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Painel Inflamação - processos patológicos

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Aluna: Luma Palheta de Azevedo MAT.: 21950439 Data: 15/03/2022 Fisioterapia
Disciplina: Processos Patológicos
1. Inflamação: conceito e sinais cardinais
A inflamação constitui um dos componentes mais importantes da resposta imunitária e se
trata da reação dos tecidos a um agente agressor caracterizada morfologicamente pela saída
de líquidos e de células do sangue para o interstício. Os sinais cardinais são calor, rubor,
tumor e dor, aos quais os médicos romanos acrescentaram posteriormente as alterações
funcionais.
2. Fazer a correlação entre os sinais cardinais e os momentos da inflamação.
Os sinais cardinais de calor e rubor estão associados com os fenômenos vasculares que
compreendem as alterações da microcirculação que possibilitam a saída de plasma e células
do sangue, assim aumentando o fluxo sanguíneo na região que está sendo agredida. O
aumento de fluxo gera atrito do líquido com a parede do vaso, que tem como consequência o
aumento de temperatura e o surgimento de rubor. Já o surgimento de edema ou tumor se deve
aos fenômenos exsudativos, onde se dão os processos de saída de células e plasma para o
interstício, enquanto a dor se deve principalmente pela liberação de mediadores que afetam
terminações nervosas como a bradicinina e calidina, e também em decorrência da compressão
causada pelo edema formado.
3. Etiologia dos processos inflamatórios.
Independente da causa, os processos inflamatórios respondem ao reconhecimento de uma
agressão (o agente inflamatório), o que é feito por meio de moléculas que sinalizam a sua
presença, reconhecidas por receptores em células do sistema imunitário. Após o
reconhecimento, são liberados os mediadores inflamatórios, que resultam em alterações na
microcirculação necessárias para a saída de plasma e de leucócitos dos vasos e em estímulos
para reparar os danos produzidos.
Agressões exógenas (físicas, químicas ou biológicas) ou endógenas (estresse metabólico)
constituem os agentes inflamatórios.
Estas agressões são reconhecidas por meio de moléculas trazidas com o agente agressor ou
produzidas na interação deste com o organismo. As moléculas trazidas por patógenos que
podem ser reconhecidas pelo organismo recebem o nome genérico de PAMP (pathogen
associated molecular pattern), enquanto as resultantes de alterações em moléculas do
organismo ou de estresse metabólico são denominadas DAMP (damage associated molecular
pattern). Por esta função, ambas estão no grupo denominado de alarminas, que são
reconhecidas em receptores celulares.
Diferentes agressões produzem diferentes alarminas, por exemplo, e catelicidinas são comuns
em defesa contra bactérias, fungos, vírus e alguns parasitos, enquanto as proteínas de choque
térmico (HSP) atuam como o próprio nome descreve.
Materiais de células mortas são também fonte importante de alarminas, assim como alguns
produtos do metabolismo celular podem ter papel de alarminas. Células submetidas a
diferentes agressões liberam ATP que, ao se ligar a receptores purinérgicos, facilita a ativação
de receptores da família NLR, responsáveis por contribuir na formação de inflamossomos.
Outros metabólitos, como fosfatos e uratos, reconhecidos em receptores intracelulares,
também se comportam como alarminas.
Agressão aos tecidos também geram produtos de quebra ou despolimerização de
macromoléculas da matriz ou liberam mediadores associados a moléculas da matriz. No
primeiro caso, originam-se fragmentos de ácido hialurônico, sulfato de dermatano, sulfato de
heparano, fibronectina, fibrinogênio e biglicano, que podem ser reconhecidos em receptores
TLR4 e iniciar uma resposta pró-inflamatória; no caso de liberar mediadores associadas,
algumas citocinas (p. ex., TGF-β) podem estar ligadas a componentes da matriz e ser
liberadas após uma agressão.
Células agredidas produzem derivados lipídicos a partir de ácidos graxos poli-insaturados
(ácido araquidônico, ácido eicosapentaenoico e docosa-hexanóico), os quais participam da
resposta imediata a agressões. Dentre esses, os que mais favorecem a inflamação são: (1)
fator ativador de plaquetas (PAF), que ativa leucócitos e favorece a sua adesão e a
quimiotaxia; (2) prostaglandinas e leucotrienos, que promovem vasodilatação e aumento de
permeabilidade vascular.
Agressões endógenas (estresse metabólico) também podem gerar alarminas, como proteínas
β-amiloide e moléculas resultantes de hiperglicação não enzimática. Tais moléculas são
reconhecidas em receptores de diversas células, iniciando uma resposta inflamatória.
4. Acontecimentos marcantes dentro dos fenômenos irritativos?
Os fenômenos irritativos se caracterizam como o momento de liberação de mediadores
químicos que são produzidos em resposta aos agentes inflamatórios e os danos tissulares
gerados por ele. Deste modo, toda inflamação começa com os fenômenos irritativos.
Os fenômenos irritativos não são visíveis a nível macroscópico, mas a liberação de
mediadores pode ser visualizada pelo uso de seus inibidores e por sua identificação no local
por meio de métodos histoquímicos e de biologia molecular.
A importância desta etapa está no bom funcionamento de todas as reações para que se defina
o curso do processo: as alarminas determinam a síntese de mediadores tanto pró como
anti-inflamatórios, de modo que depende deles o início do processo e suas intensidade e
evolução. Se a agressão induz inicialmente maior quantidade de mediadores
anti-inflamatórios, a inflamação pode ser suprimida na sua fase inicial pois o organismo fica
mais suscetível aos efeitos da agressão.
5. Mediadores químicos: citar os principais, indicando origem, local de atuação e
funções.
Os mediadores químicos são substâncias derivadas do plasma sanguíneo, de células ou que
são produzidas no local da inflamação responsáveis pelos fenômenos vasculares, exsudativos
e reparativos. São classificados em 7 categorias (gerados a partir do plasma, armazenados em
células, gerados a partir de células mortas, armazenados em terminações nervosas aferentes,
citocinas, mediadores derivados da membrana lipídica e exsudatos)
Um dos principais mediadores da inflamação aguda são os do sistema proteolítico de contato,
gerados a partir do plasma que atuam no sistema de coagulação e na fibrinólise com o sistema
de cininas e complemento.
Os fosfolipídeos e a esfingomielina são as principais fontes de mediadores derivados de
membrana de lipídeos. Uma vez hidrolisados, estes liberam ácido araquidônico, que origina:
prostaglandinas; leucotrienos; lipoxinas; precursores do fator ativador de plaquetas.
Esfingomielinases liberam ceramida e fosforilcolina. Algumas prostaglandinas podem ser
antiagregadoras plaquetárias e vasodilatadoras quando secretadas no endotélio, enquanto
outras produzidas em plaquetas têm efeito contrário, e há ainda outras como as sintetizadas
em macrófagos, com ação vasodilatadora, e de controle da atividade de linfócitos (efeito
imunossupressor), têm efeito citoprotetor e são responsáveis por transmitir a sensação de dor.
Citocinas podem ser produzidas por qualquer célula em resposta a uma agressão, fazendo
parte da resposta inata e imediata a agressões, são secretadas por um período curto e em
quantidade limitada e há grande redundância em suas fontes e em seus efeitos: uma mesma
citocina pode ser produzida por células distintas, tendo citocinas diferentes o mesmo efeito;
muitas vezes uma citocina influencia a síntese de outra, inibindo-a ou estimulando-a.
Quimiocinas são peptídeos que exercem efeitos no tráfego, na ativação e na diferenciação de
células nas quais encontram receptores. Funcionalmente, as quimiocinas podem ser
induzíveis (inflamatórias) ou constitutivas (homeostáticas). Quimiocinas induzíveis,
secretadas após agressões, são responsáveis pela regulação do tráfego, ativação e
diferenciação de leucócitos em inflamações; em geral, estas são mais promíscuas no uso do
receptor (várias quimiocinas de um grupo atuam no mesmo receptor, também do mesmo
grupo), aparentemente com redundância de efeitos. Quimiocinas homeostáticas, produzidas
constitutivamente,são responsáveis pela migração de células nos órgãos imunitários. Ao
contrário das induzíveis, cada quimiocina constitutiva é reconhecida em um receptor
privativo, embora às vezes duas quimiocinas possam ser reconhecidas pelo mesmo receptor.
Outras principais fontes de mediadores na inflamação aguda são as células sentinelas
(mastócitos de terminações nervosas) e as células do parênquima e do estroma. No entanto,
uma vez iniciado o processo, os leucócitos exsudados passam a ser a principal fonte de
mediadores, especialmente citocinas, quimiocinas e derivados lipídicos, pois estes não só
sintetizam mediadores como também interagem uns com os outros e com células epiteliais e
endoteliais, de maneira que o produto dos leucócitos e/ou de outras células é capturado e
transformado em outro com uma nova função. Neutrófilos e macrógafos interagem com
plaquetas e células endoteliais ou epiteliais para produzir lipoxinas e resolvinas.
6. Fenômenos vasculares: quais são e como se processam as modificações na
microcirculação.
As principais modificações que ocorrem na microcirculação são: vasodilatação arteriolar,
produzida inicialmente por histamina e substância P liberadas em terminações nervosas e
mantida por prostaglandinas, leucotrienos e PAF, que tem como consequência o aumento do
fluxo de sangue para a área agredida, gerando hiperemia ativa e fluxo sanguíneo rápido; as
vênulas menores fazem vasodilatação, mas as maiores sofrem pequena constrição,
aumentando a pressão hidrostática na microcirculação.
Em geral, os mediadores nesta etapa da inflamação aumentam a permeabilidade vascular,
iniciando a saída de plasma para o interstício. Com isso, há hemoconcentração local, e as
hemácias tendem a empilhar-se e a formar aglomerados, tornando o sangue mais viscoso e a
circulação mais lenta. Logo depois, a hiperemia ativa torna-se progressivamente hiperemia
passiva de fluxo lento. Com isso, surge hipóxia local e aumento da excreção de catabólitos,
como ADP e H+, o que intensifica a
vasodilatação e a abertura de capilares, aumentando a hiperemia.
A fase inicial ou imediata da vasodilatação é mediada por histamina, substância P, bradicinina
e prostaglandinas; a fase tardia e sustentada depende sobretudo de mediadores originados no
plasma (derivados do complemento, coagulação e fibrinólise) e dos derivados do ácido
araquidônico (prostaglandinas e leucotrienos). Logo no início da vasodilatação, quando se
inicia a fase de fluxo mais lento, os leucócitos deixam a região central da corrente sanguínea
e começam a deslocar-se na margem do fluxo. Os fenômenos vasculares são reconhecidos
por hiperemia: a vermelhidão inicial (hiperemia ativa), que progressivamente se torna mais
escura (hiperemia passiva).
7. Mecanismos de formação do edema inflamatório- etapas
O edema inflamatório é resultado de acúmulo de líquido no interstício, mais precisamente
pelo mecanismo de exsudação plasmática. Tal acúmulo depende do aumento da
permeabilidade vascular gerado pela agressão ao tecido. O processo de exsudação plasmática
começa nas fases iniciais e continua durante todo o processo inflamatório, cujo líquido pode
ser rico ou pobre em proteínas.A saída do plasma resulta da contração do citoesqueleto das
células endoteliais, induzidas principalmente por prostaglandinas e leucotrienos, que leva a
abertura de poros interendoteliais.
A saída de proteínas plasmáticas para o interstício aumenta a pressão oncótica na região,
favorecendo a retenção de líquido fora dos vasos, bem como a atividade de enzimas
plasmáticas ou de células exsudados ativadas que atuam quebrando moléculas de
proteoglicanos. A síntese de ácido hialurônico por células mesenquimais também torna o
interstício mais hidrofílico. A circulação linfática torna-se sobrecarregada, e seus vasos,
comprimidos ou deformados pelo exsudato, perdem a eficiência de drenagem, agravando a
retenção de água no interstício.
A exsudação celular também contribui para a formação do edema inflamatório, sendo
iniciada pela aproximação dos leucócitos à periferia do vaso (marginação leucocitária),
seguida pela adesão frouxa dos leucócitos capturados à parede do endotélio, de modo que
estes se desloquem sobre a superfície (aderência leucocitária), os leucócitos se aderem mais
firmemente e espraiam sobre o vaso no fenômeno de adesão, de modo que permite a
migração dos leucócitos através das paredes (diapedese). Uma vez fora dos vasos, estas
células migram para o foco da inflamação por força do gradiente de concentração, e seguirão
para realizar a atividade de fagocitose.
8. Quais as diferenças entre transudato e exsudato?
Transudato é o líquido constituído por água e eletrólitos e pobre em células e proteínas cuja
densidade é inferior a 1.020 g/mL. Geralmente é encontrado em edemas decorrentes do
desequilíbrio nas forças de Starling, onde as forças de filtração dos capilares sanguíneos e
linfáticos estão maiores do que a capacidade de reabsorção.
O exsudato, por sua vez, é rico em proteínas e/ou células inflamatórias, logo tem densidade
superior a 1.020 g/mL. É formado quando a permeabilidade vascular está aumentada, sendo
característico de inflamações, traumatismos na microcirculação e em vasos malformados no
interior de neoplasias.
9. Fenômenos exsudativos: etapas da migração celular – desde o interior dos vasos até
os tecidos. O que é Quimiotaxia?
A primeira etapa da exsudação celular é denominada migração leucocitária e consiste na
ocupação das periferias dos vasos pelos leucócitos, uma vez que estes estejam próximos o
suficientes para se aderir frouxamente ao endotélio, deslocando-se sobre sua superfície, na
etapa chamada fenômeno de captura e rolamento. Logo em seguida, estes leucócitos são
ativados, se aderem firmemente ao endotélio e se espraiam sobre ele no fenômeno
denominado fenômeno de adesão e espraiamento. Por último, os leucócitos atravessam as
paredes das vênulas passando entre as células do endotélio pelo processo de diapedese. Na
diapedese, os leucócitos passam pelas paredes através de um sistema de cremalheira onde as
moléculas de adesão tipo CD31 das células endoteliais se ligam às β2-integrinas nos
leucócitos. Este mecanismo impede que haja qualquer espaço livre entre a membrana do
leucócito e a membrana das faces laterais do endotélio, de modo que o plasma não sai.
Quando termina de atravessar a barreira endotelial, as CD31 vão se unindo atrás como um
“zíper” que se fecha logo após a passagem do leucócito. Para atravessarem a membrana
basal, os leucócitos utilizam metaloproteases. Uma vez no interstício, deslocam-se com
facilidade porque aderem, por meio das integrinas, a moléculas de fibronectina e, por meio
desta, à fibrina exsudada, que servem como verdadeiros trilhos de orientação.
O processo de migração de leucócitos anteriormente descrito depende de substâncias
quimiotáticas, que orientam o movimento de células por meio de um gradiente de
concentração. O agente quimiotático é liberado no interstício e difunde-se, criando um
gradiente que diminui em direção ao vaso. Os leucócitos aderidos ao endotélio recebem as
primeiras moléculas do quimiotático, que estimulam maior número de receptores na
superfície celular voltada para a face externa da parede vascular e, desse modo, induzem
alterações no citoesqueleto que resultam na emissão de pseudópodes nessa direção;
sucessivamente, o estímulo é sempre maior na face da célula voltada para o ponto de geração
do quimiotático (o interstício), motivo pelo qual os leucócitos caminham em direção
centrípeta em relação ao local da agressão. À medida que os leucócitos avançam, o gradiente
de concentração do quimiotático aumenta. Quando os leucócitos alcançam o local de
liberação do agente quimiotático, a estimulação torna-se homogênea em toda a superfície
celular, o que os leva a ficar imobilizados nesse ponto. Resumindo, os leucócitos saem do
vaso e dirigem-se ao centro do foco inflamatório guiados por agentes quimiotáticos
10. Principais células do exsudato: identifique e cite suas funções no foco inflamatório.
Em uma inflamaçãopodem ser encontrados todos os tipos de leucócitos, sejam eles fagócitos
ou não. Os fagócitos são células envolvidas ativamente nos processos defensivos do
organismo, pois são capazes de matar agentes infecciosos diretamente e de processar e
apresentar antígenos para a resposta imunitária adaptativa. Diferenciam-se em dois tipos:
fagócitos polimorfonucleares (PMNs), representados por neutrófilos e eosinófilos, originados
de mieloblastos da medula óssea e cujas funções variam entre armazenar liberar mediadores
anti-inflamatórios e fazer endocitose de agentes agressores; fagócitos mononucleares ou
macrófagos, originados de monócitos circulantes também com importante capacidade
microbicida.
Neutrófilos possuem o núcleo segmentado, com 3 a 5 lóbulos, cujo citoplasma possui 2 tipos
de grânulos: azurófilos e os específicos.. Além de grânulos, os neutrófilos possuem vesículas
secretoras com integrinas e receptores diversos.Neutrófilos são importantes produtores de
lipoxinas e resolvinas, mediadores anti-inflamatórios.
Eosinófilos são granulócitos com núcleo bilobulado que medem 10 a 15 µm de diâmetro e
apresentam dois tipos de grânulos: específicos eosinófilos, que se coram por corantes ácidos e
mostram ao microscópio eletrônico um cristaloide em seu interior; e grânulos pequenos.
Associada à membrana citoplasmática existe a lisofosfolipase, que é responsável pela
formação de cristais romboides encontrados no escarro, nas fezes e nos tecidos em que tenha
havido exsudação de eosinófilos (cristais de Charcot-Leyden). Têm a função de endocitar
imunocomplexos, bactérias, fungos, micoplasmas e partículas inertes, também apresentando
grande poder de exocitose e pequena atividade fagocitária, são essenciais contra helmintos.
As células dendríticas têm a função de captura, processamento local e apresentação dos
antígenos no linfonodo regional ou no baço, também podendo produzir citocinas e
quimiocinas que atraem outros PMN. Originam-se na medula óssea e migram para os tecidos
nas fases iniciais da inflamação.Se assemelham aos monócitos, logo sua identificação no
exsudato inflamatório é difícil, exceto por meio da imuno-histoquímica.
Linfócitos T, CD4+ ou CD8+ migram precocemente em inflamações (atraídos pelas
quimiocinas CXCL9 e 10), geralmente em número menor do que o de neutrófilos e
monócitos, exceto em inflamações produzidas por vírus e por microrganismos intracelulares,
nas quais predominam no exsudato. Uma vez exsudados, os linfócitos T são ativados, podem
proliferar no local e passam a produzir citocinas que influem no comportamento das demais
células do exsudato. Linfócitos T com atividade reguladora (T CD4+, CD25+ e CD8+)
também migram para o foco inflamatório, onde exercem papel importante na resolução do
processo. Linfócitos B também exsudam em inflamações, nas quais podem proliferar e
diferenciar se em plasmócitos, responsáveis pela produção local de imunoglobulina.
Os basófilos, também originados na medula óssea, são pouco numerosos no sangue (0,1 a 1%
dos leucócitos; 50 a 80/mm3). Têm núcleo lobulado e grânulos elétron-densos no citoplasma
Em tecidos, os basófilos são de difícil observação nas preparações rotineiras, razão pela qual
não são habitualmente relacionados entre as células do exsudato inflamatório. No entanto, são
comuns em algumas inflamações, como em sítios de picada e inflamações alérgicas, sendo
encontrados nos órgãos linfoides, onde estimulam e amplificam a resposta adaptativa do tipo
Th2. Armazenam e liberam histamina (mediadores das alterações vasculares) e moduladores
de linfócitos T CD4, que favorecem sua diferenciação em linfócitos Th2. Basófilos capturam
antígenos drenados
para linfonodos, processam-nos e os apresentam a linfócitos T CD4+, induzindo vigorosa
resposta do tipo Th2, parecendo ser esse um importante mecanismo na montagem da resposta
imunitária contra os helmintos.
Os mastócitos também têm origem na medula óssea e residem em mucosas, e comumente
exsudam em inflamações alérgicas e em inflamações induzidas por parasitos, ou seja, em
inflamações associadas à resposta imunitária adaptativa do tipo Th2.
As plaquetas são também fonte de mediadores inflamatórios, os quais ficam armazenados em
grânulos; sintetizam ainda TXA2 e lipoxinas, estas últimas a partir de leucotrienos liberados
por PMN e macrófagos aos quais aderiram. As plaquetas ficam em geral aderidas ao
endotélio das vênulas do tecido inflamado, onde encontram leucócitos com os quais
cooperam na síntese de lipoxinas, importantes mediadores anti-inflamatórios.
11. Interpretação do leucograma: correlação nos diferentes processos inflamatórios; de
acordo com a cronologia e o agente agressor = células predominantes.
Para interpretar o leucograma da inflamação aguda é necessário observar que este tipo de
inflamação apresenta curso rápido de desenvolvimento (entre uma a duas semanas). As
características morfológicas destas reações são a dilatação dos vasos sanguíneos menores,
redução do fluxo de velocidade do fluxo sanguíneo e a alta concentração de leucócitos e de
plasma no interstício, com presença das células sentinelas como mastócitos, macrófagos e
PMNs.
Ao leucograma será percebida predominância de neutrófilos e presença ou não de vacúolos.
Em infecções subagudas, helmínticas ou relativas a fenômenos alérgicos observa-se o
aumento de eosinófilos na circulação periférica. Pode ocorrer ainda basofilia, em geral
relacionada a quadros alérgicos, podendo estar acompanhada de eosinofilia. Nos primeiros
dias da inflamação, a taxa de leucócitos está em um nível normal, ou até diminuída em cetos
casos, devido ao desvio dos neutrófilos para a região lesionada, ou também pelo rápido
consumo de suas reservas. Ao terceiro dia, o número de neutrófilos estará drasticamente
maior devido à nova síntese de neutrófilos pela medula óssea e pela presença de novos
neutrófilos jovens sem segmentação nuclear na circulação.
Para o leucograma da inflamação crônica, deve-se lembrar que inflamações crônicas são
sempre precedidas de inflamação aguda e constituem processos que demoram de semanas a
meses, onde não serão visíveis os sinais cardinais.
A principal característica desta inflamação será a predominância de monócitos como
linfócitos e macrófagos em razão da destruição tecidual devido à permanência do agente
agressor e de tentativas de reparação, que pode ser vista pela formação de vasos sanguíneos
(angiogênese) e pela substituição do parênquima (a parte funcional do órgão) por fibras
(fibrose). O leucograma será caracterizado por pouca presença de neutrófilos e leucócitos.
Haverá fácil observação de granulomas, formados por conglomerados de macrófagos, assim
como de basófilos, mastócitos e linfócitos.
O leucograma de inflamação aguda apresenta predominância de neutrófilos e taxa normal de
monócitos, enquanto na aguda as taxas de leucocitose serão normais ou pouco elevadas, com
aumento da taxa de linfócitos e monócitos.
12. Classificação das Inflamações: quanto ao critério cronológico e quanto ao tipo de
exsudato.
Inflamações podem ter evolução aguda ou crônica, sendo consideradas agudas as inflamações
que duram até três meses (quando duram entre três e seis meses, são consideradas subagudas)
e crônicas as que persistem por mais tempo.
Em inflamações agudas os sinais inflamatórios (cardinais) estão comumente presentes:
eritema, edema e dor.
As inflamações exsudativas são as inflamações agudas em que predomina a exsudação
plasmática, ocorrendo sobretudo em serosas, onde podem caracterizar-se por exsudato fluido,
com aspecto de soro (inflamação serosa), ou rico em fibrina que se deposita na superfície da
serosa (inflamação fibrinosa) ou ainda com exsudato líquido e depósitos de fibrina
(inflamação serofibrinosa). Em caso de hemorragia, a inflamação é denominada
sero-hemorrágica ou serofibrino-hemorrágica. Exemplo: pleurites, peritonites e pericardites.
Inflamações serosas podem ocorrer em mucosas, sendo um bom exemplo a rinite serosa.
Tratando-se de inflamações em mucosas, se chamam inflamações catarrais aquelas onde há
exsudaçãolíquida e de leucócitos na superfície de mucosas, com descamação do epitélio e
secreção de muco, que, juntos, formam o catarro. Exemplo: faringites e laringites. As formas
crônicas de inflamações catarrais podem acompanhar-se de atrofia da mucosa, e são
denominadas
inflamações atróficas. Exemplo: gastrite crônica atrófica.
Outro tipo de inflamação aguda em mucosas é a pseudomembranosa, geralmente de origem
bacteriana, na qual o agente produz toxinas que causam necrose do epitélio, iniciando os
fenômenos de exsudação de células e fibrina. A fibrina forma uma camada espessa sobre a
mucosa, tomando o aspecto de uma membrana (pseudomembrana), geralmente
esbranquiçada, que, se arrancada, deixa uma superfície cruenta. Exemplo: laringite diftérica e
colite pseudomembranosa.
As inflamações necrosantes acompanham-se de necrose extensa da área inflamada. Um
exemplo é a enterocolite necrosante de recém-nascidos, caracterizada por necrose e
inflamação da mucosa intestinal.
As inflamações purulentas têm como característica principal a formação de pus. São causadas
por bactérias (mais frequentemente bactérias piogênicas) que induzem grande exsudação de
fagócitos e fibrina. Os fagócitos são mortos por ação de toxinas bacterianas, o que induz
liberação maciça de hidrolases na área inflamada, com necrose lítica dos tecidos. A mistura
do exsudato inflamatório com os restos necróticos forma o pus, que tem aspecto viscoso e
coloração e cheiro variáveis, de
acordo com a bactéria causadora. Ao microscópio, o pus contém fibrina, restos de células e
numerosos fagócitos, geralmente cheios de vacúolos que representam fagolisossomos com
material fagocitado não completamente digerido (piócitos).
As inflamações purulentas recebem denominações especiais de acordo com o aspecto que
adquirem:
A pústula é um tipo de inflamação purulenta aguda, circunscrita, da pele ou mucosas, em que
o pus se acumula entre o epitélio e o conjuntivo subjacente, formando uma pequena elevação,
geralmente amarelada. Piodermites por estafilococos ou estreptococos em geral se
acompanham da formação de pústulas, bem como viroses como varicela (catapora).
Abscesso é uma inflamação purulenta circunscrita, caracterizada por coleção de pus em uma
cavidade neoformada, escavada nos tecidos pela própria inflamação e circundada por uma
membrana ou cápsula de tecido inflamado (membrana piogênica), da qual o pus é gerado.
Furúnculo é um abscesso na derme e, às vezes, no subcutâneo, causado geralmente por
estafilococos que penetram nos folículos pilosos e nas glândulas sebáceas.
Fleimão é a inflamação purulenta difusa na qual o pus se infiltra no tecido conjuntivo, mas
sem formar a membrana piogênica. O fleimão pútrido é produzido por associações
bacterianas (com germes da putrefação); fleimão enfisematoso, por germes gasógenos.
Fleimão duro indica inflamação purulenta difusa, com pouca liquefação, na qual o exsudato
se infiltra nos tecidos tornando-os duros.
Inflamação crônica é aquela na qual, devido a persistência do agente inflamatório (p. ex., um
microrganismo), a exposição prolongada a agentes tóxicos (p. ex., tabagismo ou a fenômenos
auto imunitários, o processo mantém-se por tempo maior. Em inflamações crônicas são
frequentes modificações das células do exsudato. Dependendo da etiologia, linfócitos T
ativados adquirem aspecto de linfoblastos, com citoplasma abundante, enquanto linfócitos B
diferenciam-se em plasmócitos.
Em certos casos, o exsudato organiza-se simulando tecido linfoide, com folículos, centros
germinativos e veias de endotélio alto (como na artrite reumatoide e tireoidite de Hashimoto).
Macrófagos podem organizar-se, adquirir aspecto epitelioide e formar granulomas, o que
caracteriza as inflamações granulomatosas:
As inflamações granulomatosas caracterizam-se por modificações nas células do exsudato,
que se organizam e formam agregados circunscritos,denominados granulomas. Embora
macrófagos representem o componente comum em todo granuloma, outras células fazem
parte da sua formação. Granuloma, portanto, pode ser entendido de forma simplificada como
um conjunto organizado de células inflamatórias.
Os granulomas podem ser de dois tipos:
Granuloma epitelioide, ou granuloma imunogênico, onde os macrófagos agrupam-se e
formam pregas interdigitantes entre si, unindo-os de modo semelhante a células epiteliais. As
células epitelioides tendem a organizar-se em camadas concêntricas em torno do agente
inflamatório, com disposição em paliçada, e são mais ou menos características de acordo com
os estímulos imunogênicos que recebem. Os granulomas epitelioides são pouco
vascularizados, especialmente na sua periferia.
Granulomas do tipo corpo estranho são provocados por agentes particulados inertes, não
imunogênicos, são um tipo de granuloma mais frouxo, em que as células epitelioides não
formam paliçadas típicas. Os granulomas do tipo corpo estranho, que se formam em torno de
partículas não imunogênicas, são muito comuns ao redor de fios de sutura e de partículas de
talco em estruturas submetidas a intervenção cirúrgica (talco de luvas) ou em pulmões de
usuários de drogas ilícitas (talco misturado a drogas de uso intravenoso). Nesses granulomas,
que são geralmente menores, frouxos e com menor número de linfócitos e outros leucócitos,
os macrófagos sofrem pouca transformação epitelioide; os granulomas curam-se por fibrose,
e o tecido cicatricial, geralmente formado com pouca neoformação vascular, tende a
encarcerar o corpo estranho caso este não possa ser digerido. Quanto mais inerte é o corpo
estranho, menor é a adsorção de proteínas e menor a indução de inflamação granulomatosa.
Inflamações hipertrofiantes ou hiperplásicas são inflamações crônicas que se acompanham de
acentuada neoformação conjuntivovascular (fenômeno reparativo cicatricial exagerado) ou de
hiperplasia de componentes do parênquima do órgão. Tais inflamações ocorrem sobretudo em
mucosas, tornando mais espessas e salientes suas formações anatômicas normais (papilas,
dobras). As glândulas e os componentes da lâmina própria podem formar elevações na
superfície (pólipos), sendo a inflamação denominada poliposa (por exemplo: retite, colite,
cistite poliposas). As lesões apresentam-se como massas duras, formadas por tecido fibroso
contendo numerosos granulomas esquistossomóticos fibrosados, geralmente com ovos e
restos de ovos calcificados.
Inflamações esclerosantes são inflamações crônicas em que a neoformação fibrosa excessiva
e a sua retração subvertem profundamente a arquitetura do órgão e as suas funções, causando
outra doença (fibrose do órgão), independente da inflamação primária (como a fibrose
pulmonar secundária a pneumonias intersticiais induzidas por radiação ou por autoagressão
imunitária).
13. Que são inflamações granulomatosas? Constituintes celulares de um granuloma –
obrigatórios e facultativos.
As inflamações granulomatosas são a principal característica morfológica da inflamação
crônica, é caracterizada por agregados de macrófagos ativados com linfócitos esparsos e
células gigantes multinucleadas, formando os granulomas. :
Embora macrófagos representem o componente comum em todo granuloma, outras células
fazem parte da sua formação. Granuloma, portanto, pode ser entendido de forma simplificada
como um conjunto organizado de células inflamatórias. Os granulomas podem ser de dois
tipos:
Granuloma epitelioide, ou granuloma imunogênico, com predominância de macrófagos
agrupados formando pregas interdigitais entre si, com organização em camadas concêntricas
em torno do agente inflamatório, disposição em paliçada e pouco vascularizados,
especialmente na sua periferia.
Granulomas do tipo corpo estranho são provocados por agentes particulados inertes, não
imunogênicos, são um tipo de granuloma mais frouxo, em que as células epitelioides não
formam paliçadas típicas. São muito comuns ao redor de fios de sutura e de partículas de
talco em estruturas submetidas a intervenção cirúrgica (talco de luvas) ou em pulmões de
usuários de drogas ilícitas (talco misturado a drogas de usointravenoso). Geralmente
menores, frouxos e com menor número de linfócitos e outros leucócitos, os macrófagos
sofrem pouca transformação epitelioide.
Além de macrófagos típicos, os granulomas podem conter outras células. Uma coroa
periférica de linfócitos, macrófagos e outras células é componente comum em granulomas
epitelioides. Eosinófilos, macrófagos e linfócitos são vistos em granulomas
esquistossomóticos; linfócitos e macrófagos em volta das células epitelioides são encontrados
em granulomas da tuberculose e de outras parasitoses; linfócitos, macrófagos e grande
número de PMN podem acompanhar granulomas da paracoccidioidomicose, devido à
produção, por macrófagos, de fatores quimiotáticos para essas células.
14. Cicatrização de 1ª. e 2ª. intenção: características/ diferenças entre ambas.
A cicatrização de 1ª intenção ou união primária é o mecanismo mais utilizado pelo organismo
em casos de cirurgia e em ferimentos. É o tipo mais simples de reparação que pode ocorrer,
sendo induzido pela fibrina produzida na coagulação. A fibrina induz a migração e serve de
matriz para a proliferação de fibroblastos e angioblastos, que vão formar o tecido para
granulação. Logo é iniciado um processo de inflamação aguda com exsudato principalmente
de neutrófilos e posteriormente de células mononucleares. Simultaneamente, fibroblastos e
angioblastos proliferam e invadem a região agredida dando origem a um tecido rico em
fibroblastos e vasos neoformados, conhecido como tecido de granulação. Inicialmente, é um
tecido altamente celular, mas, com a contínua produção de fibras colágenas, torna-se menos
celular, e dentro de algum tempo a área está ocupada por um tecido pouco celularizado e
vascularizado, rico em fibras, constituindo a cicatrização, com uma marcação definitiva e
irreversível.
Já a cicatrização de 2ª intenção ou união secundária ocorre quando a área lesada é mais
extensa e as margens não estão próximas o suficiente para que seja realizada a união
primária. O processo se dá de forma semelhante ao explicado anteriormente, diferindo apenas
por conta da maior área lesada da grande quantidade de exsudato inflamatório e restos
necrosados. O tecido de granulação irá se proliferar à medida que a área for sendo limpa. A
cicatrização por segunda intenção ocorre inevitavelmente com a formação de grande
quantidade de tecido de granulação e cicatricial e tem por consequência produção de cicatriz
mais extensa. A formação excessiva de colágeno pode provocar uma cicatriz proeminente e
elevada no local, como ocorre frequentemente em pessoas de pele negra, sendo o processo
conhecido como queloide.
15. Citar efeitos locais e sistêmicos da inflamação.
A resposta inflamatória sistêmica tem os mesmos componentes gerais da inflamação, só que
de forma simultânea em vários locais.
A vasodilatação arteriolar sistêmica reduz a perfusão tecidual e causa hipóxia, iniciando
lesões degenerativas e necróticas em diversos órgãos, o que contribui progressivamente para
sepse grave (hipoperfusão) e choque (hipotensão e falência de múltiplos órgãos). Estas lesões
são agravadas pela produção de radicais livres e pela liberação de enzimas por fagócitos
aderidos ao endotélio, sobretudo nos pulmões, no fígado, nos rins e no sistema nervoso
central. Em consequência, surgem acidose (aumento do ácido lático por incremento da
glicólise anaeróbica), oligúria e alterações no estado de consciência. Vasodilatação, abertura
de capilares e insuficiência contrátil do miocárdio contribuem também para o estado de
choque.
Nos pulmões, os neutrófilos acumulam-se nos capilares e nas vênulas, onde são aglutinados;
liberam elastase, que provoca lesão nos septos alveolares. Por aumento da permeabilidade, há
edema intenso e deposição de material hialino na parede alveolar (membranas hialinas), o que
compromete ainda mais a hematose e agrava a hipóxia iniciada pela hipoperfusão.
Ao lado da liberação maciça de mediadores pró-inflamatórios, também há síntese de grande
quantidade de mediadores anti-inflamatórios, que tentam reduzir os efeitos da inflamação
sistêmica. A produção de quantidade elevada de fator de crescimento e interleucinas e a
liberação de corticoides endógenos, opioides, lipocortinas e certos metabólitos como o ADP
conduzem a um estado de imunossupressão, com drástica redução das respostas imunitárias
inata e adquirida. Por esse motivo, choque séptico induzido por agentes não microbianos
muitas vezes acaba se complicando com infecções resultantes da invasão de microrganismos
da microbiota.

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