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1 INFECÇÃO DO TRATO URINARIO Vamos falar de infecção do trato urinário, uma nova abordagem terapêutica. Essa aula foi retirda do Up To Date, por isso está um pouco diferente do que vamos encontrar no nosso livro. CLASSIFICAÇÃO: ITU COMPLICADA X ITU NÃO COMPLICADA Pela classificação convencional, que encontramos em livros, uma infecção não complicada seria aquela infecção em mulheres, não gravidas, em fase pra menopausa, sem anormalidades urológicas subjacentes, sem fator de imunossupressão ou ainda qualquer outro fator que favoreça a perpetuação de infecção ou que contribua para a sua gravidade. Assim, entra diabetes, calculo renal etc. Só de ser homem já seria uma infecção complicada. Todos os demais pacientes teriam infeção complicada, independente de ser cistite ou pielonefrite. Existe, porem uma nova classificação, pensando “fora da caixinha”, que vai direcionar o nosso tratamento atualmente. Essa nova classificação foi colocada pelo UpTo Date há uns 2 anos. Ela leva em consideração a extensão e a severidade da doença. A primeira pergunta que fazemos é: Essa infecção está confinada na bexiga e/ou já apresenta repercussões sistêmicas? Se essa infecção estiver além da bexiga, se tiver repercussão sistêmica, já consideramos como complicada. Independente de todos esses fatores e comorbidades que definiam a classificação antiga. 1- Esta na bexiga ou além da bexiga? 2- Paciente tem repercussão sistêmica? Pela classificação do UptoDate, consideramos cistite aguda com uma infecção não complicada. É uma infecção confinada na bexiga onde não há sinais ou sintomas que sugiram infecção em trato superior ou repercussão sistêmica da infecção. Obs.: Repercussão sistêmica: É quando tem um paciente taqcardico, taqpneico, com fraqueza intensa, não quer se alimentar direito, febre etc. Exemplo de infecção complicada: Pielonefrite aguda ou uma infecção com repercussão sistêmica. É uma infecção do trato urinário aguda, acompanhada por sinais ou sintomas que sugiram que a extensão de infecção esta além da bexiga. O paciente com febre maior que 37.7, calafrios, fadiga 2 Quando suspeitar de germe diferente do habitual? intensa ou mal estar além do habitual, o que é muito subjetivo mas é o que a classificação coloca. Alem disso, dor no flanco/região lombar ou sensibilidade no ângulo costovertebral. Obs.: Também entra aqui como infecção complicada, em homens, a prostatite. Uma pista diagnostica de prostatite é quando o paciente vem fazendo infecções recorrentes e tem dor pélvica ou perineal. Obs.: Não falaremos sobre gestante nem sobre pacientes transplantados renais. Esses pacientes são vistos a parte. Se temos um paciente com uma infecção urinaria alta ou com repercussão sistêmica, temos que “acertar mais”, é um paciente mais grave, não podemos nos dar ao luxo de errar. Precisamos escolher um antibiótico que atinja concentração tecidual renal e sérica suficientes para tratar esse paciente. Tem antibiótico que só serve para cistite, ele não atinge concentração tecidual em parênquima renal e muito menos concentração sérica suficiente para debelar uma infecção de maior importância. Devemos levar em consideração também se esse paciente tem risco de ter uma infecção por germes resistentes, principalmente bactérias gram negativas. Devemos pensar nisso tanto para cistite quanto para infecção do trato urinário complicada. QUANDO SUSPEITAR DE GERME DIFERENTE DO HABITUAL? 1- Quando nos últimos 3 meses o paciente esteve internado num serviço de saúde 2- Quando a urocultura mostra nesses últimos 3 meses um germe multirresistente (Obs.: Consideramos um germe multirresistente quando ele se mostra resistente a pelo menos 3 classes de antibiótico). 3- Quando nos ultimos 3 meses o paciente usou um antibiótico de maior espectro, como um fluorquinolona como siprofloxacina, levofloxacina ou ate moxifloxacina que não é muito usada para o trato urinário, mas se foi usada nos últimos 3 meses vamos pensar em germes multirresistentes; Usou nos ultimo 3 meses sulfamotoxazol + trimetoprim (bactrim); Ou usou um betalactamico de espectro alargado como as cefalosporinas de terceira geração para cima. 4- Viajou para pais onde há alta prevalência de germes multirresistentes, consideramos India, Israel, Espanha e Mexico; 3 Comordidades e o perfil do paciente: merecem atenção! ➤ Por essa definição, não são considerados como portadores de ITU complicadas os pacientes com anormalidades urológicas (nefrolitíase, estenoses, divertículos…), pacientes imunossuprimidos (HIV ou com neutropenia ou mesmo diabéticos mal controlados) se eles não tiverem sinais ou sintomas de ITU superior ou de infecção sistêmica. ➤ Esses pacientes precisarão ser acompanhados em intervalos mais curtos, bem de perto e valorizando queixas sutis que possam sugerir comprometimento de ITU alta ou sistêmica. ➤ Homens: também não são considerados automaticamente como portadores de infecção complicada se não há sinais/sintomas de ITU alta ou sistêmica, mas é necessário avaliar a próstata. Se chegamos a conclusão então de que esse paciente tem chance de ter um germe multirresistente, levamos isso em consideração para escolher um antibiótico para essa infecção atual. Quando esse paciente, nos últimos 3 meses, aprenseta uma dessas situações, aumenta as chances de ele ter uma infecção por germes gram negativos diferentes do habitual na comunidade como pseudômonas e stafilo. COMO ABORDAR COMORBIDADES Falamos no inicio que antigamente a classificação, ate nos livros que pegarmos agora, considera as comorbidades, e agora consideramos a repercussão sistêmica e extensão. Mas como abordaremos então os pacientes que tem comorbidades, fatores de risco para perpetuar a infecção ou imunossupressão? Esses pacientes precisam ser acompanhados em intervalos mais curtos. Valorizando queixas sutis que possam sugerir comprometimento de via urinaria alta ou sistêmica. Um paciente diabético que tem uma cistite aguda vai ser tratado, a princípio, como não complicada. No entanto, vamos acompanhar esse paciente “mais de perto”. Além disso, aconselha-se também a fazer o antibiótico por um tempo mais prolongado. Os homens não são automaticamente considerados portadores de infecção complicada como antigamente. Entretanto, é necessário avaliar a próstata, principalmente em idoso. Em paciente jovem é interessante pesquisar se tem calculo renal ou ureteral. ➢ Guilherme: “Isso é uma coisa quase intuitiva que fazemos na pratica. Quando vamos ficar mais preocupados com o paciente? Devemos sempre somar esses coisas: comorbidades, estado geral, situação clinica e a condição da infecção. Uma mulher jovem por exemplo, de 23 anos, com apenas sintomas de cistite, sintomas baixso, não nos traz tanta preocupação, faremos um atb e essa paciente evoluirá muito bem. Por outro lado, um homem de 70 anos, já Quando o paciente tem história de recente de: internação em serviços de saúde, germe G- multirresistente isolado na urina, exposição a antibióticos como fluorquinolonas, SMZ+TMP ou beta- lactâmico de espectro alargado ou viagem a países com alta prevalência de germes multirresistentes. Pode haver participação de outros BGN (p.ex. Pseudomonas), de Staphylococcus e de Enterococcus, mesmo em casos de cistite aguda. 4 ➤ Começa pela colonização do intróito vaginal ou meato uretral por uropatógenos da flora fecal, ascendendo via uretra para bexiga. ➤ Pielonefrite se desenvolve quando o uropatógeno ascende aos rins, por via ureteral. Pielonefrite pode também ser causada por via hematogênica (S. Aureus) ou via linfática. ➤ Muito mais comum em mulheres! Por quê? Curta distância entre ânus e uretra. Uretra curta. O que protege os homens? Uretra longa, ambiente periuretral seco, com menos colonização da uretra e presença de substâncias antibacterianas no fluido prostático.tem diabetes e aparece com infecção urinaria, claro que olharemos esse paciente com mais cuidado. A chance de ele complicar e evoluir mal é muito maior. O problema do bom senso é que todo mundo acha que tem.” É importante individualizar o tratamento, olhar aquele paciente como único, entender suas comorbidades e o contexto social em que esta inserido. Já aconteceu de internarmos um paciente pois ele era etilista inveterado e tínhamos duvida se ele iria tomar o atb ou não. A indicação de internação foi social, não clínica. PATOGENESE -> Contaminação anus/uretra Temos a contaminação do meato uretral, geralmente por uma enterobacteria de flora intestinal que “sobe” ali pela uretra e alcança a bexiga invadindo o tecido. Lembrando que na mulher temos uma uretra mais curta, assim a possibilidade do anus contaminar o meato uretral é maior. Essa é a forma mais corriqueira de ocorrer a infecção urinária. -> Via hematogênica Como os rins são os órgãos mais vascularizados do corpo humano, pode acontecer também por via hematogenica. Nesse caso o foco será a distancia, mas nenhum dos professores já viu isso acontecer. ➢ Guiherme: “já vi uma vez num paciente com abcesso renal associado a endocardite, mas é algo muito raro e no dia a dia isso não acontece.” -> Via linfática Também é extremamente raro e não indentificamos na pratica. EPIDEMIOLOGIA Pela proximidade entre anos e uretra, a infecção urinaria é muito mais comum em mulheres do que em homens. Além disso, o homem tem outros fatores protetores, como o ambiente periuretral que é seco e as substancias antibacterianos no fluido prostatico. 5 ➤ Extremos de idade (< 1 ano ou >50-60 anos) ➤ Atividade sexual recente (60x até 48h) e frequente, novo parceiro sexual. ➤ História materna de infecção urinária ➤ Preservativo ou diafragma com espermicida ➤ Espermicida isoladamente ➤ DM: não existem evidências de >ITU sintomática, mas bacteriúria assintomática é mais frequente em mulheres. Há, no entanto, maior susceptibilidade a complicações. ➤ Anormalidades funcionais ou estruturais do urinário ➤ Homens: Fatores de risco: penetração anal, não circuncisão. Homem com infecção urinaria deve ser investigado se tem alguma causa subjacente, como calculo e doença prostática. Obs.: Quando o paciente tem menos de um ano, em homens, as chances de ITU são maiores. • Guilherme: “não é normal ver ITU em homem. Homem não é para ter ITU. Ao contrario de mulher que é muito comum. Assim, temos que pensar em alteração anatômica ou quebra de fatores de proteção, fatores obstrutivos, cálculos etc. Estranhem sempre homem com infecção urinaria.” FATORES DE RISCO Nos extremos de idade (menos de 1 ano e mais de 60 anos) aumenta a prevalência de infecção urinaria em homens. Em lactentes chega a ser maior do que em meninas. Até 48 horas após uma atividade sexual a probabilidade relativa de uma infecção urinaria aumenta 60x. Se essa atividade sexual for mais frequente ou houver mais de um parceiro, aumenta ainda mais. História materna de infecção urinaria é um fator de risco; Preservativo ou diafragma com espermicida é um fator, pois o espermicida tem o nonoxinol-9, que é toxico para a microflora vaginal, favorecendo as infecções urinarias. O paciente diabético não tem evidência de que tem mais infecção urinaria sintomática do que a população geral (apenas bacteriúria assintomática em mulheres diabéticas, que será explicado no final da aula), no entanto, quando esses têm ITU, têm maior chance de complicações. A pielonefrite enfisematosa, por exemplo, acontece em 90% do casos em paciente diabéticos. Necrose papilar e abscesso perinefretico também estão mais associados a pacientes diabéticos. Anormalidades funcionais ou estruturais nos tratos urinários favorecem infecção urinaria. Tem uma frase: “urina parada da mosca”, que nos faz lembrar que estase urinária também favorece infecção, visto que a urina é um meio de cultura para bactéria crescer. Quando ela não é excretada inteiramente, causa infecção. 6 Microbiologia: Cistite Outros germes são improváveis em pacientes não expostos a antibióticos ou internações recentemente! 1,0 0,8 0,6 0,4 0,2 0,0 78% 4% 4% 4% 9% Escherichia P. mirabilis coli Microbiologia: ITU Complicada (Pielonefrite e repercussão sistêmica) ➤ E. Coli (80%) e outras enterobactérias: Klebsiella spp and Proteus spp ➤ Pseudomonas, Enterococcus and Staphylococcus (methicillin-sensitive Staphylococcus aureus [MSSA] and methicillin-resistant S. aureus [MRSA]) Em homens, a penetração anal e a não circuncisão aumentam a prevalência. MICROBIOLOGIA Nas ITU não complicadas: Em relação a microbiologia, o grande vencedor são as bactérias gram negativas, como escherichia coli, klebsiella, proteur virais, são todas bactérias gram negativas, sendo que a escherichia coli ganha de lavada, é sempre a mais prevalente. Estafilo saprophyticus: a prevalência aumenta em mulheres jovens com vida sexual ativa, mas a maioria continua sendo escherichia na cistite. Pacientes com ITU não complicada não se enquadra naqueles critérios dos ultimos 3 meses, a chance de ter algum micróbio diferente desses do gráfico é pequena. Já na pielonefrite aguda, uma ITU com repercussão sistêmica, além dessas bactérias que predominam, aumenta a chance de ser pseudômonas, enterococcus, staphylococcus aureus, etc. Aqui temos um estudo de Juiz de Fora, já é um estudo antigo, de 2000 (não temos muitos estudos novos sobre infecção urinaria): 7 UTI NÃO COMPLICADA / CISTITE AGUDA . ➤ Manifestações clínicas: Disúria, polaciúria, urgência e dor supra-púbica. 90% de acerto diagnóstico se disúria+ polaciúria, na ausência de sintomas vaginais. ➤ O que devemos investigar durante a anamnese? - Febre, calafrios, sintomas sistêmicos, dor em flanco, região lombar (avaliar se há história de ITU complicada) - Em homens, pensar em prostatite em caso de sintomas recorrentes de cistite ou se acompanhados de dor pélvica ou perineal. Em mulheres, descartar sintomas vaginais (prurido e secreção com características patológicas). ➤ E no exame físico? Sinais vitais, exame físico abdominal, punho percussão, toque retal (para homens, se houver dor pélvica ou perineal) ou exame pélvico (para mulheres com suspeita de vaginite). O que podemos ver nesse estudo são pacientes internados num determinado período de mais ou menos 10 anos, foram 12.495 internações. 204 pacientes internaram com pielonefrite aguda, ou seja, representou 1.66%. Desses pacientes, de cada 5 pacientes, 1 deles estava séptico. Vamos focar agora das infecções confinadas na bexiga, como identificar e tratar. Sintomas: Disuria, polaciúria, urgência miccional e dor supra púbica. Sendo que se o paciente tiver disúria e polaciúria, acertamos o diagnostico em 90% dos casos. Durante a anamnese temos que investigar se o paciente tem algum sinal ou sintoma relacionado a infecção urinaria alta ou repercussão sistêmica, devemos primeiramente excluir a possibilidade de infecção complicada. Em homens que tem dor pélvica, dor perineal ou com cistite de repetição, temos que pensar em prostatite, que também tratamos “dentro” de infecção complicada. Avaliação Epidemiológica de Pielonefrites Agudas no HU/UFJF - 1999/2006 1,63% das internações 204/12.495 internações 22% Sepse 8 ➤ Em mulheres com sintomas típicos de cistite e sem suspeita de germe multirresistente ou risco de evolução desfavorável: Tratar sem exames. EAS e urocultura desnecessários! ➤ Sintoma ATIPICOS: Hematúria macroscópica, piora de urgência miccional ou surgimento de incontinência urinária): Requererm investigação urinária: EAS, se ausência de piúria, pensar em outros diagnósticos. ➤ Idosos (alteração do nível de consciência sem sintomas urinários específicos=observa, hidratada, investig... e busca foco infeccioso). Febre pode estar ausente. Em mulheres temos que SEMPRE descartar sintomas vaginais. É muito comum termos duvida diagnostica em uma paciente que pode ter ate disúria e polaciúria, mas que esta relacionada a vaginite. Assim, temos que perguntar se tem prurido vaginal, secreção vaginal com características patológicas, como mau cheiro ou coloração estranha. No exame físico temos que olhar sempre os sinais vitais. Fazer exame físico abdominal para ver se tem dor supra púbica ou bexigoma, punho percussão e avaliação de dor no ângulo costovertebral. Em homens deve ser feito toque retal se houver dor pélvica ou perineal e exame pélvico para mulheres com suspeita de vaginite. ➢ Guilherme: É importante no ambulatório, quando for fazer o jordano, NÃO DAR UMA PANCADA NAS COSTAS DO PACINTE. Devemos palpar primeiro, ver se está doloroso, muitas vezes não precisa bater no paciente. Como diagnosticar: 1- Anamnese: Na anamnese já costumamos fechar o diagnostico de cistite ou não. Lembrando que é fundamental pesquisar se tem repercussão sistêmica da infecção. Tem sintoma típico de cistite -> Perguntamos se tem suspeita de germe multirresistente, dentro dos últimos 3 meses, ou fator de evolução desfavorável. Se não tiver nada disso, tratamos sem exame. Paciente jovem, sem fator de risco, mulher etc, não precisa nem de EAS. Já numa situação que tiver hematúria macroscópica, piora da urgência miccional ou o paciente que não tinha incontinência urinaria e passa a ter, não necessariamente vai ser infecção urinaria. Nesse caso, cabe fazer um EAS. Se vier o EAS e não tiver piúria, devemos pensar em outro diagnostico. Na ITU tem piúria. Lembrando que tem que ser um laboratório de confiança. Relato da professora: “Eu tive uma paciente que estava usando atb profilático e em época de carnaval ela suspendeu e logo depois do carnaval fez uma pielonefrite aguda. A clinica era muito exuberante e o EAS estava normal. Desconfiei então do laboratório, porque a clinica é soberana.” Em idosos: Nesse caso tem uma frase: “desorientou, pensa em quando infeccioso”. Isso é verdade, mas também precisamos pensar em outras questões. Se alterou o nível de consciência no idoso, se ele não tiver sintomas urinários específicos, o que geralmente vai acontecer, vamos observar, hidratar e investigar. O idoso pode até não ter febre. Pode ser ate um distúrbio eletrolítico, mas devemos sempre procurar um foco infeccioso. Temos que examinar e entender o que esta acontecendo, sem mesmo esperar a febre. 9 ➤ Quando fazer urocultura e TSA antes do tratamento? Suspeita de germe multirresistente, risco de evolução desfavorável (anormalidade urológica, imunossupressão, DM mal controlado). Carta na manga! Lembrando: Risco de infecção urinária por Gram negativo multirresistente? - Se nos últimos 3 meses houver: - Internação - Uso de quinolonas, SMZ+TMP, cefalosporinas (3ª/4ª geração) - Viagem para partes os mundo com altas taxas de germes MDR QUANDO FAZER UROCULTURA: Se for cistite, a infecção está confinada a bexiga e não tem repercussão sistêmica: Só faremos urocultura previa e TSA (teste de sensibilidade antimicrobiana ou antibiograma) se suspeitarmos de germes multirresistentes ou quando estiver numa situação em que o paciente tiver especificamente risco de evolução desfavorável como anormalidade imunologia/ imunossupressão ou diabetes mal controlada. Apenas nesses casos fazemos urocultura previa, pois se o antibiótico empírico que começarmos não obter resposta inicial, teremos a urocultura para ajudar a trocar o antibiótico. No caso de risco por infecção por germe multirresistente, o tratamento empírico feito é igual ao dos outros casos, a diferença é apenas que será feita urocultura previa. Em casos em que não suspeitamos de germe multirresistente e o paciente não tem possibilidade de evoluir mal, podemos tratar sem exame algum. Sintomas atípicos: hematúria macroscópica, surgimento de incontinência urinaria. 10 ➤ Primeira linha: Mulheres: Fosfomicina 3g em DU. Em homens: também dose única ou esquema alternativo (3 g a cada 2 a 3 dias por 3 doses). Sulfametoxazol-trimetoprim 800+160mg 12/12 horas por 3 dias em mulheres e 7 dias em homens. (se resistência >20% ou se suspeita de resistência: por exemplo, utilizou nos últimos 3 meses: não usar). Nitrofurantoína 100mg 12/12h por 5 a 7 dias (respectivamente, mulheres e homens) ➤ Beta lactâmico, como segunda opção: amoxicilina+ácido clavulânico 500mg 12/12h ou cefadroxil 500mg 12/12h por 5 a 7 dias). ➤ Fluorquinolona (ciprofloxacina ou levofloxacina por 3 a 5 dias, EVITAR PARA ITU NÃO COMPLICADA! RESERVAR e usar somente se houver suspeita de prostatite ou doença mais severa). Prostatite: 6 semanas de tratamento. ➤ Pacientes imunossuprimidos, diabéticos, anormalidades urológicas: tratar por sete dias. TRATAMENTO Devemos evitar a fluorquinolona para cistite. Ela fica mais reservada para ITU complicada, pois esta tendo muita resistência a fluorquinolona. Guilherme: Aqui no hospital por exemplo, usava-se muito quinolona, ai tinha muita resistência. Há um tempo que não usamos mais, assim, vemos hoje no CTI pacientes que são resistentes a quase tudo mas não são resistentes a quinolona. Essa questão do uso do antibiótico induzir resistente é muito real e afeta muito a nossa pratica. A fosfomicina é um exemplo disso. É um antibiótico antigo que na época da faculdade da professora não era feito. Agora voltou a ser usada pois as pessoas não apresentam mais resistência. É um sachê diluído em meio copo de água. A orientação é que o paciente esvazie a bexiga, tomando o remédio a noite depois de ir no banheiro e tomar o remédio. Na mulher é dose única. A nitrofurantoina 100mg de 12 em 12 horas pode ser feita por 5 a 7 dias. Na mulher costumamos fazer por 5 dias e no homem extendemos para 7, assim como paciente diabético. O bactrim que é o sulfametoxazol + trimetoprim, se não for um paciente que tem historia de germe multirresistente, podemos usar. Usamos o Bactrim S, que é 800 + 160mg 12 em 12 horas de 5 a 7 dias. Tem relatos na literatura, principalmente na pediatria, de aumento da resistência ao bactrim, mas também é um atb que esta sendo menos usado, e podendo diminuir essa resistência daqui a um tempo. Como já dito, se o paciente em uma historia de germe resistente nos ultimo 3 meses, foi internado, usou uma quinolona, tem cultura, viajou etc, devemos tratar do mesmo jeito. Faremos apenas uma urocultura e fazer um antibiograma previamente, além de fugir do bactrim pela chance de resistência. Usaremos principalmente nitrofurantoina ou fosfomicina. Se não podemos usar nem um nem outro e podemos esperar, esperamos o resultado da urocultura para 11 ➤ Tratamento sintomático: Como a resposta terapêutica pode ocorrer em até 48h a 72h, justifica-se o uso de anti-sépticos urinários nesse período. Opção terapêutica: Fenazopiridina (Pyridium 200mg 8/8h). Não utilizar isoladamente. Não trata a infecção urinária. ➤ Não é necessário nos pacientes com resolução dos sintomas com o antibiótico. ➤ Se não houver melhora completa em 48h a 72h ou se houver recorrência do quadro em poucas semanas: buscar fatores que possam estar afetando a resposta terapêutica ou justificando a persistência dos sintomas. Fazer urocultura, reiniciar antibioticoterapia empiricamente e, se necessário, readequar esquema antibiótico conforme cultura. ➤ Se mesmo após adequação do antibiótico, os sintomas persistirem ou se houver recorrência do quadro em poucas semanas, considerar realização de exame de imagem (TC) e avaliação urológica. saber como tratar. Podemos até usar um beta-lactamico ou uma fluorquinolona, mas se puder adiar o tratamento e esperar a cultura é melhor. Se o paciente não tiver nenhum motivo para evitar a nitrofurantoinaou fosfomicina, fazemos um dos dois: Nitrofurantoina 100mg de 12 em 12 horas por 5 dias ou fosfomicina 3g dose única. Sugestão de prescrição da professora: Fosfomicina (ou monuril ou tratuil). TRATAMENTO DOS SINTOMAS As vezes o paciente costuma esta muito sintomático e o antibiótico pode demorar para fazer efeito. Assim, podemos usar um antisséptico urinário nesse período (Pyridium). Entretanto, devemos tomar cuidado, pois o anticéptico urinário não trata e infecção. Tem como efeito adverso deixar a urina vermelha. Podemos associar o Pyridium ao antibiótico nos primeiros 3 dias, mas nunca usar isoladamente. SEGUIMENTO Se o paciente melhora, acabou, vai pra casa e esta curado. Mas se o paciente não estiver ótimo em 2 ou 3 dias, ou se em poucas semanas faz uma recorrência do quadro, buscamos fatores que possam estar afetando a resposta terapêutica ou justificando a persistência dos sintomas. Nesse caso fazemos uma urocultura antes de reiniciar o tratamento com contagem de colônias e antibiograma. Fazemos então uma troca de antibiótico e quando tivermos o resultado, adequamos o tratamento de acordo com o resultado da cultura. Na cultura sempre vem o germe e o numero de colônias por ml de urina e o perfil de sensibilidade microbiana. Consideramos o “S” sensível, o “R” resistente e o “I” intermediário, que consideramos também como resistente. Se mesmo após a adequação do antibiótico os sintomas persistirem ou se houver ainda recorrência do quadro, cabe fazer investigação por imagem. Apenas no caso de cistite não é uma situação para pedirmos USG, mas nesse caso de persistência pedimos. 12 ITU COMPLICADA . Definição: #ITU aguda acompanhada por sinais ou sintomas que sugerem extensão da infecção além da bexiga: - Febre (>37,7ºC) - Outros sinais ou sintomas de doença sistêmica, incluindo calafrios, fadiga intensa ou mal estar além do habitual. - Dor no flanco ou sensibilidade do ângulo costovertebral. Dor pélvica ou perineal em homens (prostatite Guilherme: Recentemente no consultório, chegou um paciente que tratou a ITU em outo lugar, inicialmente melhorou os sintomas de cistite, mas continuou fazendo febre. O exame físico da paciente não tinha nada de mais, ao pedir o USG, foi visto abcesso renal. Não foi preciso internar, mas foi aumentado o tempo de antibiótico para 21 dias e a paciente ficou bem. A mensagem que tem que ficar é: Se a ITU não resolveu com o tratamento, tem algo errado, devemos correr atrás do que esta acontecendo. Devemos fazer o uso racional dos exames, tanto de laboratório quanto e imagem. Não saímos pedindo exame para todo mundo. Como vimos, podemos diagnosticar cistite só com a historia clinica. Mas tem casos em que devemos levar mão desse artificio. ➢ Pergunta: Em homem é a mesma coisa? Homem com infecção urinaria já exigem que fazemos exame de imagem, visto que não é normal. Se o paciente tiver mais de 50 anos então, com certeza devemos fazer USG de próstata. Se é um paciente jovem, não necessariamente devemos fazer, mas devemos ficar muito atentos, é provável que ele precise de imagem. ➢ Pergunta: Como seria o tratamento de um paciente com quadro de cistite que sente dor em loja renal? Esse paciente provavelmente já não tem uma infecção confinada a bexiga, é uma infecção já considerada como complicada. Discutiremos esse tratamento a seguir. Relato: Uma paciente de 18 anos iniciou as infecções com 17 anos. Foi uma paciente que assustou muito. Ela chegou no consultório com uma hipotensão de 70/40mmhg, taquicardica, com mais de 140 de FC, palida. Chegou, vomitou na recepção, a mãe levou achando que era porque ela tinha comido comida japonesa na noite anterior, veio ao meu consultório por acaso porque estudava com o meu filho. A paciente tinha uma historia de ITU com dor lombar a percussão, tinha disúria, tinha tudo, mas a principio não tinha valorizado tudo aquilo. Dali ela foi encaminhada para a sala vermelha e ela foi para a UTI. O tratamento que usamos inicialmente pega pesado de verdade, faz a cultura e começa antibiótico de amplo espectro pela gravidade da situação. A paciente estava séptica. 13 Infecção urinária complicada - Manifestações Clínicas ➤ Sintomas de cistite + febre ou outros sinais ou sintomas de infecção sistêmica. ➤ Dor em flanco e/ou punho percussão dolorosa (sensibilidade no ângulo costo-vertebral) num cenário com piúria e bacteriúria. ➤ Apesar de frequentemente presentes, a ausência de febre ou de sintomas de cistite não inviabilizam o diagnóstico. ➤ Pacientes com bexiga neurogênica e TRM: disreflexia autonômica ➤ Prostatite em homens: sintomas recorrentes de cistite ou cistite acompanhada por dor pélvica ou perineal. ➤ Exame físico: Sinal de Giordano, febre, dor abdominal, exame pélvico, toque retal MANIFESTAÇOES CLINICAS As manifestações que indicam que essa infecção esta fora da bexiga. Febre, calafrio, outros sinais ou sintomas de doença sistêmica, calafrio, fraqueza intensa, mal estar além do habitual, dor no flanco ou sensibilidade costovertebral e dor pélvica ou perineal em homens. Pielonrefrite, só por ser pielonefrite já é considerada ITU complicada. Lembrando que estamos focando na extensão e severidade da doença como um fator importante para definir o tratamento do paciente em questão. O paciente com ITU complicada pode ou não ter sintomas de cistite. Vai ter disúria, polaciúria, dor hipogástrica e além disso vai ter febre ou outros sinais e sintomas de infecção sistêmica. Pode acontecer de o paciente ter só dor em flanco e/ou punho percussão dolorosa + piúria e bacteriúria. Apesar de frequentemente presentes, a ausência de febre ou outros sintomas de cistite não inviabiliza o diagnostico de ITU complicada. É muito comum que possa haver apenas redução do nível de consciência por exemplo. O UpToDate afirma que quando um paciente esta desorientado, como no caso de um idoso, temos que examinar, entender e hidratar o paciente, sabendo que infecção é uma possibilidade, mesmo na ausência de febre, ai teremos q rastrear. Pode acontecer de o paciente ter uma ardência para urinar que passa ate mesmo despercebida, ou talvez ele realmente não tenha nenhum sintoma de cistite. O que não inviabiliza o diagnostico. Paciente com bexiga neurogênica e trauma raquimedular: Esses tem disreflexia autonômica. Relato da professora: O meu tio, na hora do parto, fez um trauma raquimedular. Ele nunca andou. Na casa da minha avo, quando eu ia quando era criança, tinha um cheiro de xixi no quarto do meu tio. Esse tio evoluiu depois com doença renal crônica. Foi feita uma cirurgia de neobexiga e ele faleceu na cirurgia. O que tiramos dessa historia: Esse paciente provavelmente fez um trauma raquimedular e tinha uma bexiga neurogênica. 14 Abordagem terapêutica ➤ Ausência de piúria torna o diagnóstico de ITU pouco provável! ➤ Urinálise, Urocultura com TSA: todos ➤ Imagem: Aplica-se para pacientes com quadro de gravidade, com persistência dos sintomas mesmo após terapêutica adequada por 48 a 72h ou para pacientes com suspeita de obstrução de via urinária ou ainda para pacientes que apresentem recorrência dos sintomas. ➤ Pra que fazer exame de imagem? Identificar fator que esteja retardando a resposta terapêutica, que exija intervenção ou para diagnóstico de complicações. ➤ Tomografia computadorizada de abdome e pelve (sem e com contraste), USG (quando não pode se expor à radiação ou à contraste). Na bexiga neurogênica não há uma comunicação entre a bexiga e o cérebro. Assim, a bexiga enche, mas não chega uma mensagem para o cérebro para que ela contraia e esvazie. Assim, aquela bexiga só enche, o que pode levar ao refluxo de urina para o parênquima renal. Esse paciente faz infecções de repetição desde criança, fazendo varias cicatrizes renais, perdendo a função renal ao longodo tempo. Quando o paciente com bexiga neurogênica faz o quadro de infecção urinaria, esse não tem a manifestação clássica da ITU alta, faz disreflexia autonômica, ou seja, fica com o rosto e pescoço muito vermelho, faz uma sudorese profusa, taquicardia e hipertensão, como se fosse uma resposta simpática exacerbada. Não faz o quadro clinico de ITU, podendo confundir o diagnostico. Pacientes em que a bexiga não esvazia tem que fazer cateterismo vesical intermitente limpo, se auto sondar de tantas em tantas horas para esvaziar a bexiga para impedir que esse quadro obstrutivo funcional prejudique a função renal. Resumindo: As manifestações clinicas de infecção urinária podem não se manifestar como habitualmente, ate mesmo como um resposta exacerbada do sistema nervoso simpático. Prostatite em homens: Entra dentro de infecção comploicada. Quando o apcinete tem sintomas recorrentes de cistite ou uma cistite acompanhada por dor pélvica ou perineal. No exame físico esse paciente pode ter o sinal de jordano, quando a punho percussão é muito dolorosa, febre acima de 37.7 de temperatura e dor abdominal. Para esse pacinete, exame pélvico e toque retal estão indicados. Lembrando: ausência de piúria no EAS torna o diagnostico de ITU pouco provável. Por outro lado, devemos valorizar a clinica, já aconteceu de vir um EAS sem piúria e era pielonefrite aguda. Nos médicos somos investigadores. ABORDAGEM TERAPÊUTICA: No quadro de infecções complicadas, deve ser feita a urinocultura/urianálise para todos os pacientes. 15 Pielonefrite aguda ainda pode complicar, progredindo para abscesso perinefrético, pielonefrite enfisematosa e necrose papilar. ➤ Fatores de risco para essas complicações: DM e obstrução do trato urinário A imagem vai ser utilizada para os pacientes graves. Todo paciente com persistência dos sintomas, mesmo após terapêutica adequada por 48/32 hrs que é o que faremos na cistite e ainda para paciente com suspeita de obstrução de via urinária ou com recorrência dos sintomas. Usamos a imagem também quando queremos identificar fatores que estejam retardando a resposta terapêutica. Se temos um paciente com calculo ureteral que está asséptico, é uma indicação de desobstrução IMEDIATA de via urinária. É fundamental entendermos o que esta acontecendo com aquela via urinária para podermos tomar as medidas necessárias. O exame que vamos usar preferencialmente é a TC de abdome e pelve sem e com contraste. (lembrando que para fazer contraste a função renal do paciente tem que ser analisada previamente, já que o contraste é iodado e nefrotóxico). Para avaliação de calculo ureteral, calculo em via urinaria não precisa de contraste. Quando não podemos expor o paciente a radiação e ao contraste podemos usar USG. COMPLICAÇOES DA ITU COMPLICADA O que precisamos saber é que essas complicações acontecem mais em um certo tipo de paciente: um que tenha obstrução do trato urinário, que tenha sido recentemente submetido a procedimento no trato urinário, pacientes com anormalidades no trato urinário, pacientes idosos e diabéticos. ➤ Sepse ➤ Bacteremia ➤ Disfunção múltipla de órgãos ➤ Choque ➤ Injúria renal aguda Pacientes com: Obstrução de trato urinário, Instrumentação recente de trato urinário, Anormalidades do trato urinário, Idosos e Diabéticos 16 Pielonefrite Xantogranulomatosa: Forma rara de Pielonefrite com massiva destruição do parênquima renal, substituído por tecidoGranulomatoso. Quando há indicação de internação? ➤ Sepse. ➤ Febre alta(>38,4ºC) ou dor persistente ➤ Claramente debilitado ➤ Incapaz de administrar medicação ou de hidratar-se por VO. ➤ Suspeita de obstrução de via urinária ➤ Dúvida quanto à aderência do paciente ao tratamento. Pacientes com quadro de leve a moderada gravidade poderão ser tratados ambulatorialmente. Há a opção de fazer o primeiro atendimento no PA (hidratação e 1ª dose IV de antibiótico e prescrição oral para casa, com acompanhamento ambulatorial). A pielonefrite Xantogranulomatosa é uma forma rara de pielonefrite que acontece mais em pacinetes crônicos. É mais um diagnostico diferencial de tumor do que de ITU. Esse paciente as vezes faz anemia, tem mal estar, um quadro mais de tumor do que de infecção. É um quadro mais arrastado. O tecido granulomatoso tem cor amarelada, por isso o nome “Xantogranulomatosa”. A indicação desse paciente será nefrectomia. QUANDO INTERNAR O PACIENTE? Se chega no PS um paciente com critérios de sepse, devemos internar. Por isso é necessário que a gente entenda e saiba examinar o nível de consciência e os sinais vitais, além de interpretar os exames laboratoriais que vierem, como o hemograma. Se tem repercussão sistêmica o paciente deve ser internado. Febre alta ou dor persistente, febre persistente, paciente claramente debilitado, incapaz de administrar medicamentos ou de se hidratar por via oral, suspeita de obstrução de via urinária e duvida quanto a aderência do paciente ao tratamento. 17 Se uma mulher chega com o filho de 1 mês de idade, por exemplo, e não quer internar, uma opção que temos é fazer uma dose de antibiotico intravenoso no PS, passar um oral para casa e acompanhar “de perto” esse paciente ambulatorialmente. Mas esse não é o ideal, devemos tomar muito cuidado ao assumir a responsabilidade de mandar o paciente parar casa. FLUXOGRAMA PARA ENTENDIMENTO DO TT AMBULATORIAL EMPIRICO: Se é ITU complicada, sempre vai fazer cultura antes. O gram é interessante pois podemos diferencias Gram + de Gram -. Se suspeitarmos de Gram – multirresistente, vamos para um lado, se não suspeitamos, vamos para outro. TRATAMENTO PARA PACIENTES INTERNADOS COM ITU COMPLICADA: O conteúdo dos próximos slides já foi falado durante a aula, a professora apenas deixou organizado para nós dessa maneira: 18 ➤ Tratamento ambulatorial, sem fatores de risco para infecções por germes multirresistentes, mas onde a prevalência de E.coli resistente à quinolona é maior que 10%: Ceftriaxone 1g IV ou IM (Alternativas: ertapenem 1g IV ou IM ou gentamicina IV ou IM (5mg/kg)) seguido por uma quinolona: ciprofloxacina 500mg 12/12h por 7 dias ou levofloxacina 750mg por 5 a 7 dias. Opção para casos onde não se quer ou não se pode usar quinolona (esquema poupador de quinolona): 1ª dose IV ou IM (ceftriaxone ou gentamicina) + antibiótico VO. 1. SMZ+TMP 800 + 160mg 12/12h durante 7 a 10 dias 2. Amoxicilina + ácido clavulânico 875mg 12/12h 10 a 14 dias 3. Cefadroxil 1g 12/12h durante 10 a 14 dias. ➤ Tratamento ambulatorial, com fatores de risco para infecções por germes Gram negativos multirresistentes: Ertapenem 1g IV ou IM/dia até resultado da cultura + TSA ou 1ª dose de Ertapenem, seguida por quinolona VO (5 a 7 dias). Tratamento - Para paciente com indicação de internação: ➤ Paciente internado, grave, com sepse, piora clínica ou com evidência de obstrução de via urinária: Tratamento empírico com carbapenêmico anti-pseudomonas (imipenem 500mg 6/6h IV ou meropenem 1g IV 8/8h), cobrindo germes produtores de ESBL* e Pseudomonas + Vancomicina (para cobrir S. aureus e Enterococcus), enquanto aguarda resultado da cultura. Tem indicação de realizar exame de imagem em caráter de urgência. ➤ Se há indicação de internação, mas sem critérios de maior gravidade (sem sinais de obstrução de via urinária, sepse ou indicação de terapia intensiva) e sem evidência de germe gram negativo MR **: ceftriaxone 2g IV, ciprofloxacina 400mg IV 12/12h ou levofloxacin 750mg IV. Mas se houver suspeita de Pseudomonas (neutropênico febril ou cultura prévia): fazer droga anti-pseudomonas (p.ex.: cefepime). Se suspeita de germe gram+: acrescentar Vanco. ➤ Se há indicação de internação, massem critérios de maior gravidade (sem sinais de obstrução de via urinária, sepse ou indicação de terapia intensiva), mas com suspeita de germe MR: Imipenem ou meropenem. Associar Vanco, se houver suspeita de Enterococcus ou S. aureus. * ESBL: betalactamase de espectro estendido. ** Germe multirresistente ➤ Tratamento ambulatorial (pacientes com leve a moderada gravidade) e sem fatores de risco para infecções por germes multirresistentes e quando a prevalência de E.coli resistente à quinolona é menor que 10%: ciprofloxacina 500mg VO 12/12h por 7 a 10 dias ou levofloxacina 750mg uma vez por dia por 5 dias. 19 ➤ Isolamento de bactérias em urina adequadamente coletada em indivíduo sem sinais e sintomas de ITU. ➤ IDSA: - Mulheres: Duas coletas consecutivas de urina com isolamento do mesmo m.o. em contagem superior ou igual a 100.000cfu/ml. ➤ - Homens: Uma coleta de urina com o isolamento de um único m.o. em contagem igual ou superior a 100.000cfu/ml. ➤ Duas amostras em mulheres? Bacteriúria transitória é comum entre mulheres jovens saudáveis, utilizando-se duas amostras para definir bacteriúria assintomática, a prevalência é menor. ➤ Em pacientes cateterizados: Em pacientes homens ou mulheres assintomáticos, bacteriúria é definida pela IDSA como o isolamento de um único organismo em contagem superior ou igual a 100.000ufc/ml em uma única amostra de urina BACTERIÚRIA ASSINTOMATICA EM ADULTOS Definição: Na pratica é aquela paciente que chega para nos com uma bolsa de exame no consultório e conta que toda hora esta com infecção urinária, que não sente nada, tomou todos os antibioticos que existem mas que não passa. Toda vez que o paciente faz exame tem bactéria na urina. Esses casos são muito comuns. Devemos chegar para esse paciente e conquista-lo, pedir para que ele confie em nós, pois esse paciente não precisa tomar antibiotantibiótico nenhum. Nós só tratamos bacteriúria assintomática em 3 cenários: Gestante: Tratamos e inclusive fazemos urocultura entre a decima segunda e decima sexta semana de gestação. Devemos tratar devido ao risco de pielonefrite aguda na mae, prematuridade e de baixo peso ao nascer. As opções terapêuticas são nitrofurantoína (evitar no primeiro e terceiro trimestres), fosfomicina, beta lactamico. Paciente que vai fazer intervenção urológica: Paciente que vai fazer por exemplo uma cirurgia para passar um sonda, onde aumenta a chance de levar a bactéria para o trato alto. Receptores de transplante renal: tratamos nos primeiros 3 meses pós transplante. Nesses 3 casos trata-se para prevenir a ITU sintomática. 20 ➤ Considerar a extensão e a severidade da ITU no tratamento. ➤ Acertar e tratar corretamente com antibióticos com boa concentração tecidual renal faz a diferença em pacientes com pielonefrite aguda. ➤ Não tratar bacteriúria assintomática, considerando as poucas exceções. ➤ Cuidado com o uso indiscriminado das quinolonas. ➤ Gestantes: É recomendado inclusive o screening de todas as gestantes pelo menos no início da gestação (12 a 16 semanas), com urocultura. Se não houver risco, não precisa fazer novo exame. Mas se for de risco (história de ITU, anomalia de TU, DM, parto pretermo...). Para gestantes, na prática clínica uma única amostra de urina colhida espontaneamente, com contagem > ou igual a 100.000ufc/ml é valorizada, sem necessidade de uma cultura confirmatória. ➤ Risco: pielonefrite aguda, prematuridade de crianças e baixo peso ao nascer. ➤ Opções terapêuticas: nitrofurantoína (100mg 12/12h por 5 a 7 dias, evitar uso no 1ºT e no termo), fosfomicina (3g em DU), betalactâmicos (amoxicilina com ou sem clavulanato 500mg 8/8h ou 875mg 12/12h por 5 a 7 dias), cefalexina 500mg 6/6h 5 a 7 dias) ou SMZ + TMP 800mg + 160mg 12/12h por 3 dias(evitar uso no 1ºT e no termo). ➤ Intervenção urológica: Screening e tratamento também devem ser oferecidos a pacientes que irão ser submetidos a RTU ou outro procedimento urológico no qual o sangramento de mucosa é previsto. ➤ Receptores de transplante renal: Alguns experts fazer a busca ativa e tratamento bacteriúria assintomática nos primeiros três meses após TX renal. Trata-se para prevenir, nesse caso, ITU sintomática o que tem sido associado com o risco aumentado de rejeição aguda do enxerto. Recomenda-se o uso de antibiótico guiado pela cultura. Tratamento por 5 dias. Opções, se FR normal: ciprofloxacina 250mg 12/12h, amoxicilina 500mg 8/8h, nitrofurantoína 100mg 12/12h (observar que TFG>30ml/min). CONCLUSÃO
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