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TEORIAS DO LETRAMENTO_ AS PRÁTICAS SOCIAIS DE LEITURA E DE ESCRITA (1)

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TEORIAS DO LETRAMENTO: 
AS PRÁTICAS SOCIAIS DE 
LEITURA E DE ESCRITA
Programa de Pós-Graduação EAD
UNIASSELVI-PÓS
Autoria:Jociane Stolf
CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI
Rodovia BR 470, Km 71, no 1.040, Bairro Benedito
Cx. P. 191 - 89.130-000 – INDAIAL/SC
Fone Fax: (47) 3281-9000/3281-9090
Reitor: Prof. Dr. Malcon Tafner
Diretor UNIASSELVI-PÓS: Prof. Carlos Fabiano Fistarol
Coordenador da Pós-Graduação EAD: Prof. Norberto Siegel
Equipe Multidisciplinar da 
Pós-Graduação EAD: Profa. Hiandra B. Götzinger Montibeller
 Profa. Izilene Conceição Amaro Ewald 
Profa. Jociane Stolf
Revisão de Conteúdo: Profa. Cristiane Lisandra Danna 
Revisão Gramatical: Iara de Oliveira 
Diagramação e Capa: 
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
 372.414
 S875t Stolf, Jociane
 Teorias do letramento: as práticas sociais de leitura e de 
 escrita / Jociane Stolf. Indaial : Uniasselvi, 2011.
 100 p. : il.
 
 Inclui bibliografia.
 ISBN 978-85-7830-492-8
 1. Alfabetização - letramento.
 I. Centro Universitário Leonardo da Vinci 
Copyright © UNIASSELVI 2011
Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri
 UNIASSELVI – Indaial.
Jociane Stolf
Sou a professora Jociane Stolf, licenciada em 
Letras (Português – Inglês e respectivas Literaturas) 
pela Universidade Regional de Blumenau. Durante 
a graduação atuei tanto em projetos de pesquisa como 
de extensão. Como pesquisadora, participei de projeto 
financiado pelo CNPQ, em que buscava compreender a 
concepção das professoras alfabetizadoras sobre o conceito de 
alfabetização e letramento, além de discutir a inserção do ensino 
fundamental de nove anos. Após o término da pesquisa, muitas 
indagações surgiram, então iniciei o Mestrado em Educação e 
defendi a dissertação intitulada: As práticas sociais de escrita 
e leitura no primeiro ano do ensino fundamental de nove 
anos: um estudo de caso. Atualmente, faço parte da Equipe 
Multidisciplinar da Uniasselvi-Pós, sou Professora-Tutora 
Externa também dessa instituição, atuando nos cursos da 
Educação e coordeno o GFLM (Grupo de Formação de 
Professores de Língua Materna) com reuniões mensais 
em uma escola municipal de Timbó-SC.
Sumário
APRESENTAÇÃO ......................................................................7
CAPÍTULO 1
O Letramento Chega ao Brasil .............................................9
CAPÍTULO 2
Alfabetização x Letramento ................................................31
CAPÍTULO 3
As Práticas Sociais de Leitura ...........................................57
CAPÍTULO 4
As Práticas Sociais de Escrita ............................................75
CAPÍTULO 5
Alfabetização e Letramento: um Olhar para Educação 
de Jovens e Adultos ..............................................................89
APRESENTAÇÃO
Olá caro pós-graduando, ao longo da sua prática pedagógica ou da sua 
formação profissional você já deve ter se deparado com a seguinte afirmação: 
“Eu alfabetizo letrando”. Para alguns profissionais da educação parece que isso 
virou um slogan ou uma afirmativa da moda que precisa ser dita para comprovar a 
veracidade do trabalho realizado em sala de aula. 
Mas, você já se perguntou: O que é alfabetizar uma criança? Além dessa 
questão, outra muito importante: Com que método eu alfabetizo os alunos e dou 
oportunidades de inserção em diferentes práticas sociais de leitura e de escrita? 
Esse será o foco de nossa discussão nesse caderno de estudos, compreender 
o universo da alfabetização, do letramento, e o principal deles a criança e/ou o 
adulto inserido nesse contexto educacional. 
Portanto, esse caderno foi pensado em cinco capítulos: 
O primeiro irá abordar a chegado do termo letramento no contexto brasileiro. 
No seguinte, conversaremos sobre os conceitos de alfabetização e letramento, 
assim como, a inserção das crianças nas práticas sociais de leitura e de escrita. 
No terceiro capítulo, falaremos apenas das práticas sociais de leitura na sala, 
apresentaremos exemplos do contexto da sala de aula. 
No penúltimo capítulo iremos compreender as práticas sociais de 
escrita, principalmente, como inserir as crianças desde o início do processo 
de escolarização nessas práticas, mesmo sabendo que elas ainda não tem 
autonomia na escrita. 
E por último, mas não menos importante, iremos abordar a alfabetização e o 
letramento em outro contexto: Educação de Jovens e Adultos (EJA). 
Com este caderno, espero que apenas possamos começar os nossos 
estudos sobre a alfabetização e o letramento, e que ao final dessa disciplina 
vocês compreendam o fascinante universo das crianças. 
Para ilustrar o final dessa apresentação, segue uma tirinha da Mafalda, nossa 
fiel companheira nesse caderno de estudos, em que demostra sua empolgação 
ao iniciar sua vida escolar. 
Figura 1 - Mafalda em seu primeiro dia na escola
Fonte: Quino (1999, p.36).
Note, que da mesma forma que a Mafalda estava ansiosa pelo início das 
aulas, as crianças também agem dessa mesma forma, neste caderno além de 
compreender a alfabetização e o letramento, iremos compreender a criança 
que está em sala de aula, passando pelo processo de aprendizagem do código 
escrito. 
Bons estudos! 
Profª Jociane
CAPÍTULO 1
O Letramento Chega ao Brasil
A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes 
objetivos de aprendizagem:
 3 Apresentar a chegada do termo letramento ao Brasil, assim como os novos 
estudos do Letramento. 
 3 Apresentar a chegada do termo letramento no contexto educacional.
10
 Teorias do Letramento: as Práticas Sociais de Leitura e de Escrita
11
O Letramento Chega ao Brasil Capítulo 1 
Contextualização 
Para iniciar a nossa conversa sobre o letramento, é importante conhecer 
a origem desse termo, e o que ele significa no contexto educacional e social. 
Portanto, neste capítulo faremos um resgate histórico para entender os 
movimentos do ensino brasileiro a partir da chegada do letramento. 
Mas, antes de iniciarmos nossa viagem, ao passado, convido você, caro pós-
graduando, que reflita sobre duas questões que iremos retomar no final desse 
caderno de estudos. 
Atividade de Estudos: 
1) O que é letramento? 
 ____________________________________________________
 ____________________________________________________
 ____________________________________________________
 ____________________________________________________
 ____________________________________________________
 ____________________________________________________
 ____________________________________________________
 ____________________________________________________
2) O que é alfabetização? 
 ____________________________________________________
 ____________________________________________________
 ____________________________________________________
 ____________________________________________________
 ____________________________________________________
 ____________________________________________________
 ____________________________________________________
É de suma importância que você anote o que você já sabe sobre isso, para 
que no final dos seus estudos, possa retomar e ampliar os seus conhecimentos. 
Dividimos este capítulo em dois momentos: no primeiro iremos conversar sobre a 
chegada do termo letramento no Brasil e o porque da sua criação, no momento 
seguinte começaremos a discutir as implicação de pensar em um ensino escolar 
voltado para as práticas de letramento.
12
 Teorias do Letramento: as Práticas Sociais de Leitura e de Escrita
Eis que Surge uma Nova Palavra: 
o Letramento
Figura 2 - Tirinha do Frank e Ernest
 
 
Fonte: Disponível em: http://www.devir.com.br/hqs/frank-
ernest_001.php>. Acesso em 05 ago 2011.
Caro pós-graduando perceba com essa tirinha que a escrita foi criada para 
que as pessoaspudessem deixar registrada a sua história, e que a escrita é uma 
convenção de códigos que somados formam as palavras. 
A partir da invenção dessa escrita, surge uma a necessidade de ensinar 
as pessoas a utilizar essas ferramentas da escrita para que elas pudessem se 
comunicar. Note que diferente da fala, que é uma aquisição, a escrita é uma 
aprendizagem. É importante que para esta disciplina você tenha clareza nesses 
dois conceitos: aquisição e aprendizagem.
Aquisição: é algo que não precisa ser ensinado. Como por 
exemplo: a fala, as crianças nascem, e estando em contato com 
as pessoas que as cercam desenvolvem a sua fala de acordo com 
a variação sociolinguística da comunidade em que vive. Ninguém 
precisa ficar na frente da criança repetindo as palavras para que 
elas sejam memorizadas e faladas, diferente de quando resolvemos 
aprender uma segunda língua e procuramos uma escola de idiomas. 
Aprendizagem: para que isso ocorra é necessário haver um 
sujeito que ensina e outro que aprende, ou seja, há uma mediação. 
Como exemplo, a criança quando aprende a ler e a escrever, precisa 
de um professor para lhe guiar nesse processo. 
13
O Letramento Chega ao Brasil Capítulo 1 
Se você quiser ampliar as suas leitura sobre aquisição e 
aprendizagem visite o segundo capítulo da obra: 
SCLIAR- CABRAL, Leonor. Princípios do Sistema Alfabético do 
Português do Brasil. São Paulo: Contexto, 2003l. 
De acordo com a história, a partir do momento que surge a escrita, apenas 
pessoas de um poder aquisitivo alto tinham condições de ter acesso a isso. Mas 
alguns anos se passam, e a escrita passa a fazer parte do cotidiano das pessoas 
e a partir disso, surge algo novo, a necessidade da pessoa compreender o que 
está escrito no papel e o que isto implica no seu dia a dia.
Antes de conversarmos sobre o significado da palavra letramento vamos 
fazer um estudo histórico e compreender como ele surgiu e chegou ao Brasil. De 
acordo com Soares (2004), podemos dizer que o letramento é um termo novo na 
nossa língua e vem sendo discutido e compreendido nas áreas da educação e da 
linguística. Ambas as áreas movimentam pesquisas tanto de iniciação científica 
(graduação) como de conclusão de curso, mestrado e doutorado, que buscam 
compreender o letramento nos mais diversos contextos sociais. 
Na língua portuguesa, o primeiro registro que temos da utilização do termo 
letramento é uma das obras da autora Mary Kato “No mundo da escrita: uma 
perspectiva psicolinguística”, publicada pela editora Ática, no ano de 1986. Nesta 
obra a autora, logo nas primeiras páginas afirma que “a língua falada culta é uma 
consequência do letramento” (KATO, 1986, p.7). 
Figura 3 - Livro de Mary Kato
Fonte: Disponível em: < http://www.livrofacil.com/universitarios/
no-mundo-da-escrita-uma-perspectiva-psicolinguistica.
html&docid=qZMVmAF6GgemdM&imgurl>. Acesso em: 10 ago. 2011.
Na língua 
portuguesa, o 
primeiro registro 
que temos da 
utilização do termo 
letramento é uma 
das obras da 
autora Mary Kato.
14
 Teorias do Letramento: as Práticas Sociais de Leitura e de Escrita
Letramento 
é “estado ou 
condição que 
assume aquele 
que aprende a ler 
ou a escrever”. 
(SOARES, 2004, 
p.7).
Dois anos posterior à publicação do livro da Mary Kato, a pesquisadora, 
Leda V. Tfouni, em seu livro “Adultos não alfabetizados: o avesso do avesso” 
da editora Pontes, logo na introdução aborda o termo letramento fazendo uma 
distinção entre a alfabetização. Neste momento, podemos afirmar que o termo 
letramento passa a ter uma dimensão técnica tanto no campo da Educação como 
nas Ciências Linguísticas. 
A partir de então esse termo passa a ser visto com mais frequência, 
pois, em 1995 já passa a fazer parte de títulos de obras, “Os significados do 
letramento: uma nova perspectiva na prática social da escrita”, livro organizado 
pela professora Angela Kleiman. Nesta obra, a autora levanta a hipótese de que a 
Mary Kato tenha cunhado o termo Letramento para o Brasil. 
Essas foram as obras pioneiras da entrada do termo letramento no Brasil, 
mas a partir dessas obras, surge várias dúvidas na prática educacional, pois afinal 
de contas o que é letramento? Porque esse termo causou tantas dúvidas na sua 
compreensão? 
Essas discussões surgiram, pois as pessoas não possuíam uma clareza 
do conceito técnico de letramento. Então podemos dizer que essa 
palavra tem origem da língua inglesa, literacy, que possui o significado 
de “estado ou condição que assume aquele que aprende a ler ou a 
escrever”. (SOARES, 2004, p.7). 
No entanto, com esse conceito, ao ser traduzido para o português 
surge a dicotomia entre alfabetizar e letrar. Ou seja, as pessoas 
precisam ser alfabetizadas ou letradas na escola? 
Podemos utilizar a metáfora da construção de uma casa para compreender 
que o fundamento da casa representa a alfabetização, ou seja, é a base sólida 
que irá dar sustentação ao restante da obra. As paredes são o que iremos 
aprender no decorrer da vida escolar e no convívio social, que será o letramento. 
E, o que irá diferir essa construção das que estamos acostumados a ver no nosso 
dia a dia, está não terá um fim, sempre haverá reformas e detalhes para serem 
incrementados que darão novos ares ao que antes existia. 
Compreendam que da mesma forma que a nossa construção não tem um fim 
pré-determinado no projeto inicial, essa disciplina será a base, ao longo do seu 
curso, e principalmente, através da sua prática pedagógica novos conhecimentos 
serão agregados. 
15
O Letramento Chega ao Brasil Capítulo 1 
Atividade de Estudos: 
1) Para pensar um pouco: qual foi a razão da chegada do termo 
letramento para o contexto educacional? 
 ____________________________________________________
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De acordo com Soares (2004, p.45), o termo letramento vem sendo inserido 
nas práticas diárias na medida em que: 
o analfabetismo vai sendo superado, e um número cada vez 
maior de pessoas aprende a ler e a escrever, e à medida que, 
concomitantemente, a sociedade vai se tornando cada vez 
mais centrada na escrita (cada vez mais grafocêntrica), um 
novo fenômeno se evidencia: não basta apenas aprender a 
ler e a escrever - quando uma nova palavra surge na língua, 
é que um novo fenômeno surgiu e teve de ser nomeado - a 
palavra letramento. 
 A partir disso, podemos afirmar que o letramento é o resultado dessa 
ação de ensinar a aprender as práticas sociais de leitura de escrita, que não 
pode ser vista como uma técnica que se ensina. Há vários letramentos, e estes 
poderão ser estudados com mais profundidade em outros cadernos de estudos. 
Para compreendermos um pouco mais sobre a aprendizagem da escrita, vamos 
ler uma crônica de Carlos Drummond de Andrade, que não é um teórico da 
linguagem e nem da educação, porém sabe utilizar as palavras: 
16
 Teorias do Letramento: as Práticas Sociais de Leitura e de Escrita
COMO COMECEI A ESCREVER
Carlos Drummond de Andrade
Aí por volta de 1910 não havia rádio nem televisão, e o cinema 
chegava ao interior do Brasil uma vez por semana, aos domingos. As 
notícias do mundo vinham pelo jornal, três dias depois de publicadas 
no Rio de Janeiro. Se chovia a potes, a mala do correio aparecia 
ensopada, uns sete dias mais tarde. 
Não dava para ler o papel transformado em mingau. Papai era 
assinanteda “Gazeta de Notícias”, e antes de aprender a ler eu me 
sentia fascinado pelas gravuras coloridas do suplemento de domingo. 
Tentava decifrar o mistério das letras em redor das figuras, e mamãe 
me ajudava nisso.
Quando fui para a escola pública, já tinha a noção vaga de um 
universo de palavras que era preciso conquistar. Durante o curso, 
minhas professoras costumavam passar exercícios de redação. 
Cada um de nós tinha de escrever uma carta, narrar um passeio, 
coisas assim. Criei gosto por esse dever, que me permitia aplicar 
para determinado fim o conhecimento que ia adquirindo do poder de 
expressão contido nos sinais reunidos em palavras. Daí por diante 
as experiências foram-se acumulando, sem que eu percebesse que 
estava descobrindo a literatura. Alguns elogios da professora me 
animavam a continuar. 
Ninguém falava em conto ou poesia, mas a semente dessas 
coisas estava germinando. Meu irmão, estudante na Capital, 
mandava-me revistas e livros, e me habituei a viver entre eles. 
Depois, já rapaz, tive a sorte de conhecer outros rapazes que 
também gostavam de ler e escrever. Então, começou uma fase muito 
boa de troca de experiências e impressões. 
Na mesa do café-sentado (pois tomava-se café sentado nos 
bares, e podia-se conversar horas e horas sem incomodar nem ser 
incomodado) eu tirava do bolso o que escrevera durante o dia, e 
meus colegas criticavam. Eles também sacavam seus escritos, e eu 
tomava parte nos comentários. Tudo com naturalidade e franqueza. 
Aprendi muito com os amigos, e tenho pena dos jovens de hoje que 
não desfrutam desse tipo de amizade crítica. 
17
O Letramento Chega ao Brasil Capítulo 1 
Fonte: Disponível em:< http://www.casadobruxo.com.br/
poesia/c/prosa14.htm>. Acesso em: 10 ago. 2011. 
Dessa belíssima crônica de Carlos Drummond de Andrade podemos 
depreender várias ações interessantes para o nosso estudo. Primeiramente, 
vamos pensar no que o autor expõe no seu primeiro parágrafo, a presença 
de materiais escritos no seu contexto familiar, e o relato do contexto social 
em que ele morava. A partir disso, é importante perceber que mesmo que a 
criança não esteja alfabetizada ela convive com materiais escritos a sua volta, 
seja manuseando sozinha, ou com auxilio de alguém que já domina o código 
escrito. 
Uma segunda fase é apresentada na crônica, quando Drummond começa a 
frequentar a escola, começa a aprender a ler e a escrever, e como isso, começa 
a ter um acesso mais rápido as informações escritas do seu contexto social, e 
transcende através dos materiais escritos que circulam na escola, e a professora 
incentivando-o. 
Por último, temos Drummond exercendo uma prática de escrita fora do 
contexto escolar, dialogando com colegas. A partir disso, compreendemos outro 
importante conceito: a revisão do que era escrito e o que o outro compreende 
sobre o que eu escrevo. 
De modo geral, de todos os textos que eu li, esse de Drummond escrito antes 
da chegada do termo letramento aqui no Brasil, traduz e exemplifica claramente: o 
desejo da criança ir à escola e aprender a ler, a escrever, e compreender a função 
social dessa aprendizagem. 
Atividade de Estudos: 
1) A partir da crônica de Drummond registre aqui como você 
aprendeu a ler e a escrever, e o que isso significou para você.
 ____________________________________________________
 ____________________________________________________
 ____________________________________________________
 ____________________________________________________
 ____________________________________________________
 ____________________________________________________
18
 Teorias do Letramento: as Práticas Sociais de Leitura e de Escrita
Figura 4 - Filme Central do Brasil
Um filme interessante de assistir e para 
compreender a função social da escrita é o 
filme brasileiro “Central do Brasil”. 
Fonte: Disponível em: < http://www.
baixaralone.com/2010/12/baixar-central-do-
brasil.html>. Acesso: 10 ago. 2011. 
Que tal levar para a sala de aula uma literatura infantil que possa 
instigar as crianças a compreenderem a função social da escrita? 
A obra “De Carta em Carta” da Ana Maria Machado é um bom 
exemplo para isso. 
Figura 5: Livro de Ana Maria Machado
Fonte: Disponível em: < http://www.criacaodoslivros.com.br/wp-content/
uploads/2011/06/DE-CARTA-EM-CARTA.jpg>. Acesso em: 10 ago.2011.
 
Na próxima seção iremos conversar sobre a linguagem e as práticas sociais 
de leitura e de escrita .
19
O Letramento Chega ao Brasil Capítulo 1 
A Linguagem e as Práticas Sociais de 
Leitura e de Escrita
Pensar no letramento é pensar em linguagem e tudo o que está a sua volta. 
Observe a imagem a seguir: 
Figura 6 - Mapa conceitual da linguagem 
 
Fonte: A autora, baseada em Heinig (2006).
A linguagem desenvolve-se nas interações verbais e as interações 
verbais constituem a realidade fundamental da língua (BAKHTIN, 2003). 
A partir da imagem podemos compreender a alfabetização sob o viés do 
letramento, implica pensar em uma concepção dialógica da linguagem 
considerando-a como um lugar da interação humana, como uma 
atividade criadora e constitutiva de conhecimento e de transformação da 
realidade. Além disso, podemos notar que o letramento está intimamente 
ligado à leitura e a escrita.
De acordo com Street (2003, p.10), o letramento não pode 
ser considerado um conjuntos de habilidades técnicas que serão 
transmitidas àqueles que não as possuem, “mas sim que existem vários 
tipos de letramento nas comunidades e que as práticas associadas a 
esse letramento têm base social”. 
Ou seja, o letramento não é ensinado, ele é adquirido a partir das 
práticas sociais, nas quais ele encontra a base e o respaldo, tem um 
objetivo e oportuniza a concretização do objetivo inicial. 
A linguagem 
desenvolve-se nas 
interações verbais 
e as interações 
verbais constituem 
a realidade 
fundamental da 
língua (BAKHTIN, 
2003).
Street (2003, 
p.10), o letramento 
não pode ser 
considerado 
um conjuntos 
de habilidades 
técnicas que 
serão transmitidas 
àqueles que não 
as possuem, “mas 
sim que existem 
vários tipos de 
letramento nas 
comunidades e 
que as práticas 
associadas a esse 
letramento têm 
base social”. 
20
 Teorias do Letramento: as Práticas Sociais de Leitura e de Escrita
Vamos a um exemplo prático: uma comunidade pode ser classificada, 
socialmente, como estigmatizada, pois não possui o que é considerado certo 
pelos padrões da sociedade, mas esses mesmos cidadãos são capazes de 
produzir letramento. Porém, como quem produz os programas de letramento são 
pessoas que vivem em sociedade, grupo dominante, elas não têm consciência 
de que naquela comunidade estigmatizada há um letramento em certo nível, que 
acaba sendo descartado. Portanto, pensar em letramento, antes de tudo é pensar 
na comunidade, logo, pensar na escola, é pensar na comunidade que a escola 
está inserida. 
Para Street (2003) há três abordagens para o letramento: 
• Os modelos de letramento 
• Eventos de letramento 
• As práticas de letramento
Vamos estudar cada uma dessas abordagens e compreendê-las? 
a) Modelos de letramento
Podemos afirmar que existem dois modelos de letramento: o modelo 
autônomo e o modelo ideológico. 
No modelo autônomo as pessoas aprendem uma forma de decodificar 
as letras e depois poderão fazer o que desejarem com o “recém adquirido 
letramento”. Esse modelo funciona com base na “suposição de que em si mesmo 
o letramento - de forma autônoma” – terá efeito sobre as práticas sociais e 
cognitivas. (STREET, 2003). 
Em outras palavras, podemos afirmar que o modelo autônomo 
refere-se ao letramento como algo mecânico que tendo a técnica ou 
modelo de instrução, e seguindo isso de forma correta, você adquirirá 
o letramento. 
Para Kleimann (1995, p. 18) “essa concepção pressupõe que há 
apenas uma maneira de o letramento ser desenvolvido, sendo que 
essa forma está associada quase que causalmente com o progresso, 
a civilização,a mobilidade social”. Nesse modelo, todos os sujeitos são 
iguais, as salas de aulas são homogêneas, todos os alunos estão no 
mesmo nível, possuem o mesmo conhecimento, e o ensino é pautado 
em técnicas escolarizadas, sem considerar as práticas sociais e o uso 
social da escrita. Contudo, o letramento: 
O modelo 
autônomo 
refere-se ao 
letramento como 
algo mecânico 
que tendo a 
técnica ou modelo 
de instrução, e 
seguindo isso de 
forma correta, 
você adquirirá o 
letramento.
21
O Letramento Chega ao Brasil Capítulo 1 
extrapola o mundo da escrita tal qual ele é concebido pelas 
instituições que se encarregam de introduzir formalmente os 
sujeitos no mundo da escrita. Pode-se afirmar que a escola, a 
mais importante das agências de letramento, preocupa-se não 
com o letramento, prática social, mas com apenas um tipo de 
prática de letramento, qual seja, a alfabetização, o processo 
de aquisição de códigos (alfabético, numérico), processo 
geralmente concebido em termos de uma competência 
individual necessária para o sucesso e promoção escolar. Já 
outras agências de letramento, como a família, a igreja, a rua – 
como lugar de trabalho –, mostram orientações de letramento 
muito diferentes. (KLEIMAN, 1995, p.20). 
Vamos ver um exemplo prático no modelo autônomo, veja a tirinha da 
Mafalda:
Figura 7 - Mafalda fazendo a lição de casa
Fonte: Quino (1999, p.54).
Não precisamos estar na sala de aula com Mafalda, nem saber o que 
precisava fazer de tarefa, para imaginar que ela estava treinando o uso da letra 
“M”. Esse é um bom exemplo de atividade para ilustrar a nossa discussão sobre o 
modelo autônomo. Porém, mesmo não fazendo parte da tarefa, Mafalda relaciona 
o que está aprendendo com o contexto social em vive, visto que odeia comer 
sopa e ao sentir o cheiro reclama com a mãe. 
O letramento autônomo considera a escrita “um produto completo em si 
mesmo, que não estaria preso ao contexto de sua produção para ser interpretado; 
o processo de interpretação estaria determinado pelo funcionamento lógico 
interno ao texto escrito [...]” (KLEIMAN, 1995, p.22). A partir disso, observe a 
tirinha da Mafalda: 
22
 Teorias do Letramento: as Práticas Sociais de Leitura e de Escrita
Figura 8 - Mafalda na sala de aula 
Fonte: Quino (1999, p.54).
 
Mesmo sem saber o que é letramento, o que Mafalda busca em sua formação 
escolar é o letramento ideológico, que considere ela, um sujeito pertencente a 
comunidade em que está inserida exercendo as práticas sociais de leitura e de 
escrita. Antes de estudarmos o letramento ideológico, vamos exercitar esse novo 
conceito através que acabamos de estudar?
Como você planeja as suas aulas? 
Você se preocupa com o contexto social em que seus alunos 
estão inseridos? 
A sua prática pedagógica está mais ancorada na Mafalda ou na 
professora dela? 
Atividade de Estudos: 
1) Faça um mapa conceitual sobre o letramento autônomo. 
 ____________________________________________________
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O Letramento Chega ao Brasil Capítulo 1 
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2) Observe a tirinha da Mafalda: 
Figura 9 - Mafalda e Suzanita fazendo a tarefa
Fonte: Quino ( 1999, p.54).
a) Por que Suzanita está tão indignada com a tarefa que Mafalda 
está fazendo?
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b) Qual é a relação da tirinha com o conceito de letramento 
autônomo. Explique o que você depreendeu. 
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O modelo ideológico oferece uma visão com maior sensibilidade 
cultural das práticas do letramento, na medida em que elas variam de 
O modelo 
ideológico 
oferece uma 
visão com maior 
sensibilidade 
cultural das 
práticas do 
letramento, na 
medida em que 
elas variam de 
um contexto para 
outro (STREET, 
2003).
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 Teorias do Letramento: as Práticas Sociais de Leitura e de Escrita
um contexto para outro. (STREET, 2003).
Resumindo, o letramento ideológico parte da ideia de que com 
as práticas sociais e o sujeito em contato com diferentes pessoas, 
aprende, desenvolve e melhora o letramento. Esse modelo não se 
refere somente ao aspecto cultural, mas também reflete sobre a 
importância, o poder e o impacto da leitura e da escrita na sociedade.
Considerando as práticas sociais de leitura e de escrita, Kleiman 
(1995, p. 21) afirma que “as práticas de letramento, no plural, são 
social e culturalmente determinadas, e, como tal, os significados 
específicos que a escrita assume para um grupo social dependem 
dos contextos e instituições em que ela foi adquirida”.
Portanto, precisamos compreender o aluno como indivíduo 
participante da sociedade em que vive. E a aprendizagem precisa ser 
sensível a dois aspectos: considerar a individualidade do sujeito e o 
meio em que ele vive, ou seja, as agências de letramentos que ele 
participa.
As agências de letramento são os lugares sociais nos quais os 
sujeitos participam, interagem e atuam.
 
 Para finalizar, podemos afirmar que o modelo ideológico envolve o 
modelo autônomo, e relacionando esses dois modelos de letramento: autônomo 
e ideológico, podemos chegar a uma boa prática de letramento, ou seja, se 
partirmos do que já é conhecido e passarmos a aperfeiçoá-los a partir de novas 
práticas pautadas nos princípios dos estudos do letramento. 
Atividade de Estudos: 
1) Vamos construir um mapa conceitual do modelo ideológico? 
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As práticas de 
letramento, no 
plural, são social 
e culturalmente 
determinadas, 
e, como tal, os 
significados 
específicos que 
a escrita assume 
para um grupo 
social dependem 
dos contextos 
e instituições 
em que ela 
foi adquirida 
(KLEIMAN, 1995, 
p. 21).
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O Letramento Chega ao Brasil Capítulo 1 
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2) Compare os dois mapas conceituais – do modelo autônomo 
e ideológico – o que há de diferente entre eles, e quais são as 
aproximações? 
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b) Eventos de letramento 
É preciso observar qual é o poder da leitura e da escrita dentro de uma 
determinada comunidade, pois elas possuem um nívelde letramento necessário 
ao seu desenvolvimento, mas é através da cultura. 
A partir disso, podemos afirmar que o evento de letramento acontece com 
o sistema de escrita, em que as pessoas com a escrita interagem e constroem 
suas interpretações. Quem cunhou esse termo – eventos de letramento – foi 
a pesquisadora Shirley Heath (1982) que desenvolve pesquisas de cunho 
etnográfico. 
Pesquisas etnográficas são caracterizadas pelo fato do 
pesquisador estar inserido em um determinado contexto social 
e frequentar esse espaço e tentar descrever e compreender 
esse espaço. Alguns estudiosos afirmam que para uma pesquisa 
etnográfica ter validade o pesquisador deverá ficar acompanhando 
esse grupo pelo período que varia de 5 -10 anos. 
26
 Teorias do Letramento: as Práticas Sociais de Leitura e de Escrita
Os textos são fundamentais em eventos de letramento, pois nestas atividades 
o letramento cumpre um papel – “Episódios observáveis que surgem das práticas 
e são formadas por estas. A noção de evento acentua a natureza – situacional – 
do letramento, este sempre existe em um contexto social” (BARTON; HAMILTON, 
1998, p.114). 
Os eventos de letramento fazem com que seja possível 
compreender que cada comunidade tem suas próprias regras para 
interagir e partilhar o seu conhecimento. Por isso, os eventos são 
observáveis, enquanto as práticas de letramentos são mais abstratas. 
Vamos exemplificar: imagine que você está em sala de aula com 
os alunos, realizando como atividade a construção de uma maquete 
sobre “o ambiente em que o cachorro vive”, enquanto os alunos estão 
construindo a maquete você tira uma foto. Bem, essa foto será o evento 
de letramento. E tudo que foi trabalhado, estudado, conversado sobre 
como construir a maquete e o que você e os alunos sabem sobre os 
cachorros fará parte das práticas de letramento, por isso a importância 
da inserção no contexto social para compreender as práticas e os eventos de 
letramento. 
Atividade de Estudos: 
1) Descreva da forma mais detalhada possível a comunidade em 
que você atua como alfabetizador(a).
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Os eventos 
de letramento 
fazem com que 
seja possível 
compreender que 
cada comunidade 
tem suas 
próprias regras 
para interagir e 
partilhar o seu 
conhecimento. 
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O Letramento Chega ao Brasil Capítulo 1 
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c) As práticas de letramento 
Bem, caro pós-graduando, estamos chegando à nossa última 
seção de estudos desse capítulo, que por sinal já fomos conversando 
um pouco sobre as práticas de letramento, pois você deve ter notado 
como os conceitos eram relacionados um com o outro, sendo que é 
impossível falar deles de forma isolada. 
As práticas de letramento são um conjunto de atividades que 
envolvem a língua escrita para alcançar um determinado objetivo, em 
uma determinada situação. Vele ressaltar, que para que isso ocorra 
é preciso haver: saberes, tecnologias, competências necessárias. 
Podemos citar como exemplo: a escrita de uma carta, assistir aulas. 
Sendo assim, pensar na realidade escolar nos primeiros anos do 
ensino fundamental e compreender a criança de seis anos como um 
sujeito que deseja aprender a ler a escrever e 
As práticas de letramento [...] precisam contemplar, em 
princípio, atividades orais para que as crianças pequenas 
desenvolvam uma consciência fonológica que possa 
assegurar a construção de leitura e da escrita. Não adianta 
memorizar os fonemas que correspondem às letras, sem 
que se tenha percebido antes que cada palavra é composta 
de uma sequência de fonemas. (BORTONI-RICARDO, et al, 
2010, p.193).
Para finalizar, podemos afirmar em poucas palavras que os eventos de 
letramento é que irá acontecer, e as práticas sociais o que as pessoas utilizam 
para que isso aconteça. No que se refere a alfabetização iremos conversar no 
segundo capítulo e retomaremos alguns conceitos aqui já estudados! 
 
Atividade de Estudos: 
Leia o poema abaixo:
O QUE É LETRAMENTO?
As práticas de 
letramento são 
um conjunto 
de atividades 
que envolvem 
a língua escrita 
para alcançar 
um determinado 
objetivo, em uma 
determinada 
situação. Vele 
ressaltar, que 
para que isso 
ocorra é preciso 
haver: saberes, 
tecnologias, 
competências 
necessárias.
28
 Teorias do Letramento: as Práticas Sociais de Leitura e de Escrita
Kate M. Chong
Letramento não é um gancho
em que se pendura cada som enunciado, 
não é treinamento repetitivo
de uma habilidade,
nem um martelo
quebrando blocos de gramática. 
 Letramento é diversão
 é leitura à luz de vela
 ou lá fora, à luz do sol. 
São notícias sobre o presidente 
O tempo, os artistas da TV
e mesmo Mônica e Cebolinha
nos jornais de domingo. 
 É uma receita de biscoito,
 uma lista de compras, recados colados na geladeira,
 um bilhete de amor,
 telegramas de parabéns e cartas
 de velhos amigos. 
É viajar para países desconhecidos,
sem deixar sua cama,
é rir e chorar
com personagens, heróis e grandes amigos. 
É um atlas do mundo,
sinais de trânsito, caças ao tesouro,
manuais, instruções, guias,
e orientações em bulas de remédios,
para que você não fique perdido. 
 Letramento é, sobretudo,
 um mapa do coração do homem,
 um mapa de quem você é, 
 e de tudo que você pode ser.
Fonte: Soares, M. Letramento: Um tema em três gêneros. 
Belo Horizonte: Autêntica, 2004, p. 41-42. 
1) A partir desse poema e do que foi estudado no decorrer desse 
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O Letramento Chega ao Brasil Capítulo 1 
capítulo construa um conceito para letramento?
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2) Descreva uma situação de sala de aula em que seja possível 
compreender as práticas de letramento e os eventos de letramento. 
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Algumas Considerações 
Neste capítulo, conversamos um pouco sobre a chegada do termo letramento 
no Brasil e sobre a importância desse conceito para o contexto educacional, 
lembramos ainda as implicações de pensar em um ensino voltado para as práticas 
sociais de leitura e de escrita. 
Compreendemos que a alfabetização e o letramento são conceitos que 
não podemser pensados de forma indissociável, porém vale atentar-se para a 
bagagem cultural que a criança possui e transcendê-la. 
No próximo capítulo iremos aprofundar os nossos estudos sobre o 
letramento, porém iremos compreendê-lo no contexto da sala de aula, nas aulas 
de alfabetização e conversaremos sobre as competências que as crianças 
precisam adquirir na escola. 
30
 Teorias do Letramento: as Práticas Sociais de Leitura e de Escrita
Referências 
BAKHTIN, Mikhail Mikhailovich. Estética da criação verbal. 4. ed. São Paulo: 
Martins Fontes, 2003.
BARTON, D.; HAMILTON, M. Local literacies: reading and writing in one 
community. London and New York: Routledge, 1998.
BORTONI-RICARDO, S. M.; GONDIN, M. R. A.; BENÍCIO, M. N. M. O papel 
da oralidade na aquisição da cultura letrada. In: HEINIG, O. L.; FRONZA, C. 
A. Diálogos entre linguística e educação: a linguagem em foco. Blumenau: 
Edifurb, 2010, p. 187-205.
HEATH, S. B. What no bedtime story means: narrative skills at home and the 
school. Language and Society, 11, p. 49-76, 1982. (In: WRAY, David (org.). 
Literacy: major themes in education. Taylor e Francis, 2004).
HEINIG, O. L. M. Letramento e graduação: práticas de leitura e escrita no 
processo de formação de professores. In: SEMINÁRIO DE PESQUISA EM 
EDUCAÇÃO DA REGIÃO SUL, 7, Itajaí, 2008. Anais da AnpedSul. Itajaí: 
ANPEDSUL, 2006.CD-ROM.
KATO, Mary Aizawa. No mundo da escrita: uma perspectiva psicolinguística. 
Sao Paulo : Atica, 1986.
KLEIMAN, A. B. (Org.). Os significados do letramento. Campinas, S.P: 
Mercado de Letras, 1995.
QUINO. Toda Mafalda. São Paulo: Martins Fontes, 1999.
STREET, B. Abordagens alternativas ao letramento e desenvolvimento. 
Teleconferência Unesco Brasil sobre Letramento e Diversidade, out. 2003.
SOARES, M. Letramento: um tema em três gêneros. Belo Horizonte: Autentica, 
2004.
TFOUNI, Leda V. Adultos não alfabetizados: o avesso do avesso. Campinas: 
Pontes, 1988.
CAPÍTULO 2
Alfabetização x Letramento
A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes 
objetivos de aprendizagem:
 3 Apresentar os conceitos de alfabetização para os anos iniciais do ensino 
fundamental de nove anos. 
 3 Apresentar os conceitos de letramento para o ensino fundamental de nove 
anos 
 3 Explicar a dicotomia: alfabetização e letramento 
 3 Compreender a dicotomia: alfabetização e LetramentoContextualização 
32
 Teorias do Letramento: as Práticas Sociais de Leitura e de Escrita
33
Alfabetização x Letramento Capítulo 2 
Contextualização
Agora que você já conhece qual é a origem da palavra letramento, 
precisamos compreender como o ensino fundamental de nove anos foi pensado. 
Isso é importante, pois o acréscimo ocorreu no início do processo escolar e não 
nos anos finais. Sendo assim, o primeiro ano não é nem o espaço do pré-escolar, 
e nem é a antiga primeira série. 
Neste capítulo iremos discutir um pouco mais sobre a alfabetização e o 
letramento, conheceremos também os cinco eixos necessários para a aquisição 
da língua escrita. Além disso, você poderá entender como organizar as suas aulas 
para que além de ensinar os alunos a ler e a escrever você insira-os nas práticas 
sociais – letramento. E com isso você compreenderá como trabalhar o letramento 
autônomo e ideológico. 
Alfabetizar Letrando ou Letrar 
Alfabetizando: Eis a Questão
 
Para iniciar o nosso estudo sobre o universo da alfabetização e o do 
letramento, divirtam-se com a tirinha da Mafalda: 
Figura 10 - Mafalda lendo o jornal 
Fonte: Quino ( 1999, p. 73).
Observe que apesar da Mafalda já saber ler e escrever, ela 
fica indignada que não compreende o que está escrito no jornal, e 
revolta-se profundamente com a escola que ensinou a ela assuntos 
descontextualizados. Ou seja, mesmo na alfabetização os alunos 
poderão ter acesso a textos reais e discuti-los tanto nos aspectos 
textuais e sociais como fazer reflexões acerca da aprendizagem do 
código escrito. 
Os termos 
alfabetização e 
letramento podem 
ser tratados como 
dois processos 
distintos e 
separados, mas 
que mantém uma 
interdependência 
profunda.
34
 Teorias do Letramento: as Práticas Sociais de Leitura e de Escrita
Portanto os termos alfabetização e letramento podem ser tratados como 
dois processos distintos e separados, mas que mantém uma interdependência 
profunda. Soares (2003, p. 15-23), define a alfabetização como 
processo de aquisição do código escrito, das habilidades 
de leitura e de escrita [...] sem dúvida a alfabetização é um 
processo que representa fonemas em grafemas e vice-versa, 
mas é também um processo de compreensão, expressão de 
significados por meio de código escrito [...] a escola atua na 
área da alfabetização, como se está fosse uma aprendizagem 
neutra, despida de qualquer caráter político. 
Esses fragmentos dizem respeito a um texto da professora Magda Soares, uma 
das maiores referência do Brasil sobre a temática, que mesmo não citando o 
letramento nota-se uma presença muito forte e embutida desse conceito. 
No Brasil, a distinção entre esses dois conceitos ainda está um pouco 
confusa, porque quando discutem sobre a alfabetização, acabam falando 
sobre o letramento e vice-versa. É importante compreender que quando, em 
uma prática social (exemplo; o preparo de uma receita culinária), eu coloco em 
prática as minhas habilidades, capacidade de leitura, para, consequentemente, 
inferir na escrita, eu estou praticando letramento. Então, há um contexto 
social, com características culturais e econômicas, no qual, a partir dele, eu 
uso o sistema de escrita e leitura de acordo com o meu conhecimento sobre o 
mesmo.
Enfim, nossas ações de letramento são baseadas no nosso 
contato e de acordo com a situação em questão, por isso, não há como 
sermos neutros, pois sempre emitiremos nossos juízos de valores. 
Há algum tempo, dava-se muita ênfase ao processo de 
alfabetização no que tange a representação fonológica em grafemas, 
demostrando, assim a capacidade de decodificar – uma das funções 
da escrita. Com o passar do tempo ( 20 anos), apagou-se essa ênfase 
devido a vários fatores pedagógicos-administrativos. 
[...] as últimas três décadas assistiram a mudanças de 
paradigmas teóricos no campo da alfabetização que podem 
ser assim resumidas: um paradigma behaviorista [...] é 
substituído por um paradigma cognitivista, que avança, [...] 
para um paradigma sociocultural. (SOARES, 2003, p. 25).
 
Com essa concepção socioconstrutivista, o sujeito, ou seja, o aluno é ativo 
em seu estudo, compreendendo e utilizando a leitura e a escrita em contextos 
sociais reais, dos quais ele faz parte.
Nossas ações 
de letramento 
são baseadas no 
nosso contato e 
de acordo com 
a situação em 
questão, por isso, 
não há como 
sermos neutros, 
pois sempre 
emitiremos nossos 
juízos de valores.
 
35
Alfabetização x Letramento Capítulo 2 
Essa leitura passa a ter mais sentido, pois está associada ao contexto que 
a criança vive, porém, não é somente através desse contexto que a criança 
se alfabetizará, ela precisa compreender o sistema fonológico convertido em 
grafemas. 
A concepção construtivista, no Brasil, tem como ideia principal: adquirir a 
aprendizagem da leitura e da escrita por meio dos textos das práticas sociais. 
Este processo possibilita a aprendizagem da relação entre um fonema com o 
seu grafema pela interação, ou seja, naturalmente, através dos textos, a criança 
compreenderia “o sistema grafofônico”. 
Porém, a maior crítica a esta concepção é a falta do ensino direto, específico 
do código alfabético. Há necessidade de se estudar esse código alfabético, para 
que posteriormente haja a decodificação do mesmo, dentro de processo do estudo 
da língua escrita. 
Sistema grafônomico - relações fonemas - grafemas.
É fundamental, importante e dá base ao aluno, o contato com textos que 
fazem parte tanto do cotidiano social quanto escolar, para que eles aumentem o 
seu conhecimentodos diversos gêneros discursivos, mas é preciso que o espaço 
da sala de aula também dedique certo tempo para o processo da alfabetização 
(decodificação) propriamente dito. 
Atividade de Estudos: 
1) Antes de prosseguirmos em nosso estudo, responda: Qual é o 
método de alfabetização que sustenta a sua prática pedagógica? 
Exemplifique! 
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 Teorias do Letramento: as Práticas Sociais de Leitura e de Escrita
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Uma coisa é fato, e precisa ser compreendida em sua clareza, 
não há alfabetização sem método, ou sem uma metodologia de 
ensino, e o professor precisa compreender a partir de que concepção de 
ensino estará guiando o processo de ensino-aprendizagem.
Além disso, é possível construir no PPP da escola o que o corpo 
docente compreende por alfabetização, ensino e aprendizagem, pois 
isso gera uma segurança por parte dos pais que compreendem as 
metodologia de ensino utilizadas em sala de aula. 
 No decorrer de sua trajetória acadêmica e docente você deve ter ouvido 
falar de vários métodos, uns mais valorizados outros criticados, aqui vamos fazer 
um resgate rápido das principais características dos seguintes métodos: 
• Palavração 
• Sentenciação 
• Alfabético 
• Fônico 
• Silábico
a) Palavração 
De acordo com Maciel (2005) e Soares ( 2003b), esse método, como o 
próprio nome diz, usa como fundamento as palavras, as crianças deverão através 
do treino memorizar as palavras, isoladas e desligadas do sentido. Na palavração 
acredita-se que aprender a ler é ser capaz de ler palavras. 
Veja o exemplo de palavração: 
BONECA: boca – boné- nenê- bobo- cabo- caneca
 
Observe que a partir da palavra “boneca” foram geradas, com as mesmas 
37
Alfabetização x Letramento Capítulo 2 
silabas, novas palavras. Em nenhum momento foi apresentada a palavra no 
contexto de uma frase, ou de texto em que seja discutido e analisado o sentido do 
uso dessa palavra em um contexto social. 
b) Sentenciação 
Claro que um método sobrepõe o outro, para os que acreditam neste 
método, criticam o método de palavração, por utilizarem palavras isoladas. No 
entanto podemos fazer a mesma crítica a esse método, que utiliza frases, porém 
descontextualizas, ou com palavras repetidas. (MACIEL, 2005). Veja o exemplo: 
Mimi é um gato. 
Mimi anda e mia. 
Mimi é um gato bonito. 
Mimi faz miau miau. 
c) Alfabético
 
Com base em Soares (2003b), podemos afirmar que todos os métodos 
partem da ideia das letras do alfabeto, mas este apostava na ideia em que os 
alunos teriam que memorizar as letras do alfabeto e cantarolar a medida que 
quisessem escrever uma determinada palavra. Esse método também ficou 
conhecido como soletração. Por exemplo, para a palavra BANANA, a criança faria 
o seguinte movimento: 
b....a = ba ; n...a = na ; n..a = na ba – na – na 
d) Fônico 
Este método foi bastante utilizado por volta da década de 80, e seu 
fundamento era ensinar os fonemas das letras aos alunos, além disso, os autores 
dessas cartilhas apostavam em ilustrações para que os alunos pudessem fazer 
associações entre o fonema e a palavra. Por exemplo: FACA, no /F/ havia um 
desenho de faca. (SOARES, 2003b) 
Para alguns professores, a fragilidade desse método consiste em se tornar 
artificial a pronúncia dos fonemas sem o auxilio da vogal. Isso porque, em nossa 
língua nem todas as letras tem seu nome correspondente ao seu som e nem 
sempre há uma correlação entre o som e letra. (MACIEL, 2005). 
38
 Teorias do Letramento: as Práticas Sociais de Leitura e de Escrita
e) Silábico 
Por último apresentaremos o método silábico, talvez o mais conhecido, e 
talvez o que você foi alfabetizado. Esse método possui como ideia principal que o 
ensino da leitura e da escrita é baseado nas “famílias silábicas” e essa sequencia 
é gradual. Para muitos professores é considerado um método de fácil aplicação 
em sala de aula. Esse método também possui três fases: 
1) É apresentada a família silábica de preferencia de acordo com ordem do 
alfabeto. Exemplo: BA – BE – BI – BO- BU 
2) Depois, há uma formação de palavras, reais ou não a partir dessas sílabas: 
ba-ba ; be – be; be –bi; bi –bi; bo – bo. 
3) Posterior a isso era ensinado outra família silábica e havia, aqui, uma junção 
dessas duas famílias para a produção de novas palavras: bala, bola, bela, 
bole, loba, lobo. 
A fragilidade desse método consiste no excesso de memorização, e a 
unidade menor na língua ser a sílaba e não o fonema, além de uma escrita 
reduzida de palavras, muitas vezes descontextualizadas e sem sentido aos 
alunos. 
Bem, caro pós-graduando, estes são os métodos em que as crianças foram 
alfabetizadas ao longo dos anos, e ainda estão sendo. Ambos tem vantagens 
e fragilidades, de acordo do Maciel (2005, p.51) “A alfabetização é uma técnica 
de decifração que envolve um conjunto de processos biológicos, psicológicos e 
sociais complexos”. A partir dessa concepção de aprendizagem que envolve além 
da decifração de letras, compreendemos que em pleno século XXI, em que o 
acesso a informação é tão rápido, ao relacionar a alfabetização e usos sociais da 
leitura e da escrita no cotidiano, não se pode mais falar de alfabetização de forma 
desvinculada da ideia do letramento. 
Enfim, para que haja um ótimo desenvolvimento do aluno, é necessário que 
os seus contatos com o sistema de escrita sejam permeados por atividades de 
letramento e alfabetização também. 
Faz-se necessário deixar específico o processo de alfabetização que 
possibilita a prática do letramento, como são duas dimensões diferentes, precisa-
se utilizar uma metodologia para cada momento de aprendizagem. 
E por fim, não podemos deixar que os alfabetizadores somente utilizem 
39
Alfabetização x Letramento Capítulo 2 
métodos de alfabetização ou os de letramento. Precisa-se desses dois diferentes 
e interdependentes, e que esses processos sejam conciliados, para dar um maior 
significado e aproximar da realidade o aprendizado do sistema ortográfico e a 
leitura. E tenha a clareza que você pode dedicar tempos diferentes de leitura 
durante a sala de aula, alguns com uma reflexão sobre o sistema alfabético, assim 
como a leitura em um viés social. 
Há dois grandes centros de pesquisa na área da alfabetização 
e linguagem no Brasil, em ambos, têm sites de pesquisa para que 
as pessoas tenham conhecimento das suas ações e possam baixar 
livros, atividades, vídeos. Vale a pena visitar!!!
CEEL (Centro de Estudos em Educação e Linguagem), 
coordenado pela profa. Telma Ferraz http://www.ceelufpe.com.br/
CEALE (Centro de Alfabetização Leitura e Escrita), coordenado 
pela profa. Magda Soares. http://www.ceale.fae.ufmg.br/
Alfabetização e Letramento: um 
Aspecto Legal
Você pode estar ainda se perguntado, como conseguir conciliar a 
alfabetização e o letramento na sala de aula. Então, o Ministério da Educação 
e Cultura (MEC) desenvolveu um programa de formação continuada para os 
professores dos anos iniciais do Ensino Fundamental – Pró-letramento. 
Este programa tem como base cinco eixos necessários para a aquisição da 
língua escrita, são eles (BRASIL, 2006): 
• Compreensão e valorização da cultura escrita 
• Apropriação do sistema de escrita 
• Leitura 
• Produção de textos escritos 
• Desenvolvimento da oralidade
40
 Teorias do Letramento: as Práticas Sociais de Leitura ede Escrita
Para um melhor aproveitamento dos conceitos de cada eixo eles serão 
estudados neste capítulo de forma isolados, mas na sala de aula eles estarão em 
conjunto. 
A proposta nestes eixos tem como foco principal que os alunos desenvolvam 
“capacidades”, e isto esta associado com conhecimentos e atitudes. Nas seções 
seguintes iremos compreender o que pertence a cada um desses eixos, e 
como está organizado o período de alfabetização (1º, 2º e 3º anos do ensino 
fundamental). Primeiro será apresentado o quadro de cada uma das capacidades 
e depois será explicado cada um dos itens. 
Para compreender os quadros atente-se para a legenda:
I= introduzir (os alunos se familiarizam com os conteúdos e 
conhecimentos)
R=retomar (conhecimentos e capacidades já dominados ou 
consolidados em um período anterior)
T=trabalhar 
C= consolidar (sedimentar os avanços no conhecimento e 
capacidade dos alunos). 
Fonte: Brasil (2006, p.15).
a) Compreensão e valorização da cultura escrita 
Este é o primeiro eixo, tem como objetivo principal a inserção da criança no 
contexto escolar. Observe o quadro a seguir sobre quais serão os conhecimentos 
e atitudes que serão desenvolvidos na sala de aula neste eixo. 
41
Alfabetização x Letramento Capítulo 2 
Quadro 1: Compreensão e valorização da cultura escrita: 
capacidades, conhecimentos e atitudes
 
Fonte: Brasil (2006, p.16).
 
Primeiramente, notem que todas as capacidades apresentadas 
nesse primeiro eixo deverão ser iniciadas, trabalhadas e consolidadas no 
primeiro ano do ensino fundamental, as duas primeiras serão trabalhadas 
e consolidadas tanto no segundo e no terceiro anos, enquanto que as 
ultimas serão apenas trabalhadas e retomadas nos segundo e terceiro 
anos. 
Podemos afirmar que este eixo está mais voltado para as práticas 
sociais do que aos aspectos da alfabetização, pois no decorrer das 
aulas os alunos irão compreender os modos de circulação da linguagem 
escrita, assim como conhecerão os diferentes gêneros discursivos.
De acordo com Bakhtin (2003), os gêneros discursivos são 
textos falados, escritos que circulam na sociedade e são reconhecidos 
com facilidade pelas pessoas. Como exemplo, podemos citar: carta, 
bilhete, receita culinária, lista de compras, piada, letra de música, 
dissertação de mestrado, monografia, entre outros. 
 Este eixo é de suma importância para que as crianças 
compreendam a função social da escrita, e isto será possível se o 
professor apresentar aos alunos diferentes gêneros discursivos e 
suportes textuais. 
Os gêneros 
discursivos são 
textos falados, 
escritos que 
circulam na 
sociedade e são 
reconhecidos com 
facilidade pelas 
pessoas.
Suportes textuais 
referem-se à 
base que permite 
que os diferentes 
gêneros textuais 
circulem na 
sociedade.
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 Teorias do Letramento: as Práticas Sociais de Leitura e de Escrita
Suportes textuais referem-se à base que permite que os 
diferentes gêneros textuais circulem na sociedade. Como por 
exemplo: o jornal, este é um suporte em que podemos encontrar 
diferentes gêneros discursivos (piada, horóscopo, reportagem, 
gráficos, propaganda, entre outros). 
 
Essa familiarização com os diferentes gêneros proporciona aos alunos um 
conhecimento acerca de onde esses textos circulam na sociedade (na escola, no 
uso doméstico, no campo jurídico), formas de aquisição e empréstimos desses 
materiais, pois acabam compreendendo os espaços como bibliotecas, livrarias e 
sebos. 
O último item, “desenvolver as capacidades necessárias para o uso da escrita 
no contexto social” (BRASIL, 2006, p. 16), faz com que os alunos aprendam a 
manusear um livro, um caderno, a régua, caneta, aprendam a utilizar um lápis, 
como apontar um lápis, a utilizar o computador. 
Para muitas realidades, esse eixo pode parecer desnecessário, 
visto que algumas crianças têm acesso a esses materiais escritos 
tanto na escola, como no contexto familiar. Mas, lembre-se de que 
nosso é país é grande e possui muitas realidades sociais. 
Atividade de Estudos: 
1) Observando esse primeiro eixo da aprendizagem da linguagem, 
elabore uma atividade em que sejam trabalhadas pelo menos 
duas capacidades deste eixo. 
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Alfabetização x Letramento Capítulo 2 
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b) Apropriação do sistema de escrita 
No primeiro eixo, compreendemos a importância da apresentação dos 
gêneros discursivos para os alunos, para que eles entendam a função social 
da escrita, já neste segundo eixo, conversaremos mais sobre a apropriação 
do sistema de escrita, e com isso discutiremos mais detalhadamente sobre a 
alfabetização e letramento em sua simultaneidade. Observe o quadro: 
Quadro 2 - Apropriação do sistema de escrita: conhecimentos e capacidade
 
Fonte: Brasil (2006, p. 24).
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 Teorias do Letramento: as Práticas Sociais de Leitura e de Escrita
Você deve ter notado que este eixo é mais amplo que o primeiro, além disso, 
deve ter observado que grande parte dessas capacidades são introduzidas e 
trabalhadas no decorrer do primeiro ano. Além disso, serão ainda trabalhadas no 
segundo e terceiro ano. Esse eixo tem como fundamento a alfabetização. Neste 
novo modelo de ensino, a alfabetização é um processo que compreende os três 
primeiros anos do ensino fundamental. 
Precisamos estudar este eixo de forma detalhada para que seja 
possível compreender a apropriação do sistema de escrita. Um dos primeiros 
conhecimentos que os alunos precisaram desenvolver neste eixo, é reconhecer 
um símbolo, um número e as letras. 
Posterior a isso, é importante que as crianças compreendam como está 
organizado o nosso sistema de escrita, ou seja, escrevermos da esquerda para a 
direita e de cima para baixo. Mesmo que as crianças já tenham contato com isso 
é um detalhe que precisa ser estudado em sala de aula, para que se desenvolvam 
as habilidades de organização da escrita em espaços delimitados como uma folha, 
um bilhete, no computador, no post-it e em outros tantos materiais que poderão 
ser utilizados pelo professor para explicar isso. Essa informação poderá parecer 
uma informação obvia, mas lembre-se de que nem todas as línguas seguem essa 
ordem. Outra informação de suma importância que está presente neste eixo, é a 
segmenta das palavras, ou popularmente conhecida como os espaços em branco. 
De acordo com Scliar-Cabral (2009) no início do processo de escolarização 
e aprendizagem do código escrito é comum que as crianças escrevam assim: 
Eraumavezumamenina, isso ocorre devido ao fato da fala ser um continuum, ou 
seja, quando falamos não há necessidade de estabelecer esses espaços em 
branco que aparecem na escrita. Por isso, podemos afirmar que a leitura é 
mais fácil que a escrita, e as crianças normalmente aprendem a ler antes de 
escrever. 
Isso ocorre, pois na leitura tudo está pronto, as palavras estão escritas 
corretamente, há os espaços em branco, a pontuação da língua está apresentada, 
o individuo precisa apenas transformar as letras (grafemas) em fonemas (sons). 
Na escrita o grau de dificuldade é um pouco maior, pois a criança tem apenas 
uma folha em branco, então terá que pensar sobre irá escrever, transformar esses 
fonemas em grafemas, deixar os espaços em branco, escrever essaspalavras 
de acordo com as normas ortográficas e sintáticas da língua, além de colocar a 
pontuação adequada.
45
Alfabetização x Letramento Capítulo 2 
Grafema são letras ou grupos de letras, entidades visíveis e 
isoláveis. Exemplo: r, ss, sc, b, t. 
O fonema tem uma função distintiva, isto é, serve para distinguir 
um significado básico de outro, como no já citado exemplo de /´bala/ 
e /´mala/. Veja bem, o fonema não tem significado: serve para 
distinguir significados. Quer dizer que /b/ e /m/ não significam 
nada, mas trocando um pelo outro no contexto /´_ala/, o significado 
se altera...” (SCLIAR-CABRAL, 2009, p. 4).
 
Ainda neste eixo, os alunos irão aprender as noções 
fonoaudiológicas da língua, irão refletir sobre as palavras, compreenderá 
que a unidade menor da língua é o fonema, e irá começar a desenvolver 
a consciência fonológica. 
Consciência fonológica é o entendimento de cada umas das 
palavras, ou partes da palavra que são constituídas de um ou mais 
fonemas. (BORTONI-RICARDO et al, 2010, p.191).
Observe a figura a seguir que apresenta as consciências fonológicas que 
precisam ser desenvolvidas no início do processo escolar. 
Figura 11 - Consciência Fonológica 
 
Fonte: A autora.
Os alunos 
irão aprender 
as noções 
fonoaudiológicas 
da língua, irá 
refletir sobre 
as palavras, 
compreenderá 
que a unidade 
menor da língua 
é o fonema, e 
irá começar a 
desenvolver 
a consciência 
fonológica. 
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 Teorias do Letramento: as Práticas Sociais de Leitura e de Escrita
Segundo Bortoni-Ricardo et al (2010, p.191), é o desenvolvimento da 
consciência fonológica a partir de estratégias “baseadas nas competências 
linguísticas da modalidade oral dos alfabetizandos.” Nessa perspectiva 
o trabalho com a rima se torna interessante.
As práticas de letramento no contexto escolar precisam 
contemplar, em princípio, atividades orais para que as 
crianças pequenas desenvolvam uma consciência fonológica 
que possa assegurar a construção de leitura e da escrita. 
Não adianta memorizar os fonemas que correspondem às 
letras, sem que se tenha percebido antes que cada palavra 
é composta de uma sequência de fonemas. A consciência 
silábica é, pois, de grande importância para que as crianças 
desenvolvam a consciência fonêmica. (BORTONI-RICARDO, 
et al, 2010, p.193).
Outro aspecto importante é o aluno conhecer o alfabeto, saber 
que ele é composto por 26 letras. Que estas letras estão divididas em 
vogais e consoantes e o que estas representam nas palavras. Posterior 
a apresentação das letras é preciso compreender a categorização 
gráfica, ou seja, a forma de grafar cada uma delas. Além disso, há a 
funcionalidade das letras, que pode ser explicado como a ordem que essas letras 
precisam ser escritas de modo que seja formada uma determinada palavra. 
Para finalizar, cabe refletir que nas aulas há uma necessidade de 
atividades voltadas para as práticas de alfabetização e de que essas 
não podem ser esquecidas só porque hoje temos uma compreensão 
de alfabetizar letrado. 
De acordo com Brasil (2006, p.29) “para ler, é indispensável 
a capacidade perceptiva que possibilita identificar cada letra, 
distinguindo-a uma das outras. Para a escrever além da percepção, é 
necessária a capacidade motora”. 
No que tange as letras, é preciso que o aluno conheça os 
diferentes tipos de letra, no inicio da escolarização a letra maiúscula 
e de forma tem uma grande aceitação por ter o seu traçado mais 
simples e não causa tanta dúvida, mas com o passar do tempo a letra 
cursiva, tem sua grande importância por dar certa rapidez na escrita. 
A familiarização com as letras pode acontecer desde a educação infantil, mas no 
primeiro ano, este será um dos focos de ensino. 
 
No que se refere às regularidades e irregularidades, essas serão adquiridas 
no período dos três anos iniciais da escolarização e serão retomadas em todos os 
As práticas 
de letramento 
no contexto 
escolar precisam 
contemplar, 
em princípio, 
atividades orais 
para que as 
crianças pequenas 
desenvolvam 
uma consciência 
fonológica que 
possa assegurar 
a construção 
de leitura e da 
escrita.
 
Com Brasil (2006, 
p.29) “para ler, 
é indispensável 
a capacidade 
perceptiva 
que possibilita 
identificar 
cada letra, 
distinguindo-a uma 
das outras. Para 
a escrever além 
da percepção, 
é necessária 
a capacidade 
motora”.
 
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Alfabetização x Letramento Capítulo 2 
textos, pois aqui estamos falando da escrita ortográfica. 
Observe as palavras apresentadas a seguir 
Regularidades Ortográficas Irregularidades Ortográficas 
PATO HOJE 
RUA LIÇÃO
SORTE EXERCÍCIO 
BOCA RESUMO 
MATO CASA 
LATA 
De acordo com Morais (1999) as letras ( P, R, S, B, M, L) são letras que no 
contexto em que estão grafadas não geram dúvidas para a criança quando ela irá 
escrever. Lembrando que aqui são apresentados alguns exemplos. 
Quanto as irregularidades ortográfica, são palavras em que causam 
dúvida na hora da escrita, e precisa ser memorizada a palavra para escrevê-la 
corretamente, por exemplo : O “h”de hoje, o “ç”de lição que pode ser confundido 
com os dois “s”, o “x”de exercício que pode ser grafado com “z”, o “s” de casa e 
resumo que pode ser escrito com z. 
 
MORAIS, Artur Gomes de. (Org.). O aprendizado da ortografia. 
Belo Horizonte: CEALE / Autêntica, 1999. 
CAGLIARI, Luiz Carlos. Alfabetização sem o bá-bé-bí-bó-bú. São 
Paulo: Scipione, 1999.
Atividade de Estudos: 
1) Vamos exercitar os nossos conhecimentos neste segundo eixo. 
Pense em um jogo para trabalhar com os alunos as regularidades 
ou irregularidades ortográficas. Lembre-se de levar os alunos a 
reflexão sobre a escrita, não a memorização. 
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 Teorias do Letramento: as Práticas Sociais de Leitura e de Escrita
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c) Leitura 
Depois, que compreendermos a apropriação do sistema de escrita, iremos 
conversa sobre a leitura. Lembrando que no próximo capitulo voltaremos a discutir 
essa questão na prática pedagógica.
Quadro 3 - A leitura 
 
Fonte: Brasil ( 2006, p. 40).
49
Alfabetização x Letramento Capítulo 2 
Algo que foi e será abordado ao longo desse caderno de estudos, é que a 
leitura precisa ser compreendida como uma prática social, e assim sendo, tudo o 
que for de material escrito, deverá estar na sala de aula, ou ser de fácil acesso, 
para que as crianças possam manusear esses materiais. 
Neste eixo observe que os conhecimentos serão introduzidos no 
primeiro anos, trabalhados no segundo e terceiro ano, ou seja, este é um 
eixo que não tem fim, e sim um acréscimo a cada novo ano. 
Além disso, aqui os alunos irão ler desde palavras até textos 
e possuir fluência na leitura. No entanto, observe que neste eixo 
temos grandes conceitos da leitura embutidos: a leitura, a leitura e a 
interpretação, e a inferência sobre o que é lido. 
De acordo com Kleiman (1993), ao ler um texto e fazer uma 
interpretação o sujeito deverá saber localizar a informação explicita no 
texto, interpretar o que está nas entrelinhas e fazer inferências entre os 
textos lidos e o que já ouviu sobre o determinado assunto. 
Numprimeiro momento essas leituras devem ser feitas pela professora assim 
como as interpretações poderão ser feitas no coletivo e de forma oral. Na medida 
em que os alunos vão se apropriando do código escrito novas metodologias em 
sala de aula poderão ser consideradas. 
Atividade de Estudos: 
1) Elabore uma proposta de leitura para uma turma de primeiro ano 
que ainda não domina o código escrito. 
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Kleiman (1993), 
ao ler um texto 
e fazer uma 
interpretação o 
sujeito deverá 
saber localizar 
a informação 
explicita no 
texto, interpretar 
o que está nas 
entrelinhas e fazer 
inferências entre 
os textos lidos e o 
que já ouviu sobre 
o determinado 
assunto.
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 Teorias do Letramento: as Práticas Sociais de Leitura e de Escrita
2) Retome a atividade elaborada e verifique quais foram os aspetos 
do terceiro eixo que foram contemplados nessa atividade. 
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d) Produção de textos escritos 
Este penúltimo eixo irá trabalhar com a produção escrita de textos, observe 
o quadro apresentado a seguir, para compreender as capacidades que a criança 
deverá desenvolver. 
Quadro 4 - Produção de textos escritos
 
Fonte: Brasil (2006, p. 47).
Primeiro, observe que algumas capacidades serão apenas 
introduzidas no primeiro ano, enquanto outras serão trabalhadas e 
Por mais que se 
tragam gêneros 
discursivos de 
outras esferas 
sociais para dentro 
da sala de aula, 
esses gêneros 
irão acabar sendo 
escolarizados, 
mas a escrita 
apenas terá 
sentido se o 
papel dela não for 
restrito apenas a 
nota e a entrega 
desse material a 
professora.
 
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Alfabetização x Letramento Capítulo 2 
consolidadas tanto no primeiro, como no segundo e terceiro ano. Além disso, 
observe que tanto o eixo três e este, não trabalham com uma finalização dessas 
capacidades, pois estas serão trabalhadas ao longo do processo de escolarização. 
Alguns pontos importantes desse eixo: fazer com que os alunos compreendam 
o uso da escrita na sociedade, assim como os diferentes gêneros discursivos e 
estes precisam ser sempre pensados com um destinatário real. Ou seja, por mais 
que se tragam gêneros discursivos de outras esferas sociais para dentro da sala 
de aula, esses gêneros irão acabar sendo escolarizados, mas a escrita apenas 
terá sentido se o papel dela não for restrito apenas a nota e a entrega desse 
material a professora. No quarto capítulo desse caderno de estudos, iremos 
retomar essas discussões. 
Esferas sociais, mais especificamente às situações de interação 
dentro de determinada esfera social (esfera cotidiana, do trabalho, 
científica, escolar, religiosa, jornalística, etc.). ( BAKHTIN, 2003). 
 
Neste eixo, está inserida a capacidade de utilizar a variação linguística para 
o texto, ou seja, escrever um bilhete para algum familiar avisando porque você 
não está em casa, ou escrever uma carta para o prefeito da cidade reivindicando 
melhorias no bairro que você mora são produções textuais, em que cada um 
deverá ter uma linguagem adequada ao seu destinatário e a sua função 
social. 
Os textos deverão ser elaborados de acordo com as normas 
ortográficas, composicionais e estilísticas. E um dos fatores de suma 
importância, criar o hábito de revisar o que está sendo escrito. 
Dois aspectos são cruciais para o sucesso do fazer pedagógico 
desse eixo: 
• O professor desde o inicio da escolarização deve ser o escriba 
enquanto os alunos não dominam o código escrito, e fazer 
reflexões sobre o processo de escrita no coletivo. 
• Para a produção textual o foco deverá ser sempre na qualidade 
e não na quantidade, ou seja, vale mais uma produção de texto 
feita, refeita, do que várias produções de texto com a mesma 
fragilidade. 
Os textos deverão 
ser elaborados 
de acordo com 
as normas 
ortográficas, 
composicionais e 
estilísticas.
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 Teorias do Letramento: as Práticas Sociais de Leitura e de Escrita
Atividade de Estudos: 
1) Pense na seguinte situação: A diretora da escola em que você 
atua como professora está de aniversário, e a coordenadora 
orientou que cada sala fizesse um cartão de aniversário coletivo 
para presentear a diretora. Mas, esse cartão deverá ser construído 
por todos os alunos utilizando apenas uma folha A4. Como você 
iria organizar essa atividade, baseando-se nesse eixo. Descreva 
os passos dessa atividade. 
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e) Desenvolvimento da oralidade
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Alfabetização x Letramento Capítulo 2 
Neste último eixo, iremos apresentar sobre a oralidade. Observe os 
conhecimentos apesentados no quadro a seguir: 
Quadro 5 - Desenvolvimento da Oralidade 
 
Fonte: Brasil (2006, p. 54).
De forma geral, esse eixo irá trabalhar com a língua falada tanto 
no contexto da sala de aula, em que os aluno deverá responder o 
que for solicitado pela professora, interagir com os colegas, assim 
como adequar-se as diferentes situações escolares ( apresentação 
de trabalhos, fala com amigos no recreio, conversa com o diretor do 
educandário) de acordo com as variações sociolinguísticas. 
Quanto às variações linguísticas é necessário que a criança respeite 
tanto dos colegas como funcionários da escola, assim como planeje a 
sua fala em situações formais que poderão a fazer parte da realidade 
escolar. 
BAGNO, Marcos. A língua de Eulália: novela sociolingüística.11. ed. 
São Paulo : Contexto, 2001.
BORTONI-RICARDO, Stella Maris. Nós cheguemu na escola, e 
Quanto às 
variações 
linguísticas é 
necessário que a 
criança respeite 
tanto dos colegas 
como funcionários 
da escola, assim 
como planeje 
a sua fala em 
situações formais 
que poderão a 
fazer parte da 
realidade escolar.
54
 Teorias do Letramento: as Práticas

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