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Teologia Pastoral..

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Introdução 
 
 O conteúdo que segue tem por objetivo esclarecer o significado de 
Teologia Pastoral, uma vez que é imprescindível ao Curso de Teologia. 
Teologia Pastoral ou Poimênica, em sua profundidade, mormente ao 
aperfeiçoamento do estudante de teologia, tem a pretensão de alcançar 
e formar uma consciência estável naqueles que são chamados e enviados 
para realizar a obra de Deus na terra. 
 Teologia Pastoral é todo o empreendimento que tem sua base na 
revelação bíblica, que compreende em si toda a metodologia para formar 
a natureza do ministério pastoral. Esse ministério é a própria liderança 
que tem a missão de reger a vida eclesial. 
 Toda a realidade da existência eclesial não pode prescindir da 
natureza do ministério pastoral, uma vez que a sua constituição tem sua 
origem no chamado divino. Toda realidade divina é realidade que se 
configura com expressão que se desdobra na existência de modo útil e 
saudável para o cumprimento de uma obra que tem de ser executada, 
pois é fruto do próprio Deus que estabeleceu uma ordem para salvar o 
mundo da desordem. 
 O modo pelo qual se realiza esse empreendimento, com suas 
características próprias, que divergem da maneira dos homens dirigem 
suas propriedades particulares, é o que a Teologia Pastoral trata. 
 
1. O termo Igreja e o conceito de Pastoral 
 
• O que é a Igreja? 
 A Igreja é o Povo de Deus através da experiência de gratuidade. É o 
povo eleito que vive a comunhão com o próprio Deus, com a 
humanidade e com o cosmo. 
 Compreende-se melhor a Igreja quando se pode examinar a origem 
do termo igreja, bem como a sua própria natureza. 
 
Origem do termo igreja 
 A Bíblia, em tempo algum, faz uso da palavra igreja relacionada a um 
prédio, denominação, ou ainda somente à influência cristã na sociedade. 
O termo grego para igreja no Novo Testamento é ekklesia, é usado para 
designar o novo povo de Deus. No grego secular a palavra ekklesia não 
 
tem sentido religioso. Na LXX é considerado um termo técnico para 
significar no hebraico o QAHAL YHAWE, a “Congregação do Senhor”. 
 Este termo, tirado da realidade do mundo, é muito significativo, pois 
indica um chamamento dos cidadãos, em Cristo, de dentro do mundo, 
para se reunirem diante do Senhor. As expressões EKKLESIA THEOU 
(Igreja de Deus) ou EKKLESIA CHRISTOU (Igreja de Cristo), revelam o 
significado da verdadeira Igreja. 
 EKKLESIA é constituída da raiz do verbo KALÉO (chamar). Logo, a 
Igreja é mais do que uma agregação de pessoas, porém uma 
congregação. É mais do que uma organização, uma denominação, é o 
povo de Deus. É um povo em constante movimento, que se expressa na 
existência de maneira autêntica, seu testemunho a respeito das 
grandezas de Deus. 
 Há outra palavra no Novo Testamento, derivada da LXX que é 
SYNAGOGE, que se deriva de SYN + AGO, que significa “chegarem juntos” 
ou “estar reunidos juntos”. Esta palavra é exclusiva para denotar as 
reuniões dos judeus no aspecto religioso (sinagoga). O povo de Deus é 
aquele que está junto, e que caminha junto, numa mesma direção. 
 
A natureza da Igreja 
 Quem fundou a Igreja? Esta é uma pergunta feita pela exegese 
moderna. É considerada uma problemática. Em que sentido se fala em 
fundação da Igreja? Em que sentido Jesus Cristo fundou a Igreja? 
 Através da origem se manifesta a essência da Igreja. Pode-se 
considerar que a Igreja foi pensada a partir de uma caminhada histórica. 
É o mais importante projeto de comunidade desenvolvido pelos 
seguidores de Jesus Cristo. 
 Jesus se encontrava com as pessoas e estabelecia uma relação com 
elas. Depois, com a morte do Senhor há uma ruptura nessa relação, mas 
é restabelecida na ressurreição. Os discípulos dão testemunho a respeito 
do Senhor ressurreto (Atos 2.24,32). 
 A Igreja é o verdadeiro modelo da ordem de Deus neste mundo. A 
comunidade petrina entendeu o verdadeiro sentido da Igreja: 
 
Mas vós sois a geração eleita, o sacerdócio real, a nação santa, o 
povo adquirido, para que anuncieis as virtudes daquele que vos 
chamou das trevas para a sua maravilhosa luz; vós que, em outro 
 
tempo, não éreis povo, mas, agora, sois povo de Deus; que não 
tínheis alcançado misericórdia, mas, agora, alcançastes misericórdia 
(1 Pedro 2.9-10). 
 
 Vejamos os significados de alguns termos importantes para 
compreensão da eclesiologia petrina, retirados do texto 
neotestamentário: 
 
 “Geração Eleita” - significa que Deus elegeu um povo para 
proclamar a Sua graça. Essa eleição foi a decisão divina numa perspectiva 
eterna. Foi a experiência da gratuidade divina. Deus salva por graça e não 
por méritos de alguém. Os méritos são os de Cristo Jesus, o Filho 
Unigênito de Deus. 
 
 “Sacerdócio Real” - A Igreja é sacerdotal, porque Cristo é o Sumo 
Sacerdote. É a tarefa do antigo Israel no Sinai, de ser uma nação 
sacerdotal aos gentios (Êxodo 19.6). A Igreja é o sacerdócio instituído pelo 
próprio Deus, a fim de que a humanidade tenha acesso ao Seu Reino e 
possa oferecer-lhe dádivas aceitáveis. A Igreja é sacerdotal quando 
aponta à humanidade o propósito de Deus em Cristo Jesus, que é o 
melhor projeto de vida já elaborado. 
 
 “Nação Santa” - Santa, quer dizer “separada”. A Igreja é de Deus. 
Santa, não quer dizer isolada do mundo, mas que deve viver a 
articulação: Igreja, Reino de Deus e Mundo. Santa, porque é de Deus e 
não de homens (possessão). A Igreja foi tirada do mundo para proclamar 
a Palavra de Deus aos homens e as mulheres. 
 
 A Igreja é a Comunidade dos santos; daqueles que crêem e que são 
santificados em Cristo, e que estão unidos com Ele, numa dimensão 
relacional com o Ressurreto que se desdobra na fraternidade ensinada 
pela Sagrada Escritura, principalmente o Novo Testamento, a partir das 
próprias palavras de Jesus em João 17. 
 Na perspectiva de Lucas a Igreja é definida como a comunidade que 
crê e cujo coração é um (Atos 4.32). Em Efésios, consta “um só corpo, um 
só espírito, assim como foram chamados em uma só esperança” (Efésios 
4.4). 
 
 A Igreja na Patrística apresentava duas faces: mistérica e 
institucional. 
 A partir destas duas faces a Igreja vivia: 
 Na face mistérica a Igreja se expressava como a comunidade de 
salvação. Ela celebrava a fé, começando pela Palavra, que não foi vivida 
de forma individualista, mas em sentido comunitário, dentro da 
congregação dos fiéis. A mesma fé caracterizava a vida da Igreja. Na 
Eucaristia, a fé determina a Igreja em sua trajetória. EKKLESIA (1 Coríntios 
11.18). Na fé tem-se a semente da Igreja. A fé é o primeiro momento da 
Igreja. A Igreja transforma a Palavra em ação. Quem acolhe a Palavra tem 
de transmiti-la. A essência é viver cada momento. O apóstolo Paulo utiliza 
muito essa palavra (Efésios 5.21-32). A Igreja é o Corpo de Cristo: aliança 
amorosa. Paulo chega a fazer esta profunda declaração: “Grande é esse 
mistério.” 
 Na face institucional, a Igreja era minoritária; era uma Igreja nova. 
Era bem diferente do judaísmo e dos cultos pagãos. Características: 
alegria, expansão missionária e muito dinamismo. Era ela um “pequeno 
rebanho” que vivia o amor, a compaixão, a solidariedade e a misericórdia. 
Tudo isso, em contraste com o mundo de poder e autoridade não 
condizentes com a vontade de Deus. 
 
Uma Igreja missionária 
 A missão da verdadeira Igreja de Cristo Jesus é mais do que proceder 
de forma paternalista. É participar da reconstrução do mundo, como 
Jesus procedeu. É reintegrar de modo pleno a pessoa no Reino de Deus. 
Não utilizar somente a Palavra como teoria, mas na prática mostrar a 
operosidade que procede de Deus. A Igreja precisa estar atenta às 
carências das pessoas, e oferecer-lhes o conforto de que tanto precisam. 
 
Permanecendo na cidade até quando? 
 Em Lucas 24.49 está registrada uma ordem de Jesus dada aos seus 
discípulospara que permanecessem na cidade de Jerusalém. Mas, essa 
permanência seria por pouco tempo e não definitivamente. Eles não 
deveriam ficar acomodados, observando os acontecimentos sem uma 
ação dinâmica. Até quando deveriam permanecer em Jerusalém? “Até que 
sejais revestidos de poder (dínamis) do alto”. 
 
 É lamentável que pessoas não entendam as palavras do Senhor, e 
permaneçam dentro de si mesmas, ou de suas paredes, ainda, das 
quatro paredes de um templo, a fim de não cumprirem a vontade de 
Jesus Cristo, como se de fato fosse assim mesmo: adoração sem 
compromisso com a missão de fazer discípulos de todas as nações. 
 O Espírito Santo foi enviado para capacitar a Igreja; dar-lhe poder 
para realizar a missão confiada de ir por toda parte e proclamar as boas 
novas de salvação a todas as pessoas. Esse poder contrasta com 
qualquer poder extático, energético, sobrenatural. Jesus prometeu enviar 
o Espírito: “da minha parte, eu vou enviar-vos o que meu Pai prometeu.” Esse 
envio do Santo Espírito foi justamente para capacitar a Igreja a fim de 
realizar a sua missão no mundo. E, a missão da Igreja é a missão de Jesus. 
 A Igreja quando entende a sua missão acomodada na história, não se 
caracteriza e se realiza como povo de Deus. A Igreja que desejamos é 
aquela que descortina novos horizontes e encarna na existência humana 
o projeto de Jesus Cristo. A sua missão constitui a opção pelos pobres e 
marginalizados e por todas as pessoas a quem Deus enviar para receber 
a salvação, que é a reintegração total do ser humano. Aos ricos, à 
conversão, no sentido de haver partilha. Aos pobres, lutar por seus 
direitos em todos os sentidos. Tudo isso não condiz com o “permanecer 
na cidade”. 
 O ato de “permanecer na cidade” constante no Evangelho de Lucas, 
não pode ser entendido sem o desdobramento da frase “Até que do alto 
sejais revestidos de poder”. 
 
Recebendo o dínamis do Espírito Santo 
 Em Atos 2.1-13, ao cumprir-se o Dia de Pentecostes, Deus enviou o 
Seu Espírito para dinamizar a Sua Igreja. A promessa feita foi cumprida, 
porque o Deus que promete é o Deus que cumpre. Deus é fiel ao 
cumprimento de Sua Palavra. Ela não pode falhar. 
 No Antigo Testamento a palavra “ruah” é traduzida por vento, sopro, 
força de vida (Êxodo 15.8-10; Isaias 11.4; 40.7; Gênesis 2.7). Força 
misteriosa é a força de Yhawe. O Espírito de Deus é força de vida e 
criação (Gênesis 2.6; 6.2,17; 7.15,22). O Espírito como força psíquica 
operante (Juízes 13.25; 14.6; 14.19; 15.14, 3.10; 6.34; 11.29; 1 Samuel 
11.6). Nestes textos constam que, homens realizaram obras 
 
extraordinárias, alcançaram vitórias inesperadas, sob o impacto do 
Espírito de Deus. 
 O Espírito de Deus se comunica constantemente ao povo através dos 
profetas (Zacarias 7.12; Isaías 48.16). O Espírito de Deus inspira 
transformação. 
 No Novo Testamento, o Espírito Santo é força, dínamis. É mais 
pessoal; é “alguém”. Nos evangelhos sinóticos, a exceção de Mateus 
28.19, nenhuma dessas escrituras apresenta o Espírito Santo como 
pessoa, mas como força. Am Atos, o Espírito de Deus é concebido como 
força. A Igreja nasce por ocasião do Pentecostes. O Espírito de Deus dá 
coragem, força aos pregadores do Evangelho. 
 Não poderia ter havido um dia tão especial como foi o Dia de 
Pentecostes, para que a Igreja pudesse provar do dínamis de Deus, e 
apresentar os primeiros frutos: três mil batizados, após ouvirem o 
discurso de Pedro (Atos 2.14-41). 
 Quem recebe o dínamis de Deus, não o recebe para conforto de si 
mesmo, mas para realizar a vontade de Deus. Viver no Espírito é viver 
uma maneira nova. É uma nova criação que responde com um “sim 
responsável”. 
 A Igreja que desejamos é a Igreja que vive a liberdade do Espírito de 
Deus, sempre preparada para obedecer a todos os imperativos de Jesus 
em favor dos oprimidos e marginalizados pelo pecado, que, a cada dia, 
execra a vida humana. Assim, torna-se o que recebe a graça de Deus, 
obediente dentro do Corpo de Cristo. 
 
Obediência aos imperativos de Jesus Cristo 
 O próprio Jesus é a grande mensagem da Igreja. Ele é a salvação que 
se fez Pão; o Pão da Vida. Jesus não autorizou a nenhum de seus 
discípulos praticar a omissão. Em Romanos 1.16, Paulo diz: “Pois não me 
envergonho do Evangelho: ele é o poder de Deus para a salvação de todo 
aquele que crê, do judeu primeiro, e depois do grego.” O Evangelho é o 
DÍNAMIS TOU THEOU (poder de Deus). 
 Fundamentado no Amor (agápe), o Senhor ordenou a Sua Igreja, pelo 
menos três pontos fundamentais: 
 
 
 Primeiro - Pregar as Boas Novas; evangelizar. A Igreja tem a missão 
de ser a voz de Deus no meio do povo. Neste mundo há corrupção, 
injustiça, pobreza, miséria, discriminação e muitos infortúnios. 
 No entanto, a Igreja, Povo de Deus, marca a sua presença na 
sociedade, sendo o “Sal da terra” e a “Luz do mundo” (Mateus 5.13,14). Ela 
tem de denunciar a injustiça, o analfabetismo, a doença, a falta de 
consciência política, o desamor e todos os pontos negativos que 
obstruem a vida. Os textos são bem claros sobre esses pontos (Mateus 
28.18-20; Marcos 16.15-20; Lucas 10.1-11; Atos 1.8). Destarte, evangelizar 
não é uma opção. 
 
 Segundo - “Batizando-os em nome do Pai, do Filho, e do Espírito 
Santo”. O Batismo é desde o início da Igreja (1 Coríntios 12.13; 1.10-17; 
Romanos 6.3ss). Antes de o Cristianismo surgir havia o batismo de 
prosélitos. Rito de iniciação, junto com a circuncisão para o ingresso no 
judaísmo, por causa das pessoas serem impuras. A pessoa tornava-se 
uma nova pessoa e se submetia a Torá (Lei). João Batista, através de sua 
experiência apela à conversão, numa tentativa de retomada à purificação. 
Convém lembrar que, João Batista batizou Jesus, com o sentido de entrar 
neste movimento do povo (Lucas 3.2ss). Os discípulos de Jesus também 
administravam o batismo (João 3.22; 4.2). A Igreja primitiva começou a 
batizar utilizando o referencial existente. Os batizados eram admitidos na 
Igreja como prova da nova vida em Cristo, onde não havia mais 
desigualdades nessa nova vida (Gálatas 3.28). Todos formavam uma 
unidade. É assim que a Igreja deve fazer na sua missão nos dias 
hodiernos. 
 
 Terceiro - A celebração da Eucaristia. Testemunhos da celebração 
eucarística: (1 Coríntios 11.23-25; Lucas 22.15-20; Marcos 14.22-25; 
Mateus 26.26-29; 54-56). Realidade e sentido da Ceia: Jesus, o anfitrião da 
Mesa. Ele é aquele que acolhe. As palavras do Senhor ressurreto foram 
entendidas pelos discípulos. Diante da Mesa do Senhor, os homens 
participam da realidade salvífica e da morte redentora de Jesus. 
 A Santa Ceia possui um caráter profundamente teológico: 
 
1. Tem perspectiva de passado: É memória da morte de Jesus; 
 
 
2. Tem perspectiva de presença: refeição da aliança e comunhão entre 
os cristãos; 
 
3. Tem perspectiva de futuro: a plena comunhão do Senhor com 
todos. 
 
 A Igreja que desejamos é esta: sempre obediente a Jesus Cristo, o 
Senhor, em todos os aspectos. 
 
As três qualificações da Autoridade de Jesus: 
 
1. A autoridade pregadora de Jesus. É enfatizada pelo evangelista 
Mateus. Jesus pregava como quem tinha autoridade. Mateus com 
muita ênfase destaca a pregação de Jesus. O Sermão do Monte: Mt 
5, 6 e 7. Mt 24: “O Pequeno Apocalipse”; o Sermão Profético. Essa 
autoridade pregadora, Jesus transferiu para os seus discípulos 
(Mateus 28.18-20). A autoridade fora passada aos discípulos, a fim 
de que, com autoridade, fizessem outros discípulos, de todas as 
nações. 
 
2. A autoridade curadora de Jesus. É enfatizada pelo evangelista 
Marcos. Jesus curou muitos doentes (Mc 1.32-33; 40-45; 2.1-12). 
Todos quantos pediram ajuda, Jesus com grande misericórdia os 
atendia. Essa autoridade curadora. Jesus transferiu aos seus 
discípulos (Mc 16.15-18). 
 
3. A autoridade perdoadora de Jesus. É enfatizadapelo evangelista 
Lucas. Jesus perdoou e também ensinou aos seus discípulos a 
praticarem o perdão. Lucas 6.37: “Não julgueis, e não sereis 
julgados; não condeneis, e não sereis condenados; perdoai, e sereis 
perdoados.” Jesus transferiu a autoridade perdoadora aos seus 
discípulos. Eles deveriam exercitar o perdão, que é divino e faz 
bem à comunidade. 
 
 O que há em comum nas qualificações de autoridade de Jesus é a 
TRANSFERÊNCIA. Jesus transferiu aos seus discípulos: a pregação; a cura; 
e, o perdão. 
 
 No desempenho de sua missão como “enviada” a Igreja propagará os 
ideais do Reino de Deus no mundo, utilizando seus dons (carismas) 
(espirituais). 
• O conceito de Teologia Pastoral 
 Teologia Pastoral é a ciência que trata da Obra Pastoral. É o ensino 
que trata cuidadosa e sistematicamente, de acordo com a Palavra de 
Deus, as múltiplas funções do ministro do Evangelho, abrangendo a 
administração da Igreja. 
 
Objetivos 
 Preparar homens e mulheres de Deus para exercerem uma liderança 
pastoral nos campos missionários e assumirem funções pastorais nas 
responsabilidades do ensino institucional. 
 Visa tanto pastores experientes como jovens em preparação ou no 
início do ministério, no sentido de alcançar uma performance no 
desempenho cristão. 
 A amplitude dessa ciência, Teologia pastoral, lida com a natureza 
bíblica do que deve ser o pastor ou o obreiro como pessoa e com a 
maneira pela qual ele deve ministrar na Igreja. 
 Segundo John MACARTHUR, JR, os três objetivos do Ministério 
Pastoral são: 
 
1. Validar os absolutos bíblicos do ministério pastoral, exigidos por 
Deus, isto é, responder à pergunta: “Qual é a autoridade que 
temos para estabelecer uma filosofia de ministério?” 
 
2. Elucidar as qualificações bíblicas para pastores de igreja, isto é, 
responder à pergunta: “Quem são os subpastores autorizados por 
Deus para cuidar do rebanho de Cristo?” 
 
3. Delinear as prioridades do ministério pastoral, isto é, responder à 
pergunta: “Quais são os fatores envolvidos em um ministério 
pastoral fundamentado nas Escrituras?” 
 
 Há uma preocupação hoje com uma tendência crescente de se 
produzir líderes fortes que sabem como administrar um negócio ou 
empreendimento, mas que não compreendem a igreja a partir da 
 
perspectiva de Cristo. Adotam um estilo de liderança que nada tem a ver 
com o ensinamento bíblico. 
 Alguns líderes contemporâneos da igreja imaginam que são 
empresários, profissionais da mídia, artistas, psicólogos, filósofos ou 
advogados. Essas noções contrastam com o teor do simbolismo que as 
Escrituras empregam para descrever os líderes espirituais. 
 Embora as Escrituras empreguem várias metáforas para descrever os 
rigores da liderança, conforme 2 Tm 2, todas essas figuras evocam idéias 
de sacrifício, labuta, serviço e dificuldades. Demonstram com grande 
eloquência a complexidade e as várias responsabilidades da liderança 
espiritual. 
 
As exigências de uma liderança espiritual são: 
 
➢ Caráter irrepreensível 
➢ Maturidade espiritual 
➢ Disposição para servir com humildade 
 
 A liderança da Igreja é um ministério, não uma gerência. O chamado 
daqueles a quem Deus designa como líderes não é para a posição de reis, 
mas de humildes escravos; não de celebridades refinadas, mas de servos 
trabalhadores. 
 
Os que forem liderar o povo de Deus devem, acima de tudo, ser um 
exemplo de: 
 
➢ Sacrifício 
➢ Devoção 
➢ Submissão 
➢ Humildade 
 
 Jesus mesmo deu o exemplo quando se abaixou para lavar os pés de 
seus discípulos, uma tarefa que costumava ser cumprida pelo menor dos 
escravos (Jo 13). Se o Senhor do universo fez isso, nenhum líder de igreja 
tem o direito de se considerar elite pastoral. 
 
 
 
2. Os Cinco Ministérios eclesiais segundo Efésios 
 
 Os diferentes carismas elucidados na Escritura dão estrutura à Igreja 
para que cumpra sua apostolicidade. Os textos são os seguintes: 1 
Coríntios 12.1-4; 27-31; Romanos 12.3-8 e Efésios 4.7-13. 
 
 
CRITÉRIOS PARA SE SABER QUE É DOM DO ESPÍRITO SANTO: 
 
1. Confessar a Jesus como Senhor (1 Coríntios 12.3) 
2. Exercitar o Serviço (1 Coríntios 12.7; Efésios 4.12) 
3. Viver a Unidade (1 Coríntios 12.4-13) 
4. Praticar a Caridade (1 Coríntios 13, o carisma do maior Dom, o 
amor) 
 
 O carisma não é privilégio somente dos ministros. É necessário ler as 
epístolas a Timóteo (1ª e 2ª), para se entender biblicamente este assunto 
que é tão importante para a vida da Igreja. 
 Para verificação da diversidade de carismas, deve-se observar as 
listas de dons, segundo no Novo Testamento: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
TRÊS 
 
ESPÉCIES 
 
DE 
 
DONS 
1. CARISMAS 
DA 
PREGAÇÃO 
2. CARISMA 
DE 
MINISTÉRIO 
AUXILIAR 
APÓSTOLOS 
PROFETAS 
PASTORES 
MESTRES 
 
EVANGELESTAS 
EXORTADORES 
DIÁCONOS: OS QUE CUIDAM DOS 
DOENTES E DAS VIÚVAS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Os carismas não são de pessoas especiais da Igreja, detentoras de 
dons, mas de toda a comunidade. O carisma sempre depende da graça 
divina (karis). Os carismas devem ser articulados nas seguintes 
perspectivas: 
 
• CARISMA  VOCAÇÃO  SERVIÇO 
 
Como apostólica, a Igreja se desenvolve no sentido de existir para 
fora; é ela enviada por Deus para ser uma bênção no mundo. 
 
 Como nunca, necessitamos viver o cristianismo de modo concreto, 
sincero e objetivo; sem medo de encarnar na história os ideais do Reino 
de Deus, pois Ele sendo o Senhor da Igreja, pelo Seu Espírito 
dinamizador, impulsionará a Sua comunidade a viver intensamente esses 
ideais. 
 Não podemos contemplar uma Igreja estagnada, sem projeto, sem 
ousadia e sem visão real de sua missão neste mundo, descomprometida 
com a prática de vida profundamente missionária. Não podemos viver 
somente pela e para a instituição, mas como organismo vivo que é o 
povo de Deus, caminhando no sentido de que se experimente a 
articulação: Reino de Deus, Igreja e mundo. Faz-se necessário essa 
articulação, e logo os frutos surgirão como produto desse engajamento 
natural, não como ideal platônico. 
 Desejamos uma igreja e não um projeto de igreja que muitas vezes 
não sai do papel, que não se mexe, que não se incomoda com as pessoas 
que estão andando sem direção. Não desejamos uma igreja 
3. CARISMAS 
DE 
GOVERNO 
PRESIDENTES 
EPÍSCOPOS 
PASTORES 
 
eclesiocentrista, mas aberta a todas às questões que envolvem o ser 
humano como pessoa, indistintamente. 
 Uma Igreja alegre por se identificar como Igreja de verdade, na 
perspectiva da comunhão sincera, onde todos comunguem o verdadeiro 
amor, aquele amor de 1 Coríntios 13: o Amor que não é mercantilista, 
antes abnegado. 
 Uma Igreja que detenha em seu bojo o verdadeiro conceito de 
missão: saindo de si mesma, para alcançar os pobres e marginalizados, e 
chamar todos à conversão. Uma Igreja que viva sob o poder do Espírito 
Santo, sem medo de realizar o bem. É essa a Igreja que todos que 
obedecem aos imperativos de Jesus, exercitando a fé, a esperança e o 
amor, que se constituem o fundamento da própria missão eclesial, 
formam o exército de Deus imbatível para ser uma bênção no mundo. 
 Uma Igreja de verdade, que encarne o dinamismo, e não viva como 
se não fosse igreja, mas comprometida com as suas dimensões e 
propriedades na história dos mortais, apontando os sinais de unidade em 
Cristo, de santidade como povo de propriedade peculiar de Deus, como 
católica, abrindo-se a todos e apostólica pelo exercício dos carismas 
espirituais para o seu próprio crescimento. 
 É essa a Igreja que desejamos. E, com toda a certeza, a partir de uma 
consciência revestida de seriedade, alcançaremos essa realização pela 
luta de cristãos sinceros que entendem o projeto do Reino de Deus 
através do ensino de Jesus Cristo. 
 
 
 
 
 
3. A Igreja como Corpo de Cristo 
 
A doutrina da Igreja temcomo parâmetro uma 
teologia genuinamente bíblica em seu escopo. Ela, 
antes de tudo tem seu fundamento na Santíssima 
Trindade, porque a própria Trindade é 
comunidade que implica para a vida plena. 
Somente se pode pensar em Igreja a partir do instante em que se analisa 
o que é ser igreja à luz do que ensina a Palavra de Deus. Quando se 
 
 
pensa em Igreja se pensa em fé cristã em Deus. A Igreja é uma 
comunidade concreta; comunidade empírica no mundo de outras 
comunidades e organizações terrenas. 
 A Igreja não é uma ilusão, mas uma realidade, porque é o Deus Trino 
o seu autor. A relação da Igreja com Deus é uma relação corporificada. 
Isso dá a chance de incluir profundas dimensões: social, psicológica, 
econômica, política, física. Desta forma, deve-se pensar na Igreja como 
um organismo vivo. É a Igreja o povo de Deus que é o Corpo de Cristo no 
mundo. Assim, a teologia contempla a Igreja em profundo 
relacionamento com Deus. 
 A Igreja somente pode partir da Palavra de Deus, daí é que se 
evidencia o seu fundamento. A Palavra apresenta o Deus Trino agindo de 
modo dinâmico. Sendo a Igreja o projeto histórico de Deus, ela não pode 
agir de outra forma, senão segundo o agir da Santíssima Trindade. 
 A Igreja tem a consistência de ser o genuíno povo de Deus, composto 
de crentes congregados pelo Espírito Santo, através dos meios de graça. 
Povo esse que vive a dinâmica da fé, não centralizada em si mesma, mas 
se movendo na dimensão da construção de um mundo novo. “A Igreja é a 
comunidade que está explicitamente centrada na articulação e revelação 
dos propósitos de Deus em Jesus Cristo”. Da mesma forma que os 
propósitos de Deus foram explícitos em Jesus Cristo, que agiu sob o 
poder do Santo Espírito, assim também é a Igreja na história. Assim se 
pode entender que a Igreja nunca pode desaparecer, se é constituída 
pelo testemunho do que e de quem Deus é. 
 
 
 
O fundamento da Igreja como Corpo de Cristo 
 
“Vós, porém, sois raça eleita, sacerdócio real, nação 
santa, povo de propriedade exclusiva de Deus, a 
fim de proclamardes as virtudes daquele que vos 
chamou das trevas para a sua maravilhosa luz” (1 
Pedro 2.10). 
A Igreja congrega em si a experiência de ter sido 
 
regenerada e justificada pelo Deus vivo e verdadeiro, que em Cristo Jesus 
garantiu a plenitude da salvação. 
A experiência da Igreja no seu aspecto marcante na história da salvação, 
apresenta-se sob um fundamento sólido para se manter como corpo. Isto 
quer dizer uma apresentação de sua verdadeira natureza e constituição. 
 A Igreja é necessária ao mundo, e os seus aspectos básicos de 
existência são elucidados para que se possa ter uma compreensão do 
fato de ser eleita por Deus e poder cumprir a sua missão. É nela que a fé 
é gerada, cresce e avança para o alvo. É através dela que o mundo pode 
ouvir a Palavra de Deus. E, para que a pregação da Boa Nova ganhe cada 
vez mais dimensão e repercussão, Deus estabeleceu na Igreja pastores e 
mestres (Ef 4.11), concedendo-lhes autoridade para cumprir a sua 
vocação na história. Desta maneira, a Comunidade de Deus não pode se 
desenvolver com seus membros desajustados, separados, mas ligados 
aos seus pontos fundamentais. 
 Fundamentando-se nos textos de Mateus 10.6 e Marcos 10.9, e 
tomando-se “o que Deus ajuntou não o separe o homem”, argumenta-se 
que Deus é Pai, e mãe, a Igreja, unidos num só propósito. Deus é Deus de 
compromisso, e em virtude desta realidade, escolheu o seu povo para 
desenvolver um compromisso recíproco, pelo qual serve não a si 
mesmo, mas ao seu Criador, no serviço ao próximo. Sendo assim, o que a 
Igreja crê, expressa de modo visível. 
 
A experiência de comunhão da Igreja como Corpo de Cristo 
 A comunhão dos santos é também entendida como comunidade dos 
eleitos. E, isso exprime em alto nível a natureza da Igreja. A comunidade 
eleita é composta de todos os santos, ou de todos os membros que dela 
fazem parte, que foram chamados a uma só fé e esperança, onde já se 
conferem todas as bênçãos decorrentes da ligação a Cristo. As bênçãos 
são, sem dúvida, compartilhadas mutuamente. Tudo gira em torno do 
comum acordo, da disposição ordinária que se desenvolve pelo 
fortalecimento de todas as juntas da estrutura comunitária. 
 
“Da multidão dos que creram, um era o coração e uma a alma”; e, “um só 
corpo, um só espírito, assim como foram chamados em uma só 
esperança”. “Há somente um corpo e um Espírito, como também fostes 
chamados numa só esperança da vossa vocação” (Ef 4.4) 
 
Os dons espirituais são distribuídos de modo variado, mas sempre com a 
finalidade de equilibrar todas as partes da Igreja. Fala-se de uma ordem 
política, que não é subvertida na expressão diaconal da Igreja, e todos os 
membros, embora tenham bens, devem servir à promoção da paz entre 
os homens. Todos podem possuir bens, mas devem considerar sempre o 
sentido verdadeiro de comunhão. Comunhão com Deus e com todos os 
homens. O texto dos Atos dos Apóstolos 4.32, é a forma como uma 
comunidade se estatui, com base no exemplo da Igreja Primitiva: “Da 
multidão dos que creram, um era o coração e uma a alma”; e, “um só corpo, 
um só espírito, assim como foram chamados em uma só esperança”. “Há 
somente um corpo e um Espírito, como também fostes chamados numa só 
esperança da vossa vocação ” (Ef 4.4). 
 A Igreja de Cristo não pode existir de forma fragmentada e 
desintegrada de sua própria constituição. Ela é entendida sempre na 
divina Palavra, como um povo em plena comunhão. Decorre daí que, de 
sua estrutura, percebe-se Deus o Pai e Cristo a cabeça de todos os 
santos, configurando-se a experiência de fraternidade em amor, e a 
união que produz uma qualidade incomparável de vida na terra. Na Igreja 
deve se observar a reciprocidade e a partilha. 
 Quais são os frutos que advêm dessa comunhão? Considera-se a 
certeza de que se faz parte do corpo e também a segurança que nele há, 
ainda que o mundo se abale. O que garante o seu sustento? A eleição de 
Deus, que não pode falhar. É o decreto firme de Deus em favor do Seu 
povo. Mesmo que tudo se estanque, a Igreja caminhará segura e seus 
membros não serão jamais arrancados ou despedaçados. Alguns textos 
veterotestamentários se constituem a base da argumentação em 
questão: “salvação haverá em seus dias” (Jl 2.32; Ob 17); “Deus habitará 
eternamente no meio de Jerusalém, para que nunca seja abalada” (Sl 46.5). 
 É confortante para todos, no sentido de que há consolo na 
comunhão dos santos, ou seja, dos eleitos. No termo comunhão há muito 
de consolação. Em Cristo todos estão seguros. Todas as bênçãos foram 
conferidas em todas as esferas, verificando-se que há firmeza pela 
esperança. Essa certeza é justamente em função do que já foi exposto 
anteriormente, que trata da experiência da fé, dom que torna estável a 
vida em comunhão. A Igreja, portanto, está edificada na fé. 
 
 
➢ A Igreja não pode ser despedaçada; 
➢ A Igreja tem a esperança como arma que a defende na luta contra 
toda a esterilidade; 
➢ A Igreja está edificada na fé, por isso está segura. 
 
 Essa experiência da Igreja é distinguida pela ação do Espírito Santo, 
que produz a bênção da participação em Cristo e a separação para a 
posse divina, fruto da graça abundante de Deus Pai. Isto se denomina 
grande graça. 
 Pensar no afastamento dessa comunhão da Igreja será visto como 
uma ação funesta, pois é ela a verdadeira escola e mãe, que nutre as 
pessoas. Logo, fora de seu grêmio não há de se esperar nenhuma 
remissão de pecados, nem qualquer salvação. Na Igreja todos somos 
alunos pelo curso de toda a existência. Se a Igreja é a mãe dos fiéis, é em 
razão de existir nela o depósito da fé. 
 Ser Igreja e viver a comunhão dos santos significa a mesma idéia. 
Todos participam da mesma herança de vida eterna, em um só Deus, em 
Cristo. Seus membros são unidos num mesmo corpo,a um tempo, em 
uma só fé, esperança e amor, no mesmo Espírito. Esta é uma pista que 
produz clareza acerca do que caracteriza a Igreja como a comunidade de 
comunhão, e também a sua diaconia é exercitada sob a instrução de seu 
guia e mestre, o Espírito Santo. Isto é parte ordinária da vida eclesial. 
 Essa comunhão é percebida na Igreja visível, que milita neste mundo, 
ainda que existam imperfeições, entretanto, nela opera o Santo Espírito 
que a conduz a bom termo. Se a Igreja vive a comunhão, é porque está 
firmada em Cristo. Ninguém que faça parte dela pode cair no 
esquecimento. Pode-se afirmar que comunhão é vida plena fazendo-se 
diferença num mundo tão fragmentado pelas diversas ideologias. 
 É percebida a comunhão da Igreja, quando ela se reúne, convocada 
por Deus para oferecer-lhe o verdadeiro culto que é espiritual. É 
justamente nessa reunião, convocada pelo Deus vivo, que o povo santo 
se expressa em adoração e louvor ao Criador, reconhecendo o seu favor 
imerecido, através dos cânticos, orações e a escuta da Palavra, que fala 
no mais íntimo dos corações, considerando a iluminação do Santo 
Espírito. 
 
A Igreja como Corpo de Cristo e sua Pedagogia Cúltica 
 
 É fundamentalmente importante perceber o modo pelo qual se 
relaciona a comunhão da Igreja à sua pedagogia. Essa pedagogia está 
voltada para a formação do ser humano, atingindo-o integralmente. A 
Igreja foi constituída por Deus para formar o ser humano, considerando-
o como absoluto do amor divino, e assim foram comissionados por Deus 
apóstolos, profetas, evangelistas, pastores e mestres (ensinadores), para 
a edificação do Corpo de Cristo (Ef 4.10-13). Deus aparelhou Seus santos 
através dos dons mencionados, objetivando o exercício e cumprimento 
da missão eclesial, conforme a vocação imputada por Deus. 
 O propósito da Igreja é tão perceptível, que não se tem dúvida de que 
visa à unidade da fé e do conhecimento do Filho de Deus à perfeita 
humanidade, à medida da plenitude de Cristo Jesus. Entende-se que a 
educação da Igreja visa o aperfeiçoamento dos santos, à formação que 
gera maturidade. 
 Como se processa a educação da Igreja, no sentido de se obter a 
maturidade tão desejada por aqueles que fazem parte do seu grêmio? 
Argumenta-se sobre a proclamação da doutrina pelos pastores e o 
ensino dos mestres a todos sem exceção. Todos que comunicam e 
recebem a doutrina têm de ser encontrados com espírito brando e dócil. 
Desta forma, acredita-se que o ensino, uma vez aplicado, jamais se aparta 
da boca de quem está aprendendo. Alude-se o profeta Isaías, que diz: “o 
meu Espírito, que está em ti, e as palavras que pus em tua boca, jamais se 
apartarão da tua boca, nem da boca de tua semente e de seus descendentes” 
(Is 59.21). 
 Os que têm interesse tornam-se dignos, e jamais perecem de fome 
ao alimentarem-se divinamente pelas mãos da Igreja. Isto significa o 
profundo valor que a igreja tem em todos os tempos da história. 
Percebe-se também a necessidade que se tem da Igreja na existência 
humana. Essa capacidade é dinamizada pela fé. Se a Igreja ensina e 
proclama o Evangelho é porque acredita no poder libertador de Deus, 
como era entendido pelo apóstolo Paulo, e que o mesmo pôde afirmar 
em sua epístola aos Romanos 1.16: “Não me envergonho do evangelho, 
porque é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê, primeiro 
do judeu e também do grego”. 
 Essa pedagogia da Igreja é função, mercê de seu ministério, liturgia e 
santuário. O próprio Deus quis que seu povo se reunisse no santuário, 
formando a assembléia santa, com o propósito de proferir pela boca dos 
 
sacerdotes a doutrina que alimenta o povo, no comum sentir da fé. 
Assim, se observa que a fé não é algo ligado somente ao particular, mas 
experimenta-se na assembléia esse dom maravilhoso de Deus. E Deus, 
no meio do Seu povo, se apresenta como o Senhor. Portanto, é 
necessário o reconhecimento da Igreja, dessa presença divina que dissipa 
todas as incertezas e produz uma verdadeira adoração comunitária. Os 
textos bíblicos não deixam dúvidas sobre a presença de Deus no 
santuário (Sl 132.14; Is 57.15; Sl 80.1). É por essa causa que o Senhor em 
sua Palavra não aceita que seu povo adore e promova devoção a 
augúrios, a adivinhações, a artes mágicas, a necromancia e a outras 
superstições (Lv 19.31; Dt 18.10.11). Para que isso não pudesse 
acontecer, o povo foi suprido de profetas (Dt 18.15). 
 Para que não sejamos remissos deixando de abraçar a boa doutrina 
de Deus, da Sua salvação proposta por Sua vontade, Deus deu-nos o 
ensino por meios humanos e os que se recusam a aceitá-lo, tornam-se 
fatais nesse intento; o considerar supérfluos os cultos, bem como a 
pregação, denominando-se de ímpio divórcio. 
 Quando a Igreja se reúne em assembléia santa, exercita a piedade na 
simplicidade da fé, perfil necessário ao progresso da comunidade. Assim 
se observam na divina Palavra exortações, repetidas vezes, aos fiéis para 
buscar a face de Deus no santuário (1 Cr 16.11; 2 Cr 7.14; Sl 27.8; 100.2; 
105.4). No Novo Testamento, mais particularmente nos escritos paulinos, 
a exortação é feita conforme o que foi estabelecido por meio de Cristo e 
em Cristo: “Porquanto Deus, que disse: do meio das trevas brilhe a luz! Foi Ele 
mesmo quem reluziu em nossos corações, para fazer brilhar o conhecimento 
da glória de Deus, que resplandece na face de Cristo.” (2 Co 4.6). 
 No culto acontece a exposição da doutrina que sustenta e edifica a 
vida da Igreja, a fim de haver crescimento. Esse vínculo é tão somente 
entre os santos, que são dirigidos para o supremo alvo da plenitude de 
homem perfeito (Ef 4.12). Por isso, os fiéis confluem para o santuário, pois 
lá está o nome de Deus (Êx 20.24), onde há o ensino aberto que conduz à 
piedade. Para quem julgue, não ser necessário e perda de tempo, a 
reunião da assembléia santa, sobre quem assim pense, tem uma mente 
pueril, porque o carecer do átrio do templo muito pouco de perda viria a 
ser, também não muito prazer se perderia. Aos fiéis, certamente, é mais 
importante do que outros deleites. É no culto público, nessa reunião que 
Deus ensina o povo, através de quem constituiu pedagogicamente, para 
 
penetrar no coração. Desta forma, se percebe o valor do culto, e recusá-
lo é agir com uma mente infantil. 
 Diante de tudo isso, é importante lembrar da própria Escritura, que 
diz: “Deus não habita em templos feitos por mãos” (Is 66.1; At 7.48-49). Mas, 
de uma maneira sábia e legítima é fazer uso de templos para Deus, onde 
a sua Palavra seja proclamada. Sendo assim, o Senhor para si santifica os 
tais. 
 Uma pedagogia na mira da edificação dos fiéis. Para a edificação e 
não para a destruição, conforme 2 Coríntios 10.8: “e ainda que eu me 
gloriasse um pouco mais do poder que Deus nos deu para a vossa edificação, 
e não para a vossa destruição, eu me envergonharia por isso.” Consta a 
mesma palavra ainda na nessa epístola, no capítulo 13.10. O que a Igreja, 
reunida no exercício da fé, tem em mira é a edificação dos fiéis para a 
plena maturidade. Os ministros são ministros de Cristo, e do povo ao 
mesmo tempo. Daí, pode-se concluir este pensamento sobre a natureza 
da Igreja em sua experiência: é a comunidade de serviço; servindo às 
pessoas exibe o poder que Deus lhe conferiu. 
 Propõe-se a maneira de edificar-se a Igreja, em que os ministros 
reconhecem ser Cristo sua autoridade e mestre único dela. Todo o 
fundamento está na divina Palavra (Mt 17.5; Mc 9.7; Lc 9.35). Está escrito: 
“Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo, ouvi-o!” O seu ensino 
evita que haja flutuação, e as pessoas não sejam arrastadas para lá e 
para cá, segundo ideologias humanas sem compromisso com a verdade. 
Caso assim suceda, haverá queda e distância de Cristo. A autoridade 
eclesiástica reside no ofício de governar, não nos que o exercem, quer 
sejam apóstolo, ou profeta; toda autoridadedidático-doutrinária se 
polariza na divina Palavra. 
 Em todo o tempo a Igreja deve estar aberta à revelação divina, 
múltipla e variada, conformando-se com ela a todo o momento. 
Manifestando aos homens a verdadeira sabedoria através de um só 
modo, passando de geração a geração o que é recebido como a 
revelação divina, é depositada por Deus no mais profundo do coração da 
Igreja. 
 Essa função pedagógica da Igreja ao expressar-se no culto, convida 
todas as pessoas a uma compreensão de Deus, pois a fé nele vem pelo 
ouvir, e a Igreja ensina ao mundo como servir a Deus, reconhecendo-o 
como o criador do céu e da terra. Sendo assim, observa-se que essa 
 
questão é resgatadora de valores, e hoje, quando também a Igreja é 
desafiada pelo mundo, impõe-se-lhe a concretização dessa pedagogia, 
que mira o homem perfeito, segundo a plenitude de Cristo Jesus. 
 
 
4. Espiritualidade pastoral e edificação da Igreja 
 
Na epístola de Paulo a Tito, Cap. 1, 
encontramos uma boa oportunidade para 
discutir os traços do caráter necessário àquele 
que foi chamado para o Ministério Pastoral, 
para a edificação da Igreja de Jesus Cristo: 
 
1. Paulo, servo de Deus e apóstolo de Jesus 
Cristo, para promover a fé que é dos eleitos de Deus e o pleno 
conhecimento da verdade segundo a piedade, 
2. na esperança da vida eterna que o Deus que não pode mentir 
prometeu antes dos tempos eternos 
3. e, em tempos devidos, manifestou a sua palavra mediante a pregação 
que me foi confiada por mandato de Deus, nosso Salvador, 
4. a Tito, verdadeiro filho, segundo a fé comum, graça e paz, da parte de 
Deus Pai e de Cristo Jesus, nosso Salvador. 
5. Por esta causa, te deixei em Creta, para que pusesses em ordem as 
coisas restantes, bem como, em cada cidade, constituísses presbíteros, 
conforme te prescrevi: 
6. alguém que seja irrepreensível, marido de uma só mulher, que tenha 
filhos crentes que não são acusados de dissolução, nem são 
insubordinados. 
7. Porque é indispensável que o bispo seja irrepreensível como 
despenseiro de Deus, não arrogante, não irascível, não dado ao vinho, 
nem violento, nem cobiçoso de torpe ganância; 
8. antes, hospitaleiro, amigo do bem, sóbrio, justo, piedoso, que tenha 
domínio de si, 
9. apegado à palavra fiel, que é segundo a doutrina, de modo que tenha 
poder tanto para exortar pelo reto ensino como para convencer os 
que o contradizem. 
 
 
10. Porque existem muitos insubordinados, palradores frívolos e 
enganadores, especialmente os da circuncisão. 
11. É preciso fazê-los calar, porque andam pervertendo casas inteiras, 
ensinando o que não devem, por torpe ganância. 
12. Foi mesmo, dentre eles, um seu profeta, que disse: Cretenses, sempre 
mentirosos, feras terríveis, ventres preguiçosos. 
13. Tal testemunho é exato. Portanto, repreende-os severamente, para 
que sejam sadios na fé 
14. e não se ocupem com fábulas judaicas, nem com mandamentos de 
homens desviados da verdade. 
15. Todas as coisas são puras para os puros; todavia, para os impuros e 
descrentes, nada é puro. Porque tanto a mente como a consciência 
deles estão corrompidas. 
16. No tocante a Deus, professam conhecê-lo; entretanto, o negam por 
suas obras; é por isso que são abomináveis, desobedientes e 
reprovados para toda boa obra. 
 
 
 
 
O caráter do pastor 
 
É preciso atentar urgentemente para as 
orientações bíblicas em relação à pessoa que 
Deus chama para ser pastor de suas ovelhas. Em 
Tt 1.9 fala do que Deus deseja que o pastor faça. 
 
• “... apegado à palavra fiel, que é segundo a doutrina, de modo que 
tenha poder tanto para exortar pelo reto ensino como para convencer 
os que o contradizem.” 
 
... mas, antes disso, e mais importante, os versículos 6-8 tratam de como 
ele deve ser: 
 
• “... alguém que seja irrepreensível, marido de uma só mulher, 
que tenha filhos crentes que não são acusados de dissolução, nem 
são insubordinados”. 
 
 
• Porque é indispensável que o bispo seja irrepreensível como 
despenseiro de Deus, não arrogante, não irascível, não dado ao 
vinho, nem violento, nem cobiçoso de torpe ganância; 
• antes, hospitaleiro, amigo do bem, sóbrio, justo, piedoso, que 
tenha domínio de si,...” 
 
 Este é o padrão de Deus para o caráter de pessoas que são 
chamadas para o sagrado ministério da Palavra; para o exercício do 
Ministério Pastoral; para a edificação da Igreja. 
 Vejamos o significado de “irrepreensível”, traduzida do grego 
, (anengklêtos) – Descreve-se por duas vezes o efeito de uma 
vida piedosa. Isso que dizer que o pastor não será reprovado ou, em 
outras palavras, ele será inculpável ou estará livre de ressalvas. Estas 
devem ser as características constantes de sua vida, uma vez que assume 
a mordomia do ministério de Deus. 
 Esse termo também se aplica aos diáconos em 1 Tm 3.10, formando 
assim uma estreita associação com anepilêmptos, palavra usada para 
bispos em 1 Tm 3.2. 
 Não se refere a uma perfeição impecável, pois, nesse caso, nenhum 
ser humano estaria qualificado para o ofício, mas a um padrão elevado e 
maduro que implica em um exemplo coerente. É exigência de Deus que 
seu despenseiro viva de maneira santa, de tal forma que sua pregação 
nunca seja contraditória ao seu estilo de vida, que suas faltas nunca 
tragam vergonha ao ministério e sua conduta não mine a confiança do 
rebanho no ministério de Deus. 
 A partir da qualidade em questão, surgem alguns componentes, 
desenvolvendo o seu significado. Os componentes se dividem em três 
grupos: moralidade sexual, liderança familiar aprovada e nobreza de 
atitude e conduta. 
 
Moralidade sexual 
 A moralidade sexual é exigência na vida da pessoa cristã, 
principalmente na vida do pastor, pois é ele o vocacionado por Deus para 
alimentar as ovelhas. Caso alguém falhe no campo da moralidade sexual, 
torna-se desqualificado para o ministério pastoral. 
 Uma pergunta: será que o cristianismo está perdendo a batalha pela 
pureza moral? Infelizmente, hoje, temos pessoas com teologia certa, mas 
 
vivendo de modo impuro. Mas, é preciso refletir que, se todas as batalhas 
pela integridade das Escrituras fossem, afinal, vãs, se os pregadores da 
igreja fossem corruptos, e as ovelhas já não seguissem seus pastores 
como modelos de santidade, não haveria a necessidade de uma teologia 
pastoral. 
 A primeira qualidade de caráter em Tito que detalha o que significa 
um pastor ser irrepreensível é que ele seja “marido de uma só mulher” (Tt 
1.6). O pastor deve ter a reputação de ser sexualmente puro. O pecado 
sexual desqualifica qualquer homem para o pastorado. 
 
Liderança familiar aprovada 
 Se alguém quer saber se um homem vive uma vida exemplar, se ele é 
coerente, se pode ensinar e exemplificar a verdade, conduzir as pessoas 
à salvação, à santidade e ao serviço de Deus, então deve observar os 
relacionamentos mais íntimos de sua vida e ver se ele consegue cumprir 
essas coisas. Observar a sua família e verificar como as pessoas ao seu 
redor as vêem. 
 
Nobreza de atitude e conduta 
 Os aspectos de atitude e conduta do pastor devem estar acima dos 
padrões do mundo. O pastor não é melhor que as outras pessoas, mas 
está em um nível acima, sendo digno de ser imitado. 
 A Bíblia lista aspectos negativos e positivos, com a finalidade de 
ensinar melhor sobre a nobreza e a conduta do ministro de Deus. 
Vejamos. 
 
Os aspectos negativos 
 Não soberbo – Significa não possuir uma arrogância cheia de amor 
próprio, de ser consumido por si mesmo, de buscar o próprio caminho, a 
satisfação e a gratificação a ponto de desconsiderar os outros. Assim, 
ninguém que seja dominado pelo ego está apto para o ministério 
pastoral. 
 
 Não iracundo – A palavra traduzida por “iracundo” (orgilon) vem de 
orge, que se refere à ira ou raiva. Quando as coisas não acontecem como 
o pastor deseja, ele deve manter a compostura tanto interna como 
externamente.Não dado ao vinho – Qualquer pessoa, em qualquer liderança cristã, 
deve estar alerta e sóbria. A exigência pastoral é repetida em 1 Tm 3.3. O 
álcool não deve fazer parte da vida do pastor nem influenciar seu 
pensamento. O princípio é que qualquer pessoa em posição de tomar 
decisões importantes que afetam a muitos não deve atuar sem pleno 
entendimento. 
 Não espancador – O ministro do Evangelho deve procurar promover 
a paz, não a dissensão; deve resolver os conflitos pacificamente. Conferir 
o ensino de 2 Tm 2.24,25. O pastor não utiliza a força física para resolver 
os problemas, nem também as discussões inúteis. 
 
 Não cobiçoso de torpe ganância – A palavra grega é composta das 
palavras aischros (vergonhoso) e kerdos (que se refere ao lucro pessoal). 
Descreve alguém que não se importa com a maneira pela qual junta 
dinheiro. 
 
Os aspectos positivos 
 
 Hospitaleiro – “Dado à hospitalidade”; significa literalmente “amante 
dos estrangeiros”. Trata-se de um atributo do caráter cristão (Rm 12.13; 1 
Tm 5.10; Hb 13.2; 1 Pe 4.9). O princípio básico é colocar a si mesmo e 
seus recursos à disposição de desconhecidos. A hospitalidade, no sentido 
bíblico, não é convidar os amigos para jantar. É agradável fazer isso, mas 
é preciso observar o que Jesus disse em Lc 14.12-14: 
 
• Disse também ao que o havia convidado: Quando deres um jantar 
ou uma ceia, não convides os teus amigos, nem teus irmãos, nem 
teus parentes, nem vizinhos ricos; para não suceder que eles, por 
sua vez, te convidem e sejas recompensado. Antes, ao dares um 
banquete, convida os pobres, os aleijados, os coxos e os cegos; e 
serás bem-aventurado, pelo fato de não terem eles com que 
recompensar-te; a tua recompensa, porém, tu a receberás na 
ressurreição dos justos. 
 
 Amigo do bem – O pastor também deve amar pessoas e coisas boas. 
Pode-se dizer muito de uma pessoa, observando seus amigos e as coisas 
 
de que se cerca. Com quem se associa? Que faz nas horas de lazer? O 
que lhe é precioso? Algumas das respostas devem ser encontradas em Fp 
4.8: “Tudo o que é verdadeiro, honesto, justo, puro, tudo que é amável, 
tudo que é de boa fama, se há alguma virtude e se algum louvor, nisso 
pensai”. O coração do pastor atende ao que é excelente. 
 
 Moderado – A moderação denota em uma pessoa o resgate da 
mente de dentro do abismo das extrapolações, elevando-a acima do 
trivial e do passageiro. Faz que se apresente não como palhaço ou 
comediante, mas com sabedoria firme e confiável. Uma pessoa 
moderada é imparcial, cuidadosa nos julgamentos, ponderada, sábia e 
profunda. Tal é o fruto de uma mente disciplinada. Esse é o tipo de 
pessoa que pode ser pastor. 
 
 Justo – A pessoa justa que é aprovada por Deus, vive segundo os 
padrões divinos. Essa atitude pode descrever e preencher o pastor, a fim 
de que possa se inclinar ao veredicto de uma existência positiva. 
 
 Santo – Significa separado de Deus e para Deus para realizar a obra 
mais importante da história da salvação. E, para isso, é fundamental ter 
uma vida irrepreensível, sem o comando do pecado, mas sob o senhorio 
de Jesus Cristo. Ninguém está livre do pecado, mas este pode ser 
confessado e tratado, evitando escândalos à Igreja. Todos os cristãos 
podem viver desse modo pela graça e misericórdia de Deus, no poder do 
Espírito Santo. O pastor deve ser um exemplo vivo dessa grande 
possibilidade. 
 
 Temperante – O pastor deve ter o controle de sua vida. Pessoas bem-
intencionadas que ouvem de algum pastor que tenha caído em pecado 
dizem frequentemente: “O pobre coitado não devia ter ninguém a quem 
prestar contas. Se pudesse recorrer a alguém, isso não aconteceria”. Há 
lugar para cobranças espirituais. Todos precisamos de amigos, parceiros 
e colaboradores no ministério que nos ajudem a andar como devemos 
diante do Senhor. Entretanto, se a pessoa não consegue controlar a sua 
vida, não está apta para o pastorado. Se for do tipo que precisa de um 
grupo para manter-se na linha, acabará criando aflições para a igreja. O 
caráter do pastor vem de dentro. 
 
 
O chamado para o Ministério Pastoral 
 
Há uma relação profunda entre mestres 
e profetas, entre pastores e apóstolos e 
a responsabilidade dos verdadeiros 
pastores. Isto se processa à semelhança 
dos antigos profetas com os mestres, e 
dos apóstolos com os pastores. Em 
referência à primeira associação, diz-se 
que é semelhante, pois tem a mesma 
finalidade. Quanto à segunda, referindo-se aos Doze, que foram 
escolhidos pelo Senhor para a proclamação do Evangelho por todo o 
mundo, tem relação profunda com os pastores que regem igrejas. 
 Assim, percebe-se com profunda relevância o encargo de pastor, a 
ponto de se argumentar que as funções que se atribuem aos pastores 
são as mesmas atribuídas aos apóstolos, e devem ser desempenhadas 
com zelo idêntico. 
 À luz da divina Palavra, pode-se traçar um paralelo entre apóstolos 
e pastores, que tem o seguinte perfil: 
 
a. Aos apóstolos, Jesus deu-lhes autoridade para pregar o evangelho 
e batizar os convertidos (Mt 28.19); 
 
b. Comissionou-lhes também para administrar os sagrados símbolos 
de sua mesa, representando o corpo e o sangue (Lc 22.19). 
 
 Pergunta-se, conforme o Reformador de Genebra: “Não é assim 
também o que realizam os pastores?” Estes sucederam aos apóstolos, 
pois pregam o evangelho, batizam os novos na fé e ministram a 
Eucaristia. Em 1 Coríntios 4.1 está escrito que são “ministros de Cristo”. Em 
Tito 1.7,9 também consta: “importa que o bispo seja pertinaz nessa palavra 
fiel que é segundo a doutrina, para que seja poderoso para exortar mediante 
a sã doutrina e para refutar os contraventores.” 
 Assim, a função principal dos pastores tem estas duas partes 
fundamentais: anunciar o evangelho e ministrar os sacramentos. 
 
 
 O modo de ensinar dos pastores não se particulariza a discursos 
públicos, pois diz respeito também a admoestações. Sem dúvida, o 
anúncio de casa em casa e de forma pública caracterizava as funções 
apostólicas, que por sua vez são também dos pastores (At 20.20-21), com 
a finalidade de levar pessoas ao arrependimento e à fé. Observa-se, 
portanto, em Calvino uma excelente visão do ministério pastoral, ainda 
que com lágrimas seja realizado, pois os que se chamam pastores não 
devem ter indignidade ociosa, antes com precisão ensinem a doutrina de 
Cristo, instruindo o povo à verdadeira piedade, administrando bem a 
Igreja segundo os mistérios sagrados, conservando em retidão a vida 
comunitária. 
 Não se pode estranhar, mas Calvino faz uma colocação que implica 
intensa responsabilidade para os pastores. Eles são de fato atalaias na 
Igreja, para que nenhuma pessoa pereça na ignorância, sem razão de 
alguma negligência, porque se desta forma não acontecer, Deus haverá 
de requerer o sangue (Ez 3.17-18). Por este motivo, o apóstolo Paulo 
passou a ter uma consciência solidificada nesta verdade: “Anunciar o 
evangelho não é título de glória para mim, é, antes, uma necessidade que se 
me impõe. Ai de mim, se eu não anunciar o evangelho!” (1 Co 9.16-17). 
 Diante deste exemplo, está constituído o magnífico múnus pastoral 
em sua legítima natureza: o que os apóstolos fizeram ao mundo inteiro, 
cada pastor deve também fazer ao seu rebanho, para o qual foi 
designado. 
 A função pedagógica da Igreja vai encontrar sua razão de ser e 
desenvolver sua missão através do ministério do pastor, em cada igreja 
onde foi colocado, não devendo este ficar mudando de igreja para igreja, 
mas caso seja conveniente e tenha pública aprovação. Calvino diz que é 
necessária esta política: nenhum pastor esteja correndo de um lado para 
o outro, incerto, desordenado, deixando vagas as igrejas e buscando o 
conforto de si mesmo. O pastorado não é invenção humana, mas 
instituição do próprio Deus, como também é a Igreja. Paulo e Barnabé 
instalaram líderes nas igrejas( At 14.21-23; Tt 1.5; Fp 1.1; Cl 4.17; At 20.17-
35), para assumirem o governo e o cuidado das comunidades. 
 O ministro da Palavra, segundo a visão bíblica de Calvino, tem vários 
títulos. A todos quantos desempenharem esse ministério, é-lhes 
atribuído o título de bispo (Tt 1.5,7; Fp 1.1); respectivamente, também o 
título de presbítero (At 20.17,28). Desta forma, percebe-se um ponto: 
 
Calvino não menciona as mulheres na liderança ministerial, pois ele só 
argumenta fazendo referência a varões. 
 Todos esses títulos não devem se configurar motivo de vaidade no 
âmbito que envolve o serviço ministerial do pastor, mas tendo sempre 
em mente que a glória de Deus está sempre no centro de todo o serviço, 
sem excluir a dignidade humana. 
 
A vocação como a base dos ofícios 
 Calvino afirma que se a Igreja colocasse pessoas inquietas e 
turbulentas, por exemplo, para ensinar ou governar, haveria muitas 
dificuldades. Por isso, tomou precauções em relação ao ofício público 
para que nenhuma pessoa assumisse algum cargo sem a devida chamada 
ou vocação. Por exemplo: para que alguém seja ministro da Igreja, 
importa ser chamado por Deus (Hb 5.4). Se não foi chamado, 
concomitantemente, causará transtornos, e isso constituirá grande 
imprudência, qualquer que ouse contrariar a natureza da vocação. 
 Sobre a doutrina da vocação ministerial, Calvino trata de um duplo 
chamado: vocação interior e vocação exterior. 
 A primeira é a vocação secreta que cada um tem dentro de si, cônscio 
diante de Deus. A segunda é a que diz respeito à ordem pública, o 
reconhecimento da Igreja. Calvino argumenta também que, sendo 
efetivado de acordo com a Escritura, tudo não redundará nem por 
ambição, nem por avareza, nem por qualquer outra cobiça. Os ministros 
vocacionados, além de serem reconhecidos publicamente, são investidos 
e instalados segundo o rito considerado. É, sem dúvida, uma grande 
responsabilidade o ministério pastoral. Mesmo pessoas que são 
chamadas para o ministério de pessoas leigas devem ser aptas e idôneas 
para exercer algum dom, segundo o que o apóstolo Paulo escreveu em 1 
Coríntios 12.7-11. 
 Sobre as qualidades de uma pessoa para exercer o ministério na 
Igreja, Calvino toma os textos neotestamentários para tornar evidente a 
responsabilidade (1 Tm 3.1-7; Tt 1.7-9), e o que convém, no sentido de 
que sejam de sã doutrina e vida santa, nem notórios por vícios, que lhes 
façam perder a autoridade, e tragam ao ministério alguma dificuldade. 
Aos diáconos também é inteiramente relacionado o mesmo tipo de 
qualificação (1 Tm 3.8-13). Pensando desta forma, pode-se também 
relacionar que Cristo capacitou seus enviados com armas e 
 
instrumentos para desempenharem bem a missão (Mc 16.15-18; Lc 
21.15; 24.49; At 1.8). Exorta o apóstolo Paulo que ninguém que venha 
ocupar o ministério seja um recém-convertido (1 Tm 3.6). Esse processo 
deve ser precedido de jejuns e orações, conforme narra Lucas (At 14.23). 
 A vocação do ministério da Igreja é feita através do Espírito Santo, 
que outorga toda a autoridade para a realização da vontade de Deus no 
mundo onde estamos inseridos. Paulo assim declara ser constituído (Gl 
1.1) não por homens, mas pelo próprio Senhor, mesmo que algumas 
pessoas não reconhecessem o seu apostolado. Contudo, a própria Igreja 
com a aprovação de Deus designa pessoas para o exercício ministerial 
(At 1.23-26), segundo a orientação da própria Escritura. É ela o parâmetro 
orientador de como identificar uma vocação, fluindo no mais profundo 
do ser que, ao receber o chamado, se sente compelido a executar a 
vontade divina na história. 
 Calvino argumenta que o ministro deve ser eleito por toda a Igreja, 
pelo povo, e não como indagavam os que pensavam naquele seu tempo, 
pelos colegas e presbíteros, ou por um só. O povo tem de estar presente 
para que seja comprovado o testemunho vocacional de quem foi 
chamado por Deus. No Antigo Testamento os sacerdotes levíticos eram 
levados à presença do povo antes da consagração (Lv 8.4-6; Nm 20.26-
27). Nos Atos dos Apóstolos o mesmo fizeram com Matias, que foi 
admitido no colégio apostólico (At 1.15, 21-26); por semelhante modo foi 
instituída a junta diaconal para o serviço aos pobres (At 6.2-7). Além das 
referências bíblicas, Calvino também toma por base o ensino de Cipriano: 
“A ordenação de um sacerdote impõe fazer somente sob o reconhecimento do 
povo e assisti-la, para que seja uma ordenação justa e legítima, que haja sido 
consignada pelo testemunho de todos.” 
 
O treinamento para o Ministério Pastoral 
 
No centro da vida cristã fica a ordem 
dada por Jesus Cristo de fazer 
discípulos. 
Em todos os lugares a tarefa 
sagrada de todos dos crentes é fazer 
discípulos. Mas, é preciso lembrar 
sempre, que o treinamento pastoral 
 
 
não pode ser norteado pelo mercado, porém pela Bíblia. 
O treinamento pastoral não pode capitular diante dos caprichos de uma 
certa postura autoritária, nem se curvar diante de certas metodologias 
que intentam se impor sob certa ordem de crescimento, que tão somente 
visa números e coisas. 
Uma formação pastoral verdadeira é aquela que reflete as ordens 
bíblicas para a igreja, e sua liderança deve dominar o treinamento 
pastoral. Esse princípio é crucial, pois a idéia que a pessoa faz do 
ministério influenciará suas atitudes e, por fim, acabará ditando sua 
filosofia de treinamento para o serviço. 
 A ordem dada aos líderes de seminários e igrejas é, ensinar primeiro 
o conteúdo e o propósito da liderança na igreja, antes de ensinar o como. 
 Os que estão sendo treinados para o pastorado defrontam-se como 
o desafio de determinar o papel bíblico de um presbítero e a melhor 
maneira de preparar uma pessoa para o presbiterato, por exemplo. 
 A preparação para o ministério pastoral é uma jornada 
multifacetada, um processo extenso que consiste em diversas etapas. É 
uma peregrinação que nunca termina, exigindo um compromisso de 
busca contínua. O significado de “seminário”, por exemplo, inclui a idéia 
de “sementeira”. É isso que o treinamento para o ministério deve 
implicar, seja ele formal, seja informal, seja dentro da estrutura de um 
seminário, seja incorporado à vida diária de um pastor ou de uma igreja 
local. 
 Especificamente, o treinamento para o ministério exige o 
cumprimento de pelo menos três fases de treinamento destacadas na 
exortação de Paulo a Timóteo (1 Tm 4.12-16): 
 
1. Caráter piedoso 
• É aquilo que a pessoa deve ser, pois o ponto focal de qualquer 
ministério é a piedade. O ministério é, e sempre deve ser, o fluir de 
uma vida piedosa. Ver o exemplo de Paulo (1 Co 9.27; 1 Tm 4.8; 
6;3; 2 Tm 2.3-5). 
• A abundância de conhecimento bíblico ou a destreza nas 
habilidades ministeriais não são a primeira prova da veracidade de 
um anelo pelo ministério pastoral. Ao contrário, as Escrituras têm 
como primeira prova o caráter piedoso (1 Tm 3; Tt 1). 
 
• A liderança espiritual é uma questão de poder espiritual superior, 
e isso, jamais nasce por si. Não existe algo que possa ser chamado 
de líder espiritual autodidata. Ele só é capaz de influenciar 
espiritualmente os outros porque o Espírito é capaz de trabalhar 
nele e por meio dele, de modo mais abrangente do que naqueles a 
quem ele lidera. 
• O verdadeiro líder espiritual preocupa-se infinitamente mais com 
o serviço que pode prestar a Deus e aos irmãos do que como os 
benefícios e prazeres que possa extrair da vida. 
• Áreas do caráter piedoso: vida moral, vida familiar, maturidade e 
reputação. 
 
2. Conhecimento bíblico-histórico-teológico 
• É o que a pessoa deve saber. O conhecimento bíblico é 
indispensável ao processo de treinamento. Sem ele, a pessoa não 
pode crescer espiritualmente e formar um caráter piedoso, nem 
pode ministrar de modo eficaz e significativo. 
• O conhecimento bíblico não significa decorar capítulose versos da 
Bíblia, nem conhecer profundamente a dimensão teológica, mas 
conhecer e colocar em prática os princípios da Sagrada Escritura. 
Conhecer a Deus é o fundamento de uma vida ministerial 
abençoada. 
• É imprescindível também que as áreas do conhecimento bíblico-
histórico-teológico e da linguística são importantes. As veredas do 
treinamento passam pelo aprendizado e o conhecimento das 
línguas originais da Bíblia: hebraico, aramaico e grego. 
• Desta forma, se evitará a alternativa de interpretação da Bíblia de 
modo subjetivista, de acordo com os sentimentos e com uma 
concepção relativista. 
 
3. Habilidades ministeriais 
• É o que a pessoa deve ser capaz. 
• A idéia de que os resultados intelectuais e o sucesso acadêmico 
nas salas da faculdade são equivalentes ao preparo completo para 
o ministério pastoral, é, obviamente, uma ingenuidade. 
• A preparação efetiva vai além da sala de aula, incluindo 
treinamento no campo, sem o qual muitos estudantes não 
 
saberão se conseguirão nadar ou se afundarão quando entrarem 
no ministério. 
 
 
Áreas de habilidades ministeriais 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 A ordenação para o Ministério Pastoral 
 
Sobre o rito de ordenação do 
vocacionado ao ministério da Igreja, 
segue-se a imposição de mãos, rito 
herdado dos hebreus, no Antigo 
Testamento, que apresentavam a Deus 
aquilo que seria abençoado e 
consagrado pelo próprio Deus (Gn 
48.41; Lv 1.4; Nm 8.12). 
Ministério 
Pastoral 
Liderar com 
convicção 
Ensinar com 
autoridade 
Pastorear 
com cuidado 
Pregar 
com 
paixão 
 
 
A ordenação é o processo pelo qual os líderes piedosos da igreja 
confirmam o chamado, a capacitação e a maturidade dos novos líderes, 
para que sirvam aos propósitos de Deus. A ordenação torna válida ou 
autêntica a vontade de Deus de que um homem plenamente qualificado 
possa servir a Ele e ao seu povo. 
No Novo Testamento também se evidencia esse rito (Mt 19.13-15). Os 
apóstolos também o exerciam naqueles que iniciavam o ministério (At 
19.6). Mas, há uma advertência no sentido de que esse rito não deve se 
revestir de nenhuma superstição; será inútil a cerimônia se assim for 
processada. Somente os ministros poderão impor as mãos, não o povo, a 
multidão (2 Tm 1.6; 1 Tm 4.14). 
 Ainda sobre o ministério da Igreja, faz-se uma afirmação que deve 
encontrar lugar na própria comunidade em todo o curso da história: a 
autoridade eclesiástica reside no múnus ou ofício como tal, não naqueles que 
o exercerem... Essa autoridade promana do Espírito de Deus. O poder não 
reside na pessoa e sim no ministério confiado e confirmado pela vocação 
divina. 
 Tudo quanto os ministros falarem, assim o farão em nome da Palavra 
e não de si mesmos (Êx 14.31; Dt 17.9-13; Ml 2.4-6, 7; Jr 23.28). É sabido 
através da divina Palavra que os profetas falavam as palavras do Senhor. 
Antes de profetizar diziam: “assim diz o Senhor.” Da mesma forma, quanto 
aos apóstolos, a autoridade didático-doutrinária estava polarizada na 
Palavra de Deus. Jesus lhes diz que seriam “a luz do mundo” e “o sal da 
terra” (Mt 5.13-14). Eles eram a boca do próprio Cristo aos ouvidos das 
pessoas (Lc 10.16). Deveriam ensinar a todas as pessoas a doutrina do 
Reino de Deus (Mt 28.19-20). 
 Nessa mesma perspectiva, a Igreja também tem a incumbência de 
proclamar a mensagem da Palavra de Deus, a tempo e fora de tempo, a 
fim de que todas as pessoas da terra conheçam a vontade de Deus. 
Assim, pode-se afirmar que a Igreja é comunidade proclamadora da 
mensagem de salvação. 
 
 
 
 
 
 
 
 Fases para a ordenação ao Ministério Pastoral: 
 
Fase de 
Apresentação 
 
 Conversão 
 Chamado 
 Reconhecimento 
 Caráter 
 Conduta 
 Capacidades 
Fase de Preparo 
 
 Conhecimento da 
Bíblia 
 Serviços Eclesiais 
 Teologia Bíblica 
 Teologia Sistemática 
 Teologia Pastoral 
 Áreas do 
Conhecimento 
Fase de Ordenação 
 
 Apresentação 
 Exames 
 Licenciatura 
 Ordenação 
 Acompanhamento 
 Serviço 
 
Qualidades espirituais do Ministro do Evangelho 
 “Ora, as obras da carne são conhecidas e são: prostituição, impureza, 
lascívia, idolatria, feitiçarias, inimizades, porfias, ciúmes, iras, discórdias, 
dissensões, facções, invejas, bebedices, glutonarias e coisas semelhantes 
a estas, a respeito das quais eu vos declaro, como já, outrora, vos preveni, 
que não herdarão o reino de Deus os que tais coisas praticam.” 
“Mas o fruto do Espírito é: amor, alegria, paz, longanimidade, 
benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, domínio próprio. Contra 
estas coisas não há lei. E os que são de Cristo Jesus crucificaram a carne, 
com as suas paixões e concupiscências. Se vivemos no Espírito, andemos 
também no Espírito” (Gálatas 5. 19-25). 
 
 
5. Sermão e Pastoral 
 
 Como a língua grega, a retórica grega tornou-se pronto instrumento 
para a proclamação do Evangelho ao mundo gentílico. Já na última parte 
do Séc. IV de nossa era, ela havia alcançado o seu maior desenvolvimento 
entre os gregos, na oratória de Demóstenes e no famoso tratado de 
Aristóteles sobre retórica. Posteriores contribuições vieram de oradores 
romanos, notadamente de Cícero e de Quintiliano. No mundo greco-
romano, onde surgiu oi cristianismo, a retórica era a coroa da educação. 
 A Gramática facultava ao estudante o conhecimento do passado e 
desenvolvia as suas aptidões literárias; a Dialética exercitava as forças do 
 
seu raciocínio; e a Retórica ensinava o estudante a tirar proveito do seu 
equipamento, especialmente na tribuna e no senado, instruindo-o na 
arte de se expressar com facilidade, com frases apropriadas e 
irresistíveis. 
 A prédica cristã teve início na Palestina. Seus primeiros pregadores e 
auditórios, sua formação e afinidades espirituais eram judaicos. Era, pois, 
muito natural e necessário que a maneira de se pregar seguisse o padrão 
dos profetas do Antigo Testamento e do ensino rabínico. 
 A prédica cristã alcançou um progresso, disseminando a mensagem 
do Evangelho por toda parte. A prédica ganhou auditório maior mais 
favorável. Os elementos primordiais do discurso foram as maneiras 
provadas de convencer e persuadir os mortais, e nas mãos de homens 
piedosos como Basílio, Gregório, Crisóstomo, Ambrósio e Agostinho. 
Assim surgiu a ciência da Homilética, que nada mais é do que a 
adaptação da retórica às finalidades especiais e aos reclamos da prédica 
cristã. 
 O objetivo do pregador é convencer o ânimo, despertar a 
imaginação, mover o sentimento e impelir poderosamente a vontade na 
direção daquilo que a verdade exige. Há certos fatos a respeito de 
processos e funções da mente humana que dão existência a princípios de 
tratamento. Importa bem mais que o pregador aprenda esses princípios 
ao invés de servilmente decorar e obedecer a umas tantas regras. Haverá 
ocasião, no que respeita a regra sem se quebrar este ou aqueles 
princípios. Circunstâncias diversas, a individualidade do pregador, a 
ocasião, bem como a espécie de auditório, tudo isso faz com que as 
regras fiquem no seu lugar de servos, e não de senhores, para que as 
formas sempre sejam flexíveis e variáveis. 
 A melhor qualidade de um sermão não é o fato dele ser bastante 
homilético, mas o de mover e comover as vidas para aceitarem o Reino 
de Deus e sua justiça. Entretanto, a Homilética é profundamente 
necessária, porque dará condições ao pregador da Palavra de Deus 
poder apresentar melhor a mensagem que transforma vidas e a 
realidade que cerca o ser humano. É preciso entender e apreender bem 
as partes que compõem a matéria em questão. Sendo bem apreendidas, 
darão segurança, porque se configuram como instrumentos para a 
realização maior do serviço da Igreja de Jesus Cristo. 
 
 
1. Definição de pregação 
 A pregação é arte de proclamar a Palavra de Deus. É a tarefa 
primordial da Igreja e de mais nenhumasociedade humana, porque ela 
foi eleita e designada para tal serviço. 
 A palavra “pregação” é derivada do latim praedicatio, que por seu 
turno traduz o grego kerygma, palavra esta que, em seu sentido mais 
geral, significa a proclamação de um fato ou de um acontecimento. É 
situada regularmente no Novo Testamento para descrever a mensagem e 
a atividade dos evangelistas cristãos, os quais tinham “boas novas” 
supremas para contar, boas novas de que, em Cristo, Deus visitou e 
redimiu o seu povo e que a salvação estava sendo oferecida 
gratuitamente a todos quantos se arrependessem e pusessem sua 
confiança nele. Os pregadores eram os arautos do Reino de Deus. 
 
2. Definições de termos e tipos de sermões 
 Há dois critérios para a classificação dos sermões: pela extensão do 
texto escolhido e pelo assunto de que trata esse texto. 
 Pela extensão do texto, os sermões se dividem em tópicos (texto 
breve), e expositivos (texto longo). 
 
1. O sermão tópico pode ser de duas espécies: 
 
a) Tópico propriamente dito (deriva do texto só o assunto). Ex: Gl 
6.14. Assunto: A glória do cristão. As divisões são sugeridas pela 
análise do assunto; 
 
b) Textual (derivam do texto o assunto e as divisões). Ex: Jo 14.6 
Assunto: O único mediador entre Deus e os homens. Divisões: 
1ª - Caminho, 2ª - Verdade, 3ª - Vida. 
 
2. O sermão expositivo pode ser: 
 
a) Doutrinal. Ex: 1ª Co 13 (sobre o amor); 
b) Histórico (fato, biografia, milagre, parábola). Ex: A conversão de 
Zaqueu. Lc 19.1-10. 
 Pelo assunto de que trata, o sermão pode ser: 1º. Doutrinário 
(didático, apologético e polêmico); 2º. Prático (deveres); 3º. Histórico. 
 
 De acordo com essa classificação dos sermões, deve-se notar o uso 
convencional dos termos. A rigor, todo sermão é tópico, porque tem 
assunto, e é textual, porque se baseia em um texto. 
 Há também um sentido em que todo sermão é doutrinário, porque 
não há sermão que não esteja relacionado com alguma doutrina. 
 Não é correto pregar somente sermões textuais. Porque nem todos 
os textos contêm divisões; e também porque é preciso pregar toda a 
Palavra de Deus. 
 O sermão expositivo está sujeito aos mesmos preceitos aplicados aos 
outros tipos de sermões, isto é, apresenta a mesma estrutura, com 
assunto e divisões. 
 Um sermão será doutrinário ou prático, de acordo com a natureza de 
verdade exposta. 
 Pode considerar-se textual a não expositivo, o sermão sobre uma 
parábola contida em um só versículo, ou em um texto breve. Ex: A 
parábola do tesouro escondido. Mt 13.44. 
 Recomenda-se que, de preferência, o pregador inclua no mesmo 
sermão doutrinário os três elementos: didático, apologético e polêmico. 
 No sermão histórico, tem-se a doutrina concretizada em um fato ou 
pessoa. Parábolas são fatos imaginários, mas possíveis. Milagres são 
fatos reais, mas, em relação ao ensino, podem ser considerados 
“parábolas em movimento”. 
 Estudos bíblicos, palestras religiosas, exposições ou comentários de 
alguns versículos da Bíblia – tudo isso pode ser bom e útil, mas 
tecnicamente não é sermão. 
 
3. Tipos especiais de sermões 
 
 É inteiramente conveniente apresentar algumas sugestões sobre 
sermões para ocasiões especiais, ou dirigidos a classes e grupos distintos. 
São sermões que não estão classificados segundo o Calendário Cristão. 
Em geral o Calendário Cristão começa com o período do Advento, 
período que inclui quatro domingos antes do Natal. Depois do Advento 
os períodos sucessivos se relacionam com as várias fases da carreira 
terrena de Nosso Senhor. Do começo do Advento até a Páscoa, durante 
quase seis meses, o Calendário Cristão aponta constantemente para 
 
Cristo, e depois para a operação do Espírito Santo e para o Reino 
Vindouro, bem como para o serviço da Igreja. 
 Em seqüência, constam sugestões para sermões em ocasiões 
especiais: 
 
• Sermões para funerais 
 Em todos os lugares há uma exigência de serviços religiosos, e, 
particularmente, o ofício fúnebre. O povo prefere quase sempre um 
ofício religioso simples, talvez com uma fala breve, em memória do 
falecido, ou várias falas em caso de interesse especial. Entristecidas e 
abandonadas, as pessoas sentem necessidade de consolo, não 
importando quem quer que seja, diante do choro pela perda do ente 
querido. E, o pregador pode aproveitar a oportunidade para chamar a 
atenção de todos para a mensagem do Evangelho da graça de Deus e 
incutir a necessidade das pessoas viverem uma vida piedosa diante de 
Deus. É importante observar que cada país segue seu método especial, 
com falas ou cânticos, ou de lamentos, para satisfazer a tal desejo. Nem a 
tristeza pessoal do pregador e nem a atenção demasiada para com os 
sentimentos de outros devem levá-lo a elogios exagerados. 
 
• Sermões acadêmicos e de aniversário 
 Os sermões pregados em instituições de ensino ou por ocasião de 
reuniões literárias não poucas vezes são apresentados de modo bem 
errado. O pregador acha que não deve apresentar um sermão regular 
sobre o evangelho e que se deve cingir a matérias de elevada erudição, 
ou metafísicas. É muito de se desejar que em tais ocasiões se pregue 
sobre tópicos eminentemente evangélicos, sobre o próprio cerne do 
Evangelho. A ciência e a erudição já são uma prática na vida diária desses 
professores e alunos. Naquele instante eles precisam mesmo é de uma 
Palavra de Deus. O sermão universitário deve ter objetivo claro, força e 
suavidade; e as associações de idéias do momento podem sugerir 
algumas vezes ligeiras modificações ou peculiaridades de alusão, de 
ilustração e de estilo. Quando se prega a jovens universitários, de rostos 
inteligentes, o coração do pregador se derrete de simpatia e amor por 
eles, ao pensar na força que poderão ser no mundo, a favor do bem ou 
do mal. Quanto a aniversário é importante ressaltar o valor da existência, 
e principalmente da gratidão a Deus pela vida. 
 
 
• Sermões de despertamento 
 O objetivo principal é despertar os que são cristãos ao trabalho de 
santificação, de evangelização, de ajuda ao próximo e ao mundo. Quando 
o pastor percebe que seu rebanho está se acomodando às quatro 
paredes, sob a unção do alto, utilizando-se da Palavra de Deus, pode 
transmitir a mensagem de despertamento do povo de Deus para 
continuar o serviço que o Senhor lhe confiou. 
 Como devem ser esses sermões? Devem ser curtos; devem variar 
bastante quanto ao seu caráter e conteúdo. Precisam em geral obedecer 
a uma sequência lógica, ou a uma lei em sua sequência. Essa ordem 
dependerá de uma série de circunstâncias que se tornará impossível 
estabelecer uma regra geral que abranja todos os casos. Devem ser 
constituídos primariamente de uma pregação sadia, completa e global do 
Evangelho de Cristo. 
 
• Sermões para crianças, adolescentes e jovens 
 Os trabalhos em favor de crianças, adolescentes e jovens, 
constituem-se movimentos característicos de nossa época. Urge, pois, 
que se dê atenção especial ao assunto da prédica para crianças. As 
sugestões sobre este assunto devem incluir as falas menos formais a 
crianças nas escolas dominicais, em aniversários e ocasiões de festas e 
outras semelhantes. 
 Quase todos percebem que poucas pessoas alcançam real sucesso 
no falar a crianças. Mas, sempre há o testemunho de alguém. Certa vez, 
em Filadélfia, nos Estados Unidos, um homem humilde, membro de uma 
igreja evangélica por nome de Walt, procurou o superintendente de sua 
Escola Dominical para ensinar numa classe. O superintendente lhe disse 
para sair pelas ruas do bairro e arranjar alunos se quisesse ter uma 
classe. Então, saiu pelas ruas e começou a convidar alguns garotos do 
bairro. Conseguiu formar uma classe com treze garotos. Nove deles eram 
filhos de casais separados. Hoje, adultos cristãos, estão engajados no 
serviço do Reino de Deus de tempo integral. Dentre eles estava Howard 
Hendrichks, que por mais de trinta anos tem preparado

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