. 
A teníase se estabelece quando o hospedeiro faz o consumo de carne de porco ou boi contendo 
cisticercos. 
Na cisticercose o ovo é a forma evolutiva infectante e os caminhos de infecção são variáveis, a exemplo 
de mão sujas contendo resíduos de fezes com ovos de taenia, consumo de hortaliças contaminadas, 
ingestão de água com dejeto fecal, dentre outros. 
Quando um homem ingere acidentalmente o ovo da taenia, essa forma evolutiva poderá sofrer ação 
de enzimas estomacais e intestinais que irão quebrar o seu embrióforo, a casca desse ovo, liberando 
o embrião hexacanto ou oncosfera, que uma vez liberada no intestino, poderá atravessar a sua 
parede, cair na circulação e se fixar aos mais diversos órgãos como cérebro, olhos, músculos. Ao 
chegar nesses locais, a oncosfera se fixará e se transformará no cisticerco. A partir daí e todas ocorrerá 
 
 
 
 
respostas inflamatórias e todas as suas consequências. A depender de onde esteja localizada a larva 
os danos serão maiores ou menores. 
Praticamente 100% da cisticercose humana está associada a ingestão de ovos da T. solium devido a 
maior facilidade da lise do embrióforo desta espécie e também a uma maior agressividade da 
oncosfera da T. solium no corpo humano. 
Neste caso, o homem se comportaria de modo parecido com o que ocorre com bovinos e suínos, 
hospedeiros intermediários que só desenvolvem cisticercose, nunca teníase. 
cisticercose humana: infecção determinada pela presença de formas larvares, cisticerco, da T. solium 
em diversos tecidos. 
 
Vias de infecção para cisticercose humana 
Heteroinfecção ou infecção direta 
O homem, através do alimento ou mãos contaminadas do solo, do ambiente se contamina. Faz a 
ingestão dos ovos de taenia solium e a partir daí desenvolverá a cisticercose. 
 
Autoinfecção externa oral (mais comum) 
Para que se estabeleça a autoinfecção gerando uma cisticercose, é preciso que o indivíduo já tenha 
uma teníase prévia por T. solium, seja portador desse verme adulto no intestino. 
Ocorre por um descuido da higiene como não lavar as mãos após defecar e em seguida levá-la a boca 
ou contaminar alimentos, ingerindo acidentalmente os ovos oriundos de resíduos de fezes e de modo 
secundário dar início a uma autoinfecção que o conduzirá ao desenvolvimento da cisticercose. 
 
Autoinfecção interna (caso raro) 
O indivíduo também é portador de teníase por T. solium e poder desenvolver a cisticercose a partir 
de um processo chamado retro-peristaltismo na qual mesmo sem levar as mãos contaminadas até a 
boca, o hospedeiro se infecta com os ovos da taenia. As proglotes grávidas do verme adulto podem 
retroceder para setores mais altos do intestino e lá sob a ação de enzimas provocar a quebra do 
embrióforo com a liberação da oncosfera. O embrião então, atravessará a parede intestinal e se 
estabelecerá nos mais diversos órgãos. 
 
Sintomas 
Doença grave e crônica; 
Dependem da localização dos cisticercos de T. solium nos tecidos humanos; 
No cérebo: 
- Convulsões 
- Distúrbios do comportamento 
- Cefaleia e náuseas (hipertensão intracraniana) 
 
 
 
 
 
No fundo do olho 
- Distúrbios visuais 
- Perfuração de retina 
- Perda da visão 
 
 
 
 
Neurocisticercose (forma mais grave) 
 
Segundo a OMS 50 mil óbitos por ano em países em desenvolvimento, principalmente da Ásia, África 
e América Latina. 
 
A América Latina tem sido apontada como área de prevalência elevada de neurocisticercose. Relatada 
em 18 países latino-americanos, com uma estimativa de 350 mil pacientes.Cisticercos na língua 
 
Caso em que o humano pode assumir acidentalmente uma posição comparada a exercida pelos 
hospedeiros intermediários 
 
Diagnóstico 
Nos quadros de heteroinfecção não existe a possibilidade de detecção do verme nas fezes do indivíduo 
 
Exames de imagens 
Eficazes caso a larva esteja calcificada 
Raio X – necessidade de calcificação para melhor visualização 
Tomografia 
Laboratorial 
Imunodiagnósticos funcionam bem. Tem o objetivo de detectar anticorpos anti-cisticercos no soro 
humano, líquido cefalorraquidiano. Os mais comuns são ELISA e Imunoblotting (Western Blotting). 
Nos casos de autoinfecção em que o indivíduo precisa, obrigatoriamente, ser portador do verme 
adulto no intestino, o EPF pode ser um método auxiliador, sobretudo se o indivíduo for portador de 
teníase por T. solium. 
Ao se fazer um diagnóstico de teníase em um paciente e se descobre que ele é portador de teníase 
por T. solium, há a preocupação deste quadro gerar de forma secundária uma cisticercose. 
 
Tratamento 
São utilizados anti-helmintícos : 
Niclosamida (Cestocid, Devermin) 
Praziquantel (atua no cisticerco) 
O tratamento dos casos de cisticercose é mais complicado, devendo-se muitas vezes associar ao 
tratamento o uso de corticoides, sobretudo na cisticercose oftálmica e neurocisticercose. 
Em alguns casos específicos é indicada intervenção cirúrgica. 
 
 
 
 
 
RESUMO 
Vias de infecção da cisticercose x teníase 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A teníase e a cisticercose são importantes problemas de saúde pública em regiões onde as condições 
sanitárias são precárias. 
 
 
 
 
 
 
 
Echinococcus granulosus- Hidatidose humana 
 
Os parasitas do gênero Echinococcus são pertencentes a classe Cestoda (mesma das Taenias) 
Causa em humanos a enfermidade conhecida como Hidatidose 
Trata-se de uma zoonose de distribuição mundial, presente em todos os continentes 
 
Formas evolutivas 
Verme adulto 
Em relação ao verme adulto, assim como as tênias, apresenta o corpo achatado no formato de fita e 
segmentado. Difere das taenias quase que unicamente pelo tamanho. Enquanto as taenias podem 
medir mais de 10 m de comprimento, os adultos aqui apresentam entre 2 e 6 mm de comprimento. 
O hermafroditismo também é uma característica. O número de proglotes numa taenia adulta varia de 
1000 a 2000. Em relação ao Echinococcus aparecem apenas de 3 a 6 proglotes, por isso é chamada de 
taenia anã. O escólex desse verme é muito similar ao da T. solium, é globoso com 4 ventosas 
lateralizadas e a presença de um rostro com acúleos. 
 
Ovo 
São muito parecidos com os da taenia, apresentam a camada dupla radiada com o embrião hexacanto 
no seu interior que aparece com 6 acúleos quando se faz uso do micrômetro. Essa camada dupla pode 
ser chamada de embrióforo, a casca do ovo e o embrião hexacanto pode ser chamado de oncosfera. 
 
 
 
Larva 
 
 
 
 
Trata-se de uma das formas evolutivas mais volumosas que se têm conhecimento contrastando com 
o verme adulto que está entre os menores cestodas. Apresenta-se como uma estrutura vesicular 
cística contendo no seu interior um líquido claro. Desse fato surge o termo cisto hidático (do grego 
significa vesícula aquosa). Aparece nesse cisto ainda, inúmeras cápsulas prolígeras onde se formam 
vários de proto-escólex, tal qual no cisticerco, a diferença aqui é que dentro de um único cisto pode 
conter vários proto-escólex, a cabeça primitiva desse verme. 
Uma curiosidade vem do nome Echinococcus, oriundo das características morfológicas das larvas. Do 
grego “echinos” significa ouriço e “kokkos” equivalente a grão, lembrando um ouriço-do-mar. 
 
 
Hospedeiros do Echinococcus 
Parasita de ciclo heteroxênico. 
Espécie Hospedeiro Definitivo Hospedeiro Intermediário 
Echinococcus granulosus Canídeos domésticos (cão) Ovinos/bovinos/homem 
Echinococcus multilocularis Canídeos silvestres (raposa, 
lobo) 
Roedores silvestres/homem 
Echinococcus vogeli Canídeos silvestres Roedores silvestres (pacas, 
cutia) /homem 
 
Echinococcus granulosus 
Espécie mais importante para casos em humanos, envolvida nos casos de hidatidose humana. 
O verme adulto vive no intestino delgado do cão. Dentro desse hospedeiro o verme hermafrodita 
realiza a reprodução sexuada. 
Em relação aos hospedeiros intermediários, desenvolver-se-á a larva, chamada cisto hidático que se 
desenvolverá principalmente no fígado e pulmão do hospedeiro intermediário, podendo acometer 
outras estruturas. 
 
Ciclo biológico 
Do mesmo modo como acontece nos quadros de cisticercose humana, aqui a forma evolutiva 
infectante para o humano será os ovos do verme, então através de uma ingestão acidental dos ovos 
do parasita oriundo de fezes canina através das mãos sujas, alimentos contaminados com ovos etc. 
 
 
 
 
Esses ovos sofrerão, no interior do homem, ação da bile e de enzimas como a pancreatina, ocorrendo, 
então, a quebra do seu embrióforo com liberação posterior da oncosfera. A partir daí a oncosfera 
poderá atravessar a parede da mucosa intestinal pegar a circulação e parar, por exemplo no fígado ou 
no pulmão dos hospedeiros e uma vez fixada, a oncosfera nesses órgãos irá se transformar aos poucos 
no cisto hidático. 
Como ciclo biológico se fecharia nesse caso? 
Normalmente o ciclo dificilmente se fecha no cão a partir do homem, pois o cão se infecta comendo 
as vísceras do hospedeiro intermediário contendo o cisto hidático e certamente é muito mais fácil de 
um canídeo comer vísceras de ovinos e bovino do que se alimentar das vísceras de humanos. Além do 
fígado e pulmão o cisto hidático pode aparecer um cérebro, músculos, baço. 
 
Cisto hidático (larva) 
 
Quando a oncosfera, o embrião hexacanto, chega ao fígado e pulmão do hospedeiro, vacuoliza. 
A membrana mais interna é chamada de membrana prolígera ou germinatva (letra c). Ela surge após 
a vacuolização da oncosfera e será a responsável pela proliferação do parasita através de reprodução 
assexuada chamada de brotamento, formando vesículas prolígeras contendo no seu interior os proto-
escólex, a cabeça primitiva do verme 
Depois o parasita desenvolve uma membrana para se proteger do ataque do hospedeiro. Essa 
membrana é chamada de membrana anista ou hialina (letra b), a faixa mais clara. Ela é proveniente 
da membrana prolígera. 
Por fim, através de uma resposta contra a cão do parasita o hospedeiro desenvolve uma membrana 
ainda mais externa chamada de membrana adventícia (letra a). É formada através de uma reação 
tecidual no próprio órgão parasitado. É uma cápsula fibrosa muito espessa. 
Quando o cão se alimenta do cisto hidático e joga pro seu interior através das vísceras do hospedeiro 
intermediário, cada proto-escolex dará origem a um verme adulto, ou seja, ao final o cão comportará 
inúmeros vermes adultos no seu intestino. 
 
Hidatidose cística e hidatidose policística 
A diferença de maior importância entre uma e outra está no crescimento mais acelerado e agressivo 
dos cistos, além da formação de múltiplos cistos no caso da hidatidose policística. Geralmente a 
hidatidose cística está atrelada ao Echinococcus granulosos, mantida no ciclo doméstico: cão 
doméstico, animais de fazenda (ovino, caprino, bovino) e eventualmente o homem 
 
 
 
 
A transmissão da hidatidose policística está mais correlacionada ao ciclo silvestre: canídeos selvagens, 
roedores e eventualmete o homem e as espécies de Echinococcus são outras (E. vogeli, E. 
multiloculares). 
Os quadros mais comuns de hidatidose humana são do tipo cística, mas pode ocorrer a policística 
 
Echinococcose e hidatidose po E. granulosus (uso dos termos) 
O termo Echinococcose costuma ser empregado quando os hospedeiros definitivos (canídeos) estãoparasitados com a fase adulta do verme. 
O termo hidatidose ou echinococcose cística para parasitismo que acomete os hospedeiros 
intermediários (herbívoros) e acidentais (seres humanos), com a fase larval do verme. 
 
Aspectos biológicos 
A fase larvar (no hospedeiro intermediário) atinge maturidade entre 6 meses e 1 ano; 
Após 45-60 dias, pós-infecção dos canídeos com os cistos hidáticos, aparecem os primeiros ovos do 
verme e suas fezes; 
O verme adulto geralmente vive apenas 3-5 meses. E o cão abriga vários vermes em seu intestino. 
 
Patogenia 
O cisto hidático é a forma patogênica do E. granulosus nos humanos. O ovo é a forma infectante. 
Hospedeiro definitivo: portam vermes adultos, mas são geralmente assintomáticos 
Hospedeiros intermediários: portam as larvas, o cisto hidático, e os sintomas são correlacionados ao 
local e ao tamanho da hidátide. 
 
Danos aos órgãos parasitados 
-Os danos ocasionados pela hidatidose geralmente são decorrentes das compressões que os cistos 
exercem nos órgãos onde estão localizados comprometendo seu funcionamento 
-Reações inflamatórias no local que geram danos que muitas vezes conduzem à formação de fibrose 
que são resultantes do desenvolvimento de tecido conjuntivo em órgão ou tecido como parte do 
processo de cicatrização, porém essa resposta reparativa compromete o funcionamento do órgão. 
 
Hidatidose 
A hidatidose hepática é a forma mais comum de infecção humana e em segundo lugar a hidatidose 
pulmonar. 
 
 
 
 
O cisto é coberto por um tecido conectivo do hospedeiro e cresce muito lentamente, de modo que a 
manifestação da doença pode levar muitos anos a depender do local do parasitismo, quase sempre 
associada ao órgão em que está localizado. 
 
Sintomas 
Hidatidose hepática 
- Aumento do volume abdominal 
- Desconforto epigástrico 
- Náusea 
- Obstrução do ducto biliar 
Hidatidose pulmonar 
- Tosse com ou sem expectoração 
- Dificuldade respiratória 
Hidatidose cerebral 
- Dores de cabeça 
- Comprometimento de atividades motoras 
 
Ruptura de cistos 
-Podem ocorrem por trauma ou evento cirúrgico 
-Frequentemente desencadeia reações alérgicas, que podem variar de urticária a choque anafilático 
-A liberação do líquido hidático e seus componentes pode ocasionar hidatidose secundária, ou seja, o 
desenvolvimento de cistos em outros órgãos. 
 
Diagnóstico 
Necessita da combinação de fatores epidemiológicos, dados clínicos e exames complementares 
Os imunodiagnósticos são úteis, pois permitem observar a reação dos anticorpos IgG presente no soro 
frente a proteínas antigênicas do líquido hidático. O mais comum é o ELISA. 
20% dos pacientes com cistos hepáticos e 40% dos pacientes com cistos pulmonares não produzem 
anticorpos séricos específicos o que pode levar a resultados falsos negativos. 
No caso de cães parasitados, recomenda-se o EPF (exame parasitológico de fezes) já que o hospedeiro 
definitivo alberga os vermes no seu intestino. 
 
Tratamento 
Hidatidose humana: 
 
 
 
 
-Recomendada cirurgia para retirada integral desde que o cisto apresente tamanho superior a 10 cm 
e seja de fácil acesso 
-Albendazol para cistos menores que 10 cm 
Equinococcose: 
Prazinquantel para cães parasitados, pois acelera a eliminação dos vermes 
 
Distribuição geográfica 
 
 
Profilaxia 
-Proibir alimentação dos cães com vísceras cruas de ovinos ou bovinos 
-Evitar contato muito próximo com cães não vermifugados 
-Tratamento em massa de cães em áreas endêmicas 
-Inspeção sanitária nas criações de ovinos, bovinos, suínos - incineração de vísceras de animais 
contaminados 
-Lavagem das mãos e dos alimentos 
 
 
 
 
 
 
 
 
Filo Nematoda 
Do grego nema, nematos = filamento, fio. 
Características corporais em geral cilíndricos, alongados, fusiforme (afunilamento na região anterior 
e posterior) e tamanho variável; 
Diversos estilos de vida e hábitat, organismos de vida livre em ambientes aquáticos, terrestres e hábito 
de vida parasitário capazes de parasitar vegetais e animais vertebrados e invertebrados; 
Espécies divididas em duas grandes classes: Chromadorea e Enoplea; 
Dioicos, apresentam sexos separados; com dimorfismo sexual, características que permitem 
diferenciá-los; 
Simetria bilateral e sem segmentação verdadeira ou probóscide; 
São representantes desse grupo: Ascaris lumbricóides, Enterobius vermiculares, Trichuris trichiura e 
Strongyloides stercorali. Importantes do ponto vista humano já que podem causar infecções e tê-los 
como hospedeiro. 
Entre as estruturas morfológicas: 
Sistema nervoso, composto por um anel nervoso ao redor do esôfago por onde passam diversos 
nervos que se ligam a outras estruturas sensitivas relacionadas a recepção de estímulos mecânicos, 
mecanorrecepção, como as papilas e as cerdas; e as relacionadas a recepção de estímulos químicos, 
quimiorrecepção, como os anfídeos encontrados na região anterior e os fasmídeos encontrados na 
região posterior de algumas espécies. 
Apresentam externamente ao corpo uma estrutura denominada cutícula que pode ser lisa ou estriada 
e acelular (não possui conteúdo celular) com formações variadas que podem estar tanto na região 
anterior, quanto na posterior que apresentam funções distintas a depender da espécie e de sua 
localização. A cutícula é composta por substâncias secretadas da hipoderme que ficam logo abaixo da 
estrutura cuticular; apresenta dentre outras, a função de proteção contra dessecação, perda de 
eletrólitos, de exoesqueleto por servir de sustentação para estruturas internas dos nematódeos, a 
movimentação por ser muito elástica no sentido longitudinal e pouco no sentido lateral, contribuindo 
para a movimentação desses organismos no seu meio. A cutícula pode ser trocada em eventos 
conhecidos como ecdise, presente em alguns nematódeos e pode ocorrer durante o seu 
desenvolvimento. 
Diferente de outras espécies que apresentam a ecdise em algum estágio de seu desenvolvimento, os 
nematódeos não dependem dela para o seu crescimento e mudança de forma. Continuam crescendo 
antes e após essas trocas de cutícula. 
Outra característica dos nematódeos é diversidade do aparelho bucal que pode ser grande, bem 
desenvolvida em algumas espécies; reduzida em outras, além de estruturas acessórias a fixação e 
acesso desses organismos aos seus hospedeiros, entre as quais a presença de lábios, dentes, lâmias 
cortantes, estruturas que ajudam na laceração do tecido de seus hospedeiros. 
 
 
 
 
 
Após a cavidade bucal, inicia-se o esôfago dos nematódeos que apresenta morfologia claviforme, de 
componente muscular e com a presença de bulbos que auxiliam na passagem do material deglutido 
em direção ao restante do intestino que neste grupo é relativamente simples. 
Além das estruturas associadas a fixação, esses organismos em seus hospedeiros apresentam papilas 
sensórias na sua extremidade anterior que são associadas tanto a percepção do meio, quanto a 
garantia da fixação desses organismos em seus hospedeiros. 
Muitos representantes desse grupo apresentam estruturas diferenciadas na sua região posterior, 
modificações que muitas vezes estão associadas a cópula, a fixação dos organismos machos nas 
fêmeas para garantia da fecundação. 
Sistema reprodutor masculino 
Testículos, canal deferente, vesícula seminal (armazenamento de espermatozoides), canal 
ejaculatório, glândula prostática (secreção de substâncias que auxiliam no processo de adesão do 
macho sobre a fêmea) e cloaca de onde se projetam 1 ou 2 espículos, importantes para o processo de 
fecundação. 
Podem ocorrer órgãos acessórios: gubernáculo, bolsa copulatória e télamom. 
Sistema reprodutor feminino 
Ovário, oviduto, útero, vagina e vulva. Podem variar de disposição, forma e número a depender da 
espécie. 
A fecundação é interna, ou seja, os machos introduzem nas fêmeas os espermatozoides através da 
cavidade genital. As fêmeas uma vez fecundadas podem por milharesde ovos por dia, quantidade que 
varia entre as espécies. 
Liberam ovos já embrionados ou larvados e as larvas passam por 4 mudas até a forma adulta e as 
mudas podem ocorrem dentro ou fora do ovo a depender da espécie. 
 
Enterobius vermicularis 
Nematódeo popularmente conhecido como “Oxiúro ou caseira”; 
Dentre as mais de 20 espécies do gênero Enterobius é a única espécie parasita de humanos; 
Habita o intestino grosso dos hospedeiros, podendo migrar para a região perianal onde será 
responsável pela infecção clínica prurido ou coceira. 
Entero + bio = do grego, intestino e vida 
Infecção denominada enterobiose (enterobíase) ou oxiurose (oxiuríase); 
Conhecida desde a antiguidade, mencionada em trabalhos de Hipócrates (460-370 a. C.), Aristóteles 
(384-322 a. C.), Galeno (129-200 d. C), entre outros. 
 
 
 
 
 
 
Epidemiologia 
Grande prevalência, especialmente em regiões de clima temperado; 
As crianças de 10 anos são mais afetadas pela infecção; 
Estudos revelam uma proporção de 2:1 de infecção entre homens e mulheres, exceto na faixa etária 
mais acometida, entre 5 e 14 anos; 
No Brasil, há uma presença importante da infecção por E. vermicularis, especialmente na região 
litorânea onde há alta prevalência; nos estados da região Norte e Centro-Oeste média prevalência e a 
região Sul baixa prevalência, entretanto os dados epidemiológicos são desatualizados o que torna a 
doença negligenciada quanto a seus aspectos epidemiológicos; 
 
Taxonomia 
Reino Animalia 
Filo Nematoda 
Classe Cromadorea (Secernentea) 
Sub-classe Chromadoria 
Ordem Rhabditidia 
Família Oxyuridae 
Gênero Enterobius 
 
Morfologia 
Apresentam características gerais independentes do sexo; 
Os adultos são caracterizados: 
Por serem pequenos, de coloração branca, corpo fusiforme com extremidade afilada e cutícula 
estriada transversalmente; 
Apresentam na região anterior expansões vesiculares da cutícula, laterais à boca – asas cefálicas 
Possui boca pequena com 3 lábios retráteis e esôfago claviforme e relativamente musculoso, 
terminado em um bulbo esofagiano (cardíaco) 
 
 
 
 
 
 
 
Características que permite distinção entre machos e fêmeas 
Dimorfismo sexual nítido 
Machos – 3 a 5 mm; fêmea - 1 cm; 
Intestino terminado em reto e orifício anal nas fêmeas e cloaca nos machos; 
Sistema reprodutor: 
Fêmea: uma vagina e ovário, oviduto e útero duplos; 
Machos: 1 testículo, canal deferente e ejaculador terminando na cloaca de onde sai um espículo longo 
e retrátil projetado no momento da fecundação; 
Estrutura corporal: 
Fêmeas: corpo retilíneo, terminando numa região mais afunilada chamada de cauda; 
Machos: região posterior encurvada ventralmente protegendo a região da cloaca. 
 
 
 
 
 
 
Ovo 
Dimensões de 60 – 50 micrômetros x 20 micrômetros; 
Como no ovo há a presença de larva em desenvolvimento, a sua dobradura no interior dá ao ovo 
aspecto de letra D, ligeiramente achatado de um lado o que facilita sua identificação nas amostras; 
Possui externamente uma casca composta por uma dupla camada, lisa e translúcida; 
Os ovos são liberados da fêmea ainda em desenvolvimento e já larvados; 
Na superfície é encontrado uma substância viscosa de natureza albuminosa relacionada a sua 
aderência ao substrato, especialmente da mucosa anal e periana. 
 
Hábitat 
Adultos 
Encontrados no ceco humano, incluindo o apêndice cecal, podendo ocasionar apendicite; 
Livres ou aderidos à mucosa; 
A depender dos níveis de infestação e dos estágios de desenvolvimento outras regiões também 
podem ser acometidas: 
Adultos jovens – encontradas também no íleo; 
Imaturas – em todo o intestino delgado; 
Fêmeas repletas de ovos - ânus e região perianal; 
Em mulheres infectadas - regiões ectópicas como vagina e uretra devido à proximidade da região 
perianal. 
Ciclo biológico 
Relativamente simples, monoxênico, depende apenas de um hospedeiro. Inicia-se a partir do 
momento que o hospedeiro infectado libera no ambiente ovos larvados, contaminando-o podendo 
alcançar a cavidade oral de outros indivíduos suscetíveis e do próprio hospedeiro responsável pela 
liberação dos ovos. Uma vez alcançada a cavidade bucal, os ovos serão ingeridos liberando no 
intestino delgado suas larvas. As larvas que, até aqui, passaram por duas mudanças, migrarão 
ativamente do intestino delgado em direção a porção cecal do intestino grosso e durante este 
percurso, as larvas passam por mais duas mudas até que atinjam o estágio adulto. As formas adultas 
após ali se fixarem realizarão atividades de aquisição de nutrientes e fecundação das fêmeas, uma vez 
que os machos inocularão nas fêmeas os espermatozoides e após fecundadas e cheias de ovos se 
 
 
 
 
desprendem da região cecal e migram passivamente em direção a região anal e perianal onde podem 
se fixar ou liberar os ovos. 
 
Transmissão 
Ocorre pela ingestão de ovos contaminados, mas a ingestão até a região oral dos indivíduos pode 
acontecer por diversas formas: 
Heteroinfecção ou primo-infecção: ocorre em indivíduos ainda não contaminados e se dá através de 
ovos presentes em alimentos, poeira, fômites; 
Autoinfecção indireta: quando os indivíduos infectados são reinfectados por ovos liberados por eles 
mesmos causando infecções cíclicas; 
Autoinfecção externa ou direta: mediada, principalmente, pela presença dos sintomas anais e 
perianais em que na presença de prurido, de coceira intensa, os indivíduos, especialmente as crianças, 
tendem a levar a mão a esta região para coçar e a mão contaminada, muitas vezes, será o veículo de 
transmissão e autoinfecção; 
Autoinfecção interna: quando ovos presentes na região anal do indivíduo eclodem e as larvas migram 
novamente para a região cecal; 
Retroinfecção: ocorre quando os ovos eclodem na região perianal e as larvas reentram na região retal 
e alcançam novamente a região cecal. 
 
Patologia 
Uma vez ocorrida a infecção, a patologia será caracterizada como leve ou moderada, principalmente 
associada a aspectos irritativos decorrentes do prurido intenso devido a atividade parasitária na região 
anal e perianal, especialmente quando a diminuição da temperatura nessa região leva a uma maior 
atividade dos parasitas principalmente as fêmeas. 
Outras características relacionadas a patologia dependem de: 
Alterações intestinais causadas pelos vermes, irritação local a depender da quantidade dos vermes 
fixados a parede intestinal; 
Lesões anais e perianais pela presença das fêmeas e dos ovos. A sensibilidade antigênica na região; 
Lesões causadas pelo parasitismo ectópico na região da vulva, uretra, uma vez que o parasita pode 
ascender pela cavidade genital causando infecções vaginais e uterinas e associados a alguns tipos de 
infecção do trato urinário; 
Eventos secundários como a presença de bactérias na região intestinal irritada pela presença dos 
parasitas ocasionando a formação de estruturas granulomatosas em decorrência da atividade 
imunológica na região e uma pequena possibilidade da migração para regiões extraintestinais dos 
vermes adultos ocasionada por rupturas e lesões na região intestinal que pode promover a migração 
das larvas para regiões extraintestinais como o peritônio e em alguns casos, migração hematogênica 
dos parasitas. 
 
 
 
 
 
Diagnóstico 
Diagnóstico domiciliar na qual os coabitantes de um indivíduo infectado percebem a presença da 
infecção, principalmente em crianças pela visualização das fêmeas adultas na região afetada; 
O diagnóstico laboratorial nem sempre poderá ser realizado por técnicas coprológicas comuns, uma 
vez que essas técnicas revelam apenas de 5 a 10% dos casos, já que os ovos por conta da substância 
albuminosa secretada, relacionada a adesão dos ovos nas superfícies, faz com que os ovos 
permaneçam aderidos na região anal e perianal, sendo pouco a quantidade liberada nas fezes e que 
podem serdetectados nos exames de fezes comum. 
A técnica empregada no diagnóstico dessa infecção é comumente conhecida como técnica da fita 
adesiva ou técnica de Graham. Consiste na utilização de uma fita adesiva sobreposta a um tubo ou a 
um dedo protegido com uma luva e a fita é pressionada contra a região anal e perianal e se espera 
que havendo a presença de ovos, estes ficarão grudados na superfície da fita. A fita é retirada e 
utilizada como uma lamínula sobre uma lâmina que após montada pode ser levada diretamente ao 
microscópio para serem visualizados os aspectos morfológicos característicos dos ovos, que permite 
uma boa sensibilidade no diagnóstico da parasitose. 
 
Profilaxia 
Manejo e cuidado com as roupas, especialmente as íntimas; 
Corte frequente das unhas de crianças; 
Lavagem rotineira das mãos; 
Limpeza domiciliar com aspiração da poeira, já que esta pode ser um veículo de transmissão dos ovos; 
Avaliação doméstica de crianças com apresentação de prurido anal através de busca ativa na região; 
Tratamento das pessoas parasitadas da família e seus coabitantes. 
 
Tratamento 
Tratamento recomendado a todos coabitantes de indivíduos infectados: 
Albendazol – aproximadamente 100% de cura; 
Pamoato de pirantel – 80 a 100% de cura; 
Ivermectina – 85 a 100% de cura 
Mebendazol – cura superior a 90%; 
Piperazina – 80 a 90% de cura 
Pamoato de pirvínio - 90 a 95% de cura. 
 
 
 
 
 
Trichuris trichiura 
 
Nematódeo popularmente conhecido como “verme chicote” 
Homem x T. trichiura = principal hospedeiro e responsável pela manutenção da helmintose no 
ambiente; 
Inserido na família com representantes parasitas de diversas espécies de mamíferos, 
aproximadamente 70 espécies, entre as quais: 
- T. ovis (ovinos) 
- T. suis (suínos) 
- T. vulpis (cães) 
- T. muris (murinos) 
Parasita de ceco e cólon dos hospedeiros 
Agente etiológico da tricuríase, tricurose ou tricocefalose 
Parasita cosmopolita – alta prevalência em regiões tropicais e subtropicais 
 
Epidemiologia 
Dados epidemiológicos de 2015 mostram que a prevalência da tricuríase no Brasil é elevada já 10% 
que neste período 10% da população se encontrava infectada. As regiões mais importantes são: O 
Norte e faixa litorânea do Nordeste. 
Na Bahia, inquéritos indicam aproximadamente 5,7% de prevalência na população está infectada; 
Afeta principalmente crianças com idade inferior a 15 anos; 
A tricuríase é considerada uma geomitose, uma vez que esse helminto realiza parte de seu 
desenvolvimento em contato com o solo e por isso é muito comum ocorrência de coinfecção com 
Ascaris lumbricoides. Essa coinfecção está relacionada ao modo de transmissão e a parte do 
desenvolvimento desses vermes que são comuns. 
Taxonomia 
Helminto 
Reino Animalia 
Filo Nematoda 
Classe Enopla (Adenophorea) 
Sub-classe Dorylaimia 
Ordem Trichocephalida 
Família Trichuridae 
Gênero Trichuris 
 
 
 
 
Espécie T. trichiura 
Morfologia 
Apresenta forma de chicote; 
Verme adulto com extremidade anterior filiforme e posterior fusiforme; 
A cabeça se encontra na região mais afilada do verme, enquanto que a cauda está na região mais 
alargada posterior; 
3 cm a 5 cm de comprimento; 
Dioico, com dimorfismo sexual e macho menor que a fêmea; 
Presença de curvatura na região posterior no macho; 
A abertura bucal na extremidade anterior 
 
 
Esôfago sem elementos musculares e margeado por células glandulares, os esticócitos que em 
conjunto formam uma estrutura chamada esticossomo. 
Apresenta porção posterior mais alargada pela presença de intestino e órgãos sexuais 
Os órgãos reprodutores são simples e de conjunto único; 
No macho, projeta-se da cloaca, um longo espículo envolvido por uma bainha cuticular recoberta de 
espinhos; 
Fêmeas possuem um único ovário, seguido de oviduto, útero e vagina; 
 
 
 
 
 
 
 
 
Ovo 
Apresenta dimensão de 50-55 micrômetros x 25 micrômetros; 
Formato de bola de futebol americanos por possuírem 2 opérculos e tampões mucoides; 
Embrião no interior do ovo é não segmentado, unicelular e sem divisão; 
Externamente tem uma casca lisa, de cor amarelo-dourada devido seu contato com a bile e composta 
por 3 camadas: lipídica externa, quitinosa intermediária e vitelínica interna; essa casca, com suas 
camadas, é importante para a resistência dos ovos quando em contato com o solo; 
São postos de 3 mil a 5 mil por dia e embrionam apenas no momento de contato com o meio externo, 
com o solo. Por isso o T. trichiura é classificado como um geohelminto, pois é necessário o contato 
dos ovos com o solo para que prossigam a diferenciação. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Habitat 
Normalmente parasitam o ceco e cólon ascendente de seus hospedeiros; 
Mas em infecções graves podem ser encontrados em outras porções do intestino como cólon distal, 
reto, íleo e apêndice; 
Considerado um parasita tissular, uma vez que a face esofagiana fica inserida no epitélio intestinal do 
hospedeiro de onde vai extrair suas substâncias nutritivas como muco e células, especialmente restos 
de enterócitos e possivelmente também se alimenta de sangue; 
Apenas a região posterior do parasita fica lançada na região do lúmen intestinal, na cavidade 
intestinal. Toda a região esofagiana da porção mais afilada do parasita estará inserida na parede 
intestinas dos indivíduos parasitados; 
 
Ciclo biológico 
Ciclo simples, monoxênico, necessidade de apenas um hospedeiro. 
O hospedeiro uma vez infectado liberará por meio de suas fezes ovos não embrionados. Os ovos nas 
fezes ao entrar em contato com o solo, iniciarão o processo de embrionamento, impulsionados por 
características ambientais, por exemplo temperatura, até o ponto em que se observa uma larva 
interna ao ovo. Os ovos larvados poderão ser ingeridos por um novo hospedeiro suscetível e uma vez 
deglutidos, irão eclodir liberando as larvas, que por sua vez migrarão e penetrarão pelas criptas 
intestinais, onde permanecem realizando suas mudas, seus 4 estágios até que se apresentem na forma 
adulta aptos a realizarem a reprodução sexuada e darem início a um novo ciclo de liberação de ovos 
e infestação do ambiente. 
 
Transmissão 
Depende da ingestão de ovos que são liberados nas fezes caracterizando uma transmissão 
basicamente fecal – oral, na qual partículas de fezes podem estar sobre materiais, alimentos e água 
podendo, eventualmente, serem ingeridos por hospedeiros suscetíveis iniciando a infecção; 
Há possibilidade de os ovos serem carreados por vetores mecânicos como moscas e outros insetos 
que podem carregar na sua estrutura corporal os ovos de uma região para outra durante suas 
atividades de voo e alimentação; 
Podem, também, ativamente contaminar alimentos e mãos que não forem constantemente e 
corretamente higienizadas; 
Em alguns locais través da geofagia, hábito de comer terra; 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Patologia 
A infecção por T. trichiura geralmente começa de forma assintomática; 
A presença de sintomas pode ocorrer, mas depende da carga parasitária; 
A OMS classifica essa infecção em: 
Leves: < 1000 ovos/g de fezes 
Moderadas: 1000 – 9999 ovos/g de fezes 
Graves: > 9999 ovos/ g de fezes 
Os sintomas vão desde intestinais discretos (pequeno aumento dos movimentos peristálticos e algum 
desconforto intestinal) em casos leves; dores de cabeça, dor epigástrica e no baixo abdômen, diarreia, 
náusea e vômitos em casos moderados; e síndrome disentérica crônica (evacuações constantes, 
líquidas e prolapsos retais especialmente em crianças) em casos graves. 
 
Diagnóstico 
Pesquisa de ovos nas fezes por diversos métodos preferencialmente que permitam avaliação 
qualitativa e quantitativa; 
Para avaliação de carga parasitária: técnicas como a de Stoll ou a de Kato-Katz (preferência); 
Outras como McMaster e Flotac baseadas na flutuação dos ovos em solução mais densa que a água, 
têm sido eficazes; 
Identificação de vermes adultos por colonoscopia

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