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8ºAula Princípios da Mecânica dos Sólidos Objetivos de aprendizagem Ao término desta aula, vocês serão capazes de: • compreender o conceito e os princípios fundamentais de cargas atuantes em uma estrutura; • diferenciar as propriedades mecânicas mecânicas dos materiais dúcteis e frágeis; • conhecer o que é flambagem e saber determinar o seu índice de Esbeltz e tensão crítica, através das variações das fórmula de Euler. Olá, caros(as) alunos(as), chegamos em nossa última aula. Espero que, em sua jornada até aqui nesta disciplina, possam ter agregado conhecimentos que os ajudem em sua vida profissional, e que tenham crescido enquanto engenheiros de produção. Nesta aula, iremos abordar os conceitos adicionais relacionados a mecânica dos sólidos e rígidos, e dos sólidos deformáveis, como análise de cargas atuantes em um estrutura, princípio da superposição e processo de flambagem com tensão crítica, o que proporcionará à vocês conhecimentos fundamentais no planejamento e execução de diversos projetos que envolvem estes conceitos. Bons estudos! 50Mecânica dos Sólidos Seções de estudo 1– Princípios da Mecânica dos Sólidos Rígidos 2– Princípios da Mecânica dos Sólidos Deformáveis 1- Princípios da Mecânica dos Sólidos Rígidos 1.1 Cargas atuantes em uma estrutura Nas aulas passadas, estudamos somente a ação de cargas concentradas atuante em um determinado ponto, não se preocupando com a ação das cargas distribuídas, e na engenharia, quando se trabalha com uma peça de uma estrutura, devemos ter em mente a sua fi nalidade, portanto, devemos avaliar a quantidade de carga que ela deve ser capaz de suportar. Denomina-se o conjunto destas cargas como Cargas Externas Ativas, desta forma, o vínculo destas cargas torna a peça em equilíbrio estático. Lembre-se que, em termos de estática, nos referimos a restrição das possibilidades de movimento desta peça estrutural nos eixos verticais e horizontais, deste modo, com a necessidade de desenvolver vínculos estruturais, surgem como ação, reações na direção deste movimento restringido, tais reações podemos chamar de Cargas Externas Reativas. De acordo com Leggerini, (2007), quanto a distribuição destas externas ativas podemos classifi cá-las como: • Cargas concentradas: atuação limitada a um determinado ponto ou região com área desprezível, neste caso é considerada concentrada no centro de gravidade da área de atuação das ações na estrutura. • Cargas momento ou conjugados – surgimento de momentos aplicados em determinados pontos de uma estrutura (fi xos). Podem se originar de um par de forças, ou eixos de transmissão. • Cargas distribuídas - São aquelas que atuam em uma área com dimensões na mesma ordem de grandeza da estrutura, estas cargas podem ser permanentes com atuação em toda ou quase toda a vida útil do elemento estrutural, ou apresentarem de forma acidenta ou de sobrecarga. Figura 8.1 – Exemplo de carga distribuída, representação do peso de uma laje em uma viga. Fonte: Melconian, 2007. 1.2 Princípio da Superposição O princípio da superposição é constantemente utilizado no que tange aos métodos para determinar a tensão ou o deslocamento em um ponto de um elemento quando este estiver sujeito a um carregamento complicado. Para esta determinação podemos subdividir o carregamento em componentes, então, o princípio da superposição considera que a tensão ou o deslocamento resultante no ponto pode ser determinado a partir da análise das componentes da carga que atua separadamente sobre o elemento. Mediante ao exposto, a tensão ou deslocamento resultante é determinado pela soma algébrica das contribuições causadas por cada uma das componentes das cargas (HIBBELER, 2010). A aplicação do princípio da superposição deve se atentar a duas condições; a primeira é que a carga deve estar relacionada linearmente com a tensão ou o deslocamento a ser determinado; a segunda remete que a carga não deve provocar mudanças signifi cativas na geometria ou confi guração original do elemento, visto que se ocorrerem mudanças signifi cativas no elemento ocorrerão mudanças na direção e a localização das forças aplicadas, bem como em seus momentos mudarão e, por consequência, a aplicação das equações de equilíbrio darão resultados diferentes, o que poderá levar a erros em cálculos estruturais (HIBBELER, 2010). Portanto, se você consegue calcular o deslocamento no meio de um vão, por exemplo, devido a ação 1 que atua isoladamente, e também sabe calcular o deslocamento no mesmo ponto, devido a ação 2 atuante isoladamente, o deslocamento no meio do vão causado pelas duas ações atuando ao mesmo tempo será igual ao somatório dos deslocamentos, conforme o apresentado na Figura 8.2. Figura 8.2 – Representação gráfi ca do Princípio da Superposição. Fonte: http://www.angelfi re.com/planet/marvinsc/cme/node11.html. Acesso em: 06/10/2020. Então, por mais que seja complexa as combinações de carregamento, a aplicação do princípio da superposição dos efeitos facilita os cálculos da engenharia, através da divisão destes carregamentos combinados, podendo assim, determinar qualquer efeito global. Exemplo1. Admita uma viga cuja a ações das cargas distribuídas, conforme a fi gura abaixo: Figura 8.3 – Exemplo para fi ns de cálculo, utilizando o princípio da superposição. Fonte: Melconian, 2007. 51 Para a solução deste exercício, vamos dividir o trapézio em um triângulo e um retângulo, obtendo desta força as cargas concentradas a seguir. Figura 8.4 – Método da Secção para cálculos de equilíbrio. Fonte: Melconian, 2007. Assim temos, considerando o sentido positivo das ações e aplicando as equações de equilíbrio, Para a determinação dos momentos, Para a determinação das forças, 2- Princípios da Mecânica dos Sólidos Deformáveis 2.1 Propriedades Mecânicas dos Materiais – Materiais Dúcteis e Frágeis Os materiais, conforme as suas características, são classifi cados como dúcteis ou frágeis, a classifi cação do material quando é dúctil vem através da exposição deste material ao ensaio de tração, quando o mesmo apresenta deformação plástica, precedida por uma deformação elástica, para enfi m atingir o rompimento. Exemplo de materiais que possuem propriedades de ductilidade: aço, cobre, latão, alumínio, bronze, níquel, etc. Figura 8.5 - Exemplo de Diagrama de Tensão- deformação do aço segundo a ABNT 1020. Fonte: Melconian, 2007. Ao analisarmos o diagrama, temos: Ponto 0 – Início de ensaio com a carga nula; Ponto A – Limite de proporcionalidade; Ponto B – Limite superior de escoamento; Ponto C – Limite inferior de escoamento; Ponto D – Final de escoamento início da recuperação do material; Ponto E – Limite máximo de resistência (tensão máxima); Ponto F – Limite de ruptura do material. Já para um material ser classifi cado como frágil, quando exposto ao teste de tração, não apresentará deformação plástica, ou seja, o mesmo passa da deformação elástica para o rompimento. Exemplos de materiais frágeis: concreto, vidro, porcelana, cerâmica, gesso, cristal, acrílico, baquelite, etc. Figura 8.6 – Diagrama de tensão deformação do material frágil. Fonte: Adaptado, Melconian, 2007. Ao observar o diagrama de tensão deformação para um material frágil, temos: Ponto 0 – Início do ensaio carga nula; Ponto A – Limite máximo de resistência, ponto de ruptura do material. 52Mecânica dos Sólidos 2.2 Flambagem Quando se projeta um elemento estrutural, torna- se necessário que ele satisfaça requisitos específi cos de resistência, defl exão e estabilidade. Todavia, alguns elementos estruturais podem estar sujeitos a cargas de compressão e, se forem compridos e esbeltos, denominamos estes elementos de colunas. Nas colunas, a carga atuante poderá ser grande o sufi ciente para provocar uma defl exão ou uma oscilação lateral, fazendo com que o elemento ou a peça perda a sua estabilidade sem que o material tenha ainda atingido o seu limite de escoamento, este rompimentosempre ocorrerá na direção do eixo de menor momento de inércia de sua secção transversal (HIBBELER, 2010). Desta forma, a carga axial, que faz com que a peça venha a perder esta estabilidade, denominamos de carga crítica, sendo representada pelo seu encurvamento na direção do eixo longitudinal. A defl exão lateral que ocorre é chamada de fl ambagem. Frequentemente a fl ambagem de uma coluna pode resultar em uma falha repentina e dramática de uma estrutura ou mecanismo, desta forma, para evitar este colapso deve-se ter uma atenção especial na fase de projeto estrutural destas colunas, para que haja segurança, e que as mesmas sejam capazes de suportar com segurança as cargas que serão distribuídas sem que ocorra a fl ambagem (HIBBELER, 2010). Sendo assim, através do estudo de Leonard Euler (1707- 1783), determinou-se a fórmula de equação da carga crítica, então, têm-se como: Onde, – carga crítica [N]; E – módulo de elasticidade do material, J- momento de inércia da secção transversal, – comprimento livre de fl ambagem e π – constante trigonométrica. Figura 8.7 – Flambagem de um material. Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Flambagem. Acesso em: 08/10/2020. A relação entre o comprimento de fl ambagem e o raio de giração mínimo da secção transversal da peça podemos denominar de índice de Esbeltez (λ). O que permite parametrizar o quão suscetível a barra comprimida é em relação ao efeito de fl ambagem. Em resumo, esse índice consiste basicamente em uma medida mecânica que permite determinar a facilidade que um determinado pilar tem de se encurvar, para a sua determinação temos a seguinte fórmula: Onde, – comprimento de fl ambagem e o raio de giração mínimo. Outra determinação importante no estudo da fl ambagem dar-se-á defi nição de tensão crítica, através da relação entre a carga crítica e a área da secção transversal da peça, assim podemos expressar numericamente como: = . Onde, E – é o módulo de elasticidades do material e λ – índice de Esbeltez. Exemplo 2- Vamos determinar λ para uma barra de aço de baixo carbono, considere σ = 190M para tensão crítica do material e = 210 G para o módulo de elasticidade do material. Como resolução, temos: = , isolando λ na fórmula temos: , substituindo os valores já informados no problema temos, = λ = 105 (Resposta). Ao fi nal desta última aula, vamos recordar sobre o que aprendemos até aqui. Retomando a aula 1- Princípios da Mecânica dos Sólidos Rígidos Em nossa última aula, iniciamos abordando alguns princípios fundamentais para a Mecânica dos Sólidos, como por exemplo, compreendemos o princípio da superposição, princípio este extremamente utilizado como método para determinar a tensões ou deslocamentos em materiais que possuem alta complexidade em seu carregamento (cargas distribuídas sob a estrutura). 2- Princípios da Mecânica dos Sólidos Deformáveis Caros(as) alunos(as), fi nalizamos o estudo dos conceitos da mecânica dos sólidos e constatamos que é possível prever o comportamento do sólido, seja ele deformável ou não, sob diversas ações, sejam elas de ação de forças de contato, gradientes de temperatura, campos gravitacionais, campos eletromagnéticos entre outros agentes internos e externos. Dessa forma, a mecânica dos sólidos mostra-se uma ferramenta fundamental para engenheiros, na concepção de projetos de máquinas, edifi cações e outros produtos. 53 PELOTAS, Universidade Federal de. Flambagem. 2014. Disponível em: https://wp.ufpel.edu.br/alinepaliga/ files/2014/08/Flambagem.pdf. Acesso em: 28.09.2020. Princípio da Superposição dos Efeitos. 2020. Disponível em: http://www.angelfire.com/planet/marvinsc/cme/ node11.html. Acesso em: 09.10.2020. Vale a pena acessar Flambagem em coluna ideal – Disponível em: https:// www.youtube.com/watch?v=GbPW3LozOgs. Acesso em: 06.10.2020. Princípio da superposição - Carga Axial – Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=eKA3NwbHq_o. Acesso em: 22.09.2020. Tensão e Deformação - Propriedades Mecânicas e o Diagrama Tensão Deformação. Disponível em: https:// www.youtube.com/watch?v=MwG6TNHkbfY. Acesso em: 08.10.2020. 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