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Qualidade de água em sistemas aquáticos �2 Altamar Equipamentos e Sistemas Aquáticos Gabriel Bernardes Martins Marcelo Roberto Pereira Shei Qualidade de água em sistemas aquáticos 1a edição Santos, São Paulo 2019 �3 Altamar Equipamentos e Sistemas Aquáticos Prefácio Qualidade de água é o tópico mais importante para qualquer profissional que irá trabalhar com organismos ou sistemas aquáticos. Essa disciplina interfere diretamente na condição de saúde dos animais, independentemente se estamos em uma estrutura de criação, pesquisa ou aquário público. Conhecimento a respeito desse tema estará diretamente relacionado na obtenção de sucesso na nossa operação. Este e-book tem como objetivo fornecer informações básicas e práticas a respeito dos principais parâmetros de qualidade de água utilizados na manutenção de organismos aquáticos, apresentando informações que ajudem na operação dos mais diversos tipos de sistemas. Fizemos questão de também indicar ferramentas que auxiliarão no monitoramento e manutenção de boas condições de qualidade de água. Marcelo Shei, Dr. Sócio Diretor da Altamar Sistemas Aquáticos �4 Altamar Equipamentos e Sistemas Aquáticos Sumário 1 Introdução 5 2 Qualidade de água 6 2.1 Temperatura 5 2.2 Oxigênio 7 2.3 Nutrientes 8 2.3.1 Nitrogenados 8 2.3.1.1 Amônia 8 2.3.1.2 Nitrito 9 2.3.1.3 Nitrato 10 2.3.2. Fósforo 10 2.4 pH, CO2 e alcalinidade 11 2.5 Sólidos 12 2.5.2 Dissolvidos e turbidez 12 2.5.3 Salinidade e composição iônica 13 3 Referências Bibliográficas 14 �5 Altamar Equipamentos e Sistemas Aquáticos 1. Introdução Peixes, crustáceos, moluscos e outros organismos aquáticos são diretamente dependentes dos parâmetros de qualidade de água para manterem bom estado de saúde, crescimento e reprodução. Portanto, a qualidade de água possui significativa importância no sucesso ou insucesso durante a produção ou manutenção de organismos aquáticos. Como a água é essencial para a manutenção desses organismos, qualquer planejamento de instalação de criação ou manutenção de peixes precisa considerar a qualidade e a quantidade de água disponível para a operação. Para assegurar o uso sustentável dos recursos naturais, é fundamental realizar de maneira correta a água na aquicultura e em outras instalações com organismos aquáticos. Nesse contexto, são utilizadas estruturas mais eficientes, que realizam melhor aproveitamento de: água, área e nutrientes disponíveis. N a a q u i c u l t u r a , o s u c e s s o d e u m empreendimento está na capacidade de manter um ambiente que permita uma boa taxa de crescimento com o uso mínimo de recursos. O ambiente aquático é um ecossistema complexo e composto de diversos parâmetros variáveis e que muitas vezes se relacionam entre si. Alguns deles como o oxigênio dissolvido, a amônia, o pH e a temperatura possuem grande importância e alteram significativamente as taxas de sobrevivência e crescimento dos organismos cultivados. Nos centros de pesquisa, estudos com organismos aquáticos, como o Zebrafish Danio rerio, têm aumentado nos últimos anos. Algumas vezes, são necessários meses e até anos para a obtenção de resultados de pesquisa consistentes. Portanto, a manutenção de condições de qualidade de água controladas são essenciais para completar os ensaios propostos. A utilização de sistemas dedicados tem permitido a manutenção de uma grande diversidade de espécies. Independentemente do parâmetro requerido, isso tem permitido o desenvolvimento de ensaios de fisiologia, nutrição, toxicidade, genética, embriologia e outros. Nos aquários públicos, zoológicos e centros de reabilitação de fauna silvestre, a diversidade de espécies mantidas é bastante alta, várias delas possuem exigências específicas de parâmetros como de temperatura, salinidade, pH e oxigênio dissolvido. A manutenção de condições ótimas melhora o bem estar animal e diminui as chances de desenvolvimento e disseminação de doenças. Independentemente do tipo de instalação e do propósito, o conhecimento dos aspectos básicos de qualidade da água são tão essenciais quanto ela mesma. Portanto, o objetivo deste e-book é apresentar uma breve revisão dos parâmetros físicos e químicos de qualidade de água, que são relevantes para a manutenção de organismos aquáticos. �6 Altamar Equipamentos e Sistemas Aquáticos 2. Qualidade de água 2.1. Temperatura A temperatura é um parâmetro físico de qualidade de água que influencia, por exemplo, a concentração de oxigênio dissolvido, a taxa metabólica, a reprodução e o crescimento dos animais. A sua medição é realizada através de termômetros, a unidade internacional utilizada é graus celsius (°C). As espécies cultivadas possuem intervalos de temperatura considerados ideais para crescimento e reprodução (Tabela 1). Tabela 1. Faixa de temperatura (°C) para o crescimento de algumas espécies. Para controlar a temperatura em sistemas fechados, de acordo com o volume total, podem ser utilizadas estufas agrícolas, e aquecedores térmicos. As bombas de calor são a forma elétrica mais eficiente para a geração de calor, chegando a consumir 70% menos do que uma resistência elétrica. Figura: Pós larvas de camarões marinhos L. vannamei. Espécie Temperatura ideal (ºC) Referência Tilápia - Oreochromis niloticus 28 - 29 Santos et al. (2013) Zebrafish - Danio rerio 24 - 28 Harper & Lawrence (2011) Camarão gigante - Macrobrachium rosenbergii 24 - 32 New et al. (2010) Camarão marinho - Litopenaeus vannamei 28 - 30 Ponce-Palafox et al. (1997) Figura: Bomba de Calor em titânio. Equipamento adequado para aquecimento e resfriamento de sistemas aquáticos. https://altamar.com.br/produtos/aquecedores/ https://altamar.com.br/produtos/aquecedores/ �7 Altamar Equipamentos e Sistemas Aquáticos 2.2. Oxigênio Em ambientes aquáticos, a concentração de oxigênio dissolvido é influenciada pela temperatura, salinidade e altitude (Tabela 2). Para mensurar a concentração de oxigênio, o recomendado é a utilização de oxímetros. Esses aparelhos possuem uma sonda com membrana ou leitura óptica capaz de ler instantaneamente a concentração do gás na água. As unidades de medida utilizadas como padrão são mg/L ou percentual de saturação (%sat). Sistemas em que são utilizadas densidades de estocagem significativas é necessário o uso de sistema de aeração suplementar. Por exemplo, sistemas de cultivo comumente utilizam os compressores radiais (blower’s) e difusores (por mangueira, pedras de aeração ou discos microperfurados). Em sistemas fechados também é comum a utilização de venturis ou nozzles, funcionando com injeção de ar atmosférico na água, formando microbolhas. Além disso, em sistemas de recirculação (recirculating aquaculture systems - RAS) com densidades de estocagem superintensivos, é possível injetar O2 puro diretamente no sistema. Mais recentemente, como forma de aumentar a segurança dos sistemas, têm sido utilizados sistemas de monitoramento remoto dos parâmetros de qualidade da água. Esses sistemas monitoram e controlam continuamente os parâmetros de água, acionando, por exemplo, um aerador quando a concentração de oxigênio chegar a um nível mínimo programado. Além da segurança, um sistema como esse diminui de forma significativa o custo de energia elétrica com aeração. Para a estimativa de consumo de oxigênio do sistema, são considerados: a espécie produzida, a fase de desenvolvimento, a biomassa total, entrada de alimento por dia (quantidade e composição bioquímica), tamanho do biofiltro e a quantidade de fluxo de água diário. Tabela 2. Solubilidade de oxigênio dissolvido (mg/L) em função da salinidade (g/L) e temperatura (°C), considerando a pressão barométrica de 760 mm Hg. Adaptado de Boyd (2015). Temperatura / Salinidade 0 10 30 15 10,07 9,47 8,38 20 9,07 8,55 7,60 25 8,24 7,78 6,95 30 7,53 7,13 6,39 Figura: Oxímetro digital. Equipamento utilizado para monitoramento de oxigênioe temperatura. Figura: Sistema de monitoramento e controle de qualidade de água sendo monitorado remotamente através de https://altamar.com.br/produto/medidor-de-oxigenio-dissolvido-hi9146/ https://altamar.com.br/produtos/aeracao/ https://altamar.com.br/produtos/aeracao/ https://altamar.com.br/produtos/controladores/ https://altamar.com.br/produto/medidor-de-oxigenio-dissolvido-hi9146/ https://altamar.com.br/produtos/aeracao/ https://altamar.com.br/produtos/aeracao/ https://altamar.com.br/produtos/controladores/ �8 Altamar Equipamentos e Sistemas Aquáticos 2.3. Nutrientes Nos sistemas aquáticos, os principais nutrientes d isso lv idos na água es tão re lac ionados às concentrações de nitrogênio e fósforo. Ambos são provenientes principalmente da ração, devido às sobras de ração e não absorção pelos organismos mantidos. A manutenção da concentração de nitrogenados e fósforo é fundamental para o bom funcionamento dos sistemas de produção em aquicultura, sendo a biofiltração (hetero, auto ou fotoautotrófica) a melhor alternativa. É importante destacar, que a liberação dos efluentes de aquicultura deve estar de acordo com os padrões estabelecidos pela Resolução do CONAMA 357 (2005). Para a dosagem das concentrações de nutrientes na água (nitrogenados e fósforo) são amplamente utilizados métodos colorimétricos (mg/L). 2.3.1. Nitrogenados A manutenção dos nitrogenados a níveis seguros é um dos maiores desafios na manutenção e produção de organismos aquáticos. Os produtos nitrogenados são: amônia, nitrito e nitrato. 2.3.1.1. Amônia As principais fontes de amônia são a excreção pelos organismos produzidos e as sobras de ração. Peixes e crustáceos excretam nitrogênio na forma de amônia, como subproduto do metabolismo proteico. Basicamente, a amônia é apresentada como amônia tóxica (NH3), amônia ionizada (NH4+) ou amônia total (NH3 + NH4+). A amônia tóxica (NH3) é a forma que apresenta maior risco à condição sanitária dos organismos cultivados. A concentração de NH3 pode ser determinada a partir do valor de amônia total, relacionada aos valores de pH e temperatura da água (Tabela 3). Tabela 3. Percentual de amônia tóxica em relação à amônia total em função da temperatura (°C) e do pH. Como forma de manter a concentração de amônia tóxica em níveis seguros, em sistemas de recirculação são utilizados os biofiltros. Esses, são substratos rígidos para a fixação de bactérias nitr ificantes (quimioautotróficas), que são as responsáveis pela nitrificação. A nitrificação é um processo que ocorre em duas etapas (reação A e B). Primeiramente, a amônia é oxidada a nitrito, e finalmente, este é oxidado a nitrato, a forma nitrogenada menos tóxica. (A) NH3 bactérias NO2- (B) NO2- bactérias NO3- A Tabela 4 apresenta os valores de toxicidade de amônia para os organismos produzidos. De maneira geral, a toxicidade da amônia aos organismos é tamanho dependente, sendo os organismos de maior tamanho menos resistentes à NH3. Temperatura/pH 6,0 6,5 7,0 7,5 8,0 15 0,027 0,086 0,273 0,859 2,67 20 0,039 0,125 0,396 1,24 3,82 25 0,056 0,180 0,566 1,77 5,38 30 0,080 0,254 0,799 2,48 7,46 Figura: Colorímetro digital portátil de amônia Figura: Exemplares de Zebrafish Danio rerio. https://altamar.com.br/produtos/analise-de-agua/ https://altamar.com.br/produtos/filtros-biologicos/ https://altamar.com.br/produtos/analise-de-agua/ https://altamar.com.br/produtos/analise-de-agua/ https://altamar.com.br/produtos/filtros-biologicos/ https://altamar.com.br/produtos/analise-de-agua/ �9 Altamar Equipamentos e Sistemas Aquáticos 2.3.1.2. Nitrito Produzido pelo processo de nitrificação, o nitrito (NO2-) é a forma intermediária dos compostos nitrogenados. Possui significativa toxicidade, causando nos peixes a formação de metahemoglobina, o que reduz a capacidade de transporte de oxigênio pelo sistema circulatório, resultando na denominada doença do sangue marrom. A Tabela 5 apresenta os valores de toxicidade de nitrito. De forma geral, os biofiltros demoram entre 30-60 dias para atingir a completa oxidação dos nitrogenados. Portanto, períodos inferiores a esse apresentam como característica elevação nas concentrações de nitrito. Desta forma, antes da adição dos organismos cultivados, é necessário realizar o preparo prévio do biofiltro. Em situações em que há risco na elevação das concentrações de NO2-, como forma de prevenir mortalidades e reduzir a toxicidade, pode ser utilizado o cloreto (Cl-). A proporção recomendada entre a concentração de Cl-:NO2- é 10:1 ou mais (Durborow et al. 1997). Por exemplo, as fontes de Cl- que podem ser adicionadas são o cloreto de sódio (NaCl) ou o cloreto de cálcio (CaCl2). Espécie Tamanho CL50 - 96 h Referência Tilápia - O. niloticus 4,5 g 0,96 Evans et al. (2006) Tambaqui – Colossoma macropomum 3,4 g 1,08 Souza-Bastos, Val & Wood (2017) Pirarucu – Arapaima gigas 13,7 g 0,70 Souza-Bastos, Val & Wood (2017) Camarão marinho – L. vannamei Juvenis (22 mm) 1,60 Lin & Chen (2001) Espécie Tamanho CL50 – 96 h (mg NO2-/L) Referência Tilápia - O. niloticus 12,5 g 81 Atwood et al. (2001) Zebrafish - D. rerio Larvas (20 – 25 dias) Adultos (2 – 3 meses) 386 242 Voslárová et al. (2006) Tambaqui - C. macropomum 65 g 5,98 Costa et al. (2004) Camarão marinho - L. vannamei Juvenis (56 mm) 322 (salinidade 35‰) Lin & Chen (2003) Tabela 4: Toxicidade da amônia para espécies de organismos produzidos. Tabela 5. Toxicidade do nitrito (mg NO2-/L) para algumas espécies de organismos aquáticos. https://altamar.com.br/produtos/filtros-biologicos/ https://altamar.com.br/produtos/filtros-biologicos/ �10 Altamar Equipamentos e Sistemas Aquáticos 2.3.1.3. Nitrato A última etapa da nitrificação produz o nitrato (NO3-), que é o composto nitrogenado com menor toxicidade. Em sistemas que utilizam a nitrificação, naturalmente ocorrerá o acúmulo de nitrato no sistema. Quanto maior for a ciclagem quimioautotrófica e entrada de alimento diário, maior será o acúmulo de nitrato no sistema. São poucos os trabalhos que demonstram a toxicidade do NO3- aos organismos produzidos, e para algumas situações as reduções no desempenho zootécnico podem ser atribuídas ao acúmulo deste nutriente. Portanto, esse é um nutriente que deve ser avaliado principalmente quando existem restrições para renovação, trocas parciais ou quando a água é reutilizada entre os ciclos. Por exemplo, foi demonstrado que para a tilápia do Nilo, o recomendado são valores abaixo de 500 mg NO3-/L (Monsees et al., 2017) e para zebrafish D. rerio abaixo de 200 mg/L (Learmonth & Carvalho, 2015). Além disso, para a manutenção de aquários públicos, concentrações de NO3- superiores a 10 mg/L, têm sido relacionados com a formação de bócio e mortalidade de tubarões e raias, podendo causar mortalidades nos casos mais severos (Crow, 2004). Em RAS e aquários públicos que possuam restrições de trocas de água e que possuam grande acúmulo de NO3-, a utilização de filtros desnitrificadores podem ser úteis para garantir níveis baixos desse composto. Esse é um filtro anaeróbico com capacidade de realizar a redução do NO3- até N2 (forma gasosa liberada para a atmosfera), diminuindo a necessidade de trocas de água nesses sistemas com restrição de troca de água. 2.3.2. Fósforo Para sistemas de produção, que não utilizam a ciclagem fotoautotrófica dos nutrientes, haverá acúmulo de fósforo. Apenas entre 10-20% do fósforo disponível na ração será absorvido pelos organismos produzidos, sendo que os restantes 80-90% estarão disponíveis na água. As principais formas do fósforo na água são fosfato diácido (H2PO4-) e fosfato ácido (HPO4-2). Essas formas não representam risco direto aos organismos produzidos, entretanto, por serem nutrientes, podem ser utilizados por organismos fotossintetizantes. Desta forma, a concentração de fósforo é utilizada para determinar o estado tróficodo ambiente aquático. Como forma de manter o fósforo total a níveis baixos, podem ser recomendadas: renovações de água periódicas, utilização de carvão ativado ou filtração por organismos fotossintetizantes. De acordo com a Resolução do CONAMA 357/2005, a liberação de efluentes deve possuir as concentrações de fósforo total entre 0,02 e 0,1 mg/L, de acordo com o ambiente. Figura: Tubarões e raias são exemplos de animais com baixa tolerância ao nitrato. �11 Altamar Equipamentos e Sistemas Aquáticos 2.4. pH, CO2 e alcalinidade O pH (potencial hidrogeniônico) representa a quantidade de prótons (H+) disponíveis no meio aquoso, sendo demonstrado pela escala entre 0 e 14. Em ambientes de água doce, o recomendado é utilizar águas próximas a neutralidade (6,5 - 7,5), enquanto que para águas marinhas valores entre 8,0 - 8,5. Em sistemas de produção para a aquicultura é convencional as oscilações nos valores de pH. Em sistemas que utilizam as ciclagens fotoautotróficas (principalmente microalgas) as oscilações do pH são diárias de acordo com o regime luminoso. Durante a fase luminosa, as microalgas realizam a fotossíntese, produzindo O2 e consumindo o CO2 dissolvido, o que ocasiona aumento nos valores de pH. Durante a fase escura, há consumo de O2 e produção de CO2, ocasionando redução do pH. Ainda, em sistemas que utilizam biofiltros autotróficos (realizando a nitrificação) há uma tendência natural na redução do pH, devido ao consumo de alcalinizantes pelas bactérias nitrificantes. Além disso, os próprios organismos produzidos, peixes ou camarões, produzem e consomem compostos que favorecem a redução do pH no meio, como CO2 e H+. A alcalinidade representa a soma das bases dissolvidas, como bicarbonato (HCO3-) e carbonato (CO3-). Essas bases são responsáveis por evitar as oscilações nos valores de pH, portanto, são consideradas importantes no tamponamento da água. Para a manutenção do pH estabilizado, em água doce, são recomendados valores acima de 50 mg CaCO3/L, enquanto que para água marinha acima de 120 mg CaCO3/L. E m s i s t e m a s R A S é f u n d a m e n t a l o monitoramento da alcalinidade, pois o biofiltro é responsável por grande consumo das bases. Desta forma, são necessárias correções com produtos alcalinizantes, como o bicarbonato de sódio (NaHCO3), carbonato de cálcio (CaCO3), carbonato de sódio (Na2CO3) ou cal hidratada (CaOH2). É importante destacar que a cal hidratada possui grande poder de neutralização, causando rápido aumento nos valores de pH, portanto sua utilização deve ser realizada com cuidado, podendo ser recomendado o uso de concentrações entre 2,0 e 50,0 mg/L. Ao utilizar os alcalinizantes, após a sua dissociação na água, serão produzidos uma base e um íon. De acordo com o produto utilizado, a adição no sistema pode ser de cátions divalentes, que representam a dureza da água. Em água doce a dureza é representada principalmente pelo cálcio (Ca2+), podendo determinar a classificação da água como: mole (<50 mg CaCO3/L), moderada (50 - 150 mg CaCO3/L), dura (150 - 300 mg CaCO3/L) e muito dura (>300 mg/L) (Boyd, 2015). Em contrapartida, para água marinha, o magnésio (Mg2+) possui significativa relevância, sendo encontrado em média valores de Ca2+ em 400 mg/L e Mg2+ em 1.350 mg/L (Boyd, 2015). Figura: Aquicultura de corais duros. Esses animais são bastante exigentes quanto ao nível de pH, alcalinidade e cálcio na água. �12 Altamar Equipamentos e Sistemas Aquáticos 2.5. Sólidos Para sistemas com baixa ou nula renovação de água, as principais fontes de sólidos são: excreção dos organismos produzidos (fezes), sobras de alimento e produção de biomassa pelo fito e zooplâncton. Em RAS, a presença de sólidos é indesejável, pois está associada ao aumento no consumo de oxigênio (demanda química e biológica de oxigênio), aumento na concentração de microorganismos associados a patologias e mal funcionamento do biofiltro (oscilações nas taxas de nitrificação). Portanto, para a manutenção da qualidade de água, são utilizados filtros de sólidos. A seleção do equipamento de filtração é realizada de acordo com a quantidade total de sólidos e o tamanho das partículas a serem removidas (por ex., 10 - 500 µm). Desta forma, partículas pequenas podem ser removidas em filtros tipo bag, intermediárias por filtros de disco, bead ou tambor, enquanto que as maiores em sedimentadores. 2.5.2. Dissolvidos e turbidez O s s ó l i d o s d i s s o l v i d o s n a á g u a s ã o representados pelos íons e partículas orgânicas (<2µm). Desta forma, os sólidos dissolvidos causam alterações na turbidez da água, que se refere a uma propriedade ótica, devido a maior ou menor penetração da energia luminosa. O aumento da turbidez pode ser causado por: aumento dos sólidos suspensos e dissolvidos, fito e zooplâncton. Para quantificar a turbidez, são utilizados equipamentos digitais (turbidímetro), apresentando como os valores em unidades nefelométricas de turbidez (NTU). Em sistemas com baixa ou nula renovação de água, o demasiado aumento da turbidez pode ser ocasionado, por exemplo, por uma ineficiente remoção de sólidos, resultando em renovações de água desvantajosas. Em sistemas fechados, a utilização de filtros mecânicos tem como função diminuir a quantidade de partículas na água. Como forma de remover as partículas de menor tamanho que aumentam a turbidez da água, são utilizados os Protein Skimmers. Esses filtros removem partículas menores do que 20 µm, formadas principalmente por frações orgânicas proteicas e lipídicas e que dificilmente seriam removidos por outros métodos. Figura: Enriquecimento ambiental em recinto de hipopótamo no zoológico de Dallas, EUA. A utilização de sistema adequado de filtragem permite a manutenção de ótima condição de qualidade de água e visão submersa. https://altamar.com.br/produtos/filtros-mecanicos/ https://altamar.com.br/produto/medidor-turbidez-com-maleta-para-transporte-hi93703c/ https://altamar.com.br/produtos/filtros-mecanicos/ https://altamar.com.br/produtos/filtros-mecanicos/ https://altamar.com.br/produto/infraestrutura-1/ https://altamar.com.br/produtos/filtros-mecanicos/ https://altamar.com.br/produtos/filtros-mecanicos/ https://altamar.com.br/produto/medidor-turbidez-com-maleta-para-transporte-hi93703c/ https://altamar.com.br/produtos/filtros-mecanicos/ https://altamar.com.br/produtos/filtros-mecanicos/ https://altamar.com.br/produto/infraestrutura-1/ https://altamar.com.br/produtos/filtros-mecanicos/ �13 Altamar Equipamentos e Sistemas Aquáticos 2.5.3. Salinidade e composição iônica A soma de todos os íons dissolvidos na água representa a salinidade. As unidades utilizadas para apresentar a salinidade podem ser PSU (practical unity of salinity), percentual (%), partes por mil (ppt) ou massa/volume (mg/L ou g/L). Para a determinação da salinidade podem ser utilizados refratômetros óticos ou digitais. As águas são classificadas como doce, salobra ou marinha. A salinidade utilizada como referência para cada classificação varia de acordo com os autores ou a legislação, entretanto, será considerada água doce quando a salinidade for menor que 0,5 g/L, salobra entre 0,5 e 25 g/L e marinha acima de 25 g/L. Com o desenvolvimento da aquicultura tem sido comum a produção de organismos de água doce em água salobra, ou até mesmo de camarões marinhos em salinidade reduzida. Entretanto, é importante destacar que as diferentes fontes de água (superficial, subterrânea ou marinha) possuem composições iônicas distintas. Além disso, cada espécie produzida para atingir seu máximo desempenho produtivo possui requerimentos iônicos, relacionados a capacidade osmorregulatória. Portanto, é recomendado verificar os balanços iônicos, especialmente para Na+, Cl-, K+, Ca+2, Mg+2, SO4- e Fe, para caso seja necessário, realizar correções. Em sistemas com baixa ou nula renovação de água, é comum ocorrer excessiva elevaçãoda salinidade. Em ambientes marinhos, isso ocorre principalmente devido a evaporação de água e reposição com água marinha. Já em água doce, o acúmulo de subprodutos da ração e dos alcalinizantes poderá causar elevação da salinidade. Portanto, é fundamental o monitoramento desse parâmetro. Figura: equipamentos ópticos e eletrônicos, portáteis e de fácil manuseio. Figura: eclosão de náuplios de Artemia salina em água com salinidade de 35 g/L. https://altamar.com.br/produtos/analise-de-agua/ https://altamar.com.br/produtos/analise-de-agua/ �14 Altamar Equipamentos e Sistemas Aquáticos 3. Referências bibliográficas Atwood, H. L., Fontenot, Q. C., Tomaso, J. R., Isely, K. K. 2001. Toxicity of nitrite to Nile Tilapia: effect of fish size and environmental chloride. North American Journal of Aquaculture 63, 49–51. Boyd, C. E. 2015. WaterQuality: AnIntroduction. 2° edition. Springer International Publishing. Costa, O. T. F., Ferreira, D. J. S., Mendonça, F. L. P., Fernandes, M. N. 2004. Susceptibility of the A m a z o n i a n fi s h , C o l o s s o m a m a c r o p o m u m (Serrasalminae), to short-term exposure to nitrite. Aquaculture 232, 627–636. Crow, G. L. 2004. Goiter in Eslamobranchs. In Smith, M., D. Warmolts, D. Thoney, and R. Hueter (editors). 2004. The Elasmobranch Husbandry Manual: Captive Care of Sharks, Rays and their Relatives. Special Publication of the Ohio Biologioal Survey. p 441-446. Durborow, R. M., Crosby, D. M., Brunson, M. W. 1997. Nitrite in Fish Ponds. SRAC Publication 462. Emerson, K., Russo, R. C., Lund, R. E., Thurston, R. V. 1975. 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