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Hérnias abdominais Definição: - Hérnia é derivada da palavra latina ruptura. - A hérnia é definida como uma protrusão anormal de um órgão ou tecido por um defeito em suas paredes circundantes. - Embora uma hérnia possa ocorrer em vários locais do corpo, esses defeitos mais comumente envolvem a parede abdominal, em particular a região inguinal. - As hérnias da parede abdominal ocorrem apenas em locais onde a aponeurose e a fáscia não são cobertas por músculo estriado - Os principais tipos de hérnias de parede abdominal são: hérnia inguinal (direta e indireta), hérnia femoral, hérnia umbilical e hérnia incisional. Hérnias (possíveis hérnias) ● Virilha: Inguinal ⇒ indireta, direta ou combinada. Femoral. ● Anterior: Umbilical, Epigástrica e de Spiegel. ● Pélvica: Obturador, Ciática e Perineal. ● Posterior: Lombar⇒ triângulo superior ou inferior. Definição: - Hérnias que surgem medialmente aos vasos epigástricos inferiores são hérnias diretas, enquanto que as que surgem lateralmente são as indiretas. - Por que o nome direta e indireta? A hérnica inguinal direta recebe esse nome pois ela surge diretamente da parede abdominal, já a indireta surge através do canal inguinal. Definição: - A hérnia é redutível quando seus conteúdos podem ser reposicionados por entre a musculatura circundante. - É irredutível ou encarcerada quando não pode ser reduzida. - Uma hérnia estrangulada tem o suprimento sanguíneo comprometido para seus conteúdos, o que é uma complicação grave e potencialmente fatal. - Ocorre estrangulamento com mais frequência nas hérnias grandes que têm pequenos orifícios. Nessa situação, o pequeno colo da hérnia obstrui o fluxo sanguíneo arterial, a drenagem venosa, ou ambos, para os conteúdos do saco herniário. Definição: - Um tipo pouco comum de estrangulamento é a hérnia de Richter. Nessa hérnia, uma pequena porção da parede anti mesentérica do intestino é aprisionada dentro da hérnia, e pode ocorrer estrangulamento parcial do lúmen sem a presença de obstrução intestinal. - Uma hérnia externa faz protrusão através de todas as camadas da parede abdominal. - Enquanto uma hérnia interna é uma protrusão do intestino através de um defeito no interior da cavidade peritoneal. - Uma hérnia interparietal ocorre quando o saco herniário é contido na camada musculoaponeurótica da parede abdominal. Epidemiologia: - As hérnias de parede abdominal são muito prevalentes, cerca de 5% da população mundial desenvolverá algum tipo de hérnia. - 75% desses defeitos da parede abdominal são na localização inguinal (50% delas é do tipo indireta e cerca de 25% do tipo direta). - Dentro desse universo, de 10 – 15% das hérnias são incisionais. - Os mais acometidos com hérnias são os homens, cerca de 25 vezes a mais do que a população do sexo feminino. Fatores de risco: - A prevalência das hérnias aumenta com a idade, bem como a probabilidade de estrangulamento e a necessidade de hospitalização. - As hérnias incisionais necessitam de um procedimento cirúrgico prévio e alguns outros fatores de risco podem estar presentes, como: fatores cirúrgicos (infecção da ferida operatória, hematoma e outros), desnutrição, uso de corticóides, uso de radiação local e obesidade. Classificação: Existem numerosos sistemas de classificação de hérnias inguinais. Um sistema simples e amplamente usado é a classificação de Nyhus LIMITE SUPERIOR: arco tendíneo (M. oblíquo interno + transverso do abdome. LIMITE MEDIAL LIMITE INFERIOR LIMITE LATERAL As hérnias inguinais ocorrem acima do ligamento inguinal. O limite entre a direta e a indireta são os vasos epigástricos inferiores. Hérnia inguinal Incidência: ● 75% de todas as hérnias (⅔ Indiretas); ● 25x mais em homens; ● Hérnia indireta ocorre + a D; ● Prevalência aumenta com a idade. Hérnia inguinal indireta ● Ocorre na região do anel inguinal interno, por onde passa o funículo espermático. Essa hérnia se origina de uma tendência natural de fraqueza desse anel para que ocorra a protrusão de conteúdo cavitário ou gordura. ● Localizam-se lateralmente aos vasos epigástricos inferiores. Saco herniário Hérnia inguinal direta ● Ocorre quando estruturas abdominais empurram a fáscia transversalis na região do triângulo de Hesselbach e cai no canal inguinal. Localizam-se medialmente aos vasos epigástricos inferiores. ● Triângulo Hesselbach: área na fáscia transversalis ainda mais vulnerável a ser projetada pelas estruturas peritoneais. → M. reto do abdome → Ligamento inguinal → Vasos epigástricos Hérnia femoral ● Protrusão de estruturas abdominais através do canal femoral. ● Correspondem a 5% das hérnias; ● Mais encontradas em mulheres obesas com mais de 45 anos. ● Localizam-se mais comumente à direita, possivelmente por um efeito de tamponamento do sigmóide sobre o canal femoral esquerdo, e em 20% dos casos são bilaterais. Nas hérnias femorais o saco herniário se anuncia através do canal femoral, medialmente aos vasos femorais. O canal femoral é uma estrutura inelástica localizada inferiormente ao ligamento inguinal. Seus limites incluem: ⇒ trato iliopúbico (ligamento de Thomson). *Um conjunto de fibras aponeuróticas do músculo transverso que tem trajeto paralelo e posterior ao ligamento inguinal; ⇒ ligamento de Cooper (ligamento pectíneo). *Espessamento do periósteo da face interna do ramo superior do púbis. ⇒ veia femoral. Hérnia incisional ● Ocorrem como resultado de tensão excessiva e cicatrização inadequada de uma incisão prévia. ● Respondem por 15% a 20% de todas as hérnias da parede abdominal. ● Essas hérnias aumentam de volume ao longo do tempo, provocando dor, obstrução intestinal, encarceramento e estrangulamento. ● Obesidade, idade avançada, desnutrição, ascite, gravidez e condições que aumentam a pressão intra-abdominal, diabetes mellitus, quimioterapia para o câncer e uso de glicocorticoides são fatores que predispõem ao desenvolvimento de uma hérnia incisional. Hérnias Umbilicais ● Em crianças são de origem congênita e bastante comuns (persistência do anel umbilical sem o fechamento de sua camada aponeurótica após o nascimento). ● Em adultos são, em maioria, adquiridas (pacientes com condições que resultam em pressão intra-abdominal aumentada, como gravidez, obesidade, ascite ou distensão abdominal). ● Estas hérnias estão localizados entre o processo xifóide e cicatriz umbilical e são geralmente dentro de 5 a 6 cm do umbigo. ● 2 a 3 x mais comuns em homens. ● Em geral, produzem dor fora de proporção para seu tamanho, devido a encarceramento de gordura pré-peritoneal. Hérnias Epigástricas ● As hérnias umbilical e epigástrica constituem 10% das hérnias. Patogênese - Perda da integridade mecânica dos Mm. e tendões da parede abdominal; - Distúrbios genéticos ou sistêmicos da matriz extracelular (hérnia primária); - Cicatrização defeituosa pós-laparotomia; - O tamanho tende a aumentar de acordo com a lei de Laplace (a tensão da parede é maior no ponto do maior raio e da parede mais fina). Quadro Clínico Geral - Assintomático; - Abaulamento na região (tamanho variável); - Desconforto e/ou dor leve ou moderada; - Sensação de peso; - Náusea, vômito; - Distensão abdominal; - Dor da hérnia inguinal indireta pode irradiar para escroto; - Eritema; - Isquemia, ulceração. OBS: dor intensa é sinal de complicação! Diagnóstico - CLÍNICO! → anamnese e exame físico; Anamnese: atentar-se aos sinais de complicações; Exame físico: Posições supina e ortostase; Manobra de Valsalva; Palpação; Manobra de Landivar (hérnia inguinal) - USG em casos duvidosos; - TC abdominopélvica se hernias muito pequenas ou pacientes obesos Riscos pós-exame: dor abdominal após contraste, risco de perfuração de vísceras e reações alérgicas. ■ 1º tratamento cirúrgico descrito – Paulo de Aegina 700d.C ■ 1559 Casper Stromayr – anatomista – tratado sobrehérnia inguinal no qual diferenciava as hérnias em diretas e indiretas e advogava a preservação do testículo no tratamento cirúrgico das hérnias. ■ Avanço significativo na segunda metade do século XIX com técnicas de assepsia/anti-sepsia e anestesia ■ Melhor entendimento da anatomia inguinal Cirurgia das Hérnias – Técnicas Convencionais ■ Principais técnicas herniorrafia anterior + reforço posterior ■ A –BASSINI ■ B - MC VAY ■ C - SHOULDICE ■ D - LICHTENSTEIN ■ Principais técnicas herniorrafia posterior + acesso pré-peritoneal ■ A - STOPPA ■ B - VIDEOLAPAROSCOPIA Tratamento Shouldice (1949) • Imbricação em 4 planos músculo-aponeuróticos: Tratamento oLichtenstein (1986) Lichtenstein Tratamento McVay (1948) Tratamento Bassini (1884) • O reforço é realizado através de sutura dos arcos músculo-aponeuróticos do transverso abdominal e do oblíquo interno (ou tendão conjunto) ao ligamento inguinal; Tratamento Stoppa (1973) • Substituição da fáscia transversais na região inguinal por uma grande prótese; • É especialmente apropriado para o reparo de hérnias bilaterais e recorrentes pois minimiza o risco de complicações (atrofia testicular e neuralgia crônica); • Tem como objetivo envolver o saco peritônio-visceral tornando-o inextensível em vez de reparar os defeitos na parede abdominal; Tratamento É um reparo sem suturas e livre de tensões; A tela deve ser macia, elástica, flexível, complacente, integrar-se rapidamente e ser tolerante à infecção; Através de incisão mediana infra-umbilical ou de Pfannenstiel desloca-se o espaço pré-peritoneal até o tubérculo púbico;
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