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Cefalometria Radiográfica: Análise e Histórico

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Ana Caroline de Almeida Peçanha - UFES - 2021
CEFALOMETRIA
● Forma de definir, quantificar e localizar um problema craniofacial, além de informar qual a
severidade/magnitude e plano de tratamento a partir dos resultados esperados.
● A cefalometria radiográfica é a mensuração de grandezas, lineares e angulares, em
radiografia da cabeça.
HISTÓRICO
Uma abordagem científica aos padrões craniofaciais humanos foi primeiro iniciada pelos
antropologistas e anatomistas, que faziam medições no crânio seco. Os ortodontistas iniciaram seus
estudos aplicando técnicas antropométricas para analisar a relação dento-crânio-facial.
Em 1780 Camper foi o pioneiro no emprego de ângulos para medir a face. Descreveu a utilização do
ângulo formado pela intersecção de uma linha da base do nariz até o meato acústico externo com
uma linha tangente ao perfil facial.
A descoberta dos Raios X por Roentgen em 1895 revolucionou a Odontologia. Tornou possível o
estudo do crescimento e desenvolvimento craniofacial de forma mais precisa.
Em 1931, Broadbent, nos Estados Unidos e Hofrath, na Alemanha, simultaneamente apresentaram
uma técnica cefalométrica padronizada utilizando uma potente máquina de Raio X (cefalometria
radiográfica) e um posicionador de cabeça (cefalostato). Definiram padrões para a obtenção de uma
radiografia com mínima variação possível:
- Uso do cefalostato (com posicionadores de olivas auriculares e posicionador naso).
- O filme deve estar o mais próximo possível do posicionador.
- A fonte de RX (ponto focal) está sempre à mesma distância do plano sagital mediano do indivíduo:
1,52m.
- O ideal é que a fonte de RX esteja mais distante para o feixe ser mais paralelo, mas assim seria
necessário muita radiação. A medida de 1,52mm é a distância aceitável pela quantidade de radiação
que vai ser gerada e distorção conhecida (de 7 a 8% dessa imagem).
DEFINIÇÕES
Cefalometria radiológica: é uma forma de análise morfológica do complexo crânio-facial que atende
aos objetivos da Ortodontia.
Telerradiografia cefalométrica: é uma radiografia da cabeça tomada a uma determinada distância,
com o paciente posicionado de forma padronizada. É a evidência do que depois é confirmado com a
análise cefalométrica.
Telerradiografía lateral:
↪ Broadbent (EUA): filme no lado esquerdo. Hofrat (Europa): filme no lado direito.
↪ Indicações: avaliação do padrão dento-esquelético facial - auxiliar diagnóstico de anomalias;
Ana Caroline de Almeida Peçanha - UFES - 2021
estudo do crescimento do crânio e da face - observar tendência de crescimento a fim de utilizar
aparelhos que o estimulem ou restrinjam; planificação e acompanhamento do tratamento
ortodôntico; avaliação dos casos tratados (resultados do tratamento); observação das modificações
morfológicas que ocorrem na face, pela influência do tratamento ortodôntico ou ortopédico;
documentação legal.
Cefalogramas Ortodônticos: são um conjunto de medidas lineares e angulares que permitem
identificar, por comparação, a morfologia crânio-facial de um determinado indivíduo.
A telerradiografia é utilizada na cefalometria radiográfica a fim de conduzir a um cefalograma. O
cefalograma é a subtração da telerradiografia de estruturas importantes para análise da morfologia
craniofacial do indivíduo.
ANÁLISE CEFALOMÉTRICA
A análise cefalométrica surge da necessidade de avaliar estruturas craniofaciais, esqueléticas e não
esqueléticas: suas dimensões, proporções e posição espacial.
Indivíduos com retrognatismo ou prognatismo têm tamanhos de áreas muito parecidas. A diferença
é a relação espacial entre as áreas (diferença de posição do osso em relação aos ângulos da face). Por
isso, na cefalometria nos preocupamos muito mais com ângulos do que com tamanhos.
Ao utilizar ângulos é possível relativizar indivíduos com tamanhos diferentes e focar em suas
posições espaciais.
Aspectos a serem analisados:
1. Perfil facial: se este perfil se apresentar agradável, deve-se conduzir a reabilitação
ortodôntica de modo que o perfil do paciente, no final do tratamento, permaneça
satisfatório.
2. Relação dos dentes às bases ósseas: os dentes dão suporte aos tecidos moles, ou seja, o
perfil tegumentar se assenta sobre o tecido duro (dento-esquelético).
3. Relação entre os arcos superior e inferior e a relação de cada um com a base do crânio: é
possível saber se o paciente estudado possui um avanço maxilar ou mandibular. Também é
possível determinar se existe uma Classe I, II ou III de Angle e se os maxilares guardam boa
relação entre si.
4. Paciente braquicefálico, mesocefálico ou dolicocefálico.
São apresentados valores considerados normais para se estabelecer parâmetros com o discrepante.
TRAÇADOS CEFALOMÉTRICOS
Subtração de estruturas fundamentais para avaliação da posição dos dentes e ossos da face (que
variam com o tipo facial, hábitos, etc).
Ana Caroline de Almeida Peçanha - UFES - 2021
Objetivos: “limpar a radiografia”, subtraindo apenas as estruturas de interesse; preservar o arquivo
radiográfico; possibilitar a determinação de pontos, planos e ângulos para a análise cefalométrica.
O cefalograma é o desenho das estruturas anatômicas do crânio e do perfil facial, que conduz ao
estudo que se deseja fazer na telerradiografia lateral da cabeça. Restringe-se às necessidades da
análise proposta. Compreende: desenho das estruturas anatômicas (estruturas estáveis que geram
linhas de referência); demarcação de pontos cefalométricos; traçado de linhas de orientação. Os
pontos e traçados são analisados para identificar anomalias no sentido ântero-posterior e vertical,
diagnóstico e plano de tratamento.
Grandezas cefalométricas: medidas angulares e lineares.
PONTOS CEFALOMÉTRICOS:
S (Sela): centro/meio geométrico da sela túrcica, por
inspeção.
N - (Násio): ponto na parte mais anterior da sutura
fronto-nasal.
Ba - (Básio): ponto mais póstero-inferior da porção anterior
do forame magno.
Po - (Pório): ponto mais superior do contorno do MAE.
Or - (Orbitário): ponto mais inferior do contorno inferior da
órbita.
ENA - (Espinha Nasal Anterior): ponto localizado na
extremidade anterior e superior da maxila.
A - ponto mais posterior do contorno anterior da maxila.
B - ponto mais posterior do contorno da mandíbula.
Pg - (Pogônio): ponto mais anterior do mento.
Gn - (Gnátio): ponto mais ântero-inferior do contorno do mento; meio caminho entre pogônio e
mento.
Me - (Mentoniano): ponto mais inferior do contorno da sínfise da mandíbula.
Go - (Gônio): ponto mais póstero-inferior do contorno do ângulo goníaco, onde toca o plano
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mandibular.
Pg’ - (Pogônio mole).
Ls’ - (Lábio superior).
LINHAS E PLANOS:
Linha Sela - Násio (S-N): do ponto S ao N.
Linha Sela – Gnátio (S-Gn): do ponto S ao Gn.
Linha Násio - A (N-A): do ponto N ao A.
Linha Násio - B (N-B): do ponto N ao B.
Longo eixo do incisivo superior: passando pela margem
incisal e pelo ápice.
Longo eixo do incisivo inferior: passando pela margem
incisal e pelo ápice.
Plano mandibular.
Plano oclusal (PO): é definido pelos pré-molares e primeiros
molares permanentes. A linha é traçada por inspeção
respeitando as radiolucências espalhadas entre as cúspides ao longo da linha de oclusão.
Plano Horizontal de Frankfurt: do ponto Po ao Or.
Linha "E" ou Plano Estético de Ricketts: une os pontos Pog' e Pn.
Linha H de Holdaway: une o ponto Pog’ até o ponto Ls
Linha S: estética; do meio do nariz até a extremidade do mento; relação de postura labial ideal.
● Pontos se unem gerando linhas que se intercruzam.
● Linhas e ângulos têm utilizações baseadas em autores.
ANÁLISES CEFALOMÉTRICAS: Tweed (análise histórica; primeira das análises), Steiner, Downs,
Holdway, Ricketts, McNamara, Petrovic, USP, Unicamp…
● Para Steiner, a linha SN é considerada de referência pois representa a base do crânio e esta muda
muito pouco com o crescimento do indivíduo.
Ângulo SNA:
● Base do crânio: SN.
● Maxila: A.
● Fator cefalométrico: SNA.
● Interpretação:posição ântero-posterior da maxila.
● Média (ideal): 82º, com variação de 2º (80 - 84º).
SNA > 82º = protrusão maxilar.
SNA < 82º = retrusão maxilar.
● Em casos de retrusão maxilar, o tratamento consiste em puxar a maxila para frente para estimular
o crescimento sutural. Em casos de protrusão maxilar, se o paciente estiver em fase de crescimento,
lançar mão de aparelhos ortopédicos que restrinjam o crescimento maxilar.
Ângulo SNB:
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● Base do crânio: SN.
● Mandíbula: B.
● Fator cefalométrico: SNB.
● Interpretação: posição ântero-posterior da mandíbula.
● Média (ideal): 80º, com variação de 2º (78 - 82º).
SNB > 80º = protrusão mandibular.
Indivíduo apresenta tendência à Classe III por excesso de crescimento mandibular.
SNB < 80º = retrusão mandibular.
Indivíduo apresenta deficiência de crescimento mandibular.
Ângulo SND:
● Base do crânio: SN.
● Mandíbula: D
● Fator cefalométrico: SND.
● Interpretação: posição ântero-posterior da mandíbula.
● Média (ideal): 76/77º.
● O ponto D está no meio da sínfise mandibular e se confunde com a raiz do incisivo.
● O ângulo SND é equivalente ao SNB.
SND > 76/77º = protrusão mandibular.
Prognóstico desfavorável. Deve-se compensar com o crescimento maxilar (prognóstico duvidoso).
SND < 76/77º = retrusão mandibular.
Ângulo ANB:
● Maxila: A.
● Mandíbula: B.
● Fator cefalométrico: ANB.
● Interpretação: relação maxilo-mandibular.
● Média (ideal): 2º, com variação de 2º.
● Ângulo de relação de normalidade entre maxila e mandíbula.
● SNA - SNB.
● Apesar de serem feitas 3 medições diferentes, o valor do ângulo ANB não pode ser diferente do
valor de SNA - o valor de SNB.
● Indica o tamanho do problema. Quanto mais +, mais severo o caso de Classe II. Quanto mais -, mais
severo o caso de Classe III.
● Segundo Tweed (classificação esquelética), quando ANB está entre 0° a 4°, há um padrão
esquelético de classe I. Quando situa-se acima de 4°, o padrão esquelético é de Classe II. Abaixo de
0° (ANB negativo), o padrão esquelético é de classe III.
O ângulo ANB (diferença entre os ângulos SNA e SNB) é a medida cefalométrica mais usada para
determinar a relação ânteroposterior da maxila e da mandíbula com a base do crânio. Porém o
ângulo ANB pode oferecer leituras errôneas em duas situações:
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● Quando a porção anterior das bases ósseas (maxila e mandíbula) está posicionada para
anterior ou posterior em relação à nasio, afetando a medida de ANB, mesmo que as arcadas
dentárias estejam bem posicionadas entre si. Isto deve-se à base do crânio ser curta ou
longe.
● Ou quando existe rotação dos ossos maxilares em relação à base do crânio e a leitura de ANB
é errônea. A rotação anti-horária da maxila e da mandíbula produz um ANB negativo de
classe III e a rotação horária resulta em um ANB aumentado de classe II.
O que significa dizer que o paciente é Classe I de Angle e Classe II esquelética? Significa que embora
ele apresente uma boa relação de molares, ele tem um problema esquelético que é camuflado pela
posição dos dentes. Camuflagem é o termo utilizado quando a boa relação entre os dentes
esconde/camufla um problema esquelético.
EXEMPLOS:
1. SNA = 82º, SNB = 70º e discrepância maxilo-mandibular = 12º→ Classe II esquelética por retrusão
mandibular.
2. SNA = 78º, SNB = 89º e discrepância maxilo-mandibular = - 11º→ Problema bimaxilar. Classe III
esquelética por retrusão maxilar (moderada) e protrusão mandibular (acentuada). Se o paciente
estiver em fase de crescimento, é necessário posicionar a maxila anteriormente. Se não, cirurgia
bimaxilar com Le fort I na maxila para posicioná-la anteriormente, além de posicionar a mandíbula
posteriormente. Se o cirurgião optar por fazer a cirurgia ou em um ou em outro (maxila ou
mandíbula), deve fazer na mandíbula pois a discrepância do valor normal para o valor do paciente é
maior.
3. Classe II, 1ª divisão, com: atresia da maxila e protrusão dos dentes superiores.
Normalmente todo paciente Classe II também apresenta atresia maxilar. A parte mais estreita do
arco inferior oclui com a parte que deveria ser mais larga do arco superior, o que gera uma atresia
maxilar.
Outras questões em pacientes Classe II: atresia transversa da maxila, mordida cruzada, protrusão dos
dentes superiores, overjet acentuado, mordida aberta anterior.
Na maioria das vezes, o ortodontista espera o surto de crescimento para o tratamento da Classe II.
Mas quando o paciente tem história de trauma (por exemplo), o profissional deve resolver o
problema mesmo sabendo que o paciente vai precisar de um tratamento em duas etapas.
Primeiramente, uso do aparelho HAAS (fixo).
Ana Caroline de Almeida Peçanha - UFES - 2021
Depois de expandir a maxila, o paciente faz uso do bionator, aparelho de ortopedia funcional dos
maxilares que força a mandíbula no sentido anterior. Dessa forma, o crescimento da mandíbula é
ANTECIPADO (não “estimulado”) pois o diagnóstico foi de retrusão mandibular como principal fator
gerador da Classe II. Embora seja somente a antecipação do crescimento, é uma solução para o
momento.
“O estabelecimento precoce de uma boa intercuspidação não implica diretamente na normalização
do crescimento facial. O tratamento da maloclusão Classe II antes do surto puberal de crescimento
está sujeito a um grau maior ou menor de recidiva da desarmonia esquelética enquanto haja
crescimento.”
Ou seja: o problema é corrigido precocemente, mas esse tratamento não é estável, pois o
crescimento é anormal. Dessa forma, o tratamento de Classe II antes do surto de crescimento
puberal só é feito com uma boa justificativa. É necessário retratar depois.
Num segundo momento: aparelho externo/controle externo da maxila. Dentes são posicionados
posteriormente e a relação ântero-posterior é corrigida novamente.
Logo, normalmente se faz o tratamento em 2 etapas:
1ª etapa: suavizar o problema esquelético imediato.
2ª etapa: complementação esquelética e dentária.
Resultado: Relação dentária normal.
Mas se fosse possível “adiar” o tratamento, o paciente teria o mesmo resultado em apenas 1 etapa
(durante o surto de crescimento puberal).
Por fim: aparelho de contenção.
O objetivo deste caso foi: normalizar as posturas dentárias e, consequentemente, normalizar as
posturas musculares.
SNA, SNB, SND e ANB: medidas da relação ântero-posterior entre maxilares de acordo com Steiner.
Downs também contribui para essa análise com as medidas de ângulo facial e ângulo de convexidade
facial.
Ângulo facial (Downs):
● Plano de referência: PHF.
● Linha variável: plano facial (N-Pog).
● Fator cefalométrico: PHF.NP
● Interpretação: posição da mandíbula em relação a face.
● Média (ideal): 87,8º
● Variação: 82 a 95º
> 95º = protrusão mandibular.
< 82º = retrusão mandibular.
Ana Caroline de Almeida Peçanha - UFES - 2021
● Downs utiliza uma nova referência para checar a posição da mandíbula em relação à face. O ângulo
facial de Downs é análogo ao ângulo SNB e SND de Steiner.
Ângulo de convexidade facial (Downs):
● Linha de referência: N-A.
● Linha complementar: A-Pog.
● Fator cefalométrico: NA.AP.
● Interpretação: posição da maxila em relação à face.
● Média: 0º.
● Variação: -8,5º a 10º.
> = protrusão maxilar.
< = retrusão maxilar.
● Quanto mais positivo o ângulo, mais convexa é a face do indivíduo e maior a projeção da maxila
em relação à face.
● Análogo ao ANB.
Análise de Wits:
● Para avaliar o que já foi visto anteriormente: relação ântero-posterior da maxila e mandíbula.
● Leva em consideração a variação em relação ao plano oclusal.
● Projeção dos pontos A e B ortogonalmente ao plano oclusal.
● Maxila: AO.
● Mandíbula: BO.
● Fator cefalométrico: AO-BO.
● Interpretação: relação maxilo-mandibular.
● Média: ⚦ -1mm, ⚲ 0.
● Por que essa medida é importante? Porque a referência passa a ser o plano oclusal e deixa de ser a
fossa craniana. Além disso, ao projetar o plano oclusal, as variações verticais não interferem na
relação ântero-posteriorda maxila.
↪ Se existe uma rotação dos ossos no sentido anti-horário, a tendência é que a mandíbula aparente
estar mais para anterior, sendo que há a rotação normal do sistema. Em contrapartida, rotações no
sentido horário dão a falsa impressão de que a mandíbula está mais posterior do que a realidade.
● A ideia da análise de Wits é trazer para o plano oclusal a relação ântero-posterior.
● Se existe uma alteração no ANB e não existe na análise de Wits (ex: um mesmo paciente que
apresente Classe II esquelética com ANB = 5º e Classe I de Wits = 0), normalmente isso se deve a um
excesso de crescimento vertical da face. Ao realizar a abertura de boca, a relação da mandíbula é
sempre para posterior (movimento no sentido horário); quanto mais vertical a face do indivíduo,
maior a tendência dele apresentar uma Classe II, mas essa Classe II não é ântero-posterior e sim
vertical, então o tratamento deve ser com foco no crescimento vertical e não no crescimento
ântero-posterior.
Avaliação esquelética da relação maxilo mandibular no sentido ântero-posterior: alterações verticais
podem confundir o diagnóstico, pois a mandíbula rotaciona para trás (pelo excesso vertical) e
Ana Caroline de Almeida Peçanha - UFES - 2021
quando isso acontece o ponto B acompanha o movimento e gera um diagnóstico de Classe II. Se o
profissional não ponderar os ângulos, o tratamento de escolha pode estar errado.
Os próximos ângulos são para checagem vertical. Indicam qual a tendência de crescimento do
indivíduo (mais vertical ou horizontal) para realizar um possível tratamento de correção vertical.
Eixo Y (de Downs):
● Base do crânio: PHF.
● Região ântero-inferior da mandíbula: Gn.
● Fator cefalométrico: PHF.SGn.
● Interpretação: crescimento vertical da face.
● Média: 59,4º.
● Variação normal: 53 a 66º.
● Quanto maior o ângulo de eixo Y, mais vertical é o crescimento. Quanto menor, mais horizontal.
● Indivíduos com esse ângulo aumentado indicam crescimento vertical excessivo da face - padrão
dolicofacial. Se o indivíduo estiver na fase de crescimento: tendência vertical de crescimento. Se o
indivíduo já passou pelo surto de crescimento puberal: excesso vertical anterior de face.
● Indivíduos com esse ângulo diminuído indicam padrão braquifacial. Nesses casos, se apresentarem
mordida profunda, o prognóstico é pior porque a mandíbula tende a se mover no sentido
anti-horário e piorar. Se apresentarem uma mordida aberta o prognóstico é mais favorável.
Ângulo SN.GoGn (de Steiner):
● Linha SN de referência para analisar verticalmente o indivíduo.
● Equivalente ao eixo Y.
● Crescimento vertical anterior da face. Ângulo aumentado: excesso vertical de face ou tendência
vertical de crescimento de face.
● Base do crânio: SN.
● Plano mandibular: GoGn.
● Fator cefalométrico: SN.GoGn
● Interpretação: crescimento vertical da face.
● Média: 32º com variação de 2º.
● Excesso vertical anterior: mordida aberta esquelética. Mordida aberta com um componente
esquelético = pior prognóstico.
● Deficiência vertical: sobremordida esquelética.
O indivíduo pode apresentar excesso anterior sem mordida aberta.
Análise de Wylie:
Proporção facial.
● Linha de referência: N-Me.
Ana Caroline de Almeida Peçanha - UFES - 2021
● Ponto de referência: projeção ortogonal da ENA.
● Fator cefalométrico: ENA-Me / N-Me.
● Interpretação: altura do ⅓ inferior da face (proporção).
● Média: 55%
> 55º = excesso do ⅓ inferior da face em relação a face total.
< 55º = deficiência no ⅓ inferior da face em relação a face total.
O ortodontista deve buscar todas as medidas para afirmar se realmente há excesso ou deficiência
vertical da face.
Os hábitos de sucção em casos de mordida aberta anterior geram interposição lingual.
Fatores etiológicos da mordida aberta anterior:
1. Excesso vertical anterior de face - tendência de crescimento vertical.
2. Hábitos (sucção dos dedos).
3. Interposição de língua.
Tratamento (nesse caso):
- Aparelho com torno de expansão e grade.
A grade impede que o dedo e a língua se interponham, com melhora significativa da mordida aberta.
- Aparelho externo removível: faz uma força póstero-superior e também contém o crescimento
vertical do ⅓ médio da face/complexo nasomaxilar. O aparelho é superposto aos dentes posteriores
superiores e força esse elástico (póstero-superiormente), controlando o crescimento vertical da
maxila. Com isso, a mandíbula se movimenta em sentido anti-horário (para anterior), diminuindo a
retrusão mandibular e gerando uma mordida profunda. O objetivo do tratamento, então, é
transformar a mordida aberta em mordida profunda que tende a recidivar levemente. Dessa forma
um indivíduo Classe II passa a ser Classe I pois o excesso vertical foi corrigido.
Tratamento de mordida aberta anterior: eliminar fatores etiológicos e controlar o crescimento
vertical da maxila. Como diagnosticar? Através da medição de Y, SngGoGn e proporções faciais.
Análise dentária: para saber se estão na base óssea, projetados ou retroinclinados.
Ângulo 1.SN:
Ângulo do longo eixo do IS. Pode ser medido pela linha de referência SN (ângulo posterior inferior).
● Base do crânio: SN.
● Incisivo superior: linha do incisivo superior.
● Fator cefalométrico: 1.NS.
● Interpretação: inclinação vestíbulo lingual do incisivo superior.
● Média: 103º.
> 103º = Incisivos projetados ou proclinados.
< 103º = Incisivos retroinclinados.
Ângulo 1.NA:
Outra forma (mais usada) de avaliar o longo eixo do IS é comparando com a linha NA (linha de
referência).
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● Base esquelética: NA.
● Incisivo superior: longo eixo (prolongamento da linha que passa pelo bordo incisal até o
ápice radicular). Intercepta a linha NA gerando o ângulo 1.NA.
OBS: 1.NA é redundante, devia ser medida 1.NA pois 1. quer dizer ângulo; medida 1.NA é em
mm.
● Fator cefalométrico: 1.NAº.
● Interpretação: inclinação e protrusão do incisivo superior.
● Média: 22º.
> 22º = projetado/inclinado para vestibular.
< 22º = retro-inclinado.
Medida 1-NA:
Medida de protrusão do IS em relação à linha NA. Entre a linha NA e o ponto mais proeminente da
face vestibular do IS.
● Base esquelética: NA
● Incisivo superior: superfície vestibular/bordo incisal.
● Fator cefalométrico: 1-NA.
● Interpretação: posição ântero-posterior do incisivo superior.
● Média: 4 mm (dente 4mm à frente dessa linha). Perpendicular a NA.
> 4mm = protrusão.
< 4mm = retrusão.
Para definir o tratamento para o IS.
Ângulo 1.NB:
Inclinação do II em relação à linha NB.
● Base esquelética: NB.
● Incisivo inferior: longo eixo.
● Fator cefalométrico: 1-NBº.
● Interpretação: inclinação e protrusão do incisivo inferior.
● Média: 25º.
> 25º = projetado/inclinado para vestibular.
< 25º = retro-inclinado.
Medida 1.NB:
Distância em mm da linha NB até a parte mais proeminente da face vestibular do II medido
ortogonalmente (linha perpendicular à linha NB).
● Base esquelética: NB.
● Incisivo inferior: superfície vestibular/bordo incisal.
● Fator cefalométrico: 1-NB.
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● Interpretação: posição ântero-posterior do incisivo inferior.
● Média: 4mm (perpendicular a NB).
Ângulo 1.1:
Ângulo formado entre o longo eixo dos IS e II.
● Longo eixo: Is-Ii.
● Incisivos: inclinação e protrusão dos incisivos.
● Fator cefalométrico: ângulo 1-1.
● Interpretação: protrusão dentária.
● Média: 131º.
< 131º = biprotrusão dentária.
Plano oclusal (Steiner):
É possível avaliar quanto de inclinação o plano oclusal tem em relação a base do crânio. É traçado
passando na intercuspidação dos molares até metade da sobremordida do paciente.
● Base do crânio: SN.
● Plano oclusal: superfície oclusal de molares e meio da sobremordida.
● Fator cefalométrico: Plano oclusal.SN.
● Interpretação: inclinação dos dentes em oclusão.
● Média: 14º.
Quanto maior, maior a tendência a excesso vertical.
Holdaway para avaliar o perfil mole.
Linha H (Holdaway):
● Linha H: Pg’Ls’.
● Nariz: ponta do nariz.
● Fator cefalométrico: linha H.
● Interpretação:convexidade do perfil.
● Média: 9 - 11º.
Quanto maior, mais reto e côncavo o perfil do indivíduo.
Quanto menor, mais convexo (mandíbula para posterior e incisivo projetando o lábio, com
isso tende a ficar negativo).
Aumento: perfil côncavo.
Diminuição: perfil convexo (típico da classe II).
Linha S (Steiner):
Mais utilizada. Une o ponto Pg’ (projeção do Pg no tecido mole) até o centro da columela nasal (S do
nariz), ponto MS.
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● Linha S: Pg’ - MS.
● Lábios: Ls e Li.
● Fator cefalométrico: linha S.
● Interpretação: convexidade do perfil.
● Média: 0 a 2 mm.
Perfil convexo: lábio à frente dessa linha.
Perfil côncavo: lábios atrás dessa linha.
Linhas H e S se complementam. Linha H: negativa para Classe II e positiva para Classe III e linha S
(mesma constatação). O profissional deve checar diferentes medidas para a mesma referência pois
isso aumenta a criticidade e assertividade do diagnóstico.
O dente, ao ser posicionado corretamente na base óssea, torna o perfil mais reto.
Triângulo de diagnóstico facial de Tweed (análise de Tweed):
Valor prático e histórico, de uma época em que se faziam muitas extrações. Hoje em dia, o perfil
muito reto envelhece o indivíduo.
Tweed foi o primeiro autor a utilizar radiografias no planejamento ortodôntico.
● Plano horizontal de Frankfurt (altura da face);
● Plano mandibular (altura da face);
● Longo eixo do incisivo inferior (inclinação do II; colocar na base óssea).
● Soma das medidas = 180º.
● FMA: PHF, mandibular e Angle. IMPA: II e plano mandibular. FMIA: PHF e longo eixo do I.
Ângulo FMA:
● PHF: Po-Or.
● Plano mandibular: GoMe.
● Fator cefalométrico: FMA.
● Interpretação: crescimento vertical da face.
● Média: 25º.
Hiperdivergente ou + = excesso vertical anterior da face.
Hipodivergente ou - = deficiência vertical anterior da face.
Ângulos sinérgicos: SN.GoGn (Steiner), Eixo Y (Downs) e FMA (Tweed). 3 ângulos diferentes, 3
autores diferentes, com referências diferentes que querem dizer a mesma coisa: crescimento vertical
da face.
Ângulo IMPA:
Posição do II em relação à base mandibular.
● Plano mandibular: GoMe.
● Incisivo inferior: linha do incisivo inferior.
● Fator cefalométrico: IMPA.
Ana Caroline de Almeida Peçanha - UFES - 2021
● Interpretação: inclinação vestíbulo lingual do incisivo inferior em relação à mandíbula.
● Média: 87º.
Sinérgico ao NB do Steiner.
> 87º = incisivos projetados ou proclinados.
< 87º = incisivos retroinclinados.
Ângulo FMIA:
● PHF: PoOr.
● Incisivo mandibular: linha do incisivo inferior.
● Fator cefalométrico: FMIA.
● Interpretação: inclinação vestíbulo lingual do incisivo inferior.
● Média: 68º.
Análise cefalométrica:
- Posição da maxila;
- Posição da mandíbula;
- Discrepância esquelética vertical;
- Discrepância esquelética horizontal;
- Tendência de crescimento;
- Posição dentária (incisivos);
- Perfil facial.
Comparo com o normal para definir o padrão esquelético (Classe I, II ou III), padrão dentário
(biprotrusão..), crescimento mandibular (vertical ou horizontal). Junto com a classificação de Angle e
com a avaliação do perfil para fechar o diagnóstico do indivíduo (diagnóstico cefalométrico do
indivíduo).
Superposição cefalométrica: crescimento e efeitos do tratamento.
Quando trato do mesmo indivíduo, muitas vezes não preciso gerar números para avaliar as
alterações de crescimento dele. Ao invés disso, vejo os efeitos no crescimento do tratamento do
indivíduo comparando o início ao fim do tratamento. Gera uma superposição da base craniana e o
resto é o que o crescimento/tratamento fez.
Ex: o crescimento normal da maxila é anterior e inferior. Se numa superposição eu vejo que ela só
cresceu verticalmente (inferior) foi usado usado um aparelho extrabucal que restringiu o crescimento
anterior da maxila. Se a mandíbula cresceu para anterior e inferior: cresceu naturalmente.
As sobreposições de traçados cefalométricos permitem observar e definir os tipos de crescimento
faciais.

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