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SISTEMAS DE INFORMAÇÕES GERENCIAIS www.esab.edu.br 3 Sumário 1. Apresentação l.......................................................................05 2. Entendendo Logística Internacional.......................................06 3. As Teorias Clássicas Do Comércio Exterior...........................12 4. Globalização e os Blocos Econômicos Regionais..................20 5. O Comércio Internacional.......................................................26 6. Resumo I................................................................................33 7. Apresentação II......................................................................35 8. Abordagens Em Exportação........................................................36 9. Pesquisa De Mercado e Suas Peculiaridades.......................41 10. Métodos e Canais De Exportação..........................................48 11. Agente Internacional e As Normas Administrativas De Exportação.............................................................................53 12. Contêineres e Embalagens De Exportação...........................59 13. Abordagens De Importação No Brasil....................................66 14. Resumo II...............................................................................72 15. Apresentação III.....................................................................74 16. A Evolução Dos Transportes..................................................75 17. Os Modais De Transporte Internacional.................................81 18. Resumo III..............................................................................89 19. Apresentação IV.....................................................................90 20. Abordagens Do Direito No Comércio Internacional................91 21. Operadores Logísticos No Comércio Exterior........................98 22. O Comércio Exterior e o Profissional De Logística..............103 23. Resumo IV............................................................................109 24. Glossário..............................................................................110 25. Referências..........................................................................114 www.esab.edu.br 4 PALAVRAS DA TUTORA Apresentação Caro/a estudante, Seja bem-vindo/a à disciplina Logística Internacional! Nesta disciplina você terá uma compreensão da Logística Internacional, perpassando pela origem, conceitos, objeto e uma abordagem dos mais diversos temas que a envolve. É importante ressaltar que para seu melhor aprendizado é necessário que você procure aprofundar seus estudos em muitas outras informações pertinentes a cada temática desta disciplina, disponíveis nos livros e artigos científicos sobre o assunto. Nesse sentido, a apostila será a coadjuvante no seu processo de aprendizagem, que, associada aos demais recursos disponíveis, a respeito dos tópicos tratados, possibilitará um conhecimento e aprendizado mais rico e enraizado. Bons Estudos e ótimo aprendizado! Profª. Eliana Rangel. www.esab.edu.br 5 ABORDAGEM DA LOGÍSTICA INTERNACIONAL Nesta primeira seção, da Disciplina Logística Internacional, vamos fazer uma abordagem do tema, procurando compreender seu conceito, as teorias clássicas que envolvem o comércio exterior, a globalização e blocos econômicos, e ainda, fazer uma introdução sobre o comércio internacional. www.esab.edu.br 6 Podemos conceituar logística internacional? Podemos compreender logística internacional como um ramo da Logística cujo objetivo principal é melhorar a importância dos sistemas logísticos externos que ligam o fabricante aos seus parceiros da rede industrial, como fornecedores, transportadores e operadores. As redes logísticas estão se tornando cada vez mais internacionais. À medida que a competição se intensifica, as empresas estão descobrindo que precisam compartilhar economias e competências em áreas como pesquisa e desenvolvimento, qualidade assegurada e logística. À medida que as redes logísticas se tornam mais abrangentes, as restrições geográficas, legislações, dificuldades financeiras e culturais surgem, particularmente com os processos Just-in-Time. Ao mesmo tempo em que o mercado único está ajudando a harmonizar, as barreiras geográficas vêm sendo superadas pela concentração de fornecedores-chave próximos das fábricas. Texto disponível em: <http://www. guiadelogistica.com.br/ARTIGO9.html>. http://www.guiadelogistica.com.br/ARTIGO9.html http://www.guiadelogistica.com.br/ARTIGO9.html www.esab.edu.br 7 Nogueira (2018) diz que há muitos fatores que impulsionam as empresas a entrar na competitividade. No âmbito internacional as empresas expandem suas operações de forma globalizada, cuja motivação, resulta na possibilidade do crescimento e da sobrevivência das mesmas. Os principais fatores que elevam a logística internacional são o crescimento econômico, a abordagem da cadeia de suprimentos, a regionalização, a tecnologia e a desregulamentação (NOGUEIRA, 2018, p. 186). Trabalhando alguns conceitos Continuamos com Nogueira (2018) para trazer algumas abordagens que envolvem a logística internacional. O aumento da competitividade tem sido caracterizado principalmente pela diminuição dos ciclos de vida dos produtos e pelo aumento da diversificação dos mesmos. Esses eventos surgem em razão do uso cada vez mais intenso da tecnologia como facilitador do gerenciamento de informações de qualquer lugar do mundo. O advento da globalização com suas ferramentas tecnológicas vêm trazendo ao consumidor a inovadora condição de visualizar e adquirir quaisquer produtos que se deseja, e ainda de qualquer parte do mundo. Assim, dizemos que a globalização se refere à crescente interdependência entre os países, o que ocorre a partir da alta movimentação de bens, serviços, capital e conhecimento. Mas para que aconteçam as exportações e as importações é necessário que as normas e critérios internacionais e nacionais sejam seguidos. www.esab.edu.br 8 O cumprimento de tais normas possibilitam o sucesso da operação que envolve todos as fases da negociação, desde a solicitação do produto até que o mesmo esteja disponibilizado ao seu destinatário. A forma correta de utilização do modal de transporte, observando a documentação e os procedimentos que envolvem tal atividade, também é objeto de observação para o aproveitamento nas transações de comércio exterior. Ressalta-se que em cada país a globalização se refere à extensão das inter-relações entre a economia nacional e a economia do restante do mundo. Assim, ainda temos que entender que apesar de uma globalização crescente, nem todos os países estão igualmente integrados na economia global. Importância da logística no comércio internacional A rota da seda, conforme Nogueira (2018, p. 187) é um marco do início do comércio internacional na história da humanidade. A rota da seda era assim “[...] uma série de rotas interconectadas através do sul da Ásia usadas no comércio da seda entre o Oriente e a Europa, desde os primeiros séculos da nossa era até ao início da Idade Moderna. Sua importância econômica, social e política se tornou crescente nos últimos anos”. Vamos então entender o que é comércio internacional! Comércio internacional é a atividade que se faz a compra, venda e troca de bens e serviços, bem como de circulação de capitais e de mão de obra entre os países. Nessa atividade se insere todos os países, através de empresas, associações, bancos, governos, indivíduos ou qualquer outra forma em que se possa empregá-la e praticá-la, representando, menor ou maior importância no contexto de economia de um país. www.esab.edu.br 9 O processo de logística no comércio internacional, anualmente apresenta índice crescente no mundo. O Brasil ainda precisa consolidar melhor os aspectos que norteiam a logística internacional. Um dos fatores que dificulta um célere andamento dessa atividade é aextensa documentação que torna o processo comercial ainda mais burocrático. Princípios básicos das operações globais As operações logísticas devem se adequar ao ambiente competitivo estrategicamente. “O sistema logístico formado por todos os membros da cadeia global de suprimentos encara desafios para integrar suas atividades. Essa integração assume diferentes configurações, dependendo de como os fatores ambientais afetam as empresas envolvidas” (NOGUEIRA, 2018, p. 187). A referida integração do sistema logístico está dividida em três partes: integração geográfica, integração funcional, integração setorial. Esses três tipos de integração formam a base das operações em logística internacional. De forma que as empresas devem buscar a melhor forma de gestão e organização para que as partes (geográfica, funcional, setorial) conectem harmoniosamente. Vamos entender cada uma dessas partes na explicação de Nogueira (2018)! Integração geográfica A integração geográfica refere-se ao fato que as fronteiras geográficas estão perdendo sua importância. Isso acontece porque a visão das empresas sob suas instalações mundiais se dá como uma única entidade. www.esab.edu.br 10 A implementação de compras de forma globalizada, o estabelecimento das mais variadas manufaturas em todos os continentes e a venda em múltiplos mercados, todos implicam a existência de uma visão de operações e logística projetadas tendo em mente maiores considerações nacionais. Integração funcional Se antes as responsabilidades se limitavam a coordenar os fluxos físicos relacionados à produção, distribuição ou serviços pós-vendas, hoje, elas se expandem para incluir funções como pesquisa, desenvolvimento e marketing, projeto e gestão dos fluxos. A integração funcional vem proporcionando melhoria significativa na gestão do fluxo. Integração setorial Vamos entender que há uma diferença entre a atuação encontrada nas cadeias de suprimentos tradicionais para àquelas adotadas por empresas inovadoras. Nas cadeias de suprimentos tradicionais, fornecedores, fabricantes, distribuidores e clientes trabalham preocupados em otimizar sua própria logística e operações, ou seja, a atuação é individual, a preocupação está apenas com a sua própria parte no sistema de fluxo. Decorre desse comportamento individual que alguns integrantes criam problemas e ineficiência para outros integrantes da cadeia, sendo que todos os integrantes adicionam custo ao sistema total. De outro lado, algumas empresas preparam-se melhor ao se depararem com esses aspectos da cadeia de suprimentos e lançam uma perspectiva para além das fronteiras da corporação e passam a trabalhar de maneira a colaborar com todas as partes da cadeia, cujo esforço tem o objetivo de otimizar todo sistema. Esse evento denomina-se integração setorial. www.esab.edu.br 11 Esta unidade trouxe uma breve abordagem da logística internacional com a finalidade de inserir inicialmente uma ideia geral da disciplina. Na próxima unidade vamos ver as teorias clássicas do comércio exterior. Até breve! www.esab.edu.br 12 As teorias clássicas do comércio internacional são conhecidas como: liberalismo e comércio internacional; liberalismo de Adam Smith e Liberalismo de David Ricardo. Vamos conhecê-las! Liberalismo e comércio internacional Desde os primórdios da civilização ocorrem trocas de mercadorias entre os homens. Os antigos mercadores das companhias de comércio com o passar do tempo ampliaram o comércio favoravelmente, de forma que abrangeram globalmente países diversos e observando suas atividades principais. Assim, explica Cassar (2012) que no decorrer do tempo a atividade mercantil apresentou um natural desenvolvimento, deixando de ser uma ação artesanal, onde as pessoas buscavam a complementação de suas atividades com base em trocas de mercadorias por outras, para se tornar uma atividade economicamente constituída e com importância para toda sociedade, onde não só suas necessidades eram satisfeitas, mas, também, contribuía para o desenvolvimento do país. www.esab.edu.br 13 São benefícios sociais e econômicos oriundos das intensas trocas comerciais entre os países - ampliação dos mercados consumidores, possibilitando aos produtores ganhos de escala e aumentos de produtividade em suas atividades; - acesso a maior diversidade de fornecedores de insumos e matérias primas, aumento as possibilidades comerciais; - acesso a maior diversidade de produtos pelos consumidores, que passam a ser locais e importados; - acesso a novas tecnologias e diferentes padrões de produção; - ampliação do fluxo monetário entre países, gerando crescimento e desenvolvimento recíproco; - criação de novas alternativas de produção, concentrando atividades em determinados lugares, de modo que o processo completo se dê com base no trabalho de diferentes países; - desenvolvimento de oportunidades de negócios vinculados às peculiaridades de alguns países (exemplo: produtos à base de materiais extraídos da Amazônia, como perfumes e remédios); - ampliação dos contatos entre os povos de diferentes etnias e culturas, proporcionando oportunidades negociais ante a diversidade cultural. Observação! Estudiosos do tema pontuam que o excesso de desenvolvimento do comércio internacional pode gerar grande interdependência entre os países, o que pode afetar, até mesmo, a soberania dos mesmos. www.esab.edu.br 14 Dentre os fatores prejudiciais decorrentes das relações comerciais entre países estão: - concorrência internacional pode gerar desenvolvimento assimétrico entre os países, em especial os desenvolvimentos tecnológico e econômico. - a busca por produtos e serviços competitivos eleva alguns países economicamente, onde os países desenvolvidos se destacam em relação aos países em desenvolvimento; - o desenvolvimento de apenas alguns setores econômicos cria uma relação de interdependência global, adequada para tempos de paz, mas altamente prejudicial em tempos de crises entre países. No caso de isolamento internacional, o país se vê sem alternativas para substituir produtos vindos do exterior Liberalismo econômico Liberalismo, de acordo com Cassar (2012, p. 55) é expresso em um conceito onde ocorre “[...] a liberdade oferecida ao comerciante de escolher a base de sua atividade econômica e executá-la com quem quer que seja. Isso quer dizer que o indivíduo que deseja produzir roupas poderia comercializá-las no local que melhor lhe conviesse”. Assim, o liberalismo econômico pode ser compreendido com base na ausência do intervencionismo estatal na atividade econômica de um país. Isso significa a aceitação de um comércio livre, sem tabelamento de preços ou barreiras alfandegárias, onde as empresas atuam globalmente em livre concorrência. Nesse sentido, Adam Smith diz que “consequentemente, uma vez eliminados inteiramente todos os sistemas, sejam eles preferenciais ou de restrições, impõe-se por si mesmo o www.esab.edu.br 15 sistema óbvio e simples da liberdade natural. Deixa-se a cada qual, enquanto não violar as leis da justiça, perfeita liberdade de ir a busca de seu próprio interesse, a seu próprio modo, e fazer com que tanto seu trabalho como seu capital concorram como os de qualquer outra pessoa ou categoria de pessoas”. Sintetiza Cassar (2012) que o grande elemento do liberalismo reside no discurso da iniciativa individual, onde todo e qualquer indivíduo em uma sociedade pode buscar desenvolver a atividade econômica que mais lhe interessar, obtendo os meios para seu sustento. De forma que o liberalismo só é possível em países onde a democracia viabiliza aos indivíduos liberdade de ação e onde o Estado pouco interfere. Esse pensamento econômico é conhecido como laissez-faire (deixe levar). Comércio exterior e liberalismo Temos que compreender inicialmente que o comércio internacional decorre primeiramente das diferenças existentes entre os diversos países, que buscam completarsuas necessidades internacionais com produtos e serviços de outras regiões onde são abundantes. Assim, Cassar (2012) apresenta justificativas para a base do comércio exterior: - o clima interfere na produção agrícola de um país para outro; - alguns países têm solos mais ricos em certos tipos de minerais do que outros. Isso resulta na necessidade de comercializar alguns minérios. Exemplo, o Chile tem ricas jazidas de cobre e o Brasil de bauxita; - ganhos de escala pela produção de grandes volumes de maneira repetitiva proporcionam redução dos custos de produção; www.esab.edu.br 16 - divisão do trabalho gera especialização das atividades e crescimento na produção pelo melhor aproveitamento dos recursos; -diferentes níveis de consumo e produção entre os países os levam a compatibilizar de maneira conjunta as fontes de produtos com seus consumidores. Agora vamos entender melhor a teoria do liberalismo de Adam Smith. Liberalismo de Adam Smith Considerado o fundador da economia clássica, Adam Smith é um dos principais defensores do liberalismo. Cassar (2012) apresenta os principais aspectos da teoria do liberalismo de Adam Smith: - a produtividade e a mão invisível da economia: este aspecto da teoria diz que a maior ou menor sistematização das tarefas ligadas à produção de bens e mercadorias determina o grau de eficácia com que esta é desenvolvida e, consequentemente o nível de lucro dos indivíduos. Diz respeito às ações do indivíduo por interesse próprio. - negócios internacionais: o Estado não deve intervir nos negócios particulares ou mesmo no comércio internacional. Assim, “em paridade ou quase paridade de lucros, todo indivíduo naturalmente está inclinado a aplicar seus capitais da maneira que ofereça as maiores possibilidades de sustentar a atividade interna e assegurar renda e emprego ao número máximo de pessoas de seu próprio país” (SMITH, 1983, V. 2, p. 379). - divisão do trabalho: está baseada na capacidade de se obter maior produtividade em uma atividade a partir do momento em que as pessoas se concentrem em ações para www.esab.edu.br 17 as quais têm maior competência ou habilidade, ou para as quais tenham sido mais treinadas. - valor das mercadorias para Adam Smith: para Smith ‘o trabalho é a medida real do valor de troca de todas as mercadorias’. Assim, a quantidade de trabalho é considerada como o padrão real e final de comparação e estimativa do valor de todas as mercadorias em qualquer época e em qualquer lugar. - remuneração do capital e do empreendedor: a atividade empreendedora faz parte dos elementos que geram a riqueza de uma sociedade, através das empresas que produzem os bens que serão por elas consumidos e comercializados, tanto internamente quanto no mercado externo. Os lucros pagos aos empresários devem remunerar suas capacidades administrativas e o capital empregado para a realização das atividades empresarias. - o capital e a geração de riqueza: a partir do momento em que a quantidade de capital é decisiva para a determinação da capacidade produtiva de um país, é preciso investigar sua geração e acúmulo de maneira mais aprofundada. Se o capital de uma pessoa for apenas para mantê-la por um tempo, normalmente essa pessoa procura economizá-lo e fazer algo para repô-lo o mais rápido possível. - papel do Estado no liberalismo de Adam Smith: o papel do Estado deve ser promover o bem-estar e garantir o desenvolvimento. Nesse sentido deve haver uma relação entre economia e política, onde a Economia Política deva promover renda ou manutenção farta para a população, ou melhor, dar-lhes meios para que a mesma consiga essa renda e manutenção e ainda, o provimento do Estado ou comunidade com uma renda suficiente para a manutenção adequada dos serviços públicos. www.esab.edu.br 18 Liberalismo de David Ricardo De acordo com Cassar (2012), o liberalismo de David Ricardo foi um desenvolvimento dos conceitos elaborados por Adam Smith. Sua teoria, no entanto, tem uma visão mais crítica das relações internacionais e do equilíbrio necessário para o desenvolvimento sustentável do comércio internacional. Seguem alguns aspectos da teoria de David Ricardo: - comércio exterior e a teoria das vantagens comparativas: através da formulação do Princípio dos Custos Comparados (teoria das Vantagens Comparativas) procura-se explicar os mecanismos que definiriam a escolha dos produtos a serem produzidos e comercializados entre os diferentes países, preservando a vocação individual e a busca da produtividade sistêmica. - o valor das mercadorias para David Ricardo: “o valor de uma mercadoria, ou a quantidade de qualquer outra pela qual pode ser trocada depende da quantidade relativa de trabalho necessário para sua produção, e não da maior ou menor remuneração que é paga pelo seu trabalho”. - o comércio Internacional: David Ricardo era um grande defensor do livre mercado, não da mesma forma que Smith, pois para Ricardo, o mercado deveria buscar o benefício coletivo de maneira comparativa, aproveitando as melhores características que cada um possui para a obtenção de vantagens para todos. www.esab.edu.br 19 Leio artigo ‘Adam Smith e o surgimento do discurso econômico’. Acesse o link: http://www.scielo.br/scielo. php?pid=S0101-31572004000300433&script=sci_ arttext. Boa Leitura! Veremos na próxima unidade globalização e blocos econômicos. Até breve! http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0101-31572004000300433&script=sci_arttext http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0101-31572004000300433&script=sci_arttext http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0101-31572004000300433&script=sci_arttext www.esab.edu.br 20 A globalização teve seu fenômeno inicial no início do século XVI com a expansão da economia europeia para as regiões da América, Ásia e África. Atualmente, o termo globalização, “[...] de modo geral, tem sido empregado com mais frequência no sentido de indicar a existência de uma profunda interdependência, principalmente econômica entre os países” (DIAS, 2012, p. 154). A temática desta unidade está baseada nas lições de Dias (2012). O autor explica que foi no início da década de 1980 que o termo globalização começou a ser veiculado nos Estados Unidos, passando a ser difundido com o objetivo de caracterizar as profundas mudanças que ocorreram nas últimas duas décadas na economia internacional. Isso significava dizer a rápida expansão mundial da produção, do consumo e da inversão de bens, serviços, capital e tecnologia. Também a palavra globalização tem sido utilizada na tentativa de explicar a grande diversidade de acontecimentos que ocorrem na esfera econômica mundial. Um exemplo é o surgimento de uma nova divisão internacional do trabalho junto a uma maior dispersão da atividade econômica, www.esab.edu.br 21 que passou a ser direcionada pelo planejamento estratégico das grandes corporações, que substituíram a planificação governamental ou estatal em vários países. A palavra globalização também é utilizada como sinônimo de liberalização comercial, compreendendo maior abertura das economias nacionais. Enfim, para muitos estudiosos, globalização pode ser sintetizada pelas tendências do desenvolvimento capitalista mundial. A globalização como um fenômeno Ao caracterizarmos a globalização como um fenômeno devemos compreendê-la como obra humana e como resultado de muitos processos que envolvem a política e a economia, implicando em uma crescente forma de organização e condução da sociedade humana. Economicamente, tais estruturas tornam os países interlaçados, logo, interdependentes. Nesse âmbito, a OMC – Organização Mundial do Comércio, o FMI – Fundo Monetário Internacional e o Bird – Banco Mundial, desempenham, enquanto corporações transnacionais e organizações multilaterais, papel fundamental na integração das estruturas econômicas dos países. Os avanços tecnológicos O avanço da tecnologia nas áreas do transporte, comunicação e informação,juntamente com difusão de ideias e conhecimento que se expande mundialmente, vêm contribuindo fortemente para o processo da globalização. As principais corporações mundiais procuram a maximização da rentabilidade e da acumulação de capital, exercendo pressão sobre os governos a fim de facilitar a integração global e ampliar a transnacionalização da economia mundial. www.esab.edu.br 22 Podemos ainda dizer que globalização significa uma nova era para a humanidade, a constituição de um mundo sem fronteiras, de nações interdependentes, e no qual os Estados- nação perdem suas funções de gestores locais da economia, dando lugar a uma economia totalmente globalizada, forçando os governos locais a ações meramente reativas. Características do atual processo de globalização O atual processo de globalização apresenta, principalmente, as seguintes características: - ocorrências de profundas transformações, provocadas pela chamada Terceira Revolução Científico-Tecnológica; - criação de um sistema de produção mundial, integrando um grande número de países e caracterizado pela produção das partes, componentes e serviços em escala mundial; - aumento de produtos globais, não produzidos integralmente em nenhum país em particular; - movimento acelerado da integração das economias nacionais à nova dinâmica do mercado global por meio, principalmente, da abertura comercial, com a queda das barreiras alfandegárias; - formação de grandes blocos econômicos regionais; - diminuição da capacidade dos Estados nacionais de exercer controle rígido sobre todos os processos econômicos e políticos internos. De forma que se pode observar que a economia mundial com o passar do tempo deixa de ser mera contribuição de economias nacionais e passa a ser um sistema mundial único. www.esab.edu.br 23 Ações das corporações transnacionais que afetam o sistema capitalista Enquanto agente ativo da globalização econômica, as corporações transnacionais desenvolvem ações que provocam importantes modificações estruturais no funcionamento do sistema capitalista, afetando alguns de seus princípios básicos, dentre os quais destacamos: - a generalização da propriedade internacional das empresas, onde a posse sobre os meios de produção deixa de ser exclusividade de empresários de uma mesma origem nacional, fundindo-se em um único capital que não se identifica claramente com nenhum Estado Nacional. - o cálculo econômico das empresas transnacionais não mais se limita aos marcos nacionais de um único Estado, pois, seu campo de atuação passa a ser o sistema global; - a valorização mundial do capital, o que implica que o tempo de trabalho socialmente necessário que regula o valor das mercadorias se estabeleça ao nível mundial, não nacional. - os preços de produção e os preços de mercado passam a ser regulados pelas condições mundiais de produção; - a tomada de decisões, sob a perspectiva administrativa, passa a ter como base a realidade mundial e não nacional; - dificuldade dos Estados-nação controlarem as atividades das empresas transnacionais. www.esab.edu.br 24 Os blocos econômicos regionais Conforme suas características, os blocos econômicos podem ser classificados da seguinte forma: Zona de livre comércio – acordos comerciais de redução ou eliminação das tarifas alfandegárias entre os países membros do bloco. Exemplo: Acordo de Livre Comércio da América do Norte (NAFTA). União aduaneira – além de reduzir ou eliminar as tarifas comercias entre os países integrantes do bloco, regulamenta o comércio com as nações que não pertencem ao bloco através da TEC (Tarifa Externa Comum). Exemplo: Mercado Comum do Sul (MERCOSUL). Mercado comum – proporciona ainda a livre circulação de capitais, serviços e pessoas no interior do bloco. Exemplo: União Europeia (UE). União econômica e monetária – evolução do mercado comum. Os países adotam a mesma política de desenvolvimento e uma moeda única. É o atual estágio da União Europeia (Texto disponível em: https://mundoeducacao. bol.uol.com.br/geografia/blocos-economicos. htm). A formação de blocos econômicos regionais é uma característica do atual processo de globalização. Os blocos econômicos regionais são formados por países ao firmarem acordo de livre comércio. A viabilização da formação dos https://mundoeducacao.bol.uol.com.br/geografia/blocos-economicos.htm https://mundoeducacao.bol.uol.com.br/geografia/blocos-economicos.htm https://mundoeducacao.bol.uol.com.br/geografia/blocos-economicos.htm www.esab.edu.br 25 blocos econômicos se dá em razão da economia capitalista ter se expandido mundialmente. Os principais blocos econômicos da atualidade: APEC (Cooperação Econômica da Ásia e do Pacífico) ASEAN (Associação das Nações do Sudeste Asiático) CARICOM (Mercado Comum e Comunidade do Caribe) CEI (Comunidade dos Estados Independentes) CAN (Comunidade Andina) MCA (Mercado Comum Árabe) MERCOSUL (Mercado Comum do Sul). NAFTA (Acordo de Livre Comércio da América do Norte). SADC (Comunidade da África Meridional para o Desenvolvimento) UE (União Europeia) Para entender melhor o conceito de globalização, assista o vídeo ‘O que é globalização’ Disponível em: https://www.youtube.com/ watch?v=h5WjNMGztvE Na próxima unidade vamos fazer uma abordagem do comércio internacional. Até breve! https://www.youtube.com/watch?v=h5WjNMGztvE https://www.youtube.com/watch?v=h5WjNMGztvE www.esab.edu.br 26 Vamos entender o que é comércio? Em Rebono (2012, p. 1) podemos encontrar que “comércio são relações que implicam obrigatoriamente numa reciprocidade nas atividades de permuta, troca, compra e venda de produtos ou serviços”. Ainda, vale ressaltar que o dicionário traz os seguintes sinônimos de comércio: mercado, negócio e tráfico. Ludovico (2018, p. 3) diz que “o comércio é um dos motores de crescimento da economia mundial”. Para o autor a Nova Ordem Econômica Mundial, que tem profundas alterações a partir de 2008, criou um novo cenário não só para os países industrializados (G-7), mas também para os países em desenvolvimento (G-20). Foi a partir desse período que os países procuram recuperar as forças de produção, resultando na geração de empregos, aumentando a renda per capita e melhorando o PIB – Produto Interno Bruto. História do comércio A partir da literatura de Ludovico (2012) vamos entender um pouco da história do comércio. www.esab.edu.br 27 Idade Antiga Dentre as tribos da Idade Antiga, as primeiras tentativas de trocas comerciais entre os chefes tribais foram chamadas de escambo (troca de produto sem uso de moeda). O objetivo do escambo era satisfazer as necessidades básicas da comunidade tribal. As principais sociedades da Antiguidade Clássica foram os antigos egípcios no vale do Nilo; os assírios e os babilônicos nas bacias dos rios Tigre e Eufrates; e os cretenses, povo que habitou as ilhas do mar Egeu, ao sul da Grécia, em Greta, Babilônia e Caldeia, esta era o principal centro de comércio. Era, predominantemente, através de camelos que o comércio internacional acontecia naquele tempo. As caravanas de camelos tinham as rotas terrestres previamente determinadas em razão das condições físicas do ambiente, em alguns espaços desertos e outros espaços áreas verdes. As rotas terrestres tiveram o fim da supremacia com o declínio da Babilônica e após a morte de Alexandre, o Grande, dando início ao ciclo marítimo pelos atenienses, através do Mediterrâneo. Destacam-se ainda as cidades de Sidon e Tiro, na Fenícia, importantes centros nas relações comerciais marítimas internacionais. Ressalta-se que na Idade Antiga as bases do comércio internacional foram instituídas com aplicação de usos, costumes e tradições. Idade Média O principal núcleo do desenvolvimento entre o Oriente e o Ocidente foi Constantinopla e ainda, Veneza e Gênova, rivais no Mediterrâneo que também conseguiram notável desenvolvimento no comércio exterior. www.esab.edu.br 28 Ressalta-seque na Idade Média ocorreu a consolidação das normas relativas ao comércio marítimo, com o ordenamento sistêmico de usos, costumes e tradições. Idade Moderna Período em que ocorre um novo ciclo histórico do comércio, o mercantilismo. Os responsáveis pela criação do mercantilismo foram as invenções, os descobrimentos marítimos, a centralização monárquica e a reforma religiosa. O mercantilismo moldou o pensamento econômico entre 1500 e 1750 e foram as descobertas de Portugal e Espanha que os tornaram ícones do comércio internacional. Neste período, por causa das grandes descobertas, aumentou-se o aparecimento de gêneros alimentícios e matérias-primas, inclusive, a custo baixo, o que resultou em novos mercados. Foi na Idade Moderna que aconteceu o declínio do comércio terrestre do Oriente para o Ocidente. Assim, as vias principais do comércio internacional se deslocaram do eixo mediterrâneo (Ásia Menor para os Oceanos Atlântico e Índico). Idade Contemporânea Ocorreram as lutas pelo domínio do comércio internacional até o evento histórico da Revolução Industrial. A Revolução Industrial foi um marco na história da humanidade, provocando grandes transformações sociais, com aceleração no ritmo de produção e rápido progresso técnico. As grandes potências que despontam no início do século XX foram os Estados Unidos da América (EUA) e Alemanha. Após a Segunda Guerra Mundial era necessário que se restabelecesse a economia mundial, preponderantemente nos países envolvidos em conflito. Nesse contexto foram os www.esab.edu.br 29 Estados Unidos da América que ajudaram na reconstrução econômica de países como a Alemanha, Grã-Bretanha, França e Itália, através de programa de operação integral e forte suporte financeiro. Em síntese, foi na Idade Contemporânea que ocorre a conciliação das bases do comércio internacional por intermédio da doutrina do livre comércio. Assim, os usos, costumes e tradições se incorporam aos acordos, tratados e convenções. Entre 1947 e 2005 foram criados instrumentos para facilitar o intercâmbio comercial: GATT – Acordo Geral de Tarifas e Comércio; OMC – Organização Mundial do Comércio; FMI – Fundo Monetário Internacional e Banco Mundial. Comércio nacional e internacional No comércio nacional a mercadoria é passada do vendedor ao comprador de forma direta. O Estado, até regula a forma de transferência da propriedade, todavia, não interfere na mesma (SEGRE, 2012). De acordo com Segre (2012, p. 2) “a expressão comércio internacional aplica-se ao intercâmbio de bens e serviços entre nações distintas, resultante das especializações de cada nação na divisão internacional do trabalho”. Nesse comércio o comprador e vendedor devem obedecer às leis internas dos seus respectivos países e a todo parâmetro legal contido no ordenamento jurídico internacional. A história do comércio internacional no Brasil Ludovico (2018) pontua a história do comércio internacional no Brasil. Do período compreendido de 1840 a 1889 (Segundo Reinado) o Brasil basicamente não fez história com o comércio www.esab.edu.br 30 internacional, com exceção dos seguintes eventos: - extração predatória dos recursos naturais no Brasil, principalmente o pau-brasil; - cultura da cana-de-açúcar em Pernambuco e São Vicente, por intermédio das capitanias hereditárias; - outras culturas, como algodão e fumo para atender a compromissos portugueses na Europa; - exploração de ouro em Minas Gerais, que embora beneficiasse apenas Portugal, acabou por deslocar o panorama econômico do Nordeste para o Sudeste, resultando em novas culturas, como o café; - abertura dos portos às nações amigas, com a chegada da Família Real ao Brasil no ano de 1808. Da proclamação da República até meados do século XX o comércio internacional no Brasil limitou-se à exportação de produtos agrícolas e à importação de bens manufaturados, uma vez que a produção industrial não atendia ao consumo interno. Após a Segunda Guerra Mundial o ciclo industrial no Brasil foi reativado com várias indústrias, incluindo a automobilística. Nesse período o Brasil alcança a maturidade econômica e entra para o rol dos países em desenvolvimento acelerado, convertendo-se entre as dez primeiras economias no meado de 2011 e a 53ª economia mais competitiva, em um ranking de 142 países, conforme anunciou o Fórum econômico Mundial. www.esab.edu.br 31 Fatos e aspectos mais significantes pertinentes ao comércio exterior brasileiro: - período de 1930 a 1964: política voltada para a restrição de importação e desempenho sofrível de exportações. Política cambial inadequada e desestimulante. - período de 1965 a 1973: crescimento lento das importações e exportações; após 1967, estratégia de exportação, crescimento do PIB, criação de incentivos fiscais à exportação e liberação de importações. Início da utilização de entrepostos e drawback. - período de 1974 a 1975: desaceleração do crescimento, crise internacional (petróleo, inflação etc.) - período de 1976 a 1992: crescimento significativo das exportações, contratações e posterior expansão das importações, aumento de 7,4% das vendas externas entre 1974 e 1988. - período de 1993 a 2000: abertura comercial, superávits e déficits na balança comercial, crise cambial, crescimento das importações de produtos manufaturados. - período de 2001 a 2005: ritmo acelerado das exportações e diminuição das importações, com ajustes de mercados, superávit comercial e envolvimento acentuado da logística, problemas de infraestrutura operacional. - período de 2006 a 2008: excelente desenvolvimento, crescimento de até 90% das exportações e 30% nas importações, apesar dos problemas de infraestrutura que afetaram a logística operacional. - período de 2009 a 2010: oscilação de queda e recuperação em razão das complicações causadas mundialmente pelos problemas econômicos dos Estados Unidos; porém o comércio exterior brasileiro seguiu fortalecido; www.esab.edu.br 32 - primeiro semestre de 2011: comércio exterior registrou recorde de US$ 223,6 bilhões. As exportações encerraram o período com valor de US$ 118,3 bilhões e as importações, US$ 105,3 bilhões, resultados igualmente recordes. - período de 2012 a 2016: houve uma sensível queda a cada ano, quando o Brasil saiu da casa dos US$ 462 bilhões na Corrente de Comércio Exterior (soma das exportações com as importações) para US$ 322 bilhões. Vamos ver na próxima seção temas pertinentes à exportação e à importação. Até breve! www.esab.edu.br 33 Vimos nesta seção que a logística internacional é um ramo da Logística cujo objetivo principal é melhorar a importância dos sistemas logísticos externos que ligam o fabricante aos seus parceiros da rede industrial, como fornecedores, transportadores e operadores. Dentre os principais fatores que elevam a logística internacional estão o crescimento econômico, a abordagem da cadeia de suprimentos, a regionalização, a tecnologia e a desregulamentação. Assim, podemos dizer que comércio internacional é a atividade que se faz a compra, venda e troca de bens e serviços, bem como de circulação de capitais e de mão de obra entre os países. As teorias clássicas do comércio internacional são conhecidas como: liberalismo e comércio internacional; liberalismo de Adam Smith e Liberalismo de David Ricardo. Dentro desse contexto devemos entender que o conceito de liberalismo envolve a ‘liberdade oferecida ao comerciante de escolher a base de sua atividade econômica e executá-la com quem quer que seja’. Para Adam Smith o Estado não deve intervir no mercado e deve viabilizar que uma sociedade seja capaz de produzir renda e manutenção para si mesma, além de prover os serviços públicos. David Ricardo desenvolve sua teoria a partir das ideias do liberalismo econômico de Adam Smith, contudo, apresenta preocupação com o desenvolvimento sustentável do comércio internacional. A globalização atualmente, no campo econômico, é sinônimo de liberalizaçãocomercial, compreendendo maior abertura das economias nacionais. Ela marca a interdependência dos países em vários âmbitos e ainda, a formação de blocos econômicos regionais é uma característica do seu atual processo. www.esab.edu.br 34 Podemos entender o comércio como relações que implicam obrigatoriamente numa reciprocidade nas atividades de permuta, troca, compra e venda de produtos ou serviços, pontuando que o mesmo é um dos motores de crescimento da economia mundial. A história do comércio internacional remonta à antiguidade clássica e seu desenvolvimento, na era contemporânea, traz a conciliação das bases do comércio internacional por intermédio da doutrina do livre comércio. Assim, os usos, costumes e tradições se incorporam aos acordos, tratados e convenções. A história do comércio exterior no Brasil ganha vulto a partir da Segunda Guerra Mundial, chegando o país a ficar dentre as dez primeiras economias mundiais. Na última década o país alcançou resultados recordes nas exportações, apresentando, também queda do mesmo a partir do ano de 2012. www.esab.edu.br 35 EXPORTAÇÃO E IMPORTAÇÃO Esta unidade apresenta a exportação e a importação em diversas abordagens. Vamos contextualizar a pesquisa de mercado, os métodos e os canais de exportação, agentes internacionais, normas administrativas de exportação, contêineres e embalagens e a política de importação no Brasil. www.esab.edu.br 36 Já vimos que a globalização está inserida nos mais variados temas da atualidade. Revisitando o conceito, Ludovico (2018, p. 18) lembra que globalização é um processo de integração mundial que está ocorrendo há pelo menos duas décadas nos setores de produção, comunicação, economia, finanças e comércio. Por sua velocidade e amplitude, esse fenômeno já afetou indivíduos, empresas e nações, pois altera os fundamentos sobre os quais se organizou a economia mundial nos últimos 50 anos. Assim, ressalta o autor que em decorrência da Nova Ordem Mundial faz-se necessário que as empresas e o governo no Brasil tenham consciência que o crescimento depende da conquista de outros mercados, baseados na solidificação do mercado interno. Ludovico (2018) considera que a exportação, de forma geral, deve ser criteriosamente estudada e planejada sob todos os aspectos administrativos e operacionais. Devemos lembrar que a finalidade principal de um plano de exportação é a maximização das vendas nos mercados externos e como resultado, a maximização dos lucros. www.esab.edu.br 37 Plano de exportação Um plano de exportação deve ser organizado e preparado para um período mínimo de 02 anos. Deve-se inicialmente observar alguns critérios, dentre eles, o planejamento da implantação de Departamento de Exportação, escolha adequada de pessoal especializado, de preferência que tenha graduação na área de comércio exterior, proporcionando sempre a reciclagem das pessoas envolvidas na atividade. Ludovico (2018) apresenta uma ordem de pontos fundamentais do plano de exportação: - estudo do mercado externo, para avaliar as reais possibilidades; - escolha do método de vendas; - estudo da legislação do país com os quais se deseja negociar; - organização administrativa necessária; - atenção no controle de qualidade; - conhecimento técnico dos incentivos oferecidos pelo governo; - cálculo do preço de exportação, levando-se em conta a concorrência; - sempre responder às consultas do exterior, ainda que não seja possível atender o cliente; - embarque das mercadorias de acordo com as amostras enviadas; - uso de linguagem comercial adequada ao produto; www.esab.edu.br 38 - lembrar que as formas de propaganda e publicidade devem estar em perfeita harmonia com as peculiaridades de cada mercado, já que o sucesso de uma campanha de promoção depende, em grande parte, da observância desse particular: cada mercado com seus usos e costumes; - cumprimento dos prazos estabelecidos nas negociações; - consolidação das operações com o apoio das garantias do mercado externo Conhecimentos básicos de exportação Importante saber que as possibilidades e as dificuldades de uma empresa no mercado internacional estão interligadas com as mudanças de comportamento no cenário mundial e nas muitas formas de metodologia utilizada nas pesquisas de clientes ou de mercados. Ludovico (2018) propõe que continuamente a empresa esteja revendo algumas questões pertinentes à exportação, tais como, a disciplina com a pesquisa, a legislação do país para onde se pretende exportar, as diferenças culturais de seu país com o país que se pretende exportar, se os incentivos do governo estão inseridos no preço da exportação e avaliação da competitividade. O autor apresenta também os erros mais comuns que ocorrem no processo de exportação, que seguem listados: - não consideração dos aspectos das diferenças culturais existentes entre povos e nações; - falta de pesquisa de mercado; - seleção errada na escolha do parceiro comercial; www.esab.edu.br 39 - ausência de pesquisa sobre a existência da marca no mercado para onde já se exporta; - elaboração de contrato comercial ou de representação sem observar legislação ou práticas comerciais do país importador; - falta de conhecimento das normas do país importador com relação ao sistema aduaneiro e de defesa do consumidor; - emissão errada de documentos destinados ao importador; - demora na chegada dos documentos às mãos do importador; - ausência de estrutura organizacional adequada na área de exportação; - carência de prestadores de serviços adequados para as operações, principalmente em razão de baixos custos; - falta de esforços de exportação nos mercados-alvo. Barreiras ou dificuldades que devem ser consideradas Ludovico (2018) lembra que as empresas brasileiras que pretendem exportar ou mesmo aquelas que já exportam devem observar as mudanças que podem comprometer o planejamento. As questões que envolvem esses problemas podem estar no âmbito do país exportador e do país importador. Vamos analisar os dois casos. No país exportador: - falta de uma política moderna de comércio exterior; - manter-se atualizado em relação à política externa; - entraves burocráticos e regulamentos para a exportação; www.esab.edu.br 40 - falta de um sistema atualizado de identificação de oportunidades de negócios; - empresa exportadora não preparada para a atividade; - não estar preparado e atualizado com o cenário internacional; - falta de profissionais habilitados nas empresas para as funções. No país importador: - cotas de importação; - protecionismo à indústria local; - falta de moeda conversível; - burocracia e regulamentos rígidos; - instabilidade econômica; - normas técnicas complicadas; - elevados custos de transportes em razão da localização geográfica do país importador; - questões culturais (religião, usos e costumes). Veremos na próxima unidade sobre pesquisas de mercados. Até breve! www.esab.edu.br 41 Em um mundo globalizado não é só necessário que a empresa tenha um excelente produto para oferecer no mercado internacional. O produto a ser vendido deve atender às necessidades e exigências do consumidor. Por isso, “uma maneira correta de atender às preferências do consumidor e a outros fatores de marketing é a pesquisa de mercado. As preferências em relação ao produto nunca devem ser presumidas” (LUDOVICO, 2018, p. 29). Importância da pesquisa de mercado A pesquisa de mercado viabiliza que empresas evitem enganos dispendiosos. Nesse sentido, a pesquisa precisa ser entendida como um processo permanente, e não só quando o produto está para ser inserido no mercado. Enfim, o produto precisa ser testado no estrangeiro com o objetivo de perceber sua aceitabilidade, deve ser submetido periodicamente às modificações necessárias a fim de que o mesmo possa ser negociável, incluindo seu design, qualidade, embalagem, preço, dentre outros aspectos. www.esab.edu.br 42 Ludovico (2018)apresenta vários critérios que importam para a pesquisa de mercado. Vamos entender, a partir de agora, as várias abordagens da pesquisa de mercado. Pesquisa de mercado: respostas objetivas às perguntas Que perguntas fazer em uma pesquisa de mercado? A pesquisa de mercado deve conter as seguintes perguntas: - quais são os mercados mais promissores para o (s) produto (s) da empresa? - quais são as demandas geral e potencial para (s) produto (s) da empresa nesses mercados, levando-se em conta os gostos locais, as tradições e as condições climáticas? - quem são os concorrentes? E quais são os motivos de força ou fraqueza deles? - qual será o método de introdução, por exemplo, de design e embalagem, mais eficiente ou mais aceitável? - qual idioma deve ser usado nos folhetos, nas embalagens, na literatura de vendas e serviços, e nas correspondências com os compradores em potencial? - qual é a utilidade da publicidade, que mídia deve ser usada e quais são os custos? - qual é o melhor canal de distribuição e quais serão os custos desse serviço? - serão competitivos os preços dos produtos em relação aos concorrentes e às condições do mercado local? www.esab.edu.br 43 - qual é o nível de estabilidade politica local e eficiência comercial. Qual é a situação da economia nacional? - quais são as condições de acesso ao mercado (extensão das barreiras tarifárias e não tarifárias). Depois de entendermos que a pesquisa de mercado proporciona respostas objetivas, vamos dizer também que pesquisa de mercado significa “pontuar todos os fatores condicionantes na venda de determinado produto em determinado mercado ou para determinado grupo. A ênfase é dada na definição da natureza do mercado, quantitativa e qualitativamente” (LUDOVICO, 2018, p. 30). De forma que se faz necessário saber quem são os compradores, suas preferências, necessidade de modificar o produto, a quantidade a ser pedida, a tendência dos preços, normas do governo sobre os preços, entender a concorrência e a competição, as condições de acesso ao mercado e ainda os canais de distribuição. Tipos de pesquisa no mercado Pesquisa sobre o produto O quadro abaixo apresenta as especificidades da pesquisa sobre o produto: Pesquisa sobre o produto Tamanho de mercado; produção local; total das importações; total das exportações; consumo aparente (produção local + importações – exportações). Características do produto Cor; gosto; tamanho; design e estilo; materiais componentes; especificações técnicas e normas de segurança; embalagem de produto; embalagem protetora/contêineres para embalagem. www.esab.edu.br 44 Concorrência Estrutura e força; possibilidade de competir; armas competitivas da concorrência (características do produto, serviços, crédito, descontos, condições de pagamento, esquemas publicitários). Acesso ao mercado Tarifas e quotas locais e internacionais; restrições monetárias (de divisas); normas sanitárias e normas de segurança; impostos internos; implicações políticas; publicidade. Práticas comerciais Métodos de avaliação; marcas registradas; condições de pagamento; exigências burocráticas; serviços; canais de distribuição; transporte e publicidade. Fonte: adaptado de Ludovico (2018). Pesquisa sobre o país O quadro abaixo apresenta as especificidades da pesquisa sobre o país: Pesquisa sobre o país Superfície e geografia; clima, população; língua, principais cidades e centros comerciais e industriais; tipos de governo; pesos e medidas; eletricidade; hora local. Economia nacional Principais fatores econômicos (moeda; PIB; PIB per capita; preços para o consumidor etc.); estrutura da economia; plano nacional de desenvolvimento econômico; orçamento nacional; regulamentação dos investimentos estrangeiros. www.esab.edu.br 45 Economia externa Acordos comerciais existentes; distribuição geográfica; principais produtos exportados e seu destino; principais produtos importados e seus fornecedores; balanço de pagamentos; liquidez internacional. Acesso ao mercado País-membro da união aduaneira, mercado comum etc.; normas comerciais (barreiras tarifárias e não tarifárias; normas de marcação e de classificação; documentos de embarque; direitos alfandegários estipulados; restrições cambiais); procedimentos para oferta. Aspectos gerais de marketing Método de cotação; método e condições de pagamento; canais de distribuição; conflito e arbitragem; condições gerais de entrega. Fontes de informações sobre o mercado Ministérios da Indústria e do Comércio; câmaras do comércio; setor comercial dos consulados estrangeiros; associações comerciais; institutos de embalagens; Banco Mundial; GATT; FMI; ITC; OCDE; UNCTAD etc. Fonte: adaptado de Ludovico (2018). A pesquisa de mercado não soluciona, mas colabora com a identificação da natureza e da extensão dos problemas. Os referidos problemas podem ser controlados por uma estratégia de marketing apropriada ao caso concreto. Importante ainda entender outros fatores que interferem na exportação de um produto. www.esab.edu.br 46 Vamos descrevê-los no quadro abaixo: Principais aspectos culturais dos países Idioma; história; educação; superstições; forma de saudação pessoal; humor; política; hospitalidade; religião; folclore; cores; higiene; alimentação; idade média dos habitantes. Informação no folder sobre a empresa/produto de exportação Dados gerais da empresa; histórico, tradição da empresa e participação no mercado interno; dados sobre os produtos; características dos produtos; se a empresa oferece possibilidade de mudanças ou adaptação no produto; como o produto pode ser utilizado (no caso de máquinas e bens de capital, mostrar claramente suas aplicações). Sugestões Evitar fotos com os executivos da empresa (pois as mudanças nos quadros de funcionários provocarão reações de instabilidade); o catálogo (folder) teve ter clareza e objetividade, para isso deve ser elaborado com os correspondentes setores da empresa; produtos altamente técnicos deve ter um catálogo geral para um público mais abrangente e um catálogo técnico para um público mais específico. Fonte: adaptado de Ludovico (2018). Assista o video ‘Como fazer pesquisa de mercado’, Disponível em: https://www.youtube. com/watch?v=nuiQ8dO2DCg https://www.youtube.com/watch?v=nuiQ8dO2DCg https://www.youtube.com/watch?v=nuiQ8dO2DCg www.esab.edu.br 47 Vamos continuar nas próximas unidades estudando sobre os vários aspectos da exportação. Na próxima unidade vamos ver os métodos e os canais de exportação. Até breve! www.esab.edu.br 48 Como exportar? Vamos iniciar esta unidade falando dos métodos de exportação. Ludovico (2018) explica os métodos de exportação e enfatiza que a empresa que decidiu exportar precisa de escolher por qual método iniciará sua inserção no mercado externo: se pelo método direto ou método indireto. Método Direto As empresas que têm interesse permanente em exportar utilizam o método direto. O método direto consiste em implantar um departamento separado na empresa, dirigido por um diretor ou gerente de exportação que desenvolvem todas as atividades comercial, administrativa, financeira e operacional. A meta é colocar nos mercados exteriores determinada parcela de produção. A empresa, nesse método, arca com todas as despesas relacionadas com a exportação, tais como as viagens, comunicação, envio de amostras, materiais promocionais e propagandas. A contratação de um agente internacional em cada país é uma forma de ampliar o sucesso das exportações. Por fim, devemos saber que o método direto exige que haja um setor exclusivo para exportações nas empresas. www.esab.edu.br 49 Método Indireto O método indireto, de acordo com Ludovico (2018, p. 36), é utilizado pela empresa que [...] não se considera suficientemente preparada para procurar ou negociar com o exterior, ou ainda não deseja se empenhar a fundo antes de se convencer de que existe um bommercado para seus produtos, poderá utilizar deste método para exportar, pois esse sistema é chamado de ‘Venda Interna Equiparada à Exportação (VIEE) e oferece os mesmos incentivos fiscais à empresa produtora, como se fosse exportadora (método direto). Para que não ocorram problemas, ao se utilizar o método indireto, é prudente que se verifique as legislações estaduais e federais. Trading brasileiras Empresas Comerciais Exportadoras e Trading Companies As Empresas Comerciais Exportadoras (ECE) e as Trading Companies (TC) são especializadas em operações de exportação de produtos para diversos mercados, propiciando oportunidades de negócios para micro e pequenas empresas brasileiras, uma vez que dispõem de canais de distribuição e de relacionamento com clientes no exterior. (http://www.investexportbrasil.gov.br/ trading-brasileiras). http://www.investexportbrasil.gov.br/trading-brasileiras http://www.investexportbrasil.gov.br/trading-brasileiras www.esab.edu.br 50 A atividade VIEE é desenvolvida pelas trading companies e também pelas empresas comerciais exportadoras, de diferentes constituições societárias. Esses dois tipos de empresas foram regularizadas no Brasil com o objetivo de expandir as exportações. A trading companies foi autorizada pelo Decreto-Lei n. 1.248/72, que regulamenta a obtenção de incentivos fiscais e financeiros e programas anuais de exportação. A empresa comercial exportadora deverá observar os requisitos da Portaria SECEX nº 23, de 14/07/11. Utilizar os serviços dessas empresas (Empresas Comerciais Exportadoras – ECE e as Trading Companies -TC) é uma alternativa para que o fabricante possa averiguar se em outros países existe demanda para seu produto. É também uma alternativa prática para colocar os produtos nos mercados chamados difíceis, nos quais o ‘saber como fazer’ é de extrema importância. Nessa prática o fabricante recebe dessas empresas comerciais informações sobre o tipo de embalagem a ser utilizada, qualidade internacional, preços, garantias, usos e costumes etc. Observação! As empresas comerciais no Brasil proporcionaram a repercussão dos produtos no exterior. Canais de distribuição Canal de distribuição é o caminho escolhido por uma empresa para fazer seus produtos chegarem aos consumidores certos, no local e no momento exato. Em outras palavras, o canal de distribuição é a área do www.esab.edu.br 51 Marketing encarregada de colocar o produto adequado no momento e no local em que ele for necessitado pelos consumidores. Canais de distribuição nos mercados externos No quadro abaixo aparecem resumidamente os principais canais, com seus conceitos, que podem ser utilizados para introdução nos mercados externos. Canal eleito Quem realiza as operações de exportações Vantagens Desvantagens Agentes de compras – empresas estrangeiras operando no país exportador Agente de compra O exportador não precisa realizar nada, além da venda interna. Submissão a esses agentes. Riscos de perda de oportunidade, caso exista exclusividade. Concorrências internacionais Produtor Conhecer exatamente os requisitos exigidos pelo consumidor Venda ocasional Projetos de longo prazo Comercial exportadora Comercial exportadora Não precisa fazer os trâmites da exportação. Riscos legais equivalentes aos da venda interna. Custo zero na busca de mercado. Não entra em contato com compradores do exterior. Não acompanha a performance do produto no mercado. Comercial Importadora Produtor Evita gastos adicionais para conhecer o mercado. Oferece serviço pós- venda (reposição, assistência técnica etc.). Pode manipular deficientemente os produtos, criando imagem negativa. Perde o controle e a possibilidade de criar mais expectativa caso tenha exclusividade. Consórcio, pools, cooperativa de exportação Produtores Custos baixos nas promoções. Departamento de exportação em conjunto. União de esforços. Grupo pode não ser coeso. Um elemento do grupo pode denegrir a imagem dos outros. Corretor (broker) Produtor Consegue clientes. Não detém controle físico da mercadoria. Apenas comissionado, portanto, não se incorre em demais regras. Não oferece serviços adicionais. Não garante fidelidade. Produtos não chegam ao conhecimento dos compradores. www.esab.edu.br 52 Representante Produtor Vende em nome do produtor. Obriga-se a não representar mais de uma marca de cada tipo de produto. Ajuda o produtor a realizar vendas. Oferece serviços. Exportador assume todos os riscos, inclusive o controle do representante. Se tiver exclusividade na sua zona, o exportador perderá direito à conta do cliente. Distribuidor Produtor Tem rede de filiais. Importa direto e distribui. Arca com despesa de distribuição. Tem assistência técnica. Financia promoções. Tem política própria de vendas e pode estabelecer preços próprios. Distribui produtos concorrentes. Criação de sucursal no exterior Produtor Estar em contato direto com o mercado. Dispor de assistência própria Elevados custos Fonte: Ludovico (2018, p.39-40). Na próxima unidade abordaremos o agente internacional e as normas administrativas de exportação. Até breve! www.esab.edu.br 53 Inicialmente vamos entender o que agente! Existe uma tendência em generalizar o conceito de ‘agente de exportação’, nele englobando firmas e indivíduos que pouco têm em comum, tanto em termos operacionais como em matéria contratual. De forma que é útil diferenciar os tipos de agenciamentos mais usuais, quer do ponto de vista do prestador de serviços, quer com relação aos problemas e às necessidades específicas das diferentes categorias de exportadores (LUDOVICO, 2018). Avaliação e escolha de agentes de exportação As avaliações orientam com maior clareza como será efetivada a contratação de um agente ou representante internacional que atuará em nome do exportador brasileiro em seu país. Porquanto, são elas importantes diante das necessidades e do desconhecimento da empresa nesse contexto. O quadro seguinte apresenta os tipos de agentes que atuam no exterior: Agente comissionado Possivelmente o tipo mais comum de agenciamento em mercados externos. Remuneração exclusiva por comissões. A seleção pode ser feita mediante lista fornecida pelo setor comercial (Secom) das Embaixadas do Brasil e pelas câmaras de comércio. www.esab.edu.br 54 Importador único Dependendo do produto é preferível um único importador, substituindo-o pelo agente comissionado. Detem direitos exclusivos à importação do produto, podendo ter exclusividade das vendas em seu território, e, eventualmente o direito de fixar preços de acordo com o mercado. Distribuidores exclusivos A exclusividade só deve ser concedida depois de cuidadoso exame das características do mercado em mira. Vários Agentes Está cada vez mais difícil nomear agentes exclusivos em cada mercado para os quais se exporta. Na maioria dos casos, seja qual for a forma de agenciamento, o agente representará o interesse de múltiplos exportadores. Agente del credere Tem natureza operacional do agente del credere semelhante aos dos agentes comissionados, com uma exceção importante: o primeiro indeniza o exportador nos casos de inadimplência dos importadores-clientes. A comissão desses agentes é mais alta para compensar os riscos financeiros em que incorrem. Ele sempre será responsável pelo crédito oferecido ao cliente. Combinações de funções de agenciamento Um contrato de agenciamento será sempre informado pelas características específicas de cada mercado, o que poderá implicar a combinação de uma variedade de funções. Alguns exemplos: Agente + armazenamento: o contrato prevê que o agente fornecerá espaço para armazenamento e manutenção de estoques, que ele não adquirirá, mas pelos quais lhe serão pagas comissão e taxas de aluguel de armazém. Agente + distribuidor: o agente mantém estoques, por ele adquiridos e distribuídos,operando simultaneamente como agente e cliente, ele soma à sua comissão de agente o lucro obtido na distribuição. Agentes de venda e retorno: o agente é suprido de estoques, para os quais providencia armazenagem. Ele vende com base nos estoques e recebe comissão mais lucros de distribuição, com a condição de que a mercadoria não vendida seja devolvida ao exportador. Agente + serviços: pressupõe que, além da comissão de agenciamento, o agente seja ressarcido de qualquer despesa operacional (liberação de mercadoria, transporte exporto etc.). Agente/produtor: caso típico de produtos siderúrgicos e outros em que o agente pode ser, ele mesmo, a indústria. Fonte: adaptado de Ludovico (2018). www.esab.edu.br 55 Fases do processo de seleção de um agente internacional Um dos aspectos mais importantes na nomeação de um agente é sua seleção. De acordo com Ludovico (2018, p. 44) a escolha de um agente deve ser feita de forma objetiva e obedecer às seguintes fases: 1ª – é preciso ter certeza que o produto é exportável e que o exportador será capaz - ou que contará com funcionamento para isso – de ingressar no campo do comércio exterior. 2ª – É necessário preceder de uma análise preliminar de mercados, para a identificação dos mais promissores. Nem todos os exportadores estão em condições de trabalhar o mercado internacional como um todo; a identificação de alguns mercados mais promissores assegurará maior eficiência e custos operacionais mais baixos. 3ª – no processo de pesquisas e em função de seus resultados, é preciso decidir que tipo de agente ou distribuidor melhor atende as características do produto e do mercado. 4ª – deve ser elaborada uma lista detalhada das funções e obrigações que caberão ao agente. 5ª – é necessário escolher qual tipo de contrato que atenderá mais adequadamente aos interesses do exportador e do agente. No que diz respeito ao contrato de agenciamento em seus aspectos jurídicos é preciso que o mesmo contenha cláusulas que atribua ao agente capacidade delegada pelo mandante ou resultante do sistema jurídico local para assumir determinadas responsabilidades. www.esab.edu.br 56 Normalmente, dentre essas responsabilidades se encontram: assumir poderes contratuais, dar garantias, passar procurações ou exercer representação em nome do mandante, solucionar controvérsias que envolvam o mandante, comprometer o crédito do mandante, sob contrato, assumir legalmente sua qualidade de agente. Normas administrativas de exportação Ludovico (2018) já explica incialmente que o Brasil é um país relativamente novo no comércio exterior. De forma, que há de se considerar que constantemente ocorrem reformulações no sistema interferindo nas funções administrativas, que é um dos gargalos da burocracia. Somado a isso há ainda a insegurança para as empresas que mantêm atividades de exportação e, também para aquelas que estão iniciando essa atividade. Segue-se uma lista de sites de órgãos controladores das operações a fim de manter atualizados os dados pertinentes à exportação, não permitindo que as empresas fiquem desatualizadas: www.mdic.gov.br; www.receita.fazenda. gov.br; www.portalsiscomex.gov.br; www.bcb.gov.br De acordo com Ludovico (2018) as informações constantes nos sites permitirá que o exportador mantenha-se atualizado sobre os seguintes assuntos: Registro de exportador: nenhuma empresa brasileira poderá praticar exportações sem estar registrada no Sistema Integrado de Comércio Exterior (Siscomex). Critérios de produtos: no sistema administrativo de exportação os produtos estão classificados em: livres, controlados, suspensos e proibidos. http://www.mdic.gov.br http://www.receita.fazenda.gov.br http://www.receita.fazenda.gov.br https://portalunico.siscomex.gov.br/portal/ http://www.bcb.gov.br www.esab.edu.br 57 Modalidades de exportação: exportação com cobertura cambial e exportação sem cobertura cambial. Exportação simplificada: essa modalidade foi criada pelo governo para facilitar as exportações até US$ 50 mil das pequenas e médias empresas. Os embarques devem acontecer por meio de courier (como FedEx e DHL, empresas de transporte internacional que realizam entregas com maior velocidade do que os serviços postais), ou pelo exporta fácil dos Correios. Exportação em consignação: são produtos que pelas suas características se encontram no exterior para as chamadas ‘vendas a pronta-entrega’, apesar de que muitas empresas utilizam para abrir portas, pois, aproveitam o estoque in loco para divulgações, propaganda e promoções. Registros de vendas: na pauta dos produtos brasileiros de exportação, existem vários itens, chamados commodities, que, por suas características, preço, cota ou por interesse na economia nacional, são controlados pelos órgãos governamentais por meio do Siscomex. Sistemas especiais: provenientes de acordos celebrados entre países, por exemplo, Mercosul, e abrangem os produtos brasileiros para a redução ou isenção de taxas de importação nos países participantes. É necessário um certificado de origem pelo exportador. Incentivos às exportações: são os incentivos fiscais ou federais, por meio de isenção ou redução dos tributos para exportação, devem ser pesquisados pelas empresas constantemente, pois a dinâmica do sistema pode deixar o produto menos competitivo por falta de aplicação quando da formação de preços para as cotações internacionais. www.esab.edu.br 58 Documentos: alguns documentos que o exportador necessita ter para a atividade de exportação, referentes à legislação brasileira e também solicitados pelo importador: Registro de Exportação do Siscomex (RE); Declaração Simplificada de Exportação (DSE); Nota Fiscal para acompanhar a mercadoria; Contrato de Câmbio quando do ingresso do pagamento internacional; Fatura comercial (Invoice); Romaneio (Packing list); Certificado de Origem, que poderá ser do Mercosul, Aladi, Sistema Geral de Preferência (SGP), ou apenas que ateste a origem brasileira do produto; outros certificados que poderão ser exigidos do importador, como o certificado de peso e de qualidade; conhecimento do embarque emitido pelo transportador. Na próxima unidade vamos estudar contêineres e embalagens no processo de exportação. Até breve! www.esab.edu.br 59 A embalagem é um aspecto de extrema importância dentro da logística, e como não poderia ser diferente, também dentro da logística internacional. A embalagem é fator que se caracteriza relevante não só para o cálculo do frete, mas também para a condição da carga, porquanto, é a embalagem que vai refletir quanto à movimentação e segurança da mesma. Os contêineres Uma das mais eficientes formas de atender às demandas da logística no comércio exterior quanto à movimentação das cargas, se dá através do acondicionamento das mesmas por contêineres. Assim, as Companhias Marítimas para garantir a segurança de suas cargas, oferecem serviços de fretes através de contêineres. Observação! A segurança do operador deve ser levada em consideração na movimentação dos equipamentos e das operações, de acordo com o princípio ergonômico, dando ênfase na adaptação as condições de trabalho às habilidades do trabalhador. www.esab.edu.br 60 Evolução histórica dos contêineres Ludovico (2018) expõe que no começo da navegação marítima, toda mercadoria era transportada em tonéis, por serem resistentes e de fácil manuseio. Assim, o tonel era uma embalagem ideal, sendo o sistema que nossos antepassados encontraram para enfrentar as grandes dificuldades existentes nas operações de embarque e desembarque. Não é difícil de imaginar a dificuldade daqueles povos, se levarmos em conta que não existia a eletricidade e a máquina a vapor e, como resultado, não existia os guindastes elétricos, nem as empilhadeiras mecânicas. Naquele tempo se utilizava pranchas onde se rolava os toneis para o navio. Hoje, ainda se fala ‘pranchas de embarque’ como tradução do termo loadingrate. Ludovico (2018, p.77-78) faz uma síntese da história da padronização dos contêineres. 1950 - O exército americano desenvolveu o seu recipiente chamado Conex, ou Container Express Service, nas medidas 6x6x8 pés. 1955 - Malcom McLean, americano, fundou a Sea Land Service, mediante a aquisição de 37 navios adaptados para o transporte de containers e estabeleceu as seguintes dimensões para sua «embalagem»: 35x8x8 ½ pés, ou container, como ficou sendo conhecida. 1958 - O mundo começou a sentir a necessidade de padronização das medidas desses containers. Somente então que na América a ASA e na Europa a ISO formaram seus respectivos comitês para estudar, normalizar e padronizar a fabricação desses receptáculos. Porém, como as dimensões propostas por uma divergiam da outra, o mundo esperou mais 10 anos por essa famosa unificação. www.esab.edu.br 61 1968 - Finalmente, apesar de muitas ressalvas e controvérsias, parece que atualmente o mundo todo está adotando, como padrão, as especificações e dimensões propostas pela ISO, embora em alguns países as dimensões ASA ainda sejam aceitas. Observação! O Brasil, por ter adotado as especificações da ISO, fundamentou todas suas instruções técnicas, tanto para o uso como para a fabricação de containers em nosso território, baseadas naquelas normas. Tipos de contêineres Ludovico (2018, p. 79-80) apresenta os mais utilizados tipos de contêineres e sua aplicação. Carga seca (dry): tipo convencional e pode apresentar portas laterais para uso em ferrovias. Aplicação: carga seca, granéis e carga úmida devidamente embalada. Teto aberto (Open top): tipo convencional com teto removível (lona). Aplicações: máquinas, bobinas, sacaria pré-ligada. Aberto: plataforma simples com colunas nos cantos e barras diagonais de reforço. Aplicações: chapas, tubos, perfis e vidros. Granel: providos com tampa para carregamento no teto e bocal para descarregamento no assoalho. Aplicações: cereais e granulados. www.esab.edu.br 62 Refrigerado (Reefer): isolados e equipados com refrigeração. Aplicações: alimentos (aves, carnes, sucos e frutas). Tanques: projetados para qualquer tipo de líquido, com revestimento especial para corrosivos. Aplicações: óleos, sucos, produtos químicos. Logística de uso de contêineres Atualmente é adotado no mundo todo o sistema multimodal (terrestre-aéreo-marítimo), de forma que o contêiner se torna para os operadores de cargas um excelente acessório de transporte, que tanto colabora no embarque como na retirada das mesmas. Pois, através dos contêineres tornou-se consideravelmente viável a locomoção de cargas para qualquer lugar do globo, levando em consideração as vantagens operacionais - house to house. O contêiner como condicionante de carga proporciona um manuseio mais seguro e ainda diminui consideravelmente os riscos de avarias. Embalagens na exportação A embalagem foi utilizada pelos antigos para guardar os corpos dos mortos. No Egito antigo a embalagem tinha a função de preservar, e com o passar dos tempos, o ato de embalar tornou-se tão importante quanto os atos de produzir e vender. “Mais modernamente, ampliou-se o conceito de embalagem, passando a abarcar também as funções de www.esab.edu.br 63 valorização, promoção e até representação do produto. A preservação, porém, nunca deixou de ser o grande requisito [...]” (LUDOVICO, 2018, p. 88). Assim, quando se trata de exportação no mercado moderno, todas as questões que envolvem a embalagem, tem grande importância. De forma que a embalagem, assim como o produto, acima de tudo transmite a imagem de um país, não expressando apenas a identificação de um fabricante. É preciso que ocorra a correta identificação da embalagem quanto ser a mesma para comércio interno ou de exportação. Nessa perspectiva, levam-se em consideração as peculiaridades do comércio externo, em especial, transportes mais longos, manuseio mais intenso e concorrência mais forte. Essas situações resultam na necessidade de novas exigências quando a questão é embalagem. Observação! No caso brasileiro é bem verdade, as distâncias de exportação nem sempre são maiores que as interestaduais, nem a manipulação de cargas tão intensas, mas o fator concorrência determina uma grande diferença (LUDOVICO, 2018, p. 88). Segue Ludovico (2018) pontuando que uma estimativa feita pelos Estados Unidos revelou que os exportadores de países em desenvolvimento perdiam em média de 20% de suas receitas com exportação por defeitos e insuficiências das embalagens. Isso ocorria em especial pelo fato dos mesmos desconhecerem o fluxo da carga e os meios utilizados dos portos de origem até o destino final. Atualmente, em relação ao Brasil, a expressão das etiquetas ‘made in Brazil’ tem colocado o país em uma situação de respeitabilidade. Contudo, ainda falta ao país dinamismo e www.esab.edu.br 64 capacidade para solucionar muitas das questões que surgem em uma diversidade de circunstâncias. As três funções da embalagem Proteção: é a preservação da integridade do produto, desde o local da embalagem até as mãos do consumidor final, envolvendo escala de transporte, distribuição, venda e etc. Quantificação: é a determinação da quantidade ou número de unidades a serem acondicionados em uma embalagem. A embalagem pode ser unitária ou em conjunto. Qualificação: a qualificação determina a funcionalidade da embalagem, identificando o produto e suas peculiaridades – por quem e para quem é produzido, preço, instruções para manipulação e uso, inserção em alguma companhia promocional etc. As embalagens e as exigências internacionais Ludovico (2018) explica que nos Estados Unidos e na Europa vem ocorrendo uma tendência para padronizar as dimensões das embalagens de exportação, seus materiais, etiquetas e requisitos de qualidade. Contudo, antes de desenhar e desenvolver uma embalagem, o exportador deve averiguar os padrões vigentes nos países que se almeja exportar e ainda, os regulamentos sobre tipos e qualidades de materiais que comporão a embalagem de transporte. Observa-se que em países em desenvolvimento as exigências nem sempre ocorrem na mesma proporção, todavia, antes que o exportador acabe arcando com prejuízos inesperados, vale buscar informações sobre todos os aspectos que envolvem as questões de embalagem. www.esab.edu.br 65 Sobre embalagens retornáveis, leia o artigo ‘Embalagens retornáveis para transporte de bens manufaturados: um estudo de caso em logística reversa. Acesse o link: http://www.scielo.br/scielo. php?script=sci_arttext&pid=S0103-65132007000200014 Boa Leitura! http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-65132007000200014 http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-65132007000200014 www.esab.edu.br 66 Já vimos muitos aspectos do comércio exterior brasileiro, todavia, o grande avanço da modernização do comércio exterior no Brasil, e em especial das atividades importadoras, ocorre com a retomada da democracia (eleições diretas) no início da década de 1990, quando o Presidente da República, Fernando Collor de Melo, formulou as diretrizes e os objetivos do comércio exterior. Lembra Ludovico (2018) que na Era Collor foram implantadas normas específicas, com destaque para o controle da inflação e a criação de instrumentos de importação, como abastecimento e modernização do parque industrial brasileiro por meio de obtenção de tecnologia do exterior. Conceito de importação (Ludovico, 2018, p. 112) diz que importação significa a introdução em um país, estado ou município de mercadorias precedentes de outro e em se tratando de comércio exterior, todo mérito da importação diz respeito ao comércio de produtos, ou seja, à transação de compra e venda efetuada pelas partes designadas como vendedor (exportador) e comprador (importador). Quais são as razões para importar Em um mundo globalizado a importação corresponde a uma das mais importantes atividades. Devemos
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