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Universidade Estadual de Maringá Centro de Ciências Exatas Departamento de Química 6° Prática A QUÍMICA DOS COMPOSTOS DE COORDENAÇÃO E A ESPECTROSCOPIA VISÍVEL Aluna: Adrielle Ávila – R.A: 109.370 Docente: Prof° Dra. Hágata Cremasco Maringá, novembro de 2021 1. Introdução Os compostos de coordenação são formados por um átomo metálico e um ou mais ligantes (átomos, íons ou moléculas) que doam elétrons para o metal. Esta definição inclui compostos com ligações metal-carbono, ou compostos organometálicos. O composto de coordenação provém de uma ligação covalente coordenada, que historicamente considerava-se que era formada por doação de um par de elétrons de um átomo para o outro. Nos compostos de coordenação, os doadores são geralmente os ligantes, e os aceptores são os metais. Compostos de coordenação são exemplos de adutos ácido-base, frequentemente chamados de complexos ou, se carregados, íons complexos. (MIESSLER, 2014) O complexo tende a manter a sua identidade mesmo em solução, mas neste caso, pode haver dissociação parcial. A carga elétrica do complexo depende das cargas do átomo central e dos íons e moléculas que o rodeiam e pode resultar num cátion, um ânion ou não-iônico. (BASOLO, 1967) Os compostos de coordenação desempenham um papel essencial na indústria química e mesmo na vida. O prêmio Nobel de química do ano de 1963 foi ganho pelo Dr. Ziegler, do Instituto Max Planck, da Alemanha, e o professor G. Natta da Universidade de Milão, na Itália. Suas investigações possibilitaram o desenvolvimento do processo da polimerização do etileno a baixas pressões. Como consequência direta, existem agora milhares de artigo de polietileno que são de uso comum. O catalizador Ziegler-Natta para esta polimerização é um complexo dos metais alumínio e titânio. Também adverte sobre a importância dos complexos metálicos quando se pensa em clorofila, que é vital para a fotossíntese das plantas, é um complexo de magnésio, e que a hemoglobina, que leva oxigênio para as células dos animais, é um complexo de ferro. (BASOLO, 1967) Os compostos de coordenação são utilizados extensivamente em química analítica qualitativa para a separação de certos íons metálicos e também para a identificação segura de certos íons. Frequentemente, a formação de complexos metálicos está acompanhada por mudanças marcantes na cor. (BASOLO, 1967) Os espectros eletrônicos de íons e complexos de metais de transição são observados nas regiões do visível e do ultravioleta. Os espectros de absorção trazem informações sobre o comprimento de onda da luz absorvida, isto é, sobre a energia necessária para promover um elétron de um determinado nível de energia para um nível mais elevado. Por outro lado, os espectros de emissão trazem informações sobre a energia emitida quando um elétron retorna do nível excitado para o estado fundamental. Geralmente, as transições envolvendo os elétrons do nível mais externo são observadas na faixa de números de onda de 100.000 cm-1 a 10.000 cm-1, mas a maioria das ocorre na faixa de 50.000 a 10.000 cm-1, (200 a 1.000 nm). A interpretação dos espectros se constitui numa ferramenta muito útil para descrever e compreender os níveis de energia de átomos e moléculas. (LEE, 1999) As bandas observadas nos espectros eletrônico são decorrentes das absorção da luz, associada à promoção de elétrons de um nível energético para outro de maior energia. Tais transições eletrônicas são de alta energia, de modo que outras transições envolvendo energias bem menores, como as transições vibracionais e rotacionais, ocorrem simultaneamente. As energias dos níveis vibracionais e rotacionais são muito semelhantes, para que possam ser resolvidas em bandas de absorção distintas, mas provocam um considerável alargamento das bandas de absorção associadas as transições d-d. As larguras de banda determinadas experimentalmente normalmente variam na faixa de 1.000 a 3.000 cm-1. (LEE, 1999) O espectro de uma solução colorida pode ser obtida facilmente com o auxílio de um espectrofotômetro. Um feixe de luz monocromática, obtido utilizando um prisma e uma fenda estreita, é passado através da solução e, depois sua intensidade é medida com uma célula fotoelétrica. (LEE, 1999) Figura 1 – Esquema de um espectrofotômetro Assim é possível determinar a quantidade de luz absorvida numa determinada frequência; ou então pode-se determinar a variação da quantidade de luz absorvida num intervalo de frequências, e registrar num gráfico a absorbância, A, em função do comprimento de onda ou da frequência. A absorbância era antigamente denominada densidade óptica. (LEE, 1999) 2. Objetivo Verificar o comportamento de diversos complexos metálicos em solução aquosa e na presença de diferentes ligantes. 3. Parte Experimental Quadro 1 – Materiais e reagentes utilizados Materiais Reagentes - Tubos de ensaio - Solução aquosa de cloreto de cobalto (1,5 mol/L) - Suporte para tubos de ensaio - Solução aquosa de cloreto de níquel (0,2 mol/L) - Pipetas graduadas - Solução aquosa de sulfato de cobre (1,00 mol/L) - Pipetas volumétricas - Solução aquosa de sulfato de zinco (0,1 mol/L) - Balança - NH4OH (3,00 mol/L) - Espátula - Etilenodiamina (0,50 mol/L) - Espetrofotômetro UV-Vis - EDTA (0,1 mol/L) 3.1 Procedimentos 3.1.1 Estudo da natureza do íon metálico Para o início da primeira parte deste experimento, separou-se 4 tubos de ensaio devidamente limpos em um suporte para tubos de ensaio. Em seguida com o auxílio de uma pipeta volumétrica mediu-se uma alíquota de 1 mL de solução aquosa (1,5 mol/L) de cloreto de cobalto e a transferiu para um dos tubos de ensaio vazios. Depois com o auxílio de outra pipeta volumétrica, mediu-se uma alíquota de 1 mL de solução aquosa de cloreto de níquel (0,2 mol/L) e a transferiu para um dos tubos de ensaio vazio. Em seguida, foi a vez da solução aquosa de sulfato de cobre (1,00 mol/L) ser transferida com o auxílio de uma pipeta volumétrica em uma alíquota de 1 mL para um dos tubos de ensaio vazios. E por último a solução aquosa de sulfato de zinco (0,1 mol/L) também foi transferida com o auxílio de uma pipeta volumétrica uma alíquota de 1 mL para o último tubo de ensaio vazio. A seguir foram feitas as leituras de espectroscopia eletrônica. Mas antes de se realizar as leituras das soluções aquosas, primeiro deve ser feita a leitura do padrão branco, pois assim eliminam-se as interferências. A leitura do padrão branco consiste em colocar uma pequena quantidade de água destilada em uma cubeta, e realizar a análise no espectrofotômetro. Em seguida, depois da leitura do padrão branco, se iniciou as leituras das soluções aquosas dos íons metálicos (Co2+, Ni2+, Cu2+ e Zn2+), que consiste em transferir a solução aquosa que se encontra no tubo de ensaio para a cubeta, e colocar no espectrofotômetro, para que seja realizada a análise. Sendo realizada cada análise separadamente. E para finalizar essa parte do experimento, anotou-se todas as cores observadas na solução e no espectro eletrônico. 3.1.2. Estudo da natureza dos ligantes Para o início a segunda parte deste experimento, separou-se 4 tubos de ensaio em um suporte para tubos de ensaio e, com o auxílio de uma pipeta graduada, mediu-se o volume de 1 mL de solução aquosa de cloreto de níquel (0,2 mol/L) e transferiu-o para um dos tubos de ensaio, e repetindo esse processo também para os outros três tubos de ensaio. Em seguida, anotou-se a coloração do primeiro tubo de ensaio. No segundo tubo de ensaio, já com a solução aquosa de cloreto de níquel, com o auxílio de uma pipeta graduada, também foram adicionados 2,5 mL de NaOH (3,0 mol/L) e anotou-se a coloração que a solução adquiriu. No terceiro tubo de ensaio, já com a solução aquosa de cloreto de níquel, com o auxílio deuma pipeta graduada, também foram adicionados 2,5 mL de etilenodiamina (0,5 mol/L), e anotou-se a coloração que a solução adquiriu. E no último tubo de ensaio com a solução aquosa de cloreto de níquel, com o auxílio de uma pipeta graduada, também foram adicionados 2,5 mL de EDTA (0,1 mol/L), e anotou-se a coloração que a solução adquiriu. E para finalização do experimento, foram realizadas as leituras de espectroscopia das soluções que foram preparadas acima. 4. Resultados e discussões 4.1 Estudo da natureza do íon metálico Para a determinação da natureza do íon metálico é necessário realizar a comparação entre a coloração observada (transmitida) pelas soluções que contêm o íon metálico, com a coloração correspondente (absorvida) ao comprimento de onda indicado pelo espectrofotômetro. Conforme é indicado na Tabela 1. Tabela 1 – Comprimento de onda das cores do espectro visível. Região de comprimento de onda absorvido (nm) Cor absorvida Cor complementar 380 – 435 Violeta Amarelo-verde 435 – 480 Azul Amarelo 480 – 490 Azul esverdeado Laranja 490 – 500 Verde azulado Vermelho 500 – 560 Verde Vermelho-púrpura 560 – 595 Amarelo-verde Roxo 595 – 650 Laranja Azul esverdeado 650 – 780 Vermelho Azul-verde Para os íons [Co(H2O)6]2+, [Ni(H2O)6]2+, [Cu(H2O)6]2+, [Zn(H2O)6]2+ as cores observadas, seu comprimento de onda indicado pela literatura, a cor absorvida e o comprimento de onda indicado pelo espectrofotômetro correspondente estão relacionados na Tabela 2 (Obs: como não tinha disponível o espectro do cobre, então só colocou-se os dados da parte de observação). Figura 2 – Tubos de ensaio com as soluções aquosas dos íons. Tabela 2 – Estudo da natureza do íon metálico [Co(H2O)6]2+ [Ni(H2O)6]2+ [Cu(H2O)6]2+ [Zn(H2O)6]2+ Cor observada Vermelho Verde-água Azul claro (ciano) Incolor Comprimento de onda (nm) 650 – 780 490 – 500 485 – 500 – Cor absorvida Verde Vermelho – – Comprimento de onda (nm) 511 671 – 286 Os espectros correspondentes aos íons [Co(H2O)6]2+, [Ni(H2O)6]2+ e [Zn(H2O)6]2+ podem ser observados nos gráficos abaixo: -0.2 0 0.2 0.4 0.6 0.8 1 1.2 1.4 0 200 400 600 800 1000 A b s Comprimento de onda (nm) Espectro Uv-Vis [Co(H2O)6] 2+ Diagrama de desdobramento As propriedades magnéticas e as cores dos complexos dos metais de transição estão relacionadas à presença de elétrons nos orbitais d do metal A energia molar do desdobramento do campo cristalino pode ser determinada pelo comprimento de onda absorvida pelo complexo. 𝛥𝑜 = 𝑁𝑎. ℎ. 𝑐 𝜆 -0.2 0 0.2 0.4 0.6 0.8 1 1.2 1.4 0 200 400 600 800 1000 A b s Comprimento de onda (nm) Espectro UV-Vis [Ni(H2O)6] 2+ -1 -0.8 -0.6 -0.4 -0.2 0 0.2 0 200 400 600 800 1000 A b s Comprimento de onda (nm) Espectro UV-Vis [Zn(H2O)6] 2+ Onde: Na – Constante de Avogrado = 6,22x1023 mol-1 h – Constante de Planck = 6,626x10-34 J.s c – Velocidade da luz = 2,998x108 m.s-1 λ – Comprimento de onda (m) Sendo assim, depois de realizados os cálculos, obtivemos os seguintes valores: Tabela 3 – Energias molares de desdobramento Íon Energia molar de desdobramento (kJ) Comprimento de onda (nm) [Co(H2O)6]2+ 241 511 [Ni(H2O)6]2+ 184 671 [Zn(H2O)6]2+ 432 286 Considerando o íon central Co2+, com 25 elétrons e configuração: 1s2, 2s2, 2p6, 3s2, 3p6, 4s2, 3d5, temos os diagramas de desdobramento de energia apresentados nas Figuras 3 e 4, configuração para campo fraco e para campo forte. Figura 3 – Diagrama de desdobramento de energia do íon Co2+(campo fraco) Figura 4 – Diagrama de desdobramento de energia do íon Co2+(campo forte) Considerando o íon central Ni2+, com 26 elétrons e configuração: 1s2, 2s2, 2p6, 3s2, 3p6, 4s2, 3d6, temos os diagramas de desdobramento de energia apresentados nas Figuras 5 e 6, configuração para campo fraco e para campo forte. Figura 5 – Diagrama de desdobramento de energia do íon Ni2+(campo fraco) Figura 6 – Diagrama de desdobramento de energia do íon Ni2+(campo forte) Considerando o íon central Cu2+, com 27 elétrons e configuração: 1s2, 2s2, 2p6, 3s2, 3p6, 4s2, 3d7, temos os diagramas de desdobramento de energia apresentados nas Figuras 7 e 8, configuração para campo fraco e para campo forte. Figura 7 – Diagrama de desdobramento de energia do íon Cu2+(campo fraco) Figura 8 – Diagrama de desdobramento de energia do íon Cu2+(campo forte) 4.2 Estudo da natureza do ligante Para os ligantes testados com o íon Ni2+: água, NH4OH, etilenodiamina e EDTA, as cores observadas, seu comprimento de onda indicado pela literatura, a cor absorvida e o comprimento de onda indicado pelo espectrofotômetro, estão relacionados abaixo, na Tabela 4. Figura 9 – Tubos de ensaio com os diferentes ligantes. Tabela 4 – Estudo da natureza do ligante Ligante H2O NH3 Etilenodiamina EDTA Cor observada Verde-água Lilás Roxo-claro Azul Comprimento de onda (nm) 490 – 500 380 – 435 380 – 435 435 – 480 Cor absorvida Vermelho Amarelo-verde Verde Laranja Comprimento de onda (nm) 671 579 551 598 Os espectros correspondentes aos ligantes: H2O, NH3, etilenodiamina e EDTA, podem ser vistos nos gráficos abaixo (com a parte que seria visível destacada (400 – 750 nm)): -0.2 0 0.2 0.4 0.6 0.8 1 1.2 1.4 0 200 400 600 800 1000 A b s Comprimento de onda (nm) Espectro UV-Vis Ni2+em H2O -1 -0.8 -0.6 -0.4 -0.2 0 0.2 0.4 0.6 0.8 0 200 400 600 800 1000A b s Comprimento de onda (nm) Espectro UV-Vis Ni2+em NH3 Série Espectroquímica Os ligantes são arranjados na série espectroquímica do seguinte modo: I- < Br- < S2- < Cl- < NO3- < F- < OH- < EtOH < oxalato < H2O < EDTA < (NH3 e piridina) < etilenodiamina < bipiridina < o-fenantrolina < NO2- < CN- < CO. Os primeiros são ditos ligantes de campo fraco, enquanto que os últimos são de campo forte. Quanto maior a força do ligante, mais intensa será a coloração observada. A energia molar de desdobramento, Δo, está diretamente ligada com a força dos ligantes, visto que isso varia com a força dos campos. (BROWN, 2005; LEE, 1999) -0.2 -0.1 0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 0.7 0 200 400 600 800 1000 A b s Comprimento de onda (nm) Espectro UV-Vis Ni2+em Etilenodiamina -1 -0.5 0 0.5 1 1.5 0 200 400 600 800 1000 A b s Comprimento de onda (nm) Espectro UV-Vis Ni2+em EDTA De acordo com a série espectroquímica, o ligante etilenodiamina apresentaria o maior desdobramento do campo cristalino seguido de NH3, EDTA e H2O. Tabela 3 – Energias molares de desdobramento Ligante Energia molar de desdobramento (kJ) Comprimento de onda (nm) Etilenodiamina 224 551 NH3 213 579 EDTA 206 598 H2O 184 671 5. Conclusão Com a finalização desta prática, pode-se concluir que o método analítico para a determinação da coloração dos íons e dos complexos mostrou-se efetiva para o método de absorção, houve apenas uma pequena diferença entre os valores experimentais e os valores dos comprimentos de onda observados, que pode ser resultado de em erro no momento da observação das colorações. Já para a parte dos ligantes, obteve-se resultados coerentes com a literatura para a série espectroquímica, ou seja, o complexo do ligante com maior desdobramento de campo cristalino (etilenodiamina) apresentou maior energia molar de desdobramento. 6. Referências MIESSLER, Gary L. Química Inorgânica. 5° Ed. Editora Pearson. São Paulo, 2014. BASOLO, Fred. Química de los compuestos de coodinación. 1° Ed. Editorial Reverté, S.A, Barcelona, 1967. LEE, J. D. Química Inorgânica Não Tão Concisa. Tradução da 5° Ed. Inglesa. Editora Edgar Blucher, São Paulo,1999. BROWN, T.L., et. al. Química a ciência central. 9ª Ed. São Paulo. Pearson, 2007.
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