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AULA 3 – CRICOTIREOIDOSTOMIA, TRAQUEOSTOMIA, BIÓPSIA DE GÂNGLIO CERVICAL, CERVICOTOMIAS DANIELA FRANCO Quando a via aérea estiver obstruída por edema de glote, fratura de laringe ou hemorragia orofaríngea grave ou quando o tubo endotraqueal não puder ser posicionado entre as cordas vocais, deve-se proceder à abordagem cirúrgica da via aérea (cricotireoidostomia ou traqueostomia). Dificuldades encontradas na obtenção de via aérea definitiva • estomago cheio • Comprometimento respiratório • Queimadura de face • Lesão da coluna vertebral e craniana e lesão maxilofacial • Intoxicação e comprometimento hemodinâmico 1. CRICOTIREOIDOSTOMIA A cricotireoidostomia cirúrgica é preferível à traqueostomia para a maioria dos doentes que necessitam de uma via aérea cirúrgica porque ela é mais fácil de ser realizada, apresenta menor hemorragia associada e requer menos tempo para sua execução do que uma traqueostomia de emergência. ➔ Deve ser revertida em traqueostomia dentro de 24-72h ➔ VANTAGENS: procedimento rápido, seguro e simples, comparado a traqueo; ausência de hemorragia relevante; não é necessário a hiperextensão da cabeça em pcts com possível lesão. A. TIPOS I. PUNÇÃO: Cricotireoidostomia por punção envolve a inserção de um cateter sobre agulha pela membrana cricotireoidea em situações emergenciais para fornecer oxigênio ao doente em um curto espaço de tempo, até que a via aérea definitiva possa ser realizada. Com a cricotireoidostomia por punção oferta-se oxigênio suplementar de forma temporária e a intubação endotraqueal passa a ser necessária de forma urgente e não mais emergente. É procedimento temporário e é indicado quando a manutenção da via aérea não pode ser obtida por outro método. Mais recomendada para ambiente pré-hospitalar. Na impossibilidade de intubação oro/nasotraqueal ou na dificuldade de cricotireoidostomia cirúrgica, a punção apresenta- se como procedimento temporário que possibilita o ganho de tempo necessário para melhor preparo a um novo procedimento ou à chegada do paciente ao hospital. A insuflação em jato é obtida com a inserção de um cateter sobre agulha de grosso calibre de diâmetro (#12 a #14 em adultos e #16 a #18 em crianças) através da membrana cricotireoidea e em direção à traqueia abaixo do nível da obstrução. O cateter é, então, conectado a uma fonte de oxigênio a 15 L/min (40 a 50 psi) por meio de uma conexão em Y ou por meio de um tubo que apresente um orifício cortado na lateral. A insuflação intermitente, um segundo sim e quatro segundos não, é realizada com o posicionamento do polegar sobre a extremidade aberta do conectar em Y ou sobre o orifício lateral. O doente traumatizado pode ser oxigenado adequadamente por 30 a 45 minutos com essa técnica, mas somente doentes que possuam função pulmonar normal e que não apresentem lesões torácicas. Durante os quatro segundos em que o oxigênio não é ofertado sob pressão, ocorre alguma expiração. Como essa expiração não é adequada, existe um acúmulo lento e gradativo de CO2, o que limita o uso dessa técnica, especialmente em doentes com traumatismo craniencefálico. Quando há suspeita de obstrução completa da região glótica por corpo estranho, a insuflação em jato deve ser utilizada com cautela. Embora a alta pressão do jato possa expelir o material impactado para a hipofaringe, de onde ele poderia ser retirado com facilidade, pode ocorrer barotrauma significativo, incluindo ruptura pulmonar com pneumotórax hipertensivo. Dessa forma, deve-se tomar cuidado especial quanto ao fluxo de ar efetivo e ofertar oxigênio suplementar em baixo fluxo (5 a 7 L/ min) quando houver obstrução glótica presente. INDICAÇÃO DE PUNÇÃO - Indicado em crianças < 10 anos; - Pacientes politraumatizados com urgência de acesso à via aérea - Via de aspiração e higiene traqueobrônquica em pacientes com dificuldade de eliminar secreções - Usa uma ventilação de ALTO FLUXO de O2 → Jet ventilation (15L/min, nos casos em que não há suspeita de obstrução e 10 L/min (em casos de suspeita de obstrução) - TCE é uma CONTRAINDICAÇÃO da crico por punção II. CIRÚRGICA: A cricotireoidostomia cirúrgica é realizada com uma incisão na pele que se estende pela membrana cricotireoidea. Uma pinça hemostática curva pode ser utilizada para dilatar a abertura, e um tubo endotraqueal ou um tubo de traqueostomia de pequeno calibre (de preferência de 5 a 7 mm de diâmetro) pode ser inserido. Quando é utilizado um tubo endotraqueal, o colar cervical pode ser recolocado. E possível que o posicionamento do tubo endotraqueal seja modificado e que ele, facilmente, avance em direção a um brônquio. Deve-se tomar cuidado, especialmente em crianças, para evitar a lesão da cartilagem cricoide, que é o único suporte circunferencial para a parte superior da traqueia. Por incisão da pele no pescoço, procedimento mais utilizado. Os dois pontos-chave da técnica envolvem manutenção do posicionamento da incisão da membrana cricotiroidea e a sua adequada dilatação visto que são nessas duas fases em que ocorrem maior número de iatrogenias. O controle da traqueia durante a passagem da cânula transtraqueal se dá com o uso do gancho de Hook, do dilatador de Trousseau ou com a mão não dominante do socorrista. OBS: a cricotireoidostomia cirúrgica não é recomendada para crianças com idade inferior a 12 anos, pois pode provocar lesão da cricóide, que é a única armação circunferencial da parte superior da traquéia. - Processos infeccioso e inflamatórios da laringe - Pacientes entubados há > 7 dias B. INDICAÇÕES A via aérea cirúrgica está indicada quando não se consegue realizar a intubação traqueal. -A falha em realizar a intubação endotraqueal é a indicação mais frequente do controle cirúrgico da via aérea. A cricotireoidostomia é o primeiro procedimento a ser considerado. Paciente politraumatizado; lesões buco-maxilo-faciais graves; acúmulo grande de sangue em boca e nariz; obstrução de via aérea. C. COMPLICAÇÕES • Colocação inadequada do tubo (13%) como na membrana supraglótica; demora do procedimento (11%) > 3 minutos; laceração ou ruptura da traqueia; laceração ou ruptura das cartilagens tiroide e cricoide, sangramento; lesão vascular ou nervosa, estenose glótica ou subglótica e infecção. • Punção: Ventilação inadequada levando à hipóxia, hipercapnia e morte (principal complicação); aspiração de sangue e conteúdo gástrico; hematoma; enfisema subcutâneo e/ou mediastinal; pneumotórax; perfuração esofágica, da parede traqueal posterior, da tireóide, do mediastino. • Cirúrgica: Aspiração de sangue; hemorragia ou formação de hematoma; enfisema de mediastino; estenose subglótica, de laringe ou de traqueia (principal complicação); fístulas traqueoesofágicas; criação de falso trajeto nos tecidos, ferimento do esôfago e traqueia; paralisia de cordas vocais, rouquidão. D. TÉCNICA OPERATÓRIA TÉCNICA POR PUNÇÃO É realizada com a introdução de uma agulha revestida com cânula plástica de calibre número 12 ou 14 na membrana cricotireoíde. A ventilação é realizada com a ligação a uma fonte de oxigênio com 15 L/min, pela conexão em Y, que permite a insuflação durante um segundo e a expiração durante quatro segundos. Essa técnica pode ser usada por 30 a 45 minutos, existindo, após, acúmulo importante de C02. Contraindicações: Obstrução completa da via aérea superior (absoluta). Pacientes com TCE (relativa), já que a crico por punção tende a reter CO2, essa hipercapnia pode piorar a lesão cerebral. não fazer em paciente de ate 12 anos. ETAPA 1. Montar e preparar o tubo de oxigênio fazendo um orifício perto de uma das extremidades do tubo. Conectar a outra extremidade do tubo a uma fonte de oxigênio, capaz de fornecer 50 psi - libras por polegadaquadrada - ou mais no registro de saída e providenciar que o oxigênio flua livremente através do tubo. ETAPA 2. Colocar o doente em posição supina. ETAPA 3. Montar um cateter agulhado de calibre número 12 ou 14, de 8,5 em, em uma seringa de 5 a 10 mL. ETAPA 4. Preparar o pescoço para a cirurgia, usando esponjas com antissépticos. ETAPA S. Palpar a membrana cricotireoidea anteriormente, entre a cartilagem tireoide e a cartilagem cricoide. Estabilizar a traqueia com o polegar e o indicador de uma das mãos para evitar movimento lateral da traqueia durante o procedimento. ETAPA 6. Funcionar a pele na linha média com agulha número 12 ou 14, conectada à seringa, diretamente sobre a membrana cricotireoidea (isto é, na linha média sagital) ETAPA 7. Direcionar a agulha em ângulo de 45° caudalmente, aplicando pressão negativa na seringa. ETAPA 8. Inserir cuidadosamente a agulha através da metade inferior da membrana cricotireoidea, aspirando à medida que a agulha avança. ETAPA 9. Aspiração de ar significa penetração na luz da traqueia. ETAPA 10. Remover a seringa e retirar a agulha ao mesmo tempo em que se avança o cateter para baixo, tomando cuidado para não perfurar a parede posterior da traqueia. ETAPA 11. Conectar o tubo de oxigênio ao cateter e fixá-lo ao pescoço do doente. ETAPA 12. A ventilação intermitente pode ser providenciada tampando o orifício do tubo de oxigênio com o polegar por 1 segundo e destampando-o por 4 segundos. Após retirar o polegar do orifício do tubo, ocorre expiração passiva. Nota: A Pa02 pode ser mantida em níveis adequados por apenas 30 a 45 minutos, e o acúmulo de co2 pode ocorrer mais rapidamente. ETAPA 13. Continuar observando a insuflação dos pulmões e auscultar o tórax para verificar se a ventilação está adequada. Prestar especial atenção à desinsuflação dos pulmões para evitar barotrauma, o que poderia levar a um pneumotórax. Se não se observar a desinsuflação do pulmão, comprimir gentilmente a caixa torácica para auxiliar a expiração, se necessário CIRURGICA Incisão desde a pele até a membrana cricotireóidea. O orifício criado é dilatado e uma cânula de 5 a 7 mm é introduzida na traquéia. ETAPA 1. Colocar o doente em posição supina com o pescoço em posição neutra. ETAPA 2. Palpar a chanfradura da tireoide, o espaço cricotireoideo e a manúbrio esternal para orientação ETAPA 3. Montar o equipamento necessário. ETAPA 4. Preparar a área a ser operada e aplicar anestesia local se o doente estiver consciente. ETAPA S. Estabilizar a cartilagem tireoide com a mão esquerda e manter a estabilização até que a traqueia seja intubada. ETAPA 6. Fazer uma incisão transversal na pele sobre a membrana cricotireoidea e proceder a uma incisão transversal cuidadosa. Atenção: Não incise a cartilagem cricoide e/ou tireoide. ETAPA 7. Inserir uma pinça hemostática ou um afastador traqueal dentro da incisão e girá-lo 90° para abrir a via aérea ETAPA 8. Inserir um tubo endotraqueal ou um tubo de traqueostomia de tamanho apropriado (usualmente número 5 ou 6), com balão, através da incisão da membrana cricotireoidea, direcionando o tubo distalmente para dentro da traqueia ETAPA 9. Insuflar o balão e ventilar o doente. ETAPA 10. Observar as insuflações pulmonares e auscultar o tórax para verificar se a ventilação se faz adequadamente. ETAPA 11. Fixar o tubo endotraqueal ou o tubo de traqueostomia ao doente para evitar deslocamentos. → Técnica RFST consiste em: (1) identificação da cartilagem cricotiroidea; (2) incisão horizontal na pele e membrana cricoide juntas; (3) com auxílio do gancho de Hook, aplica-se uma tração caudal na cartilagem cricoide. Essa técnica permite ao cirurgião se posicionar atrás da cabeça do pte, do mesmo modo que na IOT, segurando o gancho de Hook com a mão esquerda e tracionando a traqueia caudamente; (4) segue-se, então, a introdução do tubo na traqueia com a mão direita. - Kit: agulha de grosso calibre, capaz de incisar a pele evitando uso de bisturi, acoplada a uma seringa que permite a aspiração do ar quando posicionada na traqueia. Revestindo a agulha, uma cânula de traqueostomia com balão é adaptada, permitindo introdução do kit por dilatação da membrana. Não esquecer de insuflar balonete e fixar canula, além de ligar a fonte de oxigênio e auscultar o paciente. 2. TRAQUEOSTOMIA Procedimento cirúrgico que consiste na abertura da parede anterior da traqueia com o meio externo. A realização de uma traqueostomia tem conseqüências fisiológicas favoráveis e desfavoráveis. São conseqüências favoráveis: (1) possibilidade de respirar a despeito de uma obstrução glótica; (2) redução do esforço respiratório por diminuição do espaço m01to anatômico; e (3) eliminação de secreções respiratórias que estavam sendo retidas por uma tosse ineficaz. São conseqüências desfavoráveis: (I) ausência da umidificação e aquecimento do ar inspirado, antes proporcionado pelas vias aéreas superiores; (2) ausência de fluxo aéreo para as cordas vocais, com impedimento da forração; (3) quebra da barreira antimicrobiana natural pela comunicação com o exterior; e (4) transtornos da deglutição provocados pela fixação traqueocutânea. A. INDICAÇÕES Permeabilização de via aérea, ventilação e oxigenação nos seguintes casos: ELETIVOS: *Na ausência de dispneia ou na presença de dispneia leve - IOT ou nasotraqueal prolongada (>10-14dias), devido maior risco de estenose traqueal. - Aspiração laringotraqueal - Dificuldade de eliminação de secreções broncopulmonares, para evitar aspiração. - Proteção das vias respiratórias nas operações de grande porte na face e/ou no pescoço. - Tumores da face e do pescoço, como procedimento isolado. - Substituição de cricotireostomia URGENTES: *Na vigência de dispneia com desconforto intenso ou comprometedor - Trauma com lesões na face, no pescoço ou no tórax - Queimaduras acometendo a boca, o nariz e suas adjacências - Tumores obstrutivos da face, do pescoço e do tórax – obstrução de via aérea - Infecção do pescoço, formando abcesso – obstrução de via aerea - Hematomas cervicais * Contraindicação única: alteração da hemostasia. * A presença de pescoço obeso ou curto, bócios, massas pulsáteis ou neoplasias na região, infecções e impossibilidade de estender a coluna cervical são fatores que dificultam a cirurgia, porém, não são contraindicações e sempre devem ser avaliados e considerados Não é recomendada a realização da traqueostomia em pacientes com transtornos de coagulação, e também consistem em fatores de risco elementos como obesidade, pescoço curto, aumento da glândula tireoide, infecção de tecidos moles no pescoço, impossibilidade de extensão cervical e história de cirurgia cervical. A presença de malignidades como carcinomas na região da laringe indica a necessidade de cautela, visto que, a manipulação pode resultar numa recorrência tumoral no local da traqueostomio B. COMPLICAÇÕES • Precoces: ocorre nos primeiros 6 dias. - Hemorragia, Hematomas, Infecção -Falso trajeto por deslocamento da cânula traqueal - Obstrução da cânula por rolhas ou secreção - Enfisema subcutâneo - Pneumomediastino, Pneumotórax, Aspiração • Tardias: ocorre após 7 dias. - Hemorragia - Fístula traqueoesofágica - Estenose subglótica ou traqueal - Traqueomalácea - Fístula traqueocutânea - Cicatriz hipertrófica – Distúrbios de deglutição - PNM - Aspiração - Obstrução da cânula C. TÉCNICA OPERATÓRIA - Realizada preferencialmente por cirurgião e no centro cirúrgico. 1. Checagem das condições respiratória do paciente (MOV) e do material necessário; 2. Posicionamento do paciente em decúbito dorsal (hiperextensão cervical, utilizandoum coxim sob o dorso); 3. Assepsia e antissepsia; marcar na pele os pontos anatômicos e o local da incisão cirúrgica (2 cm acima da fúrcula ou entre tireoide e fúrcula). 4. Anestesia geral ou local (lidocaína 2% com vasoconstritor - epinefrina). Infiltra primeiro a pele e subcutâneo, e em seguida estruturas mais posteriores com a glândula tireoide. A traqueia deve ser anestesiada apenas em casos de secção de anéis traqueais. Mesmo sob anestesia geral, é bom realizar anestesia local para diminuir sangramento. 5. Incisão longitudinal/vertical ou transversal/horizontal da pele e subcutâneo (3-4 cm); - A incisão longitudinal (linha mediana - da borda inferior da cricoide em direção ao esterno) é preferível por ser mais fisiológica, pois permite que a cânula se mova para cima e para baixo até encontrar a posição ideal; além disso, permite acesso à traquéia com menor dissecção de tecidos. Incisão pode ser em T, U, H, X. Em H é a que o professor prefere. - Os resultados estéticos pelas duas incisões são semelhantes. 6. Exposição e anestesia; dar um ponto de cada lado do anel traqueal para demarcar o local da incisão; 7. Incisão da parede anterior da traquéia entre o 2º e 3º anéis traqueais; aspirar secreções imediatamente; OBS: A incisão da traqueostomia pode ser vertical ou transversal. A técnica longitudinal é tradicionalmente utilizada na traqueostomia percutânea, e é realizada a partir da porção inferior da cartilagem cricóide, medialmente e em direção caudal. Há menor probabilidade de lesão na vasculatura lateral cervical ou de outras estruturas adjacentes, e permite a movimentação da cânula no plano mediano para o melhor posicionamente. A técnica transversal, por sua vez, consiste na incisão caudalmente à porção inferior da cartilagem cricóide que é feita paralelamente às linhas de tensão da pele do pescoço. Apesar da incisão longitudinal permitir o acesso à traqueia com quantidade inferior de dissecação de tecidos, as incisões transversais apresentaram menores índices de complicações como úlceras no local da traqueostomia 8. Colocação da cânula endotraqueal plástica (a metálica não acopla ao respirador) e insuflação do balonete; OBS: Na determinação do tipo de cânula a ser utilizada, é importante levar em consideração as dimensões da traqueia do paciente, a resistência das vias aéreas, se existe necessidade de ventilação mecânica e se estão presentes secreções ou alterações na deglutição. 9. Fixação da cânula e realização de curativo. 10. Realizar Raio X para avaliar se a cânula foi colocada na luz traqueal. - Não é uma escolha adequada no controle agudo da via aérea 3. BIÓPSIA DE LINFONODO CERVICAL Os dados epidemiológicos do paciente, a evolução do nódulo e os sintomas associados podem direcionar o diagnóstico para uma doença neoplásica local ou metástase, infecção (TB, HIV, mononucleose, rubéola, toxoplasmose) ou doença reumatológica (lúpus, sarcoidose). *Principais causas de linfonodomegalia: neoplasia local, metástase, infecção. A. INDICAÇÕES - Características neoplásicas e clínica arrastada. -Características de linfonodos sugestivos de neoplasia e indicativo de biópsia: • Tamanho > 1,5 cm; • Crescimento lento e progressivo; • Persistente (> 4 - 6sem) • Aderência a planos profundos; • Indolor • Endurecimento e ausência de sinais flogísticos; • Localização supraclavicular e cervical inferior. - Diagnóstico; estadiamento; planejamento terapêutico e prognóstico em casos de tumores; - Sempre que as características clínicas e exame físico do paciente não sejam diagnósticos; Obs.: paciente tabagista, etilista, 50 anos e linfodenomegalia única pensar em metástase ou carcinoma da mucosa da via aerodigestiva alta. B. COMPLICAÇÕES Lesões de estruturas nobres (plexo braquial, nervo espinhal, acessório, vago e facial, artéria carótida e subclávia, veias jugulares); infecção; hemorragia; disseminação de células neoplásicas C. TÉCNICA OPERATÓRIA - Se próximos: retirar todos; - Se distantes: retirar o maior, mais antigo e mais profundo. Tipos de Biópsias de linfonodos: 1. Por meio de incisão na pele: Se estiver localizado superficialmente (pele) realizar anestesia local, se estiver profundo, realizar anestesia geral. O linfonodo é retirado como um todo. *Incisional → quando retira um pedaço da lesão. *Excisional → quando retira toda a lesão. 2. Por punção/aspiração por agulha: PAAF → agulha fina. Se for profundo a orientação da agulha deve ser feita com auxilio de US ou TC. - Vantagem: ser feita sem incisão e o resultado pode ser no mesmo dia. - Desvantagem: a agulha não remove tecido suficiente para um diagnóstico definitivo. * Core Biopsy → agulha grossa. Vantagem: retira um pedaço maior de tecido para diagnóstico. Biópsia por incisão na pele – Cirúrgica - Realizar a incisão nas linhas de Langers (paralelo as linhas p/ melhor cicatrização); - Estabelecer as linhas da região cervical (sempre no sentido das linhas de força da pele da região) - NUNCA retirar a pele (apenas abrir, mantendo-a ÍNTEGRA), apenas o linfonodo com a sua cápsula - SEMPRE retirar com margem de segurança. - Divulsionar o local aberto (sem tocar no linfonodo) - Colocar o linfonodo no formol (que na maioria das vezes não é estéril) e NUNCA pegá-lo com gazes, devido ao risco de ressecamento e perda das propriedades fisiológicas. - Fechamento da pele e curativo - Sempre lembrar de documentar o procedimento. *Documentar o procedimento sempre!* *SEMPRE ARMAZENAR O LINFONODO NO POTINHO COM FORMOL (nunca pegar com gazer pois ele resseca, perdendo as estruturas fisiológicas* 4. CERVICOTOMIAS A. TIPOS 1. Acesso à região central: Incisão cervical de Kocher (“em colar”): incisão longitudinal na linha média ou transversal acompanhando a linha de força; tamanho proporcional a região a ser abordada; - Útil para: ressecções da tireóide e paratireóide; exérese de tumor; traqueostomia; cisto tireoglosso; 2. Acesso à região lateral: incisão ao longo da borda anterior do músculo esternocleidomastoideo. Resultado estético ruim. Útil para exposição do feixe vascular, porém não confere acesso a outras estruturas. * 1 e 2 podem ser usadas em conjunto: incisão anterolateral – acesso ao esôfago e traqueia 3. Acesso à parede posterior da faringe: exploração da faringe e esôfago cervical, drenagem de abscesso cervical. B. INDICAÇÕES Obter acesso à via respiratória, abordar traumas cervicais, realizar biopsias linfonodais e obter acesso ao tubo digestivo em sua porção cervical. CASOS 1. Paciente masculino, 65 anos, já sabidamente portador de carcinoma espinocelular de orofaringe, em tratamento neoadjuvante com quimioterapia e radioterapia, para regressão da doença e terapêutica cirúrgica. Da entrada na emergência em franca insuficiência respiratória aguda. Mesmo com as medidas não invasivas não apresentou melhora. Você opta por realizar intubação traqueal para ventilação mecânica, porem na laringoscopia não consegue visualizar a epiglote. Discuta as possibilidades de conduta em relação ao manejo da via aérea nestas condições. Como está em franca insuficiência respiratória, iria primeiro para a crico. Mas pode partir para a traqueo também. A melhor indicação é a crico cirúrgica. 2. Criança de 6 anos, vítima de acidente de bicicleta numa ladeira, com importante trauma na face e crânio atendida inicialmente pela equipe de suporte avançado do SAMU que teve os seguintes achados: a. Vias aéreas com ruidosas com grande quantidade de secreção sanguinolenta. b. MV + bilateral, simétrico com roncos de transmissão sat 87% c. Coração rítmico, 2 bulhas normofonéticas sem sopros PA: 100x65 FC: 100 d. Glasgow 8, pupilas,isocóricas e fotorreagentes e. Múltiplas fraturas de face e mandíbula. Frente a situação o médico opta por realizar intubação traqueal, porém não consegue realizar. Aplica um tubo laríngeo e encaminha ao hospital. Discuta as possibilidades de conduta em relação ao manejo de via aérea nestas condições. Frente a situação o médico opta por realizar intubação traqueal, porém não consegue realizar. Aplica um tubo laríngeo e encaminha ao hospital. Discuta as possibilidades de conduta em relação ao manejo de via aérea nestas condições. Glasgow 8 do pcte de trauma é direrente do paciente acamado crônico. Poderia fazer a crico, mas ele ta com TCE então a crico é desencorajada. 3. Identificação: A.B., 32 anos, mulher, branca, casada, do lar, natural e residente de São Paulo. HPMA: conta a paciente que há 3 meses notou presença de nódulo na região cervical direita. De cerca de 1,5 cm de diâmetro, que vem crescendo rapidamente até o tamanho atual de aproximadamente 4 cm, indolor, sem sinais flogísticos. Não apresentou febre, sudorese noturna, nem emagrecimento no período. Nega rash cutâneo, amidalite e infecções dentárias. Interrogatório complementar: nega dores articulares, mialgias e estado gripal. Antecedentes pessoais: menarca aos 13 anos, g3p3c3, nega doença venérea e tuberculose. Nega uso de medicações. Nega tabagismo e etilismo. Antecedentes familiares: pai falecido de câncer de estômago, mãe operada de câncer de mama, nega tuberculose em familiares próximos. Exame físico: BEG, normocorada, hidratada, anictérica. PA 120x80 mmHg, FC 88 bpm, afebril, FR 24 ipm. Cabeça e pescoço: couro cabeludo sem lesões. Cavidade bucal sem anormalidades. Dentes em bom estado de conservação. Exame otorrinolaringológico normal. Linfonodo palpável na região júgulo-carotídea mediana direita com 4 cm de maior diâmetro, de consistência aumentada, indolor e sem sinais flogísticos. São também palpados dois linfonodos menores, coalescentes, em conjunto com o linfonodo maior. Sem outros linfonodos palpáveis na cabeça e pescoço, inclusive nas fossas supraclaviculares. Tireóide simétrica, sem nódulos palpáveis. Exame do fundo de olho normal bilateralmente. Tórax: tórax simétrico. Mamas normais à inspeção e palpação. Exame dos aparelhos respiratório e cardiovascular sem alterações. Ausência de linfonodos axilares palpáveis. Abdômen indolor à palpação superficial e profunda. Fígado palpável à inspiração profunda, no rebordo costal direito, apresentando bordas lisas. Espaço de traube timpânico. Baço impalpável. Ausência de linfonodos ínguinocrurais palpáveis. Membros: sem alterações. Exame neurológico normal. Qual raciocínio diagnóstico pode ser aplicado neste caso? Escolher o maior, mais profundo e mais antigo e os que estão próximos. Incisão retirar ele inteiro, com capsula, sem tocar no linfonodo
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