Buscar

USF_PED_U6_Ética_e_cidadania-1

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 11 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 11 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 11 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

ÉTICA E CIDADANIA
48
SA
IB
A 
M
A
IS
UNIDADE 6
A NECESSIDADE DE REGRAS 
MORAIS
1. OS DILEMAS ÉTICOS CONTEMPORÂNEOS
Imagine a seguinte situação: um sequestrador seleciona duas barcas na baía de uma 
cidade grande e instala nelas duas bombas. Uma das barcas está transportando traba-
lhadores e cidadãos comuns que voltam para suas residências, após um dia de traba-
lho. A outra está transportando prisioneiros condenados por crimes graves contra a so-
ciedade. O sequestrador informa aos passageiros das duas barcas que eles possuem, 
cada um, o detonador da bomba da outra barca. O primeiro que detonar a outra barca 
garantirá a sobrevivência de todos em sua barca. Imediatamente o dilema se instaura. 
Quais vidas são mais importantes? Quais são os limites para a defesa da própria so-
brevivência? Os cidadãos comuns ao escolherem aqueles que já foram condenados 
e criminosos devem morrer, eles se igualam a eles? E os condenados ao escolherem 
sobreviver serão mais criminosos ainda confirmando o que a sociedade argumenta que, 
entre eles, não existem valores éticos?
Esse episódio conhecido por muitos como uma das cenas mais impactantes do filme de 
Hollywood Batman: o cavaleiro das trevas, baseia-se em um clássico dilema da teoria 
dos jogos determinado o “Dilema dos Prisioneiros” (LUCE; TUCKER, 1959, p. 13) e 
utilizado desde a década de 1950 para pensarmos em estratégias decisórias frente a 
situações inusitadas e de difícil discernimento. 
Esse também é o exemplo escolhido para ilustrar a discussão desta unidade. Se todos 
temos, em nossa composição como sujeitos e cidadãos, valores sociais e morais que 
nos conduzem à uma prática responsável e direcionada ao bem-comum, porque temos 
a necessidade de construir novas regras morais e atitudinais para profissionais distintos 
e situações distintas? 
Todos nós já ouvimos a expressão “a escolha de Sofia”. Quando em 1979, o escritor in-
glês William Styron publicou seu romance com esse título que resumia o enredo de sua 
personagem principal, ele nem sequer imaginou que dali em diante o mundo ocidental 
utilizaria essa expressão sempre que quisesse se referir a um dilema que se estabelece 
entre escolhas muito difíceis. 
O nome dilema é o termo escolhido para identificar situações nas quais as escolhas 
são aparentemente impossíveis ou, como identificamos nas teorias éticas, as opções 
representam bens irreconciliáveis ou males inescapáveis.
U6
49Ética e Cidadania
A necessidade de regras morais
SA
IB
A 
M
A
IS
Na vida pessoal, os grandes dilemas nos colocam em situações em que devemos esco-
lher entre sonhos, projetos e, de maneira mais delicada, em ocasiões que enfrentamos 
a vida versus a morte. Isso se dá, normalmente, porque os dilemas colocam em con-
fronto nossos valores. 
Se analisarmos o contexto das sociedades contemporâneas, notaremos que enfrenta-
mos um período no qual os paradigmas, isto é, os grandes postulados e princípios que 
determinavam a estrutura social e moral de um tempo, vêm sendo colocados à prova, 
gerando novos desafios e redimensionando conceitos e valores. 
Em outros tempos da história da humanidade, como no Renascimento do século XV, 
após as Revoluções Industrial e Francesa no século XVIII, ou mais recentemente, logo 
após a segunda guerra mundial no século XX, a sociedade foi fortemente impactada por 
essas mesmas dúvidas e reflexões. 
Alguns teóricos defendem que essa crise ética se dá pela inexistência nesses períodos 
de mudança das chamadas “teorias universais da moralidade”, que geram um momento 
de “suspensão de juízos”, no qual não se sabe exatamente quem se é, o que se tem ou o 
que se deve fazer, mas se tem certeza do que aquilo que acreditávamos ter e saber não 
se mostra mais suficiente para explicar e/ou referenciar o mundo atual em que vivemos. 
Compreende-se como “Teoria Universal da Moralidade” ou “Universalismo Moral” as 
propostas de sistema ético para as quais todos os indivíduos possuem ou estão em 
uma situação semelhante – e por vezes até idêntica –, considerando-se, sobretudo, 
sua natureza humana. Entende-se que a ação moral é única e as decisões são toma-
das independente de características como raça, cultura, sexo, religião, nacionalidade, 
sexualidade ou qualquer outro distinto. Um dos períodos filosóficos que possui varia-
dos sistemas éticos universais é o da Filosofia Antiga e, depois, os estabelecidos no 
Iluminismo, como o período analisado pelo professor Paulo Sérgio Rouanet, no artigo 
referenciado a seguir:
ROUANET, Paulo Sérgio. Grandeza e decadência da Ética da Ilustração. Hypnos, 
São Paulo, ano 8, n. 10, p. 1-10, 2003. Disponível em https://hypnos.org.br/index.php/
hypnos/article/view/142. Acesso em: 03 dez. 2021. 
Como herdeiros de uma modernidade estimulada a acreditar no futuro, na ciência, na 
técnica e no progresso individual, considerando o conhecimento válido como o resulta-
do do avanço dos esforços do homem na apropriação e compreensão do seu mundo, 
estamos acostumados às revoluções tecnológicas e sociais. 
Sabemos que, na sociedade contemporânea, cada dilema estabelecido é potencial-
mente gerador de uma nova organização da comunidade, das formas de acumulação e 
distribuição da riqueza, do desenvolvimento das artes, dos saberes, de um reposiciona-
mento do homem frente ao seu mundo e ao seu tempo.
Gilles Lipovetsky (2007, p. 23) aponta que, “de repente”, a instantaneidade se trans-
forma em uma das marcas de nosso tempo – que ele classifica como hipermoderno. 
Nesse tempo, somos convidados a vislumbrar a possibilidade de se viver sem sentido, 
50 Ética e Cidadania
U6 A necessidade de regras morais
SA
IB
A 
M
A
IS
ou seja, agimos sem crer na existência de um único e categórico sentido, mas apostar 
na construção permanente de sentidos múltiplos, individuais, grupais e até fictícios (es-
tratégias hipotéticas como a do dilema dos prisioneiros). 
Frente à possibilidade de “viver sem sentido”, de não se crer mais em um único e cate-
górico sentido, em uma verdade absoluta, mas de apostar na construção de sentidos 
múltiplos, Lipovetsky (2007, p. 61) nos alerta que abrimos espaço para a inserção da 
ética em uma cultura de massa. Essa cultura propicia uma uniformização de atitudes, 
uma ampliação da alienação em relação para a nossa sociedade e para as nossas 
profissões e, em consequência, uma perda de autonomia e emancipação. Com esse 
quadro, o dilema deixa de ser situacional e se torna um dilema interno no qual, frequen-
temente, nós nos vemos imersos em um mundo de contradições entre “aquilo que eu 
posso ser” e “aquilo e que eu consigo ser” e “aquilo que eu deveria ser”. 
Essa nova dinâmica da sociedade nos insere em um processo decisório insustentável, 
uma vez que, de maneira prática e objetiva, não temos como gerenciar estratégias co-
letivas para resolução de problemas. Um dos caminhos, então, é o de recorrermos aos 
acordos coletivos que estabelecem novas regras sociais e profissionais, tentando frear 
essa característica contemporânea de autodeterminação das próprias regras. 
2. CONFRONTO INICIAL: ÉTICA DO INDIVÍDUO VERSUS ÉTICA 
DA PROFISSÃO
Os dilemas éticos contemporâneos parecem nos inserir em um processo de reivindica-
ção, de busca, pelo direito de sermos absolutamente nós mesmos, vivenciando nossas 
vidas a partir de valores culturais e em busca de bens e benefícios individuais. 
O período que se iniciou após as guerras mundiais do século XX é caracterizado como 
pós-modernidade, período que abrigaria o sujeito pós-moderno. Vale lembrarmos 
que, para a história tradicional, a última demarcação de período histórico é o da Idade 
Contemporânea, iniciada com a Revolução Francesa.
O termo pós-modernidade surgiu com a obra do sociólogo francês Jean-François Lyo-
tard denominada A condição pós-moderna, em que o autor apresenta que, depois das 
grandes guerras, as metanarrativas (a história contada de uma única forma, a caracte-
rização do bem e do mal absoluto) deixaram de existir. As explicações agora precisam 
de contextosespecíficos para que sejam validadas.
Com outros desdobramentos, o sociólogo polonês Zygmunt Bauman (conhecido pelas 
obras Modernidade Líquida e Amor Líquido) defende que a pós-modernidade existe 
como uma "modernidade líquida", ou seja, somos conscientes de que nossa realida-
de atual é ambígua, multiforme, possível de apresentar respostas diferentes para os 
mesmos problemas, mas não tem força suficiente ainda para romper com os valores 
gerais da modernidade.
O uso do termo pós-moderno, aqui, nesta unidade refere-se a esse tempo que abriga 
homens inseridos em um mundo em transformação, em busca de respostas verdadei-
ras, padrões éticos válidos e universais. 
U6
51Ética e Cidadania
A necessidade de regras morais
G
LO
SS
Á
R
IO
Essas transformações na ética individual criam novos desafios para as éticas sociais 
e profissionais. O indivíduo encontra um complexo de incertezas valorativas que re-
sultam em sua dificuldade em identificar sua própria identidade, diluídas nos múltiplos 
interesses sociais (interesses afetivos distintos de interesses de consumo de interesses 
profissionais de interesses familiares dentre outros), e sua identidade ética e moral em 
meio a um “[...] mundo pleno de contradições e incertezas” (GOERGEN, 2005, p. 59).
Essa perda de identidade ética individual ocorre, pois, o ser humano pós-moderno não 
assume determinados comportamentos por força de princípios éticos ou de um dever 
ser – como se acreditava na deontologia tradicional –, mas sim porque é seduzido pelas 
promessas hedonistas do sistema (o prazer imediato, a felicidade e a tranquilidade).
Deontologia é termo filosófico derivado do conceito grego deontos (dever ser) e logos 
(lógica ou tratado). O termo é utilizado para se referir a uma teoria da filosofia moral 
que expõe a ciência dos deveres, determinando suas regras e princípios. Absorvida 
pela ética profissional, essa ciência dos deveres torna-se a base para a construção 
de regras éticas (normas de conduta) gerais para cada categoria profissional. Em de-
corrência dessa abordagem, constantemente, vemos os termos “deontologia jurídica”, 
“deontologia médica”, dentre outras, como sinônimo de direitos e deveres vinculados 
a alguma prática profissional (ABBAGNAN, 1998, p. 240).
Fonte: ABBAGNANO, Nicola. Dicionário de filosofia. Tradução Alfredo Bosi. 21. ed. São Paulo: Martins 
Fontes, 1998.
Goergen (2005, p. 61) ainda afirma que a “[a] sedução é uma forma refinada, sutil e 
suave da destruição social [...]”, uma vez que ela acaba por destituir todas as caracte-
rísticas públicas da ação ética, dentre elas, a diferenciação entre os espaços (mundos) 
públicos e privado. 
Essa proposta hedonista contemporânea (a promessa da felicidade individual a qual-
quer custo) encontra-se exatamente na afirmação de que é possível a construção de 
uma ética e uma moral “à la carte”, na qual o homem se desvincula de princípios du-
radouro e universais, e se pauta somente por aquilo que é momentâneo e particular 
(LIPOVETSKY, 2007, p. 16).
Essa promessa é atraente, porque ela parece para nós como exercício de liberdade, em 
que todas as ações só precisam dialogar com os nossos valores, com a nossa opinião 
individual. O mundo é todo remodelado em acordo com os interesses individuais, os pro-
cessos de coação uniforme (sermões, as grandes lições de moral, os grandes manuais 
ou códigos de conduta) devem ser substituídos pelas regras da livre escolha responsável.
Do ponto de vista da vida privada, essa escalada de uma ética individual “à la carte”, 
com regras válidas do indivíduo para individuo, vem gerando inúmeros questionamentos 
e necessidades de regras mais claras. Isso, porque, com certa frequência, confunde-se 
liberdade com autorização para violações de direitos humanos (como nos casos de pro-
pagação de fake news, de crimes de ódio e crimes de injúrias e difamação nas redes so-
ciais). Do ponto de vista profissional, desde os anos 1960, a ética do “vazio” de universais 
(termo de lipovetskiano) vem gerando questionamentos e movimentos contrários. 
52 Ética e Cidadania
U6 A necessidade de regras morais
Como podemos garantir um ambiente de igualdade de condições econômicas, estrutu-
rais, gerenciais e de concorrência sem o estabelecimento de regras claras de conduta? 
As regras morais mais do que uma necessidade ética, tornam-se uma necessidade de 
sobrevivência profissional.
3. O INTERMEDIADOR ESCOLHIDO: OS CÓDIGOS DE ÉTICA 
PROFISSIONAL 
Muitos são os caminhos escolhidos para estabilizar o confronto contemporâneo de va-
lores entre indivíduos e profissões (mercado), relatados e postulados em teorias filosó-
ficas, da psicologia comportamental, da teoria de gestão de pessoas dentre outras. Mas 
para a deontologia profissional, a escolha decisiva passou a se delinear em meados 
dos anos 1970 quando, para atender às necessidades das teorias da Responsabilidade 
Social e da Governança Corporativa, foram formulados e postulados Códigos de Ética 
e Conduta específicos para cada categoria profissional.
Os Códigos de Ética são normas administrativas que estabelecem comportamentos e práti-
cas gerais aceitas, adequadas e justas para determinada categoria profissional. 
Em linhas gerais, tais normas detalham atitudes e princípios que devem reger as rela-
ções dos profissionais entre si, destes com a cadeia produtiva (fornecedores e clientes) 
e, em algumas situações, com a própria sociedade (quando estabelecem, por exemplo, 
regras pontuais em termos de sigilo profissional).
Considerado na literatura como um dos possíveis primeiros passos na construção de 
uma estrutura ética empresarial, os Códigos de Ética se delineiam como mecanismos 
ou ferramentas de implementação e de introjeção de uma cultura organizacional saudá-
vel, valorizando práticas e condutas aceitas pela sociedade, pelos órgãos de classe e, 
sobretudo, pelas diferentes instituições. 
Meira (2002, p.131-132.), comentando as teorias de Sorell e Hendry, salienta que Códi-
gos de Ética são instrumentos relevantes na construção da ética empresarial. Contudo, 
em sua grande maioria, essas ferramentas são normativas orientadores e só serão efe-
tivamente cumpridas se não forem trabalhadas de forma dependente da filosofia organi-
zacional, pois ficariam limitados a uma prática desvinculada da real cultura da empresa. 
Acompanhados da inserção dos Códigos de Ética, dessa maneira, foram estabeleci-
dos os Comitês de Ética (em algumas profissões denominados de Tribunais de Ética) 
responsáveis pela avaliação da prática profissional com vistas a determinar se aquele 
indivíduo demonstrou ou não capacidade para assimilar as regras da coletividade. Nes-
ses comitês, as ações concretas são avaliadas e o indivíduo pode inclusive, a depender 
do que foi feito e após o devido processo legal, receber como sanção a proibição do 
exercício de sua profissão. 
Os Códigos de Ética são um intermediador necessário e útil para as instituições, 
mas somente sua existência não basta para que se altere o comportamento 
interno. Eles exigem uma remodelagem das culturas ambientais (regras de toda a 
U6
53Ética e Cidadania
A necessidade de regras morais
categoria profissional) e organizacionais (regras internas). Afinal, como os autores 
da ética empresarial sempre ressaltam, sabe-se há muito que uma política ética não 
necessariamente se traduz em comportamento ético. 
Conhecer o Código de Ética e Conduta de sua categoria é elemento obrigatório para todo 
profissional contemporâneo comprometido.
4. O CONFRONTO FINAL: ÉTICA PROFISSIONAL E ÉTICA 
INSTITUCIONAL 
Sabemos que um dos elementos ensejadores da discussão ética contemporânea foi 
a teoria da Governança Corporativa que, com seus princípios de boas práticas pro-
porcionadoras de eficácia e eficiência, exigiam regras claras de comportamento e de 
avaliação para ambientes organizacionais. Tais teorias se vinculam às discussões que 
tomam forma no final do século XIX, quando às teorias empresariais a sociologia lança 
seu olhar promovendo a discussãosobre a ética empresarial. 
Desde aquele momento, um dos postulados que passou a ser considerado nas discus-
sões foi o da função social da empresa. A empresa – que aqui é trabalhada como sinôni-
mo de toda e qualquer instituição ou organização profissional – é elemento estruturador 
de uma sociedade. Nela, desenvolvemos nossos valores, realizamos e concretizamos 
nossa dignidade social, produzimos e realizamos as trocas valorativas essenciais da 
economia (trabalho por remuneração). 
Essas instituições se inserem nas sociedades alterando formas e costumes, modifican-
do os territórios (pensem em situações como nos casos de que uma empresa constrói 
bairros para seus trabalhadores – conhecidos no Brasil como as Vilas Industriais), alte-
rando os parâmetros e ofertas da educação profissional. Ou seja, essas instituições são 
culturalmente extremamente relevantes para a realização ética. 
Assim como os indivíduos que possuem éticas “próprias”, as empresas também estão 
inseridas em situações que as tornam únicas, detentoras de princípios que respondem 
aos anseios e desejos internos.
Para que tenhamos um espaço com uma orientação ética adequada, as empresas de-
vem externalizar seu compromisso ético. E muitas o fazem a partir da determinação, 
construção e publicização de sua “Missão, Visão e Valores”, por meio de políticas de 
Transparência, Anticorrupção e Compliance, itens que devem ser compreendidos e vi-
venciados por todos os profissionais inseridos neste ambiente. 
A partir da compreensão do porque temos “a necessidade de regras morais”, busca-
mos pontuar que a essência de nossa sociedade é o dilema. Os dilemas se apresen-
tam, cotidianamente, em nossa vida individual e profissional e exigem de nós respostas 
adequadas. Assim como na prática pessoal, nas práticas profissionais e institucionais 
resolveremos com mais agilidade, competência e justiça os dilemas na medida em que 
estivermos melhor orientados para agir. 
54 Ética e Cidadania
U6 A necessidade de regras morais
Em um mundo no qual parece natural que todos os comportamentos éticos sejam consi-
derados como válidos, valores tradicionais como a humildade, o respeito, a urbanidade, 
o diálogo, a hierarquia, a independência responsável dentre outros encontram formas 
de se fazerem presentes como regra geral do mundo profissional. 
É nesse contexto de temores e esperanças, de dúvidas e anseios, que surge a necessi-
dade ética de se pensar nas repercussões dos “novos saberes”, dos “novos comporta-
mentos”, de modo que as regras sejam estabelecidas não para que se perca a liberda-
de, mas para que tenhamos a oportunidade de vermos nossas profissões e instituições 
sobreviverem e a oportunidade de construirmos ambientes saudáveis. 
Objetos de aprendizagem
Mapa Conceitual
A necessidade de regras morais
As decisões em nossas vidas pessoais e profissionais são guiadas por valores e 
padrões éticos. Em algumas situações, necessitamos de regras externas para agirmos 
corretamente.
A vida profissional 
propicia situações 
no mundo 
público em que, 
muitas vezes, os 
valores pessoais 
desenvolvidos na 
esfera privada não 
são suficientes 
para orientar o 
profissional a tomar 
uma decisão.
Os códigos éticos 
profissionais 
surgem como 
um instrumento 
de auxílio e 
moderação. Neles 
estão contidas as 
regras de ação, 
comportamento e 
juízos que devem 
ser seguidos por 
todos aqueles que 
estão envolvidos na 
profissão.
Além de situações 
vivenciadas 
em virtude da 
profissão, muitos 
dilemas advêm 
da natureza da 
empresa/instituição/
organização na qual 
se está inserido. 
Nessas situações, 
é preciso um 
exercício reflexivo 
constante sobre as 
normas de conduta, 
compliance e éticas 
que são orientadas.
Situações 
limítrofes que 
geram reflexões 
sobre a natureza 
humana e os 
limites e valores 
válidos, aceitáveis 
e legítimos, 
dentro de uma 
organização 
e, também, na 
profissão.
Dilemas 
éticos
Ética do indivíduo x 
ética da profissão
Códigos de ética 
profissional
Ética do indivíduo e 
ética da instituição
U6
55Ética e Cidadania
A necessidade de regras morais
Necessidade de compreensão e exercícios reflexivos preparativos para a tomada de 
decisões difíceis em ambientes profissionais.
Compreender o 
conceito de ética 
individual à luz 
dos princípios de 
formação cultural 
e social.
Conhecer o 
Código de Ética 
da profissão, 
as orientações 
Tribunais e ética 
e dos Conselhos 
Profissionais.
Participar 
constantemente 
de treinamento 
para o 
desenvolvimento 
de competências 
atitudinais e 
fortalecimento 
dos processos 
decisórios.
Conhecer o 
Código de Ética 
(Código de 
Conduta) da 
instituição em que 
atua e agir de 
acordo com a sua 
missão, valores e 
princípios.
Links
Para você compreender um pouco a realidade da questão ética e das regras morais em am-
bientes profissionais, indicamos os seguintes links: 
1. Instituto Ethos 
O Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social é uma Organização da Sociedade 
Civil de Interesse Público (OSCIP), cuja missão é mobilizar, sensibilizar e ajudar as empresas 
a gerirem seus negócios de forma socialmente responsável, tornando-as parceiras na cons-
trução de uma sociedade justa e sustentável. 
Reunindo um histórico de mais de 20 anos de ações éticas e de responsabilidade social em 
empresas de diferentes segmentos no Brasil, o Instituto é uma importante fonte de pesquisa 
para os estudantes. 
Disponível em: https://www.ethos.org.br/. Acesso em: 5 jan. 2021.
2. Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC)
“O Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC) é uma organização sem fins lu-
crativos, fundada em 1995 com sede na cidade de São Paulo. Com o desenvolvimento e o 
aprofundamento das práticas de Responsabilidade Social, tornou-se referência nacional e 
internacional em governança corporativa tendo uma contribuição grande no país para o de-
senvolvimento de relatórios, orientações e formações destinadas à melhoria do desempenho 
sustentável das organizações por meio da geração e disseminação de conhecimento das 
melhores práticas, visando uma sociedade melhor.
Possui uma biblioteca de textos e práticas consideradas adequadas para instituições e em-
presas de diferentes segmentos e portes, sendo um bom mecanismo de pesquisa”. 
Disponível em: https://www.ibgc.org.br/. Acesso em: 5 jan. 2021.
56 Ética e Cidadania
U6 A necessidade de regras morais
Filme ou Documentários
Texto Complementar:
 ` Filme:
Um homem entre gigantes (Concussion). Direção de Peter Landesman Austrália, Estados 
Unidos, Reino Unido. Columbia Pictures, 2015. 123 min.
Sinopse: “Um Homem Entre Gigantes” é uma obra que se contextualiza nos Estados Unidos, 
no Estado da Pensilvânia, no Condado de Pittsburgh, e foi realizada a partir da biografia do 
médico nigeriano Bennet Omalu. No início dos anos 2000, Omalu, patologista forense e neu-
ropatologista, trabalha no Instituto Médico Legal quando recebe a tarefa de investigar alguns 
casos que são incomuns. Em suas pesquisas, ele diagnostica um severo trauma cerebral 
em um jogador de futebol americano e, investigando o assunto, descobre que em virtude 
da ausência de equipamentos de segurança este vem se tornando um mal comum entre os 
profissionais do esporte. Imediatamente, a agência responsável pelo esporte, preocupada 
com a propaganda negativa, age para esconder os dados e questionar a tese do médico que, 
determinado, entra em uma batalha sem precedentes discutindo os aspectos éticos envolvi-
dos na prática profissional. 
 ` Filme
Fome de Poder (The Founder). Direção: John Lee Hancock. Roteiro Robert D. Siegel. El-
enco: Michael Keaton, Nick Offerman, John Carroll Lynch. EUA: The Combine, FilmNation 
Entertainment. 1h 55min. 2016.
Sinopse: “A história da ascensão da rede de fast food McDonald 's. Após receber uma de-
manda sem precedentes e notar uma movimentação de consumidores fora do normal, o 
vendedor de Illinois Ray Kroc (Michael Keaton) adquire uma participaçãonos negócios da 
lanchonete dos irmãos Richard e Maurice "Mac" McDonald no sul da Califórnia. Implemen-
tando novas formas de gerenciamento e práticas de expansão comercial, o novo sócio inicia 
um processo no qual, pouco a pouco, ele retira os irmãos criadores da rede, transformando 
a marca em um gigantesco império alimentício. Muitas questões éticas são trabalhadas du-
rante o filme, dentre elas a questão do respeito à criação e invenção e as práticas comerciais 
inseridas no contexto de uma concorrência sem limites”.
SOUZA, Ana Paula Maximiano de et al. A importância da ética profissional nas organizações: 
uma pesquisa sobre a ética profissional no mercado de trabalho. Monumenta – Revista 
Científica Multidisciplinar, [S. l.], v. 1, n. 1, p. 10-21, 2020. Disponível em: https://revistaunibf.
emnuvens.com.br/monumenta/article/view/3. Acesso em: 5 jan. 2021. 
Resumo: “Este artigo apresenta a importância da ética profissional nas organizações, pois 
esta contribui para geração de boas relações de trabalho, uma melhor produtividade, um bom 
clima organizacional que aumenta a motivação dos colaboradores e agrega valor para a or-
ganização. Embora a postura ética seja muito exigida profissionalmente, tanto das empresas 
quanto dos colaboradores, observou-se uma certa dificuldade de ambos para colocá-la em 
prática, sendo este o motivo desse estudo. Para tanto, realizou-se uma pesquisa bibliográfica 
e de campo por meio de um questionário com trinta profissionais, na busca por informações 
sobre o comportamento ético dentro das organizações. Os resultados da pesquisa de forma 
U6
57Ética e Cidadania
A necessidade de regras morais
geral foram positivos, mas evidenciaram a necessidade de falar mais sobre esse tema nas 
empresas, porque ainda existem comportamentos que não são adequados para o ambiente 
de trabalho de ambos os lados. Concluiu-se, por meio das respostas dos participantes, a 
importância de se adotar um conjunto de medidas para tornar o ambiente de trabalho mais 
agradável que inclui trabalhar o tema da ética profissional dentro da organização com maior 
frequência, ter uma política ética mais eficiente com ações voltadas para a realidade da 
empresa, um melhor diálogo e comunicação sobre o tema, adotar medidas corretivas para 
que as pessoas reflitam sobre seus atos e busquem uma mudança de comportamento. Além 
disso, é importante que os profissionais reflitam sobre a relevância do tema observando as 
consequências de seus atos para toda a equipe e organização, buscando orientar e mudar 
seus comportamentos por meio das normas de conduta, a fim de gerar um bom convívio no 
ambiente profissional” (SOUZA et al., 2020, p. 10).
SOUSA FILHO, Oscar D.'Alva e. A ética profissional como parâmetro e valor na sociedade 
democrática. THEMIS: Revista da ESMEC, Fortaleza, v. 1, n. 2, p. 173-185, 2016. Disponível 
em http://revistathemis.tjce.jus.br/index.php/THEMIS/article/download/399/386. Acesso em: 
5 jan. 2021.
Resumo: “Dialogando com a teoria filosófica e política de formação da sociedade e dos pa-
râmetros éticos, o autor percorre a constituição do conceito de ética profissional revelando os 
valores fundantes de uma perspectiva interdisciplinar que sustente os parâmetros democrá-
ticos em uma sociedade. Um texto escrito em 1998, mas que permanece vivo nas reflexões 
sobre os desejos e anseios dos profissionais da sociedade contemporânea” (SOUZA FILHO, 
2016, p. 173). 
	_heading=h.20j5vfj6nve
	_heading=h.c56e9cdp16io
	_heading=h.ehs2cs216lad
	_heading=h.lu2t27985faz
	_heading=h.7etydjadtjec

Outros materiais