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ESTÁTICA E MECÂNICA DOS SÓLIDOS II ME. PEDRO HENRIQUE MARTINEZ “A Faculdade Católica Paulista tem por missão exercer uma ação integrada de suas atividades educacionais, visando à geração, sistematização e disseminação do conhecimento, para formar profissionais empreendedores que promovam a transformação e o desenvolvimento social, econômico e cultural da comunidade em que está inserida. Missão da Faculdade Católica Paulista Av. Cristo Rei, 305 - Banzato, CEP 17515-200 Marília - São Paulo. www.uca.edu.br Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida por qualquer meio ou forma sem autorização. Todos os gráficos, tabelas e elementos são creditados à autoria, salvo quando indicada a referência, sendo de inteira responsabilidade da autoria a emissão de conceitos. Diretor Geral | Valdir Carrenho Junior ESTÁTICA E MECÂNICA DOS SÓLIDOS II ME. PEDRO HENRIQUE MARTINEZ SUMÁRIO AULA 01 AULA 02 AULA 03 AULA 04 AULA 05 AULA 06 AULA 07 AULA 08 AULA 09 AULA 10 AULA 11 AULA 12 AULA 13 AULA 14 AULA 15 AULA 16 PROPRIEDADES DA SEÇÃO I PROPRIEDADES DA SEÇÃO II PROPRIEDADES DA SEÇÃO III ESFORÇOS EM VIGAS FLEXÃO NORMAL SIMPLES FLEXÃO NORMAL COMPOSTA FLEXÃO OBLÍQUA ESTADO PLANO DE TENSÕES ESTADO PLANO DE DEFORMAÇÕES CRITÉRIOS DE RESISTÊNCIA CRITÉRIOS DE RESISTÊNCIA II LINHA ELÁSTICA I LINHA ELÁSTICA II VIGAS HIPERESTÁTICAS E A LINHA ELÁSTICA TORÇÃO FLAMBAGEM 05 13 20 27 35 41 47 52 59 65 72 76 80 86 91 95 ESTÁTICA E MECÂNICA DOS SÓLIDOS II ME. PEDRO HENRIQUE MARTINEZ FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 4 INTRODUÇÃO Neste livro vamos dar continuidade aos nossos estudos de estática e mecânica dos sólidos. No primeiro livro foi abordado questões básicas a respeito do assunto e agora vamos aprofundar um pouco mais. Neste livro usaremos mais o cálculo diferencial e integral para algumas demonstrações e por esta razão é bom você relembrar alguns conceitos de equações diferenciais, derivadas e antiderivadas. O objetivo aqui, como sempre, é lhe dar capacidade para leituras aprofundadas quando isto for necessário em sua vida acadêmica e profissional. Não se esqueça de no final de cada capítulo ler o mesmo tema em outras fontes. Use as fontes que a sua instituição de ensino possui por meio da biblioteca virtual. É fundamental esta leitura a mais. Não me estenderei muito aqui, vamos direto aos estudos. ESTÁTICA E MECÂNICA DOS SÓLIDOS II ME. PEDRO HENRIQUE MARTINEZ FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 5 AULA 1 PROPRIEDADES DA SEÇÃO I 1.1 Plano de estudo É necessário ler? Comecei aqui com esta pergunta porque ela é chave para seu aprendizado. Siga o que indicarei aqui e aprenderá de fato o conteúdo da disciplina. Não existe curso superior sem muita leitura, dedicação e prática (resolução de problemas). Neste curso vamos nos aprofundar, ou seja, tudo o que foi passado no curso anterior será utilizado aqui. Eu já fui aluno e, portanto, indicarei a vocês aonde procurar os conteúdos em algumas fontes. Aqui tentarei ser o mais didático e simples possível, sem perder formalidades necessárias. Vamos ao que interessa de fato. O que você deve fazer em tópicos. • ler este material; • assistir ao vídeo; • refazer os problemas apresentados; • fazer a leitura de uma ou mais fontes apresentadas; • resolver alguns exercícios dessas fontes (pegue os que possuem soluções). Só assim conseguirá desenvolver todo o seu potencial nesta disciplina! 1.2 Centro de gravidade O primeiro passo para aplicar todos os nossos conhecimentos para as mais diversas seções geométricas é dominar o conceito de centro de gravidade. O primeiro passo é reconhecer que existem as mais diversas seções geométricas nas estruturas com os mais diversos materiais (madeira, aço, concreto armado, concreto protendido...). ESTÁTICA E MECÂNICA DOS SÓLIDOS II ME. PEDRO HENRIQUE MARTINEZ FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 6 Isto está na rede Para ficar bem claro o porquê de nos aprofundarmos nas seções vou apresentar aqui para vocês algumas buscas obrigatórias que você deve fazer no google. Busque pelos tópicos abaixo em imagens. • vigas I longarinas (com esta busca verá vigas em formato de I) • vigas U (aqui encontrará principalmente perfis metálicos) • vigas U enrijecido (outro tipo de perfil metálico) • balanço sucessivos pontes (seções vazadas) • https://www.youtube.com/watch?v=o4M9cuDDkpI (link para o vídeo de uma ponte sendo construída com uma seção vazada) Na Figura 1 temos a representação de seções que podemos encontrar nas mais diversas áreas das engenharias. Figura 1 - Exemplo de seções utilizadas nas mais diversas áreas. Fonte: do próprio autor 1.2.1 Teoria De forma simples, o centro de gravidade é o ponto de equilíbrio de um determinado corpo. No caso estamos pensando em seções de estruturas, portanto, o centro de gravidade seria o local onde poderíamos apoiar a seção de forma a ela ficar em equilíbrio estático. https://www.youtube.com/watch?v=o4M9cuDDkpI ESTÁTICA E MECÂNICA DOS SÓLIDOS II ME. PEDRO HENRIQUE MARTINEZ FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 7 Na Figura 2 temos uma seção em formato de “I”. Imaginemos ela constituída do mesmo material, ou seja, toda ela de madeira ou aço ou concreto ou qualquer outro. Sendo assim, sabemos intuitivamente que ela ficará em equilíbrio se apoiarmos ela em sua região central. Imagine algo com o formato mostrado na Figura 2 sendo equilibrado na ponta de seu dedo. Figura 2 - Seção em formato de I com a representação de seu centro de gravidade. Fonte: do próprio autor Vamos formalizar o conceito agora. O que é o equilíbrio estático? É quando a somatória de esforços e momentos são iguais a zero. No caso em questão não temos forças horizontais, a única força atuante é a da gravidade vertical para baixo. A força da gravidade atua em toda extensão do corpo e para cada ponto vai existir um pequeno diferencial da força peso. Como existe um diferencial de força peso para cada ponto, vai existir um momento relativo a cada um desses diferenciais em relação a um eixo coordenado. Na Figura 3 temos a representação da força peso referente a um determinado ponto em uma seção geométrica qualquer. Figura 3 - Força peso referente a um determinado ponto de uma forma geométrica qualquer. Fonte: do próprio autor Independentemente onde colocamos o eixo coordenado sempre haverá um momento equivalente à somatória de todos os infinitos momentos pontuais para cada uma das direções. ESTÁTICA E MECÂNICA DOS SÓLIDOS II ME. PEDRO HENRIQUE MARTINEZ FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 8 ∑ momentos em y =momento equivalente em y =∑ dos infinitos momentos em y ∑ My= xx((Peso totalPeso total) ) =∑ xi (peso referente ao ponto i) ∑ My= x P = ∑ xi Pi A fórmula acima está dizendo que existe um momento calculado com um braço de alavanca x e o peso total do objeto da Figura 3 e ele equivale à somatória dos momentos de todos os infinitos pontos e seus respectivos pesos. A mesma relação vale para momentos em x. ∑ Mx = yP=∑ yi Pi Usando o Cálculo Diferencial e Integral podemos adaptar a fórmula para as seguintes sentenças. ∑ Mx= yP =∫ y ΔP ∑ My= xP =∫ x ΔP Portanto, o centro de gravidade pode ser dado pela resolução da seguinte expressão. O único problema é que não é fácil resolver essa equação para x e y toda hora. Portanto, vamos modificar a variável peso para quando o objeto inteiro for constituído do mesmo material. Em física podemos escrever o peso com a seguinte expressão. Peso=peso específico.espessura.área P=γ.t.A No nosso caso vamos considerar a espessura constante e o peso específico constante e substituir nas equações anteriores. ESTÁTICA E MECÂNICA DOS SÓLIDOS II ME. PEDRO HENRIQUE MARTINEZ FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 9 Portanto, se você deseja encontrar as coordenadas do centro de gravidade de uma seção qualquer basta resolver as duas expressões acima. Encontrará a cota do centro de gravidade em x e em y. Você deve estar se perguntando:“Preciso sempre resolver as integrais?” A resposta é não. Vamos resolver a mesma conta de maneira prática no próximo item. 1.3 Exercício 1 No nosso primeiro exercício vamos encontrar o centro de gravidade da seção apresentada na Figura 4. Perceba que o eixo já foi colocado no canto inferior esquerdo da seção. Você poderia mudar o eixo para qualquer lugar que no final o ponto encontrado seria o mesmo. Figura 4 - Exercício 1 (Desenho fora de escala). Fonte: do próprio autor As fórmulas para resolvermos o problema em questão são as seguintes. Vamos resolver as sentenças acima de forma prática dividindo a seção em três áreas conforme a Figura 4 e ao invés de desenvolver as integrais vamos usar a somatória. Lembre- se que o conceito de integral definida vem de somatória. ESTÁTICA E MECÂNICA DOS SÓLIDOS II ME. PEDRO HENRIQUE MARTINEZ FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 10 Resolvendo por meio de somatória as expressões se transformarão conforme as equações abaixo. Talvez você tenha ficado em dúvida da onde vem os valores 30,310 e 590. Eles são respectivamente as cotas dos centros de gravidade da Área 1, Área 2 e Área 3 em y. A Área 1 tem uma altura de 60mm, portanto, seu centro de gravidade em y está na cota 30mm em relação ao eixo coordenado. A Área 2 tem uma cota de 500mm em y, seu centro de gravidade é no meio em 250mm. Porém, 250mm deve ser somado com 60mm, visto que 310mm é a distancia em y do eixo até o centro de gravidade da Área 2. A Área 3 tem uma cota de 60mm em y, seu centro de gravidade é no meio em 30mm. Porém, 30mm deve ser somado com 60mm da Área 1 mais 500mm da Área 2, visto que 590mm é a distância em y do eixo até o centro de gravidade da Área 3. Usando o mesmo raciocínio para x teremos a expressão abaixo. A resposta final será dada da seguinte forma. x=300mm y=310mm A resposta já era esperada, pois os valores apontam para o centro da seção. Isto acontece em seções simétricas. Independentemente de onde você colocará o eixo a resposta neste caso sempre apontará para o meio da seção. 1.4 Exercício 2 Vamos resolver o problema apresentado na Figura 5. ESTÁTICA E MECÂNICA DOS SÓLIDOS II ME. PEDRO HENRIQUE MARTINEZ FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 11 Figura 5 - Exercício 2 ( Desenho fora de escala). Fonte: do Próprio autor Vale aqui duas observações. • Não é preciso escolher a mesma posição do eixo coordenado que o apresentado na Figura 5. • Não é preciso dividir a seção da mesma forma que o apresentado na Figura 5. Você pode dividir em mais áreas em diferentes lugares. Fique à vontade. Aplicando as fórmulas ficamos com as seguintes respostas. Na Figura 6 temos uma representação em escala do ponto encontrado. ESTÁTICA E MECÂNICA DOS SÓLIDOS II ME. PEDRO HENRIQUE MARTINEZ FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 12 Figura 6 - Seção desenhada em escala com a resposta indicada. Fonte: do Próprio autor Aqui vale uma observação importante. • O centro de gravidade pode estar fora da seção. No livro “Mecânica Vetorial para Engenheiros” (BEER; JOHNSTON JR.; CORNWELL, 2012) encontrará mais sobre o assunto. ESTÁTICA E MECÂNICA DOS SÓLIDOS II ME. PEDRO HENRIQUE MARTINEZ FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 13 AULA 2 PROPRIEDADES DA SEÇÃO II 2.1 Revisão de Momento Estático Este tópico começará com uma breve revisão visto que a propriedade mencionada aqui já foi introduzida em Estática e Mecânica dos Sólidos I. O primeiro ponto da revisão será o Momento Estático ou Momento de Primeira Ordem. Vamos as duas fórmulas para lembrarmos do que se trata. Qx=∫ ydA= y1.Área 1 +...+ynÁrea N Qy=∫ xdA= x1.Área 1 +...+ xnÁrea N Perceba que as integrais acima são parte da teoria para encontrarmos o centro de gravidade (Olhe a aula anterior !). Essa relação possui o nome de momento, pois a fórmula acima vem da força peso e nela está embutido um braço de alavanca e uma força. Nós usamos a relação acima na disciplina anterior para encontrarmos os esforços cortantes que podem acontecer em um elemento estrutural. Outra aplicação interessante para o momento estático é a respeito da simetria do objeto estudado, no nosso caso seções estruturais. Se o centro de gravidade da seção estiver no mesmo ponto que o eixo coordenado o momento estático será zero. Para testar esta afirmação, faça o exercício 1 da aula anterior com o eixo coordenado no centro da seção. 2.2 Revisão Momento de Inércia Para entendermos mais uma vez o que é o momento de inércia ou momento de segunda ordem temos que falar um pouco sobre flexão. Na Figura 7 existe um exemplo de flexão, uma viga com uma carga concentrada normal ao eixo da própria viga. ESTÁTICA E MECÂNICA DOS SÓLIDOS II ME. PEDRO HENRIQUE MARTINEZ FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 14 Figura 7 - Exemplo de flexão. Fonte: do próprio autor Na flexão de uma viga existe uma tendência de uma parte ser tracionada e a outra comprimida. A própria deformação da viga evidencia este fenômeno. A compressão e a tração tendem a aumentar linearmente em relação ao centro de gravidade da viga, ou seja, quanto mais longe do centro de gravidade maior será o esforço de tração e compressão. Na Figura 8 podemos ver este aumento de esforços em relação a uma seção retangular flexionada em relação a seus dois eixos de simetria. Figura 8 - Efeito da flexão em uma peça de seção retangular. Fonte: do Próprio autor Aplicando os conceitos matemáticos em cima do que foi dito chegaremos às seguintes relações. Um diferencial de força é proporcional a um diferencial de área vezes a distância da mesma até o centro de gravidade. Veja a Figura 8 e 9. ESTÁTICA E MECÂNICA DOS SÓLIDOS II ME. PEDRO HENRIQUE MARTINEZ FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 15 Figura 9 - Exemplo dos diferenciais de força e área em uma seção I. Fonte: Beer, Johnston Jr e Cornwell (2012) dF=kydA F=k∫ ydA Se quisermos encontrar o momento fletor devemos multiplicar por “y” dos dois lados da equação. M=k ∫ y²dA A integral encontrada é o que chamamos de momento de inércia e a ela damos a seguinte nomenclatura. Ix=∫ y²dA Quanto maior o valor do momento de inércia, maior é a capacidade da seção gerar reações naquele sentido e, portanto, maior será a dificuldade da peça se flexionar perante ao eixo escolhido. 2.3 Exercício 1 Vamos agora demonstrar a fórmula que utilizamos no curso anterior. Momento de Inércia para seções retangulares. Compreenda o raciocínio apresentado na Figura 10. ESTÁTICA E MECÂNICA DOS SÓLIDOS II ME. PEDRO HENRIQUE MARTINEZ FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 16 Figura 10 - Seção retangular com suas cotas, eixo coordenado e um diferencial de área. Fonte: do Próprio autor Aplicando a fórmula ficaremos com as seguintes expressões. Ix=∫ y²dA dA=b.dy Aplicando o mesmo raciocínio para o eixo y ficaremos com a expressão abaixo. 2.4 Teorema dos eixos paralelos Resolver a integral apresentada no item anterior nem sempre é fácil, por esta razão podemos utilizar o teorema dos eixos paralelos para seções mais complexas. A demonstração deste teorema vem da própria aplicação da integral e sua fórmula final está logo abaixo. ESTÁTICA E MECÂNICA DOS SÓLIDOS II ME. PEDRO HENRIQUE MARTINEZ FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 17 I = I + Ad² A nova inércia é dada por I, I é a inércia em relação ao centro de gravidade de um pedaço considerado, A é a área do pedaço considerado e d é a distância que o eixo paralelo deve percorrer. Tudo ficará mais claro no próximo tópico. 2.5 Exercício 2 Encontre o momento de inércia em relação ao eixo coordenado x e y do centro de gravidade da seção da Figura 11. Figura 11 - Seção do exercício 2. Fonte: do Próprio autor O primeiro passo é dividir a seção em áreas nas quais conseguimos aplicar a fórmula conhecida da inércia do item 2.3 conforme a Figura 12. Cada área terá seu eixo ao centro. ESTÁTICA E MECÂNICA DOS SÓLIDOS II ME. PEDRO HENRIQUE MARTINEZ FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 18 Figura 12 - Seção do exercício dividida em áreas na qual cada uma delas possui seu eixo coordenado coincidindocom seu respectivo centro de gravidade. Fonte: do próprio autor Vamos começar com a área 2 que é a mais fácil. O eixo coordenado da área 2 é o mesmo da seção completa. Isto significa que devemos apenas calcular a inércia da área dois e depois somá-la aos outros procedimentos. Vamos fazer em centímetros para que o número não fique muito grande. Para a área 1 e 3 o procedimento é o mesmo, sendo que nos dois casos utilizamos o teorema dos eixos paralelos. I = I + Ad² A inércia total da seção em relação ao eixo x será dada pela seguinte conta. Ix=52083,33+2.283320,00=618723,33cm 4 ESTÁTICA E MECÂNICA DOS SÓLIDOS II ME. PEDRO HENRIQUE MARTINEZ FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 19 Em y as contas serão mais fáceis visto que o eixo y de cada uma das áreas coincide com o eixo y da seção como um todo. Basta calcular todas as inércias separadamente e depois somá-las. Iy=520,83+2.108000,00=216520,83cm 4 Encontramos, portanto, o momento de inércia em x e em y de uma seção mais complexa. No livro “Mecânica Vetorial para Engenheiros” (BEER; JOHNSTON JR.; CORNWELL, 2012) encontrará mais sobre o assunto. Isto está na rede No link abaixo encontrará explicações complementares a respeito do tema. https://propg.ufabc.edu.br/mnpef-sites/leis-de-conservacao/momento-de-inercia/ https://propg.ufabc.edu.br/mnpef-sites/leis-de-conservacao/momento-de-inercia/ ESTÁTICA E MECÂNICA DOS SÓLIDOS II ME. PEDRO HENRIQUE MARTINEZ FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 20 AULA 3 PROPRIEDADES DA SEÇÃO III 3.1 Produto de inércia Nesta aula vamos iniciar um estudo um pouco mais aprofundado sobre as propriedades das seções. Começaremos aqui com o conceito de produto de inércia que é fundamental para compreendermos o próximo tópico. Por definição o produto de inércia é dado pela seguinte expressão. Ixy=∫ xydA Ixy=Produto de Inércia x=coordenada x de um diferencial de área y=coordenada y de um diferencial de área dA=diferencial de área Graficamente ficamos com a Figura 13. A primeira percepção nossa deve ser que o produto de inércia poderá apresentar valores negativos. A segunda percepção nossa é quando o eixo coordenado coincide com um ou mais eixos de simetria resultando em um produto de inércia igual a zero, pois tudo que é positivo se anula com tudo que é negativo. Aqui devemos lembrar que o teorema dos eixos paralelos ainda se aplicam e a fórmula é análoga a da aula anterior. Ixy= Ixy + x . y . A Fisicamente o produto de inércia indica a distribuição da seção em relação ao eixo adotado, além de indicar simetria quando o próprio produto de inércia for igual a zero. ESTÁTICA E MECÂNICA DOS SÓLIDOS II ME. PEDRO HENRIQUE MARTINEZ FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 21 Figura 13 - Representação gráfica do produto de inércia. Fonte: do Próprio autor 3.2 Manipulando as propriedades das seções Vamos agora usar tudo o que sabemos e estender nosso raciocínio para conseguirmos calcular as propriedades apresentadas em qualquer eixo escolhido. Isto significa que vamos poder trabalhar com a seção de uma viga em qualquer posição. Na Figura 14 encontramos um exemplo de uma seção rotacionada. A ideia aqui é apresentar para vocês como calcular as novas inércias I_u,I_v e I_uv. Em termos físicos seriam as dificuldades da peça rotacionar sobre o eixo u e v, além de calcular a sua distribuição espacial com o produto de inércia. Na prática agora será possível fazer um projeto de uma estrutura em qualquer posição espacial. Para encontrar as novas propriedades da seção vamos utilizar a Figura 15 com as relações geométricas entre o eixo coordenado antigo e o novo eixo coordenado. A partir da Figura 15 é possível encontrarmos as relações matemáticas entre os eixos antigos (x,y) e novos (u,v) para a posição do diferencial de área. ESTÁTICA E MECÂNICA DOS SÓLIDOS II ME. PEDRO HENRIQUE MARTINEZ FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 22 Figura 14 - Seção rotacionada com seus novos eixos u e v. Fonte: do Próprio autor Figura 15 - Mudança de coordenadas. Fonte: do Próprio autor U = x.cos(θ) + y.sen(θ) V = y.cos(θ) - x.sen(θ) Utilizando os conceitos de momento de inércia e produto de inércia chegaremos às seguintes expressões. Iu = ∫ v².dA = ∫ (y.cos(θ) - x.sen(θ))².dA Iu = Ix.cos²(θ) - 2.Ixy.sen(θ).cos(θ) + Iy.sen²(θ) ESTÁTICA E MECÂNICA DOS SÓLIDOS II ME. PEDRO HENRIQUE MARTINEZ FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 23 As outras expressões vêm do mesmo raciocínio. Iv = Ix.sen²(θ) + 2.Ixy.sen(θ).cos(θ) + Iy.cos²(θ) Iuv = Ix.sen(θ).cos(θ) + Ixy.(cos²(θ) - sen²(θ)) - Iy.sen(θ).cos(θ) As expressões acima apesar de úteis não são muito intuitivas para usar, por esta razão podemos usar as relações trigonométricas para ajustá-las da seguinte forma. Ainda é possível ajustar mais as equações acima para buscarmos valores interessantes de uma seção. As equações Iu e Iv são equações paramétricas de uma circunferência. Sabendo disso, podemos adaptar as equações para encontrarmos todas as inércias com a rotação dos eixos possíveis de forma gráfica. A equação para encontrar a maior e a menor inércia e o ângulo de inclinação estão abaixo. A representação gráfica está na Figura 16. (ângulo que devemos rotacionar para obter as inércias máximas e mínimas) Figura 16 - Círculo de Mohr para momentos de inércia e produto de inércia. Fonte: do Próprio autor ESTÁTICA E MECÂNICA DOS SÓLIDOS II ME. PEDRO HENRIQUE MARTINEZ FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 24 Por meio gráfico representado pela Figura 16 é possível encontrar todos os momentos de inércia de um dos eixos e o produto de inércia. Cada ponto da circunferência é um par ordenado (Iu, Iuv). Chamamos de eixos principais de inércia aqueles em que temos a inércia máxima e mínima. 3.3 Exercício Encontre o maior e o menor momento de inércia da seção representada na Figura 17. Alguns dados eu já vou apresentar a resposta para a seção da viga apresentada na Figura 17. Fique à vontade para calcular. Na Figura 18 eu deixei a mesma seção dividida em três áreas para fazer os cálculos básicos. Área 1 = Área 3 = 32,5.5 = 162,5cm² Área 2 = 50.5 = 250cm² Figura 17 - Seção de viga para o exercício. Fonte: do Próprio autor ESTÁTICA E MECÂNICA DOS SÓLIDOS II ME. PEDRO HENRIQUE MARTINEZ FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 25 Figura 18 - Divisão proposta para a resolução do exercício. Fonte: do Próprio autor Ixtotal = Ix2 + 2(Ix1+Área1.d²) Ixtotal = 52083,33 + 2(338,54 +162,5.27,5²) Ixtotal = 298541,66cm 4 Iytotal = Iy2 + 2(Iy1+Área1.d²) Iytotal = 520,83 + 2(14303,38 + 162,5.13,75²) Iytotal = 90572,90cm 4 Agora que calculamos o básico da seção, vamos ao produto de inércia. Ixy = Ixy +x . y . A Área Área (cm²) X(cm) Y(cm) X . Y . A (cm4) 1 162,50 -13,75 27,50 -61445,31 2 250,00 0 0 0 3 162,50 13,75 -27,50 -61445,31 - - - - ∑=-122890,62 Tabela 1 - Resumo para o cálculo do produto de inércia. Fonte: do Próprio autor Ixy = Ixy + x . y . A = -122890,62cm 4 O próximo passo é encontrar qual o ângulo que devemos rotacionar nosso elemento para encontrar os eixos principais de inércia. ESTÁTICA E MECÂNICA DOS SÓLIDOS II ME. PEDRO HENRIQUE MARTINEZ FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 26 É sobre os novos eixos que estão a maior e a menor inércia. A Figura 19 representa os eixos encontrados. Figura 19 - Eixos onde se encontram a maior e menor inércia. Fonte: do Próprio autor Para encontrarmos os valores da maior inércia e da menor inércia utilizaremos o roteiro abaixo. Imáx = 355537,72cm 4 Imín = 33576,84cm 4 No livro “Mecânica Vetorial para Engenheiros” (BEER; JOHNSTON JR.; CORNWELL, 2012) encontrará mais sobre o assunto. ESTÁTICA E MECÂNICA DOS SÓLIDOS II ME. PEDRO HENRIQUE MARTINEZ FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 27 AULA 4 ESFORÇOS EM VIGAS 4.1 Breve revisão No curso anterior já abordamos as vigas. Elas podem ser simplificadas para elementos de barra cuja ação pode incidir tanto normal ao eixo da viga como na própria direção do eixo. Na Figura 20 temos a representação de uma viga com os doistipos de carregamento. O carregamento distribuído ao longo da viga está no eixo do centro de gravidade de seção e o carregamento concentrado está sobre o centro de gravidade da seção. Figura 20 - Representação de uma viga e seus possíveis carregamentos. Fonte: do Próprio autor É claro que não vamos trabalhar toda hora com um desenho dessa maneira e é por esta razão que fazemos um esquema estático com as simbologias que vimos no curso anterior. A Figura 21 apresenta a nossa representação simplificada do problema. Você deve ter percebido que apareceram alguns elementos na nossa representação. Apareceu as vinculações nas extremidades da viga. Do lado esquerdo o símbolo de apoio fixo e do lado direito o símbolo de apoio móvel. Apareceu, também, os valores do carregamento distribuído e do concentrado. No nome da Figura 21 está escrito isostática, aqui temos que lembrar que as estruturas podem ser hipostáticas, isostáticas e hiperestáticas. A estrutura isostática é aquela que podemos resolver com as equações básicas da estática fazendo somatório de forças e ESTÁTICA E MECÂNICA DOS SÓLIDOS II ME. PEDRO HENRIQUE MARTINEZ FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 28 momentos e igualando a zero. A estrutura hipostática é aquela que apresenta instabilidades e movimentos por não estarem adequadamente fixadas. E por fim as hiperestáticas são aquelas que não conseguimos calcular apenas com as equações básicas da estática. Figura 21 - Viga isostática biapoiada. Fonte: do Próprio autor Se a viga acima está sujeita a ações podemos representar os esforços atuantes em suas seções. Para isto precisamos relembrar os principais esforços e suas convenções de sinais. Na Figura 22 temos a representação da tração, compressão e do esforço cortante. Figura 22 - Esforços de tração compressão e sua convenção de sinais. Fonte: do Próprio autor Na Figura 23 você verá o efeito da flexão e a sua convenção de sinais. Figura 23 - Flexão e sua convenção de sinais. Fonte: do Próprio autor ESTÁTICA E MECÂNICA DOS SÓLIDOS II ME. PEDRO HENRIQUE MARTINEZ FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 29 4.2 Cálculo das reações de apoio Começaremos neste tópico com o cálculo das reações da viga da Figura 21. Vamos supor que ela possua 3m de comprimento. Para realizar os cálculos vamos adotar algumas regras de sinais. • Força vertical para cima positivo • Força vertical para baixo negativo • Força horizontal para direita positivo • Força horizontal para a esquerda negativo • Momento fletor sentido horário positivo • Momento fletor sentido antihorário negativo Substituindo o esquema da Figura 21 por reações equivalentes às vinculações na Figura 24. Figura 24- Reações equivalentes às vinculações. Fonte: do Próprio autor Usando as equações básicas da estática ficaremos com a seguinte resposta. O somatório das forças horizontais é igual a zero. ∑ FH = 0 -Ha - 5kN = 0 Ha = -5kN Como o sinal é negativo devemos inverter o sentido de Ha no esquema. O somatório dos momentos é igual a zero. ∑ M = 0 -Vb.3m + 10kN/m.3m.1,5m = 0 ESTÁTICA E MECÂNICA DOS SÓLIDOS II ME. PEDRO HENRIQUE MARTINEZ FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 30 -Vb.3m = -10kN/m.3m.1,5m E por fim o somatório de forças verticais é igual a zero. ∑ FV = 0 Va + Vb - 10kn/m.3m = 0 Va + 15kN - 30kN = 0 Va = 15kN A resposta está dada na Figura 25. Figura 25 - Reações de apoio da viga biapoiada. Fonte: do Próprio autor 4.3 Método prático para o cálculo dos diagramas O método prático para fazer os diagramas nas estruturas consiste em quebrar a estrutura em partes e ir analisando trecho a trecho. Vamos começar analisando os esforços normais de tração e compressão. Olhando a Figura 26 percebemos que não importa onde cortamos a viga, sempre ela estará sendo comprimida com 5kN. Isto quer dizer que o diagrama de esforços normais será constante e apresentará valor igual a -5kN. Para o esforço cortante devemos calcular nos pontos de corte da seção, conforme as expressões abaixo. 10kN/m.1,5m -15kN = 0 (conta referente ao corte na metade) 10kN/m.0,75m -15kN = -7,5kN (conta referente ao corte a um quarto da extremidade direita) ESTÁTICA E MECÂNICA DOS SÓLIDOS II ME. PEDRO HENRIQUE MARTINEZ FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 31 Percebam que os valores variaram, ou seja, confirmamos que quando há um carregamento distribuído os esforços cortantes variam com o comprimento do carregamento. Se cortarmos a estrutura a 0,0000001m da extremidade direita ficaremos apenas com o esforço de 15kN para cima, ou seja, o esforço cortante será de -15kN. O gráfico sairá do 0kN na metade até ficar com -15kN na extremidade direita. Se você fizer o mesmo raciocínio à esquerda os valores serão os mesmos, porém com sinal positivo. Quando o carregamento for constante o diagrama do esforço cortante será linear (uma reta inclinada). Figura 26 - Viga seccionada no meio e a um quarto da extremidade à direita. Fonte: do Próprio autor Faltou os cálculos referentes aos esforços de momento fletor. Vamos seguir o mesmo raciocínio. Fazer o cálculo para as seções que foram cortadas. Convém aqui adotar negativo para baixo. -10kN/m.1,5m.0,75m + 15kN.1,5 = 11,25kN.m (conta referente ao corte na metade) ESTÁTICA E MECÂNICA DOS SÓLIDOS II ME. PEDRO HENRIQUE MARTINEZ FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 32 -10kN/m.0,75m.0,75m/2 + 15kN.0,75 = 8,43kN.m (conta referente ao corte a um quarto da extremidade direita) Percebam que agora o gráfico não poderá ser uma linha inclinada visto que 8,43 não é a metade de 11,25. Neste caso, se você fizer mais cortes na viga vai perceber que o gráfico será uma função do segundo grau. Podemos aqui escrever uma regra, quando o carregamento for constante, a cortante será do primeiro grau e o momento fletor será do segundo grau. Na Figura 27 temos os diagramas de esforços normais e cortantes. Figura 27 - Resposta gráfica para os diagramas de esforço normal e esforço cortante. Fonte: do Próprio autor Na Figura 28 temos a resposta gráfica para o diagrama de momento fletor. Figura 28 - Resposta gráfica para o diagrama do momento fletor. Fonte: do Próprio autor ESTÁTICA E MECÂNICA DOS SÓLIDOS II ME. PEDRO HENRIQUE MARTINEZ FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 33 4.4 Cálculo diferencial e integral para carregamento, cortante e momento fletor Como vimos nos tópicos anteriores, o carregamento, o esforço cortante e o momento fletor se relacionam matematicamente. Podemos usar as Figuras 29 e 30 para gerar as equações diferenciais. Figura 29 - Relação entre carregamento e esforço cortante. Fonte: Beer, Johnston Jr e Cornwell (2012) Figura 30 - Relação entre cortante e momento fletor. Fonte: Beer, Johnston Jr e Cornwell (2012) Para o esforço cortante e o carregamento teremos. V - (V + ΔV) - wΔx = 0 ΔV= -wΔx Para o momento fletor e a cortante teremos. ESTÁTICA E MECÂNICA DOS SÓLIDOS II ME. PEDRO HENRIQUE MARTINEZ FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 34 (M + ΔM) - M - V.Δx + w.Δx.Δx/2 = 0 4.5 Resolução do exercício as relações do item anterior Vamos, então, usar a primeira relação. dV= -wdx ∫ dV = ∫ -wdx V= -wx + c 15 = -w.0 + c 15 = c V = -10x + 15 Se você testar a equação da cortante de x igual a zero até x igual a três metros verá que os resultados batem com o diagrama da cortante encontrado anteriormente. Usando a segunda relação Se você testar a equação do momento de x igual a zero até x igual a três metros verá que os resultados batem com o diagrama do momento fletor encontrado anteriormente. No livro "Resistência dos materiais” (HIBBELER, 2009) encontrará mais sobre o assunto. ESTÁTICA E MECÂNICA DOS SÓLIDOS II ME. PEDRO HENRIQUE MARTINEZ FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 35 AULA 5 FLEXÃO NORMAL SIMPLES 5.1 Revisão de tensões Antes de começarmos os nossos aprofundamentos iremos lembrar um pouco das tensões. O que nós vimos na aula anterior são os tipos de esforços aos quais uma viga ou algum outro elemento estrutural podem estar submetidos. Esforços de tração, compressão, esforço cortante e momentofletor. Estes esforços causam tensões. Tensões são por definição esforços por unidade de área. Não confundir com pressão, a tensão aqui em mecânica dos sólidos é algo interno as nossas estruturas. Em resumo, os esforços da aula anterior geram tensões internas nas nossas estruturas. A fórmula básica para a tensão é a força sobre a área. Dito isso, podemos separar em dois tipos de tensões, as tensões normais e as tensões de cisalhamento. A tensão normal é aquela que está com direção normal, a área e a tensão de cisalhamento é aquela que está com direção paralela à área. Na Figura 31 temos a representação das direções. Figura 31 - Representação da direção das tensões. Fonte: do Próprio autor ESTÁTICA E MECÂNICA DOS SÓLIDOS II ME. PEDRO HENRIQUE MARTINEZ FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 36 Na Figura 32 temos a representação completa com as ações externas de esforço normal e esforço cortante que geram as tensões. Figura 32 - Resumo das tensões devido a esforços normais e a esforços cortantes. Fonte: do Próprio autor Faltou falar agora das tensões que surgem devido ao momento fletor. Quando a seção estrutural está sob o efeito de momento fletor podem surgir tensões de compressão e tração ao mesmo tempo. Isto significa que existe uma tendência de uma região estar tracionada e a outra comprimida. Na Figura 33 temos o exemplo das tensões geradas na flexão. Figura 33 - Tensões na flexão. Fonte: do Próprio autor ESTÁTICA E MECÂNICA DOS SÓLIDOS II ME. PEDRO HENRIQUE MARTINEZ FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 37 Agora que já relembramos a teoria vamos relembrar as relações matemáticas básicas para as tensões. • Tensão normal σ= tensão normal; F=força normal aplicada; A= área • Tensão normal devido à flexão σ= ± M = Momento fletor; I = momento de inércia relativo ao eixo da flexão y = cota do ponto onde as tensões são nulas até o ponto estudado • Tensão de cisalhamento Ƭ = tensão de cisalhamento V = esforço cortante Q = momento estático ou de primeira ordem t = espessura da seção Anote isso As demonstrações das fórmulas acima estão na bibliografia indicada. É claro que você pode buscar a demonstração das fórmulas acima em qualquer livro de mecânica dos sólidos ou resistência dos materiais, porém vou indicar um que particularmente gosto. "Mecânica dos Materiais” (GERE; GOODNO, 2017) ESTÁTICA E MECÂNICA DOS SÓLIDOS II ME. PEDRO HENRIQUE MARTINEZ FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 38 5.2 Exercício Nós iremos encontrar as tensões máximas de tração, compressão e de cisalhamento na viga isostática biapoiada indicada na Figura 34. Figura 34 - Exercício. Fonte: do Próprio autor Vamos começar com as reações de apoio. Não haverá esforço horizontal, pois não existe nenhuma solicitação horizontal. A Viga do exercício é totalmente simétrica, ou seja, metade do esforço vertical total reagirá em cada um dos apoios com sentido para cima. As reações estão dadas na Figura 35. Utilize as fórmulas para treinar. Figura 35 - Reações de apoio para a viga do exercício. Fonte: do Próprio autor Em relação aos diagramas podemos afirmar que não haverá diagrama referente à compressão e nem à tração. Os dois únicos diagramas existentes são o de esforço cortante e o de momento fletor. ESTÁTICA E MECÂNICA DOS SÓLIDOS II ME. PEDRO HENRIQUE MARTINEZ FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 39 Use o método prático que consiste em ir “quebrando” a estrutura e verificando os esforços trecho a trecho. Na Figura 36 temos os diagramas de esforço cortante e de momento fletor do exercício. Figura 36 - Diagramas. Fonte: do Próprio autor Neste caso acontece algo muito interessante, vejam que no trecho central da viga o esforço cortante é zero e o momento fletor é constante. Esta situação é muito utilizada em laboratórios quando desejamos estudar o comportamento de uma viga submetida apenas ao momento fletor. Calcularemos agora o momento de inércia da viga relativa ao eixo da flexão. Neste exercício imaginemos a situação convencional para uma viga. Maior dimensão na vertical. A maior tensão de tração devido à flexão encontrasse na região central da viga e na extremidade inferior da seção. Figura 37 - Representação das tensões máximas de compressão e tração nas extremidades da seção. Fonte: do Próprio autor ESTÁTICA E MECÂNICA DOS SÓLIDOS II ME. PEDRO HENRIQUE MARTINEZ FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 40 Agora vamos calcular as tensões devido ao momento fletor máximo de 40kN.m. σ = + = 0,22kN/cm² = 2,2mPa de tração na extremidade inferior da seção σ = - = - 0,22kN/cm² = -2,2mPa de compressão na extremidade superior da seção Calcularemos agora a tensão de cisalhamento máxima devido ao esforço cortante de 20kN e para isso precisaremos primeiramente do valor do momento estático. Qx = ∫ ydA = y1.Área 1 +...+ ynÁrea N Qx = 15cm.(30cm.30cm) = 13500cm³ Ƭ= = 0,0167kN/cm² = ±0,167mPa No livro "Resistência dos materiais” (HIBBELER, 2009) encontrará mais sobre o assunto. ESTÁTICA E MECÂNICA DOS SÓLIDOS II ME. PEDRO HENRIQUE MARTINEZ FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 41 AULA 6 FLEXÃO NORMAL COMPOSTA 6.1 Exercício Sim, esta aula já começa com um exercício e nela vamos utilizar tudo o que vimos até agora. Percebam que o nome da aula possui a palavra composta. Esta palavra acrescenta alguma coisa aos nossos problemas. A diferença da flexão normal composta é o acréscimo de forças concentradas na seção do nosso problema. A força normal na seção influencia principalmente na distribuição das tensões normais do nosso problema. O exercício está representado na Figura 38 e nele nós vamos encontrar as seções mais tracionadas e mais comprimidas. Figura 38 - Exercício. Fonte: do Próprio autor Começaremos com as reações de apoio apresentadas na Figura 39. As reações de apoio foram encontradas com o somatório de esforços igualando-os a zero. ESTÁTICA E MECÂNICA DOS SÓLIDOS II ME. PEDRO HENRIQUE MARTINEZ FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 42 Figura 39 - Reações de apoio. Fonte: do Próprio autor A próxima etapa é fazer os diagramas de esforço normal, cortante e momento fletor. Como temos um carregamento constante, o diagrama de esforço cortante será do primeiro grau e o de momento fletor será do segundo grau. • Equação do esforço cortante = -w V = -wx + c 12 = -w.0 + c 12 = c V = -3x + 12 • Equação do momento fletor = -3x + 12 M= - + 12.x + C -24 = - + 12.0 + C M= - + 12.x - 24 Na Figura 40 temos a representação dos diagramas. ESTÁTICA E MECÂNICA DOS SÓLIDOS II ME. PEDRO HENRIQUE MARTINEZ FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 43 Figura 40 - Diagramas de esforço normal, cortante e momento fletor. Fonte: do Próprio autor Agora partiremos para o estudo das seções, começando com o centro geométrico. Para isso, vamos adotar o eixo conforme a Figura 41. Figura 41 - Eixo coordenado para o cálculo do centro geométrico. Fonte: do Próprio autor Na Figura 42 está representada a posição do centro de gravidade da seção. ESTÁTICA E MECÂNICA DOS SÓLIDOS II ME. PEDRO HENRIQUE MARTINEZ FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 44 Figura 42 - Centro de gravidade da seção. Fonte: do Próprio autor O próximo passo é calcular a inércia em torno de x da seção. O roteiro de cálculo segue abaixo. I = I + Ad² Itotal = 33750 + (15.30)(27,12 - 15)² + 9843,75 + (15.35)(37,5 - 27,12)² Itotal = 99852,48 + 66409,56 = 166262,04cm 4 Finalmente temos todas as informações da seção e dos esforços atuantes. Vamos agora trabalhar com as tensões e descobrir qual é a diferença da flexão normal simples para a flexão normal composta. O primeiro passo consiste em encontrar as tensões máximas de tração e compressão utilizando o centro geométrico como referência. Observem a primeira diferença no equacionamento, agora é necessário embutir na expressão a relação força (N) sobre A(área). A máxima tensão de tração esta localizada na região superior da vigae, portanto, ficaremos com a seguinte fórmula. σ= +0,253kN/cm² = 2,53mPa ESTÁTICA E MECÂNICA DOS SÓLIDOS II ME. PEDRO HENRIQUE MARTINEZ FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 45 A máxima tensão de compressão é dada da seguinte maneira. σ = -0,397kN/cm² = 3,97mPa As tensões de tração e compressão não são mais iguais, por causa do formato da seção e também por causa do esforço normal. O nome deste fenômeno é flexão composta justamente por causa da interferência do esforço normal. A região onde a tensão é igual a zero não coincide com o centro geométrico da seção. Neste caso, devido à intensidade dos esforços o centro geométrico ficou bem próximo da região onde as tensões valem zero. A região onde as tensões normais valem zero é formada por uma linha. Esta linha recebe o nome de linha neutra. Para calcular sua posição basta fazer a equação das tensões igual a zero. 0= + y = 0,35cm Figura 43 - Diagrama da distribuição das tensões na seção da viga. Fonte: do Próprio autor O ponto do diagrama onde a tensão é igual a zero está localizado a 0,35 cm do centro geométrico da seção. Supondo a mesma situação, porém com um esforço normal de 500kN ficaríamos com os seguintes valores. σ = + σ = -0,255kN/cm² = -2,55mPa ESTÁTICA E MECÂNICA DOS SÓLIDOS II ME. PEDRO HENRIQUE MARTINEZ FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 46 σ = - σ = -0,904kN/cm² = -9,04mPa 0= + y = 35,52cm Na Figura 44 temos a representação gráfica do que aconteceria se a força normal fosse de 500 kN. A linha neutra ficaria localizada fora da seção da viga a 35,52cm de distância do centro de gravidade. Figura 44 - Situação da seção para uma força normal de 500kN. Fonte: do Próprio autor No livro "Resistência dos materiais” (HIBBELER, 2009) encontrará mais sobre o assunto. ESTÁTICA E MECÂNICA DOS SÓLIDOS II ME. PEDRO HENRIQUE MARTINEZ FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 47 AULA 7 FLEXÃO OBLÍQUA 7.1 Exercício Assim como fizemos na aula anterior, iremos começar pela resolução de um exercício. Vamos utilizar a mesma seção da aula anterior. A diferença aqui será os esforços atuantes. A flexão oblíqua acontece quando o ou os momentos fletores não coincidem com os eixos principais de inércia. Vamos olhar a Figura 45. Figura 45 - Seção do exercício. Fonte: do Próprio autor Olhando a Figura 42 percebemos que o vetor momento fletor não coincide com o eixo x e nem com o eixo y, sendo os dois os eixos principais de inércia. O momento de inércia relativo ao eixo x é o maior momento de inércia da seção e o relativo ao eixo y é o menor momento de inércia. Portanto, é sobre eles que vamos decompor o momento fletor. Se a sessão fosse assimétrica o primeiro passo seria encontrar os eixos principais de inércia de acordo com as primeiras aulas do curso e o segundo passo seria decompor o momento fletor sobre os eixos encontrados. ESTÁTICA E MECÂNICA DOS SÓLIDOS II ME. PEDRO HENRIQUE MARTINEZ FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 48 Vamos começar a resolução do problema decompondo os momentos fletores. cos(30º)= Mx = 20kNm.cos(30º) = 17,32kNm sen(30º)= My = 20kNm.sen(30º) = 10kNm A representação gráfica das respostas fica conforme a Figura 46 Figura 46 - Representação dos momentos fletores. Fonte: do Próprio autor Agora podemos aplicar a fórmula das tensões normais devido à flexão. A fórmula mais geral possível adaptada para o caso acima está logo abaixo. Como na nossa situação não existe esforço normal ficaremos com a seguinte equação. O momento de inércia em torno do eixo x para esta seção já foi calculado nas aulas anteriores. Ix = 166262,04cm 4 ESTÁTICA E MECÂNICA DOS SÓLIDOS II ME. PEDRO HENRIQUE MARTINEZ FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 49 Falta apenas o momento de inércia relativo ao eixo y. Dividindo a Seção T em dois retângulos ficamos com as seguintes fórmulas. Neste caso não é necessário transportar eixos, pois eles já estão alinhados com o centro de gravidade. Iy = 62031,25cm 4 Agora que possuímos os valores dos momentos de inércia, vamos para o cálculo das tensões normais causadas pelos momentos fletores. Vamos procurar primeiro a máxima tensão de compressão. Para isto vamos usar o auxílio da Figura 47 e a regra da mão direita. Figura 47 - Região comprimida devido a Mx. Fonte: do Próprio autor A regra da mão direita consiste em apontar o polegar no sentido do vetor momento e verificar com a rotação dos outros dedos se eles tendem a entrar na seção ou sair. Quando eles tendem a entrar temos a compressão, caso contrário, tração. Para Mx a região mais comprimida está na extremidade superior, como mostra a Figura 44. Vamos buscar a região mais comprimida devido a My com o auxílio da Figura 48. A região mais comprimida de acordo com a Figura 48 está na extremidade direita da seção. ESTÁTICA E MECÂNICA DOS SÓLIDOS II ME. PEDRO HENRIQUE MARTINEZ FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 50 Sabendo que a tensão cresce em direção às extremidades da peça e somando os efeitos dos dois momentos podemos montar a seguinte equação. σ = ± σ= - σ = -0,47kN/cm² = 4,7mPa Figura 48 - Região comprimida devido a My. Fonte: do Próprio autor Usando do mesmo raciocínio para a região mais tracionada ficaremos com a seguinte sentença. σ = ± σ = + σ = +0,40kN/cm² = 4mPa Por fim, vamos buscar a posição da linha neutra, pois agora ela não está alinhada com os eixos principais de inércia. A linha neutra consiste na reunião de pontos onde a tensão vale zero. Uma maneira fácil de encontrá-la é por substituição. σ = ± 0 = ± y = 0 (quando x =0, y=0) ESTÁTICA E MECÂNICA DOS SÓLIDOS II ME. PEDRO HENRIQUE MARTINEZ FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 51 σ = ± 0= + y = -15,47cm (quando x =0, y=0) Na Figura 49 temos a representação de todas as regiões comprimidas e todas as tracionadas da seção do exercício e a posição da linha neutra. Figura 49 - Regiões tracionadas e comprimidas divididas pela linha neutra. Fonte: do próprio autor No livro "Resistência dos materiais” (ASSAN, 2010) encontrará mais sobre o assunto. ESTÁTICA E MECÂNICA DOS SÓLIDOS II ME. PEDRO HENRIQUE MARTINEZ FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 52 AULA 8 ESTADO PLANO DE TENSÕES 8.1 Estados de Tensões Nesta aula iremos desenvolver melhor nossas habilidades de lidar com as tensões em um determinado elemento estrutural. Para isso vamos utilizar o elemento qualquer da Figura 50. Na Figura 50 você deve imaginar um elemento tridimensional qualquer, pode ser uma viga, pilar, um elemento de máquina. Neste elemento podemos pegar um pequeno pedaço representado pelas dimensões dx, dy e dz. Percebam que o pedaço recortado do desenho poderá possuir uma, duas ou três dimensões. Figura 50 - Representação de um pedaço qualquer de estrutura. Fonte: do Próprio autor Para começarmos o nosso estudo vamos pensar sobre o elemento mais representativo possível, o de três dimensões. Na Figura 51 temos um elemento em três dimensões com todas as possíveis tensões atuantes. Aqui vale lembrar que as tensões ocorrem devido aos esforços normais, cortantes, momentos fletores e momentos torçores já estudados neste livro e no anterior. ESTÁTICA E MECÂNICA DOS SÓLIDOS II ME. PEDRO HENRIQUE MARTINEZ FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 53 Figura 51 - Estado genérico de tensões para três dimensões. Fonte: do Próprio autor Percebam que de forma genérica temos três tensões por fase, uma normal e duas de cisalhamento. Para se localizar nas tensões de cisalhamento você deve primeiro pensar em qual face ela está e depois qual a sua direção. • Ƭxy está em um plano normal ao eixo x e na direção y, conforme Figura 48. Trabalhar com este estado de tensões nos proporciona informações muito importantes sobre as nossas estruturas, porém não é algo muito simples. Por esta razão, em muitos dos problemas estruturais é possível trabalhar no estado plano de tensões. Isto significa simplificar o problema para uma vista ortogonal, conforme a Figura 49. Por mais que o estado plano de tensões seja uma abordagem simplificadaem relação ao estado triplo de tensões, ainda é muito útil para a resolução de inúmeros problemas. Na Figura 52 temos dois infinitesimais de um elemento estrutural, os dois são equivalentes porque Ƭxy = Ƭyx. Eles são iguais em decorrência da condição de estaticidade do elemento, ou seja, somatório de forças e momentos devem ser zero para o elemento não apresentar movimentos. Figura 52 - Representação do estado plano de tensões. Fonte: do Próprio autor ESTÁTICA E MECÂNICA DOS SÓLIDOS II ME. PEDRO HENRIQUE MARTINEZ FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 54 8.2 Trabalhando com o estado plano de tensões O que vamos desenvolver aqui neste item é análogo ao que fizemos na Aula 2 com os momentos de inércia. Estudaremos as tensões para qualquer posição e encontraremos as tensões máximas e mínimas normais e de cisalhamento. Para isto utilizaremos o auxílio da Figura 53. Na Figura 50 você encontrará as tensões normais, de cisalhamento e os eixos (x,y) e os eixos (x’,y’). A ideia aqui é rotacionar os eixos (x,y) para os eixos (x’,y’) de forma a encontrarmos as tensões normais e de cisalhamento na face inclinada de área igual a ΔA. Este procedimento é importante porque conseguimos através dele encontrar as tensões normais e de cisalhamento em qualquer inclinação do nosso diferencial. Consequentemente encontraremos também as tensões máximas e mínimas e em qual direção elas estão. O procedimento de cálculo apesar de trabalhoso é bem simples. Ele consiste em aplicar as equações básicas da estática, nas novas direções x’ e y’. ∑ forças x' = 0 ∑ forças y' = 0 Figura 53 - Demonstração da fórmula para mudança de coordenadas das tensões. Fonte: Beer e Johnston (1995) O trabalho aqui é apenas na decomposição das forças. Lembrando que tensão pode ser escrita como uma relação de força sobre a área. Para o cálculo da somatória das forças ESTÁTICA E MECÂNICA DOS SÓLIDOS II ME. PEDRO HENRIQUE MARTINEZ FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 55 devemos decompor cada uma das forças σx ΔAcos(θ),σy ΔAsen(θ),Ƭxy ΔAcos(θ) e Ƭxy ΔAsen(θ) nas duas direções x’ e y’ usando os nossos conhecimentos de trigonometria. Fazendo isso chegará nas seguintes equações. ∑ forças x' = 0 σx' ΔA - σx ΔAcos(θ)cos(θ) - σy ΔAsen(θ)sen(θ) - Ƭxy ΔAcos(θ)sen(θ) - Ƭxy ΔAsen(θ)cos(θ) = 0 ∑ forças y' = 0 Ƭx'y' ΔA - σx ΔAcos(θ)sen(θ) - σy ΔAsen(θ)cos(θ) - Ƭxy ΔAcos(θ)cos(θ) + Ƭxy ΔAsen(θ)sen(θ) = 0 Dividindo tudo por ΔA, isolando σx' e Ƭx'y' e usando as relações básicas de trigonometria podemos simplificar todo o nosso problema para as fórmulas finais. As equações acima são paramétricas de uma circunferência e por consequência disso podemos representar todos os estados de tensões pelo círculo de Mohr que nada mais é que uma representação gráfica de todas as tensões em qualquer direção. Figura 54 - Círculo de Mohr para as tensões. Fonte: do Próprio autor ESTÁTICA E MECÂNICA DOS SÓLIDOS II ME. PEDRO HENRIQUE MARTINEZ FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 56 As tensões máximas e mínimas normais são chamadas de tensões principais e elas irão ocorrer quando as tensões de cisalhamento forem iguais a zero. Se aplicarmos essas condições conseguiremos deduzir as fórmulas das tensões principais máxima e mínima e também qual o ângulo que devemos rotacionar para encontrá-las dado um estado de tensão qualquer. O cálculo das tensões principais pode ser dado pela seguinte equação. σmáx,mín = A inclinação para encontrar as tensões principais é dada pela seguinte equação. tg(2θ) = (ângulo que devemos rotacionar para obter as tensões máximas e mínimas normais). Vou deixar alguns detalhes para o próximo item que é o do exercício. 8.3 Exercício Vamos encontrar todas as informações ensinadas nos itens anteriores do estado de tensões da Figura 55. Figura 55 - Estado plano de tensões do exercício. Fonte: Próprio autor Começaremos utilizando as fórmulas dadas. Os sinais continuam o mesmo para a tração(+) e para a compressão(-). Para o cisalhamento vamos levar em consideração a face direita da Figura 52, como o sentido do cisalhamento nesta face está para cima consideramos positivo. ESTÁTICA E MECÂNICA DOS SÓLIDOS II ME. PEDRO HENRIQUE MARTINEZ FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 57 Primeiro vamos encontrar a inclinação onde temos as tensões principais. tg(2θ) = = 1,32258 2θ = 52,91º θ = 26,45º As tensões máximas e mínimas serão σmáx,mín = σmáx,mín = σmáx = 71,4mPa σmin = -31,4mPa Podemos aplicar a seguinte fórmula também. A pequena diferença é encontrada devido ao arredondamento do ângulo. A resposta gráfica está dada na Figura 56. Figura 56 - Resposta. Fonte: do Próprio autor Para desenhar o círculo de Mohr para o exercício precisamos saber uma regra de sinal básica. Tensões de cisalhamento que tendem a girar nosso elemento no sentido horário ESTÁTICA E MECÂNICA DOS SÓLIDOS II ME. PEDRO HENRIQUE MARTINEZ FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 58 ficaram acima do eixo das tensões normais. Tensões de cisalhamento que tendem a girar nosso elemento no sentido anti-horário ficaram abaixo do eixo das tensões normais. Na Figura 57 podemos ver a resposta pelo círculo de Mohr. Para desenhá-la basta usar seus conhecimentos de circunferência. Figura 57 - Resposta pelo círculo de Mohr. Fonte: do Próprio autor No livro "Resistência dos materiais” (ASSAN, 2010) encontrará mais sobre o assunto. ESTÁTICA E MECÂNICA DOS SÓLIDOS II ME. PEDRO HENRIQUE MARTINEZ FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 59 AULA 9 ESTADO PLANO DE DEFORMAÇÕES 9.1 Introdução às deformações Vimos até aqui muito sobre tensões e agora chegou a hora de revisar um pouco sobre as deformações. A deformação acontece quando um corpo está submetido a algum esforço diretamente ou indiretamente que causa uma modificação nas posições relativas das partículas que compõem o próprio corpo. Se pegarmos um elemento de máquina que está submetido a carregamentos dos mais diversos tipos ele apresentará deslocamento relativo entre suas partículas, mesmo que imperceptíveis a olho nu. Outro exemplo interessante é quando um dos pilares de uma edificação afunda no solo em fenômeno que chamamos de recalque. Este movimento em apenas um dos pilares gera deformações ao longo da estrutura. Uma das relações mais importantes para a mecânica dos sólidos é a relação entre tensão e deformação que pode ser medida em laboratório por meio de ensaios mecânicos. Dois ensaios muito comuns são o de compressão e o de tração. Quando submetemos um corpo a um esforço de tração ele tende a ter deformações longitudinais no sentido de aumentar o próprio corpo. Quando submetemos um corpo a um esforço de compressão ele tende a ter deformações longitudinais no sentido de diminuir o próprio tamanho. Na Figura 58 temos boas representações desses fenômenos. Figura 58 - Deformações devido a tração e a compressão. Fonte: do Próprio autor ESTÁTICA E MECÂNICA DOS SÓLIDOS II ME. PEDRO HENRIQUE MARTINEZ FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 60 É claro que é importante também relacionar as tensões com as deformações em um determinado objeto de estudo e para isto existem as relações entre tensões e deformações. Na Figura 59 existem dois gráficos que servem de exemplo para entendermos as relações entre tensões e deformações longitudinais apresentadas na Figura 58. Figura 59 - Relação entre tensões e deformações. Fonte: do Próprio autor As relações acima dão origem à seguinte fórmula. σ = E.ε A tensão normal de tração ou compressão é igual ao produto do módulo de elasticidade (E) pela deformação (ε). O módulo de elasticidade no gráfico é igual à inclinação do gráfico, podendo ser constante ou variável de acordo com o material em estudo. Antes de prosseguirmos vale lembrar que até um determinado limite de tensão e deformação o material consegue voltar a sua configuração normal depois de cessada a ação sobre ele. A esta deformação damos o nome de deformação elástica. Quando o objeto deforma acima deste limite ele não consegue voltara sua configuração normal, a este fenômeno damos o nome de deformação plástica. E quando o corpo está submetido a tensões de cisalhamento? Acontece algo similar. Ƭxy = Gγxy ESTÁTICA E MECÂNICA DOS SÓLIDOS II ME. PEDRO HENRIQUE MARTINEZ FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 61 A tensão de cisalhamento (Ƭxy) é igual ao módulo de elasticidade transversal (G)vezes a distorção ou deformação de cisalhamento (γxy). Esta relação também pode ser encontrada por meio de ensaios mecânicos. Na Figura 60 temos um exemplo desta distorção em um elemento plano. Figura 60 - Elemento plano que apresenta distorção (γxy). Fonte: do Próprio autor 9.2 Coeficiente de Poisson, módulo de elasticidade longitudinal e módulo de elasticidade transversal (ν,E,G) A deformação longitudinal ao longo do eixo x é dada pela seguinte fórmula. εx = O (ΔL) é a variação de comprimento que o elemento tem e (L0)é o comprimento inicial. Isto quer dizer que a deformação é uma taxa de acréscimo ou decréscimo em relação ao comprimento inicial. Neste caso específico estamos falando da direção (x). Pela Figura 55 podemos ver que quando um corpo aumenta em uma direção ele tende a diminuir nas outras direções. Quando o material é homogêneo e isotrópico podemos estabelecer uma relação bem simples entre as deformações longitudinais nas diferentes direções. A esta relação chamamos de coeficiente de Poisson e ela é dada da seguinte maneira. ν = - Esta relação é muito útil, pois relaciona deformações longitudinais em uma direção com deformações longitudinais em outra direção. Dado isto podemos escrever uma relação entre tudo o que vimos aqui pela seguinte fórmula. G = ESTÁTICA E MECÂNICA DOS SÓLIDOS II ME. PEDRO HENRIQUE MARTINEZ FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 62 9.3 Estado plano de deformações Agora que já revisamos as deformações e que acrescentamos alguns conceitos a mais, vamos repetir o raciocínio da aula anterior e gerar as equações paramétricas de uma circunferência para as deformações longitudinais e deformações de cisalhamento. As deformações, assim como as tensões, podem existir nas três dimensões, mas aqui vamos trabalhar com as deformações em apenas um plano. A simplificação para um plano de deformação já é útil para resolver problemas clássicos. O cálculo aqui seguirá exatamente o mesmo raciocínio da aula passada que se baseia na rotação dos eixos em um elemento que apresenta deformações quaisquer. As relações aqui encontradas baseiam-se nas Figuras 61 e 62 e do auxílio da geometria básica. Figura 61- Relações básicas 1. Fonte: Beer (1995) Figura 62 - Relações básicas 2. Fonte: do próprio autor ESTÁTICA E MECÂNICA DOS SÓLIDOS II ME. PEDRO HENRIQUE MARTINEZ FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 63 γx'y' = -(εx - εy)[sen(2θ)] + Ƭxy.cos(2θ) tg(2θ) = Percebam que as fórmulas são bem parecidas com as da aula anterior, inclusive a última relativa ao ângulo onde acontecem as deformações específicas normais máximas e mínimas. 9.4 Exercício Vamos encontrar os eixos principais e as deformações principais do estado plano de deformações indicado na Figura 63 Figura 63 - Exercício. Fonte: do Próprio autor Neste exercício vamos admitir que εy = 0 εx = = 0,0004 ou 400u = 200u Se optarmos fazer pelo círculo de Mohr temos que encontrar o centro da circunferência e pelas coordenadas. ESTÁTICA E MECÂNICA DOS SÓLIDOS II ME. PEDRO HENRIQUE MARTINEZ FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 64 Centro = (ε_x+ε_y)/2=(400+0)/2 = 200 Raio = √266,6²+200² = 283 εa = 200 + √266,6²+200² = 483 εb = 200 - √266,6²+200² = -83 As relações acima são análogas às da aula anterior para encontrarmos as tensões máximas e mínimas. Aqui ainda vale a mesma convenção de sinal giro horário fica acima no círculo de Mohr e giro anti-horário fica abaixo no círculo de Mohr. Figura 64 - Resposta pelo Círculo de Mohr. Fonte: do Próprio autor Ainda é possível aplicar as fórmulas dadas do item 9.3. No livro "Resistência dos materiais” (ASSAN, 2010) encontrará mais sobre o assunto. ESTÁTICA E MECÂNICA DOS SÓLIDOS II ME. PEDRO HENRIQUE MARTINEZ FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 65 AULA 10 CRITÉRIOS DE RESISTÊNCIA 10.1 Introdução Antes de começarmos a entender alguns critérios de ruptura é importante termos em mente o que sabemos. • Sabemos representar uma determinada estrutura constituída de barras, seja ela uma viga, uma treliça ou um pórtico. • Sabemos encontrar as reações de apoio quando a estrutura é isostática. • Sabemos montar os gráficos representativos dos esforços atuantes nas estruturas isostáticas. Esforços normais (tração e compressão), esforços cortantes e momentos fletores. • Sabemos estudar a seção de um elemento estrutural encontrando suas propriedades. Centro de gravidade, momento estático e momento de inércia. • Sabemos encontrar as tensões atuantes devido aos esforços normais, esforços cortantes e momentos fletores. • Sabemos estudar um pequeno ponto da estrutura sujeita a essas tensões e possíveis deformações. • De estática e mecânica dos sólidos I já sabemos flambagem e torção. Percebam que, de modo geral, entendemos bem tudo que acontece em uma determinada estrutura, porém falta melhorar nossos conhecimentos sobre os possíveis mecanismos de ruptura das mesmas. De forma bem simples podemos resumir em uma pergunta apenas. Quanto à estrutura aguenta receber de esforço e de deformação? Aqui vale lembrar que cada material vai ter seus limites, verificados em laboratório por meio de ensaios mecânicos. Um dos dados importantes para se verificar em termos de ensaio mecânico é a curva de tensão x deformação. Cada material terá um comportamento diferente, porém todos eles terão um limite máximo de esforço que conseguimos aplicar. A ideia do projetista, independentemente da área é projetar uma estrutura que não chegue a estes limites. Isto pode ser feito com coeficientes de segurança. Normalmente em projetos, aumentamos os esforços e diminuímos a resistência para que a estrutura seja segura e nunca atinja nenhum de seus limites. ESTÁTICA E MECÂNICA DOS SÓLIDOS II ME. PEDRO HENRIQUE MARTINEZ FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 66 Para ficar claro o que eu quis dizer vou dar um exemplo simbólico. Se uma estrutura estiver sujeita a um esforço de 200 kN de carregamento real atuante, projetamos ela como se estivesse recebendo na verdade 280 kN. Se a mesma estrutura possui tensões críticas no valor de 500 Mpa real (testada em laboratório), projetamos ela como se seu limite crítico fosse de 370 Mpa. Os números aqui são apenas exemplos hipotéticos. Percebam que damos margem de segurança, isto é proposital, pois se a estrutura aguenta 500mPa e projetamos ela no limite, qualquer interferência no sistema levará nosso projeto ao colapso. É claro que vocês terão um contato maior com este tema em disciplinas específicas de projeto. Aqui nesta aula nós vamos lidar com alguns mecanismos de ruptura teóricos. Em específico materiais dúcteis e frágeis em aço. O aço foi escolhido aqui propositalmente por ser homogêneo e isotrópico. Ou seja, apresenta as mesmas propriedades mecânicas em todas as direções. 10.2 Critérios de ruptura para materiais dúcteis em estado plano de tensões O primeiro passo aqui é compreender o que é um material dúctil. O material dúctil possui um patamar de escoamento. A tensão sobre em um determinado limite não aumenta, porém sua deformação continua aumentando. Na Figura 65 podemos ver pelo gráfico de tensão x deformação de um ensaio de tração este patamar de escoamento. Figura 65 - Gráfico de tensão x deformação com suas regiões. Fonte: do Próprio autor ESTÁTICA E MECÂNICA DOS SÓLIDOS II ME. PEDRO HENRIQUE MARTINEZ FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 67 Vejam na Figura acima que em um determinado momento não há acréscimo de tensão enquanto a deformação continua aumentando. Imagine um chiclete sendo puxado em cada um de seus lados por duas pessoas. Tanto faz as pessoas serem fortes ou fracas, não utilizaremos a capacidademáxima delas em nenhuma das situações, pois a força de tração aplicada não será diferente. Este fenômeno acontece em muitas ligas metálicas. Acredito que você já deve estar imaginando qual é o critério aqui. Exatamente, não podemos deixar o material chegar à condição de escoamento. Tensãoatuante < Tensãoescoamento O primeiro critério apresentado será o da máxima tensão de cisalhamento. Aqui a ideia básica é que os materiais dúcteis apresentam o seu estado de escoamento devido às tensões cisalhantes. Isto ocorre, por este critério, pois intuitivamente o cisalhamento se relaciona com o deslizamento de partículas em contato. Ƭmáximo < Tensãoescoamento Você deve lembrar que o cisalhamento máximo acontece no ponto referente ao centro da circunferência no eixo das tensões normais, ou seja, nas extremidades superior e inferior do círculo de Mohr. Se olhar no círculo de Mohr da aula anterior vamos ter duas situações possíveis, as duas tensões principais com o mesmo sinal e as duas tensões principais com sinais diferentes gerando as respectivas fórmulas. Podemos representar graficamente a região segura para o material utilizando o gráfico desenvolvido por Tresca na Figura 66. ESTÁTICA E MECÂNICA DOS SÓLIDOS II ME. PEDRO HENRIQUE MARTINEZ FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 68 Figura 66 - Hexágono de Tresca. Fonte: do Próprio autor Outro critério importante aqui é a máxima energia de distorção desenvolvido por Richard von Mises. Este método não será demonstrado aqui. Ele diz basicamente que o material entrará em escoamento se a máxima energia de distorção for maior que a energia de distorção necessária para o escoamento por unidade de volume do material. Na prática podemos representar pela expressão abaixo. Energia máxima de distorção < Energia necessária para entrar em regime plástico Graficamente a relação acima é representada pela Figura 67. Este critério é dado por uma elipse. Ele é menos conservador que o critério da máxima tensão de escoamento porque ele permite tensões maiores. Podemos fazer esta comparação pela Figura 68. ESTÁTICA E MECÂNICA DOS SÓLIDOS II ME. PEDRO HENRIQUE MARTINEZ FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 69 Figura 67 - Critério da máxima energia de distorção. Fonte: do Próprio autor Figura 68 - Comparação entre os dois métodos. Fonte: do Próprio autor 10.3 Critérios de ruptura para materiais frágeis em estado plano de tensões Os materiais frágeis são aqueles que apresentam a ruptura de maneira mais brusca, ou seja, não há grandes deformações se comparado a materiais dúcteis. ESTÁTICA E MECÂNICA DOS SÓLIDOS II ME. PEDRO HENRIQUE MARTINEZ FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 70 O primeiro critério que vamos abordar aqui é o da máxima tensão normal ou critério de Coulomb. Este critério é bem simples de entender. O material possui uma tensão última, ou seja, ele rompe quando a tensão chega a um determinado valor no ensaio de tração. Neste caso basta não deixarmos chegar a esta tensão. σmáxima < σruptura na tração O gráfico representativo da região segura está indicado na Figura 69. Figura 69 - Critério da máxima tensão normal. Fonte: do Próprio autor O último critério que vamos comentar aqui é o critério de Mohr. Este critério utiliza o máximo de ensaios que conseguimos para atingir a precisão adequada ao objeto de estudo. Ele consiste em fazer o círculo de Mohr para cada um dos estados de tensão onde ocorreu a ruptura do material. Se no seu projeto, o estado de tensão no qual o material está exposto for representado por um círculo de Mohr interno aos obtidos no ensaio, o material estará seguro. Na Figura 70 temos a representação de uma situação possível. ESTÁTICA E MECÂNICA DOS SÓLIDOS II ME. PEDRO HENRIQUE MARTINEZ FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 71 Figura 70 - Critério de Mohr. Fonte: do Próprio autor No livro "Mecânica técnica e resistência dos materiais” (MELCONIAN, S, 2018) encontrará mais sobre o assunto. ESTÁTICA E MECÂNICA DOS SÓLIDOS II ME. PEDRO HENRIQUE MARTINEZ FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 72 AULA 11 CRITÉRIOS DE RESISTÊNCIA II 11.1 Exercício Nesta aula vamos focar em apenas um exercício que funcionará como revisão e aplicação do que foi explicado nas aulas anteriores. A grande questão abordada aqui será como aplicar os critérios de ruptura para materiais dúcteis. Pretendo nesta aula ir comentando passo a passo a linha de raciocínio. O primeiro passo aqui é imaginar que em um elemento estrutural existe um estado plano de tensões que possa ser representado conforme a Figura 71 Figura 71 - Estado plano de tensões. Fonte: do Próprio autor O segundo passo é ter informações a respeito da tensão de escoamento. Neste caso, vamos supor que estamos falando de certo tipo de aço cuja tensão de escoamento é de 300 mPa. O objetivo aqui é descobrir se nessas condições o nosso elemento estrutural entrará em situação de escoamento. ESTÁTICA E MECÂNICA DOS SÓLIDOS II ME. PEDRO HENRIQUE MARTINEZ FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 73 11.1.1 Círculo de Mohr Para encontrarmos todas as respostas que necessitamos, temos que fazer primeiramente o círculo de Mohr. Nele encontraremos as tensões máximas e mínimas normais e também a máxima tensão de cisalhamento. As fórmulas que podemos utilizar aqui estão resumidas abaixo. σmáx,mín = tg(2θ) = Em termos do círculo de Mohr a expressão representa o centro da circunferência e a expressão representa o raio da circunferência. A expressão tg(2θ) = serve para encontrarmos o ângulo onde as tensões principais ocorrerão. Aplicando as fórmulas encontraremos as seguintes respostas. σmáx = σmáx = = 132,46 mPa σmín = - = -42,46 mPa O centro da circunferência será dado pelo seguinte valor. σcentro da circunferência = = 45 mPa O raio da circunferência será dado pelo seguinte valor. tensãoraio = = 87,46mPa O ângulo correspondente às tensões principais é dado abaixo. tg(2θ) = = 27 rad ESTÁTICA E MECÂNICA DOS SÓLIDOS II ME. PEDRO HENRIQUE MARTINEZ FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 74 2θ = 30,96º Com as informações acima se torna possível traçar o círculo de Mohr. Vamos lembrar uma regra básica para as tensões cisalhantes. Se ela tende a girar o ponto no sentido anti-horário será representada na metade de baixo, se tende a girar no sentido horário será representada na metade de cima do círculo. Na Figura 72 estão todas as informações do círculo de Mohr. Figura 72 - Círculo de Mohr completo com as informações. Fonte: do Próprio autor 11.1.2 Critérios de ruptura Agora que já possuímos todos os dados necessários vamos aplicar este critério. O primeiro e único passo é compararmos a máxima tensão de cisalhamento com metade da tensão de escoamento. = tensão de cisalhamento máxima 87,46 mPa < 87,46 mPa < 150mPa ESTÁTICA E MECÂNICA DOS SÓLIDOS II ME. PEDRO HENRIQUE MARTINEZ FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 75 Por este critério o aço não entrará em escoamento devido à máxima tensão de cisalhamento. Podemos ainda medir o coeficiente de segurança fazendo a seguinte relação. coeficiente de segurança = = 1,71 Vamos agora aplicar a relação da máxima energia de distorção 132,462 - 132,46.(-42,46) + (-42,46)2 < 1502 24972,75 < 90000 (ok, não haverá escoamento) Neste caso o coeficiente de segurança é medido da seguinte maneira. coeficiente de segurança =1,89 No livro "Mecânica técnica e resistência dos materiais” (MELCONIAN, S., 2018) encontrará mais sobre o assunto. ESTÁTICA E MECÂNICA DOS SÓLIDOS II ME. PEDRO HENRIQUE MARTINEZ FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 76 AULA 12 LINHA ELÁSTICA I 12.1 Demonstração das fórmulas Nesta aula iremos entrar mais a fundo em questões já apresentadas e prosseguiremos para a análise das flechas. Já vimos critérios de resistênciabaseados em tensões máximas, porém para o projeto devemos nos preocupar também com as deformações máximas admissíveis. É possível projetar uma viga que apresenta deformações relativamente grandes, porém muitas vezes isso gera inconvenientes. Na construção civil, por exemplo, não queremos uma casa que apresenta grandes deformações quando as pessoas estão em cima da laje. Isto também é válido para muitos elementos de máquina. Você deve estar se perguntando, existe alguma situação que é admissível grandes deformações? Sim, em muitas situações. Um exemplo simples é uma varinha de pescar profissional. Para começarmos o nosso raciocínio vamos imaginar uma barra sujeita apenas ao momento fletor conforme a Figura 73. Figura 73 - Situação antes da aplicação do momento fletor e situação depois da aplicação do momento fletor. Fonte: do Próprio autor ESTÁTICA E MECÂNICA DOS SÓLIDOS II ME. PEDRO HENRIQUE MARTINEZ FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 77 Olhando a Figura 70 fica nítido que na flexão a linha AB diminui e a linha A’B’ aumenta. Isto já sabíamos, mas agora vamos escrever de forma mais formal. Aqui só temos o estado uniaxial de tensões, pois como estamos falando de uma flexão pura, só existirá a tensão em (σx) No caso acima devemos lembrar que estamos falando de tração abaixo da linha neutra e compressão acima da linha neutra. Agora vamos formalizar com cálculos a partir da Figura 74. Figura 74 - Dados importantes para as formulações. Fonte: do Próprio autor Vamos dar o nome de L para o comprimento da viga antes da deformação. Na região da linha neutra a viga possui o mesmo tamanho L que pode ser escrito da seguinte forma. L = P.θ O comprimento do arco AB é dado da seguinte forma. Lab = (P - y).θ A variação de comprimento e a deformação podem ser escritas conforme segue abaixo. ΔL = (P - y)θ - P.θ = -yθ εx = ESTÁTICA E MECÂNICA DOS SÓLIDOS II ME. PEDRO HENRIQUE MARTINEZ FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 78 A maior deformação possível pode ser escrita da seguinte maneira. εmáx = Isolando P e substituindo da equação de ε_xchegamos a seguinte relação εx = .εmáx Agora vamos utilizar nossos conhecimentos anteriores para ajustar o que descobrimos em função das tensões. σx = E.εx E.εx = E. .εmáx σx = .E.εmáx σx = .σmáx ∫ σx dA = ∫ .σmáx = - ∫ ydA = 0 ∫ ydA = 0(momento estático em relação à linha neutra vale 0) A linha neutra passa pelo centro de gravidade da seção quando submetida apenas ao momento fletor. Isto já demonstra muito do que aplicamos anteriormente. Usando a equação integral do momento ficaremos com a seguinte solução. ∫ -yσx dA = Momento ∫ -yσx dA = ∫ -y .σmáx = ∫ y²dA = M ∫ y²dA = momento de inércia σmáx = Está demonstrada a nossa fórmula da flexão que já usamos anteriormente. Vamos continuar o raciocínio. εmáx = ESTÁTICA E MECÂNICA DOS SÓLIDOS II ME. PEDRO HENRIQUE MARTINEZ FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 79 = curvatura εmáx = Ficaremos com uma das relações mais importantes. A curvatura é dada pelo momento fletor dividido pelo módulo de elasticidade vezes o momento de inércia. A grande questão é que não vamos trabalhar com , pois não faz sentido. Queremos trabalhar com deformação em y por comprimento x, conforme a Figura 71 já mostrada anteriormente. Na matemática a equação geométrica da curvatura pode ser dada da seguinte maneira. Nos problemas convencionais de engenharia a relação abaixo vale zero porque estamos pensando em pequenas deformações (Não é o caso da varinha de pescar profissional). ²=0 equivale ao ângulo e estamos falando de ângulos pequenos Finalmente encontramos a nossa última equação que vamos aplicar na próxima aula. No livro "Mecânica técnica e resistência dos materiais” (MELCONIAN, S, 2018) encontrará mais sobre o assunto. ESTÁTICA E MECÂNICA DOS SÓLIDOS II ME. PEDRO HENRIQUE MARTINEZ FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 80 AULA 13 LINHA ELÁSTICA II 13.1 Resolução da Linha Elástica Já sabemos qual é a equação diferencial que resolve os nossos problemas. O problema maior agora é resolvê-la, por causa disso irei abordar um exercício para fazer o passo a passo comentado. Na Figura 72 temos a representação do nosso primeiro problema. Uma viga em balanço isostática, ou seja, resolvemos ela completamente pelas equações básicas da estática. Percebam pela Figura 75 que é importante marcar os eixos do problema, não precisa ser necessariamente igual ao meu. A viga representada possui uma deformação e desejamos encontrar qual é a fórmula da deformação na ponta da viga. Na ponta irá ocorrer a flecha máxima. Figura 75 - Primeiro exercício. Fonte: do Próprio autor A equação diferencial para resolver o problema é a seguinte. ESTÁTICA E MECÂNICA DOS SÓLIDOS II ME. PEDRO HENRIQUE MARTINEZ FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 81 O módulo de elasticidade (E) é obtido em laboratório e o momento de inércia (I) é calculado pelos procedimentos que já foram explicados nas primeiras aulas. Nos resta saber manipular a equação diferencial e montar a função do momento fletor variando com x. M(x) = ? Começamos lembrando qual é o diagrama de momento fletor para o caso apresentado. A primeira informação aqui é que ele é uma reta e não do segundo grau. A segunda informação básica é que o momento do fletor no engaste vale F.L. O diagrama está representado na Figura 76. Figura 76 - Diagrama de momento fletor. Fonte: do Próprio autor A parte mais importante aqui é o procedimento. • Devemos “cortar” a estrutura em um ponto qualquer e escrever as distâncias em função de x e L. • Depois da estrutura cortada, escolher o lado direito ou esquerdo para montar o esquema estático com as informações (tanto faz qual é o lado escolhido). • Montar a equação do momento fletor com as informações obtidas. • Resolver a equação diferencial de segunda ordem. O passo a passo está representado na Figura 77 e com ele podemos chegar na seguinte equação do momento fletor em função de x. M(x) = F(L - x) ESTÁTICA E MECÂNICA DOS SÓLIDOS II ME. PEDRO HENRIQUE MARTINEZ FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 82 Figura 77 - Passo a passo olhando à direita. Fonte: do Próprio autor Vamos olhar para a esquerda também, pois apesar da solução ser a mesma encontraremos outras dificuldades pelo caminho. Na Figura 78 temos representado o procedimento à esquerda. Figura 78 - Passo a passo olhando à esquerda. Fonte: do Próprio autor ESTÁTICA E MECÂNICA DOS SÓLIDOS II ME. PEDRO HENRIQUE MARTINEZ FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 83 O problema de olhar à esquerda, neste caso, é que devemos acrescentar um passo a mais na resolução do nosso problema. Este passo serve para simplificar o último esquema estático de forma a conseguirmos montar a equação do momento fletor. Aqui vale uma observação importante a respeito das reações colocadas em evidência na Figura 75, elas estão na direção, sentido e giro correto. Na Figura 79 está o procedimento para montar a equação do momento fletor. A equação ficará da seguinte forma. M(x) = +FL - Fx M(x) = F(L-x) Figura 79 - Procedimento para montagem da equação dos momentos. Fonte: do Próprio autor Independentemente de olhar à esquerda ou à direita chegamos a mesma equação e agora estamos preparados para resolver o problema. ESTÁTICA E MECÂNICA DOS SÓLIDOS II ME. PEDRO HENRIQUE MARTINEZ FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 84 A equação encontrada acima é a equação do giro, pois dy dividido por dx equivale ao ângulo entre a deformação vertical e o eixo x. Se aplicarmos a antiderivada mais uma vez encontramos a equação da flecha ( y(x)). Agora devemos encontrar C1e C2 com a aplicação das condições de contorno. Usaremos primeiro a equação do giro, pois sabemos que o giro é igual a zero quando x vale zero. Isto ocorre porque o engaste trava o giro no ponto x = 0. Olhe na Figura 72 para lembrar. 0=1/EI FL.0 -1/2EI F.0² + C_1 0 = C1 Por fim utilizaremos mais uma condição de contorno,
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