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Fabiana Bilmayer I Nefrologia EDEMA Definição Edema é um acúmulo de líquido palpável no espaço intersticial formado a partir de uma solução aquosa de sais e proteínas plasmáticas em diferentes quantidades a depender de sua etiologia. O edema pode ser generalizado (anasarca) ou localizado. Etiopatogenia As principais causas do edema são: elevação da pressão hidrostática capilar (hipervolemia, obstrução venosa), redução da pressão oncótica capilar (perda proteica significativa e síntese reduzida de albumina), aumento da permeabilidade capilar (associada a inflamações, traumatismos, queimaduras, infecções, reações alérgicas) ou obstrução linfática (compressão tumoral, filariose). Fisiopatologia O movimento dos fluidos do espaço intravascular para o intersticial que é responsável pelo desenvolvimento de edema sob as seguintes condições: 1. Aumento na pressão hidrostática intracapilar; 2. Drenagem linfática inadequada; 3. Redução na pressão oncótica do plasma; (4) dano à barreira endotelial capilar; 4. Aumentos na pressão oncótica no espaço intersticial. Quadro clínico Os membros inferiores são as regiões mais acometidas; entretanto, devem ser rotineiramente investigadas a região pré-sacral, principalmente em pacientes acamados, e a face. A presença de desproporção entre ascite (volumosa) e edema discreto ou moderado de extremidades sugere hepatopatia ou carcinomatose peritoneal. A intensidade é avaliada pela compressão digital sobre estrutura rígida adjacente (sinal de Godet, cacifo) pelo peso diário do paciente ou pela medida do perímetro da região edemaciada (membros inferiores, abdome): - Quando mole e facilmente depressível, significa apenas que a retenção hídrica é de duração não muito longa e o tecido subcutâneo está infiltrado de água; - Quando dura, traduz a proliferação fibroblástica que ocorre nos edemas de longa duração ou que se acompanham de repetidos surtos inflamatórios. A elasticidade está tipicamente presente nos edemas inflamatórios e ausente no mixedema. Palidez sugere presença de distúrbios circulatórios, cianose indica distúrbios de oxigenação e hiperemia sugere processos inflamatórios. Textura lisa sugere quadro recente, enquanto enrugada indica reabsorção e espessa sugere edema de longa duração. Dor e calor local, quando presentes, sugerem quadro inflamatório. a. Diagnóstico (clínico e laboratorial); O diagnóstico consiste em avaliar o tipo de edema e determinar sua causa. Os edemas localizados podem estar associados a: ■ Obstrução linfática (linfedema): edema dos membros inferiores ou superiores (uni ou bilateral) que geralmente envolve os dedos, sem cacifo. Pode ser uma condição primária (malformação linfática) ou secundária a obstrução neoplásica, doença tireoidiana, dissecção ou irradiação linfonodal (para tratamento de neoplasia), celulite, filariose; ■ Insuficiência venosa crônica: desequilíbrio entre o fluxo sanguíneo que chega aos membros inferiores através da circulação arterial e o fluxo de retorno através da circulação venosa, tendendo ao acúmulo de líquido nestes. O edema generalizado está associado principalmente a doenças cardiocirculatórias, hepáticas e renais e, em alguns casos, pode acompanhar quadro de congestão pulmonar. ● A principal causa de edema associado à congestão pulmonar é a insuficiência cardíaca congestiva, mas também pode ser observado em casos de doença renal crônica por hipervolemia ou mesmo em pacientes sépticos com síndrome da angústia respiratória aguda. Algumas drogas podem causar anasarca por distintos mecanismos e com intensidade variável, de edema local a generalizado, sendo as principais os: 1. Antihipertensivos (betabloqueadores, hidralazina, minoxidil, clonidina, anlodipino). 2. Hormônios (corticosteróides, estrogênios, progesterona, testosterona) 3. AINH. Exames complementares ■ Função renal: insuficiência renal pode ser a causa primária do edema ou complicação secundária à disfunção cardíaca ou hepática. ■ Proteínas totais e frações: quando diminuídas, reduzem a pressão coloidosmótica plasmática, favorecendo o edema. Essa redução pode ser decorrente da eliminação (enteropatia perdedora de proteínas ou síndrome nefrótica) ou da diminuição da produção (cirrose ou desnutrição proteico calórica). ■ Eletrólitos: frequentemente estão alterados em razão do uso de diuréticos. Hiperpotassemia acentuada sugere insuficiência renal ou iatrogenia (diuréticos poupadores de potássio e inibidores da enzima conversora da angiotensina) e a hiponatremia é considerada um sinal de mau prognóstico na insuficiência cardíaca congestiva e na cirrose. ■ Perfil hepático (AST, ALT, bilirrubinas totais e frações, TP): alterações sugerem hepatopatia. ■ Urina tipo 1: proteinúria acentuada sugere síndrome nefrótica, devendo ser complementado o diagnóstico com a quantificação da proteinúria em urina de 24 horas. Hematúria associada a proteinúria leve a moderada e hipertensão sugerem síndrome nefrítica. ■ ECG: ocorre diminuição na amplitude do complexo QRS em pacientes anasarcados. ■ RX de tórax: pode ser normal, apresentar cardiomegalia e/ou congestão pulmonar. ■ Ecocardiograma: é o melhor exame para confirmar disfunção cardíaca e pericardite. A fração de excreção de sódio (FENa) pode fornecer grandes informações adicionais: FENa < 1 – quadros de retenção de sódio como insuficiência cardíaca congestiva, cirrose, síndrome nefrótica e diminuição de volume; FENa > 1 – quadros com aumento do volume circulante como infusão excessiva de água e sódio, diminuição de função renal e uso de diuréticos. Velocidade de instalação do edema ● Instalação aguda: Quando unilateral, sugere a presença de trombose venosa profunda – geralmente, é dolorosa, sendo recomendada a realização de USG Doppler para confirmação diagnóstica; Quando bilateral, pode indicar insuficiência ventricular direita, hepatopatia ou nefropatia descompensadas. ● Instalação crônica: Se unilateral, deve-se considerar insuficiência venosa crônica e doença arterial periférica; quando bilateral, podem ser de causas cardiológica, renal, hepática ou linfedema. b. Tratamento; Tratar doenças de base.
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