Buscar

06 Educação no Brasil da Primeira República à década de 1960

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 76 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 76 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 76 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

DESCRIÇÃO
Este tema é um convite para voltarmos um pouco no tempo, ao final do Império e início da
República, para entendermos como os desafios para instrução da sociedade brasileira
começaram a ser resolvidos quando a Educação passou a ser entendida como um importante
instrumento de superação do atraso econômico, político e social do Brasil.
PROPÓSITO
As diversas conjunturas históricas – 1889 até 1960 – influenciaram de modo decisivo as
diversas reformas educacionais que foram implementadas. Ao final, será mais fácil entender os
avanços e retrocessos em relação à Educação e sua influência hoje em dia.
OBJETIVOS
MÓDULO 1
Identificar os fatos referentes à Educação que fizeram parte da transição do Brasil Império para
o Brasil República
MÓDULO 2
Relacionar a influência do Positivismo na sociedade brasileira e consequentemente na
Educação
MÓDULO 3
Analisar as várias reformas educacionais ocorridas no período do Brasil República até a
década de 1960
MÓDULO 1
 Identificar os fatos referentes à Educação que fizeram parte da transição do Brasil
Império para o Brasil República
I INTRODUÇÃO
No vídeo, Rodrigo Rainha faz uma breve retrospectiva dos fatos que levaram à criação da
República.
Vídeo com libras.
Somos tão acostumados com a ideia da Educação como um valor universal que parece
estranho imaginar um tempo em que crianças, jovens e adultos não tinham o direito à
Educação.
I PROCLAMAÇÃO DA REPÚBLICA
 RIO DE JANEIRO (1889)
 
Imagem: Benedito Calixto/Wikimedia Commons/Domínio público.
 "Proclamação da República", 1893, óleo sobre tela de Benedito Calixto (1853-1927).
Acervo da Pinacoteca do Estado de São Paulo.
A República no Brasil foi proclamada no dia 15 de novembro de 1889, instaurando a forma
republicana presidencialista de governo e inaugurando uma época com desafios de diferentes
ordens. Contra a monarquia, forças muito diversas se uniram, mas seus interesses não
eram semelhantes.
FORÇAS QUE SE UNIRAM:
Os militares não queriam uma mudança tão efetiva em nossas estruturas, porém o
Exército não mais aceitava o peso dado à Marinha e sua imagem de herói.
A Religião estava em quadro de perigosa contestação, e movimentos como o de
Conselheiro ou de Padre Cícero no Nordeste eram vistos com muito receio.
As fronteiras da região Sul do Brasil com o Uruguai e a Argentina precisavam ser
controladas de perto, porque muitos habitantes do local eram imigrantes e não
tinham o sentimento nacional.
São Paulo desejava um país governado para o estado, que era o motor do Brasil,
ícone máximo do que vinha dando certo, enquanto aristocracias tradicionais, como
a nordestina, exigiam reparação pelas perdas geradas pela Coroa, e seus
“coronéis” reivindicando poderes locais.
javascript:void(0)
 
Foto: Augusto Malta/©Arquivo Geral da Cidade do Rio de Janeiro
CONTEXTO SOCIAL
A população marginalizada, acumulada em grandes capitais como Rio de Janeiro e Salvador,
morava em Cabeças de Porco, e, sem instrução, organizava levantes contra os governos
municipais que pregavam uma higienização das cidades. Ou seja, era o início de um novo
regime político marcado por antigas questões brasileiras
Diante do caos da criação da República, alguns fatores foram eleitos como primordiais para
transformar o Brasil, e um dos principais era a Educação.
Não houve um compromisso de transformação dos problemas sociais brasileiros através da
Educação. Mas, a ideia de modernização da sociedade – que era o objetivo – passava
obrigatoriamente pela criação de um projeto de Educação que atendesse ao principal anseio
do país: capacitar trabalhadores urbanos para que eles cumprissem seus papeis em
sociedade. Este é o ideal positivista e sua movimentação em favor da Educação.
I PRIMEIRAS DÉCADAS APÓS A
PROCLAMAÇÃO
 CENTROS URBANOS DO BRASIL (1900-1920)
As décadas seguintes à Proclamação da República foram marcadas pelo desenvolvimento da
indústria:
Segundo Helena Bomeny:

O BRASIL DO INÍCIO DA REPÚBLICA ERA UM PAÍS
EMINENTEMENTE RURAL (60% DA POPULAÇÃO),
RECÉM-SAÍDO DE UM LONGO PERÍODO DE
ESCRAVIDÃO (MAIS DE TRÊS SÉCULOS ATÉ A
ABOLIÇÃO DA ESCRAVATURA EM 1888), COM TAXAS
DE ANALFABETISMO HOMOGÊNEAS, QUE
SUPERAVAM 80%, COM ÍNDICES MUITO PRÓXIMOS
DO NORTE AO SUL DO PAÍS, EXCETUANDO-SE A
CAPITAL FEDERAL, ONDE A TAXA RONDAVA OS 45%.
(BOMENY, 1993)
CAPITAL FEDERAL
A capital era exceção porque era o espaço que concentrava os funcionários públicos, em
uma máquina gigantesca, e mesmo os escravos locais conheciam rudimentos da leitura.
 
SAIBA MAIS
javascript:void(0)
O lema da bandeira do Brasil é positivista. O novo regime exigia a criação de um novo símbolo
que representasse os ideais sob os quais estavam assentados a República recém-proclamada.
“Amor por princípio, a ordem por base e o progresso por fim” – o famoso lema positivista
foi impresso na bandeira brasileira sob a inscrição Ordem e Progresso.
Era cada vez mais urgente pensar formas de preparar essa população de imigrantes e recém-
libertos para a nova realidade que surgia: um país que se urbanizava cada vez mais rápido
e cujos postos de trabalho não encontravam mão de obra especializada. A instrução
pública torna-se uma peça importante do desenvolvimento do país.
Quem deveria comandar essa Educação, pensada tanto pelo Império, como pela República,
era o Estado. O governo garantiria o ordenamento necessário, a criação de uma sequência
lógica, que permitisse o contínuo progresso do país.
O ideal do pensamento de Ordenar para atingir o Progresso foi marcante na Capital Federal,
bem como em novas capitais criadas pela República: Belo Horizonte, retirando o peso da
imperial Ouro Preto, e Aracaju, saindo da tradicional São Cristóvão, foram planejadas
seguindo os novos modelos de cidade e receberam grandes educandários públicos, com
estruturas modernas.
O povo precisava ser instruído a ser brasileiro, levado a perceber seu papel social e como
poderia atuar para a melhora do grande projeto nacional.
 
SAIBA MAIS
No Rio de Janeiro, tentando apagar o passado Imperial, o tradicional colégio Pedro II perdeu
seu nome, recuperado depois por iniciativa dos alunos. Escolas Profissionalizantes (Liceus de
Ofício) se multiplicaram em todo país, assim como foi ampliado o número de Escolas Normais,
para permitir a formação de professoras primárias.
I INICIATIVAS EDUCACIONAIS
A maior parte da população era autodidata por necessidade ou simplesmente não tinha
educação formal. Classes médias de profissionais liberais, filhos de funcionários públicos, ou
filhos da elite financeira ocupavam os bancos formais de Educação e, entre eles, existiam
posições diferentes.
Mas a pressão pelo avanço que seria proporcionado pela modernização cresceu e as
iniciativas pela Educação acompanharam.
Repare, então, nas iniciativas:
1850
1854
1882
1891
1900
1850
A partir desse ano, ainda no Império, ocorreu a uniformização do ensino em todo o país. Essa
ação reformadora atingiu as Faculdades de Medicina e os cursos jurídicos que passaram a se
denominar Faculdades de Direito.
O Regulamento de Instrução Primária e Secundária do Município da Corte, entre outras
importantes providências, criou a Inspetoria Geral da Instrução Primária e Secundária do
Município da Corte, órgão ligado ao Ministério do Império e destinado a fiscalizar e orientar o
ensino público e particular dos níveis primário e médio, estruturando em dois níveis (o
elementar e o superior) a Instrução Primária gratuita.
1854
A administração geral do ensino primário e secundário na Corte passou a ser regida por um
Inspetor Geral, com a colaboração do Conselho Diretor, composto de sete membros e de
Delegados de Distrito.
O ensino particular só poderia ser exercido com prévia autorização do Inspetor Geral e com
relatórios trimestrais dos estabelecimentos aos respectivos delegados. Os diretores e
professores dos estabelecimentos particulares ficariam igualmente obrigados a habilitar-se
perante a Inspetoria da Instrução Pública, mediante a apresentaçãode provas de capacidade
profissional e de moralidade.
A partir do regulamento de 1854 chamado de Regulamento da Instrução Primária e Secundária
no Município da Corte (lei 1331A, de 17 de fevereiro de 1854), o ensino primário tornou-se
obrigatório. É importante ressaltar que esse regulamento não incluía a população escrava no
seu projeto de instrução pública. Ou seja, a ideia era escolarizar a população livre.
1882
Rui Barbosa apresentou dois pareceres ao Parlamento: um sobre a reforma do ensino
secundário e superior e outro sobre o ensino primário. Assim, a escola popular foi elevada à
condição de redentora da nação implantando o ensino primário obrigatório, dos sete aos
quatorze anos, gratuito e laico.
Rui Barbosa atuou para que fosse substituída a escola de primeiras letras pela Escola Primária
moderna, e um ensino enciclopédico que visasse o progresso do Brasil era um dos
componentes. Além disso, a Escola Primária passou a ter oito anos de duração e dividida em
três graus: o elementar e o médio, cada um com dois anos, e o superior com quatro. A jornada
javascript:void(0);
da escola foi fixada em seis horas, sendo 4h30 para atividades de classe, se aí fossem
incluídos os exercícios ginásticos.
EXERCÍCIOS GINÁSTICOS
Com o Decreto nº 7.247 de 19 de abril de 1879, Carlos Leôncio de Carvalho reforma o
ensino primário e secundário do município da corte e o superior em todo o império. Houve
a implantação do método intuitivo, conhecido também como lições de coisas, pelo qual o
ensino deveria ir do particular para o geral, do conhecido para o desconhecido, do
concreto para o abstrato. O princípio da educação integral através da educação física,
intelectual e moral que deveria seguir as leis da natureza e a ciência seria o melhor meio
para a disciplina intelectual e moral.
1891
A Constituição de 1891 determinava a descentralização do ensino, cabendo à União legislar
sobre o ensino superior na Capital Federal, delegando aos estados a responsabilidade de
organizar todo o seu sistema escolar.
1900
Na primeira década do século XX, o mundo avançava para uma crise e países que até então
eram exclusivamente agrários passaram por movimentos de substituição de importações.
Foram inauguradas fábricas de tecido, fábricas de transformação e as cidades cresceram. São
Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Salvador, Recife, Belém e Manaus passaram a ser
atrativos de pessoas, com o consequente crescimento de seus problemas urbanos. O maior
deles para essa elite era a qualidade da mão de obra. Portanto, era urgente educar o Brasil.
javascript:void(0)
 
SAIBA MAIS
Veríssimo (1985, p. 15) apontou o tamanho do desafio da novíssima República: 
 
“E tanto mais é de crer este resultado, não só desejável como, a bem da unidade moral da
Pátria, indispensável, quando a reforma do Sr. Benjamin Constant criou no Pedagogium um
órgão que devia ser o fator consciente dessa obra de unificação moral”.
PEDAGOGIUM
O Pedagogium foi um museu pedagógico fundado em 1890, que se localizava na cidade
do Rio de Janeiro, no então Distrito Federal, no Brasil. Em 1897 foi transformado num
centro de cultura superior e, em 1906, recebeu o primeiro laboratório de psicologia
experimental do país. A instituição foi extinta em 1919.
I CONTEÚDOS PREVISTOS
javascript:void(0)
Seguindo sobre a questão da moral:
Foi organizada em duas categorias: de 1º grau, para crianças de 7 a 13 anos e de 2º grau para
os de 13 a 15 anos. Para ingressar nas escolas primárias de 2º grau, o aluno deveria
apresentar o certificado de estudos do grau precedente.
O ensino no primeiro grau compreendia:
Leitura e escrita, ensino prático da língua portuguesa
 
autor/shutterstock
Contar e calcular: aritmética prática até regra de três
 
autor/shutterstock
Sistema métrico procedido do estudo da geometria prática
 
autor/shutterstock
Elemento de geografia e história, especialmente do Brasil
Lições de coisas e noções concretas de ciências físicas e história natural
 
autor/shutterstock
Instrução moral e cívica
 
autor/shutterstock
Desenho
 
autor/shutterstock
Elementos de música
Ginástica e exercícios militares
 
autor/shutterstock
Trabalhos manuais para os meninos e trabalho de agulha para as meninas
 
autor/shutterstock
Noções práticas de agronomia
Dentre todas as disciplinas estudadas, a Instrução Moral e Cívica teve objetivos específicos
na formação do alunado, conforme anunciava o parágrafo único do Regulamento da Instrução
Primária e Secundária do Distrito Federal, “a instrucção moral e cívica não terá curso distincto,
mas ocupará constantemente e no mais alto gráo a atenção dos professores” (DECRETO Nº
981, 1890, p. 3476).
Com isso, a Escola Primária do 1º grau foi dividida em três cursos:
Elementar, para os alunos de 7 a 9 anos;
Médio, para os de 9 a 11;
Superior, para os de 11 a 13 anos de idade.
Em cada curso, as matérias eram gradualmente estudadas, tendo o método intuitivo para todos
eles. Vejamos a seguir como Moral e Cívica era abordada em cada curso:
CURSO ELEMENTAR
A disciplina Instrução Moral e Cívica trabalhava com “narrativa de anecdotas, fabulas, contos e
provérbios que contenham tendência moral”, e tinha por objetivo “fazer sentir constantemente
aos alumnos, por experiência directa, a grandeza das leis moraes [sic]”. (DECRETO 981, 1890,
p. 3500).
Na classe 2ª, ainda no curso elementar, a disciplina seguia o seu curso de modo mais
expressivo, buscando em sala de aula trabalhar com “conversações e leituras moraes.
Exemplificação comparativa da generosidade e do egoísmo, da economia e da avareza, da
actividade e da preguiça, da moderação e da ira, do amor e do ódio, da benevolência e da
inveja, da sinceridade e da hypocrisia, dos prazeres e das dores (physicas e moraes), dos bens
e males (falsos e verdadeiros) [sic]” (DECRETO 981, 1890, p. 3502).
CURSO MÉDIO
Na classe 1ª, havia a sequência lógica no conteúdo da disciplina Instrução Moral e Cívica para
alunos um pouco mais velhos do que no curso anterior, com outras temáticas relacionadas,
conforme mostrava o Decreto: “Instrucção Moral e Cívica – Conversação e leituras moraes.
Exercícios tendentes a por em acção na própria classe: 1º pela observação individual dos
caracteres; 2º, pela aplicação inteligente da disciplina escolar como meio educativo; 3º, pelo
incessante appello para o sentimento e para o juízo do proprio alumno; 4º, pelo
desvanecimento dos preconceitos e das superstições grosseiras; 5º, pelo ensinamento tirano
dos factos observados pelo próprio alumno; 6º, pelas sãs emoções Moraes [sic]” (DECRETO
981, 1890, p. 3504). Na classe 2ª, existia a continuação do programa da classe anterior. A
disciplina Instrução Moral e Cívica estava presente em todos os cursos da escola de 1º grau,
mas não fazia parte da de 2º grau.
CURSO SUPERIOR
O superior também foi dividido em duas classes. Na classe 1ª objetivou-se trabalhar os
“Deveres do homem para consigo mesmo. Hygiene physica e moral [sic]” (DECRETO 981,
1890, p. 3507). Na classe 2ª, a disciplina seguiu dando continuação da classe anterior.
Observação: nas demais escolas, a Primária do 2º grau e na Escola Normal a disciplina
Instrução Moral e Cívica não era trabalhada em sala de aula.
VOCÊ REPAROU QUE ATÉ A LINGUAGEM NOS
DECRETOS É DIFERENTE? COMO AS
PALAVRAS ERAM ESCRITAS?
Isso nos ajuda a entender um pouco mais sobre a mudança de paradigma, em que a Educação
passou a ser vista, pensada, organizada, e a fazer parte de um projeto nacional de Brasil.
RECOMENDAÇÃO
E agora é com você: que tal fazer um parecer sobre a transformação da Educação na
formação da República? 
Essas anotações serão importantes para que perceba seu desenvolvimento.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. ASSINALE A ALTERNATIVA QUE CORRESPONDE AO QUE DEFENDIA
RUI BARBOSA NOS ANOS FINAIS DO IMPÉRIO:
A) Ensino religioso.
B) Ensino primário facultativo.
C) Criação da Lei Orgânica do Ensino Superior e Fundamental.
D) Ensino primário obrigatório, gratuito e laico.2. AO FINAL DA MONARQUIA E INÍCIO DA REPÚBLICA, EM UM
CONTEXTO DE INTENSA EFERVESCÊNCIA SOCIAL, A EDUCAÇÃO JÁ
VINHA SENDO PENSADA COMO UM IMPORTANTE INSTRUMENTO DE
DESENVOLVIMENTO. UMA DAS PREOCUPAÇÕES CENTRAIS ERA
GARANTIR A FORMAÇÃO DE:
A) Um conjunto de Universidades brasileiras que nos marcasse como nação evoluída.
B) Uma estrutura que mantivesse viva a tradições religiosas da Educação, contra a influência
das tradições europeias.
C) Um conjunto legislativo que transformava a Educação em um plano nacional.
D) Um modelo de Educação Moral e Cívica pautado na formação do sujeito como objeto da
Educação.
GABARITO
1. Assinale a alternativa que corresponde ao que defendia Rui Barbosa nos anos finais
do Império:
A alternativa "D " está correta.
 
Rui Barbosa, ao propor a reforma do ensino secundário e primário, acreditava que algumas
mudanças estruturais na sociedade aconteceriam pela Educação. Desse modo, o progresso
seria alcançado por meio do conhecimento. Ou seja, ele defendia uma Educação que fosse
obrigatória, gratuita e laica.
2. Ao final da Monarquia e início da República, em um contexto de intensa efervescência
social, a Educação já vinha sendo pensada como um importante instrumento de
desenvolvimento. Uma das preocupações centrais era garantir a formação de:
A alternativa "C " está correta.
 
A influência da corrente positivista e o crescimento da industrialização transformava a
Educação em um aspecto de evolução das nações e, por isso, a construção de um modelo que
nos levasse ao progresso passou a ser defendida.
MÓDULO 2
 Relacionar a influência do Positivismo na sociedade brasileira e consequentemente
na Educação
I INTRODUÇÃO
Já falamos sobre o positivismo como principal referência para a criação de um objetivo para a
reforma educacional na então República. Mas como essa relação aconteceu? Rodrigo Rainha
explica.
Vídeo com libras.
I CONCEITO DE POSITIVISMO
 
Foto: Hulton Archive/Getty Images
O positivismo foi uma corrente filosófica que surgiu na França no século XIX. Augusto Comte
(1798-1857) é considerado o Pai da Sociologia por ter usado pela primeira vez o conceito de
Sociologia em seu Curso de Filosofia Positiva. Elaborou de maneira muito organizada suas
ideias, fundamentando sua teoria nos modelos das ciências naturais, tendo como principal
objetivo encontrar as leis universais dos fenômenos sociais. Ele intitulou sua reflexão acerca da
sociedade como uma Física Social.
Em função da crise que vivia a França de sua época, Comte queria encontrar soluções para
resolvê-la, pois eram nítidos o atraso e o impedimento do progresso por causa do caos
estabelecido. Foi nesse contexto de crises e instabilidades que ele buscou responder aos
problemas sociais com sua teoria positivista.
De acordo com Gomide (1999), o positivismo apresenta algumas premissas fundamentais:
Toda proposição científica deve ser empiricamente significante e toda premissa
universal deve ter origem indutiva.
A teoria tem origem em proposições certíssimas obtidas mediante indução.
As leis científicas não fornecem os porquês dos fenômenos. O empirismo, a observação
e a objetividade são características fundamentais do pensamento positivista.
SAIBA MAIS
Clique aqui e veja um exemplo.
EXEMPLO
Imagine que você é uma pequena peça dentro de um relógio. Existem peças grandes e
importantes, como os ponteiros, mas todas estão no mesmo relógio. Como esse relógio
funcionaria bem?
Com cada peça fazendo perfeitamente seu trabalho; assim, você fará o processo
contínuo, dia após dia, de marcar a hora com precisão. Agora, imagine que uma peça,
por menor que seja, não funcione bem: ela impactará outra peça e depois outra,
sucessivamente.
O relógio pode quebrar, entrar em colapso, pois pouco a pouco todas as peças terão
deixado de fazer seu papel. Para que o relógio funcione direito, o que todas devem fazer?
Cada peça deve exercer seu papel.
Mas se você é um parafuso pequeno e resolver ser um ponteiro, vai funcionar? Para o
positivismo, isso atrapalharia duas vezes, uma por não fazer o seu papel e outra por
impedir quem deve ser o ponteiro.
javascript:void(0)
A sociedade busca esse positivismo, esse equilíbrio de perfeição. Mas o relógio, com
muitas peças, precisa de um trabalho efetivo, um esforço para que todos façam tudo
bem. Os ponteiros – os intelectuais – defendem que os menos favorecidos sejam
capacitados para atender e cumprir plenamente o seu papel.
Compreendia-se que o positivismo era o canal para a reforma intelectual do Homem. Para
que essa reorganização acontecesse, as ideias positivistas estavam assentadas na noção de
que somente pela ordem e pelo progresso seria possível alcançar uma sociedade
estruturada, que pudesse ecoar e aperfeiçoar todas as estruturas permanentes: religião,
família, propriedade, linguagem, acordo entre poder espiritual e temporal etc.
 
Foto: Isogood_patrick / Shutterstock.com
I CAMINHOS PARA O PROGRESSO SOCIAL
Augusto Comte apostava no conhecimento científico como o único saber verdadeiro. Na
concepção dele, o positivismo seria a possibilidade de pensar os problemas sociais pelos
critérios e parâmetros das ciências naturais.
Dessa forma, seria plenamente possível organizar a sociedade nas suas variadas dimensões,
pois o positivismo respondia às questões sociais com um caráter de exatidão, oposto à visão
de mundo da Teologia e da Metafísica. Por isso, a importância da Física Social, que explica os
fatos pela lógica do conhecimento único e verdadeiro que vem da experiência, não do
idealismo.
Para Comte, não se tratava de negar o estado Teológico e o Metafísico.
Ambos eram importantes e necessários, mas deveriam ser utilizados nas interpretações dos
fatos com os quais tinham ligação direta; por exemplo, a relação do homem com a
transcendência e com o universo cultural. O positivismo no Brasil constituiu a base de nosso
modelo pedagógico nacional. Seu grau de utilitarismo e pragmatismo, sua presença em jornais,
nos meios de comunicação, como o rádio, transformaram a percepção de Educação no Brasil.
 
Foto: Shutterstock.com
I POSITIVISMO NO BRASIL
Precisamos voltar no tempo para que seja compreensível. O Brasil da transição, que
abordamos no primeiro módulo, tinha o positivismo como um modelo ideal. Nossas principais
linhas reformistas republicanas pensavam na criação de um modelo de educação que
permitisse o desenvolvimento nacional. O que passamos a perceber ao longo das décadas
seguintes foi a implementação desse modelo.
Agora que você já está mais familiarizado com as ideias positivistas, vamos entender um pouco
sobre sua recepção no contexto brasileiro.
O positivismo floresceu no Brasil de modo muito acentuado durante a transição do fim do
Império e o começo da República. Em um contexto marcado por muitas mudanças políticas e
sociais, os republicanos assumiram o positivismo como o ideal para a República que nascia.
Segundo essa lógica, tornava-se cada vez mais urgente modernizar o Brasil e acelerar o
progresso. Em 1891, foi promulgada a primeira Constituição da República, inspirada na Carta
Constitucional dos Estados Unidos e sob forte inspiração positivista.
O divulgador do positivismo no Brasil foi o militar e político brasileiro, Benjamin Constant (1836-
1891). Ele criou, junto com outros adeptos, em 1876, a Fundação da Sociedade Positivista do
Brasil. Um deles foi Teixeira Mendes (1855-1927), que era o presidente da Associação
Positivista chamada Apostolado Positivista do Brasil. Por que Apostolado? Porque o
positivismo ganhou o status de uma “nova religião” e tinha seguidores.
 
Foto: Autor Desconhecido/Wikimedia Commons/Domínio Público.
 
SAIBA MAIS
Além de Benjamin Constant e Teixeira Mendes, também foram responsáveis pela idealização
da Bandeira Nacional dois catedráticos: Miguel de Lemos (filósofo) e Manuel Pereira Reis
(astrônomo).
I A INFLUÊNCIA DO POSITIVISMO NA
EDUCAÇÃO BRASILEIRA
Vimos como o positivismo esteve no horizonte dos republicanos na promulgaçãoda nova
Constituição e na criação de uma nova bandeira para o Brasil. As ideias positivistas
precisavam estruturar a sociedade brasileira em todos os seus aspectos: culturais, sociais,
econômicos e políticos. Multiplicaram-se pelo país as escolas privadas elementares e
profissionais, a maior parte de ensino secundário. Também surgiram muitas instituições
beneficentes oferecendo ensino primário e secundário.
Nos anos iniciais da Primeira República, tivemos a ocorrência de uma série de reformas de
clara inspiração positivista.
REFORMA BENJAMIN CONSTANT (1890)
Adotou uma série de reformas junto ao Ministério dos Negócios da Instrução Pública, Correios
e Telégrafos.
Exemplos:
Defesa do ensino laico e gratuidade na escola primária;
Inclusão de disciplinas científicas nos currículos escolares;
Reorganização da Biblioteca Nacional;
Escola secundária com duração de sete anos.
Segundo Cartolano (1994), Benjamin Constant acreditava que só pela educação um povo
poderia construir sua cidadania.
CÓDIGO EPITÁCIO PESSOA (1901)
Ministro do Interior no governo Campos Sales, Epitácio Pessoa reduziu para seis anos o curso
secundário, ao contrário da Reforma Benjamin Constant. Além disso, permitiu o acesso
feminino aos cursos secundários e superiores.
REFORMA RIVADÁVIA (1911)
De forte orientação positivista, o Marechal Hermes da Fonseca promulgou o Decreto 8.659,
chamado de Lei Orgânica do Ensino Superior e Fundamental, elaborado por Rivadávia da
Cunha Corrêa. O ensino passava a ter frequência não obrigatória, os diplomas foram abolidos
e foram criados exames de admissões nas faculdades.
I MUDANÇA NOS DEBATES
 1920-1930
 
Foto: Shutterstock.com
Chegaram ao Brasil novas ideias pedagógicas e se formou um novo corpo de sujeitos:
especialistas em Educação, que passaram a questionar os modelos que estavam sendo
estabelecidos, escolas que eles chamavam de tradicionais, centradas na atuação do professor
e na repetição. Os especialistas tinham a ideia de que o Brasil, uma vez mais, estava atrasado
e essa crítica não ficava só no campo da Educação. O novo movimento foi chamado
Pedagogia Liberal.
PEDAGOGIA LIBERAL
Nesse modelo, o papel da Educação é preparar o sujeito, dar-lhe condições para que
possa valer-se de sua condição como sujeito e, dessa forma, fazer escolhas que
permitam o avanço social. Esse modelo é notório em sociedades industriais em que
novas aptidões e sentidos passam a ser percebidos para a formação do sujeito.
javascript:void(0);
javascript:void(0)
O ideal liberal econômico apontava também para outros segmentos.
Façamos uma breve viagem para acompanharmos essas mudanças:
 
Foto: © General Motors / licença (CC BY-NC 3.0).
01
Washington Luiz brigava para que o Brasil ampliasse suas estradas e transformasse o carro
em um meio mais presente em nossas cidades e, principalmente, para que o Brasil pudesse
ser produtor desses novos bens que representavam o futuro e as novas dinâmicas sociais.
WASHINGTON LUIZ
Washington Luís Pereira de Sousa GCC foi advogado, historiador e político brasileiro,
décimo primeiro presidente do estado de São Paulo, décimo terceiro presidente do Brasil
e último presidente efetivo da República Velha.
javascript:void(0)
 
Foto: Autor Desconhecido/Wikimedia Commons/Domínio Público.
02
O ícone máximo dessa noção de progresso econômico é o desenvolvimento dos aviões.
Grupos de aeronautas iniciavam formas de integrar o Brasil, inclusive com a criação de um
correio aéreo.
 
Foto: Luiz Thomas Reis/Acervo Museu do Índio
03
Novas fronteiras sociais e educacionais foram abertas a partir dos esforços liderados pelo
marechal Cândido Rondon e o Brasil se redescobriu como espaço e país.
CÂNDIDO RONDON
O marechal Cândido Mariano da Silva Rondon, conhecido como Marechal Rondon, foi um
engenheiro militar e sertanista brasileiro.
 
Foto: Arquivo / Agência O Globo
04
Roquette-Pinto transmitia sons vindo da Amazônia e as informações chegavam em todas as
casas pelas ondas do rádio.
javascript:void(0)
javascript:void(0)
ROQUETTE-PINTO
Edgard Roquette-Pinto foi um médico legista, professor, escritor, antropólogo, etnólogo e
ensaísta brasileiro. Membro da Academia Brasileira de Letras, é considerado o pai da
radiodifusão no Brasil.
 
Foto: Arquivo / Acervo O Globo
05
O exercício físico passou a ser exaltado como uma forma de saúde e educação.
 
Foto: Theodor Preising / Divulgação.
06
O ritmo do Brasil mudava e as cidades viviam um novo momento.
 
Foto: Arquivo MIS/São Paulo.
07
Um dos ícones de crítica ao Brasil tradicional foi a Semana de Arte Moderna (1922), em São
Paulo. Na coleção de poemas Pauliceia Desvairada, Mário de Andrade cobrava o
redescobrimento do Brasil. A Educação estava a reboque dessa crítica, afinal, estudava-se
latim, cultura europeia, mas o Brasil não conhecia o Brasil. Nossa poesia tinha linhas
parnasianas, mas não tinha nossas curvas de entendimento social.
SEMANA DE ARTE MODERNA (1922)
A Semana de Arte Moderna, também chamada de Semana de 22, ocorreu em São Paulo,
entre os dias 11 e 18 de fevereiro de 1922, no Teatro Municipal da cidade. Foi um
movimento que promoveu o encontro de artistas diversos.
Em um país com novas exigências, os momentos de mudança são marcantes.
Um novo golpe terminou com a Primeira República: na tentativa de Washington Luiz em
eleger o também paulista Júlio Prestes, as potências Minas, Rio Grande do Sul e Paraíba se
uniram para tentar vencê-lo. Foram derrotados, mas o assassinato de João Pessoa,
presidente da Paraíba, ainda que por motivos familiares, foi o argumento para a articulação que
terminou com a impressionante imagem de Getúlio Vargas chegando com sua tropa de
cavalos e apeando no obelisco da avenida Rio Branco, no centro da capital brasileira. Esse
momento foi chamado (por uma historiografia pró-Vargas) como Revolução. E, dessa forma, o
governo de Vargas foi iniciado.
javascript:void(0)
 
Foto: CPDOC/CDA Oswaldo Aranha.
 
Foto: Claro Jansson/Wikimedia Commons/Domínio Público.
 
SAIBA MAIS
As mudanças vividas impactaram o Brasil e o documento educacional mais famoso dessa
época é um manifesto de educadores brasileiros defendendo uma intensa reforma de nossa
educação. Ficou conhecido como Manifesto dos Pioneiros. Já leu? Falaremos mais dele no
próximo módulo.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. OS REPUBLICANOS ASSUMIRAM ESSA CORRENTE COMO O IDEAL
PARA A REPÚBLICA QUE NASCIA E JURARAM QUE O BEM COMUM
SERIA O SEU FUNDAMENTO. ERA PRECISO ACELERAR O PROGRESSO
QUE FORA ATRASADO PELO IMPÉRIO. A ESCOLHA DESSA CORRENTE
INFLUENCIOU TODA A VIDA SOCIAL E CONSEQUENTEMENTE A
EDUCAÇÃO, INCLUSIVE O LEMA DA BANDEIRA NACIONAL. DE QUAL
CORRENTE SE TRATA?
A) Positivista.
B) Progressista.
C) Liberal.
D) Monarquista.
2. AS IDEIAS POSITIVISTAS TIVERAM GRANDE INFLUÊNCIA NÃO
APENAS NA PROCLAMAÇÃO DA REPÚBLICA E NA IDEALIZAÇÃO DE
UMA NOVA BANDEIRA PARA O BRASIL, MAS TAMBÉM ENTRE AQUELES
QUE PENSAVAM A EDUCAÇÃO NAQUELE MOMENTO. ASSINALE QUAL
REFORMA NÃO SOFREU INSPIRAÇÃO POSITIVISTA.
A) Reforma Epitácio Pessoa.
B) Reforma Rivadávia Correia.
C) Reforma Anísio Teixeira.
D) Reforma Benjamin Constant.
GABARITO
1. Os Republicanos assumiram essa corrente como o ideal para a República que nascia
e juraram que o bem comum seria o seu fundamento. Era preciso acelerar o progresso
que fora atrasado pelo Império. A escolha dessa corrente influenciou toda a vida social e
consequentemente a Educação, inclusive o lema da Bandeira Nacional. De qual corrente
se trata?
A alternativa "A " está correta.
 
Positivismo é uma corrente de pensamento filosófico, sociológico e político que surgiu em
meados do século XIX na França. A principal ideia do positivismo, fundamentado nas ciências
naturais, era a de que o conhecimento científico devia ser reconhecido como o único
conhecimento verdadeiro. Auguste Comte foi o criador e em sua frase original, dizia: “amor
como princípio, ordem como base, progresso como objetivo”.
2. As ideias positivistas tiveram grandeinfluência não apenas na proclamação da
República e na idealização de uma nova bandeira para o Brasil, mas também entre
aqueles que pensavam a Educação naquele momento. Assinale qual reforma não sofreu
inspiração positivista.
A alternativa "C " está correta.
 
O Brasil tem uma série de políticos e educadores que propuseram reformas fundamentais.
Epitácio Pessoa e Rivadávia Correia foram positivistas tardios, mas que mantiveram a
fundamentação estrutural do movimento em nossa educação durante todo período da Primeira
República. Benjamin Constant é um dos mais famosos positivistas e organizadores da
fundamentação de uma educação positivista. Anísio Teixeira é contemporâneo deles, no
entanto, era um crítico influenciado por teóricos de outra linha, que defendiam um rompimento
com o ordenamento positivista e a transformação da escola em um espaço de construção. No
entanto, ele foi importante na educação pós 1930, quando participou do movimento dos
pioneiros e do governo de São Paulo.
MÓDULO 3
 Analisar as várias reformas educacionais ocorridas no período do Brasil República
até a década de 1960
I INTRODUÇÃO
Você sabia que o período conhecido como Brasil República é consideravelmente extenso?
Assista ao vídeo e conheça os detalhes.
Vídeo com libras.
I SÉCULO DA PEDAGOGIA
O século XIX ficou conhecido como o Século da Pedagogia. Naquele momento, buscava-se
cada vez mais um modelo educacional que respondesse de forma crítica às demandas da luta
de classes, burguesia versus proletariado, que envolveu a sociedade desse tempo. Houve uma
radicalização das ideias pedagógicas, colocando-as como centro do processo de controle
social.
De acordo com Cambi (1999):

(...) BASTANTE RICO EM MODELOS FORMATIVOS, EM
TEORIZAÇÕES PEDAGÓGICAS, EM COMPROMISSO
EDUCATIVO E REFORMISMO ESCOLAR, EM VISTA
JUSTAMENTE DE UM CRESCIMENTO SOCIAL A
REALIZAR-SE DA MANEIRA MENOS CONFLITUOSA
POSSÍVEL E DA FORMA MAIS GERAL.
(CAMBI, 1999)
Após a intensa transição entre os séculos XIX e XX, com a necessidade de uma Educação
técnico-fabril por um lado e a Educação do cidadão iluminista por outro, sob uma economia
com fundamentos cada vez mais liberais, surgiu o teor do novo processo educacional. De
modo que, já no século XX, a didática, até então considerada tradicional, passou a se
preocupar com o método mais adequado para a aprendizagem de um conteúdo específico ou
de determinada habilidade.
I IDEIAS QUE VIAJAM
A RENOVAÇÃO DAS PRÁTICAS PEDAGÓGICAS
Você pode estar se perguntando de onde vieram e quais foram as pessoas que difundiram
essas ideias no Brasil. Veja, a seguir, as teorias de cada um desses pensadores que
contribuíram de alguma forma para essa renovação das práticas pedagógicas.
 
Imagem: Autor Desconhecido/Wikimedia Commons/Domínio Público.
HEINRICH PESTALOZZI (1746-1827)
Pioneiro da reforma educacional influenciado por Rousseau, após ler a obra “Emílio”,
também se baseou no movimento naturalista.
Ele foi um dos pioneiros da Pedagogia moderna, influenciando profundamente todas as
correntes educacionais. Fundou escolas e cativava a todos para a causa de uma
Educação capaz de atingir o povo, em um tempo em que o ensino era privilégio exclusivo
de algumas classes sociais.
javascript:void(0)
 
Imagem: Popular Graphic Arts/Wikimedia Commons/Domínio Público.
FRIEDRICH FRÖEBEL (1782-1852)
Pedagogo alemão fundamentado nas teorias de Pestalozzi, foi o fundador do primeiro
jardim de infância. A expressão Jardim da Infância teve origem em seu pensamento de
que as crianças são como plantas de um jardim em que o professor é o jardineiro.
Para Fröebel, a criança se expressa através das atividades de percepção sensorial, da
linguagem e das brincadeiras. A linguagem oral se associaria à natureza e à vida. Para
ele, o desenvolvimento ocorre segundo as seguintes etapas: infância, meninice,
puberdade, mocidade e maturidade.
javascript:void(0)
 
Foto: Engeell/Wikimedia Commons/Licença(CC BY-SA 4.0).
CÉLESTIN FREINET (1896-1966)
Pedagogista francês, grande referência da área, deixou como herança propostas que
continuam a ter ressonância na Educação dos dias atuais. Com um tipógrafo, imprimiu
textos livres e jornais da classe para seus alunos. As próprias crianças compunham seus
trabalhos, discutiam e os editavam em pequenos grupos, antes de apresentar o resultado
à classe. Os jornais eram trocados com os de outras escolas e os textos substituíram os
livros didáticos convencionais.
Sua metodologia criava desconforto e desconfiança por não estar de acordo com a
política oficial de Educação francesa, o que causou sua exoneração em 1935. A partir
daí, fundou com a esposa sua própria escola pouco antes do início da Segunda Guerra
Mundial.
Na década de 1930, a escola de Freinet foi oficialmente aberta, e, com Romain Rolland,
lançou o projeto Frente da Infância. No final da década de 1940, Freinet criou a
Cooperativa do Ensino Leigo (ICEM), em Vence, que reunia mais de vinte mil pessoas.
Em 1956, lançou uma campanha nacional para quantificar os alunos nas salas de aula.
Sua meta era de vinte e cinco alunos em cada classe no máximo. Em 1957, a Federação
javascript:void(0)
Internacional dos Movimentos da Escola Moderna (FIMEM) foi fundada pelos seus
seguidores, que reúne educadores de todo o mundo.
 
Imagem: Emilio J. Rodríguez Posada/Wikimedia Commons/Domínio Público.
ANTONIO GRAMSCI (1891-1937)
Filósofo, jornalista, crítico literário e político italiano. Membro-fundador e secretário-geral
do Partido Comunista da Itália, Gramsci é reconhecido pela teoria da necessidade de
educar os trabalhadores e de formar intelectuais provenientes da classe trabalhadora,
que ele denomina intelectuais orgânicos.
De acordo com Gramsci, todo homem é um intelectual, pois todos nascem com
faculdades intelectuais e racionais, mas nem todos têm a função social de intelectuais.
Os conceitos relacionados à Pedagogia crítica e à instrução popular foram utilizados mais
tarde por Paulo Freire no Brasil.
Gramsci acreditava que a tomada do poder seria precedida por uma mudança de
mentalidade. Os principais agentes das mudanças, de acordo com Gramsci eram os
intelectuais e o principal modo de conquista da cidadania seria a escola.
javascript:void(0)
 
Imagem: Goetheanum, archívum/Wikimedia Commons/Domínio Público.
RUDOLF STEINER (1861-1925)
Filósofo, educador, artista e esoterista. Fundador da antroposofia, da agricultura
biodinâmica e da medicina antroposófica. Também se tornou profundo conhecedor da
obra de Goethe, escrevendo muitas obras sobre ele e dedicando-se à explicação de seu
pensamento.
javascript:void(0)
 
Imagem: Dmitry Makeev/Wikimedia Commons/Domínio Público.
ANTON MAKARENKO (1888-1939)
Pedagogista ucraniano que se especializou no trabalho com menores abandonados,
especialmente os que viviam nas ruas e estavam associados ao crime. Demonstrou
grande habilidade junto às questões educacionais, colocou em prática uma maneira
revolucionária e eficaz de educar.
De acordo com sua Pedagogia, o jovem deveria ser educado em uma escola baseada na
vida em grupo, no autocontrole, no trabalho, e na disciplina. Concebeu um modelo de
escola baseado na vida em grupo, na autogestão, no trabalho e na disciplina que
contribuiu para a recuperação de jovens infratores.
javascript:void(0)
 
Foto: Autor Desconhecido/Wikimedia Commons/Domínio Público.
MARIA MONTESSORI (1870-1952)
Educadora, médica e pedagoga italiana. Seu trabalho destaca a importância da liberdade,
da atividade e do estímulo para o desenvolvimento físico e mental das crianças. Para ela,
liberdade e disciplina se equilibravam, não sendo possível conquistar uma sem a outra.
Adaptou o princípio da autoeducação, que consiste na interferência mínima dos
professores, já que a aprendizagem tem como base o espaço escolar e o material
didático.
Seu método é caracterizado pela ênfase na autonomia, liberdade com limites e respeito
pelo desenvolvimento natural das habilidades físicas, sociais e psicológicasda criança. A
criança é o centro do método montessoriano e o professor tem o papel de acompanhador
do processo de aprendizado. Ele guia, aconselha, mas não dita, nem impõe o que vai ser
aprendido pela criança.
O material criado por Montessori tem papel preponderante no seu trabalho educativo,
partindo do concreto (o material didático) para o pensamento abstrato.
javascript:void(0)
 
Foto: Autor Desconhecido/Wikimedia Commons/Domínio Público.
LEV VYGOTSKY (1896-1934)
Psicólogo, Vygotsky foi pioneiro no conceito de que o desenvolvimento intelectual das
crianças ocorre em função das interações sociais e condições de vida. Um de seus
conceitos mais importantes é o da Zona de Desenvolvimento Proximal, que
corresponde à diferença entre o que a criança consegue realizar sozinha (Zona de
Desenvolvimento Real) e aquilo que é capaz de aprender e fazer com a ajuda de uma
pessoa mais experiente (Zona de Desenvolvimento Potencial), como um adulto, uma
criança mais velha ou com maior facilidade de aprendizado. Em outras palavras, a Zona
de Desenvolvimento Proximal é tudo o que a criança pode adquirir em termos intelectuais
quando lhe é dado o suporte educacional devido.
javascript:void(0)
 
Foto: Didius/Wikimedia Commons/Licença(CC BY 2.5).
CARL ROGERS (1902-1987)
Psicólogo americano, que desenvolveu a abordagem centrada na pessoa. A proposta
defendida pela Psicologia Humanista de Rogers não considera o ensino um processo de
transmissão de conteúdos prontos, nem mesmo um processo de direção da
aprendizagem. Essa teoria compreende o ensino como facilitação da aprendizagem,
cabendo ao professor a função de estimular o aprendizado.
javascript:void(0)
 
Foto: Silly rabbit/Wikimedia Commons/Licença(CC BY 3.0).
SKINNER (1904-1990)
Psicólogo norte-americano que conduziu trabalhos pioneiros em Psicologia experimental
e foi o propositor do behaviorismo radical. Skinner é a expressão mais célebre do
behaviorismo, corrente que dominou o pensamento e a prática da psicologia, em escolas
e consultórios, até os anos 1950.
Skinner adotava práticas experimentais derivadas da Física e de outras ciências. Outros
importantes estudos do autor referem-se ao comportamento verbal humano e à
aprendizagem. Nenhum pensador ou cientista do século XX levou tão longe a crença na
possibilidade de controlar e moldar o comportamento humano como Skinner.
I DESENVOLVIMENTO
Você percebeu que até aqui, nós já elencamos uma série de propostas e novas ideias
pedagógicas que tiveram influência no modo como a Educação passou a ser estruturada no
século XX. O exercício daqui por diante é conhecer as reformas, decretos e leis que tivemos
javascript:void(0)
durante o período republicano e pensar como que essas novas práticas pedagógicas
influenciaram a Educação brasileira.
  A DÉCADA DAS REFORMAS EDUCACIONAIS
(1920)
A década de 1920 ficou conhecida, no campo educacional, como a década das reformas
educacionais. Naquele momento, ocorreram intensos debates envolvendo diferentes propostas
para pensar a Educação e a organização do sistema escolar. Uma dessas propostas trazia
consigo os ideais da chamada Escola Nova.
Em uma conjuntura marcada por importantes transformações econômicas, políticas e sociais,
os defensores do escolanovismo defendiam a urgência na renovação das práticas de
ensino. Para eles, a Educação tradicional não estimulava os alunos a pensarem por conta
própria.
No decorrer dos anos 1920, alguns estados brasileiros realizaram algumas reformas
educacionais do ensino primário, através dos seguintes pressupostos:
ESCOLANOVISTAS
Os escolanovistas enxergavam os alunos como sujeitos ativos no processo de
aprendizagem. Ao professor, cabia valorizar esses sujeitos em todas suas
potencialidades, despertando curiosidade e interesses.
Outra bandeira muito importante levantada pelos defensores da Escola Nova era a
defesa de uma escola pública, laica, universal e gratuita. Acreditava-se que apenas dessa
forma seria possível viver em uma sociedade mais justa e igualitária: Educação para
todos e não apenas para a elite.
Extensão do ensino
Articulação entre os diferentes níveis da escolarização
javascript:void(0)
Adaptação ao meio social
Adaptação às ideias modernas de Educação
 
SAIBA MAIS
Nesse período, muitos intelectuais tentaram colocar em prática os ideais escolanovistas, por
meio de uma série de reformas do ensino primário que foram feitas no âmbito estadual. Em um
intervalo de oito anos (1920 – 1928), destacaram-se alguns educadores em vários estados da
federação: 
clicando aqui.
1920: Sampaio Dória, diretor-geral da Instrução Pública de São Paulo, realiza a
primeira reforma educacional no Estado de São Paulo;
1923: Lourenço Filho, no Ceará;
1925: Anísio Teixeira, na Bahia;
1927: Francisco Campos e Mário Casassanta, em Minas Gerais;
1928: Fernando Azevedo, no então Distrito Federal;
javascript:void(0)
1929: Carneiro Leão, em Pernambuco;
1930: Lourenço Filho, em São Paulo.
  ERA VARGAS (1930-1945)
 
Imagem: Shutterstock.com
O ano de 1930 é considerado o marco final da República Velha e o início da chamada Era
Vargas.
Alguns fatores ocasionaram o colapso da Primeira República como a insatisfação de muitos
setores sociais que contestavam cada vez mais o Estado oligárquico, além da crise da
economia cafeeira com o fim dos investimentos estrangeiros. A crise dos anos vinte conduziu o
país à denominada Revolução de 1930 e levou Getúlio Vargas ao comando da nação.
Em termos educacionais, apesar das tentativas de reforma nos anos 1920, ao final da Primeira
República pouca coisa havia realmente mudado. Nosso país continuava sem um sistema de
ensino coerente e eficiente. Além disso, o analfabetismo entre jovens e adultos, um
problema de âmbito nacional, não foi resolvido com as reformas. As camadas mais pobres da
população permaneciam fora das salas de aula e apartadas do acesso ao conhecimento.
javascript:void(0)
Mesmo com um cenário político conturbado, alguns nomes de projeção na Educação (desde os
anos 1920) ocuparam posições de destaque no campo educacional. Vários reformadores
dessa década foram convidados a ocupar cargos de relevância no interior do novo governo.
Assim, pela primeira vez em nossa história da Educação, teve início um movimento em direção
à criação de um sistema organizado de ensino.
ANALFABETISMO ENTRE JOVENS E
ADULTOS ESCOLANOVISTAS
O Brasil hoje, com todos os esforços decorrentes, ainda tem números alarmantes de
analfabetos, cerca de 10 milhões, além de números incertos de analfabetos funcionais.
 
Foto: Autor Desconhecido/Wikimedia Commons/Licença(CC BY-SA 4.0).
De modo geral, a Revolução de 1930 no campo educacional foi produtiva: ainda naquele
ano, foi criado o Ministério da Educação e Saúde Pública, coordenado por Francisco Campos.
A atuação de Francisco Campos se deu no sentido de estabelecer um sistema nacional de
Educação. O novo ministro visava estruturar o ensino secundário e o ensino superior. Esses
decretos ficaram conhecidos como Reforma Francisco Campos.
javascript:void(0)
ESSES DECRETOS
Decreto no 19.850, de 11 de abril de 1931: criação do Conselho Nacional de
Educação;
Decreto no 19.851, de 11 de abril de 1931: implementação do Estatuto das
Universidades Brasileiras;
Nem todas essas reformas educacionais foram plenamente aceitas por todos os setores da
sociedade. A situação política conturbada e a noção de que o governo não estava totalmente
comprometido com a renovação do sistema educacional pressionava os defensores da
Pedagogia da Escola Nova.
Em 1932, um grupo de 26 educadores apresentou ao governo um documento que ficou
conhecido posteriormente como o Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova, escrito por
Fernando de Azevedo. O documento apresentava várias propostas e defendia algumas
posições que, a partir de então, foram colocadas em prática ou foram combatidas por grupos
que não aceitavam as mudanças advindas pela Educação.
 
Foto: Arquivo Lourenço Filho CPDOC/FGV.
javascript:void(0)MANIFESTO DOS PIONEIROS DA EDUCAÇÃO
NOVA
Compreendida como canal da democracia;
Um instrumento de integração social;
Pública, obrigatória e laica;
Um vínculo de comunicação com as comunidades onde está inserida;
Articular os vários graus do desenvolvimento humano;
Funcional e ativa.
ENSINO SECUNDÁRIO:
Decretos no 19.890, de 18 de abril de 1931 e no 21.241, de 4 de abril de 1932: discorrem
sobre a organização do ensino secundário. Esses decretos determinavam, entre outras,
coisas o estabelecimento do currículo seriado e frequência obrigatória.
Enquanto os defensores do escolanovismo acreditavam que a Educação funcionava como um
instrumento de emancipação dos indivíduos, a arena pública via crescer com força e
intensidade a defesa do ensino religioso, sob forte influência da ideologia católica.
 
Foto: Shutterstock.com
NESSE CONFLITO DE IDEIAS, CADA GRUPO APRESENTAVA CONCEITOS E PROPOSTAS
PARA A EDUCAÇÃO BRASILEIRA.
Nesse contexto de disputa de narrativas e projetos distintos, foi promulgada uma nova
Constituição para o país: a Constituição de 1934.
QUAL O PAPEL DA CONSTITUIÇÃO DE 1934
NESSE CONTEXTO DE DISCUSSÃO E
ESTABELECIMENTO DE DIRETRIZES E
PROPOSTAS PARA A EDUCAÇÃO?
A Constituição de 1934 foi a primeira Carta Magna brasileira a incluir em seu texto um capítulo
inteiro sobre a Educação. Pela primeira vez, foram apontadas questões importantes em relação
ao ensino no Brasil, como o acesso ao ensino primário. Clique aqui e leia os artigos 148 e
149.
Como é possível perceber, os anseios dos pioneiros foram atendidos, ainda que não em sua
totalidade. Mesmo assim, a nova Carta Constitucional trouxe muitos avanços na Educação
brasileira.
Art. 148: Cabe à União, aos Estados e aos Municípios favorecer e animar o
desenvolvimento das ciências, das artes, das letras e da cultura em geral, proteger os
objetos de interesse histórico e o patrimônio artístico do País, bem como prestar
assistência ao trabalhador intelectual.
javascript:void(0)
Art. 149: A educação é direito de todos e deve ser ministrada, pela família e pelos
Poderes Públicos, cumprindo a estes proporcioná-la a brasileiros e a estrangeiros
domiciliados no País, de modo que possibilite eficientes fatores da vida moral e
econômica da Nação, e desenvolva num espírito brasileiro a consciência da solidariedade
humana.
  ESTADO NOVO (1937-1945)
 
Imagem: Autor Desconhecido/Wikimedia Commons/Domínio Público.
Apenas quatro anos depois da Constituição de 1934, instaurou-se o período que ficou
conhecido como Estado Novo. Com a promulgação de uma nova Constituição de caráter
claramente autoritário, em 1937, Getúlio iniciava a fase ditatorial da Era Vargas. Os oito anos
que duraram o Estado Novo foram de intensa repressão política a todos aqueles que faziam
oposição ao governo.
No campo educacional, permaneceram intactos a gratuidade e obrigatoriedade do ensino
primário. Por outro lado, tornou obrigatória a disciplina Educação Moral e Cívica nas escolas.
Acompanhando as mudanças na sociedade e o aprofundamento do processo de
industrialização, ficava cada vez mais evidente a carência de mão de obra profissional. Assim,
javascript:void(0)
outra mudança trazida na Constituição de 1937 foi a introdução do ensino profissionalizante.
Nos primeiros anos do Estado Novo, em um contexto de ascensão de forças conservadoras, os
ideais dos intelectuais da Escola Nova caíram em certo descrédito. A instituição do ensino
profissional, voltado sobretudo para as classes menos favorecidas, marcou claramente essa
mentalidade.
Extinção da Justiça Eleitoral e dos partidos políticos;
Instituição da censura aos meios de comunicação;
Fim do direito de greve;
Fim do poder legislativo.
No começo da década de 1940, ocorreram algumas iniciativas de reforma da Educação, mais
voltadas para o ensino primário e secundário, mas ainda articuladas ao projeto político
autoritário de Vargas.
No ano de 1942, Gustavo Capanema, Ministro da Saúde e Educação, empreendeu algumas
mudanças sob o nome de Leis Orgânicas do Ensino. Popularmente conhecidas como
Reforma Capanema, essas reformas tinham um viés claramente nacionalista e moralizante.
javascript:void(0)
 
Foto: Autor Desconhecido/Wikimedia Commons/Domínio Público.
REFORMA CAPANEMA
A Reforma Capanema trouxe consigo a instauração de alguns decretos-leis, como:
Decreto-lei no 4.048, de 22 de janeiro, criou do Serviço Nacional de Aprendizagem -
SENAI;
Decreto-lei no 4.073, de 30 de janeiro de 1942: organizou o ensino industrial;
Decreto-lei no 4.244, de 9 de abril de 1942: divisão do ensino secundário em dois
ciclos: ginásio (4 anos) e colegial (3 anos);
Decreto-lei no 6.141, de 28 de dezembro de 1943: reformulação do ensino
comercial.
  NOVA REPÚBLICA (1946-1963)
Com o final do Estado Novo, mais uma vez tivemos a promulgação de uma nova Constituição,
dessa vez com um viés liberal e democrática.
Observe o fato de que em 12 anos (1934-1946), o Brasil teve três constituições diferentes (a de
1934, a de 1937 e a de 1946). Em 1945, quando Getúlio Vargas foi derrubado do poder, o
Brasil voltou, finalmente, a respirar ares democráticos. Por isso, a expressão Nova República.
Diante de tanta informação e tantas reformas diferentes, você pode estar se perguntando sobre
o que acontece agora. Avanços ou retrocessos?
Felizmente, o período conhecido como Nova República ficou conhecido por importantes
transformações no âmbito educacional. Não é possível esquecer que o rápido crescimento
demográfico e o acelerado processo de industrialização impulsionaram as demandas por
Educação. Na Constituição de 1946, a Educação aparece novamente como “ um direito de
todos”, inspirada nos princípios defendidos pelos escolanovistas.
CONSTITUIÇÃO DE 1946
A Constituição de 1946 estabeleceu que:
Anualmente, a União deveria aplicar nunca menos de dez por cento, e os Estados,
o Distrito Federal e os Municípios, nunca menos de vinte por cento da renda
resultante dos impostos, na manutenção e desenvolvimento do ensino;
Fixação da necessidade de elaboração de novas leis e diretrizes para o ensino.
javascript:void(0)
 
SAIBA MAIS
Ainda em 1946, o ensino primário passou por uma reestruturação através da chamada Lei
Orgânica do Ensino Primário, instituída a partir 
desses decretos-leis.
LEI ORGÂNICA DO ENSINO PRIMÁRIO
Decreto-lei no 8.529, de 2 de janeiro de 1946: organização do ensino primário
nacionalmente;
Decreto-lei no 8.530, de 2 de janeiro de 1946: organização do ensino normal;
Decreto-lei no 8.621 e 8.622, de 10 de janeiro de 1946: criação do SENAC –
Serviço Nacional de Aprendizagem do Comércio.
Naquele contexto, tivemos ainda outro debate muito importante envolvendo o setor
educacional: o Ministro da Educação, Clemente Mariani, criou uma comissão de educadores
javascript:void(0)
com o objetivo de pensar uma reforma geral para a Educação. Assim, em 1948, a primeira Lei
de Diretrizes e Bases da Educação Nacional começou a ser discutida e pensada.

DURANTE 13 ANOS, TRAVOU-SE INTENSO DEBATE,
NO ÂMBITO DO ESTADO E DA SOCIEDADE CIVIL,
ENTRE OS QUE DEFENDIAM A PRIORIDADE DA
ESCOLA PÚBLICA E OS PARTIDÁRIOS DA LIBERDADE
DE ENSINO. PARA OS PRIMEIROS, OS RECURSOS DO
ESTADO DEVERIAM SER EMPREGADOS NA
MANUTENÇÃO E NA EXPANSÃO DAS ESCOLAS
OFICIAIS, QUE DEVERIAM MINISTRAR UM ENSINO
OBRIGATÓRIO, GRATUITO E LAICO. PARA OS
OUTROS, ESSES RECURSOS DEVERIAM SER
TRANSFERIDOS ÀS INSTITUIÇÕES PARTICULARES,
QUE MINISTRARIAM O ENSINO CONFORME AS
ORIENTAÇÕES IDEOLÓGICAS DAS FAMÍLIAS,
CABENDO AO ESTADO APENAS OCUPAR O ESPAÇO
NÃO PREENCHIDO PELA INICIATIVA PRIVADA.
(LEI Nº 4.024, DE 20 DE DEZEMBRO DE 1961)
 
Imagem: Shutterstock.com
Após intensos debates envolvendo entidades estudantis, sindicatos e organizações religiosas,
o projeto da LDB finalmente virou a Lei no 4.024, no ano de 1961, já no governo de João
Goulart. A seguir alguns pontos contemplados na LDB:
1
Obrigatoriedade de matrícula nos quatros anos do ensino primário.
2
Ensino religioso facultativo.
3
Anoletivo de 180 dias.
4
Concede mais autonomia aos órgãos estaduais, através da diminuição da centralização do
poder no MEC.
5
Formação do professor para o ensino médio nos cursos de nível superior.
  A EDUCAÇÃO COMO PRÁTICA
LIBERTADORA (1960)
No início da década de 1960, não foram apenas os debates envolvendo o Projeto de Lei de
Diretrizes e Bases para a Educação Nacional que marcaram o cenário brasileiro.
O professor Paulo Freire (foto) passou a ser conhecido por ter conseguido alfabetizar, na
cidade de Angicos, no Rio Grande do Norte, 300 cortadores de cana em apenas 45 dias.
 
Foto: Slobodan Dimitrov/Wikimedia Commons/Licença(CC BY-SA 3.0).
O chamado método Paulo Freire ficou conhecido porque rejeitava as formas tradicionais de
alfabetização que usavam cartilha. Para Freire, essas cartilhas levavam o aluno a aprender
pelo método da repetição. Ao contrário disso, Freire acreditava que o aprendizado deveria vir
como parte integrante da realidade e experiência das pessoas.
No vídeo, Rodrigo Rainha contextualiza os acontecimentos que levaram o país do momento de
criação da Lei de Diretrizes e Bases, em 1961, ao Golpe Civil-militar, em 1964.
Vídeo com libras.
Ou seja, ele partia do universo familiar dos indivíduos para formar palavras e articular sílabas.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. NA DÉCADA DE 1920, UM MOVIMENTO CONHECIDO COMO ESCOLA
NOVA EXERCEU GRANDE INFLUÊNCIA ENTRE UMA PARCELA DE
INTELECTUAIS NO BRASIL. IDENTIFIQUE NAS ALTERNATIVAS ABAIXO,
AQUELA QUE NÃO CORRESPONDE AOS IDEAIS DEFENDIDOS PELOS
ESCOLANOVISTAS:
A) Renovação do ensino com uma Educação baseada no estímulo do desenvolvimento das
potencialidades dos alunos.
B) Defesa de uma Educação pública, laica e gratuita.
C) A Educação era entendida como um direito reservado a apenas uma pequena parcela da
elite.
D) A escola era entendida como um espaço onde os sujeitos poderiam se expressar.
2. COM A PROCLAMAÇÃO DA REPÚBLICA, O BRASIL ADOTOU O
FEDERALISMO, E O PODER, ATÉ ENTÃO CENTRALIZADO NO
IMPERADOR, FOI DIVIDIDO ENTRE O PRESIDENTE E OS GOVERNOS
ESTADUAIS. ESSAS TRANSFORMAÇÕES TIVERAM ECOS NA
EDUCAÇÃO. A IDEIA DO ENSINO COMO DIREITO PÚBLICO SE
FORTALECEU E SURGIRAM MODELOS QUE SE PERPETUARAM. QUAL
DAS REALIZAÇÕES NÃO CORRESPONDE A UM FATO DO PERÍODO
REPUBLICANO?
A) Promulgação da Constituição de 1891 que determinou a descentralização do ensino.
B) Criação da Associação Brasileira de Educação (ABE).
C) Promulgação da Primeira LDB em 1961.
D) Criação da Biblioteca Nacional no Rio de Janeiro em 1810.
GABARITO
1. Na década de 1920, um movimento conhecido como Escola Nova exerceu grande
influência entre uma parcela de intelectuais no Brasil. Identifique nas alternativas abaixo,
aquela que não corresponde aos ideais defendidos pelos escolanovistas:
A alternativa "C " está correta.
 
Os defensores da Escola Nova, nos anos 1920 e 1930, em um contexto de publicação do
Manifesto dos Pioneiros sempre defenderam uma Educação que alcançasse todas as classes
sociais. Eles acreditavam que a Educação funcionaria como um importante instrumento de
emancipação dos indivíduos, portanto, ela teria que ser para todos.
2. Com a Proclamação da República, o Brasil adotou o Federalismo, e o poder, até então
centralizado no imperador, foi dividido entre o presidente e os governos estaduais.
Essas transformações tiveram ecos na Educação. A ideia do ensino como direito público
se fortaleceu e surgiram modelos que se perpetuaram. Qual das realizações não
corresponde a um fato do período republicano?
A alternativa "D " está correta.
 
A Biblioteca Nacional foi fundada no período Imperial com um acervo de 60 mil livros doados
por Dom Pedro II. É considerada, pela UNESCO, uma das dez maiores bibliotecas nacionais
do mundo. Também a maior biblioteca da América Latina.
CONCLUSÃO
I CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este tema fez um passeio sobre as principais linhas educacionais que formaram o Brasil entre
o fim do Império até as vésperas do Golpe Civil-militar de 1964. Podemos perceber que este
período é marcado por duas grandes tendências pedagógicas: as linhas oriundas do
positivismo e as caraterísticas marcantes do tecnicismo. Enquanto até 1930 (período
denominado República Velha) a tradição positivista ajudou a organizar as bases da educação
brasileira, a partir da chamada Era Vargas (1930-1945) e até 1964, temos a consolidação de
um sistema educacional organizado através de Manifestos, Leis e, inclusive, a LDB (Diretrizes
de Base da Educação, de 1961) que marcaram profundamente a tradição escolar brasileira e
que, de algum modo, permanecem ainda hoje em nosso ideário educacional.
AVALIAÇÃO DO TEMA:
REFERÊNCIAS
ARANHA, M. L. A. História da Educação. São Paulo: Moderna, 2002.
BITTENCOURT, Raul. A Educação brasileira no Império e na República. Revista Brasileira de
Estudos Pedagógicos. Rio de Janeiro, MES/INEP.1953.
BOMENY, H. Novos talentos, vícios antigos: os renovadores e a política. Estudos Históricos.
Rio de Janeiro, v.6, n.11, p. 24-39. 1993.
CAMBI. Franco. História da Pedagogia. São Paulo: Editora da UNESP, 1999.
CARTOLANO, Maria Teresa Penteado. Benjamin Constant e a Instrução Pública no Início
da República. Campinas: UNICAMP,1994.
COMTE, Augusto. Discurso sobre o espírito positivo. São Paulo: Abril Cultural, 1978.
CONFERÊNCIAS POPULARES. N. 1, janeiro de 1876. Rio de Janeiro: Tipografia de J.
Villeneuve, 1876.
CURY, C. R. J. Ideologia e Educação Brasileira: Católicos x Liberais. São Paulo, Cortez
Editora & Autores Associados, 1986
FELIZARDO, Joaquim J. História Nova da República Velha. Do Manifesto de 1870 à
Revolução de 1930. Petrópolis: Editora Vozes, 1980
GADOTTI, Moacir. Histórias das ideias pedagógicas. São Paulo: Ática, 1993.
GOMIDE, F. M. Uma reflexão histórica: crítica sobre a hipótese ficção do Positivismo. Rio de
Janeiro: Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas/CNPq, 1999.
INEP. Manifesto dos Pioneiros da Escola Nova. Revista brasileira de estudos pedagógicos.
v. 1, n. 1 (jul. 1944). Rio de Janeiro: Instituto Nacional de Estudos Pedagógicos, 1944.
Publicação oficial do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais.
LACOMBE, A. J. À sombra de Rui Barbosa. Rio de Janeiro: Fundação Casa de Rui Barbosa,
1984.
MARÇAL RIBEIRO, P. R. Educação Escolar no Brasil: Problemas, Reflexões e
Propostas. Coleção Textos, Vol. 4. Araraquara: UNESP, 1990.
MENEZES, J. G.; BARROS, R. S. M. e outros. Estrutura e Funcionamento da Educação
Básica. São Paulo. Pioneira. 1998.
PAIVA, V. P. Educação Popular e Educação de Adultos: Contribuição à História da Educação
Brasileira. São Paulo, Edições Loyola, 1973.
PAIVA, Vanilda. Um Século de Educação Republicana. Campinas: Revista Pro-Posições.
Cortez Editora/Unicamp. Nº2/julho/1990.
RIBEIRO, M. L. S. História da Educação Brasileira: A Organização Escolar. 3a. Edição. São
Paulo, Editora Morais, 1981. Campinas: Autores Associados, 2003.
ROMANELLI, O. História da Educação no Brasil 1930-73. Petrópolis, Vozes, 1978.
UNESP. Caderno de formação: Formação de Professores Educação, Cultura e
Desenvolvimento. Volume 1. São Paulo: UNESP, 2010
EXPLORE+
Quer ver um pouco mais, leia agora a visão de Rui Barbosa 
http://www.serie-estudos.ucdb.br/index.php/serie-estudos/article/view/97.
CONTEUDISTA
Pâmela de Almeida Resende
 CURRÍCULO LATTES
javascript:void(0);

Continue navegando