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ESTÁGIOSUPERVISIONADO_ POLÍTICAS PÚBLICAS-1

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ESTÁGIO 
SUPERVISIONADO: 
POLÍTICAS 
PÚBLICAS
Me. Daniele Moraes Cecílio Soares
Me. Maria Cristina Gabriel de Oliveira
Esp. Elcir Cândido Quintino
Esp. Juliana Firmino Fonzar
Esp. Priscila de Almeida Souza
Esp. Suzie Keilla Viana da Silva
Esp. Valéria Cristina da Costa
GRADUAÇÃO
Unicesumar
C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação 
a Distância; SOARES, Daniele Moraes Cecílio; QUINTINO, Elcir 
Cândido; FONZAR, Juliana Firmino; OLIVEIRA, Maria Cristina 
Gabriel de; SOUZA, Priscila de Almeida; SILVA, Suzie Keilla Via-
na da; COSTA, Valéria Cristina da. 
Estágio Supervisionado: Políticas Públicas. Daniele Moraes Ce-
cílio Soares; Elcir Cândido Quintino; Juliana Firmino Fonzar; Maria 
Cristina Gabriel de Oliveira; Priscila de Almeida Souza; Suzie Keilla 
Viana da Silva; Valéria Cristina da Costa. 
Maringá-Pr.: UniCesumar, 2017. Reimpresso em 2021.
232 p.
“Graduação - EaD”.
1. Estágio. 2. Políticas. 3. Públicas. 4. EaD. I. Título.
ISBN 978-85-459-0635-3 
CDD - 22 ed. 360
CIP - NBR 12899 - AACR/2
Ficha catalográfica elaborada pelo bibliotecário 
João Vivaldo de Souza - CRB-8 - 6828
Impresso por:
Reitor
Wilson de Matos Silva
Vice-Reitor
Wilson de Matos Silva Filho
Pró-Reitor Executivo de EAD
William Victor Kendrick de Matos Silva
Pró-Reitor de Ensino de EAD
Janes Fidélis Tomelin
Presidente da Mantenedora
Cláudio Ferdinandi
NEAD - Núcleo de Educação a Distância
Diretoria Executiva
Chrystiano Minco�
James Prestes
Tiago Stachon 
Diretoria de Graduação
Kátia Coelho
Diretoria de Pós-graduação 
Bruno do Val Jorge
Diretoria de Permanência 
Leonardo Spaine
Diretoria de Design Educacional
Débora Leite
Head de Curadoria e Inovação
Tania Cristiane Yoshie Fukushima
Gerência de Processos Acadêmicos
Taessa Penha Shiraishi Vieira
Gerência de Curadoria
Carolina Abdalla Normann de Freitas
Gerência de de Contratos e Operações
Jislaine Cristina da Silva
Gerência de Produção de Conteúdo
Diogo Ribeiro Garcia
Gerência de Projetos Especiais
Daniel Fuverki Hey
Supervisora de Projetos Especiais
Yasminn Talyta Tavares Zagonel
Coordenador de Conteúdo
Maria Cristina de Araújo Brito Cunha
Designer Educacional
Rossana Costa Giani
Projeto Gráfico
Jaime de Marchi Junior
José Jhonny Coelho
Editoração
Arthur Cantareli Silva
Qualidade Textual
Hellyery Agda
Ilustração
Bruno Cesar Pardinho
Em um mundo global e dinâmico, nós trabalhamos 
com princípios éticos e profissionalismo, não so-
mente para oferecer uma educação de qualidade, 
mas, acima de tudo, para gerar uma conversão in-
tegral das pessoas ao conhecimento. Baseamo-nos 
em 4 pilares: intelectual, profissional, emocional e 
espiritual.
Iniciamos a Unicesumar em 1990, com dois cursos 
de graduação e 180 alunos. Hoje, temos mais de 
100 mil estudantes espalhados em todo o Brasil: 
nos quatro campi presenciais (Maringá, Curitiba, 
Ponta Grossa e Londrina) e em mais de 300 polos 
EAD no país, com dezenas de cursos de graduação e 
pós-graduação. Produzimos e revisamos 500 livros 
e distribuímos mais de 500 mil exemplares por 
ano. Somos reconhecidos pelo MEC como uma 
instituição de excelência, com IGC 4 em 7 anos 
consecutivos. Estamos entre os 10 maiores grupos 
educacionais do Brasil.
A rapidez do mundo moderno exige dos educa-
dores soluções inteligentes para as necessidades 
de todos. Para continuar relevante, a instituição 
de educação precisa ter pelo menos três virtudes: 
inovação, coragem e compromisso com a quali-
dade. Por isso, desenvolvemos, para os cursos de 
Engenharia, metodologias ativas, as quais visam 
reunir o melhor do ensino presencial e a distância.
Tudo isso para honrarmos a nossa missão que é 
promover a educação de qualidade nas diferentes 
áreas do conhecimento, formando profissionais 
cidadãos que contribuam para o desenvolvimento 
de uma sociedade justa e solidária.
Vamos juntos!
Seja bem-vindo(a), caro(a) acadêmico(a)! Você está 
iniciando um processo de transformação, pois quando 
investimos em nossa formação, seja ela pessoal ou 
profissional, nos transformamos e, consequentemente, 
transformamos também a sociedade na qual estamos 
inseridos. De que forma o fazemos? Criando oportu-
nidades e/ou estabelecendo mudanças capazes de 
alcançar um nível de desenvolvimento compatível com 
os desafios que surgem no mundo contemporâneo. 
O Centro Universitário Cesumar mediante o Núcleo de 
Educação a Distância, o(a) acompanhará durante todo 
este processo, pois conforme Freire (1996): “Os homens 
se educam juntos, na transformação do mundo”.
Os materiais produzidos oferecem linguagem dialógica 
e encontram-se integrados à proposta pedagógica, con-
tribuindo no processo educacional, complementando 
sua formação profissional, desenvolvendo competên-
cias e habilidades, e aplicando conceitos teóricos em 
situação de realidade, de maneira a inseri-lo no mercado 
de trabalho. Ou seja, estes materiais têm como principal 
objetivo “provocar uma aproximação entre você e o 
conteúdo”, desta forma possibilita o desenvolvimento 
da autonomia em busca dos conhecimentos necessá-
rios para a sua formação pessoal e profissional.
Portanto, nossa distância nesse processo de cresci-
mento e construção do conhecimento deve ser apenas 
geográfica. Utilize os diversos recursos pedagógicos 
que o Centro Universitário Cesumar lhe possibilita. 
Ou seja, acesse regularmente o Studeo, que é o seu 
Ambiente Virtual de Aprendizagem, interaja nos fóruns 
e enquetes, assista às aulas ao vivo e participe das dis-
cussões. Além disso, lembre-se que existe uma equipe 
de professores e tutores que se encontra disponível para 
sanar suas dúvidas e auxiliá-lo(a) em seu processo de 
aprendizagem, possibilitando-lhe trilhar com tranqui-
lidade e segurança sua trajetória acadêmica.
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Professora Me. Daniele Moraes Cecílio Soares
Mestre em Serviço Social pela Universidade Estadual do Oeste do 
Paraná (Unioeste/2016). Especialista em Gestão e Planejamento de 
Programas e Projetos Sociais pelo Centro de Ensino Superior de Maringá 
(Unicesumar/2013). Bacharel em Serviço Social pelo Centro Universitário de 
Maringá (Unicesumar/ 2011). Desde 2014 é professora mediadora do curso de 
Serviço Social do Núcleo de Educação a Distância (NEaD – Unicesumar). Link: 
<http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.o?id=K4477762U1>.
Professora Me. Maria Cristina Gabriel de Oliveira
Mestre em Serviço Social pela Universidade Estadual de Londrina (UEL/2009). 
Especialista em Educação no Sistema Prisional pela Faculdade de Paraíso do 
Norte (FAPAN/2014). Especialista em Políticas Sociais: Infância e Adolescência 
pela Universidade Estadual de Maringá (UEM/1999). Bacharel em Serviço 
Social pelo Centro Universitário Leonardo da Vinci (UNIASSELVI-SC/2014). 
Historiadora pela UEM (1995). Atualmente, docente no curso de Serviço 
Social na Universidade Estadual do Paraná (UNESPAR) e professora mediadora 
do curso de Serviço Social do Núcleo de Educação a Distância (NEaD – 
Unicesumar). Link: <http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.
do?id=K4798848Z1>.
Professora Esp. Priscila de Almeida Souza
Mestranda em Ciências Sociais pela Universidade Estadual de Maringá 
(UEM). Especialista em Saúde Mental pela UEM (2014). Graduada em Serviço 
Social pela Faculdade Ingá (Uningá/2011). Atuou como assistente social no 
órgão gestor da Política de Assistência Social do município de Floresta-PR, 
secretária executiva do Conselho Municipal de Assistência Social de Floresta-
PR e secretária executiva do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e 
do Adolescente de Floresta-PR. Docente da graduação em Serviço Social, 
modalidade EaD no Centro Universitário de Maringá (Unicesumar).
Link: <http://lattes.cnpq.br/4304410719267471>.
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Professor Esp. Elcir Cândido Quintino
Especialista em Trabalho Social Com Famílias pela Faculdade Estadual de 
Ciências e Letras de Paranavaí (FAFIPA/2012). Bacharel em Serviço Social pela 
FAFIPA (2009). Professor especialista no Centro de Ensino Superior de Nova 
Esperança LTDA (EPP/2013).Atualmente é assistente social do Serviço Social 
do Comércio de Maringá (SESC) e professor mediador do curso de Serviço 
Social do Núcleo de Educação a Distância (NEaD – Unicesumar).
Link: <http://lattes.cnpq.br/8068331404824313>. 
Professora Esp. Juliana Firmino Fonzar
Especialista em Gestão em Saúde pela Universidade Estadual de Maringá 
(UEM/2016) e especialista em Metodologia e Docência no Ensino Superior 
pela Faculdade de Tecnologia e Ciências do Norte do Paraná (FATECIE/2013). 
Graduada pela Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de 
Paranavaí (FAFIPA/2012). Possui experiência na política de assistência social 
na área da proteção social básica. Atualmente trabalha junto à Secretaria 
Municipal de Saúde de Maringá-PR com lotação em uma Unidade Básica de 
Saúde. Também atua como professora mediadora no curso de Serviço Social 
de Educação a Distância (NEaD – Unicesumar).
Link: <http://lattes.cnpq.br/3373615837286868>.
Professora Esp. Suzie Keilla Viana da Silva
Aluna não-regular do Curso de Mestrado em Ciências Sociais na Universidade 
Estadual de Maringá (UEM). Especialista em Gestão da Política de 
Assistência Social na Perspectiva do SUAS na Faculdade de Paraíso do Norte 
(FAPAN/2015). Bacharel em Serviço Social pela Fundação Universidade do 
Tocantins (UNITINS/2011). Atualmente é professora mediadora do curso de 
Serviço Social no Núcleo de Educação a Distância (NEaD – Unicesumar).
Link: <http://lattes.cnpq.br/1756576934897102>.
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Professora Esp. Valéria Cristina da Costa
MBA em Recursos Humanos pelo Centro de Ensino Superior de Maringá 
(Unicesumar/2000). Possui graduação em Serviço Social pela Universidade 
Estadual de Londrina (UEL/1998). Tem experiência na área de supervisão de 
benefícios sociais, gestão de responsabilidade social e na gestão da política 
pública de assistência social. Atualmente é professora da Unicesumar, 
do curso de Serviço Social EaD, e coordenadora de estágio pela mesma 
instituição. Link: <http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.
do?id=K4328770P1>.
SEJA BEM-VINDO(A)!
Caro(a) aluno(a), é com imensa satisfação que nós, professores Daniele, Elcir, Juliana, 
Maria Cristina, Priscila, Suzie e Valéria, compartilhamos nossos conhecimentos sobre as 
políticas públicas em suas diversas áreas sociais. 
Para isso, o material didático que apresentamos foi minuciosamente dividido em cinco 
unidades, as quais abordam os conceitos teórico-metodológicos de como se realiza, na 
prática profissional do assistente social, a execução no lócus dos diversos espaços sócio-
-ocupacionais.
A Unidade I fundamenta como as políticas públicas e sociais são o campo privilegiado 
da atuação do assistente social, abordando os conceitos que embasam o fazer profissio-
nal nas diversas áreas da política social.
A Unidade II discorre sobre a política de assistência de social, sua formação, o trabalho 
com famílias, o trabalho em rede, a proteção social e sua intrínseca relação com o desen-
volvimento dos direitos sociais.
A Unidade III elenca a política de saúde, que por sinal é a política pública que efetivou 
há mais tempo a atuação de assistentes sociais. Por isso, compreender a política e o 
atendimento direto ao usuário em suas diversas dimensões e demandas, bem como 
as estratégias de atuação do serviço social na Política de Saúde e na atenção primária à 
saúde e a Estratégia de Saúde da Família e a atuação do assistente social no NASF, são de 
extrema importância para a formação e atuação profissional.
Logo após, na Unidade IV, discorre-se sobre a atuação do Serviço Social na Educação, na 
qual se busca compreender a dimensão pedagógica do exercício profissional do assis-
tente social, contextualizar as transformações na família e o elo entre a dimensão inves-
tigativa do assistente social na Política de Educação.
Para finalizar, encerra-se a Unidade V com o Serviço Social e o sócio jurídico, os princi-
pais espaços sócio-ocupacionais, suas possibilidades de intervenção profissional para a 
defesa dos direitos sociais e humanos.
Ótimos estudos!
APRESENTAÇÃO
ESTÁGIO SUPERVISIONADO: POLÍTICAS 
PÚBLICAS
SUMÁRIO
11
UNIDADE I
POLÍTICAS PÚBLICAS E SOCIAIS COMO CAMPO PRIVILEGIADO DE 
ATUAÇÃO DO ASSISTENTE SOCIAL
17 Introdução
18 O Estado de Bem-Estar Social e as Políticas Sociais Enquanto Intervenção 
Estatal
25 O Trabalho do Assistente Social nas Esferas de Formulação, Gestão e 
Execução da Política Social
28 A Participação Popular no Processo de Formulação e Avaliação de 
Políticas Sociais
33 Considerações Finais 
38 Referências 
40 Gabarito 
UNIDADE II
POLÍTICA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL COMO CAMPO PRIVILEGIADO DE 
INTERVENÇÃO PROFISSIONAL
43 Introdução
44 Política Pública de AssistÊncia Social no Brasil 
51 Trabalho com Famílias 
60 O Trabalho em Rede 
72 A Proteção Social 
85 Considerações Finais 
91 Referências 
SUMÁRIO
12
UNIDADE III
ATUAÇÃO PROFISSIONAL DO ASSISTENTE SOCIAL NO CONTEXTO DA 
POLÍTICA DE SAÚDE
97 Introdução
98 Política de Saúde: Aspectos Relevantes para a Compreensão da Atuação 
Profissional Neste Espaço
110 Parâmetros para a Atuação de Assistentes Sociais na Saúde: a Política 
Enquanto Espaço de Atuação do Profissional
120 As Estratégias de Atuação do Serviço Social na Política de Saúde 
130 Atenção Primária à Saúde, Estratégia Saúde da Família e a Atuação do 
Assistente Social nesse Contexto
146 Considerações Finais 
153 Referências 
UNIDADE IV
AS DIMENSÕES PARA ATUAÇÃO DO ASSISTENTE SOCIAL NA 
POLÍTICA DE EDUCAÇÃO
159 Introdução
159 A Dimensão Pedagógica: Reflexões sobre a Concepção do Exercício 
Profissional
167 Contextualizando as Transformações na Família 
174 A Dimensão Investigativa do Assistente Social na Política de Educação 
178 Considerações Finais 
182 Referências 
SUMÁRIO
13
UNIDADE V
A ATUAÇÃO PROFISSIONAL DO SERVIÇO SOCIAL NO 
SOCIOJURÍDICO: ESPAÇOS SÓCIO-OCUPACIONAIS
187 Introdução
188 O Exercício Profissional nas Instâncias Jurídicas 
206 A Intersetorialidade das Políticas Públicas: Serviços para Assegurar a 
Garantia de Direitos
216 Historicizando o Serviço de Acolhimento Institucional/Familiar 
224 Considerações Finais 
228 Referências 
232 CONCLUSÃO 
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Professora Esp. Priscila de Almeida Souza
Professora Esp. Valéria Cristina da Costa
POLÍTICAS PÚBLICAS E SOCIAIS 
COMO CAMPO PRIVILEGIADO 
DE ATUAÇÃO DO ASSISTENTE 
SOCIAL
Objetivos de Aprendizagem
 ■ Compreender os aspectos históricos das políticas sociais no Brasil. 
 ■ Conhecer o trabalho do assistente social no processo das políticas 
sociais - na formulação, gestão e execução. 
 ■ Verificar as possibilidades de fomentar a participação social e 
reconhecer o papel profissional como mobilizador da sociedade. 
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
 ■ O estado de Bem-Estar Social e as Políticas Sociais enquanto 
intervenção estatal
 ■ O trabalho do assistente social nas esferas de formulação, gestão e 
execução da Política Social
 ■ A participação popular no processo de formulação e avaliação de 
Políticas Sociais
INTRODUÇÃO
Caro(a) aluno(a), queremos propor a você uma imersão no tema das políticas 
públicas e sociais e sua relação com o serviço social. É importante fazermos um 
apanhado conceitual delas, a fim de refletirmos sobre seus conceitos. Tal reflexão 
será importante, pois, para compreendermos essa estreita relação com o Serviço 
Social, é relevante termos bem claro os objetivos e fundamentos das políticas 
públicas, para quê e para quem surgem. 
Antes de qualquer coisa, é imprescindível relembrarmos que o assistente 
social, na contemporaneidade, está direta ou indiretamente articulado e atu-
ando com as mais diversas políticas públicas e sociais ao mesmo tempo, em seu 
planejamento, monitoramento e avaliação. Nos locais de atuação profissional 
realizamos trabalho intersetoriais e, em especial, nos valorosos espaços de con-
trole e participação social, como conselhos econferências de políticas públicas. 
Nosso propósito não é esgotar todas as possibilidades de aprendizado sobre 
política pública, mesmo porque seria ousado e impossível, diante de tantas possi-
bilidades de leitura e releitura desta perspectiva. O terreno é vasto e árido para a 
atuação profissional, e apenas conseguiremos avançar, neste sentido, ao compre-
endermos a Seguridade Social como direito de todo cidadão e dever do Estado 
no que concerne à elaboração e execução de Políticas Públicas e Sociais que aten-
dam às demandas contemporâneas da sociedade. 
Apresentaremos ainda, nesta unidade, uma das várias formas de atuação 
profissional, os espaços democráticos de participação e controle social, capazes 
de mobilizar a sociedade de forma coerente e legítima na construção e avalia-
ção de políticas públicas. 
Assim, convidamos você a compreender melhor essas diversas fases das polí-
ticas públicas, suas nuances e possibilidades de atuação profissional. Então, boa 
leitura e estímulo para compreender o objeto da profissão, presente nas mais diver-
sas formas das expressões da questão social, manifestadas por meio da carência 
de políticas públicas efetivas e subalternização da sociedade. 
Ótimos estudos!
Introdução
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POLÍTICAS PÚBLICAS E SOCIAIS COMO CAMPO PRIVILEGIADO DE ATUAÇÃO DO ASSISTENTE SOCIAL
Reprodução proibida. A
rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
IU N I D A D E18
O ESTADO DE BEM-ESTAR SOCIAL E AS POLÍTICAS 
SOCIAIS ENQUANTO INTERVENÇÃO ESTATAL
Aluno(a), vamos começar a conceituação? A fim de situarmos você na retomada 
de discussão sobre políticas públicas e sociais, é importante revermos que a 
formulação de políticas públicas passa por diversas etapas, que vão desde o esta-
belecimento de uma agenda, a elaboração e implementação e sua execução, até 
seu processo de avaliação e monitoramento. Ou seja, trata-se de um conjunto de 
decisões públicas a determinados grupos ou como um todo, destinadas a modi-
ficações da realidade que causam impactos diretos na sociedade e na economia. 
Importante relembrarmos que, ao falarmos de políticas públicas, estamos 
tratando de jogos de interesses. Todo o processo da Política Pública perpassa 
por divergências constantes, dada a diversidade de grupos e visões incluídas no 
mesmo, ou seja, tratar de decisões públicas inclui conflitos e negociações per-
manentes das partes envolvidas.
Com uma perspectiva mais operacional, poderíamos dizer que ela 
(política pública) é um sistema de decisões públicas que visa ações ou 
omissões, preventivas ou corretivas, destinadas a manter ou modificar 
a realidade de um ou vários setores da vida social, por meio da defi-
nição de objetivos e estratégias de atuação e da alocação dos recursos 
O Estado de Bem-Estar Social e as Políticas Sociais Enquanto Intervenção Estatal
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necessários para atingir os objetivos estabelecidos (SARAVIA e FER-
RAREZI, 2006, p. 29).
Apesar dessa pequena introdução sobre o conceito de Política Pública, vários 
autores discutem que há grande complexidade em definir o termo, assim como 
destacamos a seguir:
[...] não existe uma única, nem melhor definição sobre o que seja Políti-
ca Pública [...] Apesar de optar por abordagens diferentes, as definições 
de políticas públicas assumem, em geral, uma visão holística do tema, 
uma perspectiva de que o todo é mais importante do que a soma das 
partes e que indivíduos, instituições, interações, ideologia e interesses 
contam, mesmo que existam diferenças sobre a importância relativa 
destes fatores (SOUZA, 2006, p. 24).
Fato é que as políticas públicas influenciam direta ou diretamente a vida das pes-
soas como um todo, tanto o fato de “fazer” política pública como também o de 
“não fazer” política pública. Queremos dizer com isso que a todo momento sur-
gem ideias e interesses a respeito da elaboração de políticas e o poder de decisão 
influencia diretamente nesse processo, ou seja, determinado grupo responsável 
por sua elaboração e execução pode ou não vir a pôr as ideias pensadas em prática. 
Theodor Lowi (1964; 1972 apud SOUZA, 2006) destaca que temos quatro 
tipos de políticas públicas a serem elaboradas, cada uma com objetivos espe-
cíficos e envolvendo logicamente a arena de interesses de diversos grupos de 
representações:
O primeiro é o das políticas distributivas, decisões tomadas pelo gover-
no, que desconsideram a questão dos recursos limitados, gerando im-
pactos mais individuais do que universais, ao privilegiar certos grupos 
sociais ou regiões, em detrimento do todo. O segundo é o das políticas 
regulatórias, que são mais visíveis ao público, envolvendo burocracia, 
políticos e grupos de interesse. O terceiro é o das políticas redistributi-
vas, que atinge maior número de pessoas e impõe perdas concretas e no 
curto prazo para certos grupos sociais, e ganhos incertos e futuro para 
outros; são, em geral, as políticas sociais universais, o sistema tributá-
rio, o sistema previdenciário e são as de mais difícil encaminhamento. 
O quarto é o das políticas constitutivas, que lidam com procedimentos. 
Cada uma dessas políticas públicas vai gerar pontos ou grupos de ve-
tos e de apoios diferentes, processando-se, portanto, dentro do sistema 
político de forma também diferente (LOWI 1964; 1972 apud SOUZA, 
2006, p. 28).
POLÍTICAS PÚBLICAS E SOCIAIS COMO CAMPO PRIVILEGIADO DE ATUAÇÃO DO ASSISTENTE SOCIAL
Reprodução proibida. A
rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
IU N I D A D E20
Quanto às políticas sociais, não há com precisão um período de surgimento das 
primeiras iniciativas reconhecíveis, conforme afirmam Behring e Boschetti (2008). 
No entanto, há consenso de que sua generalização está presente no período de 
transição entre o capitalismo concorrencial para o capitalismo monopolista, mais 
precisamente após a Segunda Guerra Mundial (1945).
Com a grande crise do sistema capitalista de 1929, aqui, tratando especifi-
camente de Brasil, temos no período uma grande expansão do Estado. Aliado às 
tendências mundiais, no país esse contexto envolveu grande expressão da área 
social, com intuito de enfrentamento das expressões da questão social (BEHRING 
e BOSCHETTI, 2008).
Faleiros (2000) destaca que a Política Social é uma importante estratégia 
do modo de produção capitalista monopolista, onde o Estado tem o exercício 
de proteger, financiar e suportar esse sistema de produção, seja em países de 
capitalista centrais como nos países chamados dependentes, ou de capitalismo 
periférico, assim também denominados. Dessa forma, concluímos que a Política 
Social nada é se não produto do modo de produção capitalista.
Para compreendermos melhor a definição de políticas sociais, é importante 
sempre nos situarmos no contexto de produção capitalista, de exploração social 
e das múltiplas expressões da questão social, aqui discutidas especialmente pelo 
serviço social, ou seja, as políticas sociais são respostas às diversas expressões da 
questão social postas constantemente na sociedade.
Dessa forma, assim como a Política Pública, devemos compreender que 
a Política Social também está diretamente intrínseca às relações de interesses 
contraditórios, com suas etapas e atores envolvidos em sua elaboração, imple-
mentação, avaliação e monitoramento.
Assim, notamos claramente que a Política Social tem sua expansão devido 
à luta pela conquista de direitos sociais, mais precisamente com o advento e 
posterior enfraquecimento do período de ditadura militar no Brasil, a partir da 
segunda metade da década de 70. 
Mas, e antes disso? Como se inicia no Brasil esse movimento para a discussão 
e caracterização da Política Social? Behring e Boschetti (2008) realizam impor-tante apanhado histórico e crítico sobre esse processo e afirmam que: 
O Estado de Bem-Estar Social e as Políticas Sociais Enquanto Intervenção Estatal
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A primeira constatação é a de que seu surgimento (da política social) 
no Brasil não acompanha o mesmo tempo histórico dos países de ca-
pitalismo central. Não houve no Brasil escravista do século XIX uma 
radicalização das lutas operárias, sua constituição em classe para si, 
com partidos e organizações fortes. A questão social já existente num 
país de natureza capitalista, com manifestações objetivas de pauperis-
mo e iniquidade, em especial após o fim da escravidão e com a imensa 
dificuldade de incorporação dos escravos libertos no mundo do traba-
lho, só se colocou como questão política a partir da primeira década 
do século XX, com as primeiras lutas de trabalhadores e as primeiras 
iniciativas de legislação voltadas ao mundo do trabalho (BEHRING e 
BOSCHETTI, 2008, p. 78).
As exigências por maior intervenção e responsabilidade do Estado na formulação 
e execução de políticas públicas e sociais ganham ênfase com o enfraquecimento 
do período ditatorial no qual o país vive na década de 80.
Diante de todo esse apanhado feito até aqui, podemos refletir que a Política 
Social em suma é uma junção entre reinvindicações sociais para obtenção de 
direitos, frente às mazelas e diversas expressões da questão social e os interesses 
do capital e do Estado em sua própria manutenção, tendo em vista a geração de 
pleno emprego e crescimento econômico num mercado capitalista liberal, “[...] 
ampliação do mercado de consumo e amplo acordo capital e trabalho (PIERSON, 
1991 e MISHRA, 1995 apud BEHRING e BOSCHETTI, 2008, p. 92) - as cha-
madas políticas Keynesianas.
Diante disso, cabe a nós iniciarmos a discussão sobre o Estado de Bem-Estar 
Social, ou Welfare State, e sua proposta frente a esse “consenso” visto anterior-
mente. Isso serve para materializar tal modelo de Estado, com a expansão de 
políticas sociais e a ampliação do papel do Estado frente às expressões da ques-
tão social. Mais uma vez contraditório, o Welfare State, idealizado pelo britânico 
John Maynard Keynes (1883-1946), tem por objetivo a contribuição para a supe-
ração da crise do capitalismo de 1929, que deve ser vista também como uma 
conquista da classe trabalhadora por direitos sociais.
Esse Estado como por uma de suas bases a influência do Plano Beveridge, 
proposta inglesa da década de 40 do século XX, como alternativa crítica aos 
modelos de seguros sociais alemães Bismarsckianos, amplos de seguridade social. 
Em geral, as propostas estruturantes do Welfare State seriam “a ampliação da 
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responsabilidade do Estado na manutenção das condições de vida dos cida-
dãos [...], universalidade dos serviços sociais [...] e a implantação de uma rede 
de segurança”de serviços de assistência social”, conforme apontam Behring e 
Boschetti (2008, p. 94).
Voltando ao processo histórico de implementação de políticas sociais brasi-
leiras, é interessante destacarmos alguns dos acontecimentos constitutivos até a 
Constituição Federal de 1988, lembrando que não devemos confundir políticas 
sociais com Welfare State. Ao analisarmos nosso processo histórico de políticas 
públicas e sociais, refirmamos a tese de diversos autores ao afirmarem que, de 
fato, o Estado de Bem-Estar Social no Brasil nunca chegou a ser consolidado no 
país, visto que apenas no final da década de 80 do XX passamos a discutir o con-
ceito de seguridade social, universalização e integralidade na saúde, definição 
da assistência social como política pública e direito de todo cidadão, e a parti-
cipação social como instrumento legítimo de formulação de políticas públicas. 
Vejamos um breve apanhado histórico:
 ■ 1942: Legião da Boa Vontade (LBA) - com ações de cunho assistencialista e 
voltadas ao primeiro damismo, fundado pela Primeira-dama Darcy Vargas. 
 ■ 1964-1985: período da Ditadura Militar no Brasil, momento de grande 
repressão e supressão de direitos constitucionais, perseguição política a 
diversos grupos que se apresentam contrários ao regime. 
 ■ Década de 70: crise do modelo de produção taylorista-fordista, a qual 
culmina em uma redução dos trabalhadores industriais, fabris, além da 
diminuição de postos de trabalhos estáveis e especializados, aumentando 
a massa de trabalho precarizado. 
 ■ 1974: Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social 
(INAMPS) - Atendimento médico prestado apenas aos trabalhadores 
com carteira assinada.
 ■ 1988: Constituição Cidadã de 1988 - Definição de um Sistema de 
Seguridade Social, formado pelo Tripé Assistência Social, Previdência 
Social e Saúde. Nesse momento, de fato, a saúde torna-se direito de todo 
cidadão, integral e universal. 
 ■ 1990: Lei Orgânica Saúde nº 8.080/1990 e Lei nº 8.142/1990, que dispõem 
O Estado de Bem-Estar Social e as Políticas Sociais Enquanto Intervenção Estatal
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sobre a participação da comunidade na gestão do Sistema Único de Saúde 
(SUS) e sobre as transferências intergovernamentais de recursos financei-
ros na área da saúde, além de darem outras providências. 
 ■ 1993: Lei Orgânica da Assistência Social. 
 ■ 2004: aprovação da Política Nacional da Assistência Social (PNAS) - 
Resolução nº 78, de 22 de junho de 2004. 
 ■ 2005: implementação do Sistema Único da Assistência Social (SUAS). 
Norma Operacional Básica do SUAS - Resolução CNAS nº 130, de 15 de 
julho de 2015. 
Como vimos até aqui, caro(a) aluno(a), a Política Social apresenta grande caráter 
contraditório, em especial no Brasil, visto que, com o advento da crise do sis-
tema de 1929, o Estado passa a expandir suas ações sociais frente às expressões 
da questão social com vistas à recuperação do modo de produção capitalista e 
resposta também às manifestações trabalhistas.
Ainda, revemos que passamos por forte período de repressão e diminuição 
dos direitos até então adquiridos e outros que nunca chegaram a se concretizar, 
com o momento no qual o país vivia, um regime militar que durou cerca de 20 
anos da história do Brasil. 
Fato é que a população ganha amplo poder de participação nas tomadas de 
decisões políticas no país a partir da Constituição Federal de 1988, com a chamada 
Com a retração do binômio taylorismo/fordismo, vem ocorrendo uma redu-
ção do proletariado industrial, fabril, tradicional, manual, estável e especia-
lizado, herdeiro da era da indústria verticalizada de tipo taylorista e fordista. 
Esse proletariado vem diminuindo com a reestruturação produtiva do capi-
tal, dando lugar a formas mais desregulamentadas de trabalho, reduzindo 
fortemente o conjunto de trabalhadores estáveis que se estruturavam por 
meio de empregos formais.
Fonte: Antunes e Alves (2004, p. 336).
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Constituição Cidadã, sendo a primeira vez que esse termo começa a realmente 
ser trabalhado no Brasil. Além disso, com a Constituição de 88 temos a con-
quista de um sistema de Seguridade Social e a definição de Saúde, Previdência 
e Assistência Social enquanto políticas públicas e direito de todos os cidadãos.
No entanto, mesmo com todas essas conquistas, não podemos deixar de nos 
situar frente ao sistema, ou seja, o Brasil inserido num sistema hegemônico neo-
liberal, em especial durante a década de 90 do século XX, sistema este que visa a 
diminuição das funções executivas doEstado, reestruturação das políticas públi-
cas, em especial das sociais, conforme vemos a seguir:
As tendências de construção de um Estado de proteção social de cunho 
universalista entram em declínio e, em seu lugar, surgem as iniciativas 
de alteração do consenso construído e contido na carta constitucional, 
tendo como escopo a busca da igualdade social. O ideário do Estado 
Mínimo predominou sobre o Estado de Bem-Estar, sendo os progra-
mas sociais concebidos com foco central na pobreza, de acordo com as 
diretrizes das agências multilaterais. A redução das desigualdades so-
ciais deixa de ser o objetivo a ser perseguido, e assiste-se à desobrigação 
do poder público com a cidadania social, conforme evidenciam não só 
os processos de privatização de ações tradicionalmente sob a responsa-
bilidade pública, como a persistente redução de direitos conquistados, 
especialmente os relacionados à proteção ao trabalhador (NOGUEIRA 
e TUMULERO, 2015, p. 207).
Essas reflexões contextuais e históricas, vistas até então, são necessárias para 
situarmos o serviço social inserido nessa arena conflituosa e contraditória da 
política pública e num contexto de Estado Neoliberal. A partir disso, cabe a 
nós o embasamento crítico para pensarmos e repensarmos no cotidiano, nossa 
função e compromisso frente a esse cenário antagônico e complexo de desigual-
dades sociais.
 Na busca da garantia de segurança social e ampliação da capacidade dos 
sujeitos, é fundamental termos em mente que não estamos atuando apenas com 
as questões da pobreza econômica, mas sim, também, com dimensões não eco-
nômicas e multideterminadas. O combate à pobreza e às desigualdades não 
implica, exclusivamente, na melhoria de renda, mas também no enfrentamento 
da vulnerabilidades e dos riscos sociais, no acesso a bens e serviços, fornecidos 
e garantidos pelo Estado, de forma equânime e, acima de tudo, com qualidade.
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O TRABALHO DO ASSISTENTE SOCIAL NAS ESFERAS 
DE FORMULAÇÃO, GESTÃO E EXECUÇÃO DA 
POLÍTICA SOCIAL
Para situarmos o trabalho do assistente social inserido no processo das políti-
cas sociais, é importante retomarmos o fato de que a constituição das políticas 
sociais no Brasil está diretamente ligada ao surgimento e profissionalização do 
serviço social no país (BEHRING e BOSCHETTI, 2008).
Como vimos anteriormente, a aproximação do serviço social com as polí-
ticas sociais se dá com a crise capitalista de 1929 e a ampliação da intervenção 
estatal, devido à latente expansão das questões sociais, sendo acompanhada pelo 
processo de profissionalização gradual da profissão. O que vemos, na verdade, é 
um acirramento das contradições sociais no país, com a radicalização das expres-
sões da questão social (BEHRING e BOSCHETTI, 2008).
Apesar dessa aproximação com as políticas sociais, o debate, de fato, no seio 
da profissão sobre as políticas sociais, não acompanha diretamente tal caminho, 
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sendo introduzido nas pautas profissionais a partir dos anos 50 do século XX 
em congressos internacionais e apenas na década de 70 no cenário profissional 
brasileiro, com o Movimento de Reconceituação da profissão, enquanto espaço 
de lutas pelas conquistas dos direitos sociais. 
Tendo como objeto de estudo e intervenção a questão social (IAMAMOTO, 
2009), a Política Social para o serviço social torna-se um mecanismo de atuação 
frente aos direitos sociais e criação de políticas públicas e sociais.  Para discu-
tirmos a atuação e competências do assistente social frente às políticas públicas, 
é necessário revisarmos o que destaca a Lei nº 8.662/1993, que regulamenta a 
profissão, em seu artigo 4º:
I - elaborar, implementar, executar e avaliar políticas sociais junto a ór-
gãos da administração pública, direta ou indireta, empresas, entidades 
e organizações populares. 
II - elaborar, coordenar, executar e avaliar planos, programas e projetos 
que sejam do âmbito de atuação do Serviço Social com participação da 
sociedade civil. 
III - encaminhar providências, e prestar orientação social a indivíduos, 
grupos e à população. 
IV - Vetado. 
V - orientar indivíduos e grupos de diferentes segmentos sociais no 
sentido de identificar recursos e de fazer uso dos mesmos no atendi-
mento e na defesa de seus direitos. 
VI - planejar, organizar e administrar benefícios e Serviços Sociais. 
VII - planejar, executar e avaliar pesquisas que possam contribuir para 
a análise da realidade social e para subsidiar ações profissionais. 
VIII - prestar assessoria e consultoria a órgãos da administração públi-
ca direta e indireta, empresas privadas e outras entidades, com relação 
às matérias relacionadas no inciso II deste artigo. 
IX - prestar assessoria e apoio aos movimentos sociais em matéria rela-
cionada às políticas sociais, no exercício e na defesa dos direitos civis, 
políticos e sociais da coletividade. 
X - planejamento, organização e administração de Serviços Sociais e de 
Unidade de Serviço Social. 
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XI - realizar estudos socioeconômicos com os usuários para fins de 
benefícios e serviços sociais junto a órgãos da administração pública 
direta e indireta, empresas privadas e outras entidades (BRASIL, 1993, 
art. 4º). 
Ao analisarmos sobre o trabalho dos assistentes sociais nas políticas públicas, 
obrigatoriamente faz-se necessário discutirmos as relações sociais nas quais os 
mesmos estão inseridos, considerando seus contextos históricos, aspectos econô-
micos e políticos, enfim, a conjuntura antagônica entre as classes, bem como os 
interesses do Estado e da sociedade civil, que deveriam ser marcados pela reci-
procidade, mas, assim como verificamos ao longo da história, são fortemente 
particularizados a interesses de classes.
Assim, o assistente social, cumprindo-se a Lei supracitada e o seu caráter 
ético e político, tem por compromisso defender os interesses da classe traba-
lhadora, realizar o estudo e análise crítica da realidade, traduzir as demandas 
da sociedade e propor políticas sociais que venham ao encontro de seu projeto 
ético-político e de sociedade, e não apenas se mero executor da Lei, sendo impor-
tante sempre ressaltar que esta visão conservadora e tecnicista da profissão já foi 
superada desde a concretização do Movimento de Reconceituação da profissão. 
Vale destacar que, para realizar a intervenção profissional nos diversos espaços 
de políticas públicas e sociais, pressupõe-se superar o imediatismo, buscar uma 
abordagem respaldada no conhecimento teórico-metodológico, ético-político e 
técnico-operativo. Não se limitar a situações emergenciais a indivíduos, grupos 
ou famílias, controle e fiscalização dos benefícios de transferência de renda e/ou 
da população usuária, mas potencializar e atuar ativamente no planejamento, na 
gestão, implantação, monitoramento e avaliação das políticas públicas.
Portanto, as demandas profissionais sofrem influências da forma com a qual 
o poder público organiza as políticas públicas, na forma com a qual o Estado res-
ponde às necessidades da sociedade. Assim, precisamos compreender o serviço 
social vinculado à gestão das políticas sociais, não apenas na execução final de tais 
políticas. Por isso, os tais profissionais passam a ser requisitados para trabalharem 
na formulação, gestão, implementação, execução e avaliação de políticas sociais.
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A PARTICIPAÇÃO POPULAR NO PROCESSO DE 
FORMULAÇÃO E AVALIAÇÃO DE POLÍTICAS SOCIAIS
Historicamente, a participação popular nas esferas de decisões públicas foi recha-
çada inúmeras vezes, sendo inclusive tratada como caso de polícia em vários 
momentos de nossa história (LONARDONI et al., 2006). 
Precisamente na década de 1970, período que marca o princípio da organi-
zação dos movimentos populares num ambiente conflituoso de ditadura militar 
brasileira, vemos que todo e qualquer tipo de participação e mobilização estava 
totalmente bloqueado. Já na década de 1980, vivemos forte momento de tran-
sição democrática, conquistando então a institucionalização da participação 
popular nas esferas de tomadas de decisões. 
A oportunidade de criação dos conselhos deliberativos a partir da Constituição 
Federal de 1988, sem dúvida, representa uma inovação democrática para o país, 
mas seus funcionamentos e atribuições ainda precisam ser constantemente revis-
tos, pois estes espaços, muitas vezes, são transformados meramente em espaços 
de negociações de interesses particulares, descaracterizando-se assim seu cará-
ter de deliberação sobre as políticas públicas e interesses populares.
Apesar das conquistas em termos de direitos e políticas sociais, a década de 
90 no Brasil apresenta grande investimento neoliberal no Estado, cenário este que 
“quebra as expectativas de parte da sociedade de ampliação de direitos sociais” 
(MIOTO e NOGUEIRA, 2013, p. 62).
Os movimentos populares e as formas de organização da sociedade foram 
questionados, obrigando-os a se redefinirem e adotarem novas práticas de 
A democracia tornou-se o Calcanhar de Aquiles de muitos liberais. Enquan-
to o capitalismo se mantivesse com um mundo de pequenos proprietários, 
a propriedade em si pouco teria a temer da democracia.
(Gosta Esping-Andersen)
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intervenção e controle das ações do Estado, interferindo na gestão das políti-
cas públicas e conquistas de direitos. Neste sentido, Abreu (2002) apresenta que:
A solidariedade e a colaboração intraclasses subalternas, bem como a 
mobilização, a capacitação e a organização das mesmas classes apresen-
tam-se como elementos constitutivos de um novo princípio educativo 
– base de uma pedagogia emancipatória – na medida que, em condi-
ções históricas determinadas, contribuem para subverter a maneira de 
pensar e agir, isto é, a ordem intelectual moral estabelecida pelo capi-
tal, e plasmam novas subjetividades e condutas coletivas indicativas de 
uma nova cultura (ABREU, 2002, p. 135). 
Por isso, cada vez mais se faz presente a necessidade de se articular de maneira 
profunda, em uma dinâmica de transformação das relações sociais que seja crí-
tica ao contexto, que se vincule ao processo de resistência à ordem dominante, 
em busca da promoção da cidadania e da democracia.
Frente a este contexto, para estabelecer um Estado democrático, faz-se neces-
sária uma sociedade participativa, assim como aponta o clássico Rousseau (1968, 
p. 254), ao defender uma “sociedade onde houvesse igualdade absoluta e inde-
pendência econômica”. Nesse sentido, para a participação social, segundo o 
mesmo autor, o cidadão deve deliberar com senso de justiça, podendo sempre 
contrapor-se à implementação de demandas que considerar injustas e que não 
satisfaçam suas necessidades e a coletividade. 
Desse modo, Pateman (1992) destaca que:
[...] uma vez estabelecido o sistema participativo, ele se torna sustentá-
vel porque as qualidades exigidas de cada cidadão para que o sistema 
seja bem sucedido são aquelas que o próprio processo de participação 
desenvolve e estimula: quanto mais o cidadão participa, mais ele se tor-
na capacitado para fazê-lo. Os resultados humanos obtidos no processo 
de participação fornecem uma importante justificativa para um siste-
ma participativo (ROSSEAU, 1968, p. 64 apud PATEMAN, 1992, p. 39).
Nessa nova cultura participativa, os documentos oficiais brasileiros asseguram 
o direito à participação no processo de tomada de decisões e acompanhamento 
das políticas públicas. Para tanto, faz-se necessário promover a capacitação e 
mobilização de todos os atores sociais na formulação, gestão e controle social 
das políticas públicas e sociais.
Diante disso, os conselhos de direitos incorporam a possibilidade de 
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instrumentalizar a sociedade na perspectiva de construção e controle de políti-
cas públicas, envolvendo diversos atores sociais, que podemos definir como os 
interlocutores dos interesses coletivos, considerando sua representatividade e 
legitimidade no processo de participação social, de ocupação de espaços demo-
cráticos de discussão e efetivação de políticas públicas com efetividade, ou seja, 
atendimento às necessidades da população e fiscalização permanente da aplica-
ção dos recursos públicos.
O debate contemporâneo nos remete a uma nova discussão, que procura 
superar ações isoladas da participação social em seus segmentos representativos. 
A discussão sobre a integração entre os conselhos setoriais tem se mostrado tema 
de bastante interesse entre os conselheiros, com o propósito de desenvolver polí-
ticas efetivas que respondam às reais demandas da sociedade e ao exercício do 
controle social. Prova disso são as conferências, espaços estes também de cará-
ter deliberativo, tendo como proposta o debate e avalição das políticas setoriais. 
Nestes espaços também são eleitos os representantes dos usuários, trabalhadores 
e das entidades, os quais deliberam sobre as diretrizes e prioridades de cada polí-
tica, por meio do debate coletivo, estruturadas nas três esferas governamentais.
 Nesse sentido, vale destacar como exemplo destes espaços de decisões 
populares sobre políticas públicas a VII Conferência Nacional de Assistência 
Social, realizada em 2009, que tratou do tema “Participação e Controle Social 
no SUAS”. A relevância do debate sobre a integração dos conselhos setoriais e o 
exercício do controle social aprovou as seguintes deliberações:
 ■ Aperfeiçoar a interlocução e a emissão de deliberações conjuntas entre 
os conselhos de assistência social e os conselhos de defesa de direitos, 
visando a efetivação do SUAS e do Sistema de Garantia de Direitos.
 ■ Criar fóruns regionais dos conselhos de assistência social com a atribuição 
de planejar, discutir e compatibilizar as intervenções face aos problemas 
em comum, e fortalecer o processo de intercâmbio entre os conselhos 
(CNAS, 2010, p. 148, on-line)1.
As deliberações desses espaços indicam ser extremamente importante que haja 
o processo de ruptura com o conservadorismo e a prática tradicional isolada dos 
conselhos, pois estas decisões coletivas materializam o processo de construção 
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cidadã de direitos individuais e coletivos que asseguram condições mínimas e 
emergenciais para que a sociedade possa efetivamente participar e permanecer 
no controle social da gestão pública e do desenvolvimento do capital.
Com base nessa discussão, para os profissionais de Serviço Social, além de 
estarem inseridos nessas instâncias deliberativas, faz-se necessário estimular e 
envolver a participação da sociedade por meio da informação e fomento dos 
usuários neste processo democrático e nos espaços de discussãodas mais diver-
sas políticas públicas.
Os conselhos se deparam com um grande desafio: o de combater os interes-
ses políticos e o de garantir direitos da sociedade. Esta questão é um ponto de 
interrogação constante para todos os conselheiros, que refletem minuciosamente 
sua representatividade e/ou debate nos conselhos, pois, sem querer, acaba-se por 
mediar canal de comunicação entre conselheiros, fato que outorga falhas e pouca 
representatividade coletiva. Como salienta Raichelis (1998, p. 162) sobre a visão 
dos sujeitos diante das políticas públicas: “A participação de diferentes sujeitos 
sociais no espaço dos conselhos institucionais exige a aprendizagem de novo 
padrão de relacionamento, até então desconhecido para os seus protagonistas”.
Desse modo, considerando a conjuntura contemporânea das políticas públi-
cas que está concebida no ideário neoliberal, frente à emergência de sua garantia 
de totalidade como política social fundamental para o pleno desenvolvimento 
das capacidades intelectuais da pessoa humana, é fundamental compreender os 
meandros que envolvem a efetivação de direitos sociais e o enfrentamento das 
expressões da questão social, bem como os entraves que estão intrinsecamente 
relacionados à efetivação dos conselhos em busca do aperfeiçoamento das polí-
ticas públicas que atendam às demandas que lhe são apresentadas.
Assim, verifica-se ser de extrema importância analisar a interface entre as polí-
ticas públicas, pressupondo-se que estejam preocupadas em atender às demandas 
dos cidadãos de forma integral e integrada, considerando-se que os cidadãos são 
os mesmos, porém suas fragilidades e necessidades são diferentes. No entanto, o 
que se almeja é a articulação de ações entre as diversas políticas setoriais, consi-
derando-se as características e responsabilidades próprias de cada uma.
Os conselhos municipais são responsáveis pela formulação, deliberação e 
controle social da execução da Política Pública, tanto no aspecto social quanto 
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no financeiro. Estes órgãos representativos são canais importantes para a efeti-
vação da participação social, sendo pluralistas, tornando possível materializar 
a mobilização, assumindo uma nova postura da sociedade em relação aos seus 
direitos. Mas para que, de fato, tal propósito se realize, é determinante que os 
conselheiros compreendam e exerçam sua representatividade. 
Para Raichelis (1998, p. 273), a implantação dos conselhos em diferentes 
setores, nos vários níveis de atuação - nacional, estadual e municipal -, trata 
de um “modelo” de participação da sociedade civil na gestão pública “forjado 
pela dinâmica das lutas sociais das últimas décadas, que busca redefinir os laços 
entre o espaço institucional e as práticas societárias”. A autora ainda afirma que:
[...] apesar da importância a ser atribuída à experiência atual dos con-
selhos, esses espaços não podem ser considerados como os únicos con-
dutos de participação política. Nem é possível fazer dessas experiências 
exemplos modelares de uma sociedade civil ativa e organizada. Certa-
mente, a nova dinâmica social submete à tensão as formas de represen-
tação política existentes, no quadro da desarticulação dos movimentos 
populares e de enfraquecimento das organizações sindicais, em meio à 
crise social e econômica. Ao mesmo tempo, revela um outro estágio de 
inserção dos movimentos sociais na institucionalidade democrática. A 
abertura de novos canais de participação, fruto da luta e da conquista 
de diferentes movimentos coletivos (RAICHELIS, 1998, p. 273-274).
Diante da exposição da autora, confirmamos que os conselhos são grandes instru-
mentos, mas não os únicos, para se cultivar uma nova concepção de participação 
social, estabelecendo uma postura e posicionamento de representação diante 
da atuação em um espaço riquíssimo de demandas sociais, as quais são de sua 
competência intervir na defesa dos direitos e de sua garantia efetiva. Assim, os 
conselhos podem ser considerados os eixos que articulam as políticas.
Considerações Finais
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Caro(a) aluno(a), chegamos ao término da primeira unidade de nosso material. 
Buscamos neste momento situá-lo(a) dentro do universo conceitual das políti-
cas públicas e sociais para então começarmos, mais à frente, a discussão sobre 
políticas públicas específicas e grandes espaços de atuação profissional como a 
assistência social, a saúde e a educação, por exemplo.
A partir da leitura desta unidade, apresentamos a você algumas reflexões 
e conceituações sobre as políticas públicas e sociais, sua definição no contexto 
de produção capitalista, de diferenças de classes, de exploração social e de múl-
tiplas expressões da questão social, postas e constantes na sociedade, objeto de 
nossa profissão.
Esperamos, com tudo, fomentar em você grandes reflexões acerca do tema, 
fazendo-o(a) enxergar que esse processo de construção de políticas encontra-se 
perpassado em nosso cotidiano, mesmo que de forma despercebida.
Diante de tantos desafios apresentados, é importante salientarmos que discutir 
e pensar as políticas públicas e sociais e o enfrentamento das expressões da ques-
tão social deve ser tarefa constante do exercício profissional do assistente social.
A relativa autonomia profissional frente à atuação com políticas públicas
A autonomia dos profissionais assistentes sociais fundamenta-se devido aos 
aportes legais e teóricos construídos e conquistados ao longo da história da 
profissão. Por exemplo, a Lei que regulamenta a Profissão, nº 8.666/1993, o 
Código de Ética Profissional de 1993, e ainda nosso projeto ético-político, 
que contempla as dimensões ético-políticas, teórico-metodológicas e téc-
nico-operativas da profissão. No entanto, é necessário sempre realizarmos a 
reflexão acerca dessa autonomia profissional, levando em conta as diversas 
possibilidades de atuação profissional nos inúmeros espaços sócio-ocupa-
cionais, além de compreendermos o serviço social como uma especializa-
ção do trabalho na divisão sociotécnica do trabalho, assim como afirmam 
Mioto e Nogueira (2013, p. 65): “A funcionalidade da intervenção profissio-
nal no campo das políticas sociais altera condiciona seu conteúdo de acordo 
com as possibilidades de um determinado momento histórico”. 
Fonte: os autores, baseados em Mioto e Nogueira (2013).
POLÍTICAS PÚBLICAS E SOCIAIS COMO CAMPO PRIVILEGIADO DE ATUAÇÃO DO ASSISTENTE SOCIAL
Reprodução proibida. A
rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
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Tarefa árdua e necessária também é termos profissionais propositivos e 
engajados frente às demandas postas cotidianamente de maneira conflituosa, 
envolvendo o vasto e complexo universo das políticas públicas. Sabe-se da pro-
fissão como inserida também na divisão sociotécnica do trabalho e colocada 
enquanto trabalho assalariado neste sistema, o que caracteriza nossa relativa 
autonomia, mesmo fundamentados em nosso arcabouço teórico e legal.
Esperamos que esteja sendo uma experiência positiva, discurtismos as 
políticas públicas e suas diversas nuances que venha a somar com todos os 
conhecimentos já apreendidos até agora, e que todo esse processo venha a se 
materializar de forma clara e com grande significância em sua futura atuação 
profissional. 
Até mais!
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1. Quando discutimos sobre a expressão Welfare State, salientamos sobre a impor-
tância de tomarmos cuidado, uma vez que não devemos confundir políticas so-
ciais com Welfare State. Diante dessa análise, reflita sobre o que se trata a 
expressão e indique por quem foi idealizada. 
2. A Constituição Federal de 1988 define o Sistema de Seguridade Social (direito de 
todose dever do Estado). Indique quais políticas definem o tripé da Seguri-
dade Social no Brasil. 
3. Quanto à Lei nº 8.662/1993, que regulamenta a profissão, o que diz o seu arti-
go 4º sobre a competência do assistente social frente às políticas sociais? 
4. Segundo a autora Raichelis (1998), quais avanços podemos destacar com a im-
plantação dos conselhos e quais são os níveis de atuação? 
5. Reflita sobre a relativa autonomia profissional frente à atuação com políticas pú-
blicas.
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Política de Assistência Social e Serviço Social: dilemas e desafios da intervenção profis-
sional
A Política social em tempos neoliberais
A política social deve ser reconhecida, segundo Behring (2009, p. 1), como “uma media-
ção entre economia e política, como resultado de contradições estruturais engendradas 
pela luta de classes e delimitadas pelos processos de valorização do capital (...)”. Assim, 
uma política econômica restrita à esfera das finanças, que sacrifica as receitas do Estado 
em prol da elevação do superávit primário, implica na redução de investimentos nas po-
líticas sociais, que nesta lógica, passam a ser focalizadas, privatizadas, descentralizadas.
A adesão dos governos no Brasil pós anos da década de 1990 ao ideário neoliberal, sig-
nificou, entre outras determinações, a configuração de um nova forma de regulação 
social no campo das políticas sociais. Forma esta que manteve e mantém uma relação 
orgânica com as políticas de ajuste econômico impostas pelos organismos multilaterais 
de financiamento. Sob a orientação neoliberal, o primeiro governo de Fernando Henri-
que Cardoso implementou a chamada Reforma Administrativa, que segundo Behring 
(2003), tratou-se, na verdade, de uma contrarreforma do Estado, uma vez que é funda-
mentada pela ideologia de um Estado mínimo numa perspectiva de desmonte dos di-
reitos, reconfigurando a política social a partir do trinômio descentralização, privatização 
e focalização, que objetivavam a minimização da ação pública estatal no que se refere 
aos serviços e políticas sociais, uma vez que há a transferência da prestação de serviços 
para instituições não-estatais, que compõe o chamado terceiro setor; a mercantilização 
integral ou parcial dos serviços sociais, extremamente compatível com sociedade capi-
talista baseada na lógica do lucro; o que torna as políticas sociais minimalistas, orienta-
das pelo critério da seletividade e do focalismo, que fomenta e induz as ações das políti-
cas, por exemplo as de transferência de renda, aos cidadãos comprovadamente pobres 
e/ou miseráveis. 
Fonte: Duriguetto (2011, p. 2).
Material Complementar
MATERIAL COMPLEMENTAR
Capitalismo Monopolista e Serviço Social
José Paulo Netto
Editora: Cortez
Sinopse: este livro tematiza o surgimento da profissão, 
vinculando a sua história à emergência do Estado burguês 
na idade do monopólio, aos projetos das classes sociais 
fundamentais e à execução das políticas sociais. Discute 
também a estrutura teórico-prática do Serviço Social fundada 
em peculiar sincretismo.
Participação e Teoria Democrática
Carole Pateman
Editora: Paz e Terra
Sinopse: neste livro, Carole Pateman detém-se num 
problema essencial para a teoria democrática contemporânea 
- qual o lugar da ‘participação’ em uma teoria da democracia 
moderna, no contexto de uma sociedade industrializada? Para 
responder a essa questão, a autora retoma teóricos clássicos - 
Jean-Jacques Rousseau e John Stuart Mill - além da obra de G. H. Cole, cientista político deste século.
REFERÊNCIASREFERÊNCIAS
ABREU, M. M. Serviço Social e a organização da cultura: perfis pedagógicos da 
prática profissional. São Paulo: Cortez, 2002. 
ANTUNES, R. ALVES, G. As mutações no mundo do trabalho na era da mundializa-
ção do capital. Educação e Sociedade, Campinas-SP, v. 25, n. 87, p. 335-351, maio/
ago. 2004.
BEHRING, E. R; BOSCHETTI, I. Política Social: fundamentos e história. 5. ed. São Pau-
lo: Cortez, 2008.
BRASIL. Lei nº 8.662, de 7 de junho de 1993. Dispõe sobre a profissão de Assisten-
te Social e dá outras providências. Brasília-DF: Casa Civil, 1993.
DURIGUETTO, M. L. Política de Assistência Social e Serviço Social: dilemas e desafios 
da intervenção profissional. Revista Libertas, Juiz de Fora-MG, v. 11, n. 1, 20p., jan./
jun. 2011. 
FALEIROS. V de P. A política social do estado capitalista. 8. ed. São Paulo, Cortez, 
2000.
IAMAMOTO. M. V. O serviço social na contemporaneidade: trabalho e formação 
profissional. 17. ed. São Paulo, Cortez, 2009.
LONARDONI, E. et al. O processo de afirmação da assistência social como política 
social. Serviço Social em Revista, Londrina-PR, v. 8, n. 2, p. 1-20, jan./jun. 2006. 
MIOTO R. C. T.; NOGUEIRA, V. M. R. Política Social e Serviço Social: os desafios da in-
tervenção profissional. Revista Katálysis, Florianópolis, v. 16, n. esp., p. 61-71, 2013.
NOGUEIRA, V. M. R.; TUMULERO, S. M. A relativa autonomia do assistente social na 
implementação das políticas sociais: elementos explicativos. O Social em Questão, 
Rio de Janeiro, ano XVIII, n. 34, p. 205-228, jul./dez. 2015.
PATEMAN, C. Participação e teoria democrática. São Paulo: Cortez, 1992. 
RAICHELIS, R. Esfera pública e conselhos de assistência social: caminhos da cons-
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REFERÊNCIAS
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REFERÊNCIA-ON-LINE
1 Em: <http://www.portalinclusivo.ce.gov.br/phocadownload/cartilhasdeficiente/
orientacoesaosconselhosdeassistenciasocial.pdf>. Acesso em: 10 nov. 2016.
GABARITO
1. O Welfare State, idealizado pelo britânico John Maynard Keynes (1883-1946), 
tem por objetivo a contribuição para a superação da crise do capitalismo de 
1929, que deve ser visto também como uma conquista da classe trabalhadora 
por direitos sociais. 
2. Constituição Federal de 1988 – Definição de um Sistema de Seguridade Social, 
formado pelo Tripé: Assistência Social, Previdência Social e Saúde. 
3. A Lei nº 8.662/1993 regulamenta em seu artigo 4º, no inciso I: elaborar, imple-
mentar, executar e avaliar políticas sociais junto a órgãos da administração pú-
blica, direta ou indireta, empresas, entidades e organizações populares. 
4. Para a autora, a implantação dos conselhos em diferentes setores, nos vários ní-
veis de atuação - nacional, estadual e municipal -, trata de um “modelo” de par-
ticipação da sociedade civil na gestão pública “forjado pela dinâmica das lutas 
sociais das últimas décadas, que busca redefinir os laços entre o espaço institu-
cional e as práticas societárias”. 
5. A relativa autonomia profissional diz respeito a autonomia profissional, levando 
em conta as diversas possibilidades de atuação profissional nos inúmeros espa-
ços sócio-ocupacionais, além de compreendermos o serviço social como uma 
especialização do trabalho na divisão sociotécnica do trabalho. 
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Professora Me. Maria Cristina Gabriel de Oliveira
POLÍTICA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL 
COMO CAMPO PRIVILEGIADO DE 
INTERVENÇÃO PROFISSIONAL
Objetivos de Aprendizagem
 ■ Proporcionar uma reflexão sobre a Política Pública de Assistência 
Social no Brasil.
 ■ Apresentar elementos do marco legal que constituem a Política 
Pública de Assistência Social. 
 ■ Possibilitar a reflexão sobre a proposta de trabalho com as famílias na 
perspectiva da PNAS/2004.
 ■ Trabalhar com a concepção de rede e de proteção social que permeia 
a Política e Assistência Social.
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
 ■ Política pública de assistência social no Brasil
 ■ Trabalho com famílias
 ■ Trabalho em rede
 ■ A proteção social
INTRODUÇÃO
Caro(a) aluno(a), nesta unidade você poderá revisar alguns pontos da históriada Lei Orgânica de Assistência Social de 1993-LOAS/93, a partir da implementa-
ção da Constituição Federal de 1988, que foi um marco no processo de definição 
dos direitos individuais e coletivos. A Carta Magna traz à luz grupos e segmen-
tos sociais até então invisíveis na sociedade brasileira. 
Somente com a Constituição Federal de 1988 e a regulamentação por meio 
da Lei Orgânica da Assistência Social (1993) é que a assistência social passou a 
ser entendida como uma política pública, deixando de ser uma ação assistencia-
lista, que qualquer pessoa poderia executar, e passando a ser política pública de 
direito. A Constituição de 1988 é um marco no desenvolvimento da assistência 
social brasileira, pois passou a compreender esta política pública com todas as 
especificidades que uma política deve ter para sua efetivação, inclusive incorpo-
rando uma luta de muitos anos da categoria profissional com relação à atuação 
na área, não permitindo a qualquer outro profissional emitir pareceres que com-
petem exclusivamente ao profissional do serviço social.
A Constituição de 1988 coloca, ainda, a assistência social como um com-
ponente da seguridade social, regulamentando-a por meio da Lei Orgânica 
de Assistência Social (1993), que a define como direito do cidadão e dever do 
Estado, sendo que sua movimentação deve acontecer no campo da proteção 
social, tendo como função a inserção, a prevenção, a promoção e a proteção, 
centrando-se na cidadania. 
Portanto, convido você à leitura e reflexão sobre estas conquistas. Vamos 
trabalhar juntos?
Introdução
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POLÍTICA PÚBLICA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL NO 
BRASIL
A ASSISTÊNCIA SOCIAL NO CAMPO DA SEGURIDADE SOCIAL
A partir da Constituição Federal de 1988, o campo da Seguridade Social pas-
sou a abranger três políticas de proteção social: Saúde, Previdência Social e 
Assistência Social, estabelecendo assim um Sistema de Seguridade Social no 
país e incorporando os princípios da universalidade, descentralização política, 
jurídica e administrativa, participação social e primazia da responsabilidade do 
Estado, destacados nos artigos 194 e 195 da Constituição Federal de 1988, que 
trata ainda da questão do seu financiamento direto ou indireto como compe-
tência de toda a sociedade organizada.
A assistência social como política pública orienta-se pelos direitos de cida-
dania e não pela ajuda ou favor.
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Na Figura 1, a seguir, é possível visualizar o desenho proposto na Carta Magna 
de 1988, no que tange ao chamado tripé da seguridade social, cujos critérios 
predefinidos versam, inclusive, sobre a questão financeira, para ter proteção ou 
não, dependendo da política pública na qual se encontra o indivíduo que busca 
os serviços.
Seguridade Social
Previdência 
Social Saúde
Assistência
Social
(Art. 194 da CF/88)
Figura 1 - Seguridade social
Fonte: baseada em Capacita SUAS (2013).
A Seguridade Social compreende um conjunto integrado de ações de inicia-
tiva dos Poderes Públicos e da sociedade, destinadas a assegurar os direitos 
relativos à Saúde, à Previdência e à Assistência Social.
(Constituição Federal de 1988, art. 194).
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De acordo com a Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS/93), a Assistência 
Social, direito do cidadão e dever do Estado, é política de seguridade não con-
tributiva, e deve prover os mínimos sociais, atendendo às diferentes demandas 
do cidadão por proteção social. Essa política pública se inscreve no campo dos 
direitos e da cidadania, configurando o que podemos chamar de viver descente-
mente, tendo a segurança de que seus direitos fundamentais serão respeitados. 
A Figura 2, a seguir, demonstra como essa relação de vivencia cidadã a partir da 
garantia dos direitos pode se construir. 
GARANTIA DOS
DIREITOS
CIDADANIA
VIVER DESCENTEMENTE
ACESSO
GARANTIA DOS
DIREITOS
CIDADÃO LEGISLAÇÃO
Figura 2 - Cidadania 
Fonte: baseada em Capacita SUAS (2013).
Sem justiça e sem direitos, a política social não passa de ação técnica, de me-
dida burocrática, de mobilização controlada. Na realidade, não existe direito 
sem sua realização. Do contrário, os direitos e a política social continuarão 
presas da letra da lei irrealizada. 
Fonte: Vieira (2004, p. 59).
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Com a aprovação da seguridade social que propôs o Pacto da Cidadania/civili-
zatório, no qual o Estado e a Sociedade deveriam assumir a proteção de todos 
os cidadãos e cidadãs, a assistência social rompe com as concepções de proteção 
social, com base na evidência da necessidade ou no contrato realizado, e pro-
põe uma relação de cidadania plena, na qual o Estado é obrigado a fornecer o 
mínimo vital a todos os cidadãos (GOMES, 2000).
Com a Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS/1993) evidencia-se a forma 
como devem ser efetivados os diretos individuais dos cidadãos, as diretrizes da 
assistência social e a forma de organização de suas ações de modo descentrali-
zado, participativo e com controle social para norteá-los.
A implantação/implementação da LOAS é resultado de lutas e pressões sociais, 
que contribuíram significativamente para conquistas consideráveis no tocante 
às condições políticas e institucionais na construção da Política de Assistência 
Social, enquanto direito do cidadão e dever do Estado (PNAS/2004, 2005). 
Ainda há enfrentamentos a serem travados para que esta política se concre-
tize e se consolide como uma política pública de direitos, pois, mesmo com as 
garantias dos direitos jurídicos e com os avanços constitucionais, ainda preva-
lece a existência da não cidadania. Para Bobbio (1995), um dos grandes desafios 
a nós apresentados está em como garantir os direitos já existentes e impedir que 
eles sejam constantemente violados, ameaçados de desmonte e/ou retrocessos em 
seus processos. A Política Nacional de Assistência Social (PNAS) aprovada em 
2004 estabeleceu parâmetros para a institucionalização e fortalecimento dessa 
política, configurando o Sistema Único de Assistência Social (SUAS), regula-
mentado pela Norma Operacional Básica (NOB/SUAS) em 2005, um avanço 
SER CIDADÃO é ser reconhecido como membro efetivo de direitos e deveres.
TER CIDADANIA é fazer parte da nação, é usufruir dos direitos constituídos 
para a sociedade.
(Capacita SUAS)
POLÍTICA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL COMO CAMPO PRIVILEGIADO DE INTERVENÇÃO PROFISSIONAL
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significativo da assistência social como política pública, de Estado e não mais 
como política de governo.
A construção do Sistema Único da Assistência Social (SUAS) está alicerçada em 
ampla discussão e deliberações de diversas Conferências de Assistência Social em 
todo país. Os avanços são inegáveis na Política de Assistência Social, no entanto 
temos um longo caminho a percorrer para que se efetive de fato tal política pública.
O Sistema Único da Assistência Social (SUAS) propõe a concepção de um sis-
tema de proteção social de caráter nacional que respeita as diferenças regionais e 
NORMA OPERACIONAL BÁSICA (NOB/SUAS)
A Norma Operacional Básica do Sistema Único de AssistênciaSocial (NOB/
SUAS) organiza, para todo o território nacional, os princípios e diretrizes de 
descentralização da gestão e execução dos serviços, programas, projetos e 
benefícios inerentes à Política de Assistência Social.
Para saber mais, acesse o link e leia na íntegra: 
<http://www.assistenciasocial.al.gov.br/sala-de-imprensa/arquivos/NOB-
-SUAS.pdf>.
Fonte: os autores.
O Sistema Único da Assistência Social (SUAS) constitui-se na regularização e 
organização em todo território nacional das ações socioassistenciais. Ações 
essas baseadas nas orientações da Política Nacional de Assistência Social. 
Fonte: os autores, baseados em PNAS/2004 (2005).
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locais, reforçando assim o enfoque territorial que potencializa o exame dos aspec-
tos circundantes dos indivíduos, famílias e comunidade. Este Sistema organiza 
os serviços, programas, projetos e benefícios do sistema descentralizado e par-
ticipativo de Assistência Social por meio de um desenho de gestão que atenda à 
totalidade do usuário, passando, desse modo, a definir a especificidade da polí-
tica na estruturação da rede de serviços socioassistenciais vinculados aos níveis 
de proteção social básica e especial e no grau de complexidade.
No Sistema Único da Assistência Social (SUAS) estão definidos e estrutu-
rados elementos essenciais e necessários à execução da política de assistência 
social, a nomenclatura dos serviços, da rede socioassistencial, bem como dos 
eixos estruturantes que apontam a centralidade na família, o trabalho em rede 
e a territorialização como premissa para a superação do trabalho focado e frag-
mentado da Política de Assistência Social. Além disso, com o SUAS, busca-se a 
articulação, provendo ações de proteção social  básica e especial  junto a muni-
cípios e estados, lançando novas bases para a relação do Estado e sociedade 
civil, financiamento, controle social e participação popular do cidadão usuário 
na perspectiva de minorar as desigualdades sociais por meio da efetivação dos 
direitos de cidadania (PNAS/2004, 2005).
O SUAS está posicionado na intersetorialidade com as demais políticas 
sociais, fato que ainda demanda maior integração e delimitação de atri-
buições específicas para o estabelecimento de articulações na regulação 
do Estado em favor da consolidação dos direitos sociais e da democracia 
na perspectiva da socialização da riqueza e da participação política. Sua 
afirmação merece destaque no tensionamento entre a financeirização 
da economia, que responde a interesses conservadores, e a ampliação 
de um Estado democrático de direito, o qual para além dos preceitos 
normativos, de ordenamento jurídico, administrativo e regulatório, sig-
nifica a elucidação e o fomento das condições objetivas para a garantia 
dos direitos socioassistencias (COLIN e SILVEIRA, 2006, p. 26).
No processo de democratização das relações entre os órgãos prestadores de ser-
viços e a população, é importante a escuta das demandas apresentadas pelos 
sujeitos beneficiários das políticas públicas, posto que estas são expressões das 
necessidades, ou seja, da questão social. Tal fato possibilita a execução dos pro-
gramas e projetos de modo integrado, envolvendo a população e o órgão gestor 
na elaboração e execução de ações sociofamiliares de forma homogênea, mas 
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com respeito às diferenças locais, trabalhando da mesma forma, com compe-
tência na abordagem e condução das ações, para reduzir as suas disparidades, 
principalmente quanto à priorização das atividades.
A política de assistência social passa a considerar as desigualdades socioterri-
toriais, o respeito às diferenças locais (étnico-cultural), a realidade dos municípios 
por porte, com destaque aos pequenos municípios que não tinham visibilidade, 
e define a construção da rede de serviços regionais inseridos na proteção social 
especial. Estabelece ainda como diretriz a centralidade da família para a con-
cepção e implementação da gestão de serviços, benefícios, programas e projetos, 
com vistas a assegurar a convivência familiar e comunitária como forma de aten-
der aos contingentes sociais. 
O desenvolvimento da gestão social avança visando o enfrentamento à 
pobreza, à garantia dos mínimos sociais, o provimento de condições para aten-
der contingências sociais e à universalização dos direitos sociais (art.1 e 2 da 
LOAS, 1993). Para a construção de uma gestão plena, é fundamental estruturar 
as ações em rede, pois somente deste modo deixaremos para traz a fragmenta-
ção e os atendimentos pontuais e descontinuados. 
De acordo com Nogueira (1997), a construção de um novo modelo de ges-
tão baseado nos princípios democráticos, éticos e eficientes requer mudanças 
profundas, sendo necessário:
[...] descartar os restos de patrimonialismo que privatizam a esfera pú-
blica, assim como a dinâmica formalista [...] que torna os gestores de-
pendentes da norma, de tal modo que se mantenham permanentemen-
te preocupados, às vezes exclusivamente, com o controle dos processos 
e não com os resultados. [...] a nova cultura gerencial deve estar capa-
citada a desenvolver a gestão cooperativa, a promover a cooperação e a 
colaboração institucional (NOGUEIRA, 1997, p.16-17).
A Política Nacional e Assistência Social (PNAS/2004, 2005), normatizada pela 
Norma Operacional Básica de 2005 (NOB/SUAS), aponta em seus eixos estru-
turantes a centralidade na família, o trabalho em rede e a territorialização como 
premissas para a superação do trabalho focado e fragmentado da Política de 
Assistência Social, presentes até então nas ações desenvolvidas.
Trabalho com Famílias
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TRABALHO COM FAMÍLIAS
O conceito de família é uma construção histórica e social, e sofreu muitas altera-
ções ao longo dos anos. Se partirmos da Revolução Industrial, podemos observar 
que o processo de urbanização das cidades, a abolição da escravatura e mesmo 
outras mudanças sociais contribuíram para que a família fosse se modificando 
na perspectiva de se adequar aos novos cenários que se desenhavam.
No período industrial, a aceleração da produção e a introdução da máquina 
no processo fabril provocou mudanças no modo de assegurar o orçamento domés-
tico, fazendo com que as mulheres entrassem no mercado de trabalho, o que 
precipitou mudanças nas reações familiares. Mesmo assim, traços das relações 
familiares anteriores se mantiveram, com controle da sexualidade feminina e a 
manutenção da distinção de classes. Os costumes refletem o período de organi-
zação social de cada momento, no entanto há traços que se mantêm mesmo após 
transformações registradas. Portanto, ao estudarmos a família na sociedade atual, 
ainda é possível notar tais traços nas configurações, ainda que de forma velada.
De acordo com Lévi-Strauss (1956, p. 309), “[...] a família baseada no casa-
mento monogâmico era considerada instituição digna de louvor e carinho”. 
Embora em menor escala, ainda hoje esse pensamento está presente no imaginário 
social. É fato que existem novas configurações, arranjos familiares, novas formas 
de constituição familiar dentro da sociedade, mas percebemos que permanece 
POLÍTICA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL COMO CAMPO PRIVILEGIADO DE INTERVENÇÃO PROFISSIONAL
Reprodução proibida. A
rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
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ainda a forma de organização nuclear da família, ou seja, o casamento monogâ-
mico ainda é o que predomina atualmente.
As alterações no que tange ao conceito e vivência das famílias estão em trans-
formação,

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