Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
LOGÍSTICA INTERNACIONAL AULA 1 João Alfredo Lopes Nyegray CONVERSA INICIAL Vamos pensar por um instante: quantos países existem atualmente? Há aproximadamente 196 países, mais alguns territórios, como o Vaticano e a Palestina. Arredondemos para 200. Agora, imagine quantas línguas diferentes são faladas em cada um desses países. Alguns deles podem ter a mesma língua, como Brasil, Portugal e Angola ou Estados Unidos, Austrália, Canadá e Inglaterra. Outros, por outro lado, têm vários idiomas e dialetos oficiais, como a África do Sul. Cada um desses países, com um ou vários idiomas e dialetos, pode ser berço de diversas culturas diferentes. Cada uma dessas culturas tem seus hábitos, costumes e padrões do que é ou não é “normal”, de acordo com sua própria lógica. Nesses diversos países, berços de diversas culturas, encontram-se as maiores empresas de cada nação. Algumas expandiram-se para o exterior, outras apenas dominam os mercados nacionais. Essas empresas obedecem às regras e leis de seus países, com as quais estão bem familiarizadas. Quando buscam se internacionalizar, por outro lado, precisam se adaptar às culturas, aos idiomas, às leis e aos regulamentos dos países hospedeiros. Permeando todo esse cenário complexo, existem organizações e leis internacionais que buscam normatizar o sistema internacional. Você percebe como o mundo onde vivemos é complexo? Figura 1 – O mundo e suas diversas peças formam um grande quebra- cabeça Fonte: <https://goo.gl/4X2yTa/>. 3 CONTEXTUALIZANDO Quando estourou a crise da bolsa de valores de Nova York em 1929, estima-se que essa notícia levou pelo menos uma semana para chegar aos negociadores paulistas de café, em São Paulo. Naquele tempo, nas primeiras décadas do século XX, a informação não viajava como viaja hoje, de maneira instantânea. Levava-se tempo para saber o que havia ocorrido em outros lugares, e ainda mais tempo para medir o impacto de tais acontecimentos nos negócios. Atualmente, ficamos sabendo imediatamente da ocorrência dos fatos. As tecnologias da informação, que evoluíram rapidamente no decorrer do século XX, aproximaram os países e, de certa forma, removeram as fronteiras da distância. O impacto disso no mundo dos negócios é imenso. As empresas deixam de concorrer apenas com seus rivais locais e passam a concorrer com qualquer outra empresa do planeta que produza os mesmos bens. Se a concorrência aumenta, aumentam também as possibilidades de escolha dos consumidores, que já não compram mais como antigamente. Isso pode ser tanto uma oportunidade para empresas e profissionais bem preparados quanto uma ameaça para aqueles que não têm conhecimentos na área. Figura 2 – Queda do Muro de Berlim, em 1989, e invasão do Afeganistão, em 2001: eventos de impacto internacional transmitidos ao vivo para todo o mundo Fontes: <https://goo.gl/MB08bu> e <https://goo.gl/dvLZZG. Acesso em 01/10/16>. Atualmente, o comércio virtual está plenamente difundido, e nós compramos tanto de sites estrangeiros quanto de sites nacionais. Além disso, os mesmos produtos que grandes empresas oferecem aqui são oferecidos no exterior. Nike, Ford, Fiat, Toyota, Tommy Hilfiger, Levi’s, Ralph Lauren, Calvin 4 Klein, Absolut Vodka, Apple, Samsung, Microsoft, entre outras empresas de outros segmentos, estão amplamente difundidas pelo mundo. Como você pode perceber, é fácil lembrarmos dessas grandes marcas, plenamente globalizadas e internacionalizadas. O que nem sempre pensamos ou lembramos é do percurso que esses produtos traçam de suas origens nos centros produtivos até nós. É justamente disso que a logística internacional se encarrega. Pesquisa Como você definiria o papel da logística em um mundo interconectado? Países sem acesso ao mar, como Paraguai e Hungria, têm logística mais complicada? TEMA 1 – GLOBALIZAÇÃO E A NOVA FORMA DE SE FAZER NEGÓCIOS Globalização é um daqueles termos muito comentados, mas pouco entendidos. Existem aqueles que acreditam que a globalização é algo novo, recente, ligado ao avanço da internet. E não é. A globalização é um fenômeno antigo: o próprio Alexandre, O Grande, rei da Macedônia, buscou expandir ao mundo conhecido de então aspectos diversos da vida e da cultura helênica da época. Depois, os romanos antigos buscaram levar suas leis e cultura para fora de sua cidade e expandiram as fronteiras do Império Romano pela Europa. Assim, não é de hoje que a globalização existe, e é justamente por isso que é tão difícil traçar sua história. O que podemos perceber com clareza é que a globalização, como a conhecemos hoje, com inegável impacto nos negócios, tem seu início com as Grandes Navegações nos séculos XV e XVI, que alteraram a balança comercial da época. Anos depois, é com a primeira Revolução Industrial e com o motor a vapor que se aprimoram os transportes, especialmente o marítimo e o ferroviário. A partir desse momento, uma série de tecnologias foram aprimorando não só os transportes, mas também os processos de produção e de manufatura. A partir do momento que as revoluções industriais alteraram os paradigmas produtivos – que passaram de um modo de produção artesanal para um modo de produção em escala industrial – passou a haver maior oferta de uma série de produtos. Com isso, além de uma redução geral de preços motivada pela maior 5 oferta de produtos, começou a haver um excedente de mercadorias exportável. É por volta do início do século XX que a eletricidade e o aço passam a se difundir, colaborando ainda mais para a globalização. Concomitantemente, a humanidade passou a desenvolver novas tecnologias, como o telefone, o avião e o telégrafo, entre outros facilitadores da vida. Após 1945, surgiram organizações internacionais interessadas em regular o ambiente internacional, seja para assuntos de paz e guerra, seja para assuntos financeiros e de comércio. Por fim, a partir da década de 1980, houve a revolução das telecomunicações, e as tecnologias bancárias tornaram-se mais modernas. Figura 3 – Expansão da globalização Fonte: <https://goo.gl/tkE5aS>. Todos esses fatores e aspectos contribuíram para a integração do mundo por meio do processo de globalização. Os impactos disso são vários: o transporte mais eficiente de navios, a construção de aviões maiores e mais rápidos, as comunicações, as transferências financeiras, os acordos internacionais, entre outros aspectos, acabaram por industrializar, integrar e desenvolver o mundo cada vez mais. Por causa disso, as economias tornaram- se mais integradas e os estilos de vida em muitos lugares – principalmente no ocidente – convergiram para gostos e preferências semelhantes. Tudo isso colaborou para que muitas empresas se tornassem globais: basta que vejamos um símbolo, um logotipo, em qualquer lugar do mundo para sabermos a qual empresa e a qual produto tal marca se refere. É por causa desses fatores que podemos afirmar que A globalização dos mercados abriu inúmeras oportunidades de negócios às empresas que se internacionalizaram. Ao mesmo tempo, ela implica a adaptação das empresas a novos riscos e uma acirrada concorrência de competidores estrangeiros. A globalização resulta em compradores mais exigentes, que buscam as melhores ofertas de fornecedores mundiais. [...] Os gestores das empresariais devem, cada 6 vez mais, adotar uma orientação global em vez de um foco local. (Cavusgil; Knight; Riesenberger, 2010) Você está preparado para adotar uma orientação global em seu trabalho? Vídeo O vídeo “Globalization”, produzido pelo Massachusetts Institute of Business (MIB Business School) em parceria com a Assessoria em Comércio Exterior do Brasil (Abracomex), aborda a globalização e busca explicar como esta afeta os negócios internacionais das empresas brasileirase como aproveitar as oportunidades. Acesse: <https://www.youtube.com/watch?v=qj438T5KQQo&index=16&list=FL24Jhgz uuILwBCZ_78Ij0Yw>. Saiba mais Para saber mais sobre a globalização, leia o artigo “O que é globalização?”. Disponível em: <http://mundoeducacao.bol.uol.com.br/geografia/o-que- globalizacao.htm>. Leitura obrigatória CAVUSGIL, T.; KNIGHT, G.; RIESENBERGER, J. Negócios Internacionais. São Paulo: Pearson, 2010. p. 22-46. Disponível em: <http://uninter.bv3.digitalpages.com.br/users/publications/9788576053798/pa ges/_1>. TEMA 2 – ESTADOS COMO ATORES INTERNACIONAIS Anteriormente vimos como algumas grandes empresas estão presentes no mundo. Vimos também que a globalização agiu como padronizadora de estilos de vida em muitos lugares – principalmente no ocidente –, o que gerou uma convergência para gostos e preferências semelhantes. Mas e os países, os Estados, como ficam nesse cenário? Como entes passivos? Não. Os Estados continuam participando ativamente. A diferença é que, antigamente, os países eram os grandes atores das relações internacionais, os principais, mais importantes e mais ativos participantes. Atualmente, as empresas, os indivíduos e as organizações internacionais também ganharam voz. Essa alteração ocorre, principalmente, após a Segunda Guerra Mundial, e https://www.youtube.com/watch?v=qj438T5KQQo&index=16&list=FL24JhgzuuILwBCZ_78Ij0Yw https://www.youtube.com/watch?v=qj438T5KQQo&index=16&list=FL24JhgzuuILwBCZ_78Ij0Yw http://mundoeducacao.bol.uol.com.br/geografia/o-que-globalizacao.htm http://mundoeducacao.bol.uol.com.br/geografia/o-que-globalizacao.htm http://uninter.bv3.digitalpages.com.br/users/publications/9788576053798/pages/_1 http://uninter.bv3.digitalpages.com.br/users/publications/9788576053798/pages/_1 7 é a partir daí que se consolidam as organizações internacionais, como a Organização das Nações Unidas (ONU). Ademais, a Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948 deu ao indivíduo proteção internacional e direitos fundamentais, independentemente de onde essa pessoa tenha nascido. Assim, a progressiva integração mundial fez com que outros entes internacionais ganhassem importância. Isso não significa, no entanto, que os Estados hoje sejam apenas entes passivos, pelo contrário. Em uma tentativa de gerar segurança e ordem internacional, cabe aos Estados participar em fóruns e reuniões internacionais, redigir e aprovar acordos e normas, firmar tratados e estabelecer alianças. É preciso lembrar que, no caso brasileiro, qualquer acordo internacional ao qual o país tenha se comprometido deve ser submetido à aprovação do Congresso Nacional, para que passe a fazer parte de nosso ordenamento jurídico. Esse ponto é mais uma mostra do papel que o Estado desempenha nas relações internacionais da atualidade. Existem, obviamente, outros fatores que merecem atenção. Ao buscar a internacionalização, as empresas devem seguir as leis dos países hospedeiros. Nesse caso, podem haver leis e normas no país de destino que não existam no país de origem. Além das empresas, os profissionais de logística internacional devem estar atentos às condições legais impostas pelos Estados às empresas estrangeiras. Muitas nações impõem restrições à entrada de investimento direto estrangeiro (IDE). Por exemplo, no Japão, o daitenhoo (lei das lojas de varejo de grande escala) coibiu estrangeiros de abrir lojas no estilo atacadista como Walmart [...], restringindo as operações de gigantes varejistas [...]. Na Malásia, as empresas que desejam investir em negócios locais devem obter a permissão do Malaysian Industrial Development Authority, que examina as propostas para garantir que se adequem às metas da política nacional. Os Estados Unidos restringem investimentos estrangeiros que julgam afetar a segurança nacional; os de grande porte devem ser examinados pelo U.S. Committee on Investments. (Cavusgil; Knight; Riesenberger, 2010) Percebemos, assim, como os Estados desempenham papel importante não só no sistema internacional, mas também na normatização de uma série de atividades. É de extrema importância que, para o sucesso dos empreendimentos internacionais e dos profissionais que atuam internacionalmente, haja atenção detalhada às mais variadas regulamentações. Entretanto, não precisamos conhecer as leis de todos os países, basta que saibamos as leis que podem afetar nosso projeto no país que pretendemos abordar. Além das leis sobre 8 investimento estrangeiro direto, existem outras sobre marketing, distribuição, repatriação de lucro, meio ambiente e contratos. Figura 4 – Mapa do risco político em 2015 Fonte: <https://goo.gl/AQL0rs>. Existem uma série de riscos que os Estados podem apresentar aos empreendimentos internacionais, inclusive logísticos. O risco-país, por exemplo, tenta alertar a respeito dos perigos de se fazer negócio em determinados locais. Algumas nações, por exemplo, são conhecidas por confiscar propriedades privadas, sobretaxar empresários e não respeitar contratos ou propriedade intelectual. Nesses locais, raramente serão feitos grandes negócios. Assim, vale à pena atentar para o mapa de risco político visto anteriormente: quanto mais clara a cor do país, menor o risco; quanto mais vermelha, maior. Leitura obrigatória CAVUSGIL, T.; KNIGHT, G.; RIESENBERGER, J. Negócios internacionais. São Paulo: Pearson, 2010. p. 9-12. Disponível em: <http://uninter.bv3.digitalpages.com.br/users/publications/9788576053798/pa ges/_1>. http://uninter.bv3.digitalpages.com.br/users/publications/9788576053798/pages/_1 http://uninter.bv3.digitalpages.com.br/users/publications/9788576053798/pages/_1 9 TEMA 3 – ORGANIZAÇÕES INTERNACIONAIS No decorrer do século XIX, os Estados europeus digladiaram-se para dividir a África e aumentar suas colônias e o poder de seus impérios. Uma complicada política de alianças, somada aos conflitos do imperialismo, acabou levando à Primeira Guerra Mundial. No decorrer desse primeiro conflito, enquanto os estados europeus estavam envoltos nas hostilidades, os Estados Unidos tornaram-se o grande produtor e fornecedor mundial de bens. Com o fim da guerra em 1918, os estadunidenses mantiveram seu elevado ritmo de produção, o que gerou a crise da superprodução de 1929. Após a deflagração da crise, os países afetados adotaram políticas protecionistas, discursos nacionalistas e de ódio. Os ânimos se acirraram e, em 1939, os alemães invadiram a Polônia, o que deu início à Segunda Guerra Mundial. Figura 5 – Desempregados fazem fila para uma xícara gratuita de café em Nova York Fonte: <https://goo.gl/J8zdIU>. Por mais difícil que seja conjecturar o que não foi, mas poderia ter sido, vamos imaginar por um minuto: e se, na época das duas grandes guerras, houvessem organizações internacionais capazes de utilizar o diálogo como fonte de resolução de controvérsias? Talvez, se na época dos conflitos mundiais houvessem organizações internacionais mais fortes, os acontecimentos do século XX fossem diferentes. É verdade que naquele período havia a Sociedade das Nações (SDN), fundada em 1919. Entretanto, esta não contava com a participação dos Estados Unidos e de vários outros países Atualmente, no entanto, existem várias dessas organizações, caracterizadas por terem personalidade jurídica própria, “constituídas através de um Tratado, com a finalidade de buscar interesses comuns através de uma permanente cooperação entre seus membros” (Seitenfus, 2005). 10 A partir do final da Segunda Guerra Mundial, em 1945, e com a fundação da ONU, esse tipo de iniciativa internacional “popularizou-se”, e foram criadas organizações internacionais especializadas – como a Agência Internacional Da Energia Atômica (IAEA) – e também regionais – como a Organização dos Estados Americanos (OEA). Na década de 1940, além daONU, surgiram o Fundo Monetário Internacional (FMI), encarregado de prestar socorro financeiro aos países em crise e monitorar o sistema financeiro e monetário, e o Banco Mundial, encarregado de fornecer os meios para a reconstrução da Europa. Figura 6 – Assinatura da Carta de São Francisco, acordo fundador da ONU, em 1945 Fonte: <nacoesunidas.org> Atualmente, essas organizações servem não só como fórum de diálogo para temas mundialmente relevantes, como meio ambiente, terrorismo, recursos hídricos, alimentação e mudanças climáticas, mas também como organismos fomentadores de pesquisas e entendimento de áreas relevantes e complexas, que necessitam de pareceres e estudos de especialistas. A cooperação internacional encontra nas organizações internacionais uma forte aliada na busca por normas comuns, pesquisas conjuntas e prestação de serviços sincronizados. Vídeo Para saber mais sobre o papel da ONU, assista ao vídeo “O papel da ONU na segurança mundial”, produzido pela TV Justiça. Acesse em: <https://www.youtube.com/watch?v=VM-d-2q4SrQ>. 11 Leitura obrigatória FONTANA, V.; KRAINER, J. Organizações internacionais – e as políticas públicas brasileiras de educação e trânsito. Intersaberes: Curitiba, 2016. p. 30-66. Disponível em: <http://uninter.bv3.digitalpages.com.br/users/publications/9788544303573/pa ges/-2>. TEMA 4 – EMPRESAS MULTINACIONAIS No decorrer desta aula, você se deparou com nomes e exemplos de grandes empresas. Internacionalmente, existem vários tipos de companhias que atuam em diversas áreas, como logística, navegação, finanças, entre outras. Um tipo específico de empresa com forte atuação internacional são as empresas multinacionais, organizações que se caracterizam pelo tamanho, pela capacidade financeira, pelos recursos e por terem uma matriz em um determinado país e filiais espalhadas pelo mundo. A revista Fortune classifica ano a ano as maiores empresas do mundo. Em edição de 2016, constam no topo Wallmart, Royal Dutch Shell, Exxon, British Petroleum, Volkswagen, Toyota, entre outras empresas e marcas bem conhecidas. Muitas vezes, essas grandes companhias têm faturamento anual maior que o produto interno bruto (PIB) de diversas nações, o que dá a elas grande poder de barganha. Por essa razão, é possível afirmar que a “atividade da Empresa Multinacional moderna é essencialmente diferente da de sequer trinta anos atrás. A globalização impulsionou os processos de internacionalização e, hoje, estas corporações cada vez mais se parecem com Estados independentes” (Sarfati, 2007) Figura 7 – Lista de grandes multinacionais mostra, em azul escuro, os bens e recursos no exterior, e, em azul claro, os bens nos países de origem http://uninter.bv3.digitalpages.com.br/users/publications/9788544303573/pages/-2 http://uninter.bv3.digitalpages.com.br/users/publications/9788544303573/pages/-2 12 Fonte: <https://goo.gl/ewRXft>. Essa semelhança das empresas multinacionais com os países deve-se ao seu porte, ao número de pessoas que empregam e aos recursos que movimentam. Multinacionais como “Exxon, Honda e Coca Cola obtêm uma parcela significativa de suas vendas e lucros totais, geralmente mais da metade, de operações transnacionais” (CAVUSGIL; KNIGHT; RIESENBERGER, 2010). Além disso, outras grandes empresas acabam por desempenhar atividades diferentes em países diferentes: pesquisa e desenvolvimento no Japão e nos Estados Unidos, suprimentos vindos da China e Índia, manufatura no leste europeu ou México, e assim por diante. Isso é o que se chama de internacionalização da cadeia produtiva ou da cadeia de valor, na qual a logística internacional tem grande importância. Muitas nações subdesenvolvidas acabam, por pressão das grandes empresas, alterando leis nacionais para permitir a exploração de mão de obra, a 13 remissão de lucros ao exterior ou a flexibilização de normas ambientais. Ainda com esses aspectos negativos, é igualmente frequente que empresas sejam responsabilizadas em seu país de origem por malfeitos no estrangeiro. Assim como a globalização não é um processo recente, a multinacionalização de empresas também não é: O processo de internacionalização (na verdade, multinacionalização das empresas) passou a tomar um grande impulso a partir da aceleração do processo de globalização [...]. Segundo o World Investment Report 2002 produzido pela UNCTAD, o crescimento das EMNs é bastante significativo: em 1992 havia cerca de 35.000 EMNs com 150.000 empresas afihiadas. Já em 2001, havia 65.000 EMNs com 850.000 empresas afihiadas, empregando 54 milhões de pessoas (contra 24 milhões em 1990). (Sarfati, 2007) Atualmente, com a difusão e a melhoria das tecnologias da informação, as empresas estão se internacionalizando de maneira mais rápida e ágil. Um exemplo são as born globals – empresas nascidas globais. Tratam-se de empresas jovens que, em um curto espaço de tempo, conseguem obter uma boa porcentagem de suas vendas do exterior – 25% ou 30% –, de dois ou três continentes diferentes. Essas empresas são normalmente criadas por profissionais de espírito empreendedor, com alguma experiência internacional. Tem sido frequente o surgimento de empresas nascidas globais no segmento de tecnologia, que criam ou difundem algum tipo de inovação. Vídeo Para saber mais sobre mentalidade global, assista ao vídeo “Mentalidade global: um desafio para as multinacionais brasileiras”. Acesse em: <https://www.youtube.com/watch?v=s0u6YuFEq1w>. Leitura obrigatória CAVUSGIL, T.; KNIGHT, G.; RIESENBERGER, J. Negócios internacionais. São Paulo, Pearson, 2010. p.11-15. Disponível em: <http://uninter.bv3.digitalpages.com.br/users/publications/9788576053798/pa ges/_1>. TEMA 5 – CULTURA E GESTÃO INTERCULTURAL Em negócios e logística internacionais, é comum que o profissional ingresse em diferentes ambientes e países, caracterizados por diferentes http://uninter.bv3.digitalpages.com.br/users/publications/9788576053798/pages/_1 http://uninter.bv3.digitalpages.com.br/users/publications/9788576053798/pages/_1 14 culturas e hábitos. Consequentemente, cada um desses ambientes traz diversos padrões de comportamento e, com estes, vêm os hábitos do consumidor, as leis e diretrizes, além de uma série de outras dimensões que devem chamar atenção dos profissionais que atuam internacionalmente. O próprio termo cultura apresenta uma acepção ampla: frequentemente se diz que esta ou aquela pessoa é uma pessoa “culta”, referindo-se aos conhecimentos e comportamentos do indivíduo. No entanto, para os empreendimentos internacionais, cultura “refere-se aos padrões de orientação aprendidos, compartilhados e duradouros em uma sociedade. As pessoas demonstram sua cultura por meio de valores, ideias, atitudes, comportamentos e símbolos” (Cavusgil; Knight; Riesenberger, 2010). Figura 8 – Cada cultura tem seus símbolos e hábitos Fonte: <https://goo.gl/IwaKq1>. Por isso, um gesto que para você pode parecer comum, quando feito em um ambiente que não seja o seu, pode ser um grande insulto. A figa, por exemplo, que para alguns significa sorte, na Itália representa uma ofensa. Quando levamos essa lógica ao mundo dos negócios, precisamos tomar muito cuidado na hora de prospectar um produto ou elaborar um projeto. A cultura influencia uma gama de intercâmbios interpessoais bem como operações de cadeia de valor como desenvolvimento de produto e serviço, marketing e vendas. Os administradores devem criar produtos e embalagens levando em conta os aspectos culturais, inclusive em relação a cores. Se por um lado o vermelho pode ser bonito para os russos, por outro é símbolo de luto na África do Sul. (Cavusgil; Knight; Riesenberger, 2010) Já imaginou se lançamos um produto embalado em vermelho na África do Sul? A chance de sucessodiminui quando a cultura é desconsiderada e, consequentemente, aumenta quando a empresa preocupa-se com o fator 15 cultural. Essas questões chegam a manifestar o risco da gestão intercultural, que, quando ignorado, pode trazer sérias consequências aos envolvidos. Para entender os aspectos culturais, pense, por um instante, nas questões gastronômicas: aquilo que para nós é comum, como comer carne de porco, para os israelenses é pecaminoso. Enquanto os chineses utilizam insetos e ovos fecundados em sua gastronomia, essa ideia pode não nos apetecer tanto. Da mesma forma que você não precisa se tornar amplamente versado nas questões legais dos mais diferentes países do mundo, você não precisa se tornar um grande antropólogo e conhecedor de todas as culturas existentes. Basta que, ao viajar ou negociar com um outro país, você se inteire dos hábitos, gostos e do que pode ser considerado ou não uma ofensa. É importante frisar que uma cultura não é algo herdado geneticamente, mas sim um comportamento aprendido, ou seja, se você for morar em outro país, poderá aprender a comportar-se como sua população nativa. Todo profissional que atue internacionalmente deve também saber que nenhuma cultura é melhor ou pior que a outra, mesmo porque esse tipo de comparação e afirmação não faz sentido. Chama-se de etnocêntrico aquele que considera sua cultura melhor que as demais. Leitura obrigatória CAVUSGIL, T.; KNIGHT, G.; RIESENBERGER, J. Negócios internacionais. São Paulo, Pearson, 2010. p. 97-121. Disponível em <http://uninter.bv3.digitalpages.com.br/users/publications/9788576053798/pa ges/_1.> TROCANDO IDEIAS No link a seguir, você encontra disponível o livro Choque de civilizações e a recomposição da ordem social, de Samuel Huntington, que apresenta uma visão do cenário internacional com base no ponto de vista das culturas. Para o autor, os próximos conflitos internacionais serão não entre países, mas entre grupos com culturas diferentes. Veja: <https://cesarmangolin.files.wordpress.com/2010/02/samuel_huntington_- _o_choque_de_civilizacoes1.pdf>. Você concorda com essa posição? http://uninter.bv3.digitalpages.com.br/users/publications/9788576053798/pages/_1 http://uninter.bv3.digitalpages.com.br/users/publications/9788576053798/pages/_1 16 NA PRÁTICA Levy defende aumento da presença do Brasil no cenário internacional Ministro também afirma que parte do governo tem disposição de apoiar os empresários que estão querendo conquistar o mercado internacional. Brasília – O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, defendeu, por meio de nota à imprensa, a ampliação da presença do Brasil no cenário internacional. "O Brasil é uma economia que tem muitas vantagens; deve ser uma companhia que tem que competir pra ganhar", afirmou Levy. Segundo o ministro, a aprovação [...] do Senado Federal do Acordo Constitutivo do Novo Banco de Desenvolvimento (NBD), o banco dos BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), e do Acordo Contingente de Reservas (CRA), além do fato de o Brasil ter se tornado integrante do Banco de Investimento Asiático, refletem a vontade do governo brasileiro e da presidente Dilma Rousseff de estar presente no cenário internacional. A nota também afirma que parte do governo tem disposição de apoiar os empresários que estão querendo conquistar o mercado internacional. Rússia e Índia também já aprovaram processos internos de ratificação para criação do banco. China e África do Sul indicaram que estão processando e que devem concluir em breve. Assim, o NBD poderá entrar em vigor para a efetiva criação do Novo Banco de Desenvolvimento. De acordo com a nota divulgada pelo Ministério da Fazenda, o Banco deverá contribuir de forma concreta e agrupar os desafios relacionados ao desenvolvimento internacional. "A nova instituição representará fonte alternativa de investimentos, aumentando a oferta de recursos para os entes públicos e privados do Brasil", afirmou o comunicado. O NBD deverá mobilizar recursos para projetos de infraestrutura e de desenvolvimento sustentável nos países membros do bloco e em outras economias emergentes ou em desenvolvimento e contemplar as ações dos bancos multilaterais. [...] Fonte: Adaptado de Diário do Nordeste, 2015. Analisando a notícia anterior, qual ou quais devem ser as preocupações do empresário que gostaria de atuar internacionalmente? Nesse sentido, qual seria o papel do profissional de logística? A princípio, uma das preocupações dos empresários que visam atuar internacionalmente deve ser a maior concorrência. Para vender em um país que não é o de origem, deve-se atentar a quem são os concorrentes e entender como enfrentá-los, uma vez que se uma empresa brasileira busca negócios em outros países, nada impede empresas de outros países de fazerem o mesmo. A segunda preocupação é em relação ao Estado: deve-se entender e compreender como as normas do país de destino podem afetar os negócios. Por fim, deve-se 17 ter em mente que, dependendo de qual seja o país escolhido para as primeiras vendas internacionais, pode haver a necessidade de adaptação do produto ou serviço por conta de questões culturais. Por todas essas preocupações, o papel do profissional de logística deve ser posicionar a empresa e a organização nas quais trabalha no sentido de melhor compreender os desafios e as oportunidades da atuação internacional: entregar produtos de maneira eficiente, com menor custo e em menos tempo, para qualquer empresa ou qualquer pessoa em qualquer lugar do mundo. FINALIZANDO As tecnologias da informação, que evoluíram rapidamente no decorrer do século XX, aproximaram os países e, de certa forma, removeram as fronteiras da distância. As empresas deixam de concorrer apenas com seus rivais locais e passam a concorrer com qualquer outra empresa do planeta que produza os mesmos bens. Se a concorrência aumenta, aumentam também as possibilidades de escolhas dos consumidores, que já não compram mais como antigamente. Isso pode ser tanto uma oportunidade para as empresas e profissionais bem preparados quanto uma ameaça para aqueles que não tem conhecimentos na área. A globalização padronizou estilos de vida em muitos lugares – principalmente no ocidente –, o que gerou uma convergência para gostos e preferências semelhantes. Nesse cenário, os Estados continuam participando ativamente, com a diferença de que, antigamente, os países eram os grandes atores das relações internacionais, os principais, mais importantes e mais ativos participantes. Atualmente, as empresas, os indivíduos e as organizações internacionais também ganharam voz. Ao buscar a internacionalização, as empresas devem seguir as leis dos países hospedeiros. Nesse caso, podem haver leis e normas no país de destino que não existem no país de origem. Além das empresas, os profissionais de logística devem estar atentos também às condições legais impostas pelos Estados às empresas estrangeiras. Além de leis sobre investimento estrangeiro direto, existem outras sobre marketing, distribuição, repatriação de lucro, meio ambiente e contratos. Por fim, existem uma série de riscos que os Estados podem apresentar aos empreendimentos internacionais. O risco-país, por 18 exemplo, tenta alertar a respeito dos perigos de se fazer negócio em determinados locais. A partir do final da Segunda Guerra Mundial em 1945, e com a fundação da ONU, surgiu outro tipo de participante ator das relações internacionais: as organizações internacionais. A partir de então, esse tipo de iniciativa internacional “popularizou-se”, e foram criadas organizações internacionais especializadas – como a IAEA – e também regionais – como a OEA –, que participam ativamente do cenário internacional de negócios. Além das organizações internacionais, há outro tipo específico de empresa comforte atuação internacional: as empresas multinacionais. Essas organizações caracterizam-se pelo tamanho, pela capacidade financeira, pelos recursos e por terem uma matriz em um determinado país e filiais espalhadas pelo mundo. Além da existência de diversos países, empresas e organizações internacionais, o cenário internacional de negócios tem como um de seus principais cenários de fundo uma série de culturas nacionais, às quais os profissionais que atuam internacionalmente devem prestar atenção para garantir o sucesso de seus empreendimentos no exterior. 19 REFERÊNCIAS AMATUCCI, M.; AVRICHIR, I. Teorias de negócios internacionais e a economia brasileira de 1850 a 2007. In: AMATUCCI, M. (Org.). Internacionalização de empresas: teorias, problemas e casos. São Paulo: Atlas, 2009. p. 5-58. CAVUSGIL, S. T.; KNIGHT, G.; RIESENBERGER, J. Negócios internacionais: estratégia, gestão e novas realidades. São Paulo: Pearson, 2010. DUARTE, R. G.; TANURE, B. O impacto da diversidade cultural na gestão internacional. In: _____. (Org.). Gestão Internacional. São Paulo: Saraiva, 2006. FERREIRA, M. P.; REIS, N. R.; SERRA, F. R. Negócios internacionais e internacionalização para as economias emergentes. Lidel: Lisboa, 2011. FORTUNE. Global 500. 2016. Disponível em: <http://fortune.com/global500/>. Acesso em: 30 maio 2017. Disponível em: <http://goo.gl/sRF83q>. Acesso em: 30 maio 2017. HOBSBAWM, E. A era dos extremos: o breve século XX. São Paulo: Companhia das Letras, 2005. MAGNOLI, D.; SERAPIÃO JR., C. Comércio exterior e negociações internacionais. São Paulo: Saraiva, 2012. SARFATI, G. Manual de diplomacia corporativa: a construção das relações internacionais da empresa. São Paulo: Atlas, 2007. SEITENFUS, R. Manual das organizações internacionais. 4. ed. Porto Alegre: Livraria e Editora do Advogado, 2005. http://fortune.com/global500/ 1 LOGÍSTICA INTERNACIONAL AULA 2 Prof. João Alfredo Lopes Nyegray 2 CONVERSA INICIAL Você já se perguntou de onde vêm a riqueza das nações? Países prósperos como da América do Norte ou Europa, ou ainda países que tem crescido fortemente como China e Índia. Qual será o motor de crescimento desses países todos? Obviamente que esta não é uma resposta fácil. Educação de qualidade, facilidade para empreender e se fazer negócios e capacidade das empresas em inovar e gerar novos produtos e oportunidades sem dúvida pesam bastante na resposta a essa questão. No entanto, há outro ponto importante: o comércio. Não o comércio de rua ou dos grandes shoppings, mas o comércio internacional, que é, sem dúvida, um dos grandes motores do desenvolvimento econômico de países como China e Índia. Nesses locais, fabricam-se bens mais diversos bens, alguns com matéria prima importada, que depois são exportados para todo o mundo. Ao se analisar essa questão, se percebe que o crescimento do comércio internacional é um dos fortes motores do crescimento e do desenvolvimento das nações. No entanto, não são só mercadorias que podem ser comercializadas: tem-se os serviços também! Todas essas trocas são compreendidas pelas relações econômicas internacionais, as quais veremos adiante. CONTEXTUALIZANDO Se as relações econômicas internacionais são parte importante do desenvolvimento das nações, isso quer dizer também que as empresas e governos – participantes que fazem essas relações acontecerem, seja através de operações de comércio seja através de incentivo – tem papel fundamental. Mas afinal, por qual motivo as nações comercializam? Será que é apenas para vender e lucrar? Veja o trecho abaixo: O comércio permite aos países usar seus recursos nacionais de modo mais eficiente por meio da especialização. O comércio permite a indústrias e operários serem mais produtivos. O comércio também 3 permite às nações atingirem padrões de vida mais elevados e manterem baixo o custo de muitos produtos de uso cotidiano. Sem o comércio internacional, a maioria delas ficaria impossibilitada de alimentar, vestir e abrigar seus cidadãos nos níveis atuais. Até as economias ricas em recursos como os Estados Unidos sofreriam sem comércio. Alguns tipos de alimento ficariam indisponíveis ou só poderiam ser obtidos a preços exorbitantes. Café e açúcar passariam a ser artigos de luxo. As fontes de energia derivadas de petróleo escasseariam. Os veículos parariam de rodar, as cargas deixariam de ser entregues, e as pessoas não poderiam aquecer seus lares no inverno. Em suma, não se trata somente de nações, empresas e cidadãos beneficiarem-se do comércio internacional; a vida moderna é praticamente impossível sem ele. (Cavusgil; Knight; Riesenberger, 2010) E você, já havia pensado por essa perspectiva? Considere a imagem abaixo: Figura 1 Fonte: http://www.businessinsider.com/shanghai-1990-vs-2010-2010-6 Essa imagem mostra a cidade chinesa de Shangai em 1990 e depois em 2010. Que mudança radical, não é mesmo? E o que houve nesse curto espaço de tempo? Houve relação econômica: facilitação da vida do empreendedor e dedicação às relações econômicas internacionais, não só nas exportações de produtos ou serviços, mas também nos serviços financeiros e na atração de investimentos e inovações. Espantoso, não é? PESQUISE Como você acha que é o desempenho do Brasil no comércio internacional? 4 O que nosso país poderia fazer para melhorar sua participação comercial no mundo? TEMA 01: COMÉRCIO EXTERIOR E AS CORRENTES DE COMÉRCIO INTERNACIONAL Você já se perguntou porque as nações comercializam? Por qual razão os países não tentam viver isolados, fabricando tudo o que podem por conta própria? Imaginemos por um minuto: se não fosse pelo comércio exterior e internacional, de onde viriam as máquinas de nossa indústria? Como o resto do mundo teria acesso à soja, suco de laranja e proteínas animais, fabricados aqui no Brasil? Por conta dessas dificuldades se afirma que o comércio internacional permite que as nações atinjam padrões de vida mais elevados, forçando empresas a serem mais e mais eficientes. Para alguns, é possível sim viver sem o comércio exterior, ainda que com todos esses inconvenientes. Hoje, essas pessoas são exceção, mas há algum tempo se acreditava que quanto mais poderosa fosse uma nação, mais independente ela deveria ser. Foi na época do Mercantilismo, que é uma corrente de pensamento econômico que acreditava que toda vez que um país importava alguma coisa, e saía pagamento de seus cofres para quitar a importação, essa nação ficava mais pobre e, consequentemente, menos poderosa. Não à toa iniciam-se as Grandes Navegações, buscando encontrar novas reservas de ouro e prata, para enriquecer e empoderar as nações europeias: A definição mais aceita de mercantilismo informa que este termo compreende um conjunto de ideias e práticas econômicas dos Estados da Europa ocidental entre os séculos XV, XVI e XVII voltadas para o comércio, principalmente, e baseadas no controle da economia pelo Estado. Mercantilismo dá nome, nesse sentido, às diferentes práticas e teorias econômicas do período do Absolutismo europeu. (Silva, 2006) Mas, se ninguém quer importar, como alguém exportará? Impossível, não é mesmo? Passados alguns séculos após o surgimento das ideias Mercantilistas, o escocês Adam Smith escreve um livro contestando as práticas 5 comerciais internacionais de então. Em “A Riqueza das Nações”, Smith “argumentava que a verdadeira base da riqueza de um país era medida pela quantidade e qualidade de seus bens e serviços, não por suas reservas de metais preciosos” (Perry, 2002). Assim, surge o princípio econômico das Vantagens Absolutas: Smith afirma que um país se beneficia ao fabricar somente aqueles produtos em que detém vantagem absoluta ou em queutilizará menos recursos do que qualquer outro. O país ganha ao se especializar na manufatura de alguns produtos, exportá-los e importar aqueles para os quais não detém vantagem absoluta. Cada país aumenta sua riqueza ao se especializar determinados bens e importar outros, uma vez que isso leva ao aumento do consumo. (Cavusgil; Knight; Riesenberger, 2010) Durante cerca de 30 anos as ideias de Adam Smith tornam-se praticamente unânimes no cenário internacional, até que o britânico David Ricardo traz novas proposições: o comércio internacional pode ser vantajoso para duas nações até mesmo quando apenas uma delas possui vantagens na produção de dois itens diferentes. Assim, passa-se a questionar e tentar entender o comércio pela ótica da eficiência. Desde os escritos de Ricardo, em 1813, vários outros economistas debruçaram-se sobre esse tema. Leontieff, Heckscher-Ohlin e, mais recentemente, Michael Porter em seu “Vantagem Competitiva das Nações”. Você deve saber, no entanto, que nenhuma das várias correntes de pensamento e análise do Comércio Internacional consegue explicar o todo das transações mundiais e a lógica subjacente a elas. Assim, vale a pena que você entenda um pouco a respeito de cada uma! Texto de leitura obrigatória: NYEGRAY, J. A. L. Projetos internacionais: estratégias para expansão empresarial. Curitiba: Intersaberes, 2016. Ler o segundo capítulo. 6 TEMA 2: O BRASIL NO COMÉRCIO INTERNACIONAL As trocas internacionais são crescentes ou se mantém estáveis? Se considerarmos o mundo como um todo, percebemos que o comércio internacional tem crescido continuamente nos últimos anos, o que é confirmado por estatísticas da Organização Mundial do Comércio: Figura 2 Fonte: Organização Mundial do Comércio, 2014. Percebemos assim como, ano após ano, o mundo tem comercializado mais, trocado mais e, como consequência, utilizado mais serviços logísticos. Mas e o Brasil, como fica nesse cenário? Será que aumentamos nossa participação no comércio global? Infelizmente não. De acordo com a Organização Mundial do Comércio (OMC) somos apenas o 22º exportador. Figura 3 Posição País 1 China 2 Estados Unidos 3 Alemanha 4 Japão 7 5 Holanda 6 França 7 Coréia do Sul 8 Reino Unido 9 Hong Kong 10 Rússia 11 Itália 12 Bélgica 13 Canadá 14 Singapura 15 México 16 Emirados Árabes Unidos 17 Arábia Saudita 18 Espanha 19 Índia 20 Taipei 21 Austrália 22 Brasil 23 Suíça 24 Tailândia 25 Malásia 26 Polônia 27 Indonésia 28 Áustria 29 Suécia 30 República Tcheca Fonte: O autor, dados OMC. Esse dado nos mostra que, mesmo o Brasil sendo um país territorialmente extenso, promissor em diversas áreas, não conseguimos nos destacar no comércio internacional. A concorrência com outros países mais eficientes, com melhor infraestrutura e apoio às exportações têm dificultado a atuação das empresas brasileiras. Um dos maiores responsáveis pelo nosso desempenho ruim é a burocracia. O Brasil possui mais de 3600 normas de comércio exterior, o que faz com que o país perca em competitividade; e afugenta os empresários locais da atuação global. 8 Texto de leitura obrigatória: NYEGRAY, J. A. L. Legislação Aduaneira, comércio exterior e negócios internacionais. Curitiba: Intersaberes, 2016. Ler capítulo 12. Vídeo do tema proposto: https://www.youtube.com/watch?v=ahw6nogZjvg Artigo: Lee Kuan Yew, o homem responsável pelo que Cingapura tem de melhor e de pior. Disponível em: http://goo.gl/NA5JPF TEMA 3: COMÉRCIO E TRANSAÇÕES INTERNACIONAIS Se o comércio internacional possibilita nações, trabalhadores e empresas mais eficientes, será que isso tudo acontece apenas por meio das exportações? Não! Existem uma série de outras atividades que podem ser desempenhadas pelas empresas além das exportações. A cada uma dessas atividades ou operações, corresponde um risco, que pode ser maior ou menor. É por essa questão do risco, que as exportações são consideradas um primeiro passo na caminhada internacional das empresas. Considera-se que as exportações oferecem um risco baixo para a empresa exportadora, além de oferecer aprendizagem paulatina sobre os mercados nos quais esta empresa está entrando. Aos poucos a empresa exportadora vai adquirindo conhecimentos a respeito das preferências e hábitos de consumidores de uma determinada localidade, o que permite que ela passe a oferecer produtos especialmente projetados para esse público. O mesmo vale para as importações: aos poucos uma determinada organização pode importar produtos para comercializar em seu país. Se o produto for aprovado pelo mercado interno, as importações podem ser aumentadas tanto em sua frequência quanto na quantidade de produtos. Por permitirem um envolvimento gradual, considera-se as exportações ou importações a forma mais básica de comércio ou transação internacional. E há vida além das exportações? Sem dúvida! O licenciamento de propriedade https://www.youtube.com/watch?v=ahw6nogZjvg http://goo.gl/NA5JPF 9 intelectual é um possível exemplo. Uma empresa brasileira fabricante de produtos infantis pode, por exemplo, querer aumentar suas vendas em mercados internacionais. Para isso, essa empresa pode obter o licenciamento da imagem de algum personagem, o que vai tornar seu produto mais atrativo. Uma outra possibilidade: a Disney, Warner Brothers, Pixar, ou qualquer outro estúdio pode licenciar a produção de itens de seus personagens a empresas fora dos Estados Unidos, seu país de origem. Com isso, os produtos finais ficam mais baratos e elas lucram com uma porcentagem das vendas da empresa licenciada. E isso não vale apenas para personagens de filmes: vale também para times de futebol ou marcas de roupa, que podem licenciar a fabricação de seus itens para empresas de outros países. Uma outra forma de envolvimento internacional são as parcerias como alianças e joint ventures. São casos nos quais duas ou mais empresas se unem para reduzir custos e riscos de entrar num mercado diferente do seu. Por exemplo: a Portugal Telecom uniu-se a empresa espanhola Telefónica para atingir o mercado brasileiro com a operadora Vivo. Perceba como, para cada uma dessas transações, corresponde um risco: os riscos das exportações e importações são menores quando comparados com os riscos de alianças e joint ventures. No entanto, o maior risco manifesta-se através do chamado Investimento Estrangeiro Direto ou Investimento Direto Estrangeiro. É o caso de uma empresa que envia uma quantidade de dinheiro para um país no exterior para abrir uma fábrica, comprar uma empresa local, adquirir um concorrente o iniciar operações no destino. Um exemplo possível é o das montadoras de automóveis: essas organizações transferem dinheiro de seus países de origem para adquirir um terreno, erguer uma fábrica, importar máquinas e contratar pessoas aqui no Brasil. É por isso que essa modalidade se chama Investimento Estrangeiro Direto. 10 Texto de leitura obrigatória: CAVUSGIL, T.; KNIGHT, G.; RIESENBERGER, J. Negócios internacionais. São Paulo: Pearson, 2010. Ler páginas 326 até 346. TEMA 4: COMÉRCIO EXTERIOR E COMPETITIVIDADE Anteriormente, nós vimos como a riqueza das nações está ligada, dentre vários fatores, a sua participação nas transações financeiras internacionais. Mas então, qualquer nação altamente exportadora terá boa qualidade de vida? Qualquer nação exportadora trará oportunidades para os estudantes de logística? Infelizmente não! Vamos utilizar um país do oriente médio qualquer: esse país, de pequena população, pode ter exportações altíssimas, importações comparativamente pequenas, e ainda assim baixa qualidade de vida. Normalmente, isso acontece, pois, essa nação pode exportar muito muito petróleo, e importar todo o resto numa quantidade razoavelmentepequena, para atender sua pequena população. Nesse caso, apenas alguns poucos se beneficiam das exportações, e não a nação como um todo. É por isso que precisamos falar sobre competitividade!! Competitividade liga-se, normalmente, a vários fatores, dentre os quais capacidade de produzir e vender de forma melhor. Nesse sentido, “Um país com maior competitividade é um país que consegue com maior facilidade, colocar os bens e serviços que produz, nos mercados externos, aumentando por isso as suas exportações” (Wikipedia). Essas exportações acabam retornando em benefícios para a população, decorrentes de empregos, investimentos, crescimento econômico e desenvolvimento de uma forma geral. 11 Figura 4 Fonte: O autor, dados da OMC e Fórum Econômico Mundial. Anualmente, são divulgados diversos índices de competitividade mundial. Infelizmente, ano a ano, o Brasil vem perdendo posições, e atualmente está atrás até mesmo do Cazaquistão e do Peru. O mesmo vale para o ranking da Organização Mundial do Comércio dos maiores exportadores. Quando consideramos a posição Brasileira, no 22º lugar, percebemos em nossa frente muitos países territorialmente menores e com menores parques industriais, como Espanha e Arábia Saudita. Mesmo assim, essas nações estão na nossa frente. Veja as tabelas na caixa acima e compare os maiores exportadores com os países mais competitivos. Você consegue perceber como as coisas se relacionam? Quanto mais livre é o ambiente de um país, quanto mais suas empresas importam, mais opções de escolha tem seus consumidores. Como consequência, suas empresas nacionais buscam criar produtos melhores, mais inovadores e de maior tecnologia, para permanecerem no mercado. Por outro lado, quando o governo trava as importações, cria empecilhos ao comércio exterior – através de leis e procedimentos burocráticos e sem sincronia, com muitos órgãos intervenientes – menos as empresas se engajam em atividades Maiores Exportadores Mais Competitivos China Suíça Estados Unidos Estados Unidos Alemanha Cingapura Japão Alemanha Holanda Holanda França Japão Coréia do Sul Hong Kong Reino Unido Finlândia Hong Kong Suécia Itália Reino Unido 12 internacionais. Consequentemente, esse país perde oportunidades de crescimento, desenvolvimento e exportação. Um exemplo de país que evoluiu e cresceu graças a sua dedicação às relações econômicas internacionais foi Cingapura. Esse país asiático, na década de 1960, era pobre, sem recursos naturais ou terras férteis. Através de incentivos governamentais, solidificação da moeda, respeito à propriedade privada e incentivos ao empreendedorismo e ao setor industrial, Cingapura hoje tem uma renda per capita maior do que a dos Estados Unidos e União Europeia. Esse país possui poucas regulamentações que travem a internacionalização de suas empresas, impostos baixos e zero tributos sobre as operações de importação ou exportação. E você, acha que o Brasil poderia seguir esse exemplo? Texto de leitura obrigatória: NOBRE, M.; ROBLES, L. Logística internacional. Curitiba: Intersaberes, 2016. Ler capítulo 1. TEMA 5: COMÉRCIO EXTERIOR E LOGÍSTICA Até aqui você já entendeu que o comércio exterior refere-se às trocas comerciais de uma nação com o resto do mundo. Você entendeu também que os negócios internacionais têm preocupações mais amplas, tais como o entendimento das razões pelas quais as nações comercializam e como elas o fazem. Agora, pensemos por um instante: o que seria dessas duas áreas sem a logística? Como transportar as toneladas de soja que saem do Brasil para a China, os manufaturados que saem da China para o Brasil e o suco de laranja que sai do Brasil para os Estados Unidos? Sem logística, não existe comércio exterior. Com o passar dos anos, em especial no decorrer do século XX, as trocas comerciais se intensificam, e como consequência, a logística precisa se 13 aprimorar. Junto das ideias de logística internacional para o comércio exterior, passa a haver a necessidade de aumentar a rapidez e eficiência dos transportes para satisfazer clientes cada vez mais exigentes. Uma das características de nosso tempo é que hoje temos uma oferta de bens e produtos maior do que a demanda. Assim, os consumidores tornaram-se o público a ser conquistado. Mas, e o que a logística tem com isso? Tem tudo com isso. Pense por um instante nas grandes redes de lojas virtuais que você conhece. Quais são os concorrentes de Amazon, Submarino, e-Bay e Mercado Livre? Muitas vezes os concorrentes não são as demais lojas online, mas as lojas físicas nas quais o consumidor pode obter o produto que deseja sem que precise esperar sua entrega. Por conta dessa nova lógica, se tem exigido cada vez mais não só da logística, mas de seus profissionais. Justamente por isso que se pode dizer: Um dos grandes obstáculos da logística num ambiente globalizado é justamente utilizar diferentes estratégias para melhorar a eficiência da cadeia logística, fazendo com que as empresas consigam competir em diferentes mercados. (...) Este ambiente competitivo e dinâmico faz com que haja a necessidade de um ambiente integrado internamente e um nível de relacionamento forte junto às outras empresas parceiras. A logística tornou-se uma importante ferramenta para ganhar competitividade e ajustar os fluxos de materiais a esta realidade veloz, em que a redução de tempo na distribuição, estocagem e movimentação dos produtos serão a chave competitiva para o comércio internacional. (Logística Descomplicada) Você consegue perceber como o comércio exterior simplesmente não existe sem a logística? Além desse íntimo relacionamento entre essas duas áreas profissionais e do conhecimento, existe uma outra questão que passa a preocupar gestores de todo o mundo: o chamado gerenciamento da cadeia de suprimentos, que engloba todos os estágios envolvidos, direta ou indiretamente, no atendimento de um pedido de um cliente. A cadeia de suprimentos não inclui apenas fabricantes e fornecedores, mas também transportadoras, depósitos, varejistas e os próprios clientes. Dentro de cada organização, como por exemplo, uma fábrica, a cadeia de suprimentos inclui todas as funções envolvidas no pedido do cliente, como desenvolvimento de novos produtos, marketing, operações, 14 distribuição, finanças, e o serviço de atendimento ao cliente entre outras. (Chopra; Meindl, 2003, p. 2) Veja a extensão das preocupações que a cadeia de suprimentos aborda. Agora estenda esse pensamento para uma escala internacional: como fazê-lo e gerenciar da melhor forma considerando as grandes distâncias que separam os países e continentes? Além disso, existem muitas empresas que trabalham com a chamada “cadeia global de valor”: ou seja, essas organizações dividem suas atividades industriais por todo o mundo. A pesquisa de novos produtos fica num país, a matriz em outro e a fabricação num terceiro. É a logística a responsável por unir todos esses componentes e transportá-los até seus clientes pelo mundo todo. Entende porque sem a logística não há comércio internacional? Texto de leitura obrigatória: NOBRE, M.; ROBLES, L. Logística internacional. Curitiba: Intersaberes, 2016. Ler capítulo 2. TROCANDO IDEIAS Na página do link abaixo você encontrará informações sobre o gerenciamento da cadeia de suprimentos: https://pt.wikipedia.org/wiki/Gest%C3%A3o_da_cadeia_de_suprimentos Qual você acha que deve ser o seu papel para torna-la mais eficiente na empresa onde trabalha? NA PRÁTICA “Fiep realiza rodada de negócios internacionais para setor do vestuário” Encontro vai trazer importadores do Uruguai, República Dominicana, Paraguai, Panamá e Colômbia. https://pt.wikipedia.org/wiki/Gest%C3%A3o_da_cadeia_de_suprimentos 15 Fabricantes do setordo vestuário do Paraná que têm interesse no mercado externo terão a oportunidade de ampliar contatos comerciais e negociar com compradores da América do Sul e América Central, no Encontro Internacional de Negócios do Setor do Vestuário, que será realizado no Campus da Indústria do Sistema Federação das Indústrias do Paraná (Fiep). O encontro, promovido pelo Centro Internacional de Negócios (CIN) da Fiep vai trazer oito importadores de vestuário do Uruguai, República Dominicana, Paraguai, Panamá e Colômbia. Eles vêm ao Brasil em busca de produtos relacionados ao vestuário para adultos, jovens e crianças, esportivo e fitness, roupa íntima, moda praia, uniformes, bonés e sapatos.” Fonte: Gazeta do Povo, adaptado. Analisando a notícia acima, qual a importância desse tipo de iniciativa para a competitividade de um país? Como você, enquanto profissional de logística, pode auxiliar sua empresa a iniciar as atividades internacionais? Eventos de rodadas internacionais de negócios, como a relatada na notícia acima, são importantes pois atraem a atenção de empresários e investidores para a possibilidade de atuar internacionalmente. Esses empresários e investidores podem, por sua vez, fechar negócios que gerarão mais empregos e vendas. Esse tipo de iniciativa, quando tornada frequente, pode fazer com que mais e mais empresas de uma determinada localidade interessem-se por atuar internacionalmente. Muitas vezes, para iniciar essa atuação internacional, é necessário que as empresas aprimorem seus produtos ou serviços, para serem mais competitivas. Como consequência, o país todo acaba ganhando com isso. Nesse cenário, o papel do profissional de logística é auxiliar a empresa na qual trabalha a enviar suas cargas de forma ágil, barata, segura e eficiente, de modo que o transporte seja um aliado da empresa, barateando o custo do produto final. 16 SÍNTESE O crescimento do comércio internacional é um dos fortes motores do crescimento e do desenvolvimento das nações. O comércio internacional, uma das expressões das relações econômicas, permite maior eficiência de nações e trabalhadores, o que causa uma redução de preços de produtos de uso diário, visto que aumenta-se a oferta. Com isso nós, consumidores, saímos ganhando, pois aumenta o nosso acesso a uma série de bens. Por permitirem um envolvimento gradual, considera-se as exportações ou importações a forma mais básica de comércio ou transação internacional. O licenciamento de propriedade intelectual é outra possibilidade de envolvimento internacional, mas, nesse caso, com maior risco. Uma outra forma de envolvimento internacional são as parcerias como alianças e joint ventures. São casos nos quais duas ou mais empresas se unem para reduzir custos e riscos de entrar num mercado diferente do seu. No entanto, o maior risco manifesta-se através do chamado Investimento Estrangeiro Direto ou Investimento Direto Estrangeiro. É o caso de uma empresa que envia uma quantidade de dinheiro para um país no exterior para abrir uma fábrica, comprar uma empresa local, adquirir um concorrente o iniciar operações no destino. Quanto mais livre é o ambiente de um país, quanto mais suas empresas importam, mais opções de escolha tem seus consumidores. Como consequência, suas empresas nacionais buscam criar produtos melhores, mais inovadores e de maior tecnologia, para permanecerem no mercado. Por outro lado, quando o governo trava as importações, cria empecilhos ao comércio exterior – através de leis e procedimentos burocráticos e sem sincronia, com muitos órgãos intervenientes – menos as empresas se engajam em atividades internacionais. Consequentemente, esse país perde oportunidades de crescimento, desenvolvimento e exportação. Mas as transações internacionais compreendem apenas as trocas de bens físicos? Não! O setor de serviços é parte importante não só das economias, mas também das trocas internacionais! Existem dois tipos de 17 serviços: aqueles com base em ativos e aqueles com base em um determinado atendimento. E qual a principal diferença entre o comércio de serviços e o de bens? É a imaterialidade dos serviços. Na esmagadora maioria das vezes, os serviços são “consumidos” no momento de sua prestação, visto que são imateriais. Por isso muitas vezes é difícil quantifica-los. Independentemente de qual seja a forma escolhida por empresa para iniciar seu envolvimento internacional, essa organização dificilmente começará a transação sem preocupar-se com a logística que levará seus produtos até seus consumidores de forma eficiente, ágil e barata. É justamente por isso que se diz que o comércio exterior simplesmente não pode existir sem a logística. REFERÊNCIAS AMATUCCI, M. Teorias de negócios internacionais e a economia brasileira – de 1850 a 2007. In.: Internacionalização de empresas. São Paulo: Atlas, 2009. CAVUSGIL, S. T.; KNIGHT, G.; RIESENBERGER, J. Negócios internacionais – estratégia, gestão e novas realidades. São Paulo: Pearson, 2010. CHOPRA, S.; MEINDL, P. Gerenciamento da cadeia de suprimentos – estratégia, planejamento e operação. São Paulo: Pearson, 2003. DUARTE, R. G.; TANURE, B. O impacto da diversidade cultural na gestão internacional. In: DUARTE, R. G.; TANURE, B. (Orgs). Gestão internacional. São Paulo: Saraiva, 2006. FERREIRA, M. P.; REIS, N. R.; SERRA, F. R. Negócios internacionais e internacionalização para as economias emergentes. Lisboa: Lidel, 2011. GAZETA do Povo. Fiep realiza rodada de negócios internacionais para setor do vestuário. Disponível em: <http://goo.gl/Ck0pwk>. Acesso em: 03 out. 2015. GONÇALVES, R. Economia política internacional – fundamentos teóricos e as Relações Internacionais do Brasil. Rio de Janeiro: Elsevier, 2005. 18 GOOGLE imagens. Diversos. Disponível em: <https://www.google.com.br/imghp?hl=pt- BR&tab=wi&ei=zo2ZWPSaK8e3wQSbm464DA&ved=0EKouCBUoAQ>. Acesso em: 16 out. 2016. HOBSBAWM, E. A era dos extremos – O breve século XX. São Paulo: Companhia das Letras, 2005. LOGÍSTICA descomplicada. Logística no comércio exterior. Disponível em: <http://www.logisticadescomplicada.com/logistica-no-comercio-exterior/>. Acesso em: 05 out. 2016. MAGNOLI, D.; SERAPIÃO JR., C. Comércio exterior e negociações internacionais. São Paulo: Saraiva, 2012. OMC. The world economy and trade in 2013 and early 2014. Disponível em: <https://www.wto.org/english/res_e/booksp_e/wtr14-1_e.pdf>. Acesso em: 30 jan. 2017. SARFATI, G. Manual de diplomacia corporativa – a construção das relações internacionais da empresa. São Paulo: Atlas, 2007. http://www.logisticadescomplicada.com/logistica-no-comercio-exterior/ https://www.wto.org/english/res_e/booksp_e/wtr14-1_e.pdf LOGÍSTICA INTERNACIONAL AULA 3 Prof. João Alfredo Lopes Nyegray 2 CONVERSA INICIAL Nos últimos anos o comércio internacional tem crescido cada vez mais. Se antes as empresas brasileiras concorriam apenas com as demais empresas da mesma cidade, estado ou país, hoje a concorrência atingiu patamares inéditos. É frequente quem compre pela internet não apenas de sites nacionais, mas de sites e de compradores no exterior. Toda essa concorrência tem um forte impacto sobre as empresas, que se deparam com duas escolhas possíveis: ou fechar as portas e abandonar as atividades comerciais; ou buscar a eficiência, a inovação e a melhoria para permanecer atrativa aos clientes num determinado mercado. Essa segunda opção parece ser um pouco melhor, não é mesmo? E como as empresas tem feito isso? De várias formas. Algumas organizações têm terceirizado parte de seus serviços ou produção. Outras, adotaram estratégias um pouco diferentes. Compra-se peças e insumos mais baratos em outros países, capacita-se funcionários, inova-se de alguma maneiraem algum aspecto do produto ou da produção. Nesse ponto, você pode estar se perguntando: “e o que a logística tem com isso?” A resposta é simples: tem tudo a ver com esse novo cenário que se apresenta para nós. Você entenderá mais a respeito no decorre dessa rota! CONTEXTUALIZANDO Um voo entre São Paulo e Dubai leva cerca de 15 horas. Entre São Paulo e Buenos Aires aproximadamente 3. Quando se sai do Brasil rumo à China, sem contar as escalas, são quase 24 horas dentro do avião. Agora, considere essas distâncias. Imagine o percurso que se interpõe entre os itens que você está usando agora mesmo e o local onde foram produzidos. Seja no Brasil, seja na China, na África do Sul, na Turquia ou na Indonésia, grandes distâncias separam centros produtores dos centros consumidores. Na era da hiperconcorrência, pensar a cadeia logística pela ótica gerencial pode ser a diferença entre a viabilidade e a inviabilidade de muitos negócios. 3 Da mesma forma, quanto mais eficiente você for enquanto profissional da área, mais eficiente será sua empresa, e melhor será o custo do produto para o consumidor final, esteja ele onde estiver. Mas, será que a logística internacional tem impacto apenas no preço dos itens? Se nós, sentados em aviões, levamos um dia todo para atravessar o mundo, imagine seu tênis, seu computador, seu tablete ou smartphone. Hoje, todos temos o tempo muito curto, e como consumidores não gostamos e também não queremos esperar. Se numa determinada loja não há o item que eu quero e procuro, eu certamente procurarei em outra, sem esperar que chegue ao primeiro estabelecimento onde fui. Perceba: a logística não impacta apenas no preço dos itens, mas também nas vendas das empresas! TEMA 01: CADEIAS LOGÍSTICAS INTERNACIONAIS Para que você entenda bem a cadeia logística internacional, deve antes de mais nada ter a clara ideia da cadeia logística ou cadeia de abastecimento de forma geral. O que é isso? Bem, a cadeia de abastecimento corresponde ao conjunto de processos requeridos para obter materiais, agregar-lhes valor de acordo com a concepção dos clientes e consumidores e disponibilizar os produtos para o lugar (onde) e para a data (quando) que os clientes e consumidores desejarem. Além de ser um processo bastante extenso, a cadeia apresenta modelos que variam de acordo com as características do negócio, do produto e das estratégias utilizadas pelas empresas para fazer com que o bem chegue às mãos dos clientes e consumidores. (Bertaglia, 2012, p. 4) Ufa! Quanta coisa, não é mesmo? Trata-se de toda a preocupação que envolve pegar uma matéria prima numa determinada localidade, transformá-la, alterá-la e entrega-la como um produto para um cliente em algum lugar, seja numa loja, seja num armazém de um website ou qualquer ponto no qual o consumidor final pode adquiri-la de alguma maneira. O que se percebeu nos últimos anos é que administrar a cadeia de abastecimento “exige o entendimento dos impactos que serão causados nas organizações, em seus processos e na sociedade” (Bertaglia, 2012, p. 4). Infelizmente ainda é comum que indústrias inteiras parem sua fabricação por falta de alguma matéria prima ou de algum componente. 4 Se essa indústria efetuou algum contrato de compra e venda com algum cliente, atrasos podem ser penalizados por multas que afetarão diretamente a lucratividade da organização. E internacionalmente? As cadeias logísticas internacionais de suprimento compreendem a necessidade de estender a lógica da integração para fora das fronteiras da empresa e das fronteiras do país, incluindo fornecedores e clientes; considerando que, modernamente, a vantagem competitiva de uma empresa se baseia na produtividade (custo adequado) e diferenciação do produto (inovação, qualidade e nível de serviço), com benefícios para todas as partes envolvidas. (Nobre; Robles, 2016, p. 61) Ou seja, a logística deixa de ser apenas uma preocupação com matérias primas, materiais, produtos e entregas, e passa a ser uma fonte de vantagens ou desvantagens competitivas conforme é administrada. Hoje, num mundo freneticamente integrado, entender a cadeia logística internacional é essencial para alavancar a competitividade de uma determinada organização. Nesse ponto, muitos alunos nos questionam: “mas professor, as normas logísticas nacionais e internacionais não são as mesmas? Como, então, ser mais competitivo?” Sim, as normas são as mesmas para todas as empresas, mas Embora os processos em geral se apresentem relativamente uniformes para qualquer empresa, pois as normas são nacionais e internacionais e, portanto, afetando da mesma maneira todos os atores que estão no palco, a forma de ação de cada empresa proporciona um resultado completamente diferente para cada uma delas. Isso ocorre ainda que a mercadoria ou o serviço transacionado seja exatamente igual ao apresentado por seus concorrentes, inclusive para entrega aos mesmos importadores e destinos finais. (Keedi, 2011, p. 75) Ou seja: a eficiência e competitividade de sua empresa deixa de depender apenas dela, da qualidade de seus produtos ou de seus preços, e passa a depender também de você. Pense por um instante na guerra do Iraque, na invasão do Afeganistão. O que você diria a respeito da eficiência do transporte de armas, blindados e soldados dos Estados Unidos até lá? Desafios semelhantes são aqueles com os quais as empresas se defrontam, uma vez que internacionalmente, na 5 cadeia de abastecimento de exportação, a distribuição física das mercadorias sofre o impacto de diferentes agentes presentes no ambiente externo, portanto, a utilização e aprimoramento das técnicas de logística internacional devem adaptar-se a uma realidade empresarial em constante mudança. (Silva, 2008, p. 132) Se, domesticamente, já é complicado ajustar a cadeia de abastecimento, e internacionalmente? Você deve estar preparado para entender cada aspecto do fluxo logístico entre sua empresa e o consumidor final, e entre seus fornecedores e sua empresa. Só assim você poderá pensar em maneiras e mecanismos para agilizar e melhorar seus processos logísticos internacionais. TEMA 02: SISTEMAS DE INFORMAÇÕES NA LOGÍSTICA INTERNACIONAL Toda nossa vida hoje é permeada pela web. Redes sociais, e-mails, pesquisas no Google via smartphone e por aí vai... Cada um desses recursos que usamos tem seus sistemas de informação próprios, que capta, envia e distribui dados por toda uma rede. As empresas, como não poderia deixar de ser, não ficam de fora de todo esse mundo cibernético, e desde meados do século XX passam a utilizar também os sistemas de informação como parte de sua estrutura básica. Atualmente, as “TI’s possibilitam o processamento do conhecimento, no qual a informação deixa de ser tratada como uma pequena burocracia preestabelecida no interior de uma máquina para ser trabalhada de forma livre e aberta dentro de uma empresa” (Gomes; Ribeiro, 2011, p. 154). Os sistemas de informação utilizam-se das tecnologias da informação para comunicar dados e trocar informações “entre fornecedores e clientes, facilitando a transferência dos dados de reposição dos estoques e da demanda do ponto de vendas até o fornecedor, não só de produtos, como também de componentes e materiais” (Gomes; Ribeiro, 2011, p. 155). Mas, e afinal, como as tecnologias e sistemas de informação beneficiam e atuam na logística? Simples: “As tecnologias e os SIs são o elo entre todas as atividades e permitem, com técnicas gerenciais e equipes, uma interação entre as atividades logísticas” (Gomes; Ribeiro, 2011, p. 155). Não é segredo para nenhum de nós a quantidade de gadgets tecnológicos existentes, de tablets, GPS, computadores de bordo e afins. 6 Todos esses equipamentos podem ser integrados a um mesmo software de controle, o que “permiteà empresa melhor relacionamento com os outros agentes da cadeia (fornecedores e clientes)” (Gomes; Ribeiro, 2011, p. 156). Com tantas possibilidades abertas pelas tecnologias atuais, as empresas devem estabelecer estratégias de uso das TI’s. Nesse caso, “uma estratégia de tecnologia de informação faz com que a organização mantenha o foco em atividades que trarão grandes impactos na competitividade” (Bertaglia, 2012, p. 479). Para isso, cada vez mais se tem falado em ERP – Enterprise Resource Planning – ou Planejamento de Recursos Corporativos. O ERP nada mais é do que um sistema de informação que integra todos os dados e processos de uma organização em um único sistema. A integração pode ser vista sob a perspectiva funcional (sistemas de finanças, contabilidade, recursos humanos, fabricação, marketing, vendas, compras etc.) e sob a perspectiva sistêmica (sistema de processamento de transações, sistemas de informações gerenciais, sistemas de apoio a decisão, etc.). (Turban, 2010, p. 321) Existem várias empresas que oferecem programas diferentes de ERP, da Oracle até a TOTVS, cada qual com seus diferentes custos e benefícios. De maneira geral, o objetivo principal de todos eles é a “integração da organização por meio de seus processos e funções” (Bertaglia, 2012, p. 479). Outro ponto importante dos sistemas de informação para a logística internacional é a capacidade de utilizar diferentes tipos de equipamento: leitores de código de barra, separadores, controladores automatizados e informatizados, scanners automáticos e manuais: ao cultivar as habilidades logísticas em diferentes formas da sua automação, incluindo sistemas de movimentação, sistemas de armazenagem e separação de pedidos, controladores informatizados, leitoras e scanners manuais, entre outros, torna a empresa mais eficiente e competitiva. (Gomes; Ribeiro, 2011, p. 157). E internacionalmente, você já conseguiu perceber a importância desses sistemas? 7 Uma das particularidades da logística internacional, conforme já mencionado, é a importância da questão fiscal e dos procedimentos aduaneiros apoiados por sistemas de tecnologia de informação (TI) e pessoal qualificado. Além disso, o rastreamento de produtos e embalagens, assim como, a gestão dos terminais de exportações e importação se baseiam fortemente em tecnologia de informação. (Nobre; Robles, 2016, p. 86) Nesse caso, como as distâncias percorridas pelas mercadorias são maiores, é ainda mais importante saber localizá-las, precisar seu tempo de embarque, transporte e chegada para poder atender bem todas as partes envolvidas no processo! TEMA 03: LOGÍSTICA INTERNACIONAL E LEGISLAÇÃO ADUANEIRA Quantas vezes você viu, nos últimos tempos, notícias acerca das apreensões de droga na fronteira? Imagino que várias vezes, uma vez que o tráfico tem sido um crime cada vez mais frequente. Disso decorrem dois questionamentos: o primeiro deles, refere-se a quem patrulha as fronteiras brasileiras. Sabemos que essa é uma missão conjunta do Exército e da Polícia Federal, nos casos de segurança; e da Receita Federal no que tange a controle de pessoas e mercadorias. O segundo questionamento refere-se à proibição de entrada de drogas. Será que todos os países adotam essa proibição? A resposta é negativa. Cada nação tem um posicionamento a respeito. A Holanda, por exemplo, libera o uso e a comercialização de narcóticos em locais específicos. No Brasil, como sabemos, tal comércio é absolutamente proibido. Mas afinal, como funciona o controle de nossas fronteiras, feito pela Receita Federal? Como não é nosso tema, não entraremos nas discussões que envolvem o Direito Criminal – como contrabando, descaminho, tráfico de drogas, etc. – ou segurança de forma geral, assuntos do Exército e da Polícia Federal. A princípio, você precisa saber que existe um Regulamento Aduaneiro, que traz uma série de normas sobre o assunto. A norma inicial da qual você deve ter ciência refere-se às duas zonas: a primária e a secundária. É zona primária todo aquele ponto do território nacional onde há entrada e saída de pessoas, bens e mercadorias do exterior, como fronteiras, portos, aeroportos e portos secos. O resto do território nacional, considera-se zona secundária. 8 Dentro das zonas primárias existem os chamados “recintos alfandegados”, onde ocorre controle aduaneiro. Vejamos o que diz o regulamento aduaneiro: Art. 9. Os recintos alfandegados serão assim declarados pela autoridade aduaneira competente, na zona primária ou na zona secundária, a fim de que neles possam ocorrer, sob controle aduaneiro, movimentação, armazenagem e despacho aduaneiro de: I - mercadorias procedentes do exterior, ou a ele destinadas, inclusive sob regime aduaneiro especial; II - bagagem de viajantes procedentes do exterior, ou a ele destinados; e III - remessas postais internacionais. Parágrafo único. Poderão ainda ser alfandegados, em zona primária, recintos destinados à instalação de lojas francas. Além disso, o controle aduaneiro manifesta-se de outras formas, e abrange até mesmo o controle de veículos: Art. 26. A entrada ou a saída de veículos procedentes do exterior ou a ele destinados só poderá ocorrer em porto, aeroporto ou ponto de fronteira alfandegado. § 1o O controle aduaneiro do veículo será exercido desde o seu ingresso no território aduaneiro até a sua efetiva saída, e será estendido a mercadorias e a outros bens existentes a bordo, inclusive a bagagens de viajantes. § 2o O titular da unidade aduaneira jurisdicionante poderá autorizar a entrada ou a saída de veículos por porto, aeroporto ou ponto de fronteira não alfandegado, em casos justificados, e sem prejuízo do disposto no § 1o. Art. 27. É proibido ao condutor de veículo procedente do exterior ou a ele destinado: I - estacionar ou efetuar operações de carga ou descarga de mercadoria, inclusive transbordo, fora de local habilitado; II - trafegar no território aduaneiro em situação ilegal quanto às normas reguladoras do transporte internacional correspondente à sua espécie; e III - desviá-lo da rota estabelecida pela autoridade aduaneira, sem motivo justificado. Art. 28. É proibido ao condutor do veículo colocá-lo nas proximidades de outro, sendo um deles procedente do exterior ou a ele destinado, de modo a tornar possível o transbordo de pessoa ou mercadoria, sem observância das normas de controle aduaneiro. É de suma importância que você, profissional da logística, esteja ciente dessas disposições legais. Tal qual há o controle aduaneiro de veículos e de pessoas, ocorrido nas zonas primárias e secundárias, há também o controle aduaneiro de mercadorias. Toda mercadoria que vem do exterior ou a ele se 9 destina, deve estar discriminada no chamado manifesto de carga, conforme manda o regulamento aduaneiro: “Art. 41. A mercadoria procedente do exterior, transportada por qualquer via, será registrada em manifesto de carga ou em outras declarações de efeito equivalente”. O conhecimento de carga é um dos mais importantes documentos aduaneiros para o profissional de logística. E o que deve constar nele? Veja: Art. 44. O manifesto de carga conterá: I - a identificação do veículo e sua nacionalidade; II - o local de embarque e o de destino das cargas; III - o número de cada conhecimento; IV - a quantidade, a espécie, as marcas, o número e o peso dos volumes; V - a natureza das mercadorias; VI - o consignatário de cada partida; VII - a data do seu encerramento; e VIII - o nome e a assinatura do responsável pelo veículo. Existem várias outras normas e características aduaneiras que incidem na logística internacional, todas elas muito importantes para sua futura profissão. Por isso vale à pena que você leia com calma as sugestões ao final desse capítulo! TEMA 04: LEGISLAÇÃO ADUANEIRA E REGIMES
Compartilhar