Buscar

Alfabetização e letramento

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 72 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 72 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 72 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

EDUCAÇÃO SUPERIOR
Modalidade Semipresencial
Alfabetização e 
Letramento
São Paulo
2017
Alfabetização 
e Letramento
Denise Jarcovis Pianheri
Sistema de Bibliotecas do Grupo Cruzeiro do Sul Educacional
PRODUÇÃO EDITORIAL - CRUZEIRO DO SUL EDUCACIONAL. CRUZEIRO DO SUL VIRTUAL
P643a
Pianheri, Denise Jarcovis 
 Alfabetização e letramento. / Denise Jarcovis Pianheri. São Paulo: 
Cruzeiro do Sul Educacional. Campus Virtual, 2017.
 72 p.
Inclui bibliografia
ISBN: 978-85-8456-201-5
1. Educação. 2. Alfabetização. I. Cruzeiro do Sul Educacional. 
Campus Virtual. II. Título
CDD 370.19 
Pró-Reitoria de Educação a Distância: Prof. Dr. Carlos Fernando de Araujo Jr.
Autoria: Denise Jarcovis Pianheri
Revisão textual: Selma Aparecida Cesarin
2017 © Cruzeiro do Sul Educacional. Cruzeiro do Sul Virtual. 
www.cruzeirodosulvirtual.com.br | Tel: (11) 3385-3009
Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução, mesmo parcial, por qualquer processo, sem autorização 
por escrito dos autores e detentor dos direitos autorais
Alfabetização e Letramento
Plano de Aula
9 Unidade I – A Escrita: Surgimento e Evolução
17 Unidade II – Alfabetização e Letramento
29 Unidade III – Métodos de Alfabetização
39 Unidade IV – A Leitura no Processo de Alfabetização e Letramento
49 Unidade V – A Escrita no Processo de Alfabetização
61 Unidade VI – A Alfabetização e Jovens e Adultos
SUMÁRIO
 
6
PLANO DE
AULA
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem 
aproveitado e haja uma maior aplicabilidade na sua 
formação acadêmica e atuação profissional, siga 
algumas recomendações básicas: 
Assim:
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte da 
sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e horário 
fixos como o seu “momento do estudo”.
Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar, lembre-se de que uma 
alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo.
No material de cada Unidade, há leituras indicadas. Entre elas: artigos científicos, livros, vídeos e 
sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você também 
encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua 
interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados.
Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discussão, 
pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o contato 
com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e aprendizagem.
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte da 
sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e horário 
Mantenha o foco! 
Evite se distrair com 
as redes sociais.
Mantenha o foco! 
Evite se distrair com 
as redes sociais.
Determine um 
horário fixo 
para estudar.
Aproveite as 
indicações 
de Material 
Complementar.
Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar, lembre-se de que uma 
Não se esqueça 
de se alimentar 
e se manter 
hidratado.
Aproveite as 
Conserve seu 
material e local de 
estudos sempre 
organizados.
formação acadêmica e atuação profissional, siga 
Procure manter 
contato com seus 
colegas e tutores 
para trocar ideias! 
Isso amplia a 
aprendizagem.
Seja original! 
Nunca plagie 
trabalhos.
 
7
Objetivos de aprendizagem
Un
id
ad
e I A Escrita: Surgimento e Evolução
 » Nesta Unidade, o nosso tema será: “A escrita: surgimento e evolução”, na qual apresentaremos um panorama 
simplificado de como surgiu a escrita e das mudanças pelas quais ela passou, o que é importante para entendermos 
o processo de aprendizagem. Abordaremos alguns tipos de sistema de escrita e algumas características significativas 
para o nosso estudo.
Un
id
ad
e I
I
Alfabetização e Letramento
 » Nesta Unidade, o nosso tema será: “Alfabetização e Letramento”, na qual apresentaremos seus conceitos, um pouco 
da história do surgimento do termo “Letramento” e a importância de entendermos seu significado no processo de 
ensino e aprendizagem das crianças e até mesmo dos adultos. Também iremos contextualizar resumidamente como a 
Alfabetização aparece nos índices de pesquisa em nosso país.
Un
id
ad
e I
II Métodos de Alfabetização
 » Nesta unidade, nosso tema será: “Métodos de Alfabetização”, na qual veremos o significado de método e quais são os 
tipos utilizados pelos educadores. Também abordaremos a questão das hipóteses da escrita e a importância da leitura 
no processo de aprendizagem da leitura e da escrita.
Un
id
ad
e I
V A Leitura no Processo de Alfabetização e Letramento
 » Nesta Unidade, o nosso tema será: “A Leitura no Processo de Alfabetização e Letramento”. Abordaremos a questão da 
leitura na alfabetização, a importância da leitura por prazer e de como a prática da leitura colabora na aprendizagem da 
criança ou do indivíduo que está sendo alfabetizado.
Un
id
ad
e V A Escrita no Processo de Alfabetização
 » Nesta Unidade, estudaremos sobre “A escrita no processo de Alfabetização”. Qual é o papel da escrita e sua função.
 » Também abordaremos o papel do aluno e do professor nesse processo e a importância de ter um ambiente alfabetizador.
Un
id
ad
e V
I
A Alfabetização e Jovens e Adultos
 » Nesta Unidade, o nosso tema será: “A Alfabetização de Jovens e Adultos”, em que apresentaremos alguns pontos que 
acreditamos ser importantes como: qual o perfil dos alunos da Educação de Jovens e Adultos, qual a importância 
da volta desses adultos aos estudos e principalmente quem foi Paulo Freire e a importância de seus estudos na 
alfabetização dos Jovens e Adultos.
Responsável pelo Conteúdo:
Profa. Ms. Denise Jarcovis Pianheri
Revisão Textual:
Profa. Dra. Selma Aparecida Cesarin
I
A Escrita: Surgimento e Evolução
A Escrita: Surgimento e Evolução
UNIDADE
I
10
Contextualização
Para começarmos a Unidade, que tal refletirmos um pouco:
A linguagem é inseparável do homem, segue-o em todos os seus atos. 
É o instrumento graças ao qual o homem modela seu pensamento, 
seus sentimentos, suas emoções, seus esforços, sua vontade, seus atos. 
Instrumento ao qual ele influencia, e é influenciado, a base mais profunda 
da sociedade humana (HJELMSLEV, apud SERGIO, 2010.)
Após a leitura da citação, reflita sobre a importância da linguagem em sua 
vida, mais especificamente, qual a importância da escrita. Pense a respeito de 
como a utilizamos, de porque a utilizamos e quais as vantagens ao sabermos nos 
comunicar adequadamente em várias situações com as quais nos deparamos em 
nosso dia a dia. 
Essa reflexão é importante para começarmos a pensar a respeito do tema 
desta Unidade.
A Escrita: Surgimento e Evolução
11
Introdução
Nesta Unidade, estudaremos a respeito do surgimento e da evolução da escrita, 
mas para melhor compreendermos quando falamos de Alfabetização e Letramento, 
ainda surgem dúvidas a respeito de conceitos e definições, 
A complexidade dos termos é natural, devido às várias mudanças e 
transformações de ideias e práticas pedagógicas que vêm surgindo há algum tempo, 
podemos até afirmar que essas mudanças vem ocorrendo há algumas décadas.
Sabemos que os conteúdos que as crianças aprendem na Escola não se fazem 
apenas por memorização. Hoje, vivemos em uma Sociedade que requer mais; 
exige-se aprender a interpretar, a questionar, a escrever textos e a compreendê-los, 
ou seja, a refletir sobre a sua própria escrita.
É claro que há a necessidade da memorização das letras e sílabas para se poder 
ter condições de escrever, mas hoje se espera muito mais do educando e a reflexão 
sobre o funcionamento da linguagem é parte integrante de um bom desenvolvimento 
da aprendizagem da criança.
Percebemos que há um desafio para o educador, como declara Maria Fernandes:
O desafio do educador é organizar as atividades de sala de aula a partir 
dos estudos e pesquisas atuais na área da linguagem, possibilitando uma 
aprendizagem da língua oral e escrita deacordo com as características da 
época que está vivendo (FERNANDES, 2008).
Para tentarmos superar o desafio proposto pela autora Maria Fernandes, iremos 
começar pela história da escrita, ou seja, seu surgimento e sua evolução, para 
iniciarmos a compreensão do processo da língua escrita.
Há conhecimento de que o homem passou a fazer 
os seus registros há milhares de anos e que foi na 
antiga Mesopotâmia, localizada no Oriente Médio e 
considerada o berço das civilizações. 
Então, continuando, nessa região é que foram 
encontrados os primeiros indícios do surgimento 
da escrita, mas não podemos afirmar que a escrita 
surgiu apenas em uma civilização porque há registros 
de outros povos como os egípcios e os chineses, que 
também desenvolveram seus sistemas de escrita. Fonte: iStock/Getty Images
Assim, podemos perceber que os povos primitivos tiveram a necessidade de 
registrar seus acontecimentos e seus feitos, como se verifica nas marcas que foram 
e ainda são encontradas em inúmeras cavernas, com representações variadas por 
meio de traços e imagens.
A Escrita: Surgimento e Evolução
UNIDADE
I
12
O sistema de escrita mais antigo de que se tem registro foi criado na Suméria, 
aproximadamente 4.000 anos a.C., em que foram encontradas peças feitas 
de argila com sinais que são chamados de pictográficos, ou seja, sinais que são 
baseados em desenhos que representam coisas reais.
Com o tempo, esse sistema foi evoluindo, dando-se a ele o nome de sistema 
cuneiforme.
Por que cuneiforme? 
A palavra cuneiforme origina-se do próprio objeto que os homens da época 
utilizavam para escrever, que é chamado de cunha.
Nesse sistema, cada palavra era representada especificamente por um signo.
Como dito anteriormente, não foram apenas os sumérios que desenvolveram 
um sistema de escrita; os egípcios, bem próximos à época dos sumérios, também 
criaram seu sistema, conhecido como hieróglifo.
Era uma escrita considerada sagrada, pois somente os sacerdotes e os membros 
da realeza conheciam os sinais. Por esse motivo, a escrita do hieróglifo também 
era considerada uma arte.
Algo bastante interessante a respeito desse sistema é que com os vários 
estudos e pesquisas em torno dele, descobriu-se que os hieróglifos representavam 
também sons e, mais tarde, depois dessas descobertas, foi possível decifrar os 
sinais representados.
Com as informações anteriores, temos uma ideia de como a escrita surgiu e 
podemos afirmar que com o tempo começou a haver transformações e mudanças 
nesses sistemas de escrita.
Os avanços de cada sociedade vão surgindo 
e com isso aparecem também as necessidades 
de os povos irem se adaptando e fazendo com 
que mudanças ocorram e, assim, desenvolvam-
se outros meios de escrita, o que irá facilitar a 
vida dessas sociedades.
Fonte: Wikimedia Commons
Para melhor compreendermos, vamos definir alguns sistemas de escrita:
 · Sistema logográfi co – È um sistema que representa uma palavra; esse 
sistema não representa os sons. Algo interessante para salientarmos é que 
a China utiliza-se dele até hoje. Outros povos também fizeram uso dele, 
mas não até os dias atuais. Alguns exemplos de sinais logográficos que 
utilizamos em nossos dias são: 
$ que representa o “dinheiro”;
@ que significa “em”;
A Escrita: Surgimento e Evolução
13
 · Sistema ideográfi co – É um sistema que representa palavras completas 
ou, podemos até dizer, que representa uma ideia, ou seja, são imagens que 
para compreendermos precisamos de conhecimento cultural e contextual. 
Por exemplo, uma placa de trânsito é uma linguagem ideográfica.
 · Sistema silábico – É um sistema que, no Brasil, por exemplo, é 
representado na combinação de sons de consoantes e vogais, que formam 
uma sílaba. Agora, no Japão, no sistema silábico, cada sinal realizado 
representa uma sílaba;
 · Sistema alfabético – É um sistema que conhecemos e utilizamos no 
Brasil. Nesse sistema, cada letra corresponde a um som individual.
Esses são alguns tipos de sistema de escrita; existem outros, como o Sistema 
Braile, utilizado por deficientes visuais, no qual a leitura é feita por pontos em 
relevo, que representam as letras; mas os sistemas citados são suficientes para 
percebermos a importância do desenvolvimento da escrita.
No processo de aprendizagem da escrita, as crianças, num primeiro momento, 
começam a entender as ideias por meio das representações feitas por desenhos ou 
figuras; com o tempo, vão descobrindo as letras e seus significados e começam a 
fazer as combinações, criando, aos poucos, as palavras, as frases e os textos que 
irão representar o mundo no qual elas vivem.
É claro que esse movimento não acontece num período curto; isso irá depender 
de um longo processo que a criança inicia com seus rabiscos; com o tempo, parte 
para suas combinações aleatórias e depois com junções mais elaboradas, dando-se 
aos poucos a oportunidade de conhecer realmente o mundo letrado.
A Língua Portuguesa
Vamos conhecer um pouco da nossa Língua!
A nossa Língua Portuguesa é falada por aproximadamente mais de 200 milhões 
de falantes nativos. É considerada a sexta língua materna mais falada no mundo.
Existem vários países que falam a Língua Portuguesa além do Brasil. Também 
falam a nossa Língua: Portugal, Moçambique, São Tomé e Príncipe, Angola, 
Guiné-Bissau, Cabo-Verde e Timor-Leste.
A Língua Portuguesa originou-se do Latim, mas, como toda Língua, sofreu 
influência dos povos e foi modificando-se em cada região em que era imposta.
Com as grandes viagens feitas pelo povo português, aproximadamente entre os 
séculos XIV e XVI, a Língua Portuguesa foi sendo influenciada por várias expressões 
das línguas originadas de diferentes regiões.
A Escrita: Surgimento e Evolução
UNIDADE
I
14
Pode-se perceber essas influências na Língua Portuguesa falada no Brasil. No 
início da colonização, a Língua sofreu influência do Tupi; com o passar do tempo e 
as mudanças ocorridas pela escravidão, isto é, com os negros sendo trazidos como 
escravos da África, a língua também recebeu a contribuição da influência africana.
E as influências não pararam, pois ocorreram mais tarde as invasões de outros 
povos em terras brasileiras, como os holandeses e os franceses e aos poucos a 
língua foi se enriquecendo com os novos vocábulos.
Também recebemos influências por meio dos imigrantes que se estabeleceram 
em algumas regiões específicas do país.
Para visualizar, veja alguns exemplos que foram incorporados à língua portuguesa 
do Brasil, citados por Maria Fernandes (2008, p. 15):
 · tupi: Iracema, Copacabana, Ubatuba, tatu, arara, maracujá, andiroba, 
mandioca, pipoca etc.
 · línguas africanas: fubá, moleque, samba, acarajé, caçula;
 · francês: paletó, boné, batom, crepe, matinê;
 · alemão: gás, níquel;
 · italiano: macarrão, piano, partitura, bandido;
 · espanhol: bolero, castanhola;
 · japonês: camicase, sushi, sashimi;
 · inglês: hambúrguer, deletar, show, sanduíche.
Um ponto bem interessante em relação à Língua Portuguesa no Brasil é que 
além das variadas influências dos diferentes povos, há uma variação interna da 
língua. Isto é, há mudanças na língua nas diversas regiões do país em relação, por 
exemplo, ao vocabulário e à pronúncia. E essa variedade nas regiões ocorre por 
diversos fatores como geográficos, socioeconômicos e de faixa etária, entre outros.
Por esse motivo observamos e percebemos as diferentes falas das pessoas nas 
variadas regiões de nosso país.
A Escrita: Surgimento e Evolução
15
Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
 Vídeos
História da Escrita - do papiro ao computador - parte 1
Para aprofundar seus conhecimentos assista ao vídeo disponível no link a seguir, que 
conta a história da escrita, desde o papiro até o computador
https://youtu.be/r7yeiRtc1fA
A Escrita: Surgimento e Evolução
UNIDADE
I
16
Referências
FERNANDES, Maria. Os segredos da alfabetização. São Paulo: Cortez, 2008.
FERREIRO, Emilia; TEBEROSKY, Ana. Psicogênese da língua escrita.Porto 
Alegre: Artes Médicas, 1990.
SERGIO, Ricardo. Os Sistemas de Escritas. 2010. Disponível em: <http://www.
recantodasletras.com.br/gramatica/370335>. Acesso em: 12 jan. 2013.
Responsável pelo Conteúdo:
Profa. Ms. Denise Jarcovis Pianheri
Revisão Textual:
Profa. Dra. Selma Aparecida Cesarin
II
Alfabetização e Letramento
Alfabetização e Letramento
UNIDADE
II
18
Contextualização
Para começarmos a Unidade, que tal refletirmos um pouco? Vamos ler a citação 
de Paulo Freire sobre ser analfabeto ou não:
Fonte: Wikimedia Commons
“Ninguém é analfabeto por eleição, mas como 
consequência das condições objetivas em que se 
encontra. Em certas circunstâncias, ‘o analfabeto é o 
homem que não necessita ler’, em outras, é aquele ou 
aquela a quem foi negado o direito de ler” (FREIRE 
apud VALE, 2005, p. 28).
Após a leitura da citação, pense e reflita sobre o que é ser analfabeto. 
Será que podemos considerar analfabeto aquele que não sabe ler e escrever? E 
aquele que não sabe ler e escrever, mas faz uso das práticas sociais, consideramos 
analfabeto ou não? 
Essa reflexão é importante para iniciarmos o assunto sobre Alfabetização e 
Letramento que iremos estudar nesta Unidade.
Alfabetização e Letramento
19
Alfabetização e Letramento
Nesta Unidade, estudaremos os conceitos a respeito dos termos “Alfabeti-
zação” e “Letramento”. Vamos conhecer um pouco da história da Alfabetização, 
de como surge o Letramento, o porquê da importância desse termo para os pes-
quisadores e, principalmente, para os professores alfabetizadores.
Para iniciarmos, vamos entender os vocábulos pelas definições que encontramos 
no dicionário.
As primeiras palavras que precisamos conhecer um pouco melhor são: 
analfabetismo, analfabeto, Alfabetização e alfabetizar. Assim, teremos maior 
clareza de como surge o vocábulo Letramento e de sua significação no processo 
de Alfabetização.
Vejamos as definições no dicionário Aurélio:
 · Analfabetismo – De analfabeto + -ismo: estado ou condição de 
analfabeto; falta absoluta de instrução;
 · Analfabeto – Do grego analphábetos, “aquele que não conhece nem o 
alfa nem o beta”, em latim analphabetus. Que não conhece o alfabeto; 
que não sabe ler e escrever. Absolutamente ou muito ignorante. Que 
desconhece determinado assunto ou matéria. Indivíduo analfabeto; 
indivíduo ignorante sem nenhuma instrução;
 · Alfabetização – De alfabetizar + -ação; ação de alfabetizar;
 · Alfabetizar – De alfabeto + -izar; ensinar a ler; dar instrução primária a; 
aprender a ler por si mesmo.
Também temos os termos que são fundamentais e colaboram na compreensão 
dos termos estudados nesta Unidade. 
Temos:
 · Letrado – Do latim literratu; versado em letras; erudito; indivíduo letrado; 
literato;
 · Iletrado – Do latim illiteratu; que ou aquele que não tem conhecimento 
literário; ilteratu; analfabeto ou quase analfabeto.
Agora, o termo “Letramento”, não pudemos encontrar no dicionário Aurélio. 
Entretanto, outro dicionário, o Houaiss, apresenta o vocábulo:
 · Letramento – Representação da linguagem por meio de sinais; escrita; 
incorporação funcional das capacidades a que conduz o aprender a ler e 
escrever. Condição adquirida por quem o faz.
Alfabetização e Letramento
UNIDADE
II
20
Quando pontuamos esses termos pelo dicionário, temos uma visualização e uma 
ideia dos significados, facilitando nossa compreensão no processo de inserção da 
palavra Letramento no mundo da Educação. E também percebemos a diferença 
entre alfabetizar e letrar.
Ao falarmos da história da Alfabetização, praticamente direcionamos os 
métodos utilizados durante as décadas em que visualizamos as mudanças ocorridas 
nos processos de Alfabetização.
A autora Onaide Schartz Mendonça, no artigo “Percurso histórico dos métodos 
de Alfabetização”, apresenta um resumo dessas mudanças. 
Seguindo a pesquisa da autora, a história da Alfabetização pode ser dividida em 
quatro períodos. O primeiro tem início na Antiguidade e se prolonga até a Idade 
Média. Nessa época, o método utilizado foi o de soletração. 
O segundo momento vai dos séculos XVI e XVIII até a década de 1960. Nesse 
período, começam a criar novos métodos sintéticos e analíticos e já nessa época 
foram criadas as cartilhas. 
O terceiro período tem início por volta da década de 1980, tendo como 
divulgação a teoria da Psicogênese da língua escrita. 
E o quarto momento, considerado o atual, muitos pesquisadores denominam de 
“reinvenção da Alfabetização”. 
É nesse período que surge a preocupação mais pontual e aparecem os índices 
que demonstram o fracasso da Alfabetização no nosso país.
Os resultados do Indicador de Alfabetismo Funcional (INAF) no período 
2011-2012, pesquisado pelo Instituto Paulo Montenegro, mostram que apenas 
26% da população são considerados alfabetizados. Os conhecidos como 
analfabetos funcionais representam 27% e 47% da população possuem nível 
de Alfabetização básico.
O INAF – Indicador de Alfabetismo Funcional: É um indicador que mede os níveis de 
alfabetismo funcional da população brasileira adulta. O objetivo do INAF é oferecer à sociedade 
informações sobre as habilidades práticas de leitura, escrita e matemática dos brasileiros entre 
15 e 64 anos de idade, de modo a fomentar o debate público, estimular iniciativas da sociedade 
civil e subsidiar a formulação de política nas áreas de educação e cultura.
Ex
pl
or
O Brasil apresenta avanço nos níveis de Alfabetização comparado a épocas 
anteriores, mas ainda não tivemos progresso considerável referente ao pleno 
domínio das habilidades de leitura e escrita para o mundo letrado.
Alfabetização e Letramento
21
Como podemos verificar na pesquisa, o percentual da população alfabetizada 
funcionalmente foi de 61% em 2001 e em 2011 a porcentagem foi de 73%, ou 
seja, para cada quatro brasileiros, apenas um domina plenamente as habilidades 
de leitura e escrita. O resultado da pesquisa aponta que o avanço se dá pela 
“universalização do acesso à Escola e do aumento do número de anos de estudo.”
Com essa pesquisa, conseguimos visualizar o andamento da Alfabetização no Brasil.
Outro ponto importante revelado pelo INAF são os níveis de alfabetismo, que 
são divididos em quatro:
1. Analfabetos: não são capazes de realizar nem mesmo tarefas simples em 
relação à leitura;
2. Alfabetizados rudimentares: conseguem identificar pequenas informações 
em textos curtos e também leem e escrevem números que utilizam no 
cotidiano;
3. Alfabetizados básicos: têm capacidade de leitura e compreendem textos 
de média extensão, leem números e resolvem operações simples e têm noção 
de proporcionalidade;
4. Alfabetizados plenos: conseguem ler textos longos, analisam, interpretam, 
relacionam, fazem inferências e diferenciam fato de opinião. Resolvem 
problemas com porcentagem, proporções e cálculos; também conseguem 
interpretar tabelas, mapas e gráficos.
Ao observarmos e analisarmos os resultados da pesquisa, verificamos que, hoje, 
o Letramento já está inserido no processo de aprendizagem da leitura e da escrita, 
ou seja, não basta alfabetizar, é necessário letrar. A Alfabetização e o Letramento 
não podem ser apresentados separadamente, precisam caminhar juntos.
Alfabetização: É a ação de alfabetizar, que consiste em tornar o indivíduo capaz de ler e 
escrever, ou seja, tornar-se alfabeto.
Letramento: É a condição do indivíduo que não só sabe ler e escrever, mas também faz uso 
competente da leitura e da escrita e de suas práticas sociais.
Ex
pl
or
Continuando!
O termo Letramento não surge aleatoriamente. É um vocábulo novo que aparece 
nos estudos de Educação e das Ciências Linguísticas, nos anos de 1980.
A palavra Letramento é uma tradução para o português da palavra inglesa 
literacy, que significa “a condição de ser letrado”, e da palavra literate, um adjetivo 
que caracteriza a pessoa que domina a leitura e a escrita.
Alfabetização e Letramento
UNIDADE
II
22
Para Magda Soares, com a palavra literacy, implicitamente está inserida a ideia 
de que 
A escritatraz consequências sociais, culturais, políticas, econômicas, 
cognitivas, linguísticas, quer para o grupo social em que seja introduzido, 
quer para o indivíduo que aprenda a usá-la. Em outras palavras: do ponto 
de vista individual, o aprender a ler e escrever – alfabetizar-se, deixar 
de ser analfabeto, tornar-se alfabetizado, adquirir a “tecnologia” do ler 
e escrever e envolver-se nas práticas sociais de leitura e de escrita (...) 
(SOARES, 2001, p. 17-8).
É nesse sentido que damos o significado para o “Letramento”, ou seja, é “o 
resultado da ação de aprender a ler e a escrever.”
Vivemos em uma sociedade em que o saber ler e escrever não basta. O adequado 
e o que se espera é que as pessoas possam saber fazer uso da leitura e da escrita nas 
diferentes práticas sociais em que o indivíduo está inserido e que serão dele exigidas.
Percebe-se a exigência da habilidade nas práticas sociais até mesmo no critério 
das pesquisas para saber sobre a quantidade de analfabetos e alfabetos no país. 
Anteriormente, definia-se uma pessoa como analfabeta ou não se ela, indivíduo, 
era capaz de escrever seu próprio nome. Hoje, quando são feitas as pesquisas 
relacionadas à Alfabetização, a pergunta fundamental para definir se a pessoa é 
alfabetizada ou não é se ela é capaz de ler e escrever um bilhete simples.
Já existe a preocupação de avaliar o nível de Letramento das pessoas. Em alguns 
países como Estados Unidos e alguns outros, o objetivo dessa avaliação não é o 
mesmo que no Brasil.
Magda Soares comenta a respeito:
[...] Não basta denunciar, como se costuma crer no Brasil, um alto 
número de pessoas que não sabem ler e escrever (fenômeno a que nos 
referimos nós, brasileiros, quando denunciamos o nosso ainda alto índice 
de analfabetismo), mas estão denunciando um alto número de pessoas 
que evidenciam não viver em estado ou condição de quem sabe ler e 
escrever, isto é, pessoas que não incorporam os usos da escrita, não se 
apropriaram plenamente das práticas sociais de leitura e de escrita: em 
síntese, não estão se referindo a índices de Alfabetização, mas a níveis de 
Letramento (SOARES, 2001, p. 22-3).
Outro ponto interessante é que uma determinada pessoa pode ser analfabeta, 
ou seja, não saber ler e escrever, mas poderá ser considerada letrada. 
Como isso pode acontecer?
O indivíduo que tem o acesso aos materiais de leitura e escrita e que faz uso 
indiretamente desse material, de certa forma, é letrado. Melhor dizendo, a pessoa 
que pede para alguém ler uma carta, por exemplo, não saber ler e escrever, mas 
sabe e compreende a funcionalidade dessa prática social, ou também aquele que se 
interessa em ouvir uma história.
Alfabetização e Letramento
23
Magda Soares exemplifica muito bem essa questão em seu livro “Letramento: 
um tema em três gêneros” e não podemos deixar de citar o trecho em que ela 
explica sobre a criança que não sabe ler e escrever, mas que pode ser considerada 
letrada.
A autora afirma:
Da mesma forma, a criança que ainda não se alfabetizou, mas já folheia 
livros, finge lê-los, brinca de escrever, ouve histórias que lhe são lidas, 
está rodeada de material escrito e percebe seu uso e função, essa criança 
é ainda “analfabeta”, porque não aprendeu a ler e a escrever, mas já 
penetrou no mundo do Letramento, já é de certa forma, letrada (SOARES, 
2011, p. 24).
Portanto, o Letramento pode ter vários níveis e isso irá depender dos estudos e 
pesquisas que já pensam em como medir esses níveis. Mas, o importante é termos 
clareza do significado desse termo, que cada vez mais está presente entre nossos 
pesquisadores, teóricos, professores e profissionais da área.
Também no livro da autora, que já mencionamos, a pesquisadora cita um poema 
feito por uma estudante norte-americana, chamada Kate M. Chong, que define o 
que é Letramento para ela.
Leia e veja que interessante!
Letramento não é um gancho
em que se pendura cada som enunciado,
não é treinamento repetitivo
de uma habilidade,
nem um martelo quebrando blocos de gramática.
Letramento é diversão
é leitura à luz de vela
ou lá fora, à luz do sol.
São notícias sobre o presidente,
o tempo, os artistas da TV
e mesmo Mônica e Cebolinha
nos jornais de domingo.
Alfabetização e Letramento
UNIDADE
II
24
É uma receita de biscoito,
uma lista de compras, recados colados na geladeira,
um bilhete de amor,
telegramas de parabéns e cartas
de velhos amigos.
É viajar para países desconhecidos,
sem deixar sua cama,
é rir e chorar
com personagens, heróis e grandes amigos.
É um atlas do mundo,
sinais de trânsito, caças ao tesouro,
manuais, instruções, guias,
e orientações em bulas de remédios,
para que você não fique perdido.
Letramento é, sobretudo,
um mapa do coração do homem,
um mapa de quem você é,
e de tudo que você pode ser.
(apud Soares, 2001, p. 41)
Ao ler o poema, conseguimos perceber claramente os exemplos citados pela 
escritora e, assim, enxergarmos como o Letramento faz parte de nosso cotidiano. 
Ou seja, utilizamos a leitura e a escrita praticamente o tempo todo, como no 
trabalho, na Escola, no lazer e, é claro, em casa.
O que precisamos ter consciência é que a Alfabetização e o Letramento não são 
temas que irão ser estudados e utilizados separadamente. Eles precisam “caminhar” 
juntos, mas a compreensão dos conceitos de cada termo precisa estar claro porque, 
nos dias de hoje, em que a sociedade espera muito mais de cada pessoa em relação 
à leitura e à escrita, ou melhor, exige-se que o indivíduo não só saiba ler e escrever, 
mas que faça o uso coerente da leitura e da escrita.
Alfabetização e Letramento
25
Por isso é necessário engajamento por parte dos profissionais da área da 
Educação, porque, sem dúvida, esses educadores e pesquisadores são os primeiros 
que precisam entender, compreender e, o principal, fazer uso da Alfabetização 
e do Letramento de maneira coerente, que possa levar os educandos também 
à compreensão do uso da leitura e da escrita no seu dia a dia, ou seja, em suas 
práticas sociais.
Alfabetização e Letramento
UNIDADE
II
26
Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
 Vídeos
Alfabetização - Telma Weisz (1ª parte)
Acesse o link a seguir para saber mais sobre Alfabetização:
https://youtu.be/2wK9lw2cehI
Alfabetização e Letramento
27
Referências
FERNANDES, Maria. Os segredos da Alfabetização. São Paulo: Cortez, 2008.
FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo Aurélio. Século XXI: o dicionário 
da Língua Portuguesa. 3.ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1999.
HOUAISS, Antonio; VELLAR, Mauro de Salles. Dicionário Houaiss da Língua 
Portuguesa. Rio de Janeiro: Objetiva, 2009.
SOARES, Magda. Letramento: um tema em três gêneros. 2.ed. Belo Horizonte: 
Autêntica, 2001.
VALE, Maria José. Paulo Freire, educar para transformar: almanaque histórico. 
São Paulo: Mercado Cultural, 2005.
Responsável pelo Conteúdo:
Profa. Ms. Denise Jarcovis Pianheri
Revisão Textual:
Profa. Dra. Selma Aparecida Cesarin
III
Métodos de Alfabetização
Métodos de Alfabetização
UNIDADE
III
30
Contextualização
Leia a citação de Maciel (2010):
O método é um conjunto relativo a determinados princípios diretivos 
provenientes de uma das ciências fundamentais da Educação. Os métodos 
no Brasil foram, infelizmente, durante muitos anos, atrelados a produções 
de livros didáticos (cartilhas, pré-livros). Desta forma, a concepção de 
método ficou restrita às orientações metodológicas, melhor dizendo, às 
técnicas de aplicação descritas no manual do professor (...) (MACIEL apud 
Perez, 2011, p. 45).
Após a leitura da citação, pense e reflita sobre os métodos de Alfabetização. 
É possível afirmar que um único método é o correto? 
O que entendemos por método? 
Reflita para iniciarmos nosso estudo.
Métodos de Alfabetização
31
Conteúdo Teórico
Nesta Unidade, veremos alguns métodos de Alfabetização que já foram utilizados 
e que ainda fazem parte das estratégias de ensino de vários alfabetizadores. 
Para iniciar,existem alguns questionamentos que sempre perpassam por 
educadores e profissionais na área da Educação.
Os questionamentos que surgem no dia a dia do professor e de outros da área da Educação são:
• Afi nal! O que é Método?;
• É possível afi rmar que existe um único método efi caz?;
• O que precisamos para poder alfabetizar?;
• Existe uma idade para se alfabetizado?
Pensem a respeito dessas perguntas, algumas delas responderemos nessa unidade.
Ex
pl
or
De acordo com o dicionário Aurélio, método é: “Maneira de dizer, de fazer, de 
ensinar uma coisa, segundo certos princípios e em determinada ordem, maneira de 
agir; obra que reúne de maneira lógica os elementos de uma ciência, de uma arte.”
Ao entendermos o conceito literal do vocábulo “Método” fica mais fácil a 
compreensão de quando ele está inserido no processo de aprendizagem.
Para deixar mais claro, vejamos os tipos de métodos de Alfabetização que já 
foram utilizados e que ainda fazem parte do ensino. 
Os métodos podem ser divididos em sintéticos e analíticos:
Os sintéticos são: Os analíticos são:
Método Alfabético Método da Palavração
Método Fônico Método Sentenciação
Método Silábico Método Global
Os métodos sintéticos são definidos por iniciarem o ensino pelos elementos 
menores, por exemplo, a letra, o fonema ou a sílaba. Assim, partem da unidade 
mínima para chegar ao todo.
Muitos educadores defendem os métodos sintéticos, como podemos verificar 
com a autora Emília Ferreiro, em seu livro “Psicogênese da língua escrita”, em que 
explica a respeito:
Quaisquer que sejam as divergências entre os defensores do método 
sintético, o acordo sobre esse ponto de vista é total: inicialmente, a 
aprendizagem da leitura e da escrita é uma questão mecânica; trata-se 
de adquirir a técnica para o decifrado do texto. Pelo fato de se conceber 
a escrita como a transcrição gráfica da linguagem oral, como sua 
imagem (...) ler equivale a decodificar o escrito em som. É evidente que 
o método será tanto mais eficaz quanto mais o sistema da escrita estiver 
de acordo com os princípios alfabéticos, isto é, quanto mais perfeita seja 
a correspondência som-letra (FERREIRO, 1999, p. 22).
Métodos de Alfabetização
UNIDADE
III
32
Já os métodos analíticos iniciam das partes maiores para as menores, ou seja, 
da palavra ou texto, e depois passam para as sílabas e letras. 
Também citando Ferreiro em relação aos métodos analíticos, ela afirma:
Para os defensores dos métodos analíticos, pelo contrário, a leitura é um 
ato “global” e “ideovisual” (...) O prévio, segundo o método analítico, 
é o reconhecimento global das palavras ou das orações; a análise dos 
componentes é uma tarefa posterior. Não importa qual seja a dificuldade 
auditiva daquilo que se aprende, posto que a leitura é uma tarefa 
fundamentalmente visual (FERREIRO, 1999, p. 22).
Assim, percebemos que há uma variedade de métodos, uns defendendo a 
questão auditiva e outros mais preocupados com a questão visual. 
Na verdade, o que realmente precisa ser levado em consideração no processo de 
Alfabetização e Letramento é em relação à competência linguística da criança e a 
capacidade de conhecimento que ela possui, antes mesmo de saber ler e escrever. 
A criança já traz muito do entendimento da escrita, ou seja, ela conhece sua 
língua materna e faz uso dela sem saber que o está fazendo.
Na Alfabetização, o método que utilizamos é muito importante para auxiliar em 
todo o processo, mas não podemos ficar “presos” aos métodos e esquecer-se de 
outros pontos significativos para o desenvolvimento da aprendizagem do aluno.
Esses outros pontos, que são fundamentais para o progresso do educando são:
 · Reconhecer e utilizar os conhecimentos prévios do aluno;
 · Observar e acompanhar a aprendizagem do aluno;
 · Observar e identificar o progresso do aluno;
 · Proporcionar atividades que abordam situações comunicativas;
 · Incentivar e aplicar a leitura em sala de aula;
 · Proporcionar os variados gêneros textuais para o aluno.
Os métodos, sem dúvida, são um caminho que podemos seguir para dar 
andamento no processo da Alfabetização, mas não é necessário apenas seguir o 
caminho do método que adotamos. É importante refletir e fazer uso dos pontos 
mencionados anteriormente.
Como, por exemplo, reconhecer e utilizar os conhecimentos prévios do aluno. 
Não podemos supor que a criança ou o adulto que está sendo alfabetizado venha 
para a sala de aula sem nenhum conhecimento.
O indivíduo, mesmo não reconhecendo os códigos linguísticos, traz outros 
conhecimentos porque a criança, por exemplo, faz uma leitura por meio das 
imagens. Ela pode não saber determinadas letras, mas reconhece um produto, 
local ou brinquedo por meio das imagens que são feitas para representá-los.
Métodos de Alfabetização
33
Outro ponto fundamental no processo de Alfabetização e Letramento é incentivar 
e aplicar a leitura em sala de aula. 
Segundo Maria Fernandes (2008):
A leitura é um processo pelo qual o leitor realiza um trabalho ativo da 
construção do significado do texto a partir do que está buscando nele, do 
conhecimento que já possui a respeito do assunto, do autor e do que sabe 
sobre a língua. (FERNANDES, 2008, p. 38).
Então, proporcionar a leitura em sala de aula é importante para o desenvolvimento 
da aprendizagem da criança. Cabe ao professor também dar oportunidades de 
situações comunicativas para que o aluno possa aos poucos se familiarizar com os 
diversos gêneros textuais.
Fernandes (2008) cita, ainda, outro ponto que precisa ser levado em consideração:
Os alunos devem ver na leitura algo interessante e desafiador, uma conquista 
capaz de dar autonomia e independência. Estar confiante para enfrentar o 
desafio da leitura é “aprender fazendo” (FERNANDES, 2008, p.39).
Assim sendo, a criança faz várias hipóteses em relação a sua leitura; ela vai 
construindo sua leitura, por meio das ideias e das concepções que ela possui em 
relação ao que compreende sobre o código linguístico.
A leitura é uma parte essencial no desenvolvimento da linguagem escrita, e 
novamente pontuamos que o professor precisa proporcionar para o aluno variados 
materiais escritos, como: revistas, livros, gibis, bilhetes, embalagens, nomes de ruas, 
placas, nomes dos colegas e outros materiais que fazem parte do cotidiano do aluno.
É claro que também se faz necessário apresentar para a criança materiais aos 
quais provavelmente ela não poderá ter acesso, como, por exemplo, algum tipo de 
texto ou livro que não faz parte do seu mundo letrado.
Dessa maneira, a criança, para aprender a ler e escrever, terá de compreender o 
código linguístico da sua língua e o uso funcional da linguagem que utiliza.
O educando, por sua vez, precisa compreender esses dois pontos por meio 
das hipóteses linguísticas, que são os estudos feitos por Emília Ferreiro e Ana 
Teberosky, que nos auxiliam no entendimento em relação sobre como a criança 
compreende a escrita.
As hipóteses podem ser definidas em quatro níveis ou fases:
 · Pré-silábico;
 · Silábico;
 · Silábico-alfabético;
 · Alfabético.
Métodos de Alfabetização
UNIDADE
III
34
É por meio dessas hipóteses que são realizadas as sondagens.
Mas o que é Sondagem?
A “Sondagem” da escrita é exatamente uma maneira de observar e investigar 
sobre a escrita da criança, permitindo ao professor atuar no processo de ensino e 
aprendizagem de forma eficaz, ou seja, mediando, de acordo com as dificuldades 
da criança. 
Fernandes (2008) afirma que:
A sondagem não é uma avaliação. É uma observação das características 
do pensamento dos alunos. O objetivo é verificar como o aluno pensa 
para poder planejar as intervenções da professora (FERNANDES, 
2008, p. 130).
A autora também dá uma sugestão importante:
Pode-se realizá-la usando lista de palavras do mesmo campo semântico 
(animais, roupas, comida etc.) ou uma escrita espontânea. Se for uma 
lista, deve ter palavras polissílabas, trissílabas, dissílabas e monossílabas, 
nessa ordem. Pede-se que as crianças escrevam do jeito quesouberem. É 
bom não dizer que é um ditado ou exercício, mas que é uma brincadeira 
de escrever. As palavras não devem ser pronunciadas silabadas, e sim 
inteiras (FERNANDES, 2008, p.130).
Vejamos os níveis!
Pré-silábico
Nesta fase, a criança registra as chamadas garatujas, desenhos que não têm 
definição tão clara. Aos poucos, ela passa a fazer desenhos com traços mais 
definidos, mas não fáceis de decifrar.
Se a criança tem incentivo para a leitura e para materiais escritos, ela também 
começa a misturar letras ou as chamadas pseudoletras, os rabiscos.
Então, em um primeiro momento, ainda nessa fase, a criança não consegue 
diferenciar letras de números e sua grafia parece não tão definida.
Ainda no nível pré-silábico, a criança pode ter o segundo momento, no qual ela 
consegue colocar uma quantidade significativa de caracteres em relação à palavra 
dita para ela, mas, mesmo assim, sua escrita ainda não é tão compreensível.
Dessa forma, no nível pré-silábico, temos a ausência de relação entre a escrita 
e os sons da fala.
Métodos de Alfabetização
35
Silábico
Neste nível, a criança já consegue estabelecer as relações entre o som e as letras. 
Então, quer representar cada letra por um símbolo e vai utilizar também letras, 
pseudoletras e números.
A criança define as partes das palavras, ou seja, a sílaba, mas, nessa fase, ela 
representa não a sílaba por completo; algumas vezes, irá colocar mais letras do que 
necessário, pois acredita ser o correto.
O grande desafio para a criança são as palavras monossílabas, porque para ela 
representar uma palavra, como por exemplo, “mãe”, ela acredita que irá precisar 
de mais letras do que realmente possui a palavra ditada. 
Vamos dar um exemplo! 
Ditamos para uma criança que se chama Camila a palavra “giz”, monossílaba, e 
ela pode representar da seguinte forma: XiAL.
Nesse exemplo, a criança, acreditando não serem suficientes as letras, acaba 
utilizando outras que, no caso, fazem parte do nome dela, isto é, são letras de seu 
conhecimento e que, dessa maneira, para ela, fazem a escrita ter mais sentido.
O silábico pode ser dividido em: silábico com valor e silábico sem valor.
Silábico sem valor tende a estabelecer correspondência sistemática entre a 
quantidade de letras utilizadas e a quantidade de sílabas que se deseja escrever, sem 
o valor sonoro correspondente.
No silábico com valor, as letras utilizadas pertencem realmente, em todas as 
ocasiões, à sílaba que se tenta representar. 
Silábico-alfabético
Nesta fase, a criança utiliza dois níveis, o silábico e o alfabético, ao mesmo 
tempo. Esse momento é o que chamamos de transição. 
Nesse nível, a criança começa a acrescentar letras em algumas sílabas, como, 
por exemplo, ditar a palavra CAVALO; a criança poderá escrever da seguinte 
maneira: CAViO ou também KVALO. A escrita irá variar porque dependerá do 
conhecimento linguístico de cada criança.
Nesse nível, a escrita apresenta sílabas completas e sílabas representadas por 
uma só letra.
Métodos de Alfabetização
UNIDADE
III
36
Alfabético
É o nível em que se pode dizer que a criança já está compreendendo o sistema 
linguístico e como ele se organiza. Nessa fase, ela já consegue ler e representa 
graficamente as palavras e pequenas frases.
Conhecer esses níveis é fundamental para um bom desenvolvimento no 
processo de Alfabetização, porque a partir das sondagens realizadas, pode-se 
refletir a respeito do pensamento da criança, ou seja, entender como ela vê a 
escrita, permitindo, assim, identificar as dificuldades e as necessidades de cada uma 
e proporcionar a elaboração de atividades diversificadas, que irão ser utilizadas na 
reelaboração das hipóteses das crianças, fazendo com que elas se apropriarem da 
escrita convencional. 
Nesse nível, as escritas são construídas com base em uma correspondência entre 
fonemas (sons) e grafemas (letras).
Portanto, esses níveis irão auxiliar no processo de aprendizagem das crianças 
ou de adultos, porque por meio das sondagens conseguimos compreender como 
o aluno consegue entender a escrita e dessa maneira o educador pode fazer as 
intervenções necessárias.
Métodos de Alfabetização
37
Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
 Sites
Simulador Revista Escola — Faça o teste de interpretação de hipótese de escrita
http://goo.gl/FPseko
Métodos de Alfabetização
UNIDADE
III
38
Referências
FERNANDES, Maria. Os segredos da Alfabetização. São Paulo: Cortez, 2008.
FERREIRO, F. Psicogênese da língua escrita. Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 1999.
PEREZ, I. L. Alfabetização e Letramento. São Paulo: UNICID, 2011.
Responsável pelo Conteúdo:
Profa. Ms. Denise Jarcovis Pianheri
Revisão Textual:
Profa. Dra. Selma Aparecida Cesarin
IV
A Leitura no Processo de 
Alfabetização e Letramento
A Leitura no Processo de Alfabetização e Letramento
UNIDADE
IV
40
Contextualização
Vamos refletir um pouco!
Leia a citação a seguir, de Italo Calvino (1923-1985):
Ler significa preparar-se para capturar uma voz que vai surgir quando 
você menos espera. Uma voz que se deixa ouvir de um lugar inesperado, 
para além do livro, além do autor, além da escrita: ela vem do que foi 
dito, daquilo que o mundo ainda não fez a si mesmo porque ele não tinha 
palavras para dizê-lo.
Após a leitura da citação, pense e reflita sobre o processo de leitura na vida 
escolar da criança ou do adolescente e até mesmo do adulto. 
Como será que consideramos a leitura? É importante ou não? 
Reflita para iniciarmos nosso estudo.
A Leitura no Processo de Alfabetização e Letramento
41
A leitura no processo de alfabetização
e letramento
Nesta Unidade, nosso foco central será “A Leitura no Processo de Alfabetização 
e Letramento”.
Um dos pontos fundamentais para a aprendizagem na Alfabetização da criança 
é o desenvolvimento da linguagem oral.
A construção da linguagem oral da criança está vinculada ao contato com as 
falas dos adultos.
Nesse processo, as crianças fazem uso de tentativas, brincadeiras e interações 
que realizam com os adultos e, dessa maneira, aos poucos, vão construindo sua 
linguagem oral de forma gradativa.
Outros meios que as crianças utilizam no desenvolvimento de sua linguagem 
falada são os gestos, os sinais e a linguagem corporal. Segundo Maria Fernandes 
(2008, p. 22): “A aprendizagem se dá por meio de reflexão, pensamento, 
explicitação de atos, sentimentos, sensações e desejos.”
Por meio do convívio com os adultos, as crianças vão adquirindo experiência 
e conhecimentos sobre a linguagem oral. Assim, imitam as pessoas em várias 
situações de comunicação, memorizam músicas, parlendas etc., também imitam 
as entonações, expressões e diálogos que vivenciam e, dessa forma, ampliam sua 
capacidade oral e aos poucos se familiarizam com a linguagem escrita.
Agora, qual a importância da leitura?
Uma das atividades mais importantes que é proporcionada na vida escolar das 
crianças é a aprendizagem da leitura.
Luiz Carlos Cagliari (2003, p.148), a respeito da importância da aprendizagem 
de leitura na Escola, afirma: “A leitura é a extensão da Escola na vida das pessoas. 
A maioria do que se deve aprender na vida terá de ser conseguido por meio da 
leitura fora da Escola. A leitura é uma herança maior do que qualquer diploma”. 
Um dos pontos a respeito do qual devemos ser conscientes é que as pessoas 
acabam tendo problemas em seus estudos durante os anos que passam devido a 
não terem desenvolvido a prática da leitura de maneira adequada.
Por exemplo, muitos alunos não sabem resolver problemas de Matemática não 
porque não saibam solucionar as equações que precisam ser desenvolvidas na 
atividade, mas porque não sabem ler o enunciado do problema.
A Leitura no Processo de Alfabetização e Letramento
UNIDADE
IV
42
Outro ponto fundamental é que alguns alunos sabem ler, ou melhor, fazem a 
leitura automática, conhecem as palavras, mas não conseguem compreender aquilo 
que lêem; é o que podemos chamar de pessoa não letrada.Isto é, o aluno conhece 
os códigos linguísticos, faz a leitura, mas não consegue assimilar o significado do 
que lê; não faz a interpretação de determinado texto.
A leitura é essencial para o bom desenvolvimento da aprendizagem da escrita. 
Ela enriquece, fortalece a compreensão e o entendimento dos códigos linguísticos.
Citando novamente Cagliari (2003, p. 150):
Há um dito popular que diz que a leitura é o alimento da alma. Nada mais 
verdadeiro. As pessoas que não leem são pessoas vazias ou subnutridas de 
conhecimento. É claro que a experiência da vida não se reduz à leitura. A 
vida como tal é a grande mestra. Algumas pessoas analfabetas conseguem, 
às vezes, se sair bem economicamente, mas nem por isso deixam de ser 
pessoas vazias. Têm a riqueza externa, sabem se virar na sociedade, mas 
são pobres culturalmente, porque só a experiência da vida, por mais rica 
que possa ser, não é suficiente para fornecer uma cultura sólida e geral.
Um fator importante para o desenvolvimento da leitura é ensinar as crianças 
desde bem cedo o gosto pela leitura. A perda do prazer de ler ou não ter aprendido 
o prazer de ler é um ponto que irá afetar a criança pelo resto de sua vida.
Daniel Pennac (1995), em seu livro Como um Romance, aborda essa questão 
da leitura por prazer.
No livro, ele destaca o porquê da perda do gosto da leitura, ou seja, o autor 
declara que a preocupação de muitos, especialmente da Escola, irá tornar a leitura 
algo obrigatório para o aluno. O prazer da leitura é apagado pela obrigação e, 
assim, o aluno começa a pensar na questão do número de páginas, que sempre é 
muito mais do que imagina; a classificação quanto ao gênero, nunca é o livro que 
ele gostaria de ler; a solicitação de resumos ou análises referentes ao texto, sendo 
sempre algo imposto pelo professor.
Como Pennac (1995) menciona, o livro passa a ser visto não mais como 
passagem para outros mundos, mas como um “objeto contundente”, algo que 
pode ferir.
Então, um ponto a salientar, é que o adulto tem um papel fundamental no 
desenvolvimento da leitura na criança e uma das coisas importantes a serem 
ensinadas é o prazer da leitura.
Daniel Pennac esclarece essa questão do papel do adulto no processo de 
aprendizagem da leitura de maneira maravilhosamente clara. 
A Leitura no Processo de Alfabetização e Letramento
43
Ele afirma:
Ele é, desde o começo, o bom leitor que continuará a ser se os adultos 
que o circundam alimentarem seu entusiasmo em lugar de pôr à prova 
sua competência, estimularem seu desejo de aprender, antes de lhe impor 
o dever de recitar, acompanharem seus esforços, sem se contentar de 
esperar na virada, consentirem em perder noites, em lugar de procurar 
ganhar tempo, fizerem vibrar o presente, sem brandir a ameaça do 
futuro, se recusarem a transformar em obrigação aquilo que era prazer, 
entretendo esse prazer até que ele se faça um dever, fundindo esse dever na 
gratuidade de toda aprendizagem cultural, e fazendo com que encontrem 
eles mesmos o prazer nessa gratuidade (PENNAC, 1995, p. 55).
A leitura é um processo complexo, em que o leitor precisa realizar um trabalho 
ativo no ato de ler porque irá construir o significado do texto. 
Essa construção se dá pelo que o leitor está buscando em relação ao texto; 
também se leva em consideração o conhecimento prévio sobre o assunto que 
é tratado no texto; as informações sobre o autor colaboram na construção dos 
sentidos que o leitor busca e a própria linguagem trazida pelo texto que será lido.
Podemos afirmar que existe uma idade ideal para ler?
Na realidade, não existe idade ideal para o aprendizado da leitura. O que leva 
a criança a ler é a participação nas atividades de leitura e escrita, e também é 
importante fazer com ela tenha acesso a vários materiais impressos, como: revistas, 
livros, jornais, gibis, embalagens etc. que irão proporcionar o conhecimento dos 
códigos linguísticos e, é claro, tudo junto, com a participação dos adultos que 
dominam esse conhecimento. É fato que o exemplo dado pelo adulto em relação à 
leitura e a escrita é fundamental para a aprendizagem da criança.
As crianças, no processo da aprendizagem, elaboram hipóteses de leitura da 
mesma forma como fazem na aprendizagem da escrita, com as hipóteses da escrita.
E o que são hipóteses de leitura?
As hipóteses de leitura são as concepções ou ideias que as crianças têm referentes 
ao que está escrito e do que se pode ler, é o que consideramos natureza conceitual.
Portanto, a criança irá se desenvolver ou irá fazer suas hipóteses de 
leitura a partir daquilo que for apresentado para ela, ou seja, com as diversas 
oportunidades de situações de leitura no entendimento da relação entre a 
oralidade e os segmentos gráficos.
A Leitura no Processo de Alfabetização e Letramento
UNIDADE
IV
44
Maria Fernandes (2008) aponta o que o professor pode fazer:
Oferecer textos que os alunos saibam de cor (músicas, parlendas, poesias 
etc.) e solicitar que acompanhem a leitura indicando onde estão as 
palavras lidas. É uma oportunidade para os alunos pensarem sobre o que 
está escrito e como está escrito. Solicitar que procurem algumas palavras 
pode ser uma boa intervenção do professor;
- realizar o trabalho com listas (animais, comidas, brincadeiras etc.) 
também é adequado na fase inicial de alfabetização, pois esse tipo de 
texto permite que as crianças antecipem o significado de cada item 
(FERNANDES, 2008, p.39).
O professor precisa proporcionar várias situações de aprendizagem em que a 
criança possa ouvir, pensar e refletir sobre a leitura. É muito importante, também, 
oferecer textos trabalhados impressos. O contato tanto com a leitura quanto com a 
escrita fará com que a criança desenvolva de forma eficaz sua aprendizagem e sua 
compreensão em relação ao mundo letrado.
Outro ponto relevante na aprendizagem da leitura são as estratégias de leitura, 
que não podem ser confundidas com as hipóteses de leitura.
O que são estratégias de leitura?
São os recursos utilizados tanto por leitores iniciantes quanto por leitores fluentes 
para compreender o texto, ou seja, dar sentido ao que está sendo lido.
Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais, pode-se dizer que estratégia de leitura:
Trata-se de uma atividade que implica estratégias de seleção, antecipação, 
inferência e verificação, sem as quais não é possível proficiência. É o 
uso desses procedimentos que possibilita controlar o que vai sendo 
lido, permitindo tomar decisões diante de dificuldades de compreensão, 
avançar na busca de esclarecimentos, validar no texto suposições feitas 
(BRASIL,1998, p.69-70).
O que é cada uma dessas estratégias? 
Temos quatro estratégias: antecipação, seleção, inferência e verificação e segundo 
Maria Fernandes (2008), as estratégias de leitura podem ser definidas como:
- antecipação: hipóteses que tornam possível prever o que ainda está por 
vir com base nas informações explícitas e suposições (...);
- seleção: ações que permitem que o leitor se atenha apenas ao que é útil 
para a compreensão, desprezando itens irrelevantes (...);
- inferência: permite captar o que não está dito no texto de forma 
explícita. É o complemento que o leitor fornece ao texto a partir de seus 
conhecimentos prévios (...);
A Leitura no Processo de Alfabetização e Letramento
45
- verificação: torna possível confirmar ou não as expectativas levantadas, 
controlando a eficácia das demais estratégias. Essa checagem é inerente 
à leitura e leva o leitor a repensar as hipóteses levantadas, retomar partes 
anteriores e fazer as devidas correções (FERNANDES, 2008, p. 65-6).
É claro que no início do processo de aprendizagem da leitura, o leitor não irá 
fazer o uso de todas as estratégias citadas; por isso os textos mais adequados como 
música, parlendas e embalagens, como mencionado anteriormente, colaboram e 
possibilitam ao leitor iniciante formular suas hipóteses, ou seja, ouvir, pensar e 
refletir sobre a leitura, utilizando, também, outros recursos, como as imagens que otexto pode trazer para, assim, fazer sua interpretação e compreender o texto dado.
Alguns fatores são fundamentais para as práticas da leitura. Os Parâmetros 
Curriculares Nacionais afirmam que: “Formar leitores é algo que requer condições 
favoráveis, não só em relação aos recursos materiais disponíveis, mas, principalmente, 
em relação ao uso que se faz deles nas práticas de leitura” (BRASIL, 1998, p. 71).
Assim, pontuaremos algumas dessas condições:
1. A escola precisa disponibilizar uma biblioteca contendo variados gêneros 
textuais, sendo para consulta ou empréstimos, além de revistas, gibis, jornais 
e outros;
2. A sala de aula também deve conter materiais para leitura, com a preocupação 
de proporcionar um acervo diversificado para que os alunos obtenham 
variadas situações de leitura;
3. O professor tem o papel de proporcionar e organizar os momentos de leitura, 
tanto feito por ele próprio como pelos alunos, para que possam trocar ideias, 
sugestões e experiências;
4. O professor também deve proporcionar atividades de leitura regularmente;
5. Cabe o professor permitir a escolha das leituras pelos próprios alunos, assim, 
ensinando o prazer da leitura;
6. A Escola como um todo tem o dever de planejar um projeto relacionado 
à leitura, envolvendo a todos. Não deve pensar que apenas o professor de 
Língua Portuguesa tem de trabalhar a leitura; todo o professor é responsável 
por esse processo.
O papel do professor, juntamente com a Escola, é de extrema importância 
para o crescimento da criança ou do adolescente. O professor tem por obrigação 
proporcionar essas variadas condições de ensino e aprendizagem para seu aluno, 
possibilitando-o desenvolver suas capacidades e habilidades, tanto de leitura 
como de escrita.
Pensando em atividades sobre leitura, vá até o Material Complementar e 
veja um tipo de atividade que pode se desenvolvido com as crianças nas séries 
iniciais para o desenvolvimento da aprendizagem da leitura. É uma sugestão da 
Revista Nova Escola.
A Leitura no Processo de Alfabetização e Letramento
UNIDADE
IV
46
Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
 Sites
Como um romance
PENNAC, D. Como um romance. Rio de Janeiro: Rocco, 1995. Exemplo de atividade.
http://goo.gl/PzaU0k
A Leitura no Processo de Alfabetização e Letramento
47
Referências
BRASIL, Parâmetros Curriculares Nacionais: terceiro e quarto ciclos do ensino 
fundamental: língua portuguesa/Secretaria de Educação Fundamental. Brasília: 
MEC/SEF, 1998.
CAGLIARI, L. C. Alfabetização & Linguística. São Paulo: Scipione, 2003.
FERNANDES, Maria. Os segredos da alfabetização. São Paulo: Cortez, 2008.
PENNAC, D. Como um romance. Rio de Janeiro: Rocco, 1995. 
V
A Escrita no Processo de Alfabetização
Responsável pelo Conteúdo:
Profa. Ms. Denise Jarcovis Pianheri
Revisão Textual:
Profa. Dra. Selma Aparecida Cesarin
A Escrita no Processo de Alfabetização
UNIDADE
V
50
Contextualização
Para iniciarmos a nossa conversa, assista ao vídeo “Educação e Vida”.
Disponível em: https://youtu.be/mNlgV5i7um4
Ex
pl
or
O vídeo possibilita refletirmos sobre o processo de aprendizagem entre as 
pessoas, o que cada um pode fazer para ajudar o outro, como o professor pode 
ajudar e qual o seu papel no processo de ensino na Alfabetização.
Assista! Pense! Reflita!
A Escrita no Processo de Alfabetização
51
Introdução
Nesta Unidade, o foco central será o papel da escrita no processo de Alfabetização.
A escrita é algo em que tanto a criança como os jovens e adultos estão sempre 
envolvidos, seja de maneira direta ou indireta.
Mas o que é interessante é que muitas vezes os professores estão mais 
preocupados em como as crianças escrevem do que exatamente com a escrita em 
si. Por exemplo, preocupam-se mais em ensinar a letra cursiva, que para muitos 
é o jeito “correto”, em vez de utilizar inicialmente a letra bastão, com a qual a 
criança tem mais facilidade para escrever, porque a coordenação motora não está 
tão desenvolvida. 
Mas nem todos pensam assim, causando mal estar entre os alunos por algumas 
vezes não conseguirem realizar as atividades propostas pelo professor, ficando, 
dessa forma, frustrados com a escrita.
Dessa maneira, perdem o interesse, a vontade, o desejo de aprender a escrever. 
Estamos acostumados aos vários tipos de letras e não percebemos que a criança 
que está aprendendo a ler e a escrever desconhece esse mundo dos tipos variados 
de letras, ou seja, a primeira letra do alfabeto pode aparecer para o aluno de várias 
formas, como:
Como afirma Luiz Carlos Cagliari:
Para nós, adultos, qualquer A é A, seja ele escrito como for. Quando a 
criança começa a aprender a escrever, ninguém lhe diz isso e, muitas 
vezes, ela fica admirada diante das coisas que a professora (e os adultos) 
fazem com as letras. Com o tempo, acaba aprendendo indiretamente 
o que a escola pretende. O grande problema nesse caso é que a escola 
ensina a escrever sem ensinar o que é escrever, joga com a criança sem 
lhe dizer as regras do jogo (CAGLIARI, 2003, p.97).
Essa questão da letra cursiva ou bastão é apenas um ponto que leva a criança a 
ter interesse pela escrita ou não.
Não podemos deixar de pensar que a escrita é um dos objetivos mais importantes 
da Alfabetização, juntamente, é claro com a leitura, e não podemos desvincular 
uma da outra.
Segundo Cagliari, a escrita tem como objetivo principal permitir a leitura. E a 
leitura nada mais é do que a interpretação da escrita, ou seja, consiste na tradução 
dos símbolos escritos na fala.
A Escrita no Processo de Alfabetização
UNIDADE
V
52
“Ninguém escreve ou lê sem motivo, sem motivação” (Cagliari, 2003, p.102). É 
preciso proporcionar para as crianças os variados tipos de materiais impressos; já 
falamos sobre isso na unidade anterior.
O aluno precisa ter acesso à linguagem escrita de diversos tipos, como jornais, 
livros, revistas, placas de trânsito ou ruas, painéis, bilhetes etc.; todo material que seja 
possível apresentar para as crianças é válido, por dois pontos a serem levantados.
O primeiro é que muitas crianças não terão esse conhecimento, ou melhor, 
só terão esse contato com os materiais impressos por meio do que é dado para 
elas na Escola. E o segundo ponto, é mostrar para o aluno e fazer com que ele 
possa descobrir “o aspecto funcional da comunicação escrita”, fazendo com que 
ele tenha curiosidade, levando-o a refletir sobre a escrita e, assim, ele irá aprender 
sobre o significado da escrita.
Agora, refletindo a respeito de como as crianças pensam sobre a escrita, 
precisamos retomar as questões das hipóteses da escrita.
Lembrando!
O que são hipóteses de escrita?
De acordo com Emília Ferreiro e Ana Teberosky, as crianças elaboram diversas 
hipóteses demonstrando o funcionamento do sistema de escrita.
O professor poderá verificar, por meio das hipóteses realizadas pelas crianças, 
como elas entendem a escrita ou como elas veem esse processo.
Então, vejamos as definições de cada nível.
Pré-silábico
A criança, nessa fase, registra as chamadas garatujas, desenhos que não têm 
uma definição tão clara. Aos poucos, ela passa a fazer desenhos com traços mais 
definidos, mas não fáceis de decifrar. No nível pré-silábico, temos a ausência de 
relação entre a escrita e os sons da fala.
A Escrita no Processo de Alfabetização
53
Silábico
Nesse nível, a criança já consegue estabelecer as relações entre o som e as 
letras; então, quer representar cada letra por um símbolo e vai utilizar também 
letras, pseudoletras e números.
A criança define as partes das palavras, ou seja, a sílaba, mas nessa fase ela 
representa não a sílaba por completo; algumas vezes irá colocar mais letras do que 
necessário, pois acredita ser o correto.
Silábico sem valor
Silábico com valor
Silábico-alfabético
Nessa fase, a criança utiliza dois níveis, o silábico e o alfabético, ao mesmo 
tempo. Esse momento é o que chamamos de transição. Nesse nível, a criança 
começa a acrescentar letrasem algumas sílabas, como, por exemplo, ao ditar 
a palavra CAVALO, a criança poderá escrever da seguinte maneira: CAViO ou 
também KVALO. A escrita irá variar porque dependerá do conhecimento linguístico 
de cada criança.
Nesse nível, a escrita apresenta sílabas completas e sílabas representadas por 
uma só letra.
A Escrita no Processo de Alfabetização
UNIDADE
V
54
Alfabético
É o nível no qual se pode dizer que a criança já está compreendendo o sistema 
linguístico e como ele se organiza. Nessa fase, ela já consegue ler e representar 
graficamente palavras e pequenas frases.
Nesse nível, as escritas são construídas com base em uma correspondência entre 
fonemas (sons) e grafemas (letras).
É importante salientar que conhecer o valor sonoro convencional é conhecer a 
letra, ou seja, o nome, e perceber sua relação com o som. Fazer a correspondência 
entre o fonema (som) e o grafema (letra). Pode-se dizer que quando isso ocorre, a 
criança está conseguindo entender o processo da escrita e está entendendo que há 
uma relação entre a fala e a escrita.
A Escrita no Processo de Alfabetização
55
Outro ponto importante é fazer questionamentos para a criança sobre o que ela 
escreve e anotar as respostas, para depois perceber o desenvolvimento da criança. 
E como podemos iniciar o processo de Alfabetização? Ou é apropriado partir da 
aprendizagem por meio dos textos?
Maria Fernandes salienta que:
Isso leva a uma mudança na prática pedagógica. Iniciar a Alfabetização 
pelas vogais ou sílabas simples, organizadas numa determinada sequência, 
em lugar de facilitar, pode dificultar a aprendizagem dos alunos, pois 
essa escolha desconsidera que, no início do processo de reflexão sobre a 
escrita, as crianças acreditam que palavras com poucas letras não podem 
ser lidas.
É caminhar na contramão do processo dos alunos. Mais real é apresentar 
todo alfabeto e permitir que os alunos pensem, comparem, analisem textos 
e palavras para que percebam o funcionamento do sistema linguístico e 
possam compreender as partes (letras e palavras) no todo (texto) e o todo 
(texto) com suas partes (letras e palavras) (FERNANDES, 2008, p.129).
Há uma variedade de textos e os educadores precisam proporcionar para os 
alunos os diversos tipos e, principalmente, trabalhar com eles as funções que cada 
texto possui e isso deve acontecer na Escola.
Na maioria das vezes, a preocupação maior é com a memorização e o que 
realmente precisa ser levado em consideração e é o mais importante é a compreensão 
dos significados dos textos.
Inicia-se com o contato com a leitura, com a interpretação e com a escrita 
espontânea dos alunos, preocupando-se em proporcionar para eles situações reais 
de comunicação.
A interação com os mais variados tipos de textos é importante, porque se 
acredita que mesmo aquela criança que não saiba ler convencionalmente, por meio 
dessa interação, aprenderá as características da linguagem.
Ao disponibilizar diversos tipos de materiais: livros de história, gibis, revistas, 
jornais, folhetos de propaganda, embalagens e outros materiais que sejam 
de interesse do aluno, é importante lembrar que as atividades preparadas pelo 
professor devem ser desafiadoras, aquelas que tragam situações problema, ou seja, 
devem ser atividades nas quais os alunos precisam pensar, refletir, argumentar, usar 
todo o conhecimento que possuem para assimilar aquilo que ainda não sabem.
Sabemos que o aprendiz é o protagonista para a construção de seu conhecimento, 
ele irá utilizar todo o seu conhecimento para aprender. O professor tem o papel 
de transmitir, mediar, orientar e fazer as intervenções necessárias no processo 
de aprendizagem, mas será o aluno que irá receber as diversas informações e 
transformá-las em conhecimento.
A Escrita no Processo de Alfabetização
UNIDADE
V
56
Vamos contextualizar? 
Observe a seguinte sugestão de atividade com texto.
Carta Enigmática
Crianças cuidem de seu
Crinque com ele de
Não deixe de dar
de dar
e, principalmente, de dar
A Escrita no Processo de Alfabetização
57
Trabalhar com carta enigmática é interessante porque a criança terá contato 
com as imagens e também com a escrita. Isso facilita para a criança as relações que 
fará para o entendimento do texto.
É claro que quando for dado esse tipo de texto para as crianças que não sabem 
ler, ou seja, no início da Alfabetização, a intervenção do professor na interpretação 
do texto é fundamental.
Outro tipo de atividade que pode ser feita com crianças que ainda não sabem 
escrever é contar histórias. Assim, pode-se pedir para as crianças contarem as 
histórias e o professor faz a transcrição. Além de fazer os registros, pode-se 
armazenar as histórias para que as crianças possam observar e fazer as relações 
entre elas e, principalmente, relacionar o texto oral com o escrito.
Como produto final da atividade das crianças contarem histórias, pode-se 
propor que elas montem um livro com as histórias produzidas por elas. Isso motiva 
e dá incentivo maior na aprendizagem delas, porque elas conseguem visualizar 
concretamente aquilo que construíram. É um estímulo para a produção de textos.
O importante é incentivar as crianças a escreverem espontaneamente, como 
afirma Cagliari: 
Elas precisam escrever o mais livremente possível. Podem-se programar as 
atividades, por exemplo, pedir que recortem alguma fotografia de revista 
e escrevam uma história a partir dela. O que não se deve fazer é pedir 
que contem uma história de cinco linhas, usando só palavras conhecidas, 
e respondam a perguntas do tipo: quem, quando, onde, como, por que 
etc. Esse tipo de camisa-de-força é altamente inconveniente, pois quebra 
a iniciativa da própria criança e limita sua reflexão pessoal. Tende a 
padronizar a expressão individual literária, com prejuízo futuro para o 
aprendizado da escrita e da leitura (CAGLIARI, 2003, p.129).
A escrita espontânea é essencial e não deve ser deixada de lado nessa fase 
de desenvolvimento da aprendizagem da escrita da criança, que precisa ser algo 
prazeroso, ou seja, a brincadeira precisa fazer parte do processo. Devem ser 
utilizadas brincadeiras, atividades com música, jogos que possam utilizar letras e 
palavras etc.
Assim, a aprendizagem torna-se algo bom, em que a criança irá ter cada vez 
mais o desejo de aprender e descobrir o mundo da escrita.
O professor tem algo para acrescentar para seus alunos; ele é o parceiro no 
processo de aprendizagem.
José Juvêncio Barbosa (1994) expõe que:
O papel do professor nos primeiros momentos da aprendizagem não 
se resume a transmitir conhecimento; seu papel é o de criar situações 
significativas que deem condições à criança de se apropriar de um 
conhecimento ou de uma prática (BARBOSA, 1994, p.128)
A Escrita no Processo de Alfabetização
UNIDADE
V
58
E como fazer para o professor realmente proporcionar situações de 
aprendizagem significativas?
Um ponto fundamental para o trabalho do professor nesse processo é ter um 
ambiente alfabetizador.
E o que é um ambiente alfabetizador?
É aquele em que há o Letramento ou cultura letrada, como alguns teóricos 
preferem chamar, tenha livros, revistas, painéis, uma variedade de textos escritos 
que circulam na Sociedade, ou seja, textos que os alunos possam ter experiências 
com situações reais de uso da leitura e da escrita.
O contato com esses materiais faz com que a criança aprenda mais rápido, tanto 
a ler quanto a escrever.
Fazer com que a sala de aula se torne um ambiente alfabetizador dependerá 
muito do professor porque sem dúvida ele precisa de muita dedicação, criatividade 
e inovação na construção desse ambiente.
Algo importante é que os materiais estejam sempre ao alcance das crianças.
O educador tem um papel fundamental de tornar suas aulas desafiadoras e 
interessantes, que promovam pesquisas e descobertas:
Ao professor compete ajudá-la a conquistar esse comportamento. Essa 
ajuda concretiza-se através de um ambiente rico e variado, que favoreça 
o aparecimento ou o desenvolvimentodaquela aprendizagem e através 
de momentos precisos de organização do conhecimento adquirido 
(BARBOSA, 1994, p. 129).
A aprendizagem acontece de maneira eficaz quanto mais a criança tiver acesso 
a esses materiais e a situações de usos da leitura e da escrita e, dessa maneira, ela 
será levada à construção de seu conhecimento.
Nesse sentido, Barbosa afirma:
É desse modo que a escola proporciona uma experiência rica de situações de 
uso da escrita, favorecendo especialmente aquelas crianças que não tiveram a 
oportunidade de viver estas experiências em seu meio social e familiar.
As crianças que provêm de ambientes povoados de livros e de leitores 
encontram maiores facilidades de êxito na aprendizagem da leitura e da 
escrita, justamente por causa dessas experiências prévias com o mundo 
da escrita (BARBOSA, 1994, p.129).
Portanto, o aluno tem papel importante na construção de seu conhecimento, 
porque é ele que irá transformar as informações dadas em conhecimento. Mas, não 
deixa de ser fundamental a participação do professor no processo de aprendizagem 
da leitura e da escrita; isso porque é o educador que irá planejar, organizar, 
proporcionar e oferecer as diversas situações de usos da leitura e da escrita.
A Escrita no Processo de Alfabetização
59
Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
 Sites
Ambiente Alfabetizador
Para ampliar seus conhecimentos, consulte, sobre o ambiente alfabetizador
http://goo.gl/RiCm2A
A Escrita no Processo de Alfabetização
UNIDADE
V
60
Referências
BARBOSA, J. J. Alfabetização e Leitura. São Paulo: Cortez, 1994.
CAGLIARI, L. C. Alfabetização & Linguística. São Paulo: Scipione, 2003.
FERNANDES, Maria. Os segredos da Alfabetização. São Paulo: Cortez, 2008.
FERREIRO, F. Psicogênese da língua escrita. Porto Alegre: Artes Médicas 
Sul, 1999.
Responsável pelo Conteúdo:
Profa. Ms. Denise Jarcovis Pianheri
Revisão Textual:
Profa. Dra. Selma Aparecida Cesarin
VI
A Alfabetização e Jovens e Adultos
A Alfabetização e Jovens e Adultos
UNIDADE
VI
62
Contextualização
Para começarmos a Unidade, que tal refletirmos um pouco?
 Vamos ler citação a seguir: 
Não devemos chamar o povo à escola para receber instruções, postuladas, 
receitas, ameaças, repreensões e punições, mas para participar 
coletivamente da construção de um saber, que vai além do saber de 
pura experiência feita, que leve em conta as suas necessidades e o torne 
instrumento de luta, possibilitando-lhe transformar em sujeito de sua 
própria história (FREIRE, 2001, p.16).
Após a leitura da citação, reflita um pouco a respeito do que é realmente ser 
alfabetizado? 
Qual o papel da Escola?
A Alfabetização e Jovens e Adultos
63
A alfabetização e jovens e adultos
Nesta Unidade, abordaremos “A Alfabetização de Jovens e Adultos”. Pontos 
que iremos discutir: qual o perfil dos alunos da Educação de Jovens e Adultos 
(EJA); qual a importância desses jovens e adultos que retornam aos estudos, quem 
foi Paulo Freire e como é o seu método.
Para iniciarmos, vejamos um breve histórico de como surge a Educação de 
Jovens e Adultos; não iremos detalhar, será apenas um panorama geral para 
conseguirmos entender como a EJA que conhecemos hoje surgiu no decorrer 
dos tempos.
Não iremos nos aprofundar. Assim, no ano de 1967, surge o MOBRAL 
(Movimento Brasileiro de Alfabetização). O objetivo do MOBRAL era mais funcional, 
os adultos adquiriam tecnicamente os processos de leitura, escrita e cálculo.
Já nos anos 1970, a Educação de Jovens e Adultos foi instaurada como Ensino 
Supletivo e assim passou a fazer parte da Legislação brasileira.
Mas é em 1988 que a Educação de Jovens e Adultos passa a ter o direito 
garantido à educação básica e a ser gratuita.
Mais tarde, temos, com a LDB 9394/96, a mudança da nomenclatura, que 
passa de Ensino Supletivo para EJA e com o Parecer CEB/CNE 11/2000 que se 
baseou na Resolução do CNE de Diretrizes Curriculares.
Assim, começam a surgir os fóruns de debates em relação à EJA. Estudiosos, 
professores e profissionais da área querem e percebem a necessidade de discussões 
para ajuda e passam a se aprofundar nas questões do educar dos jovens e adultos 
do nosso país.
Para você ter melhor visão do panorama da EJA com outros detalhes, observe a linha do 
tempo que pode ser visualizada no link: http://goo.gl/SMcpyK
Ex
pl
or
Essas discussões são importantes até hoje, porque ainda há dúvidas em relação 
à Educação de Jovens e Adultos.
Um dos pontos que precisa ser levado um consideração quanto às particularidades de 
cada educando, suas necessidades e suas dificuldades é considerar e trazer para a sala de 
aula os conhecimentos prévios desses alunos, que são ricos em história e cultura.
As pessoas envolvidas na EJA não podem ser preconceituosas ou tratar a 
Educação de Jovens e Adultos como um ensino indiferente; é preciso enxergar 
a EJA como uma oportunidade para aqueles que, por algum motivo, não tiveram 
condições de ter acesso à Educação.
A Alfabetização e Jovens e Adultos
UNIDADE
VI
64
Pensando nesses jovens e adultos, como definimos o perfil do aluno da EJA?
A grande parte dos alunos da EJA são homens e mulheres trabalhadoras, pobres, 
desempregados, moradores de periferias, normalmente pessoas com condições 
sociais e culturais precárias em relação a outras pessoas da Sociedade.
São pessoas que nunca frequentaram um ambiente escolar ou tiveram apenas 
um único contato e por vários motivos não voltaram à Escola. Também são pessoas 
com autoestima muito baixa por serem, de certa maneira, excluídas na Sociedade 
em que vivem, por não fazerem uso da leitura e da escrita em suas vidas.
Mas muitas delas decidem mudar, como Solange Gomes da Fonseca comenta 
em seu artigo:
Ao escolherem o caminho da escola, esses alunos optam por uma vida 
propicia para promover o seu desenvolvimento pessoal e levantar sua 
autoestima, mesmo dentro da vida cotidiana na sua vivência social, familiar 
e profissional. Suas visões de mundo estão mais relacionadas ao “ver” e ao 
“fazer”, uma visão de mundo apoiada numa adesão espontânea e imediata 
às coisas. Essa atitude de “maravilhamento” com o conhecimento é 
extremamente positiva e precisa ser cultivada e valorizada pelo professor, 
porque representa a “porta” de entrada para exercitar o raciocínio lógico, 
a reflexão, a análise, a abstração e, assim construir outro tipo de saber: o 
conhecimento científico.
Fonte: http://www.recantodasletras.com.br/artigos/2124388
Portanto, essas pessoas, assim como as crianças quando ingressam na Escola, 
precisam do apoio dos familiares, dos amigos e, especialmente, do professor, 
porque é ele que levará o jovem ou o adulto a descobrir o fascinante mundo letrado. 
É o educador que passa as informações para o aluno e o leva a transformá-las 
em conhecimento, mas também é o professor que conversa, auxilia, orienta, faz 
as intervenções necessárias, colabora e é parceiro no processo de aprendizagem 
desses alunos que estão à procura do conhecimento que tanto faltou em suas vidas.
Agora! Um dos grandes educadores na Educação de Jovens e Adultos foi Paulo 
Freire, que se destacou por sua prática didática, inovando com seu método de 
alfabetização para adultos.
Algo interessante é que seu pensamento pedagógico era de cunho político. Isto 
é, seus pensamentos em relação à Educação foram inovadores para a época, por 
isso continuaram por tanto tempo e até hoje, em nossos dias, aprendemos com 
suas experiências, sua maneira de alfabetizar e com suas ideias, que encontramos 
em um vasto repertório literário que ele deixou.
Vamos conhecer um pouco mais sobre Paulo Freire, com a breve biografia a 
seguir.
A Alfabetização e Jovens e Adultos
65
Paulo Freire nasceu em 1921, em Recife, numa família de classe média. Com o 
agravamento da crise econômica mundial, iniciada em 1929, e a morte de seu 
pai, quando tinha 13 anos, Freire passou a enfrentar difi culdades econômicas. 
Formou-se em Direito, mas não seguiu carreira, encaminhando

Outros materiais