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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS DEPARTAMENTO DE QUÍMICA QUÍMICA EXPERIMENTAL EXTRAÇÃO ÁCIDO-BASE Acadêmicos: Ana Carolina Fernandes Parola RA: 112424 Giovanna Gatti Alves 112418 Julia Cardoso Oliveira 112412 Mharia Eduarda Jasper Benavides 112421 Raffaela Bandeira Rodrigues 112420 Turma: 207/05 Professora: Thelma Sley Pacheco Cellet MARINGÁ, 26 DE AGOSTO DE 2021 1. Introdução Um dos grandes desafios da Química tem sido a obtenção de substâncias puras a partir de misturas, já que a maioria dos materiais presentes na natureza é formada por misturas de substâncias. Para isso, pode-se utilizar diferentes métodos, cuja escolha é realizada a partir do tipo de mistura a ser separada, das condições materiais e econômicas, e do tempo gasto na separação[1]. O método de extração, por exemplo, é uma técnica usada para extrair, separar, ou retirar determinada substância(s) de uma mistura. A extração líquido-líquido, também conhecida como extração por solvente, refere-se a uma operação na qual dois componentes de uma mistura líquida são separados pelas diferentes solubilidades em relação a um solvente adicionado, de forma que este dissolverá apenas um ou mais componentes. Em outras palavras, nesta operação, a separação dos componentes depende da diferença da distribuição dos componentes entre os líquidos imiscíveis. As principais etapas para a realização do método de extração são: ● Contato da mistura com o solvente adicionado; ● Separação das fases resultantes; ● Remoção e recuperação do solvente de cada fase. Figura 1: Etapas da extração líquido-líquido A escolha do solvente também é importante para a realização desta operação, sendo assim, deve-se analisar qual a opção que possui as seguintes características: ● Deve solubilizar a substância a ser extraída; ● Deve ter baixo ponto de ebulição para ser removido facilmente; ● Não deve ser tóxico; ● Não deve ser inflamável. No fim desse processo, o resultado será duas fases, uma orgânica e uma aquosa. Porém, sempre vai haver uma certa quantidade de água na fase orgânica, por isso deve ser adicionado um agente secante, que geralmente é um sal 1 inorgânico por possuir a capacidade de se ligar às moléculas de água formando hidratos. Ainda sobre processos de extração, tem-se também a extração ácido-base. Está, assim como a extração líquido-líquido, é um método de separação, porém é utilizada para purificação de ácidos e bases ou para separação dos mesmos em misturas, utilizando as propriedades químicas das substâncias.[2] Desta forma, para melhor compreensão deste processo, vale lembrar dos conceitos de ácidos e bases impostos ao longo do tempo na química. Na década de 1880, o químico Svante Arrhenius (1859-1927) definiu ácidos como substâncias que produzem íons H+ em água, e bases como substâncias que produzem íons OH- em água. Em outras palavras, os ácidos são substâncias que, quando dissolvidas em água, aumentam a concentração de íons H+. De forma semelhante, as bases são substâncias que, quando dissolvidas em água, aumentam a concentração de íons OH-. Embora estes conceitos tenham sido úteis, possuem limitações por serem restritos a soluções aquosas.[3] Em 1923, os químicos Johannes Bronsted (1879-1947) e Thomas Lowry (1874-1936) propuseram uma definição mais geral de ácidos e bases. Para eles, as reações ácido-base envolvem a transferência de prótons, de modo que um ácido é uma substância que pode doar (ou perder) um próton, e uma base é uma substância que pode receber (ou remover) um próton. Além disso, numa reação ácido-base de Bronsted-Lowry, os produtos também são classificados de maneira específica, sendo que a molécula ou íon que se forma quando um ácido perde seu próton é chamada de base conjugada daquele ácido. Já a molécula ou íon que se forma quando uma base recebe um próton é chamada de ácido conjugado.[4] Sabendo que basicidade é a tendência que uma substância tem de receber um próton, e que acidez é a afinidade de uma substância por um próton, um ácido forte é aquele que tem forte tendência em liberar o seu próton, o que significa que sua base conjugada tem que ser fraca porque ela tem pouca afinidade com o próton. Dessa forma, quanto mais forte um ácido, mais fraca é sua base conjugada.[5] A constante de equilíbrio de uma reação (Keq), indica se uma reação reversível favorece reagentes ou produtos no equilíbrio. Para uma reação do tipo: Pode ser calculada da seguinte forma: O grau ao qual um ácido (HA) se dissocia é normalmente determinado em uma solução diluída, de modo que a concentração da água fica praticamente 2 constante. A expressão de equilíbrio, portanto, pode ser reescrita usando uma nova constante chamada constante de dissociação ácida (Ka).[5] Quanto maior a constante de dissociação, mais forte é o ácido. Por conveniência, a força de um ácido é geralmente indicada pelo seu valor de pKa, onde: Em 1923, G. N. Lewis ampliou o conceito de Bronsted-Lowry. Para isso ele enfatizou o par de elétrons compartilhado, propondo que ácidos são receptores de pares de elétrons, e bases são doadores de pares de elétrons. Dessa forma, a teoria de Lewis permite que que a teoria ácido-base inclua todas as reações de Bronsted-Lowry, e além delas, muitas outras.[4] Outro assunto importante dentro na química orgânica é a força dos ácidos orgânicos, que está relacionada com a estabilização do ânion resultante da saída de H+ por efeitos eletrônicos (indutivos e de ressonância). Os efeitos indutivos são efeitos eletrônicos através das ligações. O efeito indutivo de um grupo pode ser de ceder elétrons ou de remover elétrons. Eles enfraquecem à medida que a distância até o grupo aumenta. Ao analisar uma molécula de fluoreto de etila (Figura 2), por exemplo, uma extremidade, aquela mais próxima do átomo de flúor, é mais negativa do que a outra, essa polarização da ligação carbono-carbono resulta da capacidade do átomo de flúor em atrair elétrons (devido à sua eletronegatividade) que é transmitida através do espaço e através das ligações da molécula.[4] Figura 2: Efeito indutivo na molécula de fluoreto de etila.[5] Ao comparar uma molécula de ácido acético com uma de ácido trifluoracético, por exemplo: 3 pKa = 4,75 pKa = 0 Quando essas substâncias são desprotonadas, formando as bases conjugadas, essas moléculas passarão a ter uma carga negativa. Dessa forma, a base conjugada do ácido acético, por não possuir nenhum efeito estabilizador adicional, é uma base forte, ou seja, tende a doar de novo o par de elétrons e formar o ácido acético. Já no caso do ácido trifluoracético, há a presença de átomos de flúor, que por serem muito eletronegativos, tendem a atrair a densidade eletrônica pelas ligações sigmas, deixando o oxigênio menos sobrecarregado, dessa forma, essa base conjugada vai ser mais estável e, portanto, mais fraca. Sabe-se que uma base conjugada fraca é formada a partir de um ácido forte. Dessa forma, pode-se concluir que o ácido trifluoracético é mais forte do que o ácido acético.[5] Já o efeito eletrônico de ressonância, mostra que a deslocalização dos elétrons de uma base, estabiliza (enfraquece) a base. O fenol, uma substância na qual um grupo OH está ligado a um carbono sp2 de um anel benzênico, é um ácido mais forte que um álcool como o etanol ou o ciclo-hexanol, substâncias nas quais um grupo OH está ligado a um carbono sp3. Os mesmos fatores responsáveis pela maior acidez de um ácido carboxílico se comparado a um álcool levam o fenol a ser mais ácido que um álcool, como o ciclo-hexanol — estabilização da base conjugada do fenol pela retirada de elétrons e pela energia de ressonância aumentada.[5] 4 2. Objetivo O objetivo do experimento foi estudar as propriedadesfísicas e químicas de alguns compostos orgânicos, executar uma extração ácido-base e também, investigar o efeito de adição de solventes com caráter ácido e básico em uma mistura contendo compostos com diferentes propriedades. 3. Parte experimental ● Materiais -Funil de separação -Béquer -Pipeta -Filtro a vácuo -Vidro de relógio -Recipiente com areia ● Reagentes -Ácido clorídrico -Diclorometano -P-bromoanilina -Hidroxido de sodio -Ácido benzóico ● Equipamentos -Placa de aquecimento ● Experimento No início do experimento, foi transferido 4 mL contendo uma mistura de ácido benzóico, p-bromoanilina, naftol e fenantreno para o tubo 1. Em seguida, adicionou-se 1 mL de NaHC03 5% e o tubo foi agitado. Foi então separada a fase aquosa, com o auxílio de um funil separador, e transferida para o tubo 2. No tubo 2 foi adicionado 1 mL de ácido clorídrico, gota a gota. A mistura passou por um filtro a vácuo, para obter o composto novamente em estado sólido. Com a mistura que ficou no tubo 1 adicionou-se 1 mL de NaOH 1N e logo em seguida foi agitado. Separou-se a fase aquosa da orgânica e transferiu-se para o tubo 3. 5 Ao tubo 3 adicionou-se 1 mL de ácido clorídrico, gota a gota, com o auxílio de uma pipeta. A mistura foi submetida a filtração a vácuo, para se obter o composto em estado sólido. Ao restante do tubo 1, foi adicionado 1 mL de HCl 1N e agitou-se. Foi separada então, a fase aquosa e transferida para o tubo 4. No tubo 4, foi adicionado 1 mL de NaOH, a solução passou então por uma filtração a vácuo. E por fim, com a última substância presente no tubo 1, secou-se a solução, passou-se pelo filtro a vácuo e em seguida a mesma foi evaporada, através de aquecimento. Todo o procedimento experimental pode ser observado no esquema abaixo: Figura 3: Fluxograma do experimento. 4. Resultados e discussões Quando adicionou-se NaHCO3 à solução do tubo 1, notou-se que o ácido carboxílico, substância presente na solução, reagiu com ele, formando o sal benzoato de sódio, dióxido de carbono e água. Isto acontece porque o bicarbonato de sódio apresenta características básicas - ou seja, segundo a teoria de Lewis ele é 6 uma substância capaz de doar pares de elétrons - e o ácido carboxílico está capacitado a receber esses elétrons. Com isso, retirou-se a fase aquosa e colocou-a no tubo 2 e adicionou-se 1 mL de HCl - um ácido - o qual reagiu com o benzoato de sódio que possui caráter básico, já que é a base conjugada da reação acima. O hidrogênio se dissocia do ácido clorídrico e é substituído pelo Na+. Dessa maneira, recuperou-se o ácido carboxílico, o qual forma um precipitado branco visível que foi filtrado à vácuo, onde foi deixado por algum tempo até o sólido secar no vácuo e em seguida foi recolhido para medir a sua massa. Para uma segunda recuperação, foi adicionado NaOH ao tubo 1, o qual irá reagir com o naftol, já que os álcoois também podem ser considerados ácidos fracos, devido a presença do oxigênio que é muito eletronegativo, logo atrai os elétrons da ligação para si e deixa o hidrogênio com caráter ácido, podendo formar e ceder H+, classificação de ácido segundo Bronsted-Lowry. Essa reação forma o sal naftalato de sódio e água. A fase aquosa foi removida e colocada no tubo 3, ao qual foi adicionado HCl, com o mesmo objetivo e propriedades reacionais para a recuperação do ácido carboxílico, assim, recuperando o naftol. 7 Ao adicionar 1 mL de HCl no tubo 1, o ácido reage com a p-bromoanilina que causou a protonação, resultando em um sal de HCl de p-bromoanilina, o qual formou uma fase aquosa e foi transferida para o tubo 4 por meio do funil de separação. No tubo 4 foi adicionado 5 mL de NaOH (6,0M) para converter o sal para a base livre novamente e para ter a certeza da conversão, mediu-se o pH 10. Logo após, foi feita uma filtração a vácuo e a massa do sólido foi estipulada. Após ser retirado o ácido benzoico e a p-bromoanilina por um funil de separação, restou o diclorometano orgânico com o fenantreno no tubo 1, onde logo foi adicionado sulfato de sódio para absorver qualquer excesso de água, observou-se que foi o suficiente quando a solução estava heterogênea. Depois de aproximadamente 10 minutos de secagem, o fenantreno foi transferido por meio de uma pipeta, deixando o sulfato de sódio sólido e o excesso de água. Posteriormente, a solução DCM foi aquecida até 40°C, restando o fenantreno sólido. Com as massas do fenantreno, p-bromoanilina e ácido benzóico, é possível calcular o percentual de recuperação dividindo a soma das massas finais pela soma da solução inicial. 5. Conclusão 8 Por meio dos experimentos realizados, notou-se um entendimento mais amplo e elaborado sobre a extração ácido-base. Um método eficaz e fácil de se executar devido seu processo de separação por meio das trocas iônicas e ligações polares e apolares. Além de que pode-se adquirir um maior conhecimento sobre os compostos orgânicos envolvidos. 6. Referências bibliográficas [1] Tito, Canto, Química na abordagem do cotidiano, 1ª edição, Editora Saraiva, São Paulo, 2015. [2] Site: www.infoescola.com, consultado em 24/08/2021. [3] Brown. [4] Solomons. [5] Paula. [6] Site: https://www.infoescola.com/quimica/alcoois/, consultado em 23/08/21. 9 http://www.infoescola.com/ https://www.infoescola.com/quimica/alcoois/
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