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PROGRAMAS NACIONAIS DE DEFESA SANITÁRIA ANIMAL Prof. Rafael Gonçalves Dias 1 PROGRAMAS NACIONAIS DE DEFESA SANITÁRIA ANIMAL INTRODUÇÃO A agropecuária responde por parcela importante do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, com destaque para a pecuária. O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) e os governos estaduais, em consonância com as normas da OIE, desenvolvem Programas Sanitários que visam exatamente o fortalecimento da pecuária nacional por intermédio de ações de defesa e vigilância sanitária. A defesa sanitário animal promove a prevenção, controle e erradicação das doenças em animais de interesse socio- econômico para nosso estado através de seus pilares de sustentação: vacinação de animais, base cadastral sólida e auditável do sistema agroprodutivo, atenção veterinária com vigilância epidemiológica ativa e passiva bem como o monitoramento, controle e erradicação de focos de doenças; controle do trânsito de animais e educação sanitária. A presente apostila é uma compilação dos principais Programas Sanitários desenvolvidos em nosso País, a saber: Programa Nacional de Erradicação e Prevenção da Febre Aftosa, Programa Nacional de Controle da Raiva de Herbívoros e das Encefalopatias Espongiformes Transmissíveis, Programa Nacional da Sanidade de Equídeos, Programa Nacional de Sanidade de Caprinos e Ovinos e Programa Nacional de Prevenção e Controle. 2 PROGRAMA NACIONAL DE ERRADICAÇÃO E PREVENÇÃO DA FEBRE AFTOSA (PNEFA) Dispositivo Legal: Instrução Normativa nº 44, de 02 de outubro de 2007. Objetivos: Erradicação da febre aftosa em todo o Território Nacional. Sustentação dessa condição sanitária. Definições Importantes: Área perifocal: área imediatamente circunvizinha ao foco de febre aftosa, compreendendo, pelo menos, as propriedades rurais adjacentes ao mesmo (pode ser empregado um raio de três quilômetros traçado a partir dos limites geográficos do foco). Área de vigilância: área imediatamente circunvizinha à área perifocal (podem ser consideradas as propriedades rurais localizadas até sete quilômetros dos limites da área perifocal). Área tampão: área imediatamente circunvizinha à área de vigilância, representando os limites da área de proteção sanitária (podem ser consideradas as propriedades rurais localizadas até quinze quilômetros dos limites da área de vigilância). Material patogênico: material de risco biológico para febre aftosa, colhido de casos confirmados de doença vesicular infecciosa ou de qualquer animal susceptível à febre aftosa localizado em zona infectada, incluindo: amostras de vírus da febre aftosa; amostras de soro sangüíneo, de sangue total ou de qualquer material infeccioso. 3 excreta, tecido, órgão e qualquer outro material que se envie a laboratório especializado, para fins de diagnóstico. Zona livre: com ou sem vacinação, representa o espaço geográfico com certificação pelo MAPA, do cumprimento das seguintes condições: ausência de ocorrência de focos e de circulação viral pelos prazos estabelecidos. existência de adequado sistema de vigilância sanitária animal. existência de marco legal compatível. presença de uma adequada estrutura do serviço veterinário oficial; Zona tampão: espaço geográfico estabelecido para proteger a condição sanitária dos rebanhos de uma zona livre frente aos animais e seus produtos e subprodutos de risco oriundos locais com condição sanitária distinta. aplicação de medidas baseadas na epidemiologia da doença e destinadas a impedir a introdução do agente patogênico. vacinação, controle do movimento de animais e intensificação da vigilância da doença. Zona infectada: espaço geográfico de um país que não reúne as condições necessárias para ser reconhecido como zona livre, com ou sem vacinação. Zona de contenção: espaço geográfico estabelecido no entorno de explorações pecuárias infectadas ou supostamente infectadas, cuja extensão é determinada levando em consideração fatores epidemiológicos e os resultados das investigações realizadas e na qual são aplicadas medidas de controle para impedir a propagação da infecção. 4 Tipos de casos na investigação epidemiológica de DOENÇAS VESICULARES: Caso suspeito de doença vesicular: notificação apresentada por terceiros ao serviço veterinário oficial indicando a possibilidade de existência de um ou mais animais apresentando sinais clínicos compatíveis com doença vesicular infecciosa; Caso confirmado de doença vesicular: constatação pelo serviço veterinário oficial de animais apresentando sinais clínicos compatíveis com doença vesicular infecciosa, exigindo adoção imediata de medidas de biossegurança e de providências para o diagnóstico laboratorial; Caso descartado de doença vesicular: todo caso suspeito de doença vesicular investigado pelo serviço veterinário oficial cujos sinais clínicos não são compatíveis com doença vesicular infecciosa; Caso ou foco de febre aftosa: registro, em uma unidade epidemiológica, de pelo menos um caso que atenda a um ou mais dos seguintes critérios: isolamento e identificação do vírus da febre aftosa em amostras procedentes de animais susceptíveis, com ou sem sinais clínicos da doença, ou em produtos obtidos desses animais. detecção de antígeno viral específico do vírus da febre aftosa em amostras procedentes de casos confirmados de doença vesicular, ou de animais que possam ter tido contato prévio, direto ou indireto, com o agente etiológico. existência de vínculo epidemiológico com outro foco de febre aftosa. 5 Medidas gerais e comuns: manutenção e fortalecimento das estruturas dos serviços veterinários oficiais. cadastramento do setor agropecuário. edição de atos para respaldar medidas operacionais. estabelecimento de sistemas de supervisão e auditoria do serviço veterinário oficial. modernização do sistema de informação epidemiológica. Medidas prioritárias nas zonas livres: fortalecimento do sistema de prevenção, incluindo a implantação de análises técnicas e científicas contínuas para identificação das vulnerabilidades e para orientação das ações de vigilância e fiscalização. implantação de procedimentos normativos e técnicos considerando o sacrifício sanitário e a destruição de produtos de origem animal de risco para febre aftosa, ingressados de forma irregular ou sem comprovação de origem. adoção de procedimentos para monitoramento da condição sanitária dos rebanhos susceptíveis. implantação e manutenção de fundos financeiros, públicos ou privados, para apoio ao sistema de emergência veterinária. em zonas livres com vacinação, implantação de estratégias e de cronograma de trabalho para a suspensão da obrigatoriedade da vacinação contra a febre aftosa. fortalecimento das estruturas de diagnóstico laboratorial. fortalecimento dos programas de treinamento de RH. controle da movimentação de animais, seus produtos e subprodutos. manutenção de programas de educação sanitária e comunicação social. 6 organização e consolidação da participação comunitária por meio da implantação e manutenção de comissões estaduais e locais de saúde animal. manutenção da adequada oferta de vacina contra a febre aftosa, produzida sob controle do MAPA. controle dos procedimentos de comercialização e aplicação da vacina contra a febre aftosa. implantação e manutenção de sistema de emergência veterinária, com capacidade de notificação imediata e pronta reação frente a suspeitas e casos confirmados de doença vesicular. Medidas prioritárias nas zonas infectadas: fortalecimento do sistema de vigilância em saúde animal, considerando a implantação de serviços veterináriosoficiais. realização de análises e avaliações técnicas para caracterização epidemiológica e agroprodutiva das regiões envolvidas e para definição das estratégias de erradicação do agente viral. intensificação da participação de outros setores públicos e privados. Notificação As doenças vesiculares infecciosas são de notificação compulsória. Todo médico veterinário, produtor rural, transportador de animais, profissionais que atuam em laboratórios veterinários e em instituições de ensino e pesquisa veterinária que tenham conhecimento de casos suspeitos de doença vesicular, ficam obrigados, em prazo não superior a 24 horas do conhecimento da suspeita, a comunicar o fato ao serviço veterinário oficial. 7 No caso de o notificante ser proprietário ou responsável pela exploração pecuária com casos suspeitos de doença vesicular, deverá interromper a movimentação dos animais, produtos e subprodutos de origem animal, até autorização por parte do serviço veterinário oficial. O serviço veterinário oficial deverá atendê-las dentro do prazo de 12 horas. Casos confirmados: A constatação de caso confirmado de doença vesicular implica a adoção de medidas sanitárias para identificação e contenção do agente etiológico. A confirmação de foco de febre aftosa leva à declaração de estado de emergência veterinária, de acordo com as orientações contidas nos planos de contingência e de ação. As ações imediatas envolvem: registro e comunicação da ocorrência às instâncias superiores. definição e interdição da unidade epidemiológica com casos confirmados de doença vesicular. colheita de material para diagnóstico laboratorial, acompanhada de avaliação clínica e epidemiológica. realização de investigação epidemiológica inicial, considerando análise do trânsito de animais susceptíveis. suspensão temporária do trânsito de animais e de produtos de risco oriundos de propriedades rurais limítrofes ou com vínculo epidemiológico com a unidade epidemiológica onde foram confirmados os casos de doença vesicular. 8 Reconhecimento de Zona Livre A condução do processo de reconhecimento de zona livre de febre aftosa, com ou sem vacinação, é de responsabilidade do MAPA e apresenta as seguintes etapas: avaliação do cumprimento das condições técnicas e estruturais exigidas, por meio de supervisão e auditorias do MAPA. declaração nacional, por meio de ato do MAPA, de reconhecimento da área envolvida como livre de febre aftosa, com ou sem vacinação, com base em parecer favorável do MAPA. encaminhamento à OIE de pleito brasileiro, fundamentado tecnicamente, solicitando o reconhecimento internacional de zona livre de febre aftosa, com ou sem vacinação. Para uma Unidade da Federação ou parte de Unidade da Federação ser reconhecida como zona livre de febre aftosa ou como zona tampão, deverá apresentar, no mínimo, classificação BR-3 (risco médio) para febre aftosa ou outra classificação de risco semelhante que venha a ser adotada pelo MAPA. A manutenção da condição sanitária nas zonas livres de febre aftosa exige a implementação de atividades contínuas de vigilância epidemiológica: controle nos pontos de ingresso. permissão de ingresso de animais, produtos e subprodutos de risco para febre aftosa somente após avaliação pelo serviço veterinário oficial. proibição de manutenção e manipulação de vírus da febre aftosa íntegro, exceto naquelas instituições com nível de biossegurança apropriado e oficialmente aprovadas pelo MAPA. proibição do ingresso e da permanência de animais em lixões ou aterros sanitários e da retirada de restos de alimentos desses locais para a alimentação de animais. 9 proibição do uso, na alimentação de suídeos, de restos de comida, de qualquer procedência, salvo quando submetidos a tratamento térmico que assegure a inativação do vírus da febre aftosa. identificação e monitoramento de possíveis pontos de risco para ingresso. identificação de estabelecimentos que representem maior risco para introdução do vírus da febre aftosa. identificação de produtores rurais que possuam explorações pecuárias em outras Unidades da Federação ou países. intensificação da vigilância epidemiológica nas explorações pecuárias. implementação e manutenção de equipes volantes de fiscalização. Vacinação Somente poderão ser comercializadas e utilizadas no país vacinas contra a febre aftosa registradas e controladas pelo MAPA. A vacinação sistemática e obrigatória deve ser realizada em bovinos e bubalinos de todas as idades. É proibida a vacinação de caprinos, ovinos e suínos e de outras espécies susceptíveis, salvo em situações especiais com aprovação do MAPA Estratégias de Vacinação (bovinos e bubalinos): vacinação semestral de todos os animais, em etapas com duração de 30 dias. vacinação semestral de animais com até 24 meses de idade e anual para animais com mais de 24 meses de idade, com realização ou não de etapa de reforço para animais com até 12 meses de idade, em 10 etapas com duração de 30 dias. Essa estratégia somente poderá ser adotada em UF com cadastro de propriedades consolidado e com realização de vacinação semestral por pelo menos dois anos consecutivos com índices globais de vacinação superiores a 80%. vacinação anual de todos os animais, em etapas de 45 a 60 dias, em regiões onde as características geográficas possibilitam o manejo das explorações pecuárias apenas durante período limitado do ano. outras estratégias de vacinação poderão ser adotadas após análise pelo MAPA. A vacinação é de responsabilidade dos produtores rurais. O serviço veterinário oficial poderá realizar o acompanhamento da vacinação ou assumir a responsabilidade pela aquisição ou aplicação da vacina em áreas de risco ou em outras explorações pecuárias consideradas de importância estratégica. Em zonas livres sem vacinação é proibida a aplicação, manutenção e comercialização de vacina. Em áreas onde a vacinação é obrigatória, os estabelecimentos de leite e derivados somente poderão receber leite in natura de explorações pecuárias cujo produtor tenha comprovado a realização de vacinação. Trânsito • Para a movimentação de bovinos, bubalinos, ovinos e caprinos, a GTA somente poderá ser expedida pelo serviço veterinário oficial. • Toda carga de animais susceptíveis à febre aftosa em desacordo com o estabelecido no PNEFA deverá ser apreendida e encaminhada para sacrifício sanitário ou a outra destinação prevista, cabendo ao infrator as sanções e penalidades previstas na legislação específica. 11 • Durante a etapa de vacinação e até 60 dias após o seu término, os animais destinados ao abate imediato ficam dispensados da obrigatoriedade da vacinação contra a febre aftosa. • A emissão de GTA para animais oriundos de UF ou região de vacinação obrigatória deve respeitar o cumprimento dos seguintes prazos, contados a partir da última vacinação contra a febre aftosa: quinze dias para animais com uma vacinação. sete dias para animais com duas vacinações. a qualquer momento após a terceira vacinação. • É proibido o ingresso de animais vacinados contra a febre aftosa em zona livre sem vacinação. • Trânsito Interno: especificidades complexas. • Trânsito Internacional: É proibida a importação de animais susceptíveis à febre aftosa e de seus produtos e subprodutos quando procedentes de países, regiões ou zonas não incluídos na Lista de Países Livres de Febre Aftosa publicada pela OIE, salvo exceções previstas no PNEFA. 12 PROGRAMA NACIONAL DE CONTROLE DA RAIVA DOS HERBÍVOROS (PNCRH): Dispositivo Legal: Instrução Normativanº 5, de 1° de março de 2002. A Raiva é uma doença viral aguda que afeta o Sistema Nervoso Central de mamíferos e caracteriza‐ se por um quadro de encefalomielite fatal. Situação atual da Raiva de Herbívoros no Brasil: Considerada doença endêmica em graus diferenciados de acordo com a região (mais de 34 mil casos entre 1995 e 2005). Fatores que contribuem para essa situação: oferta de alimentos (crescimento dos rebanhos). ocupação desordenada (modificações ambientais). oferta de abrigos artificiais. 13 falhas na execução do PNCRH em alguns estados. Papel dos herbívoros na epidemiologia da raiva no ambiente rural: São considerados hospedeiros acidentais, portando-se como sentinelas, logo, a sua participação na cadeia epidemiológica rural restringe-se ao óbito do próprio anima, sendo o risco de transmissão da doença quase nulo. Objetivo do PNCRH: O objetivo do Programa é o controle da ocorrência da Raiva de herbívoros no Brasil e não a convivência com a doença. Estratégias do PNCRH: Controle da população de morcegos hematófagos (D. rotundus). Educação em saúde. Vigilância epidemiológica. Orientação da vacinação de herbívoros domésticos. Responsabilidades Institucionais do MAPA: Coordenação, normalização e supervisão das ações do PNCRH. Definição de estratégias para prevenção e o controle da raiva. Credenciamento de laboratórios para o diagnóstico da raiva e outras doenças com sintomatologia nervosa. Sistema de informação e vigilância. Auditoria dos serviços estaduais de defesa sanitária animal. Educação sanitária. Capacitação de recursos humanos. Apoio financeiro e ás ações de controle dos órgãos estaduais de agricultura. Responsabilidades Institucionais dos órgãos estaduais de defesa sanitária animal: 14 Execução das ações do PNCRH. Cadastramento de propriedades rurais. Cadastramento e monitoramento de abrigos de morcegos hematófagos. Execução da vigilância nas áreas ou propriedades de risco. Atendimento aos focos da doença. Educação sanitária. Comitês Municipais de Sanidade Animal. Promoção e fiscalização da vacinação em rebanhos. Capacitação de recursos humanos. Alimentação do banco de dados do MAPA. Responsabilidades Institucionais dos Laboratórios Credenciados: Processamento das amostras suspeitas. Encaminhamento para diagnóstico diferencial das amostras negativas. Informar aos órgãos competentes os casos positivos. Notificação: É obrigatória a notificação pelo proprietário ao Serviço Veterinário Oficial da ocorrência ou suspeita de casos de raiva (art. 2° da INM° 5/2002). O atendimento à notificação por parte do Serviço Veterinário Oficial deve ser feito o mais rapidamente possível, inclusive com a coleta de amostra, se necessário. Encaminhamento de material suspeito de raiva para os laboratórios: Pode ser feito por: 1. Médicos veterinários do Serviço Oficial. 2. Médicos Veterinários Autônomos. 3. Outros profissionais ou proprietários. 15 Vacinação dos herbívoros domésticos: Vacina contendo vírus inativado, produzidas em cultivo celular. Dosagem de 2 ml por animal por via subcutânea ou intra‐ muscular. Adotada preferencialmente em eqüídeos e bovídeos com mais de 3 meses de idade. Preconizada revacinação 30 dias após a primovacinação. Confere imunidade por no máximo 12 meses. A vacina deve ser conservada entre 2 e 8 °C. A vacinação é compulsória em focos da doença. A comprovação da vacinação PE feita com a apresentação da nota fiscal da vacina (n° da partida + validade + laboratório produtor). Controle dos transmissores: Espécies de morcegos hematófagos: 1. Desmodus rotundus* 2. Diphylla ecaudata 3. Diaemus youngi *PRINCIPAL TRANSMISSOR DA RAIVA PARA HERBÍVOROS. Raramente os herbívoros se infectam pela agressão de cães, gatos e animais silvestres. Métodos de Controle: Seletivo Direto: aplicação tópica de substância “vampiricida” no dorso do morcego. 16 Seletivo Indireto: aplicação tópica da substância “vampiricida” nas feridas dos animais espoliados. Cadastro e Monitoramento de Abrigos: Abrigos Artificiais (grutas, ocos de árvores, etc.). Abrigos Naturais (bueiros, construções abandonadas, etc.). Atuação em Focos: Deve ser conduzida pelo Serviço Oficial de Defesa Sanitária Animal. Após a notificação a investigação epidemiológica deve ser iniciada em, no máximo, 24 horas. De acordo com o resultado da investigação epidemiológica executam-se as ações de vacinação e controle de morcegos. Modelos de Atuação: círculos concêntricos e bloqueio linear (vide figuras abaixo. Modelo de Bloqueio Linear da Progressão da Raiva (Adaptado de Piccinini, R. S. – 198 5) Modelo de Círculos Concêntricos para Atuação em Focos de Raiva (Adaptado de Piccinini, R. S. – 1985) Modelo de Círculos Concêntricos para Atuação em Focos de Raiva (Adaptado de Piccinini, R. S. – 1985) 17 Modelo de Bloqueio Linear da Progressão da Raiva (Adaptado de Piccinini, R. S. – 198 5) FONTE: Brasil. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Controle da raiva dos herbívoros : manual técnico 2009 / Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Secretaria de Defesa Agropecuária. – Brasília : Mapa/ACS, 2009. Intensificação do controle de transmissores num raio de até 12 km, de acordo com a topografia local. Encerramento do foco em 90 dias após o último óbito ocorrido. Colheita de Material e Exames de Laboratório: Amostras do animal suspeito: Sistema Nervoso Central Ruminantes: encéfalo (córtex, cerebelo e tronco cerebral). Eqüídeos: encéfalo e medula. Acondicionamento: Frasco com tampa ou saco plástico duplo hermeticamente fechado e identificado. Caixa isotérmica com gelo reciclável (temperatura entre 2 e 4 ° C). Para exame diferencial (histopatológico) usar frasco com tampa ou saco plástico específico com amostra fixada em formol. Prazo: preferencialmente até 24 horas após a colheita. 18 Educação Sanitária: Objetivo de promover a saúde animal, humana e meio ambiente com a conscientização e conseqüente comprometimento de todos os segmentos da cadeia produtiva e sociedade em geral. Incentivar a mudança de comportamento do pecuarista para que este passe a: notificar casos suspeitos ou animais espoliados. vacinar o rebanho, quando necessário. aplicar substância anticoagulante (“vampiricida”) em animais espoliados. comunicar a morte de animais aos Serviços Oficiais. 19 PROGRAMA NACIONAL DE PREVENÇÃO E CONTROLE DAS ENCEFALOPATIAS ESPONGIFORMES TRANSMISSÍVEIS (EET) A encefalopatia espongiforme bovina (EEB) caracteriza-se por uma degeneração crônica e transmissível do Sistema Nervoso Central de bovinos, cuja sintomatologia envolve nervosismo, dificuldade de locomoção, e reação exagerada a estímulos externos. 20 A Scrapie é uma enfermidade do grupo das encefalopatias espongiformes transmissíveis, que ocasiona degeneração do sistema nervoso, é transmissível e fatal e acomete caprinos e ovinos. Dispositivos Legais: Portaria n° 516, de 09 de dezembro de 1997, alterada pela Instrução Normativa n° 5, de 01/03/2002 – Declara o Brasil livre da EEB. Instrução Normativa n° 49, de 15 de setembro de 2008 – Estabelece as categorias de risco para EEB. Instrução Normativa n° 15, de 2 de abril de 2008 – Aprova os procedimentos para a atuação em caso de suspeita ou ocorrência de Paraplexia Enzoótica dos Ovinos (scrapie). 3.2 Notificação: A encefalopatia espongiforme bovina e a paraplexia enzootica dos ovinos (scrapie) são doenças de notificação obrigatória e sua ocorrência ou suspeita deve serimediatamente informadas à autoridade de defesa sanitaria animal. Recomendações para a prevenção das EET (artigo 3.2.13.1 do CZI) Identificação dos perigos potenciais de introdução da doença mediante análise de risco que inclua a importação de animais vivos e produtos e sub-produtos de origem animal. Incorporação da encefalopatia espongiforme bovina, da paraplexia enzootica dos ovinos (scrapie) e outras doenças com sintomatologia nervosa de caráter progressivo no sistema de vigilância da raiva dos herbívoros domésticos. Proibição do uso de qualquer fonte de proteína de ruminantes na alimentação dos mesmos, com exceção das proteínas lácteas. 21 Trânsito: O ingresso no Brasil de animais e produtos e sub-produtos de origem animal originários de terceiros países fica condicionado à comprovação do atendimento às medidas de vigilância das encefalopatias espongiformes transmissíveis recomendadas no CZI. Proíbe a importação de ruminantes, seus produtos e subprodutos destinados a quaisquer fins, de produtos para uso veterinário que contenham em sua composição insumos oriundos de ruminantes, e de produtos e ingredientes de origem animal destinados à alimentação de animais, quando originários ou procedentes de países classificados na categoria III. Sujeita ao atendimento de requisitos sanitários estabelecidos pelo MAPA a importação de ruminantes, seus produtos e subprodutos destinados a quaisquer fins, de produtos para uso veterinário que contenham em sua composição produtos de ruminantes, e de produtos e ingredientes de origem animal destinados à alimentação de animais, quando originários ou procedentes de países classificados nas categorias I ou II. Excluem-se da proibição e da restrição acima os seguintes produtos: leite e produtos lácteos. sêmen e embriões de bovinos produzidos conforme recomendado pela Sociedade Internacional de Transferência de Embriões. sebo desproteinado (com impurezas insolúveis correspondendo, no máximo, a 0,15% do peso) e produtos derivados do mesmo. farinha de ossos calcinados (sem proteínas ou gorduras). couros e peles. gelatina e colágeno processados de acordo com o Código Sanitário para os Animais Terrestres da OIE. 22 Categorias de risco para EEB: segue a categorização da OIE da situação sanitária dos países membros a respeito da EEB. Categoria I - países com risco insignificante para a EEB. Categoria II - países com risco controlado para a EEB. Categoria III - países com risco indeterminado ou não classificado para a EEB. Sacrifício de bovinos importados: Consideram-se como de risco para a EEB todos os países que tenham notificado caso autóctone dessa enfermidade ou os classificados na categoria III. PROGRAMA NACIONAL DA SANIDADE DE EQUÍDEOS (PNSE) Dispositivo Legal: Instrução Normativa n° 17, de 08 de maio de 2008 Objetivo: o fortalecimento do complexo agropecuário dos eqüídeos, por meio de ações de vigilância e defesa sanitária animal. Estratégias: educação sanitária; estudos epidemiológicos; controle do trânsito; cadastramento, fiscalização e certificação sanitária; e intervenção imediata quando da suspeita ou ocorrência de doença de notificação obrigatória. Normas para a prevenção e o controle da Anemia Infecciosa Equina (AIE) Dispositivo Legal: Instrução Normativa n° 45, de 15 de junho de 2004. 23 Definições importantes: Anemia Infecciosa Eqüina: doença infecciosa causada por um lentivírus, podendo apresentar-se clinicamente sob as formas aguda, crônica e inaparente. Eqüídeo: qualquer animal da Família Equidae, incluindo eqüinos, asininos e muares. Área de Alto Risco: região geográfica na qual a A.I.E. é sabidamente endêmica e onde as condições ambientais contribuem para a manutenção e a disseminação da doença. Foco: toda propriedade onde houver um ou mais eqüídeos portadores de AIE. Área perifocal: área ao redor do foco a ser estabelecida pelo serviço veterinário oficial. Quarentena: Isolamento de eqüídeo clinicamente sadio, recém‐ chegado à propriedade controlada, procedente de propriedade não controlada, em instalação específica, distante no mínimo 200 (duzentos) metros de qualquer outra propriedade ou protegida com tela à prova de insetos. Duração: até a constatação da negatividade do mesmo, mediante a realização de 2 exames consecutivos com intervalo de 30 a 60 dias. COMISSÃO ESTADUAL DE PREVENÇÃO E CONTROLE DA AIE (CECAIE): Uma em cada UF. Atribuições: 1. propor as medidas sanitárias para a prevenção e o controle da AIE na respectiva UF. 24 2. avaliar os trabalhos desenvolvidos na respectiva UF. Responsável pela requisição do exame para diagnóstico: médico veterinário inscrito no Conselho Regional de Medicina Veterinária da respectiva UF. competências: proceder à colheita do material para exame; e requisitar a laboratório credenciado pelo DDA o exame para diagnóstico. Diagnóstico Laboratorial: Imunodifusão em gel de Agar (prova sorológica) ou outra prova oficialmente reconhecida. Resultado Positivo: deverá ser encaminhado, imediatamente, ao órgão de Defesa Sanitária Animal. Resultado Negativo: deverá ser encaminhado ao médico veterinário requisitante ou ao proprietário do animal. A validade do resultado negativo será, a contar da data da colheita da amostra: 180 dias para propriedade controlada. 60 dias para os demais casos. É facultado ao proprietário do animal requerer exame de contraprova (prazo máximo de 8 dias, contados a partir do recebimento da notificação do resultado). A contraprova será efetuada no laboratório que realizou o primeiro exame. Em caso de resultado positivo enquanto aguarda a contraprova, o animal deverá permanecer isolado até a classificação final, quando serão adotadas as medidas preconizadas. 25 Medidas em caso de foco: interdição da propriedade, proibição de trânsito dos eqüídeos da propriedade e da movimentação de objetos passíveis de veiculação do vírus da AIE. investigação epidemiológica de todos os animais que reagiram ao teste de diagnóstico de AIE, incluindo histórico do trânsito. marcação permanente dos eqüídeos portadores da AIE (ferro candente na paleta do lado esquerdo com um “A”, contido em um círculo de 8 (oito) centímetros de diâmetro, seguido da sigla da UF). a marcação dos eqüídeos é de responsabilidade do serviço veterinário oficial e não será obrigatória se os animais forem imediatamente sacrificados ou enviados para abate sanitário. sacrifício* (no máximo em 30 dias na propriedade ou abate sanitário) ou isolamento dos eqüídeos portadores. * NÃO DÁ DIREITO A INDENIZAÇÃO. realização de exame laboratorial em todos os eqüídeos da propriedade. desinterdição da propriedade foco após realização de 2 exames com resultados negativos consecutivos para AIE, com intervalo de 30 a 60 dias. orientação aos proprietários das propriedades que se encontrarem na área perifocal, para que submetam seus animais a exames laboratoriais. 26 Informações Importantes: Eqüídeo, com marcação permanente de portador de A.I.E., encontrado em outra propriedade ou em trânsito: SACRIFÍCIO (salvo quando comprovadamente destinado ao abate). A propriedade onde este animal for encontrado será considerada foco. Todo produto biológico de origem eqüídea, para uso profilático ou terapêutico, deverá, obrigatoriamente, ser elaborado a partir de animal procedente de propriedade controlada. Para fins de registro genealógico definitivo, todo eqüídeo deverá apresentar exame negativo para AIE. Propriedade Controlada: não apresentar animal reagente positivo em 2 exames consecutivos, realizados com intervalode 30 a 60 dias. todo o seu efetivo eqüídeo deverá ser submetido ao exame, no mínimo, uma vez a cada 6 meses e apresentar resultado negativo. será conferido certificado, por solicitação do interessado, renovado a cada 12 meses. o acompanhamento sanitário da propriedade controlada é de responsabilidade da assistência veterinária privada, sob fiscalização do serviço veterinário oficial da respectiva UF. Responsabilidades do Veterinário responsável pela assistência veterinária: manter atualizado o controle clínico e laboratorial dos eqüídeos alojados na propriedade. 27 comunicar imediatamente, ao serviço veterinário oficial qualquer suspeita de A.I.E. e adotar as medidas sanitárias previstas. zelar pelas condições higiênico‐ sanitárias da propriedade. submeter o eqüídeo procedente de propriedade não controlada à quarentena, antes de incorporá-lo ao rebanho sob controle. encaminhar ao SSA da respectiva UF, até o quinto dia útil do mês subseqüente, relatório mensal de atividades. Controle de Trânsito: Acompanhado GTA e do resultado negativo para diagnóstico de AIE. Eqüídeos destinados ao abate ficam dispensados do diagnóstico para AIE e o veículo transportador deverá ser lacrado na origem. Participação em eventos agropecuários: exame negativo para AIE, com prazo de validade cobrindo o período do evento. É dispensado do exame de AIE o eqüídeo com idade inferior a 6 meses, desde que esteja acompanhado da mãe e esta apresente resultado laboratorial negativo. Eqüídeo, com idade inferior a 6 meses, filho de animal positivo, deverá ser isolado por um período mínimo de 60 dias e, após este período, submetido a 2 exames e apresentar resultados negativos consecutivos com intervalo de 30 a 60 dias, antes de ser incorporado ao rebanho negativo. Para ingresso de eqüídeo no Território Nacional, será indispensável a apresentação de resultado negativo ao exame de AIE. Normas para o controle e a erradicação do Mormo: Dispositivo Legal: Instrução Normativa n° 24, de 5 de abril de 2004. Certificação de Propriedade Monitorada para Mormo: caráter voluntário. Diagnóstico: Diagnóstico sorológico: prova de Fixação de Complemento (FC) ou outra prova aprovada pelo MAPA. 28 realizada em laboratório oficial ou credenciado. resultado negativo tem validade de 180 dias para animais procedentes de propriedades monitoradas e 60 dias nos demais casos. coleta e remessa de material realizada por médico veterinário oficial ou cadastrado. Resultado Positivo: deve ser encaminhado imediatamente ao órgão de Defesa Sanitária Animal. Resultado Negativo: deve ser encaminhado ao médico veterinário requisitante ou ao proprietário do animal. Teste complementar de diagnóstico: Teste da maleína*, usado em animais reagentes ao teste de FC e sem sintomas clínicos da doença. animais não reagentes no teste de FC e com sintomas clínicos da doença. em outros casos em que o MAPA julgar necessário. * prova de hipersensibilidade alérgica levada a termo mediante inoculação de Derivado Protéico Purificado (PPD) de maleína na pálpebra inferior de eqüídeos suspeitos, com leitura em 48 h. Resultados Positivos: animais que apresentarem reação inflamatória edematosa palpebral, com secreção purulenta ou não. Resultados Negativos: animais que permanecerem sem reação, após a segunda maleinização. Validade de 120 dias. não podem ser submetidos à prova de FC durante este período. Reteste: 29 animais que não apresentarem reação à maleína. prazo de 45 a 60 dias após a primeira maleinização. não será utilizado o teste da maleína, nas seguintes condições: animais reagentes ao teste de FC e com sintomas clínicos da doença (prova de FC conclusiva). animais de propriedade reincidente, que será imediatamente submetida a Regime de Saneamento (prova de FC conclusiva). Erradicação de foco de mormo: Foco: todo estabelecimento onde foi comprovada e notificada, pelo serviço veterinário oficial, a presença de um ou mais animais infectados pelo agente etiológico do mormo (Burkholderia mallei). Regime de Saneamento: conjunto de medidas de defesa sanitária animal, aplicadas pelo serviço veterinário oficial, com o objetivo de eliminar o agente causal do mormo. Animais positivos: 1. Sacrifício imediato seguido de incineração ou enterramento no próprio local. 2. Desinfecção das instalações e fômites. 3. Todos os eqüídeos restantes serão submetidos aos testes de diagnóstico. Desinterdição da propriedade: após o sacrifício dos animais positivos e a realização de dois exames de FC sucessivos de todo plantel, com intervalos de 45 a 90 dias, com resultados negativos. 30 Definições Importantes: Propriedade Interditada: estabelecimento onde foi notificada a suspeita de mormo e no qual foram aplicadas medidas de defesa sanitária incluindo a suspensão temporária do egresso e ingresso de eqüídeos. Propriedade Monitorada: estabelecimento cujo plantel de eqüídeos é submetido, periodicamente, a exames clínicos e laboratoriais, segundo normas estabelecidas pelo MAPA, visando à certificação da propriedade. Trânsito interestadual e participação em eventos hípicos: Unidades da Federação com casos confirmados de mormo. Animais procedentes de UFs não livres. Animais procedentes de UF livres de mormo que ingressem em UF não livre e que regressem à UF de origem ou a outra UF livre de mormo. exame negativo de mormo. ausência de sinais clínicos de mormo. PROGRAMA NACIONAL DE SANIDADE DE CAPRINOS E OVINOS (PNSCO) A caprinocultura e a ovinocultura vêm aumentando suas participações no agronegócio brasileiro e a tendência é de que se mantenham em expansão. Para concretizar projeções e tendências são necessários investimentos em salubridade e inocuidade. Esse papel é exercido pelo MAPA, por meio do PROGRAMA NACIONAL DE SANIDADE DE CAPRINOS E OVINOS, que fortalecimento da cadeia produtiva dessas espécies, pela adoção de ações de vigilância e defesa sanitária animal. Dispositivo Legal: Instrução Normativa n° 87, de 10 de dezembro de 2004. 31 Aplicabilidade: aplica-se às atividades de produção e comercialização de caprinos e ovinos e seus materiais genéticos, em todo o Território Nacional, no que diz respeito à vigilância e defesa zoossanitária. Objetivos: Realizar vigilância epidemiológica e sanitária para as doenças de caprinos e ovinos no Brasil, por meio de ações definidas pelo MAPA e executadas pelos Serviços Oficiais e médicos veterinários privados. Competências: MAPA: normatização, coordenação e supervisão das atividades do PNSCO. Secretarias Estaduais de Agricultura ou seus órgãos de Defesa Sanitária Animal: execução das atividades delegadas. Estratégias: educação sanitária. estudos epidemiológicos. fiscalização e controle do trânsito de caprinos e ovinos. cadastramento, fiscalização e certificação sanitária de estabelecimentos. intervenção imediata quando da suspeita ou ocorrência de doença de notificação obrigatória. Vigilância Epidemiológica: Fontes de informação: Serviço Veterinário Oficial (Federal, Estadual ou Municipal): inspeção em matadouros. fiscalização de estabelecimentos. fiscalização de eventos pecuários. fiscalização do trânsito de animais. monitoramentos soroepidemiológicos. 32 Comunidade proprietários de animais e seus prepostos. médicos veterinários, transportadores de animais e demais prestadores de serviço agropecuário. profissionais que atuam em laboratórios de diagnóstico veterinário, instituições de ensino ou pesquisa agropecuária. qualquer outro cidadão. Medidas previstas quando do descumprimento do PNCO: No caso de não cumprimento das exigências constantesda legislação do PNSCO, a critério do Serviço Oficial poderão ser adotadas as seguintes medidas: 1. suspensão da autorização de importação, exportação e da emissão da GTA. 2. interdição do estabelecimento. 3. destruição. 4. sacrifício sanitário. 5. aplicação de outras medidas sanitárias estabelecidas pelo MAPA. Certificação: CERTIFICAÇÃO DE ESTABELECIMENTO: reconhecimento de estabelecimento como livre de enfermidade, após cumprimento de exigências propostas pelo Departamento de Saúde Animal do MAPA (saneamento, vigilância e controle). Papel dos proprietários: Observar o disposto nas normas sanitárias (trânsito animal, participação em exposições e demais eventos de aglomeração, exames sanitários). Manter atualizado o cadastro junto ao Serviço Veterinário Oficial. Comunicar imediatamente ao Serviço Veterinário Oficial qualquer alteração significativa da condição sanitária dos animais. 33 Utilizar somente insumos agropecuários registrados no MAPA. Manter o registro do trânsito de animais, da ocorrência de doenças, dos medicamentos, produtos veterinários e demais insumos agropecuários utilizados na criação. Cadastro de estabelecimentos de criação: Todos os estabelecimentos deverão ser cadastrados pelos Serviços Oficiais estaduais (Instrução Normativa n° 20, de 15 de agosto de 2005 – Procedimentos para operacionalização do cadastro sanitário de estabelecimentos de criação de caprinos). Trânsito: Fica proibida a entrada, em todo o Território Nacional, de caprinos e ovinos portadores de doenças, direta ou indiretamente transmissíveis, de parasitos externos ou internos, cuja disseminação possa constituir ameaça aos rebanhos nacionais. É igualmente proibido o ingresso, em Território Nacional, de produtos de origem animal e quaisquer outros materiais que representem risco de introdução de doenças para os caprinos e ovinos. Após autorização de desembarque no Território Nacional, os caprinos e ovinos importados serão obrigatoriamente mantidos na unidade de quarentena, previamente habilitada pelo MAPA, até a sua liberação pelo Serviço Oficial. O MAPA poderá interditar o trânsito de caprinos e ovinos, com origem de um estabelecimento cadastrado, quando forem comprovados riscos sanitários para transmissão de enfermidades infectocontagiosas, para outros estabelecimentos mantenedores de rebanhos caprinos e ovinos indenes. Médicos Veterinários Privados: Todo estabelecimento em processo de certificação ou certificado deverá ter acompanhamento de médico veterinário privado, responsável pela manutenção dos 34 egistros e de realização de atividades necessárias à obtenção e manutenção do status de Certificação. Informação Importante: Apesar de não ter sido objeto de abordagem profunda nessa apostila é recomendada a leitura pormenorizada da Instrução Normativa n° 15, de 2 de abril de 2008, que aprova os Procedimentos para a Atuação em Caso de Suspeita ou Ocorrência de Paraplexia Enzoótica dos Ovinos (scrapie), a qual encontra‐ se disponível no material complementar de apoio do módulo de Programas Sanitários. PROGRAMA NACIONAL DE SANIDADE AVICOLA (PNSA) INTRODUÇÃO A produção brasileira de frangos, de elevado status sanitário e de qualidade e que agrega valor ao agronegócio brasileiro, foi amplamente estimulada com a implantação do sistema de integração. Originário dos EUA na década de 1950 foi estabelecido no Brasil nos anos 60. Foi o início de um processo que poucos anos depois, em 1976, daria frutos como o primeiro embarque do nosso produto para o mercado internacional. Hoje mais de 85% da criação avícola no Brasil segue o sistema de integração. O potencial de produção de pintos de cortes, que em 1989 era de cerca de 1,5 bilhão, em 20 anos atingiu a marca de 6,5 bilhões/ano.Produzindo mensalmente 1 milhão de toneladas de carne de ave, o Brasil exporta até 40% de sua produção consumindo entre 60% e 70% numa média de 37,6 Kg/hab/ano. Este mercado responde por 1,5% do PIB nacional e 8,6% das exportações gerando receita de US$ 1,5 bilhões entre janeiro e abril de 2009. 35 Outro ponto importante da atividade está ligado à estabilidade, na medida em que a integradora é responsável por fornecer os pintainhos, ração, vacinas, medicação, assistência técnica e transporte. O produtor parceiro tem a retirada garantida dos animais ao final do lote, não ficando sujeito às oscilações de mercado, mas somente a produtividade/performance. O agronegócio avícola é responsável por 5 milhões de empregos, diretos e indiretos. A estimativa é de que na avicultura, para cada emprego direto gerado, nove outros indiretos são oferecidos em toda a cadeia. Os dados mostram que para cada milhão investido no agronegócio são criados 212 novos postos de trabalho. A avicultura brasileira é uma indústria pujante, moderna e inovadora e que hoje está presente em mais de 150 países de todos os continentes. E isto só foi possível graças à adoção do sistema de integração que uniu produtores e frigoríficos, parceria que estimulou as exportações de um produto com garantia de qualidade, sanidade. Os critérios de avaliação do Plano Nacional de Prevenção da Influenza Aviária e de Controle e Prevenção da Doença de Newcastle auditam questões diversas relacionadas à estrutura sanitária dos Estados, classificando-os em notas que vão de A a D. Na ultima edição do levantamento, Bahia, Pará, Rondônia, Sergipe e Tocantins atingiram nota “C”. Alagoas, Ceará, Maranhão, Paraíba, Pernambuco, Piauí e Rio Grande do Norte foram classificados com nota “D”. Em âmbito nacional, apenas Mato- Grosso, Paraná e Santa Catarina obtiveram nota “B”. Quatro Estados do Norte optaram por não participar do levantamento. São eles: Acre, Amazonas, Roraima e Amapá. O PNSA. A Portaria Ministerial nº 193 de 19 de setembro de 1994, consolidou e estruturou o PROGRAMA NACIONAL DE SANIDADE AVÍCOLA (PNSA), do MINISTÉRIO DA AGRICULTURA PECUÁRIA E DO ABASTECIMENTO, considerando a importância da produção avícola nacional no contexto nacional e internacional, e a 36 necessidade de normatização das ações de acompanhamento sanitário, relacionadas ao setor avícola, observando o processo de globalização mundial em curso, e quanto, a necessidade de estabelecimento de programas de cooperação entre as instituições públicas e privadas. Em relação à ocorrência das principais doenças de notificação a Organização Mundial de Saúde Animal (OIE), o PNSA desenvolveu programas sanitários para controle de doença de Newcastle, Salmonelas e Micoplasmas. A influenza aviária é considerada exótica no Brasil. ESTRATÉGIA DO PNSA Vigilância epidemiológica e sanitária das principais doenças aviárias destacando-se as doenças de notificação a OIE, em todos as unidades da Federação. A profilaxia, o controle e a erradicação dessas doença. Atenção à toda comunicação de suspeitas de doenças em aves, com a apresentação de uma ou mais das seguintes sintomatologias: depressão severa, inapetência, edema facial com crista e barbela inchada e com coloração arroxeada, dificuldade respiratória com descarga nasal, queda severa na postura de ovos, mortalidade elevada e diminuição do consumo de água e ração; Atenção às notificações de suspeita de influenza aviária, doença de Newcastle e demais doenças de controle oficial; Assistência aos focos das doenças de controle oficial; Padronização das medidas de biosseguridade e de desinfecção; Realização de sacrifício sanitário em caso de ocorrência de doenças de controle oficial; Fiscalização das ações de vazio sanitário; Controle e fiscalização de trânsito de animais susceptíveis; Realização de inquérito epidemiológico local; Vigilância sanitária realizada pelo VIGIAGRO, no ponto de ingresso (portos, aeroportos e postos de fronteiras) de materialgenético; Fiscalização e registro de estabelecimentos avícolas; 37 Monitoramento sanitário nos plantéis de reprodução para certificação dos núcleos e granjas avícolas como livres de salmonelas (S. Gallinarim, S. Pullorum, S Enteritidis e S. Typhimurium) e micoplasmas (M. gallisepticum, M synoviae es M. melleagridis), em todos as unidades da Federação. Vigilância em aves migratórias; Outras medidas sanitárias para controle da situação sanitária avícola nacional. TRÂNSITO DE AVES Representando um dos mais importantes fatores de risco na transmissão de doenças o conrole de transito de aves vivas e produtos é fundamental ao desempenho e eficácia do plano. O MAPA disponibiliza normas e instruções detalhadas para que seja possível e adequada uma movimentação segura de produtos da cadeia produtiva das aves. Da mesma forma, promove a habilitação e credenciamento para Médicos Veterinários autônomos emitirem e certificarem o trânsito seguro de animais pela GTA. A emissão eletrônica viabiliza e facilita os procedimentos, agilizando-os e simplificando-os. Acessível em: http://www.agricultura.gov.br/ PNSA Instruções para trânsito interstadual de aves no País Normas para Trânsito Interestadual de Aves Relação de Médicos Veterinários Habilitados à emissão de GTA (por Estado) Manual do GTA eletrônico DIAGNÓSTICO DE DOENÇAS AVÍCOLAS DE CONTROLE OFICIAL Integrando uma Rede oficial de Laboratórios modernos, o PNSA dispõe de recursos para obter com especificidade segurança e agilidade os diagnósticos necessários à condução das atividades de monitoramento e vigilância continuadas. REDE LANAGRO / CGAL LABORATÓRIOS CREDENCIADOS PARA DIAGNÓSTICO DE DOENÇAS DE AVES NOS PLANOS DE CERTIFICAÇÃO DO PNSA http://www.agricultura.gov.br/ 38 MANUAL DE COLHEITA DE AMOSTRAS PARA DIAGNÓSTICO DE DOENÇAS DAS AVES BASE LEGAL O PNSA dispõe de uma extensa coleção de normas técnicas instituídas na forma da Lei, proporcionando a adoção de procedimentos fundamentados de forma padronizada, transparente e rigorosamente apoiada em bases científicas atualizadas à disposição da cadeia produtiva. Portaria Ministerial nº 193, Institui o Programa Nacional de Sanidade Avícola e cria o Comitê Consultivo do PNSA. Portaria SDA nº 182, Aprova as normas de credenciamento e monitoramento de laboratórios de diagnóstico da doença de Newcastle. Portaria SDA nº 126, Aprova as normas de credenciamento e monitoramento de laboratórios de diagnóstico das salmoneloses aviárias. Instrução Normativa SDA nº 14, Aprova as Normas Técnicas para Importação e Exportação de Aves de um dia e Ovos Férteis para incubação, destinados a reprodução. Instrução Normativa SDA nº 32, Aprova as Normas Técnicas de vigilância para a doença de Newcastle e Influenza Aviária, e de controle e erradicação para a doença de Newcastle. Instrução Normativa SDA n° 78, Aprova as Normas Técnicas para Controle e Certificação de Núcleos e Estabelecimentos Avícolas, como livres de Salmonella gallinarum e de Salmonella pullorum e livres ou controlados para Salmonella enteritidis e Salmonella typhimurium. Instrução Normativa Conjunta SDA SARC no 2, Aprova o Regulamento Técnico para Registro, Fiscalização e Controle Sanitário dos Estabelecimentos de Incubação, de Criação e Alojamento de Ratitas. Instrução Normativa SDA nº 44, Aprova as Normas Técnicas para o Controle e a Certificação de Núcleos ou Estabelecimento Avícola livres das Micoplasmoses Aviárias. Instrução Normativa Ministerial no 11, Declarar os plantéis avícolas industriais dos Estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Minas Gerais, 39 Goiás, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e do Distrito Federal livres da doença de Newcastle. Instrução Normativa SDA nº 17, Aprova, no âmbito do Programa Nacional de Sanidade Avícola, o Plano Nacional de Prevenção da Influenza Aviária e de Controle e Prevenção da Doença de Newcastle em todo o território nacional. MANUAIS Os Manuais disponibilizados objetivam também a padronização dos procedimentos com qualidade e segurança disponíveis em: http://www.agricultura.gov.br/ PLANO DE CONTINGÊNCIA À INFLUENZA AVIÁRIA E DOENÇA DE NEWCASTLE PROCEDIMENTOS PARA ATENDIMENTO A SUSPEITAS DE IA EM AVES SILVESTRES E DE SUBSISTÊNCIA PERGUNTAS FREQUENTES SOBRE INFLUENZA AVIÁRIA - TIRE SUAS DÚVIDAS MANUAL PARA PREVENÇÃO E O CONTROLE DA GRIPE AVIÁRIA NA AVICULTURA DE PEQUENA ESCALA INFORMAÇÃO BÁSICA SOBRE INFLUENZA AVIÁRIA PARA VIAJANTES AO EXTERIOR PLANO DE CONTINGÊNCIA À INFLUENZA AVIÁRIA E DOENÇA DE NEWCASTLE PROCEDIMENTOS PARA ATENDIMENTO A SUSPEITAS DE IA EM AVES SILVESTRES E DE SUBSISTÊNCIA PERGUNTAS FREQUENTES SOBRE INFLUENZA AVIÁRIA - TIRE SUAS DÚVIDAS MANUAL PARA PREVENÇÃO E O CONTROLE DA GRIPE AVIÁRIA NA AVICULTURA DE PEQUENA ESCALA INFORMAÇÃO BÁSICA SOBRE INFLUENZA AVIÁRIA PARA VIAJANTES AO EXTERIOR http://www.agricultura.gov.br/ 40 CONCEITOS GERAIS DO PNSA Os princípios que regem o PNSA atendem aos quisitos da sanidade animal, biossegurança, sustentabilidade ambiental e produtividade com tecnologia permitindo o sucesso da atividade, sendo caracterizados por: Registro e fiscalização dos estabelecimentos de criação de aves; Vigilância internacional; Vigilância da doença de Newcastle e da influenza aviária; Monitorização das salmoneloses e micoplasmoses aviárias. Vacinação obrigatória nos incubatórios de aves de 1 dia contra Doença de Marek. Controle do trânsito de aves (GTA) PROGRAMA NACIONAL DE SANIDADE DOS SUIDEOS (PNSS) HISTÓRICO O Programa de Combate à Peste Suína foi instituído em todo o território nacional em 1980. Seu objetivo era a erradicação da Peste Suína Africana (PSA) por meio da identificação e sacrifício de todos os suínos com diagnóstico clínico e/ou sorologicamente positivos. A PSA foi controlada pela vacinação de suínos e saneamento dos focos identificados. Em setembro de 1983, os estados da Região Sul do Brasil – Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná – foram declarados livres da PSA. Em 05 de Dezembro de 1984 o Brasil conseguiu erradicar a doença, e foi declarado livre da PSA. O programa de combate à Peste Suína passou então a ter como objetivo a erradicação paulatina da Peste Suína Clássica (PSC). Em 1992, foi implantado no Brasil o Programa de Controle e Erradicação da PSC. A estratégia inicial do programa foi a delimitação de três áreas distintas, em conformidade com a situação zoosanitária de cada região, adotando-se critérios diferenciados de atuação da defesa sanitária para cada área: • Área I – Sem vacinação contra a PSC • Área II – Com vacinação obrigatória contra a PSC 41 • Área III – Com vacinação voluntária contra a PSC Os estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná, após a realização de inquérito soroepidemiológico para comprovação de ausência de atividade viral nas regiões em que não se praticava a vacinação, foram declarados livres de PSC pela Portaria nº. 189/94. A vacinação contra a PSC foi proibida em todo o Brasil pela Portaria nº. 201/98, que aprovou as “Normas para o Controle e Erradicação da Peste Suína Clássica no Território Nacional”. No ano de 2000, foi realizado um estudo de atividade viral que envolveu o Distrito Federal e mais 13 Estados, cujo objetivo foi demonstrar a ausência de atividade do vírus da PSC nos rebanhos suídeos da região envolvida, para validar a vigilância epidemiológica e implantar uma Zona Livre de PSC no país. Ao todo, foram colhidas cerca de 29.000 amostras de soro de suínos, javalis, catetos e queixadas, em mais de 2.100 propriedades. O resultado deste trabalho foi a Declaração dos estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, Tocantins, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Bahia, Sergipe eo Distrito Federal como zona livre de PSC, pela IN nº. 1/01. No ano de 2003 foi realizado novo inquérito epidemiológico, que envolveu os estados da área livre da PSC, totalizando 27.541 amostras sorológicas de suídeos, num total de 3.023 propriedades envolvidas. As regiões norte e nordeste do país são consideradas áreas infectadas, com exceção de Bahia e Sergipe, que integram a zona livre de PSC. Em 2004, foi aprovado o “Regulamento Técnico do Programa Nacional de Sanidade Suídea – PNSS”, através da IN n°. 47/04 . 8 1.2 AMPARO LEGAL Contempla a legislação que fornece amparo às ações relacionadas ao planejamento e execução do Programa Nacional de Sanidade Suídea. 1.2.1 Legislação Federal 1.2.1.1 Portarias • P. n° 142 de 27/08/98 – Uso de vacina contra a PSC em área de foco. 1.2.1.2 Instruções Normativas 42 • IN n°. 1 de 08/04/85 – Disciplina a produção, comercialização e aplicação de vacinas contra a Doença de Aujeszky. • IN n°. 1 de 04/01/01 – Normas para ingresso de suídeos, seus produtos e subprodutos na Zona Livre de Peste Suína Clássica. • IN n°. 41 de 17/08/01 - Autoriza o uso da vacina de PSC nos Estados do Nordeste. • IN n°. 19 de 15/02/02 - Aprova as normas a serem cumpridas para a Certificação de Granjas de Reprodutores Suídeos. • IN n°. 31 de 10/05/02 - Aprova os requisitos zoossanitários para importação de suínos. • IN n°. 54 de 17/09/02 - Aprova os requisitos zoossanitários para importação de sêmen suíno. • IN n°. 5 de 17/01/03 – Proibições na zona livre de Febre Aftosa sem vacinação (Estado de Santa Catarina). • IN n°. 82 de 20/11/03 – Proibições na zona livre de Febre Aftosa com vacinação. • IN n°. 6 de 09/03/04 - Aprova as normas para a erradicação da Peste Suína Clássica. • IN n°. 27 de 20/04/04 - Aprova o plano de contingência para Peste Suína Clássica. • IN n°. 47 de 18/06/04 - Aprova o Regulamento Técnico do Programa Nacional de Sanidade Suídea - PNSS. CARACTERIZAÇÃO EPIDEMIOLÓGICA DO ESPAÇO PECUÁRIO LOCAL Para solucionarmos de forma efetiva os problemas relativos à Saúde Animal precisamos melhorar nossa compreensão de todo o contexto de sua realidade. Tal melhoria implica, necessariamente, num maior conhecimento e numa mudança de visão e percepção desta realidade. Esta deve ser percebida de forma sistêmica e os problemas que nela ocorrem são conseqüência de uma complexa organização que envolve aspectos de ordem econômica, social, política e cultural. 43 VIGILÂNCIA ZOOSANITÁRIA É um conjunto de ações que proporcionam um conhecimento oportuno sobre a conduta das doenças dos animais, assim como sobre as explorações animais, o ambiente e a atenção sanitária. Ao mesmo tempo, detecta mudanças no comportamento dos fatores condicionantes do processo saúde-doença animal, visando a elaboração de recomendações e a adoção de medidas de prevenção e/ou controle das doenças. Além disso, permite-nos realizar uma avaliação das medidas aplicadas. Vigilância Passiva das Enfermidades São todas as ações que derivam da denúncia de uma suspeita de doença e sua confirmação. Notificações; Registros das Notificações; Visita à propriedade decorrente da notificação; Diagnóstico laboratorial no caso de suspeita fundamentada. Vigilância Ativa das Enfermidades São todas as ações voltadas para a detecção de doenças nos animais. Identificação das propriedades e áreas de risco; Monitoração sorológica de áreas / sub-populações de risco; Visitas aos abatedouros e frigoríficos de suídeos; Visitas de rotina nas propriedades com suídeos; Controle e fiscalização sanitária em pontos de concentrações de animais (recintos de exposições e outros); Controle e fiscalização do trânsito de suídeos. CONTROLE E FISCALIZAÇÃO DE TRÂNSITO DE ANIMAIS A informação derivada do controle do trânsito de animais permite o mapeamento e o estudo dos fluxos de trânsito. Esta ação, além de sua importância sanitária, é imprescindível para a vigilância epidemiológica, pois a movimentação de animais é uma das principais formas de disseminação de doenças. 44 CONTROLE DE EVENTOS AGROPECUÁRIOS Nos eventos agropecuários, ocorre uma concentração de animais de distintas procedências, fato de grande relevância sanitária. Embora precedidos de exames na origem, tais locais poderão transformar-se em uma fonte potencial de risco de disseminação de doenças. A participação de suídeos em exposições só é permitida para animais provenientes de granjas GRSC, de acordo com a IN nº. 19/02. EDUCAÇÃO SANITÁRIA A educação sanitária é uma ferramenta da Medicina Veterinária preventiva que tem como objetivo a mudança de atitude dos atores sociais da cadeia produtiva frente à prevenção, controle e erradicação de problemas zoossanitários. CAPACITAÇÃO CONTÍNUA A capacitação de pessoal de uma Unidade Local deve responder à forma como evolui a realidade epidemiológica local, a tecnologia e as interações entre os diversos atores sociais participantes. A operacionalização destas atividades não fica limitada às Unidades Locais, sendo de responsabilidade das Unidades Regionais e/ou Estaduais, razão pela qual não serão indicados procedimentos operacionais específicos no presente manual. Entretanto, a Unidade Local tem a responsabilidade de realizar um diagnóstico das necessidades de capacitação. Os conjuntos de atividades acima descritos fazem parte dos mecanismos de prevenção das doenças dos animais, seja para aplicar medidas antecipadas que permitam impedir a introdução de um agente patogênico na população (prevenção primária) ou para quebrar os elos da disseminação de doenças (prevenção secundária). Situação Sanitária do Brasil As principais enfermidades presentes na lista da OIE que afetam os suínos são a peste suína clássica (PSC), a doença de Aujeszky (DA), a peste suína africana (PSA), a síndrome respiratória e reprodutiva suína (PRRS), a brucelose suína e a gastroenterite transmissível (TGE). 45 A TGE e a PRRS nunca foram diagnosticadas no Brasil, sendo consideradas exóticas. A PSA encontra-se erradicada no país desde 1984. O Brasil vem implementando zonas livre de PSC desde 1982. A partir de 2001 passou a reconhecer como livres 14 Unidades da Federação, ampliando nos anos seguintes chegando a considerar como livres a zona formada pelo Acre, Bahia, Distrito Federal, Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Rondônia, Santa Catarina, São Paulo, Sergipe, Tocantins e os Municípios de Guajará, Boca do Acre, sul do município de Canutama e sudoeste do município de Lábrea, pertencentes ao Estado do Amazonense. Recentemente a OIE passou a reconhecer o status de países ou zonas livres de PSC. Buscando-se, de forma gradativa, o reconhecimento internacional da zona livre do Brasil, em 2015 foi concedido aos Estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina pela OIE como zona livre de PSC e em 2016 as demais localidades já reconhecidas nacionalmente como livres também obtiveram o reconhecimento oficial pela OIE como zona livre de PSC. Está em andamento projeto que prevê a erradicação da PSC por todo o território nacional. Figura 1. Com relação à DA, a estratégia do Brasil também é a regionalização, conforme a Instrução Normativa nº 08, de 3/4/2007, contudo a adesão dos Estados da Federação é voluntária. 46 Os estados interessados em ser declarados livres da DA devem seguir as normas estabelecidas. Os procedimentos a serem adotados em caso de foco, no entanto, devem ser cumpridos em todo o território nacional, independente da adesão ou não por parte da Unidade Federativa. O PNSS conta com o Plano de Contingência para PSC e para DA, que contribui para orientar as ações e procedimentos para a imediata notificaçãoe confirmação de suspeitas e para a implementação das medidas de defesa sanitária animal necessárias ao seu controle e erradicação em todo o território nacional. O sistema permanente de informações permite que as suspeitas de ocorrência destas doenças sejam notificadas e atendidas prontamente. Todo médico veterinário, proprietário, transportador de animais ou qualquer outro cidadão que tenha conhecimento de suspeita da ocorrência de doença, fica obrigado, de acordo com a legislação vigente, a comunicar o fato imediatamente à unidade do serviço veterinário oficial mais próxima. No momento do recebimento do diagnóstico laboratorial positivo ou se a suspeita de doença de notificação obrigatória ou exótica for evidente e fundamentada, deverá ser declarada EMERGÊNCIA SANITÁRIA e executado o Plano de Contingência, que consiste em um conjunto de ações sanitárias com objetivo de impedir a disseminação da doença e erradicar o foco no mais curto espaço de tempo possível e com menor custo para o país. A ocorrência das doenças de notificação obrigatória no Brasil e demais países membros da OIE está disponível no Sistema Mundial de Informação Zoossanitária da Organização Mundial de Saúde Animal (World Animal Health Information Database – WAHID/OIE). Peste suína clássica - Podemos afirmar que foi a enfermidade que mais prejuízos causou a suinocultura deste Estado. Devido ao caráter altamente contagioso, dizimou centenas de animais durante as longas décadas em que o vírus circulou no plantel. Os sinais clínicos têm início com febre alta, mancha vermelha arroxeadas na pele, andar cambaleante, diarréia fétida, inapetência, prostração e morte num período de sete a 15 47 dias. Apesar de o suinocultor ter acesso a prevenção através da vacinação, muitos por displicência não o faziam, contribuindo assim, para o surgimento dos inúmeros focos observados durante vários anos. Não raras foram as ocasiões, em que se uso o soro hiperimune na tentativa de minimizar as perdas, uma vez que conferia uma imunidade quase que imediata. Foi graças a um esforço da Secretaria da Agricultura e do Abastecimento do Estado de São Paulo que envolveu a Defesa Sanitária do Estado, a Associação Paulista de Criadores de Suínos e, principalmente, ao suporte laboratorial prestado pelo Instituto Biológico na realização do diagnóstico, a enfermidade foi erradicada em 2001. Atualmente, o Instituto Biológico monitora a doença, principalmente nas Granjas de Reprodutores Suínos Certificadas (GRSC), através da pesquisa de anticorpos no soro. Doença de Aujeszky - Desde 1943, quando foi relatada pela primeira vez no Estado de São Paulo tem ocorrido em focos esporádicos, prejudicando as tentativas de sua erradicação. O vírus da Doença de Aujeszky, quando ocorre em um plantel tem a particularidade de deixar o suíno adulto portador. Nestes animais, o vírus se localiza nas amídalas e toda vez que estes animais são submetidos a situações de stress, como mudanças bruscas de temperatura, mudanças na alimentação, transporte, passam a eliminar o vírus e o foco se instala na propriedade. É uma enfermidade que interfere diretamente na reprodução dos suínos por causar principalmente abortamento, leitões fracos que nascem com tremores e morte nos primeiros dias de vida. A mortalidade é alta e, quando afeta um plantel sem imunidade, acarreta a perda de todos os leitões nascidos em uma maternidade. A prevenção é feita através da vacinação, que impede o aparecimento dos sinais clínicos. A vacina só pode ser adquirida mediante um laudo laboratorial que ateste o isolamento do vírus. Neste Estado o Instituto Biológico é a entidade oficial para a realização dos exames. Medidas visando à erradicação desta enfermidade estão sendo adotadas pelas autoridades. Assim sendo, as propriedades onde existem animais reagentes aos testes laboratoriais, são interditadas e os animais enviados ao abate. A Doença de Aujeszky também é conhecida como peste de coçar e em outras espécies como bovinos, cães e coelhos (inoculação experimental), ocasiona intenso prurido e morte em 24 horas. Em muitas ocasiões se pode suspeitar da ocorrência da doença numa propriedade, pelo simples relato do desaparecimento de cães que devido à 48 forte coceira ficam desesperados e vão morrer em locais distantes. É de importância ressaltar que apenas na espécie suídea a Doença de Aujeszky causa problemas reprodutivos. REFERÊNCIAS BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Manual de legislação: programas nacionais de saúde animal no Brasil. Brasília: MAPA/SDA/DSA, 2009. 440 p. Brasil. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Controle da raiva dos herbívoros: manual técnico 2009 / Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Secretaria de Defesa Agropecuária. Brasília: Mapa/ACS, 2009. BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Programa Nacional de Controle e Erradicação da Brucelose e da Tuberculose Animal (PNCEBT) / organizadores, Vera Cecilia Ferreira de Figueiredo, José Ricardo Lôbo, Vitor Salvador Picão Gonçalves. Brasília: MAPA/SDA/DSA, 2006. BARROS, Claudio Severo Lombardo. Procedimentos para o diagnóstico das doenças do sistema nervoso central de bovinos / Claudio Severo Lombardo Barros e Guilherme Henrique Figueiredo Marques. Brasília: MAPA/SDA/DDA, 2003.
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