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1 AV1 – Imuno e alergia – Prof.ª Ana Claudia – Fernanda Pereira - 6º período – 2022.1 14/03/2022 – Aula 5 Reações de hipersensibilidade Revisar os quatro tipos. Como cada uma acontece? E, as principais doenças de cada tipo. Reação de hipersensibilidade tipo 1 A reação de hipersensibilidade tipo 1 é a principal na nossa disciplina, e ela que é responsável pela fisiopatogenia da asma, rinite e conjuntivite alérgica. O antígeno nesse caso é chamado de alérgeno (ácaro, pólen, picada de inseto, alimento). Quando o alérgeno entra em contato com o nosso organismo a célula apresentadora de antígeno faz o processamento desse alérgeno e apresenta este para os linfócitos B. Os linfócitos B, por sua vez, iniciam a produção de IgEs específica para o alérgeno, o que promove a sensibilização de mastócitos. Em um segundo contato com o alérgeno, o mastócito prontamente reage com a IgE específica daquele alérgeno através de seus receptores, o que leva à sua degranulação e liberação de histamina e outros mediadores. Por causa disso, o sintoma está associado a ação da histamina. Na rinite ocorre espirros em salva, prurido, obstrução nasal e coriza. Na asma a histamina provoca broncoconstrição. Na anafilaxia a histamina provoca vasodilatação, aumento da permeabilidade vascular, queda da pressão arterial, placas de urticárias. Algumas alergias alimentares estão relacionadas a hipersensibilidade tipo 1, o paciente com um camarão e já faz placas de urticárias. Lembrar que na resposta imediata tipo 1 se usa anti histamínico, mas não podemos deixar de prescrever um corticoide (oral/nasal/inalatório/tópico) para ter ação na fase tarde. Corticoide nasal → rinite Corticoide oral + adrenalina + anti histamínico → anafilaxia broncodilatador + corticoide → Asma Reação de hipersensibilidade tipo 2 A reação de hipersensibilidade tipo 2 é mediada por anticorpos, isto é, ocorre a produção de imunoglobulinas específicas para antígenos, e em muitas das vezes esses antígenos correspondem a proteínas selfs. Essa hipersensibilidade está relacionada a uma falha na tolerância de reconhecimento do que é próprio. Púrpura trombocitopênica autoimune: ocorre pela produção de anticorpos, em que os antígenos são as plaquetas. Há destruição de plaquetas e o início súbito de uma plaquetopenia com equimose, sangramento gengival e petéquias pelo corpo. E, como a resposta é mediada por anticorpo o tratamento é com corticoide, para aliviar essa resposta. Tratamento com corticoide para inibis essa resposta Miastenia graves: o anticorpo produzido é específico para o receptor colinérgico da acetilcolina na fenda sináptica, assim, o anticorpo impede que a acetilcolina se ligue ao receptor, comprometendo o evento da contração, o que leva ao paciente a apresentar fraqueza muscular de braços e pernas, queda das pálpebras, visão dupla e dificuldade para falar, mastigar e engolir. Doença de graves: anticorpo contra com o receptor de TSH (“antígeno”) e estimula a produção e liberação de hormônio tireoidiano, o que leva ao quadro de hipertireoidismo. Anemia hemolítica do recém-nascido: ocorre quando a mãe Rh negativo, teve na primeira gestação um filho Rh positivo e não recebeu soro profilaxia para neutralizar o Rh positivo do primeiro filho no momento do parto. Com isso, a mãe produz anticorpos contra o Rh positivo. Assim, quando essa mulher for gestar o segundo filho Rh positivo terá anticorpos anti Rh positivo, o que será responsável pela anemia hemolítica do recém-nascido. Então, na reação de hipersensibilidade tipo 2 há a produção de anticorpos contra antígenos, e em muitas dessas doenças o antígeno é próprio, e isso ocorre por uma falha de tolerância do organismo, que age contra um antígeno próprio. Reação de hipersensibilidade tipo 3 A reação de hipersensibilidade do tipo 3 é mediada por imunocomplexos. Glomerulonefrite pós estreptocócica Vasculites do LES Reação de Arthurs – às vezes o paciente já possui anticorpos contra determinado antígeno, ou seja, possui pico alto de produção de anticorpo contra o antígeno. E, é feita a aplicação da vacina (antígeno). Prontamente os anticorpos vão complexar com o antígeno injetado naquele local, causando uma vasculite local, reação intensa no local da aplicação do antígeno, então o paciente faz edema, dor, Revisão 2 AV1 – Imuno e alergia – Prof.ª Ana Claudia – Fernanda Pereira - 6º período – 2022.1 hiperemia, paciente não consegue nem levantar o braço. E, por ser mediado por imunocomplexos o tratamento é feito com corticoide oral. Doença do soro like – embora rara, é uma doença sistêmica, em que é caracteristicamente desencadeada por algumas medicações (penicilinas, sulfas e macrolídeos, paciente faz uso do antibiótico para tratar infecção, e 1 a 3 semanas após, ocorre a formação de imunocomplexos que se depositam em diversas partes do corpo (derme, articulações, alvéolos = dores cutâneas + artralgias + febre). Caso clínico doença do soro like Paciente com febre, artralgias, exantema pruriginoso há 3 dias. Tinha utilizado amoxicilina para amigdalite, há 3 dias sem antibiótico e já estava assintomático desde 3° dia de antibiótico. Hemograma e PCR normais. Orofaringe hiperemiada, mas sem foco de infecção. Exames laboratoriais todos normais Quadro resolvido após 3 dias de corticoides oral que foi mantido por 7 dias. A hipótese de doença do soro like é considerada devido a relação temporal entre o uso do fármaco e o início dos sintomas, excluindo causas infecciosas. Diferenciando reação de Arthurs, doença do soro like e erro inato... No erro inato de imunidade, quando o paciente toma uma vacina com antígeno atenuado ele vai desenvolver reação, vai desenvolver a doença causada pelo antígeno atenuado. Exemplo: (1) Caso ele tome a vacina da poliomielite, o paciente pode desencadear uma infecção de SNC. (2) Caso ele tome a vacina da BCG ele pode ter uma infecção sistêmica, ou uma úlcera no local da aplicação que não cicatriza (permanece por 2 meses). Reações de hipersensibilidade tipo IV As reações de hipersensibilidade do tipo IV é uma reação mediada por células T, imunidade celular. Dermatite de contato (bijuteria): o antígeno presente no biju, geralmente é o níquel, faz com que haja estimulo de célula T, gerando uma dermatite uma inflamação local, dermatite, eczema, desencadeado por resposta de célula T. Doença de enxerto versus hospedeiro: acometimento mais grave e sistêmico. É quando o transplante de célula tronco (tecido com muito linfócito, imunologicamente muito ativo) não foi bem irradiado, assim o linfócito do doador (saudável) pode reagir contra o linfócito do receptor (doente). O linfócito de pessoas diferentes possui HDL diferentes. Erros inatos de imunidade Quando suspeitar? Precisamos saber os sinais de alerta. Desconfiei de um erro inato de imunidade? Preciso saber identificar qual a linhagem celular que está acometida (linfócito B, linfócito T, fagócitos, complemento?). Quando pensar em imunodeficiência predominantemente de anticorpos? Linfócito B, imunidade humoral, produz imunoglobulinas – deficiência de classes de imunoglobulinas (redução nos níveis). A mais comum dentre todos os erros inatos de imunidade é a deficiência seletiva de IgA que pode ser diagnosticada em todas as idades, quadro clínico bem diversificado, doença sem muitos sinais e sintomas, às vezes pode ser até assintomática. A incidência é de 1:1500 tem deficiência de IgA. Na deficiência seletiva de IgA o nível sérico de IgG normal, defesa não é tão afetada, paciente pode ser assintomático. Paciente com imunodeficiência seletiva de IgA tem abscesso amigdalino. Hipoglobulinemia transitória da infância – paciente tem um atraso no início da produção de imunoglobulinas. Até os 6 meses de vida do lactente, as imunoglobulinasmaternas estão presentes, a partir dessa idade as imunoglobulinas maternas decaem, dessa forma, a o lactente precisa produzir suas próprias imunoglobulinas, mas no paciente com hipoglobulinemia transitória da infância não ocorre essa produção. Esse gap pode ser fisiológico. Agamaglobulinemia ligada ao X de Bruton – defeito pré célula B, então, esse paciente tem um quadro mais grave. A falha ocorre na CD19 e na CD20. Quando se faz a dosagem de imunoglobulinas tem-se níveis séricos baixíssimos. E, ao dosar CD19 e CD20 está tudo muito baixo. Nessa imunodeficiência, há uma mutação na enzima tirosina kinase o que vai prejudicar a maturação de linfócitos B na medula óssea. Geralmente, é uma infecção que começa cedo, na infância. Predomina em meninos porque é uma doença ligada ao X (hereditária recessiva). Hipogamaglobulinemia comum variável – essa imunodeficiência, geralmente, começa no adulto, é um paciente adulto que começa com infecções recorrentes. Faz dosagem de imunoglobulinas e elas estão com níveis séricos baixos. Isso acontece porque o problema está relacionado à expansão clonal das células B até a produção de imunoglobulinas existe uma falha. O defeito não é na medula óssea, então os níveis séricos de CD19 e CD20 estão normais. Qual o tratamento para o paciente que não tem imunoglobulina? É a reposição de Ig, ofertado por um concentrado de imunoglobulinas (rico em IgG) via intravenosa ou via subcutânea. Caso clínico Escolar 7 anos, com pneumonia recente com derrame pleural, internado por 7 dias, vem para acompanhamento após alta. HPP. Seio materno até 11 meses. Na creche após 1 ano e desde então várias infecções respiratórias bacterianas (pneumonia aos 5 anos, último ano com 5 ciclos de antibiótico, 2 sinusites, 1 otite, 2 pneumonias). Com 4 anos apresentou diarreia que se prolongou por 2 meses, com 3 AV1 – Imuno e alergia – Prof.ª Ana Claudia – Fernanda Pereira - 6º período – 2022.1 diagnóstico de Giardíase, mas com necessidade de vários retratamentos. Discussão Pensar em defeito humoral (célula B), infecções recorrentes por bactérias encapsuladas Investigação laboratorial: hemograma (pode ser normal), dosagem de imunoglobulinas IgG, IgM, IgE, IgA, subclasses IgG, Sorologia HIV, Resposta vacinal Infecções respiratórias recorrentes com bactérias encapsuladas = funcionamento de células B Infecção por Giardia. Quando se pede dosagem de imunoglobulinas se faz a avaliação quantitativa de imunoglobulinas. Mas, também se pode fazer uma avaliação qualitativa (referente a funcionalidade das imunoglobulinas), essa avaliação funcional é feita com a dosagem de anticorpos antes e depois da vacina para o pneumococo, o resultado da dosagem após a vacinação sem o pico da produção de anticorpos indica que estes não funcionam da maneira adequada. Tem algumas imunodeficiências em que o paciente tem quantidade de imunoglobulinas normais, mas não funcionam da maneira adequada. Quando pensar em imunodeficiência combinada de célula T e B? Esses são os quadros mais graves e severos. Diagnóstico precisa ser feito muito precocemente. Agora, com o teste do pezinho ampliado o diagnóstico precoce será uma realidade. O tratamento definitivo consiste no transplante de medula óssea, mas até se chagar ao transplante o paciente precisa receber imunoglobulinas e antibiótico profilaxia, porque o paciente faz infecções oportunistas quando tem o linfócito T afetado (BCG disseminado, encefalite após vacina da pólio). Então, os riscos do paciente, logo no início da vida, vir a falecer são grandes. O SCID é muito raro sobreviver após alguns dias de vida, mas é um exemplo clássico desse quadro. Na investigação laboratorial, além das imunoglobulinas todas com nível reduzida, as linhagens linfocitárias CD4 e CD8 vão estar reduzidas. A avaliação funcional pode ser realizada com o teste cutâneo de hipersensibilidade tipo IV mediado por células T (hipersensibilidade tardia). Quando pensar em deficiência de fagócitos? O fagócito faz parte da imunidade inata. A doença clássica é a doença granulomatosa crônica, que corresponde a uma deficiência na lise intracelular. Quando se tem uma infecção fúngica, por bactérias oportunistas, a lise do fagócito falha. Então, a infecção perdura. Ocorre a inflamação local, formação de granulomas, mas não há eficiência nessa inflamação porque a lise não está funcionando de maneira eficiente, há uma falha na resolução da inflamação. Não há formação de secreção purulenta, ausência de febre. Os testes NBT e DHR servem para medir o nível dos metabólitos (superóxido de hidrogênio e peróxido de hidrogênio, respectivamente) resultante da metabolização intracelular do antígeno, do processamento do antígeno. Quando pensar em deficiência de complemento? Infecções recorrentes ou graves OU Doenças reumatológicas OU Angioedema hereditário (deficiência do complemento inicial para angioedema hereditário) A deficiência de complemento terminal (C5 a C9) é caracterizada por infecções recorrentes por Neisseria, meningite. Paciente teve duas infecções por Neisseria, para tudo e dosa complemento terminal porque ele pode ter falha, é bem característico. Na deficiência do complemento inicial (C1, C2 e C4) tem baixa prevalência de infecções, uma vez que a via alternativa compensa. Deficiência de C3 Para estar atento precisamos ver reações vacinais após a aplicação de BCG, atraso da queda do coto umbilical (após 30 dias, pensar em deficiência de fagócitos), diarreia persistente, infecções recorrentes, infecções oportunistas ou por germes encapsulados (pensar em deficiência de linfócito B), pneumonias recorrentes ou infecção mais graves, candidíase persistente (pensar em deficiência de linfócito T), sepsemia, e reações adversas a antígenos atenuados. Revisar doenças auto inflamatórias. FPAPA – criança que até 5 anos aparece com febre cíclica a cada 40 dias, lesões aftosas, faringite e adenite cervical. Sem foco de infecção. E, que resolve com corticoide. A patogênese é incerta, associação com gene não demonstrada. 30% dos casos resolve-se espontaneamente após os 5 anos. Doença auto inflamatória, desregulação do sistema imune inato. Alergia, rinite e asma Caso clínico A.M.P 52 anos, com rinite e asma na infância, com relato de vários ciclos de tratamentos preventivos durante a vida, desde a adolescência sem crises de asma. Há 10 anos sem acompanhamento. Nesta década apresentando rinite quase diária, sem tratamento, matinal, e algumas crises de sinusites com uso de antibióticos. Relata também uso de salbutamol inalatório 3 a 4 vezes por semana ou caso se exercite, mas nega crises de cansaço como na infância. Procura atendimento médico em junho de 2020 pois há 30 dias, após uma gripe forte, mantinha obstrução nasal intensa tosse inicialmente seca, e na última semana observou chiado e tosse produtiva, com vários despertares à noite. Primeira coisa a ser analisada, paciente bem atópico que não está tratando. E, considerava-se com asma controlada. E, sabemos que o paciente faz uso de broncodilatador da forma errada, porque ele não trata a inflamação. Esse paciente merece o tratamento da asma por causa do processo inflamatório. Embora, a rinite não seja exacerbada a rinite do paciente é diária e persistente. E, paciente faz uso de antibiótico por causa da rinite mal controlada. 4 AV1 – Imuno e alergia – Prof.ª Ana Claudia – Fernanda Pereira - 6º período – 2022.1 E, agora? O que aconteceu? O paciente teve um quadro gripal, e mesmo a gripe “ido embora” a infecção persiste. Isso pode indicar o desenvolvimento de mais de um quadro de sinusite (infecção bacteriana) por causa de uma gripe mal tratada, o que faz a agudização da gripe de asma, por conta do gotejamento pós nasal na garganta, e que goteja nos brônquios e leva a uma agudizaçãodo jeito que aconteceu. Sempre deve-se falar sobre o controle de ambiente. Assinalando o que precisa ser feito para tornar o ambiente menos alérgeno. Uso de medicamentos: Tratamento da asma: corticoide inalatório + LABA (formoterol de 12/12h) Tratamento da rinite: corticoide nasal Tratamento da crise: anti-histamínico oral e se precisar usar o formoterol de 8/8h. Lembrar o conceito de via aérea única: rinite mal tratada é um fator de risco para asma. A complicação após a gripe, a complicação infecciosa é um fator de agravamento para o quadro de asma. Lembrar do conceito de crise de asma para o paciente Lembrar do conceito de crise de rinite para o paciente. Perguntas ativas: se você corre você tosse? Você dorme a noite toda? O conceito de controle pode ser diferente, e é comum que seja. E, o conceito daquela asma controlada, parcialmente controlada e não controlada. Paciente com asma controlada não precisa utilizar medicação de resgate, ou usa muito eventualemnte. 4 x por mês. Paciente com asma parcialemnte controlada, tem que usar a medicação de resgate praticamente toda semana. Usa medicação de resgate ao fazer exercício. Se acordar de noite chiando, mais de dois despertares à noite, indica que a asma não esta controlada. Paciente precisa de ajuste de medicação mesmo ou ele está usando a medicação de maneira incorreta? Ele está usando o dispositivo corretamente? Ele está esquecendo de tomar os medicamentos? Conceito de prevenção de rinite e asma Tratamento de crise X Tratamento de prevenção Como faz os teste de investigação de atopias: testes cutâneos e dosagem de IgEs específicas.
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