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LOGÍSTICA INTERNACIONAL

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LOGÍSTICA INTERNACIONAL 
AULA 1 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
João Alfredo Lopes Nyegray 
 
 
CONVERSA INICIAL 
Vamos pensar por um instante: quantos países existem atualmente? Há 
aproximadamente 196 países, mais alguns territórios, como o Vaticano e a 
Palestina. Arredondemos para 200. Agora, imagine quantas línguas diferentes 
são faladas em cada um desses países. Alguns deles podem ter a mesma língua, 
como Brasil, Portugal e Angola ou Estados Unidos, Austrália, Canadá e 
Inglaterra. Outros, por outro lado, têm vários idiomas e dialetos oficiais, como a 
África do Sul. Cada um desses países, com um ou vários idiomas e dialetos, 
pode ser berço de diversas culturas diferentes. Cada uma dessas culturas tem 
seus hábitos, costumes e padrões do que é ou não é “normal”, de acordo com 
sua própria lógica. 
Nesses diversos países, berços de diversas culturas, encontram-se as 
maiores empresas de cada nação. Algumas expandiram-se para o exterior, 
outras apenas dominam os mercados nacionais. Essas empresas obedecem às 
regras e leis de seus países, com as quais estão bem familiarizadas. Quando 
buscam se internacionalizar, por outro lado, precisam se adaptar às culturas, aos 
idiomas, às leis e aos regulamentos dos países hospedeiros. Permeando todo 
esse cenário complexo, existem organizações e leis internacionais que buscam 
normatizar o sistema internacional. Você percebe como o mundo onde vivemos 
é complexo? 
Figura 1 – O mundo e suas diversas peças formam um grande quebra-
cabeça 
 
Fonte: <https://goo.gl/4X2yTa/>. 
 
 
3 
CONTEXTUALIZANDO 
Quando estourou a crise da bolsa de valores de Nova York em 1929, 
estima-se que essa notícia levou pelo menos uma semana para chegar aos 
negociadores paulistas de café, em São Paulo. Naquele tempo, nas primeiras 
décadas do século XX, a informação não viajava como viaja hoje, de maneira 
instantânea. Levava-se tempo para saber o que havia ocorrido em outros 
lugares, e ainda mais tempo para medir o impacto de tais acontecimentos nos 
negócios. 
Atualmente, ficamos sabendo imediatamente da ocorrência dos fatos. As 
tecnologias da informação, que evoluíram rapidamente no decorrer do século 
XX, aproximaram os países e, de certa forma, removeram as fronteiras da 
distância. O impacto disso no mundo dos negócios é imenso. As empresas 
deixam de concorrer apenas com seus rivais locais e passam a concorrer com 
qualquer outra empresa do planeta que produza os mesmos bens. Se a 
concorrência aumenta, aumentam também as possibilidades de escolha dos 
consumidores, que já não compram mais como antigamente. Isso pode ser tanto 
uma oportunidade para empresas e profissionais bem preparados quanto uma 
ameaça para aqueles que não têm conhecimentos na área. 
 
Figura 2 – Queda do Muro de Berlim, em 1989, e invasão do Afeganistão, 
em 2001: eventos de impacto internacional transmitidos ao vivo para todo 
o mundo 
 
Fontes: <https://goo.gl/MB08bu> e <https://goo.gl/dvLZZG. Acesso em 01/10/16>. 
 
Atualmente, o comércio virtual está plenamente difundido, e nós 
compramos tanto de sites estrangeiros quanto de sites nacionais. Além disso, os 
mesmos produtos que grandes empresas oferecem aqui são oferecidos no 
exterior. Nike, Ford, Fiat, Toyota, Tommy Hilfiger, Levi’s, Ralph Lauren, Calvin 
 
 
4 
Klein, Absolut Vodka, Apple, Samsung, Microsoft, entre outras empresas de 
outros segmentos, estão amplamente difundidas pelo mundo. 
Como você pode perceber, é fácil lembrarmos dessas grandes marcas, 
plenamente globalizadas e internacionalizadas. O que nem sempre pensamos 
ou lembramos é do percurso que esses produtos traçam de suas origens nos 
centros produtivos até nós. É justamente disso que a logística internacional se 
encarrega. 
 
Pesquisa 
Como você definiria o papel da logística em um mundo interconectado? 
Países sem acesso ao mar, como Paraguai e Hungria, têm logística mais 
complicada? 
 
 
TEMA 1 – GLOBALIZAÇÃO E A NOVA FORMA DE SE FAZER NEGÓCIOS 
Globalização é um daqueles termos muito comentados, mas pouco 
entendidos. Existem aqueles que acreditam que a globalização é algo novo, 
recente, ligado ao avanço da internet. E não é. A globalização é um fenômeno 
antigo: o próprio Alexandre, O Grande, rei da Macedônia, buscou expandir ao 
mundo conhecido de então aspectos diversos da vida e da cultura helênica da 
época. Depois, os romanos antigos buscaram levar suas leis e cultura para fora 
de sua cidade e expandiram as fronteiras do Império Romano pela Europa. 
Assim, não é de hoje que a globalização existe, e é justamente por isso 
que é tão difícil traçar sua história. O que podemos perceber com clareza é que 
a globalização, como a conhecemos hoje, com inegável impacto nos negócios, 
tem seu início com as Grandes Navegações nos séculos XV e XVI, que alteraram 
a balança comercial da época. Anos depois, é com a primeira Revolução 
Industrial e com o motor a vapor que se aprimoram os transportes, 
especialmente o marítimo e o ferroviário. 
A partir desse momento, uma série de tecnologias foram aprimorando não 
só os transportes, mas também os processos de produção e de manufatura. A 
partir do momento que as revoluções industriais alteraram os paradigmas 
produtivos – que passaram de um modo de produção artesanal para um modo 
de produção em escala industrial – passou a haver maior oferta de uma série de 
produtos. Com isso, além de uma redução geral de preços motivada pela maior 
 
 
5 
oferta de produtos, começou a haver um excedente de mercadorias exportável. 
É por volta do início do século XX que a eletricidade e o aço passam a se difundir, 
colaborando ainda mais para a globalização. 
Concomitantemente, a humanidade passou a desenvolver novas 
tecnologias, como o telefone, o avião e o telégrafo, entre outros facilitadores da 
vida. Após 1945, surgiram organizações internacionais interessadas em regular 
o ambiente internacional, seja para assuntos de paz e guerra, seja para assuntos 
financeiros e de comércio. Por fim, a partir da década de 1980, houve a revolução 
das telecomunicações, e as tecnologias bancárias tornaram-se mais modernas. 
 
Figura 3 – Expansão da globalização 
 
Fonte: <https://goo.gl/tkE5aS>. 
Todos esses fatores e aspectos contribuíram para a integração do mundo 
por meio do processo de globalização. Os impactos disso são vários: o 
transporte mais eficiente de navios, a construção de aviões maiores e mais 
rápidos, as comunicações, as transferências financeiras, os acordos 
internacionais, entre outros aspectos, acabaram por industrializar, integrar e 
desenvolver o mundo cada vez mais. Por causa disso, as economias tornaram-
se mais integradas e os estilos de vida em muitos lugares – principalmente no 
ocidente – convergiram para gostos e preferências semelhantes. Tudo isso 
colaborou para que muitas empresas se tornassem globais: basta que vejamos 
um símbolo, um logotipo, em qualquer lugar do mundo para sabermos a qual 
empresa e a qual produto tal marca se refere. 
É por causa desses fatores que podemos afirmar que 
A globalização dos mercados abriu inúmeras oportunidades de 
negócios às empresas que se internacionalizaram. Ao mesmo tempo, 
ela implica a adaptação das empresas a novos riscos e uma acirrada 
concorrência de competidores estrangeiros. A globalização resulta em 
compradores mais exigentes, que buscam as melhores ofertas de 
fornecedores mundiais. [...] Os gestores das empresariais devem, cada 
 
 
6 
vez mais, adotar uma orientação global em vez de um foco local. 
(Cavusgil; Knight; Riesenberger, 2010) 
 Você está preparado para adotar uma orientação global em seu trabalho? 
Vídeo 
O vídeo “Globalization”, produzido pelo Massachusetts Institute of Business 
(MIB Business School) em parceria com a Assessoria em Comércio Exterior 
do Brasil (Abracomex), aborda a globalização e busca explicar como esta 
afeta os negócios internacionais das empresas brasileirase como aproveitar 
as oportunidades. Acesse: 
<https://www.youtube.com/watch?v=qj438T5KQQo&index=16&list=FL24Jhgz
uuILwBCZ_78Ij0Yw>. 
 
Saiba mais 
Para saber mais sobre a globalização, leia o artigo “O que é globalização?”. 
Disponível em: <http://mundoeducacao.bol.uol.com.br/geografia/o-que-
globalizacao.htm>. 
 
Leitura obrigatória 
CAVUSGIL, T.; KNIGHT, G.; RIESENBERGER, J. Negócios Internacionais. 
São Paulo: Pearson, 2010. p. 22-46. Disponível em: 
<http://uninter.bv3.digitalpages.com.br/users/publications/9788576053798/pa
ges/_1>. 
 
TEMA 2 – ESTADOS COMO ATORES INTERNACIONAIS 
Anteriormente vimos como algumas grandes empresas estão presentes 
no mundo. Vimos também que a globalização agiu como padronizadora de 
estilos de vida em muitos lugares – principalmente no ocidente –, o que gerou 
uma convergência para gostos e preferências semelhantes. Mas e os países, os 
Estados, como ficam nesse cenário? Como entes passivos? 
Não. Os Estados continuam participando ativamente. A diferença é que, 
antigamente, os países eram os grandes atores das relações internacionais, os 
principais, mais importantes e mais ativos participantes. Atualmente, as 
empresas, os indivíduos e as organizações internacionais também ganharam 
voz. Essa alteração ocorre, principalmente, após a Segunda Guerra Mundial, e 
https://www.youtube.com/watch?v=qj438T5KQQo&index=16&list=FL24JhgzuuILwBCZ_78Ij0Yw
https://www.youtube.com/watch?v=qj438T5KQQo&index=16&list=FL24JhgzuuILwBCZ_78Ij0Yw
http://mundoeducacao.bol.uol.com.br/geografia/o-que-globalizacao.htm
http://mundoeducacao.bol.uol.com.br/geografia/o-que-globalizacao.htm
http://uninter.bv3.digitalpages.com.br/users/publications/9788576053798/pages/_1
http://uninter.bv3.digitalpages.com.br/users/publications/9788576053798/pages/_1
 
 
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é a partir daí que se consolidam as organizações internacionais, como a 
Organização das Nações Unidas (ONU). Ademais, a Declaração Universal dos 
Direitos Humanos de 1948 deu ao indivíduo proteção internacional e direitos 
fundamentais, independentemente de onde essa pessoa tenha nascido. 
Assim, a progressiva integração mundial fez com que outros entes 
internacionais ganhassem importância. Isso não significa, no entanto, que os 
Estados hoje sejam apenas entes passivos, pelo contrário. Em uma tentativa de 
gerar segurança e ordem internacional, cabe aos Estados participar em fóruns e 
reuniões internacionais, redigir e aprovar acordos e normas, firmar tratados e 
estabelecer alianças. 
É preciso lembrar que, no caso brasileiro, qualquer acordo internacional 
ao qual o país tenha se comprometido deve ser submetido à aprovação do 
Congresso Nacional, para que passe a fazer parte de nosso ordenamento 
jurídico. Esse ponto é mais uma mostra do papel que o Estado desempenha nas 
relações internacionais da atualidade. Existem, obviamente, outros fatores que 
merecem atenção. 
Ao buscar a internacionalização, as empresas devem seguir as leis dos 
países hospedeiros. Nesse caso, podem haver leis e normas no país de destino 
que não existam no país de origem. Além das empresas, os profissionais de 
logística internacional devem estar atentos às condições legais impostas pelos 
Estados às empresas estrangeiras. 
Muitas nações impõem restrições à entrada de investimento direto 
estrangeiro (IDE). Por exemplo, no Japão, o daitenhoo (lei das lojas de 
varejo de grande escala) coibiu estrangeiros de abrir lojas no estilo 
atacadista como Walmart [...], restringindo as operações de gigantes 
varejistas [...]. Na Malásia, as empresas que desejam investir em 
negócios locais devem obter a permissão do Malaysian Industrial 
Development Authority, que examina as propostas para garantir que se 
adequem às metas da política nacional. Os Estados Unidos restringem 
investimentos estrangeiros que julgam afetar a segurança nacional; os 
de grande porte devem ser examinados pelo U.S. Committee on 
Investments. (Cavusgil; Knight; Riesenberger, 2010) 
Percebemos, assim, como os Estados desempenham papel importante 
não só no sistema internacional, mas também na normatização de uma série de 
atividades. É de extrema importância que, para o sucesso dos empreendimentos 
internacionais e dos profissionais que atuam internacionalmente, haja atenção 
detalhada às mais variadas regulamentações. Entretanto, não precisamos 
conhecer as leis de todos os países, basta que saibamos as leis que podem 
afetar nosso projeto no país que pretendemos abordar. Além das leis sobre 
 
 
8 
investimento estrangeiro direto, existem outras sobre marketing, distribuição, 
repatriação de lucro, meio ambiente e contratos. 
 
Figura 4 – Mapa do risco político em 2015 
 
Fonte: <https://goo.gl/AQL0rs>. 
Existem uma série de riscos que os Estados podem apresentar aos 
empreendimentos internacionais, inclusive logísticos. O risco-país, por exemplo, 
tenta alertar a respeito dos perigos de se fazer negócio em determinados locais. 
Algumas nações, por exemplo, são conhecidas por confiscar propriedades 
privadas, sobretaxar empresários e não respeitar contratos ou propriedade 
intelectual. Nesses locais, raramente serão feitos grandes negócios. Assim, vale 
à pena atentar para o mapa de risco político visto anteriormente: quanto mais 
clara a cor do país, menor o risco; quanto mais vermelha, maior. 
 
Leitura obrigatória 
CAVUSGIL, T.; KNIGHT, G.; RIESENBERGER, J. Negócios internacionais. 
São Paulo: Pearson, 2010. p. 9-12. Disponível em: 
<http://uninter.bv3.digitalpages.com.br/users/publications/9788576053798/pa
ges/_1>. 
 
 
 
http://uninter.bv3.digitalpages.com.br/users/publications/9788576053798/pages/_1
http://uninter.bv3.digitalpages.com.br/users/publications/9788576053798/pages/_1
 
 
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TEMA 3 – ORGANIZAÇÕES INTERNACIONAIS 
No decorrer do século XIX, os Estados europeus digladiaram-se para 
dividir a África e aumentar suas colônias e o poder de seus impérios. Uma 
complicada política de alianças, somada aos conflitos do imperialismo, acabou 
levando à Primeira Guerra Mundial. No decorrer desse primeiro conflito, 
enquanto os estados europeus estavam envoltos nas hostilidades, os Estados 
Unidos tornaram-se o grande produtor e fornecedor mundial de bens. Com o fim 
da guerra em 1918, os estadunidenses mantiveram seu elevado ritmo de 
produção, o que gerou a crise da superprodução de 1929. Após a deflagração 
da crise, os países afetados adotaram políticas protecionistas, discursos 
nacionalistas e de ódio. Os ânimos se acirraram e, em 1939, os alemães 
invadiram a Polônia, o que deu início à Segunda Guerra Mundial. 
 
Figura 5 – Desempregados fazem fila para uma xícara gratuita de café em 
Nova York 
 
Fonte: <https://goo.gl/J8zdIU>. 
 
Por mais difícil que seja conjecturar o que não foi, mas poderia ter sido, 
vamos imaginar por um minuto: e se, na época das duas grandes guerras, 
houvessem organizações internacionais capazes de utilizar o diálogo como fonte 
de resolução de controvérsias? Talvez, se na época dos conflitos mundiais 
houvessem organizações internacionais mais fortes, os acontecimentos do 
século XX fossem diferentes. É verdade que naquele período havia a Sociedade 
das Nações (SDN), fundada em 1919. Entretanto, esta não contava com a 
participação dos Estados Unidos e de vários outros países 
Atualmente, no entanto, existem várias dessas organizações, 
caracterizadas por terem personalidade jurídica própria, “constituídas através de 
um Tratado, com a finalidade de buscar interesses comuns através de uma 
permanente cooperação entre seus membros” (Seitenfus, 2005). 
 
 
10 
A partir do final da Segunda Guerra Mundial, em 1945, e com a fundação 
da ONU, esse tipo de iniciativa internacional “popularizou-se”, e foram criadas 
organizações internacionais especializadas – como a Agência Internacional Da 
Energia Atômica (IAEA) – e também regionais – como a Organização dos 
Estados Americanos (OEA). Na década de 1940, além daONU, surgiram o 
Fundo Monetário Internacional (FMI), encarregado de prestar socorro financeiro 
aos países em crise e monitorar o sistema financeiro e monetário, e o Banco 
Mundial, encarregado de fornecer os meios para a reconstrução da Europa. 
 
Figura 6 – Assinatura da Carta de São Francisco, acordo fundador da 
ONU, em 1945 
 
Fonte: <nacoesunidas.org> 
 
Atualmente, essas organizações servem não só como fórum de diálogo 
para temas mundialmente relevantes, como meio ambiente, terrorismo, recursos 
hídricos, alimentação e mudanças climáticas, mas também como organismos 
fomentadores de pesquisas e entendimento de áreas relevantes e complexas, 
que necessitam de pareceres e estudos de especialistas. A cooperação 
internacional encontra nas organizações internacionais uma forte aliada na 
busca por normas comuns, pesquisas conjuntas e prestação de serviços 
sincronizados. 
 
Vídeo 
Para saber mais sobre o papel da ONU, assista ao vídeo “O papel da ONU 
na segurança mundial”, produzido pela TV Justiça. Acesse em: 
<https://www.youtube.com/watch?v=VM-d-2q4SrQ>. 
 
 
11 
 
Leitura obrigatória 
FONTANA, V.; KRAINER, J. Organizações internacionais – e as políticas 
públicas brasileiras de educação e trânsito. Intersaberes: Curitiba, 2016. p. 
30-66. Disponível em: 
<http://uninter.bv3.digitalpages.com.br/users/publications/9788544303573/pa
ges/-2>. 
 
 
TEMA 4 – EMPRESAS MULTINACIONAIS 
No decorrer desta aula, você se deparou com nomes e exemplos de 
grandes empresas. Internacionalmente, existem vários tipos de companhias que 
atuam em diversas áreas, como logística, navegação, finanças, entre outras. Um 
tipo específico de empresa com forte atuação internacional são as empresas 
multinacionais, organizações que se caracterizam pelo tamanho, pela 
capacidade financeira, pelos recursos e por terem uma matriz em um 
determinado país e filiais espalhadas pelo mundo. 
A revista Fortune classifica ano a ano as maiores empresas do mundo. 
Em edição de 2016, constam no topo Wallmart, Royal Dutch Shell, Exxon, British 
Petroleum, Volkswagen, Toyota, entre outras empresas e marcas bem 
conhecidas. Muitas vezes, essas grandes companhias têm faturamento anual 
maior que o produto interno bruto (PIB) de diversas nações, o que dá a elas 
grande poder de barganha. Por essa razão, é possível afirmar que a “atividade 
da Empresa Multinacional moderna é essencialmente diferente da de sequer 
trinta anos atrás. A globalização impulsionou os processos de 
internacionalização e, hoje, estas corporações cada vez mais se parecem com 
Estados independentes” (Sarfati, 2007) 
 
Figura 7 – Lista de grandes multinacionais mostra, em azul escuro, os 
bens e recursos no exterior, e, em azul claro, os bens nos países de 
origem 
 
http://uninter.bv3.digitalpages.com.br/users/publications/9788544303573/pages/-2
http://uninter.bv3.digitalpages.com.br/users/publications/9788544303573/pages/-2
 
 
12 
 
 
Fonte: <https://goo.gl/ewRXft>. 
Essa semelhança das empresas multinacionais com os países deve-se 
ao seu porte, ao número de pessoas que empregam e aos recursos que 
movimentam. Multinacionais como “Exxon, Honda e Coca Cola obtêm uma 
parcela significativa de suas vendas e lucros totais, geralmente mais da metade, 
de operações transnacionais” (CAVUSGIL; KNIGHT; RIESENBERGER, 2010). 
Além disso, outras grandes empresas acabam por desempenhar atividades 
diferentes em países diferentes: pesquisa e desenvolvimento no Japão e nos 
Estados Unidos, suprimentos vindos da China e Índia, manufatura no leste 
europeu ou México, e assim por diante. Isso é o que se chama de 
internacionalização da cadeia produtiva ou da cadeia de valor, na qual a logística 
internacional tem grande importância. 
Muitas nações subdesenvolvidas acabam, por pressão das grandes 
empresas, alterando leis nacionais para permitir a exploração de mão de obra, a 
 
 
13 
remissão de lucros ao exterior ou a flexibilização de normas ambientais. Ainda 
com esses aspectos negativos, é igualmente frequente que empresas sejam 
responsabilizadas em seu país de origem por malfeitos no estrangeiro. 
Assim como a globalização não é um processo recente, a 
multinacionalização de empresas também não é: 
O processo de internacionalização (na verdade, multinacionalização 
das empresas) passou a tomar um grande impulso a partir da 
aceleração do processo de globalização [...]. Segundo o World 
Investment Report 2002 produzido pela UNCTAD, o crescimento das 
EMNs é bastante significativo: em 1992 havia cerca de 35.000 EMNs 
com 150.000 empresas afihiadas. Já em 2001, havia 65.000 EMNs 
com 850.000 empresas afihiadas, empregando 54 milhões de pessoas 
(contra 24 milhões em 1990). (Sarfati, 2007) 
 Atualmente, com a difusão e a melhoria das tecnologias da informação, 
as empresas estão se internacionalizando de maneira mais rápida e ágil. Um 
exemplo são as born globals – empresas nascidas globais. Tratam-se de 
empresas jovens que, em um curto espaço de tempo, conseguem obter uma boa 
porcentagem de suas vendas do exterior – 25% ou 30% –, de dois ou três 
continentes diferentes. Essas empresas são normalmente criadas por 
profissionais de espírito empreendedor, com alguma experiência internacional. 
Tem sido frequente o surgimento de empresas nascidas globais no segmento de 
tecnologia, que criam ou difundem algum tipo de inovação. 
Vídeo 
Para saber mais sobre mentalidade global, assista ao vídeo “Mentalidade 
global: um desafio para as multinacionais brasileiras”. Acesse em: 
<https://www.youtube.com/watch?v=s0u6YuFEq1w>. 
 
Leitura obrigatória 
CAVUSGIL, T.; KNIGHT, G.; RIESENBERGER, J. Negócios internacionais. 
São Paulo, Pearson, 2010. p.11-15. Disponível em: 
<http://uninter.bv3.digitalpages.com.br/users/publications/9788576053798/pa
ges/_1>. 
 
TEMA 5 – CULTURA E GESTÃO INTERCULTURAL 
Em negócios e logística internacionais, é comum que o profissional 
ingresse em diferentes ambientes e países, caracterizados por diferentes 
http://uninter.bv3.digitalpages.com.br/users/publications/9788576053798/pages/_1
http://uninter.bv3.digitalpages.com.br/users/publications/9788576053798/pages/_1
 
 
14 
culturas e hábitos. Consequentemente, cada um desses ambientes traz diversos 
padrões de comportamento e, com estes, vêm os hábitos do consumidor, as leis 
e diretrizes, além de uma série de outras dimensões que devem chamar atenção 
dos profissionais que atuam internacionalmente. 
O próprio termo cultura apresenta uma acepção ampla: frequentemente 
se diz que esta ou aquela pessoa é uma pessoa “culta”, referindo-se aos 
conhecimentos e comportamentos do indivíduo. No entanto, para os 
empreendimentos internacionais, cultura “refere-se aos padrões de orientação 
aprendidos, compartilhados e duradouros em uma sociedade. As pessoas 
demonstram sua cultura por meio de valores, ideias, atitudes, comportamentos 
e símbolos” (Cavusgil; Knight; Riesenberger, 2010). 
 
Figura 8 – Cada cultura tem seus símbolos e hábitos 
 
Fonte: <https://goo.gl/IwaKq1>. 
Por isso, um gesto que para você pode parecer comum, quando feito em 
um ambiente que não seja o seu, pode ser um grande insulto. A figa, por 
exemplo, que para alguns significa sorte, na Itália representa uma ofensa. 
Quando levamos essa lógica ao mundo dos negócios, precisamos tomar muito 
cuidado na hora de prospectar um produto ou elaborar um projeto. 
A cultura influencia uma gama de intercâmbios interpessoais bem 
como operações de cadeia de valor como desenvolvimento de produto 
e serviço, marketing e vendas. Os administradores devem criar 
produtos e embalagens levando em conta os aspectos culturais, 
inclusive em relação a cores. Se por um lado o vermelho pode ser 
bonito para os russos, por outro é símbolo de luto na África do Sul. 
(Cavusgil; Knight; Riesenberger, 2010) 
 
Já imaginou se lançamos um produto embalado em vermelho na África do 
Sul? A chance de sucessodiminui quando a cultura é desconsiderada e, 
consequentemente, aumenta quando a empresa preocupa-se com o fator 
 
 
15 
cultural. Essas questões chegam a manifestar o risco da gestão intercultural, 
que, quando ignorado, pode trazer sérias consequências aos envolvidos. 
Para entender os aspectos culturais, pense, por um instante, nas 
questões gastronômicas: aquilo que para nós é comum, como comer carne de 
porco, para os israelenses é pecaminoso. Enquanto os chineses utilizam insetos 
e ovos fecundados em sua gastronomia, essa ideia pode não nos apetecer tanto. 
Da mesma forma que você não precisa se tornar amplamente versado 
nas questões legais dos mais diferentes países do mundo, você não precisa se 
tornar um grande antropólogo e conhecedor de todas as culturas existentes. 
Basta que, ao viajar ou negociar com um outro país, você se inteire dos hábitos, 
gostos e do que pode ser considerado ou não uma ofensa. 
É importante frisar que uma cultura não é algo herdado geneticamente, 
mas sim um comportamento aprendido, ou seja, se você for morar em outro país, 
poderá aprender a comportar-se como sua população nativa. Todo profissional 
que atue internacionalmente deve também saber que nenhuma cultura é melhor 
ou pior que a outra, mesmo porque esse tipo de comparação e afirmação não 
faz sentido. Chama-se de etnocêntrico aquele que considera sua cultura melhor 
que as demais. 
 
Leitura obrigatória 
CAVUSGIL, T.; KNIGHT, G.; RIESENBERGER, J. Negócios internacionais. 
São Paulo, Pearson, 2010. p. 97-121. Disponível em 
<http://uninter.bv3.digitalpages.com.br/users/publications/9788576053798/pa
ges/_1.> 
 
TROCANDO IDEIAS 
No link a seguir, você encontra disponível o livro Choque de civilizações 
e a recomposição da ordem social, de Samuel Huntington, que apresenta uma 
visão do cenário internacional com base no ponto de vista das culturas. Para o 
autor, os próximos conflitos internacionais serão não entre países, mas entre 
grupos com culturas diferentes. Veja: 
<https://cesarmangolin.files.wordpress.com/2010/02/samuel_huntington_-
_o_choque_de_civilizacoes1.pdf>. 
Você concorda com essa posição? 
 
http://uninter.bv3.digitalpages.com.br/users/publications/9788576053798/pages/_1
http://uninter.bv3.digitalpages.com.br/users/publications/9788576053798/pages/_1
 
 
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NA PRÁTICA 
Levy defende aumento da presença do Brasil no cenário internacional 
Ministro também afirma que parte do governo tem disposição de apoiar os empresários que 
estão querendo conquistar o mercado internacional. 
 
Brasília – O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, defendeu, por meio de nota à imprensa, a 
ampliação da presença do Brasil no cenário internacional. "O Brasil é uma economia que tem 
muitas vantagens; deve ser uma companhia que tem que competir pra ganhar", afirmou Levy. 
Segundo o ministro, a aprovação [...] do Senado Federal do Acordo Constitutivo do Novo 
Banco de Desenvolvimento (NBD), o banco dos BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África 
do Sul), e do Acordo Contingente de Reservas (CRA), além do fato de o Brasil ter se tornado 
integrante do Banco de Investimento Asiático, refletem a vontade do governo brasileiro e da 
presidente Dilma Rousseff de estar presente no cenário internacional. A nota também afirma 
que parte do governo tem disposição de apoiar os empresários que estão querendo conquistar 
o mercado internacional. 
Rússia e Índia também já aprovaram processos internos de ratificação para criação do banco. 
China e África do Sul indicaram que estão processando e que devem concluir em breve. 
Assim, o NBD poderá entrar em vigor para a efetiva criação do Novo Banco de 
Desenvolvimento. 
De acordo com a nota divulgada pelo Ministério da Fazenda, o Banco deverá contribuir de 
forma concreta e agrupar os desafios relacionados ao desenvolvimento internacional. "A nova 
instituição representará fonte alternativa de investimentos, aumentando a oferta de recursos 
para os entes públicos e privados do Brasil", afirmou o comunicado. O NBD deverá mobilizar 
recursos para projetos de infraestrutura e de desenvolvimento sustentável nos países 
membros do bloco e em outras economias emergentes ou em desenvolvimento e contemplar 
as ações dos bancos multilaterais. 
[...] 
Fonte: Adaptado de Diário do Nordeste, 2015. 
 
 
Analisando a notícia anterior, qual ou quais devem ser as preocupações 
do empresário que gostaria de atuar internacionalmente? Nesse sentido, qual 
seria o papel do profissional de logística? 
A princípio, uma das preocupações dos empresários que visam atuar 
internacionalmente deve ser a maior concorrência. Para vender em um país que 
não é o de origem, deve-se atentar a quem são os concorrentes e entender como 
enfrentá-los, uma vez que se uma empresa brasileira busca negócios em outros 
países, nada impede empresas de outros países de fazerem o mesmo. A 
segunda preocupação é em relação ao Estado: deve-se entender e compreender 
como as normas do país de destino podem afetar os negócios. Por fim, deve-se 
 
 
17 
ter em mente que, dependendo de qual seja o país escolhido para as primeiras 
vendas internacionais, pode haver a necessidade de adaptação do produto ou 
serviço por conta de questões culturais. Por todas essas preocupações, o papel 
do profissional de logística deve ser posicionar a empresa e a organização nas 
quais trabalha no sentido de melhor compreender os desafios e as oportunidades 
da atuação internacional: entregar produtos de maneira eficiente, com menor 
custo e em menos tempo, para qualquer empresa ou qualquer pessoa em 
qualquer lugar do mundo. 
 
FINALIZANDO 
As tecnologias da informação, que evoluíram rapidamente no decorrer do 
século XX, aproximaram os países e, de certa forma, removeram as fronteiras 
da distância. As empresas deixam de concorrer apenas com seus rivais locais e 
passam a concorrer com qualquer outra empresa do planeta que produza os 
mesmos bens. Se a concorrência aumenta, aumentam também as 
possibilidades de escolhas dos consumidores, que já não compram mais como 
antigamente. Isso pode ser tanto uma oportunidade para as empresas e 
profissionais bem preparados quanto uma ameaça para aqueles que não tem 
conhecimentos na área. 
A globalização padronizou estilos de vida em muitos lugares – 
principalmente no ocidente –, o que gerou uma convergência para gostos e 
preferências semelhantes. Nesse cenário, os Estados continuam participando 
ativamente, com a diferença de que, antigamente, os países eram os grandes 
atores das relações internacionais, os principais, mais importantes e mais ativos 
participantes. Atualmente, as empresas, os indivíduos e as organizações 
internacionais também ganharam voz. 
Ao buscar a internacionalização, as empresas devem seguir as leis dos 
países hospedeiros. Nesse caso, podem haver leis e normas no país de destino 
que não existem no país de origem. Além das empresas, os profissionais de 
logística devem estar atentos também às condições legais impostas pelos 
Estados às empresas estrangeiras. Além de leis sobre investimento estrangeiro 
direto, existem outras sobre marketing, distribuição, repatriação de lucro, meio 
ambiente e contratos. Por fim, existem uma série de riscos que os Estados 
podem apresentar aos empreendimentos internacionais. O risco-país, por 
 
 
18 
exemplo, tenta alertar a respeito dos perigos de se fazer negócio em 
determinados locais. 
A partir do final da Segunda Guerra Mundial em 1945, e com a fundação 
da ONU, surgiu outro tipo de participante ator das relações internacionais: as 
organizações internacionais. A partir de então, esse tipo de iniciativa 
internacional “popularizou-se”, e foram criadas organizações internacionais 
especializadas – como a IAEA – e também regionais – como a OEA –, que 
participam ativamente do cenário internacional de negócios. 
Além das organizações internacionais, há outro tipo específico de 
empresa comforte atuação internacional: as empresas multinacionais. Essas 
organizações caracterizam-se pelo tamanho, pela capacidade financeira, pelos 
recursos e por terem uma matriz em um determinado país e filiais espalhadas 
pelo mundo. Além da existência de diversos países, empresas e organizações 
internacionais, o cenário internacional de negócios tem como um de seus 
principais cenários de fundo uma série de culturas nacionais, às quais os 
profissionais que atuam internacionalmente devem prestar atenção para garantir 
o sucesso de seus empreendimentos no exterior. 
 
 
 
 
19 
REFERÊNCIAS 
AMATUCCI, M.; AVRICHIR, I. Teorias de negócios internacionais e a economia 
brasileira de 1850 a 2007. In: AMATUCCI, M. (Org.). Internacionalização de 
empresas: teorias, problemas e casos. São Paulo: Atlas, 2009. p. 5-58. 
CAVUSGIL, S. T.; KNIGHT, G.; RIESENBERGER, J. Negócios internacionais: 
estratégia, gestão e novas realidades. São Paulo: Pearson, 2010. 
DUARTE, R. G.; TANURE, B. O impacto da diversidade cultural na gestão 
internacional. In: _____. (Org.). Gestão Internacional. São Paulo: Saraiva, 
2006. 
FERREIRA, M. P.; REIS, N. R.; SERRA, F. R. Negócios internacionais e 
internacionalização para as economias emergentes. Lidel: Lisboa, 2011. 
FORTUNE. Global 500. 2016. Disponível em: <http://fortune.com/global500/>. 
Acesso em: 30 maio 2017. Disponível em: <http://goo.gl/sRF83q>. Acesso em: 
30 maio 2017. 
HOBSBAWM, E. A era dos extremos: o breve século XX. São Paulo: 
Companhia das Letras, 2005. 
MAGNOLI, D.; SERAPIÃO JR., C. Comércio exterior e negociações 
internacionais. São Paulo: Saraiva, 2012. 
SARFATI, G. Manual de diplomacia corporativa: a construção das relações 
internacionais da empresa. São Paulo: Atlas, 2007. 
SEITENFUS, R. Manual das organizações internacionais. 4. ed. Porto Alegre: 
Livraria e Editora do Advogado, 2005. 
 
 
http://fortune.com/global500/
 
 
1 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LOGÍSTICA INTERNACIONAL 
AULA 2 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Prof. João Alfredo Lopes Nyegray 
 
 
 
2 
CONVERSA INICIAL 
Você já se perguntou de onde vêm a riqueza das nações? Países 
prósperos como da América do Norte ou Europa, ou ainda países que tem 
crescido fortemente como China e Índia. Qual será o motor de crescimento 
desses países todos? Obviamente que esta não é uma resposta fácil. 
Educação de qualidade, facilidade para empreender e se fazer negócios e 
capacidade das empresas em inovar e gerar novos produtos e oportunidades 
sem dúvida pesam bastante na resposta a essa questão. 
No entanto, há outro ponto importante: o comércio. Não o comércio de 
rua ou dos grandes shoppings, mas o comércio internacional, que é, sem 
dúvida, um dos grandes motores do desenvolvimento econômico de países 
como China e Índia. Nesses locais, fabricam-se bens mais diversos bens, 
alguns com matéria prima importada, que depois são exportados para todo o 
mundo. 
Ao se analisar essa questão, se percebe que o crescimento do comércio 
internacional é um dos fortes motores do crescimento e do desenvolvimento 
das nações. No entanto, não são só mercadorias que podem ser 
comercializadas: tem-se os serviços também! Todas essas trocas são 
compreendidas pelas relações econômicas internacionais, as quais veremos 
adiante. 
 
CONTEXTUALIZANDO 
Se as relações econômicas internacionais são parte importante do 
desenvolvimento das nações, isso quer dizer também que as empresas e 
governos – participantes que fazem essas relações acontecerem, seja através 
de operações de comércio seja através de incentivo – tem papel fundamental. 
Mas afinal, por qual motivo as nações comercializam? Será que é apenas para 
vender e lucrar? Veja o trecho abaixo: 
O comércio permite aos países usar seus recursos nacionais de 
modo mais eficiente por meio da especialização. O comércio permite 
a indústrias e operários serem mais produtivos. O comércio também 
 
 
3 
permite às nações atingirem padrões de vida mais elevados e 
manterem baixo o custo de muitos produtos de uso cotidiano. Sem o 
comércio internacional, a maioria delas ficaria impossibilitada de 
alimentar, vestir e abrigar seus cidadãos nos níveis atuais. Até as 
economias ricas em recursos como os Estados Unidos sofreriam sem 
comércio. Alguns tipos de alimento ficariam indisponíveis ou só 
poderiam ser obtidos a preços exorbitantes. Café e açúcar passariam 
a ser artigos de luxo. As fontes de energia derivadas de petróleo 
escasseariam. Os veículos parariam de rodar, as cargas deixariam de 
ser entregues, e as pessoas não poderiam aquecer seus lares no 
inverno. Em suma, não se trata somente de nações, empresas e 
cidadãos beneficiarem-se do comércio internacional; a vida moderna 
é praticamente impossível sem ele. (Cavusgil; Knight; Riesenberger, 
2010) 
 
E você, já havia pensado por essa perspectiva? Considere a imagem 
abaixo: 
Figura 1 
 
Fonte: http://www.businessinsider.com/shanghai-1990-vs-2010-2010-6 
Essa imagem mostra a cidade chinesa de Shangai em 1990 e depois em 
2010. Que mudança radical, não é mesmo? E o que houve nesse curto espaço 
de tempo? Houve relação econômica: facilitação da vida do empreendedor e 
dedicação às relações econômicas internacionais, não só nas exportações de 
produtos ou serviços, mas também nos serviços financeiros e na atração de 
investimentos e inovações. Espantoso, não é? 
 
PESQUISE 
 Como você acha que é o desempenho do Brasil no comércio 
internacional? 
 
 
4 
 O que nosso país poderia fazer para melhorar sua participação 
comercial no mundo? 
 
TEMA 01: COMÉRCIO EXTERIOR E AS CORRENTES DE COMÉRCIO 
INTERNACIONAL 
Você já se perguntou porque as nações comercializam? Por qual razão 
os países não tentam viver isolados, fabricando tudo o que podem por conta 
própria? Imaginemos por um minuto: se não fosse pelo comércio exterior e 
internacional, de onde viriam as máquinas de nossa indústria? Como o resto do 
mundo teria acesso à soja, suco de laranja e proteínas animais, fabricados aqui 
no Brasil? Por conta dessas dificuldades se afirma que o comércio 
internacional permite que as nações atinjam padrões de vida mais elevados, 
forçando empresas a serem mais e mais eficientes. 
Para alguns, é possível sim viver sem o comércio exterior, ainda que 
com todos esses inconvenientes. Hoje, essas pessoas são exceção, mas há 
algum tempo se acreditava que quanto mais poderosa fosse uma nação, mais 
independente ela deveria ser. Foi na época do Mercantilismo, que é uma 
corrente de pensamento econômico que acreditava que toda vez que um país 
importava alguma coisa, e saía pagamento de seus cofres para quitar a 
importação, essa nação ficava mais pobre e, consequentemente, menos 
poderosa. Não à toa iniciam-se as Grandes Navegações, buscando encontrar 
novas reservas de ouro e prata, para enriquecer e empoderar as nações 
europeias: 
A definição mais aceita de mercantilismo informa que este termo 
compreende um conjunto de ideias e práticas econômicas dos 
Estados da Europa ocidental entre os séculos XV, XVI e XVII voltadas 
para o comércio, principalmente, e baseadas no controle da 
economia pelo Estado. Mercantilismo dá nome, nesse sentido, às 
diferentes práticas e teorias econômicas do período do Absolutismo 
europeu. (Silva, 2006) 
 
Mas, se ninguém quer importar, como alguém exportará? Impossível, 
não é mesmo? Passados alguns séculos após o surgimento das ideias 
Mercantilistas, o escocês Adam Smith escreve um livro contestando as práticas 
 
 
5 
comerciais internacionais de então. Em “A Riqueza das Nações”, Smith 
“argumentava que a verdadeira base da riqueza de um país era medida pela 
quantidade e qualidade de seus bens e serviços, não por suas reservas de 
metais preciosos” (Perry, 2002). Assim, surge o princípio econômico das 
Vantagens Absolutas: 
Smith afirma que um país se beneficia ao fabricar somente aqueles 
produtos em que detém vantagem absoluta ou em queutilizará 
menos recursos do que qualquer outro. O país ganha ao se 
especializar na manufatura de alguns produtos, exportá-los e importar 
aqueles para os quais não detém vantagem absoluta. Cada país 
aumenta sua riqueza ao se especializar determinados bens e 
importar outros, uma vez que isso leva ao aumento do consumo. 
(Cavusgil; Knight; Riesenberger, 2010) 
 
 Durante cerca de 30 anos as ideias de Adam Smith tornam-se 
praticamente unânimes no cenário internacional, até que o britânico David 
Ricardo traz novas proposições: o comércio internacional pode ser vantajoso 
para duas nações até mesmo quando apenas uma delas possui vantagens na 
produção de dois itens diferentes. Assim, passa-se a questionar e tentar 
entender o comércio pela ótica da eficiência. Desde os escritos de Ricardo, em 
1813, vários outros economistas debruçaram-se sobre esse tema. Leontieff, 
Heckscher-Ohlin e, mais recentemente, Michael Porter em seu “Vantagem 
Competitiva das Nações”. 
 Você deve saber, no entanto, que nenhuma das várias correntes de 
pensamento e análise do Comércio Internacional consegue explicar o todo das 
transações mundiais e a lógica subjacente a elas. Assim, vale a pena que você 
entenda um pouco a respeito de cada uma! 
 
Texto de leitura obrigatória: 
NYEGRAY, J. A. L. Projetos internacionais: estratégias para expansão 
empresarial. Curitiba: Intersaberes, 2016. Ler o segundo capítulo. 
 
 
6 
TEMA 2: O BRASIL NO COMÉRCIO INTERNACIONAL 
 As trocas internacionais são crescentes ou se mantém estáveis? Se 
considerarmos o mundo como um todo, percebemos que o comércio 
internacional tem crescido continuamente nos últimos anos, o que é confirmado 
por estatísticas da Organização Mundial do Comércio: 
 
Figura 2 
 
Fonte: Organização Mundial do Comércio, 2014. 
 Percebemos assim como, ano após ano, o mundo tem comercializado 
mais, trocado mais e, como consequência, utilizado mais serviços logísticos. 
Mas e o Brasil, como fica nesse cenário? Será que aumentamos nossa 
participação no comércio global? Infelizmente não. De acordo com a 
Organização Mundial do Comércio (OMC) somos apenas o 22º exportador. 
Figura 3 
Posição País 
1 China 
2 Estados Unidos 
3 Alemanha 
4 Japão 
 
 
7 
5 Holanda 
6 França 
7 Coréia do Sul 
8 Reino Unido 
9 Hong Kong 
10 Rússia 
11 Itália 
12 Bélgica 
13 Canadá 
14 Singapura 
15 México 
16 Emirados Árabes Unidos 
17 Arábia Saudita 
18 Espanha 
19 Índia 
20 Taipei 
21 Austrália 
22 Brasil 
23 Suíça 
24 Tailândia 
25 Malásia 
26 Polônia 
27 Indonésia 
28 Áustria 
29 Suécia 
30 República Tcheca 
Fonte: O autor, dados OMC. 
 Esse dado nos mostra que, mesmo o Brasil sendo um país 
territorialmente extenso, promissor em diversas áreas, não conseguimos nos 
destacar no comércio internacional. A concorrência com outros países mais 
eficientes, com melhor infraestrutura e apoio às exportações têm dificultado a 
atuação das empresas brasileiras. Um dos maiores responsáveis pelo nosso 
desempenho ruim é a burocracia. O Brasil possui mais de 3600 normas de 
comércio exterior, o que faz com que o país perca em competitividade; e 
afugenta os empresários locais da atuação global. 
 
 
 
 
 
8 
Texto de leitura obrigatória: 
NYEGRAY, J. A. L. Legislação Aduaneira, comércio exterior e 
negócios internacionais. Curitiba: Intersaberes, 2016. Ler capítulo 12. 
Vídeo do tema proposto: 
https://www.youtube.com/watch?v=ahw6nogZjvg 
Artigo: Lee Kuan Yew, o homem responsável pelo que Cingapura tem de 
melhor e de pior. Disponível em: http://goo.gl/NA5JPF 
 
TEMA 3: COMÉRCIO E TRANSAÇÕES INTERNACIONAIS 
 Se o comércio internacional possibilita nações, trabalhadores e 
empresas mais eficientes, será que isso tudo acontece apenas por meio das 
exportações? Não! Existem uma série de outras atividades que podem ser 
desempenhadas pelas empresas além das exportações. A cada uma dessas 
atividades ou operações, corresponde um risco, que pode ser maior ou menor. 
É por essa questão do risco, que as exportações são consideradas um primeiro 
passo na caminhada internacional das empresas. 
 Considera-se que as exportações oferecem um risco baixo para a 
empresa exportadora, além de oferecer aprendizagem paulatina sobre os 
mercados nos quais esta empresa está entrando. Aos poucos a empresa 
exportadora vai adquirindo conhecimentos a respeito das preferências e 
hábitos de consumidores de uma determinada localidade, o que permite que 
ela passe a oferecer produtos especialmente projetados para esse público. O 
mesmo vale para as importações: aos poucos uma determinada organização 
pode importar produtos para comercializar em seu país. Se o produto for 
aprovado pelo mercado interno, as importações podem ser aumentadas tanto 
em sua frequência quanto na quantidade de produtos. 
 Por permitirem um envolvimento gradual, considera-se as exportações 
ou importações a forma mais básica de comércio ou transação internacional. E 
há vida além das exportações? Sem dúvida! O licenciamento de propriedade 
https://www.youtube.com/watch?v=ahw6nogZjvg
http://goo.gl/NA5JPF
 
 
9 
intelectual é um possível exemplo. Uma empresa brasileira fabricante de 
produtos infantis pode, por exemplo, querer aumentar suas vendas em 
mercados internacionais. Para isso, essa empresa pode obter o licenciamento 
da imagem de algum personagem, o que vai tornar seu produto mais atrativo. 
 Uma outra possibilidade: a Disney, Warner Brothers, Pixar, ou qualquer 
outro estúdio pode licenciar a produção de itens de seus personagens a 
empresas fora dos Estados Unidos, seu país de origem. Com isso, os produtos 
finais ficam mais baratos e elas lucram com uma porcentagem das vendas da 
empresa licenciada. E isso não vale apenas para personagens de filmes: vale 
também para times de futebol ou marcas de roupa, que podem licenciar a 
fabricação de seus itens para empresas de outros países. 
 Uma outra forma de envolvimento internacional são as parcerias como 
alianças e joint ventures. São casos nos quais duas ou mais empresas se 
unem para reduzir custos e riscos de entrar num mercado diferente do seu. Por 
exemplo: a Portugal Telecom uniu-se a empresa espanhola Telefónica para 
atingir o mercado brasileiro com a operadora Vivo. Perceba como, para cada 
uma dessas transações, corresponde um risco: os riscos das exportações e 
importações são menores quando comparados com os riscos de alianças e 
joint ventures. 
 No entanto, o maior risco manifesta-se através do chamado Investimento 
Estrangeiro Direto ou Investimento Direto Estrangeiro. 
 É o caso de uma empresa que envia uma quantidade de dinheiro para 
um país no exterior para abrir uma fábrica, comprar uma empresa local, 
adquirir um concorrente o iniciar operações no destino. 
 Um exemplo possível é o das montadoras de automóveis: essas 
organizações transferem dinheiro de seus países de origem para adquirir um 
terreno, erguer uma fábrica, importar máquinas e contratar pessoas aqui no 
Brasil. É por isso que essa modalidade se chama Investimento Estrangeiro 
Direto. 
 
10 
Texto de leitura obrigatória: 
CAVUSGIL, T.; KNIGHT, G.; RIESENBERGER, J. Negócios internacionais. 
São Paulo: Pearson, 2010. Ler páginas 326 até 346. 
TEMA 4: COMÉRCIO EXTERIOR E COMPETITIVIDADE 
Anteriormente, nós vimos como a riqueza das nações está ligada, dentre 
vários fatores, a sua participação nas transações financeiras internacionais. 
Mas então, qualquer nação altamente exportadora terá boa qualidade de vida? 
Qualquer nação exportadora trará oportunidades para os estudantes de 
logística? Infelizmente não! Vamos utilizar um país do oriente médio qualquer: 
esse país, de pequena população, pode ter exportações altíssimas, 
importações comparativamente pequenas, e ainda assim baixa qualidade de 
vida. Normalmente, isso acontece, pois, essa nação pode exportar muito muito 
petróleo, e importar todo o resto numa quantidade razoavelmentepequena, 
para atender sua pequena população. Nesse caso, apenas alguns poucos se 
beneficiam das exportações, e não a nação como um todo. 
É por isso que precisamos falar sobre competitividade!! Competitividade 
liga-se, normalmente, a vários fatores, dentre os quais capacidade de produzir 
e vender de forma melhor. Nesse sentido, “Um país com maior competitividade 
é um país que consegue com maior facilidade, colocar os bens e serviços que 
produz, nos mercados externos, aumentando por isso as suas exportações” 
(Wikipedia). Essas exportações acabam retornando em benefícios para a 
população, decorrentes de empregos, investimentos, crescimento econômico e 
desenvolvimento de uma forma geral. 
 
 
11 
Figura 4 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: O autor, dados da OMC e Fórum Econômico Mundial. 
 
Anualmente, são divulgados diversos índices de competitividade 
mundial. Infelizmente, ano a ano, o Brasil vem perdendo posições, e 
atualmente está atrás até mesmo do Cazaquistão e do Peru. O mesmo vale 
para o ranking da Organização Mundial do Comércio dos maiores 
exportadores. Quando consideramos a posição Brasileira, no 22º lugar, 
percebemos em nossa frente muitos países territorialmente menores e com 
menores parques industriais, como Espanha e Arábia Saudita. Mesmo assim, 
essas nações estão na nossa frente. Veja as tabelas na caixa acima e compare 
os maiores exportadores com os países mais competitivos. Você consegue 
perceber como as coisas se relacionam? 
 Quanto mais livre é o ambiente de um país, quanto mais suas empresas 
importam, mais opções de escolha tem seus consumidores. Como 
consequência, suas empresas nacionais buscam criar produtos melhores, mais 
inovadores e de maior tecnologia, para permanecerem no mercado. Por outro 
lado, quando o governo trava as importações, cria empecilhos ao comércio 
exterior – através de leis e procedimentos burocráticos e sem sincronia, com 
muitos órgãos intervenientes – menos as empresas se engajam em atividades 
Maiores 
Exportadores 
Mais Competitivos 
China Suíça 
Estados Unidos Estados Unidos 
Alemanha Cingapura 
Japão Alemanha 
Holanda Holanda 
França Japão 
Coréia do Sul Hong Kong 
Reino Unido Finlândia 
Hong Kong Suécia 
Itália Reino Unido 
 
 
12 
internacionais. Consequentemente, esse país perde oportunidades de 
crescimento, desenvolvimento e exportação. 
 Um exemplo de país que evoluiu e cresceu graças a sua dedicação às 
relações econômicas internacionais foi Cingapura. Esse país asiático, na 
década de 1960, era pobre, sem recursos naturais ou terras férteis. Através de 
incentivos governamentais, solidificação da moeda, respeito à propriedade 
privada e incentivos ao empreendedorismo e ao setor industrial, Cingapura 
hoje tem uma renda per capita maior do que a dos Estados Unidos e União 
Europeia. Esse país possui poucas regulamentações que travem a 
internacionalização de suas empresas, impostos baixos e zero tributos sobre 
as operações de importação ou exportação. E você, acha que o Brasil poderia 
seguir esse exemplo? 
 
Texto de leitura obrigatória: 
NOBRE, M.; ROBLES, L. Logística internacional. Curitiba: Intersaberes, 
2016. Ler capítulo 1. 
 
TEMA 5: COMÉRCIO EXTERIOR E LOGÍSTICA 
 Até aqui você já entendeu que o comércio exterior refere-se às trocas 
comerciais de uma nação com o resto do mundo. Você entendeu também que 
os negócios internacionais têm preocupações mais amplas, tais como o 
entendimento das razões pelas quais as nações comercializam e como elas o 
fazem. Agora, pensemos por um instante: o que seria dessas duas áreas sem 
a logística? Como transportar as toneladas de soja que saem do Brasil para a 
China, os manufaturados que saem da China para o Brasil e o suco de laranja 
que sai do Brasil para os Estados Unidos? Sem logística, não existe comércio 
exterior. 
 Com o passar dos anos, em especial no decorrer do século XX, as 
trocas comerciais se intensificam, e como consequência, a logística precisa se 
 
 
13 
aprimorar. Junto das ideias de logística internacional para o comércio exterior, 
passa a haver a necessidade de aumentar a rapidez e eficiência dos 
transportes para satisfazer clientes cada vez mais exigentes. Uma das 
características de nosso tempo é que hoje temos uma oferta de bens e 
produtos maior do que a demanda. Assim, os consumidores tornaram-se o 
público a ser conquistado. Mas, e o que a logística tem com isso? 
 Tem tudo com isso. Pense por um instante nas grandes redes de lojas 
virtuais que você conhece. Quais são os concorrentes de Amazon, Submarino, 
e-Bay e Mercado Livre? Muitas vezes os concorrentes não são as demais lojas 
online, mas as lojas físicas nas quais o consumidor pode obter o produto que 
deseja sem que precise esperar sua entrega. Por conta dessa nova lógica, se 
tem exigido cada vez mais não só da logística, mas de seus profissionais. 
 Justamente por isso que se pode dizer: 
Um dos grandes obstáculos da logística num ambiente globalizado é 
justamente utilizar diferentes estratégias para melhorar a eficiência da 
cadeia logística, fazendo com que as empresas consigam competir 
em diferentes mercados. (...) Este ambiente competitivo e dinâmico 
faz com que haja a necessidade de um ambiente integrado 
internamente e um nível de relacionamento forte junto às outras 
empresas parceiras. 
A logística tornou-se uma importante ferramenta para ganhar 
competitividade e ajustar os fluxos de materiais a esta realidade 
veloz, em que a redução de tempo na distribuição, estocagem e 
movimentação dos produtos serão a chave competitiva para o 
comércio internacional. (Logística Descomplicada) 
 
Você consegue perceber como o comércio exterior simplesmente não 
existe sem a logística? Além desse íntimo relacionamento entre essas duas 
áreas profissionais e do conhecimento, existe uma outra questão que passa a 
preocupar gestores de todo o mundo: o chamado gerenciamento da cadeia de 
suprimentos, que 
engloba todos os estágios envolvidos, direta ou indiretamente, no 
atendimento de um pedido de um cliente. A cadeia de suprimentos 
não inclui apenas fabricantes e fornecedores, mas também 
transportadoras, depósitos, varejistas e os próprios clientes. Dentro 
de cada organização, como por exemplo, uma fábrica, a cadeia de 
suprimentos inclui todas as funções envolvidas no pedido do cliente, 
como desenvolvimento de novos produtos, marketing, operações, 
 
 
14 
distribuição, finanças, e o serviço de atendimento ao cliente entre 
outras. (Chopra; Meindl, 2003, p. 2) 
 
Veja a extensão das preocupações que a cadeia de suprimentos aborda. 
Agora estenda esse pensamento para uma escala internacional: como fazê-lo e 
gerenciar da melhor forma considerando as grandes distâncias que separam os 
países e continentes? Além disso, existem muitas empresas que trabalham 
com a chamada “cadeia global de valor”: ou seja, essas organizações dividem 
suas atividades industriais por todo o mundo. A pesquisa de novos produtos 
fica num país, a matriz em outro e a fabricação num terceiro. É a logística a 
responsável por unir todos esses componentes e transportá-los até seus 
clientes pelo mundo todo. Entende porque sem a logística não há comércio 
internacional? 
 
Texto de leitura obrigatória: 
NOBRE, M.; ROBLES, L. Logística internacional. Curitiba: Intersaberes, 
2016. Ler capítulo 2. 
TROCANDO IDEIAS 
Na página do link abaixo você encontrará informações sobre o 
gerenciamento da cadeia de suprimentos: 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Gest%C3%A3o_da_cadeia_de_suprimentos 
 
Qual você acha que deve ser o seu papel para torna-la mais 
eficiente na empresa onde trabalha? 
 
NA PRÁTICA 
 “Fiep realiza rodada de negócios internacionais para setor do vestuário” 
 Encontro vai trazer importadores do Uruguai, República Dominicana, 
Paraguai, Panamá e Colômbia. 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Gest%C3%A3o_da_cadeia_de_suprimentos
 
 
15 
 Fabricantes do setordo vestuário do Paraná que têm interesse no 
mercado externo terão a oportunidade de ampliar contatos comerciais e 
negociar com compradores da América do Sul e América Central, no Encontro 
Internacional de Negócios do Setor do Vestuário, que será realizado no 
Campus da Indústria do Sistema Federação das Indústrias do Paraná (Fiep). 
 O encontro, promovido pelo Centro Internacional de Negócios (CIN) da 
Fiep vai trazer oito importadores de vestuário do Uruguai, República 
Dominicana, Paraguai, Panamá e Colômbia. Eles vêm ao Brasil em busca de 
produtos relacionados ao vestuário para adultos, jovens e crianças, esportivo e 
fitness, roupa íntima, moda praia, uniformes, bonés e sapatos.” 
Fonte: Gazeta do Povo, adaptado. 
 Analisando a notícia acima, qual a importância desse tipo de 
iniciativa para a competitividade de um país? Como você, enquanto 
profissional de logística, pode auxiliar sua empresa a iniciar as atividades 
internacionais? 
 Eventos de rodadas internacionais de negócios, como a relatada na 
notícia acima, são importantes pois atraem a atenção de empresários e 
investidores para a possibilidade de atuar internacionalmente. Esses 
empresários e investidores podem, por sua vez, fechar negócios que gerarão 
mais empregos e vendas. 
 Esse tipo de iniciativa, quando tornada frequente, pode fazer com que 
mais e mais empresas de uma determinada localidade interessem-se por atuar 
internacionalmente. Muitas vezes, para iniciar essa atuação internacional, é 
necessário que as empresas aprimorem seus produtos ou serviços, para serem 
mais competitivas. Como consequência, o país todo acaba ganhando com isso. 
Nesse cenário, o papel do profissional de logística é auxiliar a empresa na qual 
trabalha a enviar suas cargas de forma ágil, barata, segura e eficiente, de 
modo que o transporte seja um aliado da empresa, barateando o custo do 
produto final. 
 
 
 
16 
SÍNTESE 
O crescimento do comércio internacional é um dos fortes motores do 
crescimento e do desenvolvimento das nações. O comércio internacional, uma 
das expressões das relações econômicas, permite maior eficiência de nações e 
trabalhadores, o que causa uma redução de preços de produtos de uso diário, 
visto que aumenta-se a oferta. Com isso nós, consumidores, saímos ganhando, 
pois aumenta o nosso acesso a uma série de bens. 
Por permitirem um envolvimento gradual, considera-se as exportações 
ou importações a forma mais básica de comércio ou transação internacional. O 
licenciamento de propriedade intelectual é outra possibilidade de envolvimento 
internacional, mas, nesse caso, com maior risco. Uma outra forma de 
envolvimento internacional são as parcerias como alianças e joint ventures. 
São casos nos quais duas ou mais empresas se unem para reduzir custos e 
riscos de entrar num mercado diferente do seu. 
No entanto, o maior risco manifesta-se através do chamado Investimento 
Estrangeiro Direto ou Investimento Direto Estrangeiro. É o caso de uma 
empresa que envia uma quantidade de dinheiro para um país no exterior para 
abrir uma fábrica, comprar uma empresa local, adquirir um concorrente o iniciar 
operações no destino. 
Quanto mais livre é o ambiente de um país, quanto mais suas empresas 
importam, mais opções de escolha tem seus consumidores. Como 
consequência, suas empresas nacionais buscam criar produtos melhores, mais 
inovadores e de maior tecnologia, para permanecerem no mercado. Por outro 
lado, quando o governo trava as importações, cria empecilhos ao comércio 
exterior – através de leis e procedimentos burocráticos e sem sincronia, com 
muitos órgãos intervenientes – menos as empresas se engajam em atividades 
internacionais. Consequentemente, esse país perde oportunidades de 
crescimento, desenvolvimento e exportação. 
Mas as transações internacionais compreendem apenas as trocas de 
bens físicos? Não! O setor de serviços é parte importante não só das 
economias, mas também das trocas internacionais! Existem dois tipos de 
 
 
17 
serviços: aqueles com base em ativos e aqueles com base em um determinado 
atendimento. E qual a principal diferença entre o comércio de serviços e o de 
bens? É a imaterialidade dos serviços. Na esmagadora maioria das vezes, os 
serviços são “consumidos” no momento de sua prestação, visto que são 
imateriais. Por isso muitas vezes é difícil quantifica-los. 
 Independentemente de qual seja a forma escolhida por empresa para 
iniciar seu envolvimento internacional, essa organização dificilmente começará 
a transação sem preocupar-se com a logística que levará seus produtos até 
seus consumidores de forma eficiente, ágil e barata. É justamente por isso que 
se diz que o comércio exterior simplesmente não pode existir sem a logística. 
 
REFERÊNCIAS 
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de 1850 a 2007. In.: Internacionalização de empresas. São Paulo: Atlas, 
2009. 
CAVUSGIL, S. T.; KNIGHT, G.; RIESENBERGER, J. Negócios internacionais 
– estratégia, gestão e novas realidades. São Paulo: Pearson, 2010. 
CHOPRA, S.; MEINDL, P. Gerenciamento da cadeia de suprimentos – 
estratégia, planejamento e operação. São Paulo: Pearson, 2003. 
DUARTE, R. G.; TANURE, B. O impacto da diversidade cultural na gestão 
internacional. In: DUARTE, R. G.; TANURE, B. (Orgs). Gestão internacional. 
São Paulo: Saraiva, 2006. 
FERREIRA, M. P.; REIS, N. R.; SERRA, F. R. Negócios internacionais e 
internacionalização para as economias emergentes. Lisboa: Lidel, 2011. 
GAZETA do Povo. Fiep realiza rodada de negócios internacionais para 
setor do vestuário. Disponível em: <http://goo.gl/Ck0pwk>. Acesso em: 03 
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GONÇALVES, R. Economia política internacional – fundamentos teóricos e 
as Relações Internacionais do Brasil. Rio de Janeiro: Elsevier, 2005. 
 
 
18 
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<https://www.google.com.br/imghp?hl=pt-
BR&tab=wi&ei=zo2ZWPSaK8e3wQSbm464DA&ved=0EKouCBUoAQ>. Acesso 
em: 16 out. 2016. 
HOBSBAWM, E. A era dos extremos – O breve século XX. São Paulo: 
Companhia das Letras, 2005. 
LOGÍSTICA descomplicada. Logística no comércio exterior. Disponível em: 
<http://www.logisticadescomplicada.com/logistica-no-comercio-exterior/>. 
Acesso em: 05 out. 2016. 
MAGNOLI, D.; SERAPIÃO JR., C. Comércio exterior e negociações 
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OMC. The world economy and trade in 2013 and early 2014. Disponível em: 
<https://www.wto.org/english/res_e/booksp_e/wtr14-1_e.pdf>. Acesso em: 30 
jan. 2017. 
SARFATI, G. Manual de diplomacia corporativa – a construção das relações 
internacionais da empresa. São Paulo: Atlas, 2007. 
http://www.logisticadescomplicada.com/logistica-no-comercio-exterior/
https://www.wto.org/english/res_e/booksp_e/wtr14-1_e.pdf
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LOGÍSTICA INTERNACIONAL 
AULA 3 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Prof. João Alfredo Lopes Nyegray 
 
 
 
 
 
2 
CONVERSA INICIAL 
 Nos últimos anos o comércio internacional tem crescido cada vez mais. 
Se antes as empresas brasileiras concorriam apenas com as demais empresas 
da mesma cidade, estado ou país, hoje a concorrência atingiu patamares 
inéditos. É frequente quem compre pela internet não apenas de sites nacionais, 
mas de sites e de compradores no exterior. 
 Toda essa concorrência tem um forte impacto sobre as empresas, que 
se deparam com duas escolhas possíveis: ou fechar as portas e abandonar as 
atividades comerciais; ou buscar a eficiência, a inovação e a melhoria para 
permanecer atrativa aos clientes num determinado mercado. Essa segunda 
opção parece ser um pouco melhor, não é mesmo? 
 E como as empresas tem feito isso? De várias formas. Algumas 
organizações têm terceirizado parte de seus serviços ou produção. Outras, 
adotaram estratégias um pouco diferentes. Compra-se peças e insumos mais 
baratos em outros países, capacita-se funcionários, inova-se de alguma 
maneiraem algum aspecto do produto ou da produção. 
 Nesse ponto, você pode estar se perguntando: “e o que a logística tem 
com isso?” A resposta é simples: tem tudo a ver com esse novo cenário que se 
apresenta para nós. Você entenderá mais a respeito no decorre dessa rota! 
 
CONTEXTUALIZANDO 
 Um voo entre São Paulo e Dubai leva cerca de 15 horas. Entre São 
Paulo e Buenos Aires aproximadamente 3. Quando se sai do Brasil rumo à 
China, sem contar as escalas, são quase 24 horas dentro do avião. Agora, 
considere essas distâncias. Imagine o percurso que se interpõe entre os itens 
que você está usando agora mesmo e o local onde foram produzidos. Seja no 
Brasil, seja na China, na África do Sul, na Turquia ou na Indonésia, grandes 
distâncias separam centros produtores dos centros consumidores. 
 Na era da hiperconcorrência, pensar a cadeia logística pela ótica 
gerencial pode ser a diferença entre a viabilidade e a inviabilidade de muitos 
negócios. 
 
 
3 
 Da mesma forma, quanto mais eficiente você for enquanto profissional 
da área, mais eficiente será sua empresa, e melhor será o custo do produto 
para o consumidor final, esteja ele onde estiver. 
 Mas, será que a logística internacional tem impacto apenas no preço dos 
itens? Se nós, sentados em aviões, levamos um dia todo para atravessar o 
mundo, imagine seu tênis, seu computador, seu tablete ou smartphone. Hoje, 
todos temos o tempo muito curto, e como consumidores não gostamos e 
também não queremos esperar. Se numa determinada loja não há o item que 
eu quero e procuro, eu certamente procurarei em outra, sem esperar que 
chegue ao primeiro estabelecimento onde fui. Perceba: a logística não impacta 
apenas no preço dos itens, mas também nas vendas das empresas! 
 
TEMA 01: CADEIAS LOGÍSTICAS INTERNACIONAIS 
 Para que você entenda bem a cadeia logística internacional, deve antes 
de mais nada ter a clara ideia da cadeia logística ou cadeia de abastecimento 
de forma geral. O que é isso? Bem, a cadeia de abastecimento 
corresponde ao conjunto de processos requeridos para obter 
materiais, agregar-lhes valor de acordo com a concepção dos clientes 
e consumidores e disponibilizar os produtos para o lugar (onde) e 
para a data (quando) que os clientes e consumidores desejarem. 
Além de ser um processo bastante extenso, a cadeia apresenta 
modelos que variam de acordo com as características do negócio, do 
produto e das estratégias utilizadas pelas empresas para fazer com 
que o bem chegue às mãos dos clientes e consumidores. (Bertaglia, 
2012, p. 4) 
 
Ufa! Quanta coisa, não é mesmo? Trata-se de toda a preocupação que 
envolve pegar uma matéria prima numa determinada localidade, transformá-la, 
alterá-la e entrega-la como um produto para um cliente em algum lugar, seja 
numa loja, seja num armazém de um website ou qualquer ponto no qual o 
consumidor final pode adquiri-la de alguma maneira. 
 O que se percebeu nos últimos anos é que administrar a cadeia de 
abastecimento “exige o entendimento dos impactos que serão causados nas 
organizações, em seus processos e na sociedade” (Bertaglia, 2012, p. 4). 
Infelizmente ainda é comum que indústrias inteiras parem sua fabricação por 
falta de alguma matéria prima ou de algum componente. 
 
 
4 
 Se essa indústria efetuou algum contrato de compra e venda com algum 
cliente, atrasos podem ser penalizados por multas que afetarão diretamente a 
lucratividade da organização. 
 E internacionalmente? 
As cadeias logísticas internacionais de suprimento compreendem a 
necessidade de estender a lógica da integração para fora das 
fronteiras da empresa e das fronteiras do país, incluindo fornecedores 
e clientes; considerando que, modernamente, a vantagem competitiva 
de uma empresa se baseia na produtividade (custo adequado) e 
diferenciação do produto (inovação, qualidade e nível de serviço), 
com benefícios para todas as partes envolvidas. (Nobre; Robles, 
2016, p. 61) 
 
Ou seja, a logística deixa de ser apenas uma preocupação com matérias 
primas, materiais, produtos e entregas, e passa a ser uma fonte de vantagens 
ou desvantagens competitivas conforme é administrada. Hoje, num mundo 
freneticamente integrado, entender a cadeia logística internacional é essencial 
para alavancar a competitividade de uma determinada organização. 
 Nesse ponto, muitos alunos nos questionam: “mas professor, as normas 
logísticas nacionais e internacionais não são as mesmas? Como, então, ser 
mais competitivo?” Sim, as normas são as mesmas para todas as empresas, 
mas 
Embora os processos em geral se apresentem relativamente 
uniformes para qualquer empresa, pois as normas são nacionais e 
internacionais e, portanto, afetando da mesma maneira todos os 
atores que estão no palco, a forma de ação de cada empresa 
proporciona um resultado completamente diferente para cada uma 
delas. Isso ocorre ainda que a mercadoria ou o serviço transacionado 
seja exatamente igual ao apresentado por seus concorrentes, 
inclusive para entrega aos mesmos importadores e destinos finais. 
(Keedi, 2011, p. 75) 
 
Ou seja: a eficiência e competitividade de sua empresa deixa de 
depender apenas dela, da qualidade de seus produtos ou de seus preços, e 
passa a depender também de você. Pense por um instante na guerra do 
Iraque, na invasão do Afeganistão. O que você diria a respeito da eficiência do 
transporte de armas, blindados e soldados dos Estados Unidos até lá? 
 Desafios semelhantes são aqueles com os quais as empresas se 
defrontam, uma vez que internacionalmente, na 
 
 
5 
cadeia de abastecimento de exportação, a distribuição física das 
mercadorias sofre o impacto de diferentes agentes presentes no 
ambiente externo, portanto, a utilização e aprimoramento das 
técnicas de logística internacional devem adaptar-se a uma realidade 
empresarial em constante mudança. (Silva, 2008, p. 132) 
 
Se, domesticamente, já é complicado ajustar a cadeia de abastecimento, 
e internacionalmente? Você deve estar preparado para entender cada aspecto 
do fluxo logístico entre sua empresa e o consumidor final, e entre seus 
fornecedores e sua empresa. Só assim você poderá pensar em maneiras e 
mecanismos para agilizar e melhorar seus processos logísticos internacionais. 
 
TEMA 02: SISTEMAS DE INFORMAÇÕES NA LOGÍSTICA INTERNACIONAL 
 Toda nossa vida hoje é permeada pela web. Redes sociais, e-mails, 
pesquisas no Google via smartphone e por aí vai... Cada um desses recursos 
que usamos tem seus sistemas de informação próprios, que capta, envia e 
distribui dados por toda uma rede. As empresas, como não poderia deixar de 
ser, não ficam de fora de todo esse mundo cibernético, e desde meados do 
século XX passam a utilizar também os sistemas de informação como parte de 
sua estrutura básica. 
 Atualmente, as “TI’s possibilitam o processamento do conhecimento, no 
qual a informação deixa de ser tratada como uma pequena burocracia 
preestabelecida no interior de uma máquina para ser trabalhada de forma livre 
e aberta dentro de uma empresa” (Gomes; Ribeiro, 2011, p. 154). Os sistemas 
de informação utilizam-se das tecnologias da informação para comunicar dados 
e trocar informações “entre fornecedores e clientes, facilitando a transferência 
dos dados de reposição dos estoques e da demanda do ponto de vendas até o 
fornecedor, não só de produtos, como também de componentes e materiais” 
(Gomes; Ribeiro, 2011, p. 155). 
 Mas, e afinal, como as tecnologias e sistemas de informação beneficiam 
e atuam na logística? Simples: “As tecnologias e os SIs são o elo entre todas 
as atividades e permitem, com técnicas gerenciais e equipes, uma interação 
entre as atividades logísticas” (Gomes; Ribeiro, 2011, p. 155). Não é segredo 
para nenhum de nós a quantidade de gadgets tecnológicos existentes, de 
tablets, GPS, computadores de bordo e afins. 
 
 
6 
 Todos esses equipamentos podem ser integrados a um mesmo software 
de controle, o que “permiteà empresa melhor relacionamento com os outros 
agentes da cadeia (fornecedores e clientes)” (Gomes; Ribeiro, 2011, p. 156). 
 Com tantas possibilidades abertas pelas tecnologias atuais, as 
empresas devem estabelecer estratégias de uso das TI’s. Nesse caso, “uma 
estratégia de tecnologia de informação faz com que a organização mantenha o 
foco em atividades que trarão grandes impactos na competitividade” (Bertaglia, 
2012, p. 479). Para isso, cada vez mais se tem falado em ERP – Enterprise 
Resource Planning – ou Planejamento de Recursos Corporativos. O ERP nada 
mais é do que 
um sistema de informação que integra todos os dados e processos de 
uma organização em um único sistema. A integração pode ser vista 
sob a perspectiva funcional (sistemas de finanças, contabilidade, 
recursos humanos, fabricação, marketing, vendas, compras etc.) e 
sob a perspectiva sistêmica (sistema de processamento de 
transações, sistemas de informações gerenciais, sistemas de apoio a 
decisão, etc.). (Turban, 2010, p. 321) 
 
Existem várias empresas que oferecem programas diferentes de ERP, 
da Oracle até a TOTVS, cada qual com seus diferentes custos e benefícios. De 
maneira geral, o objetivo principal de todos eles é a “integração da organização 
por meio de seus processos e funções” (Bertaglia, 2012, p. 479). 
 Outro ponto importante dos sistemas de informação para a logística 
internacional é a capacidade de utilizar diferentes tipos de equipamento: 
leitores de código de barra, separadores, controladores automatizados e 
informatizados, scanners automáticos e manuais: 
ao cultivar as habilidades logísticas em diferentes formas da sua 
automação, incluindo sistemas de movimentação, sistemas de 
armazenagem e separação de pedidos, controladores informatizados, 
leitoras e scanners manuais, entre outros, torna a empresa mais 
eficiente e competitiva. (Gomes; Ribeiro, 2011, p. 157). 
 
E internacionalmente, você já conseguiu perceber a importância desses 
sistemas? 
 
 
 
 
7 
 
Uma das particularidades da logística internacional, conforme já 
mencionado, é a importância da questão fiscal e dos procedimentos 
aduaneiros apoiados por sistemas de tecnologia de informação (TI) e 
pessoal qualificado. Além disso, o rastreamento de produtos e 
embalagens, assim como, a gestão dos terminais de exportações e 
importação se baseiam fortemente em tecnologia de informação. 
(Nobre; Robles, 2016, p. 86) 
 
Nesse caso, como as distâncias percorridas pelas mercadorias são 
maiores, é ainda mais importante saber localizá-las, precisar seu tempo de 
embarque, transporte e chegada para poder atender bem todas as partes 
envolvidas no processo! 
TEMA 03: LOGÍSTICA INTERNACIONAL E LEGISLAÇÃO ADUANEIRA 
 Quantas vezes você viu, nos últimos tempos, notícias acerca das 
apreensões de droga na fronteira? Imagino que várias vezes, uma vez que o 
tráfico tem sido um crime cada vez mais frequente. Disso decorrem dois 
questionamentos: o primeiro deles, refere-se a quem patrulha as fronteiras 
brasileiras. Sabemos que essa é uma missão conjunta do Exército e da Polícia 
Federal, nos casos de segurança; e da Receita Federal no que tange a controle 
de pessoas e mercadorias. O segundo questionamento refere-se à proibição de 
entrada de drogas. Será que todos os países adotam essa proibição? A 
resposta é negativa. Cada nação tem um posicionamento a respeito. A 
Holanda, por exemplo, libera o uso e a comercialização de narcóticos em locais 
específicos. No Brasil, como sabemos, tal comércio é absolutamente proibido. 
 Mas afinal, como funciona o controle de nossas fronteiras, feito pela 
Receita Federal? Como não é nosso tema, não entraremos nas discussões que 
envolvem o Direito Criminal – como contrabando, descaminho, tráfico de 
drogas, etc. – ou segurança de forma geral, assuntos do Exército e da Polícia 
Federal. A princípio, você precisa saber que existe um Regulamento 
Aduaneiro, que traz uma série de normas sobre o assunto. A norma inicial da 
qual você deve ter ciência refere-se às duas zonas: a primária e a secundária. 
É zona primária todo aquele ponto do território nacional onde há entrada e 
saída de pessoas, bens e mercadorias do exterior, como fronteiras, portos, 
aeroportos e portos secos. O resto do território nacional, considera-se zona 
secundária. 
 
 
8 
 Dentro das zonas primárias existem os chamados “recintos 
alfandegados”, onde ocorre controle aduaneiro. Vejamos o que diz o 
regulamento aduaneiro: 
Art. 9. Os recintos alfandegados serão assim declarados pela autoridade aduaneira 
competente, na zona primária ou na zona secundária, a fim de que neles possam 
ocorrer, sob controle aduaneiro, movimentação, armazenagem e despacho aduaneiro 
de: 
I - mercadorias procedentes do exterior, ou a ele destinadas, inclusive sob regime 
aduaneiro especial; 
II - bagagem de viajantes procedentes do exterior, ou a ele destinados; e 
III - remessas postais internacionais. 
Parágrafo único. Poderão ainda ser alfandegados, em zona primária, recintos 
destinados à instalação de lojas francas. 
 
Além disso, o controle aduaneiro manifesta-se de outras formas, e 
abrange até mesmo o controle de veículos: 
Art. 26. A entrada ou a saída de veículos procedentes do exterior ou a ele destinados só 
poderá ocorrer em porto, aeroporto ou ponto de fronteira alfandegado. 
§ 1o O controle aduaneiro do veículo será exercido desde o seu ingresso no território 
aduaneiro até a sua efetiva saída, e será estendido a mercadorias e a outros bens 
existentes a bordo, inclusive a bagagens de viajantes. 
§ 2o O titular da unidade aduaneira jurisdicionante poderá autorizar a entrada ou a saída 
de veículos por porto, aeroporto ou ponto de fronteira não alfandegado, em casos 
justificados, e sem prejuízo do disposto no § 1o. 
Art. 27. É proibido ao condutor de veículo procedente do exterior ou a ele destinado: 
I - estacionar ou efetuar operações de carga ou descarga de mercadoria, inclusive 
transbordo, fora de local habilitado; 
II - trafegar no território aduaneiro em situação ilegal quanto às normas reguladoras do 
transporte internacional correspondente à sua espécie; e 
III - desviá-lo da rota estabelecida pela autoridade aduaneira, sem motivo justificado. 
Art. 28. É proibido ao condutor do veículo colocá-lo nas proximidades de outro, sendo 
um deles procedente do exterior ou a ele destinado, de modo a tornar possível o 
transbordo de pessoa ou mercadoria, sem observância das normas de controle 
aduaneiro. 
 
É de suma importância que você, profissional da logística, esteja ciente 
dessas disposições legais. Tal qual há o controle aduaneiro de veículos e de 
pessoas, ocorrido nas zonas primárias e secundárias, há também o controle 
aduaneiro de mercadorias. Toda mercadoria que vem do exterior ou a ele se 
 
 
9 
destina, deve estar discriminada no chamado manifesto de carga, conforme 
manda o regulamento aduaneiro: 
“Art. 41. A mercadoria procedente do exterior, transportada por qualquer via, será 
registrada em manifesto de carga ou em outras declarações de efeito equivalente”. 
 
O conhecimento de carga é um dos mais importantes documentos 
aduaneiros para o profissional de logística. E o que deve constar nele? Veja: 
Art. 44. O manifesto de carga conterá: 
I - a identificação do veículo e sua nacionalidade; 
II - o local de embarque e o de destino das cargas; 
III - o número de cada conhecimento; 
IV - a quantidade, a espécie, as marcas, o número e o peso dos volumes; 
V - a natureza das mercadorias; 
VI - o consignatário de cada partida; 
VII - a data do seu encerramento; e 
VIII - o nome e a assinatura do responsável pelo veículo. 
 
Existem várias outras normas e características aduaneiras que incidem na 
logística internacional, todas elas muito importantes para sua futura profissão. 
Por isso vale à pena que você leia com calma as sugestões ao final desse 
capítulo! 
TEMA 04: LEGISLAÇÃO ADUANEIRA E REGIMES

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