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Código Logístico 59792 Fundação Biblioteca Nacional ISBN 978-65-582-1004-7 9 7 8 6 5 5 8 2 1 0 0 4 7 Matemática Marina Vargas IESDE BRASIL 2021 © 2021 – IESDE BRASIL S/A. É proibida a reprodução, mesmo parcial, por qualquer processo, sem autorização por escrito da autora e do detentor dos direitos autorais. Projeto de capa: IESDE BRASIL S/A. Imagem da capa: faridaillustrator/Shutterstock Todos os direitos reservados. IESDE BRASIL S/A. Al. Dr. Carlos de Carvalho, 1.482. CEP: 80730-200 Batel – Curitiba – PR 0800 708 88 88 – www.iesde.com.br CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ V427m Vargas, Marina Matemática / Marina Vargas. - 1. ed. - Curitiba [PR] : Iesde, 2021. 150 p. : il. Inclui bibliografia ISBN 978-65-5821-004-7 1. Matemática - Estudo e ensino. I. Título. 21-68622 CDD: 510.7 CDU: 51(07) Marina Vargas Pós-doutora, doutora e mestre em Métodos Numéricos em Engenharia pela Universidade Federal do Paraná (UFPR). Especialista em Educação Matemática pela Universidade Paranaense (Unipar). Licenciada em Matemática pela mesma instituição. Professora no ensino superior nas modalidades presencial e a distância, ministrando as disciplinas: Cálculo de funções de uma e mais variáveis, Álgebra Linear, Geometria Analítica, Métodos Numéricos, Teoria dos Números, Pesquisa Operacional, Matemática Aplicada, Estatística Aplicada e Métodos Quantitativos. Atua também como professora conteudista em diversas instituições e empresas. Atualmente desenvolve pesquisa na área de programação matemática, mecânica computacional, educação matemática e educação em engenharias. Agora é possível acessar os vídeos do livro por meio de QR codes (códigos de barras) presentes no início de cada seção de capítulo. Acesse os vídeos automaticamente, direcionando a câmera fotográ�ca de seu smartphone ou tablet para o QR code. Em alguns dispositivos é necessário ter instalado um leitor de QR code, que pode ser adquirido gratuitamente em lojas de aplicativos. Vídeos em QR code! SUMÁRIO 1 Conjuntos e relações 9 1.1 Representação 9 1.2 Subconjuntos 16 1.3 Operações com conjuntos e propriedades 17 1.4 Conjuntos numéricos 27 2 Aritmética elementar 35 2.1 Potenciação e radiciação 35 2.2 Racionalização de denominadores 42 2.3 Notação científica 46 2.4 Sistemas de medidas 48 2.5 Logaritmos 53 3 Álgebra elementar 60 3.1 Expressões algébricas 60 3.2 Polinômios 62 3.3 Operações de polinômios com uma variável 70 3.4 Produtos notáveis 73 3.5 Fatoração 77 3.6 Expressões algébricas envolvendo raízes 80 4 Equações e funções do 1º e 2º graus 84 4.1 Equação do 1º grau 84 4.2 Função do 1º grau 89 4.3 Equação do 2º grau 95 4.4 Função do 2º grau 101 5 Proporcionalidade entre variáveis 109 5.1 Razão e proporção 109 5.2 Regra de três simples 118 5.3 Regra de três composta 122 5.4 Porcentagem 127 6 Matemática financeira 134 6.1 Equação exponencial 134 6.2 Equação logarítmica 140 6.3 Juros simples e aplicações 144 6.4 Juros compostos e aplicações 147 APRESENTAÇÃOVídeo A matemática por trás das nossas ações do cotidiano é muitas vezes feita por processos intuitivos e automáticos, que servem para resolver problemas imediatos ou situações de planejamento a longo prazo, mas, em geral, sem aprofundamento em técnicas ou métodos. É comum que sintamos falta de processos que nos permitam organizar determinadas situações e/ou problemas de maneira mais ágil e otimizada. Além da percepção dessa necessidade natural, é essencial uma base matemática forte, com conceitos bem compreendidos, quando pretendemos aprender teorias avançadas na área das exatas e em áreas correlatas. Pensando nessas exigências, esta obra tem por objetivo dar suporte, fazendo com que você relembre (ou até mesmo aprenda) conceitos que formam a base matemática, permitindo que possam ser aplicados em situações práticas e servindo de estrutura para novas técnicas, novas teorias e métodos comuns a estudantes universitários. Assim, o primeiro capítulo apresenta a teoria de conjuntos, fazendo com que sejam percebidas as relações entre conjuntos e elementos, além do conceito de conjuntos numéricos, fundamental para o desenvolvimento cognitivo desde a educação infantil até o seu aperfeiçoamento nas fases mais avançadas da vida. O segundo capítulo trabalha a aritmética elementar, permitindo que sejam retomados os conceitos de potenciação, radiciação, racionalização, sistemas de medidas e notação científica. Ainda, ao final do capítulo, é possível usar todas essas propriedades e definições aplicadas aos logaritmos, estabelecendo uma relação direta e necessária para uma melhor compreensão desses conceitos. O terceiro capítulo trata da álgebra elementar e é nele que começam a aparecer as variáveis (letras representando números) e a necessidade de calcularmos seus valores. Nesse capítulo desenvolvemos o conceito de fatoração, produtos notáveis e polinômios, aplicados à necessidade do cálculo de raízes de equações. O quarto capítulo aborda especificamente as equações e funções de 1º e 2º graus. São elucidadas técnicas que permitem que se desenvolva o raciocínio lógico desses conceitos. Já no quinto capítulo, começamos o estudo do que pode ser chamada de matemática financeira introdutória. É nele que aparecem os conceitos de razão e proporção, grandezas diretamente e inversamente proporcionais, regras de três e porcentagem. O sexto e último capítulo ainda aborda a matemática financeira introdutória. Nele trabalhamos com as funções exponenciais e logarítmicas e os problemas que envolvem juros simples e compostos. Em suma, este livro apresenta as informações básicas para a compreensão geral da matemática e destina-se tanto a estudantes de cursos na área de exatas quanto a entusiastas do raciocínio lógico, o qual está presente em nossas vidas. Bons estudos! Os automóveis são os elementos de um conjunto. Ra wp ixe l.c om /S hu tte rs to ck 1 Conjuntos e relações Será que existe um conteúdo que é importante em todos os anos letivos de estudo, seja no ensino fundamental, no médio ou no superior? Sim, existe, e esse conteúdo chama-se conjuntos. A teoria de conjuntos é riquíssima como embasamento teórico para as mais diversas áreas da matemática, mas não só para essa ciência. As aplicações da teoria de conjuntos estendem-se para as demais áreas das exatas, da tecnolo- gia, das ciências biológicas, das ciências sociais e até mesmo das ciências huma- nas, em que existe o mito de que não se estuda matemática. Entender as relações entre conjuntos é fundamental para o desenvolvimen- to cognitivo desde a educação infantil até o seu aperfeiçoamento nas fases mais avançadas da vida. Portanto, não poderíamos começar de outra forma. Seja bem-vindo à teoria dos conjuntos e suas relações. 1.1 Representação Vídeo Conjunto é uma noção primitiva, podendo ser defini- do como qualquer coleção, dentro de um todo de obje- tos definidos e distinguíveis – chamados elementos – de nossa intuição ou pensamento. Essa definição baseia-se na teoria dos conjuntos, desenvolvida pelo matemático russo Georg Cantor em 1867. Podemos citar diversos exemplos de conjuntos: 1. conjunto de automóveis; 2. conjunto de números; 3. conjunto de profissões etc. Conjuntos e relações 9 Wi kim ed ia Co m m on s Cantor em 1910. 10 Matemática Mas como podemos representar todos esses conjuntos? Existem algumas for- mas de representação. Vamos analisar na sequência algumas das mais utilizadas. 1.1.1 Listagem e Venn Uma das maneiras mais visuais são os elementos den- tro de curvas fechadas, como circunferências e outras poligonais. Esse tipo de representação é chamada de diagra- ma de Venn (Figura 1), e carrega esse nome porque o matemático e filósofo inglês John Venn foi o primei- ro a formalizar esse método e adotá-lo em situações que exigiam generalização. Venn em 1883. M aull & Fox. Studio/W ikim edia Commons Figura 1Diagrama de Venn Também foi ele quem transformou a representação, por meio de curvas fecha- das, em um método simples e claro. Contudo, o seu uso em escolas só se deu a partir da década de 1960 com o movimento conhecido por Matemática Moderna. Ficou curioso para saber mais sobre a Matemática Moderna? Então faça a leitura do artigo O Movimento da Matemática Moderna e as iniciativas de formação docente, de Antonio Flavio Claras e Neuza Bertoni Pinto. Os autores retratam uma parte importante da história da matemática e, consequente- mente, de matemáticos que estiveram envolvidos no desenvolvimento de diversas teorias, como na teoria de conjuntos. Acesso em: 12 jan. 2021. https://educere.bruc.com.br/arquivo/pdf2008/863_662.pdf Artigo https://educere.bruc.com.br/arquivo/pdf2008/863_662.pdf Conjuntos e relações 11 Assim, um conjunto de profissões (engenheiro, designer, marceneiro etc.) pode ser representado da seguinte forma: Figura 2 Conjunto de profissões P U · Engenheiro · Marceneiro · Designer Fonte: Elaborada pela autora. Portanto, P é o conjunto de profissões. A letra grega U está sendo usada para representar um conjunto maior, que nomeamos de conjunto universo – esse con- junto será melhor definido na sequência. Uma outra forma de representação de conjuntos é feita por meio de listagens. Desse modo, podemos adotar o mesmo conjunto de profissões da Figura 2 e repre- sentá-lo da seguinte maneira: P = {Engenheiro, Marceneiro, Designer} Ainda, é possível representar um conjunto usando a definição dos elementos que o compõem. Nesse caso, fazemos: P = {x|x é uma profissão} Algumas questões precisam ser levantadas para a correta representação de um conjunto. Definimos que: • o nome de um conjunto será representado por letras maiúsculas; • os elementos de um conjunto serão representados por letras minúsculas, com exceção apenas dos casos em que nomeamos o elemento. Dessa forma, podemos transformar os substantivos anteriormente usados para representar os elementos do conjunto profissões de modo simbólico por meio de letras minúsculas do nosso alfabeto. Portanto: • Engenheiro: e • Marceneiro: m • Designer: d E, com isso, temos uma representação na seguinte forma: 12 Matemática Figura 3 Conjunto P P U · e · m · d Fonte: Elaborada pela autora. Com essa representação, podemos começar a trabalhar as relações entre ele- mento e conjunto. 1.1.2 Pertinência Elementos de um conjunto sempre “pertencem” ou “não pertencem” a ele. Assim, podemos dizer que: • Aveia (a) é um elemento que pertence (∈) ao conjunto dos cereais (C). • Carambola (c) é um elemento que não pertence (∉) ao conjunto das leguminosas (L). • Banana (b) é um elemento que pertence (∈) ao conjunto das frutas (F). ifong/Shutterstock Anna Sedneva/Shuttersto ck Iurii Kachkovskyi/Shuttersto ck Conjuntos e relações 13 Para representar essas expressões apenas com a simbologia matemática, respei- tando a legenda adotada para os substantivos, podemos escrever respectivamente: • a ∈ C • c ∉ L • b ∈ F A figura a seguir mostra esses três conjuntos representados pelo diagrama de Venn. Figura 4 Conjuntos C, L e F Aveia Feijão Banana Trigo Ervilha Carambola U C F L Fonte: Elaborada pela autora. Mas por que podemos representar dessa forma? Qual é a lógica para essa re- presentação e por que existem espaços em branco nessa representação dos con- juntos no diagrama de Venn? Logo responderemos a essas questões. No caso do conjunto de profissões, temos que e ∈ P; d ∈ P; m ∈ P. Portanto, po- demos escrever: P = {e, d, m} Note que a correspondência que estamos apresentando se dá entre um elemento e um conjunto. Pa ke t/ Sh ut te rs to ck A seguir, trazemos mais alguns exemplos da utilização da relação de pertinência entre elemento e conjunto: • 2 ∈ {2, 3, 4, {5}} • 1 ∉ {2, 3, 4, {5}} • {5} ∈ {2, 3, 4, {5}} 14 Matemática Observe que nesse exemplo o conjunto {5} é um elemento do conjunto {2, 3, 4, {5}}. Dessa forma, temos a ferramenta necessária para relacionar elemento e con- junto. Em seguida, vamos expor alguns conjuntos ditos especiais. 1.1.3 Conjuntos especiais Chamamos de conjuntos especiais aqueles que possuem características distintas e bem definidas com relação à quantidade de elementos que os compõem. Vamos entendê-los. 1.1.3.1 Vazio Quando um conjunto não possui elementos, dizemos que esse conjunto é vazio e podemos representá-lo da seguinte forma: • A = {} • A = ∅ Note que {∅} é diferente de {}. Pa ke t/ Sh ut te rs to ck Ele também pode ser representado pelo diagrama de Venn, como mostra a figura a seguir. Figura 5 Diagrama de Venn representando um conjunto vazio A U Fonte: Elaborada pela autora. 1.1.3.2 Unitário Um conjunto unitário é aquele que apresenta apenas um elemento. Por exem- plo, o conjunto de estrelas do sistema solar – sabemos que no sistema solar temos apenas o Sol como estrela. A relação de pertinência se dá entre elemento e conjunto. Os nú- meros pares formam um conjunto numérico, em que cada elemento (cada número par) é um número pertencente a esse conjunto. Então, como podemos representar o conjunto dos números pares positivos? Atividade 1 Conjuntos e relações 15 Exemplo 1 Conjunto de estrelas do sistema solar: E Assumindo que o sistema solar possui uma única estrela, que é o próprio Sol, escrevemos: s ∈ E (lê-se: o elemento s pertence ao conjunto E). E = {s} Portanto, E é um conjunto unitário. 1.1.3.3 Universo O chamado conjunto universo é composto de todos os elementos que queiramos classificar segundo determinada necessidade. Assim, o conjunto universo das frutas deve ser composto de todas as frutas existentes. Já o conjunto universo dos engenheiros deve ser composto de todas as categorias de engenheiros existentes. Em geral, o conjunto universo é representado pela letra E, mas pode aparecer com outras nomenclaturas, dependendo da área em que está sendo aplicado. 1.1.3.4 Conjunto finito Um conjunto é dito finito quando é possível contar a quantidade de elementos que o compõe. Muitos são os conjuntos com essa característica ao nosso redor, por exemplo: conjunto de profissões, conjunto de frutas, conjunto de escolas etc. 1.1.3.5 Conjunto infinito Um conjunto é dito infinito quando não é possível determinar a quantidade de elementos que o compõe. Dessa forma, podemos dar alguns exemplos de conjun- tos com essa característica: • I = {i | i é ímpar} • P = {a│a é par} • Q = {s│s são os múltiplos de 3} Vistos os conjuntos especiais e a relação de pertinência, já podemos aplicar esses conceitos em diversas situações. No entanto, ainda precisamos operar esses conjuntos. A seguir, vamos entender esse processo. 16 Matemática 1.2 Subconjuntos Vídeo Relacionar conjuntos também pode ser interpretado como operar com conjun- tos. Quando todos os elementos de um conjunto pertencem a um outro conjunto, temos uma relação de continência. Se um conjunto (B) está contido em outro conjunto (A) (relação de continência), dizemos que B é um subconjunto de A. Portanto, a relação entre dois conjuntos se dá entre “estar contido” ou “conter” o outro conjunto. Dessa forma, se todos os elementos de um conjunto B pertencem a um conjun- to A, além de dizermos que B é um subconjunto de A, também podemos afirmar que B está contido em A. Visualmente podemos entender esse conceito por meio do diagrama de Venn, como mostra a figura a seguir. Figura 6 Subconjuntos U A B C 1 2 3 4 5 6 7 Fonte: Elaborada pela autora. Analisando a Figura 6, podemos escrever: • A = {1, 2, 3, 4} • B = {2, 3, 4} • C = {5, 6, 7} • B ⊂ A. Lê-se: B está contido em A • A ⊃ B. Lê-se: A contém B • C ⊄ A. Lê-se: C não está contido em A • A ⊅ C. Lê-se: A não contém C Conjuntos e relações 17 Note que a representação simbólica para as relações de continência é dada por: ⊂ (está contido), ⊃ (contém), ⊄ (não está contido), ⊅ (não contém). Pa ke t/ Sh ut te rs to ckObservações: • A ⊂ A – dizemos que todo conjunto está contido nele próprio, ou seja, é subconjunto dele mesmo. • {} ⊂ A – o conjunto vazio sempre está contido em qualquer conjunto. Portan- to, o conjunto vazio é subconjunto de qualquer outro conjunto. • Se B ⊂ A, mas B ≠ A, dizemos que B é subconjunto próprio de A (esse é o caso em que A tem elementos que B não tem). • Se A é subconjunto de B e B é subconjunto de A, falamos que A e B são con- juntos iguais, isto é, se A ⊂ B e B ⊂ A, então A = B. Exemplo 2 Considere o conjunto A = {3, 4, 7} e o conjunto B = {3, 3, 3, 4, 4, 7, 7, 7, 7}. Os elementos de A são os números 3, 4 e 7. Os elementos de B são 3, 4 e 7. Portanto, A ⊂ B e B ⊂ A. Logo, A = B. Assim, podemos relacionar e verificar se um conjunto contém ou está contido em outros, fazendo com que também identifiquemos algumas relações de perti- nência entre os elementos desses conjuntos. 1.3 Operações com conjuntos e propriedades Vídeo As operações realizadas com conjuntos fazem a relação, dois a dois, desses con- juntos, tendo como resposta um novo conjunto. A esse tipo de relação damos o nome de relação binária ou operações binárias. As operações que apresentaremos são: união, intersecção, diferença e comple- mentariedade. Vamos entendê-las a seguir. 18 Matemática 1.3.1 União A união entre dois conjuntos tem como resultado um novo conjunto com ele- mentos que pertencem ao primeiro conjunto ou ao segundo conjunto. Aqui, cha- mamos a atenção para a conjunção alternativa ou. Desse modo, consideremos dois conjuntos A e B. Fazer a união desses dois significa que construiremos um novo conjunto com elementos que pertencem ao conjunto A ou ao conjunto B. A notação para essa operação será dada por A∪B. Podemos também representar essa operação por meio da expressão: A∪B = {x | x ∈ A ou x ∈ B} Onde x são os elementos. Outra forma de representar a união entre conjuntos pode ser observada na figura a seguir. Figura 7 União entre conjuntos U A B A ∪ B Fonte: Elaborada pela autora. Um fato importante é que, quando desconhecemos quais são os elementos de um conjunto ou quando não queremos nomeá-los um a um, representamos a quantidade total de elementos por meio da notação n (nome do conjunto). Desse modo, se um conjunto A possui 5 elementos, podemos escrever: n(A) = 5 Se o conjunto união (A ∪ B) entre dois conjuntos A e B possui 7 elementos, escrevemos: n(A∪B) = 7 Conjuntos e relações 19 Exemplo 3 De uma turma de 50 alunos, sabemos que 17 farão vestibular para Medicina e 11 farão vestibular para Di- reito. Quantos alunos farão vestibular para Medicina ou Direito? Aqui chamamos a atenção para a conjunção ou. A interpretação do questionamento feito é: quantos alunos ao todo farão vesti- bular para Medicina ou Direito? Quando se coloca ao todo, já é possível perceber que teremos que somar algu- ma coisa. Portanto, nesse exemplo, como não há alunos que farão vestibular para os dois cursos ao mesmo tempo, podemos apenas somar os dois grupos. Sendo M o conjunto dos alunos que farão vestibular para Medicina e D e conjun- to dos alunos que farão vestibular para Direito: n(M) = 17 n(D) = 11 Assim, temos: n(M) + n(D) = 17 + 11 = 28 Resposta: 28 alunos farão o vestibular para Medicina ou Direito. A figura a seguir representa esse exemplo por meio do diagrama de Venn. Figura 8 União entre conjuntos U M D 17 11 50 Fonte: Elaborada pela autora. AV N Ph ot o La b/ Sh ut te rs to ck 20 Matemática A relação de união entre conjuntos possibilita encontrarmos o total de elemen- tos em dois ou mais conjuntos. 1.3.2 Intersecção O estudo da intersecção entre conjuntos nos auxiliará no entendimento tam- bém de alguns exemplos que envolvem união. A intersecção entre dois conjuntos tem como resultado um novo conjunto com elementos que pertencem ao primeiro conjunto e ao segundo conjunto. Aqui, cha- mamos a atenção para a conjunção aditiva e. Dessa maneira, sejam dois conjuntos A e B. Fazer a intersecção desses conjun- tos significa que construiremos um novo conjunto com elementos que pertencem ao conjunto A e ao B ao mesmo tempo. A notação para essa operação será dada por A∩B. Podemos, ainda, representar essa operação por meio da expressão: A∩B = {x | x ∈ A e x ∈ B} Onde x são os elementos. Outra forma de representar a intersecção entre conjuntos pode ser observada na figura a seguir. Figura 9 Intersecção entre conjuntos U A B A∩B Fonte: Elaborada pela autora. O princípio da inclusão-exclusão nos auxiliará a resolver exercícios envolvendo situações de intersecção entre conjuntos. Vamos entendê-lo a seguir. 1.3.3 Princípio da inclusão-exclusão Dentro da teoria de conjuntos, e particularmente relacionando a união e a in- tersecção, existe uma fórmula para calcularmos o número de elementos de um conjunto união. Essa equação é conhecida como princípio da inclusão-exclusão. Assista ao vídeo Intersecção e união de conjuntos da pla- taforma da Khan Academy. Como a plataforma é gamificada e adaptativa, sugerimos que você se cadastre e sempre faça as atividades e assista aos vídeos ativando seu login. Dessa forma, poderá acompanhar seu próprio desenvolvimento e partici- par de outras atividades da plataforma. Disponível em: https://pt-pt.khanaca- demy.org/math/statistics-probability/ probability-library/basic-set-ops/v/ intersection-and-union-of-sets. Acesso em: 12 jan. 2021. Vídeo https://pt-pt.khanacademy.org/math/statistics-probability/probability-library/basic-set-ops/v/intersection-and-union-of-sets https://pt-pt.khanacademy.org/math/statistics-probability/probability-library/basic-set-ops/v/intersection-and-union-of-sets https://pt-pt.khanacademy.org/math/statistics-probability/probability-library/basic-set-ops/v/intersection-and-union-of-sets https://pt-pt.khanacademy.org/math/statistics-probability/probability-library/basic-set-ops/v/intersection-and-union-of-sets Conjuntos e relações 21 Para isso, temos a seguinte notação: • n(A) = número de elementos do conjunto A • n(B) = número de elementos do conjunto B • n(A∪B) = número de elementos da união entre os conjuntos A e B Assim, podemos escrever: n(A∪B) = n(A) + n(B) – n(A∩B) Note que o número de elementos de um conjunto intersecção pode ser direta- mente deduzido da expressão. Assim: n(A∪B) = n(A) + n(B) – n(A∩B) n(A∩B) = n(A) + n(B) – n(A∪B) Pa ke t/ Sh ut te rs to ck Vamos analisar esse processo voltando ao nosso exemplo dos estudantes que farão vestibular. Exemplo 4 De uma turma de 50 alunos, sabemos que 17 farão vestibular para Medicina, 11 farão para Direito e 5 farão para Medicina e Direito. Quantos alunos farão vesti- bular apenas para Medicina? A Figura 10 representa o exemplo por meio do diagrama de Venn. Figura 10 Intersecção entre conjuntos U M D 17 – 5 50 11 – 5 5 Fonte: Elaborada pela autora. 22 Matemática Observe na Figura 10 que conhecemos o número de estudantes que prestarão vestibular para os dois cursos ao mesmo tempo. Nesse caso, precisamos subtraí- -los do total de alunos que prestará vestibular para Medicina e, também, subtrair do número total de alunos que prestará vestibular para Direito. A intersecção entre os conjuntos M e N é dada pelos 5 alunos que prestarão vestibular para ambos os cursos. Mas a pergunta do enunciado do exemplo é: quantos alunos prestarão vestibu- lar apenas para Medicina? Assim, precisamos exatamente daquela parte do conjunto onde não estão pre- sentes os alunos que prestarão vestibular para Direito (Figura 11). Figura 11 Apenas Medicina U M D 17 – 5 50 11 – 5 5 Fonte: Elaborada pela autora. Resposta: apenas 12 alunos farão vestibular só para Medicina. Percebemos que a teoria de conjuntos está muito presente em situações co- tidianas. Vamos ver uma situação que retrata conjuntos de profissões. Observe a imagem a seguir: Figura 12 Conjunto das áreas de atuação das profissões MOVELARIA DESIGN ENGENHARIA VEICULAR DESIGN DE MÓVEIS DESIGN DE VEÍCULOS ? VEÍC U LO S ES PE CI AI S Fonte: Hellmeister, 2011, p. 34. O conjunto mostrando a intersecção entre diferen- tes profissões, que traz a pergunta “qual seria a profissão que é uma inter- secção entre os conjuntos ‘movelaria’, ‘engenharia veicular’ e ‘design’?", foi apresentado na disserta- ção de mestrado de Victor Hellmeister, para obtenção de título na área de design. Você pode conferir a dissertação na íntegra acessando o link a seguir. Disponível em: https://acervodigital. ufpr.br/handle/1884/28443. Acesso em: 12 jan. 2021. Saiba mais https://acervodigital.ufpr.br/handle/1884/28443 https://acervodigital.ufpr.br/handle/1884/28443 Conjuntos e relações 23 Transformando essa imagem em uma estrutura matemática, percebemos que ela é semelhante à situação apresentada na figura a seguir. Desse modo, visuali- zamos na Figura 13 que a intersecção entre os três conjuntos (A, B e C) pode ser representada por A∩B∩C. Figura 13 Intersecção entre os conjuntos A, B e C U A C B A∩B A ∩B∩C A∩C B∩C Fonte: Elaborada pela autora. Mas, além disso, ainda temos uma área onde a intersecção está apenas entre os conjuntos A e B. A Figura 14 representa a intersecção entre os conjuntos A e B por meio do dia- grama de Venn. Figura 14 Intersecção entre A e B U A C B A∩B A ∩B∩C A∩C B∩C Fonte: Elaborada pela autora. Ainda, existe uma intersecção apenas entre os conjuntos B e C e outra intersecção apenas entre os conjuntos A e C. Essas estão representadas nas figuras a seguir por meio do diagrama de Venn. 24 Matemática U A C B A∩B A ∩B∩C A∩C B∩C Figura 15 Intersecção entre B e C Figura 16 Intersecção entre A e C Fonte: Elaborada pela autora. U A C B A∩B A ∩B∩C A∩C B∩C Fonte: Elaborada pela autora. É importante lembrar que quando a intersecção entre dois conjuntos é nula, ou seja, é um conjunto vazio, dizemos que esses conjuntos são disjuntos. 1.3.4 Diferença A diferença entre dois conjuntos A e B é definida assumindo-se os elementos que pertencem a A e não pertencem a B. A notação para essa operação é dada por A – B ou CB A . Podemos também representar essa operação por meio da expressão: A – B = {x | x ∈ A e x ∉ B} Onde x são os elementos. A figura a seguir representa a diferença entre os conjuntos A e B por meio do diagrama de Venn. Figura 17 Diferença entre A e B U A B A – B Fonte: Elaborada pela autora. Conjuntos e relações 25 A mesma ideia poderia ser aplicada se quiséssemos conhecer a diferença (B – A) entre os conjuntos A e B. Desse modo, teríamos como resposta os elementos que pertencem a B e não pertencem a A. 1.3.5 Complementar O complementar de dois conjuntos é obtido por meio de uma operação de dife- rença, como vimos anteriormente. Assim, se desejamos encontrar o complementar de A em U, fazemos U – A. A notação, nesse contexto, é dada por A =C =U AC U A − . Também é comum encon- trarmos a notação A . Nesse último caso, dizer que x ∈ A é o mesmo que dizer que x ∉ A. Portanto, temos uma operação conhecida por operação de negação – esse termo é recorrente em aplicações, como em circuitos lógicos e sistemas digitais. O diagrama de Venn a seguir representa o conjunto complementar de A em relação ao conjunto universo. Figura 18 Complementar de A em U: A U A�= C = C U A− A U U A�= C = AU A C− Fonte: Elaborada pela autora. Para representar o complementar de um conjunto B em relação ao conjunto universo, fazemos: B =U B=CC U B− Existe um conjunto de propriedades conhecidas por Leis de Morgan que nos auxilia na resolução de situações entre conjuntos que envolvam complementares. São elas: • A B = A B C C C�� � � • A B A B�� � �C C C= 1.3.6 Propriedades Nesta seção, trabalharemos algumas propriedades importantes da teoria de conjuntos. Qual conjunto é complementar do conjunto universo? Atividade 2 Para reforçar o conceito de conjunto universo e de complemento de um conjunto, assista ao vídeo Universo e complementar de um conjunto, da plataforma da Khan Academy, que traz exemplos justamente dessa teoria. Disponível em: https://pt-pt.khanaca- demy.org/math/statistics-probability/ probability-library/basic-set-ops/v/ universal-set-and-absolute-comple- ment. Acesso em: 30 nov. 2020. Vídeo https://pt-pt.khanacademy.org/math/statistics-probability/probability-library/basic-set-ops/v/universal-set-and-absolute-complement https://pt-pt.khanacademy.org/math/statistics-probability/probability-library/basic-set-ops/v/universal-set-and-absolute-complement https://pt-pt.khanacademy.org/math/statistics-probability/probability-library/basic-set-ops/v/universal-set-and-absolute-complement https://pt-pt.khanacademy.org/math/statistics-probability/probability-library/basic-set-ops/v/universal-set-and-absolute-complement https://pt-pt.khanacademy.org/math/statistics-probability/probability-library/basic-set-ops/v/universal-set-and-absolute-complement 26 Matemática • Transitividade Se A ⊂ B e B ⊂ C, então A ⊂ C. Demonstração: Se x ∈ A, então x ∈ B, porque A ⊂ B. Se x ∈ B, então x ∈ C, porque B ⊂ C. Logo, x ∈ A, x ∈ B e x ∈ C. Assim, temos que: Se x ∈ A, então x ∈ C. • Associatividade A∪(B∪C) = (A∪B)∪C A∩(B∩C) = (A∩B)∩C • Comutatividade A∩B = B∩A A∪B = B∪A • Distributividade A∩(B∪C) = (A∩B)∪(A∩C) A∪(B∩C) = (A∪B)∩(A∪C) A figura a seguir representa o passo a passo para a construção da proprieda- de distributiva A∩(B∪C) = (A∩B)∪(A∩C) por meio do diagrama de Venn. Figura 19 A∩(B∪C) = (A∩B)∪(A∩C) A A A AAA A B B B BBB C C C CCC A∩B A∩C A∩(B∪C) (A∩B)∪(A∩C) B∪C Fonte: Elaborada pela autora. Vimos que é possível representar as propriedades entre conjuntos por meio do diagrama de Venn. Que tal você tentar montar um esquema semelhante ao da Figura 19 para todas as propriedades? Já sugerimos vídeos da pla- taforma da Khan Academy e agora destinamos esse espaço para sugerir ativida- des que podem ser resolvi- das também na plataforma. Como nosso tema são as operações com conjuntos, indicamos as atividades disponíveis no link a seguir. Dessa forma, você poderá reforçar e fixar o conteúdo de maneira gamificada e divertida. Disponível em: https://pt-pt.khanaca- demy.org/math/statistics-probability/ probability-library/basic-set-ops/e/ basic_set_notation. Acesso em: 12 jan. 2021. Saiba mais https://pt-pt.khanacademy.org/math/statistics-probability/probability-library/basic-set-ops/e/basic_set_notation https://pt-pt.khanacademy.org/math/statistics-probability/probability-library/basic-set-ops/e/basic_set_notation https://pt-pt.khanacademy.org/math/statistics-probability/probability-library/basic-set-ops/e/basic_set_notation https://pt-pt.khanacademy.org/math/statistics-probability/probability-library/basic-set-ops/e/basic_set_notation Conjuntos e relações 27 1.4 Conjuntos numéricos Vídeo Um conjunto numérico é um conjunto composto de números. Mas que núme- ros são esses? A divisão dos conjuntos numéricos é realizada por meio de algumas caracterís- ticas importantes, como: se os números são inteiros, se os números são positivos etc. Temos uma divisão clássica na literatura, que pode ser observada na figura a seguir. Figura 20 Conjuntos numéricos Fonte: Elaborada pela autora. Podemos montar uma relação de inclusão utilizando o conceito de subconjun- tos numéricos. Assim, temos: N Z Q R C⊂ ⊂ ⊂ ⊂ I R⊂ Q I R� � Vamos analisar cada um desses conjuntos. Suprimimos apenas o conjunto dos números complexos (N Z Q R C⊂ ⊂ ⊂ ⊂ ) por se tratar de tema para outra obra. 1.4.1 Naturais Números naturais () são os elementos numéricos, inteiros e positivos de um conjunto. Entendemos que essa definição de conjunto natural se enquadra no conceito de sistema de numeração indo-arábico, o qual tem base decimal e caráter posicio- nal. Dessa forma, o valor de cada algarismo depende diretamente da posição que esse ocupa. = 0,1, 2, 3... � � 28 Matemática A seguir é apresentado um conjunto dos números naturais sem o elemento zero: * � �� �1 2 3, , , 1.4.2 InteirosNúmeros inteiros () são os elementos numéricos, inteiros, positivos e negati- vos de um conjunto. � � � � �� �, , , , , , 2 1 0 1 2 Exemplo 5 Defina A como sendo o conjunto dos números inteiros maiores do que 1 e me- nores do que ou iguais a 50. Sendo assim: A = {2, 3, 4, …, 50} Subconjuntos especiais dos inteiros: • Conjunto dos inteiros não nulos: * � � � � �� �, , , , ,2 1 1 2 • Conjunto dos inteiros não negativos: � � �� �0 1 2 3, , , , • Conjunto dos inteiros não positivos: � � � �� �= ..., 3, 2, 1, 0 • Conjunto dos inteiros positivos: � � �� �* 1 2 3, , , • Conjunto dos inteiros negativos: � � � � � �� �* , , ,3 2 1 Como é possível observar, o conjunto dos números naturais é um subconjunto dos números inteiros. 1.4.3 Racionais O conjunto dos números racionais ( ) é escrito como: Q Z�= p q �|�p�e�q�� �e�q�� 0 �.�� � � � � � � � Ou seja, sempre que conseguimos escrever um número em forma de fração (divisão de dois inteiros), estamos trabalhando com um número que pertence ao conjunto dos racionais. Conjuntos e relações 29 Dessa forma, dízimas periódicas pertencem ao conjunto dos racionais, pois po- dem ser escritas como fração. Exemplo 6 Seja o número decimal escrito como 2,321212, ele também pode ser escrito na forma 2 298 990 . . Os números racionais podem, ainda, seguir a notação com *, + e –, vista ante- riormente para o conjunto dos números inteiros. Assim: • * = conjunto dos números racionais sem o elemento zero • � � conjunto dos números racionais não negativos • � � conjunto dos números racionais não positivos • � � * � conjunto dos números racionais positivos • � � * � conjunto dos números racionais negativos Quando falamos de números racionais, estamos falando também de frações. Dessa forma, veremos alguns conceitos importantes que serão necessários para um completo entendimento desta e de outras disciplinas. • Frações equivalentes Sejam duas frações escritas como p q = a e r s = b. Onde p, q, r, s são números inteiros, com q, s ≠ 0 e a, b ∈ . As frações p q e r s serão equivalentes se a = b. Exemplo 7 As frações a seguir são equivalentes: 1 2 2 4 3 6 25 50 0 5= = = = , • Inverso de um número racional 30 Matemática O inverso de um número racional (fração) é a troca do numerador pelo denomi- nador e vice-versa, desde que o denominador seja diferente de zero. Exemplo 8 Sejam os números 2, 1 2 ,� 7,�−− −− 3 4 , seus inversos são respectivamente: 1 2 2 1 7 4 3 , , ,� � �− − Os números racionais podem estar expressos em formato de fração ou de nú- mero decimal. Na sequência, vamos entender essa relação. 1.4.3.1 Números decimais A representação decimal dos números racionais e irracionais está muito presen- te no nosso dia a dia. Na matemática financeira, por exemplo, trabalha-se muito mais com a repre- sentação decimal do que com as frações (percentuais, taxas de juros e o próprio valor do dinheiro). Calculadoras simples (não científicas) são facilmente utilizadas quando se co- nhece a representação decimal de determinada fração. Exemplo 9 Poderíamos ficar aqui dando muitos outros exemplos, mas vamos focar as ope- rações que podemos realizar com os números decimais e algumas propriedades importantes. • 1 2 0 5= , • � � � 7 2 3 5, • 6 7 0 857142� �, • 1 3 0 333� �, 1.4.4 Números irracionais Existem importantes números irracionais na história da Matemática e, para en- tendermos um pouco da estrutura de um número irracional, vamos tratar de um desses números. Conjuntos e relações 31 O número de ouro (φ) é derivado do que chamamos de razão áurea. Como o próprio nome remete, temos uma razão (fração) entre dois números (a e b), cujo resultado é um número com infinitas casas decimais não periódicas. Figura 21 Razão áurea Ko lo nk o/ Sh ut te rs to ck Portanto, daqui já podemos extrair uma definição: um número irracional é o re- sultado de uma razão entre dois valores que têm como resultado um número com infinitas casas decimais não periódicas. Exemplo 10 O número de ouro pode ser extraído da razão entre os termos de uma sequên- cia de Fibonacci 1 , dada por 1, 1, 2, 3, 5, 8, 13, … Assim: 13 8 8 5 5 3 1 618≈ ≈ ≈ , ... Figura 22 Sequência de Fibonacci M ic ro On e/ Sh ut te rs to ck Descrita no final do século XII pelo italiano Leonardo Fibonacci, é uma sequência infinita de números inteiros, na qual cada número subsequente correspon- de à soma dos dois anteriores. 1 O conjunto dos números irracio- nais é composto de elementos que são números reais, mas não são números racionais, ou seja, não podem ser escritos no formato de fração. Escreva pelo menos quatro exemplos de números irracionais. Atividade 3 32 Matemática 1.4.5 A reta real Quando trabalhamos com o conjunto dos números reais (I R⊂ ), podemos imagi- nar a representação por meio de uma reta. Temos um conjunto ordenado, ou seja, conseguimos identificar, quando comparamos dois a dois números dessa reta, quem é maior e quem é menor. Contudo, entre dois números reais, representados em uma reta, existem infinitos outros números. Exemplo 11 Entre os números 1 e 2 existem vários números reais, como: 1,01; 1,001; 1,0001; 1,1; 1,2; 1,5; 1,99; 1,999; 1,9999... Podemos chamar esse conceito de reta real. Observe a reta da figura a seguir. Figura 23 Reta real BaMic_illustrations/Shutterstock Observando a reta numérica, podemos entender as propriedades operatórias que representam o conjunto dos reais. Dessa forma, para todo a,�b,�c∈ , temos: • Propriedade comutativa da soma: a + b = b + a • Propriedade associativa da soma: a + (b + c) = (a + b) + c • Elemento neutro da soma: a + 0 = 0 + a = a • Elemento oposto da soma: –a + a = a + (–a) = 0 • Propriedade comutativa do produto: a · b = b · a • Propriedade associativa do produto: a · (b · c) = (a · b) · c • Elemento identidade (ou neutro) do produto: a · 1 = 1 · a = a • Elemento inverso: a 1 a = 1 a a = 1⋅ ⋅ • Distributiva do produto em relação à soma: a · (b + c) = a · b + a · c A aplicação da teoria de conjuntos é vista em diversas áreas do conhecimento, seja pela simples representação de conceitos por meio de conjuntos ou mesmo pela necessidade de operar esses conjuntos. Um tema muito interessante que usa diretamente essa teoria são os sistemas digitais. Para ver de perto esse tipo de aplicação, acesse os links indicados a seguir. Organização estruturada de computador: nível da lógica digital. Disponível em: http://www.dpi.inpe. br/~carlos/Academicos/Cursos/ ArqComp/aula_5bn1.html. Acesso em: 12 jan. 2021. Apostila de teoria para circuitos digitais. Disponível em: http://www.telecom. uff.br/~delavega/public/CircDig/ apostila_teo_cd.pdf. Acesso em: 12 jan. 2021. Saiba mais http://www.dpi.inpe.br/~carlos/Academicos/Cursos/ArqComp/aula_5bn1.html http://www.dpi.inpe.br/~carlos/Academicos/Cursos/ArqComp/aula_5bn1.html http://www.dpi.inpe.br/~carlos/Academicos/Cursos/ArqComp/aula_5bn1.html http://www.telecom.uff.br/~delavega/public/CircDig/apostila_teo_cd.pdf http://www.telecom.uff.br/~delavega/public/CircDig/apostila_teo_cd.pdf http://www.telecom.uff.br/~delavega/public/CircDig/apostila_teo_cd.pdf Conjuntos e relações 33 Note que o número zero não possui inverso multiplicativo, pois não existe solução para 1 0 . Pa ke t/ Sh ut te rs to ck Perceba que o conjunto dos números reais engloba todos os outros conjuntos que trabalhamos. Além disso, a maior parte dos problemas do nosso dia a dia en- volvem elementos do conjunto dos números reais. CONSIDERAÇÕES FINAIS Falamos da importância da teoria de conjuntos na introdução e agora podemos fechar com maior propriedade, pois passamos não só pela teoria, como também por exemplos teóricos e aplicados. Reforçando o que já trouxemos, a teoria de conjuntos está presente direta ou in- diretamente em outras áreas da matemática. Por isso, acreditamos que, mesmo que você já entenda bastante o conceito e não sintadificuldades em desenvolver as rela- ções entre conjuntos, é importante reler, refazer exemplos e aplicar a teoria por meio de exercícios, visto que esse tema será base não só para conceitos deste capítulo, como também para qualquer outro conceito matemático (e de muitas outras áreas da ciência) que você queira aprender. REFERÊNCIAS HELLMEISTER, V. Estudo comparativo de sistema construtivo de móveis para aplicação veicular. 2011. Dissertação (Mestrado em Design) – Programa de Pós-Graduação em Design, Universidade Federal do Paraná, Curitiba. Disponível em: https://acervodigital.ufpr.br/bitstream/handle/1884/28443/R%20-%20 D%20-%20VICTOR%20HELLMEISTER.pdf?sequence=1&isAllowed=y. Acesso em: 12 jan. 2021. GABARITO 1. Vimos que temos algumas formas de representação e vamos escolher a mais clássica para esse tipo de pergunta. Assim, um número par pode ser representado por (2 · n), onde n = 1, 2, ..., pois sabemos que um número par tem como característica ser divisível por 2 (ou múltiplo de 2). Portanto, um con- junto de números pares positivos pode ser escrito como: A = {2n|n = 1, 2, ...} A = {2, 4, 6, ...} 2. Por definição, o complementar do conjunto universo, representado por UC, é o conjunto vazio (∅). Logo, UC � � . Com a mesma ideia, temos que o complementar do conjunto vazio é o conjunto universo, ∅C = U . https://acervodigital.ufpr.br/bitstream/handle/1884/28443/R%20-%20D%20-%20VICTOR%20HELLMEISTER.pdf?sequence=1&isAllowed=y https://acervodigital.ufpr.br/bitstream/handle/1884/28443/R%20-%20D%20-%20VICTOR%20HELLMEISTER.pdf?sequence=1&isAllowed=y 34 Matemática 3. Alguns irracionais famosos são: • O número pi: �= 3,14� • A constante de Euler, ou constante de Neper: e=2,7182... • A relação entre os termos da sequência de Fibonacci, ou número de ouro: φ = 1,61803399... • As raízes quadradas de números primos: 2 1 4142 3 1 732 5 2 236 7 2 645� � � � � � � � �, ;� , ;� , ;� , �; � Aritmética elementar 35 2 Aritmética elementar As operações de potenciação e radiciação são comumente encontra- das no nosso cotidiano, seja por meio de análises financeiras ou pela sim- ples necessidade de realizarmos multiplicações com repetição. Na matemática financeira, por exemplo, precisamos dessas duas operações quando realizamos cálculos que envolvam juros compostos, funções exponenciais, entre outros. Nesse contexto, ainda podemos incluir o uso dos logaritmos, que fazem o papel inverso das operações exponenciais. Além de questões financeiras, na notação científica, a potenciação e, consequentemente, sua operação inversa, a radiciação, são fundamentais, possibilitando representações adequadas e simplificadas para estudos em todas as áreas (exatas, humanas, sociais, tecnológicas etc.). A esse ce- nário podemos incluir os sistemas de medidas, inevitáveis na maior parte das análises quantitativas. Ao tratar dos sistemas de medidas, novamente voltamos nossa necessidade ao conhecimento adequado das operações e propriedades de potenciação. Portanto, este capítulo nos dará base para trabalhar com esses exem- plos e muitos outros que utilizem operações de potenciação, radiciação, logaritmos, notação científica e sistemas de medidas. 2.1 Potenciação e radiciação Vídeo Nesta seção, vamos relembrar as operações de potenciação e radiciação e suas principais propriedades aplicadas ao conjunto dos números reais. 2.1.1 Potência de expoente natural Usamos como referência para as definições do capítulo as obras de Dante (2011) e Paiva (2009). Outros materiais serão indicados ao longo do texto. Uma potência de grau n ∈ ℕ de um número a é o produto de n fatores iguais a a. an = (a · a · a · a ··· a) (n vezes) Nesse caso, a é a base da potência e n é o expoente da potência, que determina seu grau. 36 Matemática Exemplo 1 Calculando as potências a seguir, temos: 83 = 8 · 8 · 8 = 512 (–1)2 = (–1) · ( –1) = +1 Portanto, uma potência de expoente natural pode ser interpretada como uma multiplicação repetida n vezes. 2.1.2 Potência de expoente inteiro negativo Considere uma base a, com a ≠ 0, elevada a um expoente negativo. O resultado dessa operação será o inverso de a elevado ao mesmo expoente com o sinal positivo. a = 1 a n n � � � � � � � Exemplo 2 Calculando as potências e frações a seguir, temos: • 5 1 5 1 5 1 1 � � � � � � � � � • 2 3 3 2 9 4 2 2 � � � � � � � � � � � � � � � • 1 8 1 2 2 3 3� � � Observe que o sinal do expoente não altera o sinal resultante para a potência. O sinal do expoente gera uma inversão na base. 2.1.3 Operações com potências Nesta seção, iremos trabalhar algumas operações, mas para isso precisamos estar com suas definições bem internalizadas. 2.1.3.1 Multiplicação de potências de mesma base Repetimos a base e somamos os expoentes. am · an = am+n Aritmética elementar 37 Exemplo 3 Fazendo o seguinte cálculo, temos: 52 · 5–4 = 5(2+(–4)) = 5–2 2.1.3.2 Divisão de potências de mesma base Repetimos a base e subtraímos os expoentes. a a = a m n m n− Exemplo 4 Fazendo os cálculos a seguir, temos: • 5 5 5 5 5 2 4 2 4 2 4 6 � � �� �� � �� � � 2.1.3.3 Expoente nulo Seja uma potência de base diferente de zero, com expoente igual a zero. O re- sultado dessa operação é igual à unidade. Exemplo 5 Fazendo os cálculos a seguir, temos: • 50 = 1 • (–4)0 = 1 • 1 5 1 0 � � � � � � � 38 Matemática Cuidado! 00 é uma indeterminação matemática. Pa ke t/ Sh ut te rs to ck 2.1.3.4 Multiplicação de potências de mesmo grau Multiplicamos as bases e conservamos o expoente comum. an · bn = (a · b)n Exemplo 6 Fazendo os cálculos a seguir, temos: • 32 · 72 = (3 · 7)2 = (21)2 = 441 • 1 5 1 3 1 5 1 3 1 15 15 3 375 3 3 3 3 3� � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � . 2.1.3.5 Divisão de potências de mesmo grau Dividimos as bases e conservamos o expoente comum. a b = a b n n n � � � � � � Exemplo 7 Fazendo o cálculo a seguir, temos: • 15 5 15 5 3 27 3 3 3 3 � � � � � � � � � � � 2.1.3.6 Potência de potência Elevamos a base ao produto dos expoentes. (an)m = an · m Aritmética elementar 39 Exemplo 8 Fazendo os cálculos a seguir, temos: • (22)3 = 26 = 64 • 1 2 1 2 2 64 2 3 1 6 6� � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � �� Cuidado! (22)3 ≠ 223 Pa ke t/ Sh ut te rs to ck No primeiro caso, temos a resposta no exemplo. Já no segundo caso, temos que realizar a potência da potência. Assim, teremos 223 = 28 = 256. 2.1.4 Raiz enésima aritmética Da mesma forma que conseguimos calcular a raiz quadrada de um número, po- demos pensar em uma generalização para que possamos calcular uma raiz enésima. Ao calcularmos 9 , estamos procurando um número, inteiro positivo, de modo que ele vezes ele mesmo, isto é, ele ao quadrado, seja igual a 9. Nesse caso, temos 3 · 3 = 9, logo 9 3= . A raiz enésima de um número qualquer b ∈ ℝ, com n ∈ ℝ, pode ser expressa por: a = bn Onde: n: índice b: radicando a: raiz Portanto, precisamos encontrar um número a que n vezes ele mesmo será igual ao valor b. Como sugestão de ativi- dade de fixação, indicamos o material disponibilizado pela plataforma da Khan Academy. Com ele, você poderá reforçar os concei- tos vistos até o momento por meio de atividades. Disponível em: https://pt.khana- cademy.org/math/pre-algebra/ pre-algebra-exponents-radicals/ pre-algebra-exponent-properties/a/ exponent-properties-review. Acesso em: 12 jan. 2021. Para auxiliar nesse desafio, indicamos também o vídeo Propriedades da potência com parênteses, da mesma plataforma. Disponível em: https://pt.khana- cademy.org/math/pre-algebra/ pre-algebra-exponents-radicals/ pre-algebra-exponent-properties/v/ products-and-exponents-raised-to- -an-exponent-properties. Acesso em: 12 jan. 2021. Saiba mais https://pt.khanacademy.org/math/pre-algebra/pre-algebra-exponents-radicals/pre-algebra-exponent-properties/a/exponent-properties-review https://pt.khanacademy.org/math/pre-algebra/pre-algebra-exponents-radicals/pre-algebra-exponent-properties/a/exponent-properties-reviewhttps://pt.khanacademy.org/math/pre-algebra/pre-algebra-exponents-radicals/pre-algebra-exponent-properties/a/exponent-properties-review https://pt.khanacademy.org/math/pre-algebra/pre-algebra-exponents-radicals/pre-algebra-exponent-properties/a/exponent-properties-review https://pt.khanacademy.org/math/pre-algebra/pre-algebra-exponents-radicals/pre-algebra-exponent-properties/a/exponent-properties-review https://pt.khanacademy.org/math/pre-algebra/pre-algebra-exponents-radicals/pre-algebra-exponent-properties/v/products-and-exponents-raised-to-an-exponent-properties https://pt.khanacademy.org/math/pre-algebra/pre-algebra-exponents-radicals/pre-algebra-exponent-properties/v/products-and-exponents-raised-to-an-exponent-properties https://pt.khanacademy.org/math/pre-algebra/pre-algebra-exponents-radicals/pre-algebra-exponent-properties/v/products-and-exponents-raised-to-an-exponent-properties https://pt.khanacademy.org/math/pre-algebra/pre-algebra-exponents-radicals/pre-algebra-exponent-properties/v/products-and-exponents-raised-to-an-exponent-properties https://pt.khanacademy.org/math/pre-algebra/pre-algebra-exponents-radicals/pre-algebra-exponent-properties/v/products-and-exponents-raised-to-an-exponent-properties https://pt.khanacademy.org/math/pre-algebra/pre-algebra-exponents-radicals/pre-algebra-exponent-properties/v/products-and-exponents-raised-to-an-exponent-properties 40 Matemática Vamos exemplificar. Exemplo 9 Fazendo os cálculos a seguir, temos: • 64 4 4 4 43 3 � � � � • 243 3 3 3 3 3 35 5� � � � � � • � � �� � � �� � � �� � � �1 1 1 1 13 3 • � �14 Como percebemos no Exemplo 9, é necessário verificar algumas condições para que o resultado a = bn seja possível. Assim, se n é par, b precisa ser um valor positivo; caso contrário, a solução não pertencerá ao conjunto dos números reais. 2.1.5 Relação entre potenciação e radiciação Seja a, b, n ∈ ℝ, então: a = bn se e somente se an = b Onde: n: índice b: radicando a: raiz n: expoente b: potência a: base Exemplo 10 Seja a3 = 64, calcule o valor de a: A primeira propriedade apresentada para a potenciação e radiciação nos permi- te relacionar essas duas operações. Assim: a = 64 a = 643 3↔ Resposta: a = 4 O canal da Professora Angela Matemática dis- ponibiliza diversos vídeos na área de matemática, com a intenção de ajudar os alunos a se preparem para vestibulares, Enem e concursos. Para o tema radiciação, ela propõe uma aula cheia de exemplos, intitulada Propriedades dos radicais – Professora Angela. Disponível em: https://www.youtube. com/watch?v=XNIgElPK2qM. Acesso em: 12 jan. 2021. Vídeo https://www.youtube.com/watch?v=XNIgElPK2qM https://www.youtube.com/watch?v=XNIgElPK2qM Aritmética elementar 41 2.1.6 Potência de expoente racional Seja a, m, n ∈ ℝ, onde a é uma base, temos: a = a m n mn , se m n > 0 ou a = 1 a m n mn , se m n < 0 Dessa forma, conseguimos utilizar todas as definições vistas na potenciação também na radiciação. É importante observar que, mesmo tendo a definição como válida para todos os números reais, temos que tomar alguns cuidados com o índice que compõe o radical (n) e com a base (radicando). Vamos usar o seguinte exemplo para enunciar algumas propriedades da radiciação. Seja a = b b = amn m n⇔ , com n ≥ 2, então: • |a| = a2 • a b = a bn n n⋅ ⋅ • a = amn n m� � • a = ann • a = am p n p mn⋅⋅ • a b = a b n n n • a = a n p mn m p • a = akn m kmn� � � � � � • a = anm m n⋅ Como leitura complementar a esta seção, sugerimos o artigo intitulado Uso de materiais concretos para o ensino de potenciação, de Carlos Adriano da Costa Gomes, Flávio de Ligório Silva e Marcelo Simplício de Lyra. Nele é possível compreender outras maneiras de interpretar o conceito de potenciação por meio de objetos concretos. Acesso em: 12 jan. 2021. http://www.sbembrasil.org.br/enem2016/anais/pdf/4696_4123_ID.pdf Artigo Temos muitas propriedades, é bem verdade, mas precisamos lembrar que sem- pre é possível transformar uma radiciação em uma potência, caso você se sinta mais confortável. Exemplo 11 Fazendo o cálculo a seguir, temos: 4 36 4 36 4 36 4 36 2 6 1 3 4 8 14 2 4 2� � � � � � � � � � � � � � � � � � �� 42 Matemática 2.2 Racionalização de denominadores Vídeo A racionalização de denominadores é um procedimento que auxilia na simplifi- cação de frações e, em muitos casos, nos processos operacionais necessários para resolver algumas situações-problema. Ao se racionalizar denominadores, o que se consegue é a transformação de um denominador composto por um número irracional em um denominador composto por um número racional. Exemplo 12 Considere a fração 2 3 . Podemos racionalizá-la, ou seja, transformar seu deno- minador em um número racional da seguinte forma: 2 3 2 3 3 3 2 3 9 2 3 3 � � � �� � � �� � � � � � 3 3 � � Observe que, ao multiplicarmos a fração 2 3 por 3 3 , não alteramos o seu valor final, pois: 3 3 1= Caso tenha curiosidade, use a calculadora para verificar a igualdade: 2 3 2 3 3 = Veremos algumas maneiras e casos especiais de racionalização de denominadores. 2.2.1 Racionalização baseada nas propriedades de potências e raízes Existem alguns métodos de racionalização. Os dois primeiros que iremos apre- sentar estão baseados nas propriedades de potências e raízes. Dessa forma, é mui- to importante que a manipulação das propriedades esteja bem fixada. 2.2.1.1 Racionalização de denominadores compostos por uma raiz quadrada Seja um número representado pela fração 1 a , com a > 0. Quando fazemos uma raciona- lização, alteramos o valor final da fração que foi racionalizada? Discorra sobre isso. Atividade 1 Aritmética elementar 43 Observe que o denominador dessa fração apresenta uma raiz quadrada. Para racionalizar esse denominador, fazemos: 1 a a a = a a a = a a = a a2 � � � � � � É fácil verificar que a escolha de racionalizar usando a fração a a deve-se ao resultado que obtemos ao fazermos: a a = a = a Fator�racionalizante 2 � � � Exemplo 13 Fazendo os cálculos a seguir, temos: • 10 10 10 10 100 10 10 10 10= = = � • 3 5 3 5 5 5 3 5 5 5 3 5 5� � � � � � 2.2.1.2 Racionalização de denominadores compostos por uma raiz não quadrada Para esse método, vamos assumir que a fração que será racionalizada possui denominador da forma apn . Para racionalizar esse denominador, precisamos multiplicar por � an pn �� � � � � � , pois, desse modo, o denominador ficará a a = a apn n pn p n pn� � � � � � � � � � � � � � � . Aplicando as propriedades de potência (produto de mesma base), temos: a = ap+n pn nn− Agora, aplicando a relação entre potência e raiz, escrevemos: a = a = a n n 1 O que acontece com o numerador é consequência da escolha feita para raciona- lizar o denominador. Assim, seja 1 apn , então: 1 a a a = a apn n pn n pn Fator�racionalizante n pn � � � � ��� 44 Matemática Exemplo 14 Fazendo os cálculos a seguir, temos: • 2 2 2 2 2 2 2 4 2 2 2 4 2 2 4 2 4 3 3 23 23 3 23 3 33 3 3� � � � � � � � � • 3 5 3 5 5 5 3 5 5 5 3 125 5 3 125 525 25 5 25 5 25 25 35 35 5 2 35 5 � � � � � � � � � Portanto, a racionalização é uma ferramenta que usa dos conceitos de poten- ciação e radiciação para simplificar denominadores. Vamos ver mais alguns casos. 2.2.2 Racionalização baseada em relações Ao falar em racionalização baseada em relações, o que precisamos para conse- guir manipular nossas frações são algumas relações de produtos notáveis e fatora- ção. Vamos entender a seguir. 2.2.2.1 Denominador composto por soma ou subtração entre raízes quadradas Para esse método, vamos assumir que o denominador é composto por uma adição ou subtração entre raízes quadradas. Desse modo, considere um denominador do tipo a + b� �. Nesse caso, o fator racionalizante é dado por a b�� � . Portanto, seja uma fração da forma: 1 a + b � = 1 a + b � a b a b= a b a b� � � � � � � � � � �� � � � Agora, seja um denominador do tipo a b�� �. O fator racionalizante para esse caso será dado por a + b� �. Assim: 1 a b = 1 a b a + b � a + b � = a + b � a b� � �� � � � � � � � � � � Pareceu muito difícil? Vamos trabalhar alguns exemplos numéricos para escla- recer esses dois casos gerais. Aritmética elementar 45 Exemplo 15 Fazendo os cálculos a seguir, obtemos: • 1 1 3 1 1 3 1 3 1 3 1 3 1 3 1 3 2� � � � � � � �� � � � � �� � �� � � �� • 1 2 3 1 2 3 2 3 2 3 2 3 2 3 2 3 1 3 2 � � � � � � � � � � � �� � � � • 1 1 3 1 1 3 1 3 1 3 1 3 1 3 1 3 2� � � � � � � � � � � �� � �� � � �� ( ) • 1 2 3 1 2 3 2 3 2 3 2 3 2 3 2 3 1 3 2 � � � � � � � � � � � �� � � � � 2.2.2.2 Denominador composto por soma ou subtração entre raízes cúbicas Para esse método, vamos assumir que o denominador é composto por uma adição ou subtração entre raízes cúbicas. Para sua correta racionalização, é necessário que lembremos as propriedades de fatoração para: • (a3 – b3) = (a – b)(a2 + ab + b2) • (a3 + b3) = (a + b)(a2 – ab + b2) Considere uma fração da seguinte forma: 1 a b3 3− Nesse caso, é necessário racionalizar o denominador utilizando (a3 – b3) = (a – b)(a2 + ab + b2) Assim: 46 Matemática 1 a b = 1 a b a + ab + b a + ab + b = a + ab + b 3 3 3 3 23 3 23 23 3 23 23 3 � � � � � � � � � � � � � � � 223 33 33 23 3 23 a b = a + ab + b a b � � � � � � � � � � � � � � Exemplo 16 Fazendo os cálculos a seguir, temos: • 1 2 2 1 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 43 3 23 3 2 23 3 2 23 3 2 � � � � � �� � � � � � � �� � � � � � � � � � �� � � � � � � �� � �� � � �� 4 2 2 4 2 4 2 2 4 2 3 3 3 3 • 1 2 3 1 2 3 2 6 3 2 6 3 4 6 9 2 33 3 3 3 23 3 23 23 3 23 3 3 3 � � � � � �� � � � � � � �� � � � � � � � � � �� � � �� �4 6 93 3 3 Desse modo, o que precisamos, para qualquer um dos métodos enunciados, é procurar uma forma de eliminar a raiz do denominador sem alterar a fração. 2.3 Notação científica Vídeo Uma notação científica depende do conhecimento do conceito de potências de base 10. Esse tipo de potência é adotado para abreviar múltiplos de dez. Exemplo 17 Fazendo os cálculos a seguir, temos: • 109 = 10 · 10 · 10 · 10 · 10 · 10 · 10 · 10 · 10 = 1.000.000.000 • (–10)2 = (–10) · ( –10) = 100. É importante nos lembrarmos dos sinais! • 0 1 1 10 1 1 000 0 0013 3 , . ,� � � � � • 10 1 10 1 1 000 000 000 9 9 � � � . . . A notação científica, ou notação em forma exponencial, é utilizada para que possamos reduzir a maneira como um número muito grande – por exemplo, a massa da Via Láctea – ou um número muito pequeno – como a massa de um pró- ton – é denotado. Portanto, escrever em notação científica é converter esse número de modo que sua apresentação esteja simplificada. Assista ao vídeo Racio- nalização de denomina- dores – Professora Angela, publicado pelo canal da própria professora. Nele, a docente resolve vários exercícios que podem ser refeitos para fixação do conteúdo. Disponível em: https://www.youtube. com/watch?v=9CfzJ-LWytM. Acesso em: 12 jan. 2021. Vídeo No vídeo Introdução à notação científica, da plata- forma da Khan Academy, é possível observar muitos exemplos usando os conceitos apresentados nesta seção. Disponível em: https://pt.khana- cademy.org/math/pre-algebra/ pre-algebra-exponents-radicals/ pre-algebra-scientific-notation/v/ scientific-notation-old. Acesso em: 12 jan. 2021. Para praticar, a plataforma disponibiliza uma lista de exercícios on-line que pode ser acessada no link a seguir. Disponível em: https://pt.khana- cademy.org/math/pre-algebra/ pre-algebra-exponents-radicals/ pre-algebra-scientific-notation/e/ scientific_notation. Acesso em: 12 jan. 2021. Saiba mais https://www.youtube.com/watch?v=9CfzJ-LWytM https://www.youtube.com/watch?v=9CfzJ-LWytM https://pt.khanacademy.org/math/pre-algebra/pre-algebra-exponents-radicals/pre-algebra-scientific-notation/v/scientific-notation-old https://pt.khanacademy.org/math/pre-algebra/pre-algebra-exponents-radicals/pre-algebra-scientific-notation/v/scientific-notation-old https://pt.khanacademy.org/math/pre-algebra/pre-algebra-exponents-radicals/pre-algebra-scientific-notation/v/scientific-notation-old https://pt.khanacademy.org/math/pre-algebra/pre-algebra-exponents-radicals/pre-algebra-scientific-notation/v/scientific-notation-old https://pt.khanacademy.org/math/pre-algebra/pre-algebra-exponents-radicals/pre-algebra-scientific-notation/v/scientific-notation-old https://pt.khanacademy.org/math/pre-algebra/pre-algebra-exponents-radicals/pre-algebra-scientific-notation/e/scientific_notation https://pt.khanacademy.org/math/pre-algebra/pre-algebra-exponents-radicals/pre-algebra-scientific-notation/e/scientific_notation https://pt.khanacademy.org/math/pre-algebra/pre-algebra-exponents-radicals/pre-algebra-scientific-notation/e/scientific_notation https://pt.khanacademy.org/math/pre-algebra/pre-algebra-exponents-radicals/pre-algebra-scientific-notation/e/scientific_notation https://pt.khanacademy.org/math/pre-algebra/pre-algebra-exponents-radicals/pre-algebra-scientific-notation/e/scientific_notation Aritmética elementar 47 Assim, utilizando a notação científica, podemos escrever: • 1.000.000.000 = 1 · 109 • 0,0000000001 = 1 · 10–9 • 0,273 = 2,73 · 10–1 • 27,3 = 2,73 · 10 De maneira geral: a · 10n, com 1 ≤ a < 10 A massa da Via Láctea é de 1 · 1041 kg. A massa de um elétron em repouso é de 9,109389 · 10–31 kg. A notação científica pode ser encontrada nos livros de física, biologia, química e matemática e é usada para comparar ordens de grandeza. Uma ordem de grande- za fornece uma ideia aproximada da dimensão de um objeto, sendo representada pela potência de 10 mais próxima da ordem do objeto. Figura 1 Prefixos e nomenclatura usando potência de 10 T (Tera) 1012 G (Giga) 109 M (Mega) 106 K (Quilo) 103 m (Mili) 10–3 μ (Micro) 10–6 n (Nano) 10–9 p (Pico) 10–12 Fonte: Elaborada pela autora. NA SA /W ik im ed ia C om m on s Ol eh S ve tiu kh a/ Sh ut te rs to ck Ainda, no contexto da notação científica, é possível exercitar o uso de operações com esse tipo de notação. Para esse fim, sugerimos o material a seguir da plataforma da Khan Academy. Com ele, você pode não só resolver exercícios, mas também verificar seus erros e acer- tos e praticar até que não restem mais dúvidas. Disponível em: https://pt.khana- cademy.org/math/pre-algebra/ pre-algebra-exponents-radicals/ pre-algebra-computing-scientific- -notation/e/multiplying_and_divi- ding_scientific_notation. Acesso em: 12 jan. 2021. Para auxiliar nessa tarefa, sugerimos o vídeo intitu- lado Multiplicação e divisão em notação científica, da mesma plataforma. Disponível em: https://pt.khana- cademy.org/math/pre-algebra/ pre-algebra-exponents-radicals/ pre-algebra-computing-scientific- -notation/v/multiplying-and-dividin- g-in-scientific-notation. Acesso em: 12 jan. 2021. Saiba mais https://pt.khanacademy.org/math/pre-algebra/pre-algebra-exponents-radicals/pre-algebra-computing-scientific-notation/e/multiplying_and_dividing_scientific_notation https://pt.khanacademy.org/math/pre-algebra/pre-algebra-exponents-radicals/pre-algebra-computing-scientific-notation/e/multiplying_and_dividing_scientific_notation https://pt.khanacademy.org/math/pre-algebra/pre-algebra-exponents-radicals/pre-algebra-computing-scientific-notation/e/multiplying_and_dividing_scientific_notation https://pt.khanacademy.org/math/pre-algebra/pre-algebra-exponents-radicals/pre-algebra-computing-scientific-notation/e/multiplying_and_dividing_scientific_notation https://pt.khanacademy.org/math/pre-algebra/pre-algebra-exponents-radicals/pre-algebra-computing-scientific-notation/e/multiplying_and_dividing_scientific_notation https://pt.khanacademy.org/math/pre-algebra/pre-algebra-exponents-radicals/pre-algebra-computing-scientific-notation/e/multiplying_and_dividing_scientific_notationhttps://pt.khanacademy.org/math/pre-algebra/pre-algebra-exponents-radicals/pre-algebra-computing-scientific-notation/v/multiplying-and-dividing-in-scientific-notation https://pt.khanacademy.org/math/pre-algebra/pre-algebra-exponents-radicals/pre-algebra-computing-scientific-notation/v/multiplying-and-dividing-in-scientific-notation https://pt.khanacademy.org/math/pre-algebra/pre-algebra-exponents-radicals/pre-algebra-computing-scientific-notation/v/multiplying-and-dividing-in-scientific-notation https://pt.khanacademy.org/math/pre-algebra/pre-algebra-exponents-radicals/pre-algebra-computing-scientific-notation/v/multiplying-and-dividing-in-scientific-notation https://pt.khanacademy.org/math/pre-algebra/pre-algebra-exponents-radicals/pre-algebra-computing-scientific-notation/v/multiplying-and-dividing-in-scientific-notation https://pt.khanacademy.org/math/pre-algebra/pre-algebra-exponents-radicals/pre-algebra-computing-scientific-notation/v/multiplying-and-dividing-in-scientific-notation 48 Matemática A notação científica também é encontrada nas linguagens de programação. Por exemplo: • Python: 1,2 · 103 = 1.2e3 • Fortran: 1,2 · 103 = 1.2E3 Observe que na linguagem de programação Python, ao invés de representar- mos a notação científica utilizando a base 10, ela é substituída pela letra e. Contu- do, isso é uma questão apenas de representação, pois usar e facilita a legibilidade da comunicação textual, minimiza as teclas digitadas, fornece uma exibição concisa e mais simples, entre outras questões. Além disso, é possível encontrar nas lin- guagens de programação a base decimal sendo representada pelo E maiúsculo, como pode ser observado na linguagem Fortran. Outros exemplos de linguagens de programação que seguem o mesmo padrão são: ALGOL, Ada, Analytica, C/C ++, MATLAB, Scilab, Perl, Java, Lua e JavaScript. 2.4 Sistemas de medidas Vídeo A necessidade de padronizar, que remete ao desenvolvimento do ser humano desde épocas mais remotas, fez com que convergíssemos para o que hoje chama- mos de sistema de medidas padrão. Assim, o sistema internacional de unidades (SI) define: Figura 2 Medidas padrão de acordo com o SI K Kelvin (temperatura) m metro (comprimento) A ampère (corrente elétrica) s segundo (tempo) mol mol (quantidade de matéria) kg quilograma (massa) cd candela (intensidade luminosa) Fonte: Elaborada pela autora com base em Thompson e Taylor, 2008. Entre essas medidas, vamos aprofundar aquelas que mais usamos no nosso dia a dia. Desse modo, falaremos das unidades de comprimento (m), de massa (kg) e de tempo (s). Acompanhadas a elas, também apresentaremos a unidade de medida de área (que usa como padrão m2) e a unidade de medida de volume (m3). https://pt.qwe.wiki/wiki/Ada_(programming_language) https://pt.qwe.wiki/wiki/Analytica_(software) https://pt.qwe.wiki/wiki/C_(programming_language) https://pt.qwe.wiki/wiki/C%2B%2B https://pt.qwe.wiki/wiki/MATLAB https://pt.qwe.wiki/wiki/Scilab https://pt.qwe.wiki/wiki/Perl https://pt.qwe.wiki/wiki/Java_(programming_language) https://pt.qwe.wiki/wiki/Lua_(programming_language) https://pt.qwe.wiki/wiki/JavaScript Aritmética elementar 49 2.4.1 Medida padrão de comprimento A medida padrão de comprimento é o metro (m). As medidas que o antecedem e que o precedem estão representadas na figura a seguir. Figura 3 Unidades de comprimento km quilômetro hm hectômetro dam decâmetro m metro dm decímetro cm centímetro mm milímetro Fonte: Elaborada pela autora. Para realizar a conversão, devemos multiplicar (ou dividir) por 10 (Figura 4). Figura 4 Conversão de unidades de comprimento km hm dam m dm cm mm x 10 x 10 x 10 x 10 x 10 x 10 ÷ 10 ÷ 10 ÷ 10 ÷ 10 ÷ 10 ÷ 10 Fonte: Elaborada pela autora. Decâmetro, hectômetro e quilômetro são múltiplos do metro: • dam → equivale a 10 vezes a grandeza padrão m • hm → equivale a 100 vezes a grandeza padrão m • km → equivale a 1.000 vezes a grandeza padrão m Decímetro, centímetro e milímetro são submúltiplos do metro: • dm → equivale a 0,1 vezes a grandeza padrão m • cm → equivale a 0,01 vezes a grandeza padrão m • mm → equivale a 0,001 vezes a grandeza padrão m 50 Matemática Outras medidas de comprimento são: 1 polegada (in) = 2,54 cm 1 pé (ft) = 30,48 cm 1 jarda (yd) = 91,44 cm 1 milha terrestre = 1.609 m 1 milha marítima = 1.852 m 1 ano-luz = 9,5 · 1012 m 2.4.1.1 Medida padrão de superfície ou área A medida padrão de superfície ou área é a medida em metros quadrados (m2). Consideramos uma unidade derivada do metro. Para realizar a conversão, devemos multiplicar (ou dividir) por 100 (Figura 5). Figura 5 Unidades de área x 100 ÷ 100 km2 hm2 dam2 m2 dm2 cm2 mm2 Fonte: Elaborada pela autora. Exemplo 18 Fazendo os cálculos a seguir, temos: • 4 m2 = 40.000 cm2 • 1 dam2 = 100 m2 • 1 m2 = 0,01 dam2 O are é uma medida de área deri- vada da medida padrão (metro). Um are é calculado usando a área de um quadrado de 10 metros de lado. Dessa forma, quantos metros quadrados tem um are? Atividade 2 Aritmética elementar 51 2.4.1.2 Medida padrão de volume ou capacidade A medida de volume padrão é o metro cúbico (m3), derivado do metro. Para realizar a conversão, devemos multiplicar (ou dividir) por 1.000 (Figura 6). Figura 6 Unidades de volume x 1.000 ÷ 1.000 km3 hm3 dam3 m3 dm3 cm3 mm3 Fonte: Elaborada pela autora. Exemplo 19 Fazendo os cálculos a seguir, temos: • 4 m3 = 400.000 cm3 • 1 dam3 = 1.000 m3 • 1 m3 = 0,001 dam3 Algumas unidades de medida são aceitas pelo SI por serem muito utilizadas no dia a dia das pessoas. Entre elas, estão inclusos o litro (L), os graus – quando se trata de ângulos (º) – e a massa em toneladas (t). Curiosidade: •1 dm3 = 1 L (1 litro) •1 m3 = 1.000 L (1.000 litros) Pa ke t/ Sh ut te rs to ck 2.4.2 Medida padrão de massa A medida padrão de massa é o quilograma (kg). As medidas que o antecedem e o sucedem estão descritas na Figura 7. 52 Matemática Figura 7 Unidades de massa kg quilograma hg hectograma dag decagrama g grama dg decigrama cg centigrama mg miligrama Fonte: Elaborada pela autora. Para realizar a conversão, devemos multiplicar (ou dividir) por 10 (Figura 8). Figura 8 Conversão de unidades de massa x 10 ÷ 10 kg hg dag g dg cg mg Fonte: Elaborada pela autora. Curiosidade: • 1 tonelada (1 t) = 1.000 kg Pa ke t/ Sh ut te rs to ck Portanto, o processo de conversão é bastante simples, mas requer atenção. 2.4.3 Medidas de tempo A medida de tempo padrão é o segundo (s). Observe que a representação corre- ta é feita por meio da letra s e não seg. Para realizar a conversão, devemos multiplicar (ou dividir) por 60: Como temos feito ao longo da obra e, ainda, pensando em fixar o conteúdo aprendido até o momento, sugerimos dois materiais da plataforma da Khan Academy, em que é possí- vel rever conceitos e fazer alguns exercícios. Revisão das unidades de comprimento do sistema métrico (mm, cm, m e km). Disponível em: https://pt.khanaca- demy.org/math/6-ano-matematica/ grandezas-e-medidas/conversao-de- -unidades/a/metric-units-of-length- -review. Acesso em: 12 jan. 2021. Revisão das unidades de massa do sistema métrico (g e kg). Disponível em: https://pt.khanaca- demy.org/math/6-ano-matematica/ grandezas-e-medidas/conversao-de- -unidades/a/metric-units-of-mass- -review. Acesso em: 12 jan. 2021. Saiba mais https://pt.khanacademy.org/math/6-ano-matematica/grandezas-e-medidas/conversao-de-unidades/a/metric-units-of-length-review https://pt.khanacademy.org/math/6-ano-matematica/grandezas-e-medidas/conversao-de-unidades/a/metric-units-of-length-review https://pt.khanacademy.org/math/6-ano-matematica/grandezas-e-medidas/conversao-de-unidades/a/metric-units-of-length-review https://pt.khanacademy.org/math/6-ano-matematica/grandezas-e-medidas/conversao-de-unidades/a/metric-units-of-length-review https://pt.khanacademy.org/math/6-ano-matematica/grandezas-e-medidas/conversao-de-unidades/a/metric-units-of-length-review https://pt.khanacademy.org/math/6-ano-matematica/grandezas-e-medidas/conversao-de-unidades/a/metric-units-of-mass-reviewhttps://pt.khanacademy.org/math/6-ano-matematica/grandezas-e-medidas/conversao-de-unidades/a/metric-units-of-mass-review https://pt.khanacademy.org/math/6-ano-matematica/grandezas-e-medidas/conversao-de-unidades/a/metric-units-of-mass-review https://pt.khanacademy.org/math/6-ano-matematica/grandezas-e-medidas/conversao-de-unidades/a/metric-units-of-mass-review https://pt.khanacademy.org/math/6-ano-matematica/grandezas-e-medidas/conversao-de-unidades/a/metric-units-of-mass-review Aritmética elementar 53 Figura 9 Unidades de tempo hora minuto segundo x 60 ÷ 60 Fonte: Elaborada pela autora. Com relação à medida de tempo, é comum realizarmos diversos tipos de con- versão. Por exemplo, ano em dias, dias em horas, horas em minutos e minutos em segundos (assim como o inverso): • 1 dia = 24 horas = 1.440 minutos. • 1 minuto = 60 segundos; 60 minutos = 1 hora; 1 hora = 3.600 segundos. Para fixar o conteúdo sobre medidas de tempo, sugerimos o conteúdo, da plataforma da Khan Academy, intitulado Revisão da conversão de unidades de tempo (segundos, minutos e horas). Disponível em: https://pt.khanaca- demy.org/math/6-ano-matematica/ grandezas-e-medidas/conversao-de- -unidades/a/converting-units-of-ti- me-review. Acesso em: 12 jan. 2021. Saiba mais 2.5 Logaritmos Vídeo Considere dois números a, b ∈ + * (reais positivos diferentes de zero) e b ≠ 1. O número x, dado por x = logba, é chamado logaritmo de a na base b (LIMA et al., 2016). Nomenclatura: • a é o logaritmando • b é a base • x é o logaritmo Podemos relacionar uma forma logarítmica com uma forma exponencial, obten- do logb a = x ⇔ bx = a, desde que a, b > 0 e b ≠ 1. A condição de existência para essas equações está em a, b > 0 e b ≠ 1. Exemplo 20 Fazendo o cálculo a seguir para encontrar o valor de x, temos: logx256 = 4 x4 = 256 x � � 2564 A condição de existência para a base do logaritmo respeita x > 0 e x ≠ 1, logo: x � � 2564 x = 284 Resposta: x = = =2 2 4 8 4 2 https://pt.khanacademy.org/math/6-ano-matematica/grandezas-e-medidas/conversao-de-unidades/a/converting-units-of-time-review https://pt.khanacademy.org/math/6-ano-matematica/grandezas-e-medidas/conversao-de-unidades/a/converting-units-of-time-review https://pt.khanacademy.org/math/6-ano-matematica/grandezas-e-medidas/conversao-de-unidades/a/converting-units-of-time-review https://pt.khanacademy.org/math/6-ano-matematica/grandezas-e-medidas/conversao-de-unidades/a/converting-units-of-time-review https://pt.khanacademy.org/math/6-ano-matematica/grandezas-e-medidas/conversao-de-unidades/a/converting-units-of-time-review 54 Matemática Exemplo 21 O logaritmo de 729 em certa base é 6. Qual é essa base? Aqui recaímos no mesmo caso do exemplo anterior, mas agora temos: logx729 = 6 Logo: x6 = 729 x6 = 36 Resposta: x = 3 A consequência imediata dessa definição nos permite escrever: • logb1 = 0 ⇔ b0 = 1 • logbb = 1 ⇔ b1 = b • logbb m = m • b =logbm m Exemplo 22 Fazendo os cálculos a seguir, temos: a) log2 256 log log2 2 8256 2 8= = b) log1 3 243 log log1 3 5 1 3 5 3 1 3 5� � � � � � � � � � c) log5 3 27 125 log log5 3 3 5 3 33 5 5 3 3� � � � � � � � � � � � � � � � d) log2 3 729 64 log log2 3 6 2 3 63 2 2 3 6� � � � � � � � � � � � � � � � Aritmética elementar 55 e) log 2 2 32 log log .2 2 1 2 5 2 3 2 52 2x = 2 2 3 2 5 x = x = 10 3 f) log ,10 0 001 log . log10 10 31 1 000 10 3� � �� 2.5.1 Propriedades operatórias As propriedades operatórias respeitam a definição e, dessa forma, são direta- mente relacionadas à possibilidade de transformação de um logaritmo em uma exponencial. 2.5.1.1 Logaritmo de um produto Se b > 0, b ≠ 1, p > 0 e q > 0, então logb (p · q) = logb p + logb q Exemplo 23 Fazendo o cálculo a seguir, temos: log2 4 = log2 2 · 2 = log2 2 + log2 2 = 1 + 1 = 2 Observe que, nesse exemplo, também poderíamos usar: log2 4 = log2 2 2 = 2 Exemplo 24 Sabendo que log 2 ≈ 0,3 e log 3 ≈ 0,477, calcule log 6. log 6 = log 2 · 3 = log 2 + log 3 = 0,3 + 0,477 = 0,777 56 Matemática Antes de resolver o Exemplo 24, é importante notar que a base não está aparen- te nessa representação. Sempre que isso ocorre, temos um logaritmo decimal, ou seja, um logaritmo na base 10. Os logaritmos decimais têm grande importância devido ao uso das tábuas de logaritmos e ao fato de que muitas calculadoras trabalham com essa base. Isso se dá porque o nosso sistema de numeração possui a base decimal como padrão. Para saber mais sobre as tábuas logarítmicas, sugerimos a leitura do artigo Gauss e a tábua dos logaritmos. Nele, o autor Gert Schubring apresenta um pouco da história da matemática e relaciona o uso dos logaritmos às aplicações na área da geometria, o que auxiliou no desen- volvimento dessa área. Acesso em: 12 jan. 2021. http://www.scielo.org.mx/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1665-24362008000300004 Artigo 2.5.1.2 Logaritmo de um quociente Se b > 0,�b 1,�p > 0�e�q > 0≠ , então: log log logb b b p q p q� � Exemplo 25 Fazendo o cálculo a seguir, temos: log log log log log2 2 2 2 4 2 16 2 16 2 2 2 4 1 3� � � � � � � Aqui, poderíamos ainda ter resolvido da seguinte forma: log log log2 2 2 316 2 8 2 3= = = Exemplo 26 Sabendo que log 2 = 0,3, calcule log 5. Para isso, usaremos log .10 2 Assim: log log log log , , 5 10 2 10 2 1 0 3 0 7� � � � � � http://www.scielo.org.mx/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1665-24362008000300004 Aritmética elementar 57 2.5.1.3 Logaritmo de uma potência Se b > 0, b ≠ 1, a > 0, m ∈ ℝ, então logbam = m ⋅ logba Exemplo 27 Fazendo o cálculo a seguir, temos: log3 9 4 = log3 (3 2)4 = log3 3 8 = 8 log3 3 = 8 ⋅ 1 = 8 Esse exemplo também poderia ser feito da seguinte maneira: log3 9 4 = x 3x = 94 3x = (32)4 3x = 38 x = 8 Observe que as propriedades apresentadas são reformulações da própria defini- ção e manipulação desse conceito. Por esse motivo, fazemos questão de apresentar outras maneiras de resolver alguns dos exemplos, visto que as propriedades podem ser formatadas de acordo com a necessidade e agilidade no processo de cálculo. 2.5.2 Mudança de base Considere b, c > 0; b, c ≠ 1; a > 0. Então: log log logb c c a a b = A propriedade de mudança de base pode, ainda, ser reescrita como: log log logb c ca b a� � A escolha pela mudança de base se dá quando há necessidade de resolver um problema em que não conhecemos o valor de determinado logaritmo naquela base informada, mas, por meio da mudança de base, podemos recair em um valor conhecido. É muito comum usar a mudança de base para transformar logaritmos em ba- ses quaisquer para a base decimal. Isso se dá pela possibilidade de utilização de calculadoras simples que, muitas vezes, não permitem o cálculo de logaritmos em outras bases. Os logaritmos são muito usados como ferramenta para a resolução de problemas (equações) na forma 2x = 5. Nesse caso, fazemos log 2 2x = log 2 5. Para essa situação, qual é a propriedade dos logaritmos que podemos usar para calcular o valor de x? Atividade 3 58 Matemática Exemplo 28 Se desejamos calcular o valor de log ,,0 9 0 2 usando uma calculadora simples, fazemos: log , log , log , ,,0 9 10 10 0 2 0 2 0 9 15 2755= = Aqui, caso tivéssemos informado no enunciado os valores de log , �2 0 3= e log ,3 0 477= , poderíamos escrever: log , log , log , log log log log log lo,0 9 10 10 2 0 2 0 2 0 9 2 10 9 10 2 10 3 � � � � � gg � , , , , , 10 0 3 1 2 0 477 1 0 7 0 046 15 217� �� � � � � � � Observe que a diferença dos valores após a segunda casa decimal se dá pelo ajuste (arredondamento) nos valores para log 2 e log 3. 2.5.3 Logaritmo neperiano (ou natural) Um logaritmo natural nada mais é do que um logaritmo cuja base vale e � �2 71828, Os logaritmos naturais também são chamados de neperianos ou de Napier e sua base, o número e, é um número irracional, conhecido como número de Euler. Representamos por: ln(x) = loge x Para saber mais sobre a história do número de Napier
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