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1 Oração Reduzida Português 8B29 Aula Antes de iniciarmos o estudo das orações reduzidas, recordemos os três grupos de orações subordinadas vistas anteriormente: 1º) Um aluno que escreve constantemente melhora sua redação. oração subordinada adjetiva (restritiva) 2º) A natureza sinaliza que está se transformando radicalmente. oração subordinada substantiva (objetiva direta) 3º) Se houver paciência, venceremos este momento terrível. oração subordinada adverbial (condicional) Você sabe: um indicador formal de uma oração subordinada é o conectivo. Assim, nos exemplos anteriores tería- mos 1º) “que” > pronome relativo (conector das orações adjetivas); 2º) “que” > conjunção integrante (conectivo próprio das orações substantivas); 3º) “se” > conjunção subordinativa (conector típico da oração adverbial). Agora, portanto, podemos descrever uma oração reduzida, que nada mais é do que uma construção menor, dimi- nuta, daquelas que seriam as orações subordinadas naturalmente desenvolvidas. Para que haja a possibilidade desse tipo de redução, duas condições serão necessárias à construção de uma oração reduzida. 1º) ausência de conector entre as orações; 2º) verbo utilizado em sua forma nominal Ao se eliminar o conector na relação entre as orações, elas passam a ficar “lado a lado”, exigindo de nossa capaci- dade de leitura a percepção para o sentido possível exposto pelo enunciado. Essa operação ainda contará com o verbo na formal nominal. Recorde-se das formas nominais do verbo: INFINITIVO GERÚNDIO PARTICÍPIO aprovar aprovando aprovado escrever escrevendo escrito partir partindo partido O uso das reduzidas, você verá, permitirá maneiras de condensação da informação de um período no momento de construção da frase. Trata-se de um recurso de síntese em algum momento, por exemplo, em que você note repetições possíveis ou indesejadas em suas frases. Tentemos, então, aplicar a redução aos períodos que abriam esta aula. Um aluno que escreve constantemente melhora sua redação. oração subordinada adjetiva (restritiva) 2 Extensivo Terceirão Seria bem possível, neste caso, lançarmos mão de um gerúndio a fim de reduzir a oração. Um aluno ESCREVENDO constantemente melhora sua redação. Diz-se, então, que a redução aqui se dá pela forma do gerúndio. Em exames muito tradicionais, a redação con- vertida seria classificada como ORAÇÃO SUBORDINADA ADJETIVA REDUZIDA DE GERÚNDIO (!!!) Por mais esdrúxula que possa parecer a classificação, ela é bem racional, pois mantém a nomenclatura inicial (oração adjetiva) e apenas acrescenta a informação sobre a redução e a forma nominal que dela participa. Assim, para o segundo exemplo teríamos A natureza sinaliza que está se transformando radicalmente. oração subordinada substantiva (objetiva direta) que passaria à seguinte forma reduzida de infinitivo A natureza sinaliza ESTAR se transformando radicalmente. Observe que a forma verbal no infinitivo ocupa o espaço em que figurava o conectivo “que”. A oração em destaque, nesse último exemplo, continua sendo subordinada substantiva objetiva direta - como se classificava inicialmente -, mas agora lembramos que ela está reduzida de infinitivo. ‘Reconhecer essa manobra significa aumentar nossa capacidade de leitura e de escrita, certo? A mesma possibili- dade se dará com o terceiro dos exemplos: Se houver paciência, venceremos este momento terrível. oração subordinada adverbial (condicional) em que transformaríamos a forma desenvolvida na seguinte construção reduzida de gerúndio. HAVENDO paciência, venceremos este momento terrível. E o caminho inverso? Logicamente é possível nos defrontarmos com enunciados na forma reduzida que possam ser desdobrados em orações desenvolvidas. DISCURSANDO daquele modo, mostrou todo o seu despreparo. oração subordinada adverbial temporal oração principal reduzida de gerúndio Caberá neste caso, como se observará, a ideia temporal. Para explicitarmos tal relação, basta inserirmos o conector que dará conformidade a essa relação. Quando discursou daquele modo, mostrou todo o seu despreparo oração subordinada adverbial temporal oração principal Obviamente seria possível imaginar a frase desenvolvida com “assim que”, “depois que”, expressões temporais. Veja, agora, como seria a conversão de uma reduzida de particípio para a sua forma desenvolvida. RESOLVIDOS os problemas pessoais, terá mais calma na hora da prova. oração subordinada adverbial condicional oração principal reduzida de particípio sendo que a forma desenvolvida seria esta: SE (CASO) resolver os problemas pessoais, terá mais calma na hora da prova. oração subordinada adverbial condicional oração principal Aula 29 3Português 8B Você não precisa se assustar com a nomenclatura. Atente, isso sim, à relação semântica. A classificação sob essa específica terminologia tem sido cobrada cada vez menos. Vale muito mais perceber a relação de sentido entre as orações e valer-se das diferentes possibilidades de organização de escrita que a sintaxe nos oferece. Usar as formas reduzidas de oração, por exemplo, pode fazer com que você “economize” muitos conectivos, evitan- do, por vezes, repetições desnecessárias. Isso também é saber usar bem os mecanismos de coesão. Não se esqueça, obviamente, de que também é possível haver reduções com formas no infinitivo e no particípio, certo? Atenção! A mera presença de uma forma nominal na frase não significa que haja no enunciado uma forma reduzida, certo? É preciso haver as condições morfossintáticas e semânticas para que se faça a conversão de forma precisa e se verifique, de fato, a oração reduzida. Lembre-se de que as locuções verbais, em muitos casos, não permitirão as transformações vistas ao longo desta aula. Quando ocorrer isso, simplesmente não há oração reduzida em jogo. Quase todas as pessoas que conheço GOSTAM DE VIAJAR. COMEÇOU A CHORAR assim que viu a lista. SAÍRAM FALANDO mal dos antigos amigos. Ele HAVIA GOSTADO muito daqueles textos antigos. Testes Assimilação 29.01. Classifique as orações reduzidas: a) Ao retornar à sala, fiquei em silêncio. • Oração subordinada reduzida de . b) Há muitos alunos reclamando do nível das provas. • Oração subordinada reduzida de . c) Aborrecido com a matéria, xingava o mundo. • Oração subordinada reduzida de . d) Feito por você, o resultado seria melhor. • Oração subordinada reduzida de . e) Por dizer a verdade, era leve e tranquilo. • Oração subordinada reduzida de . f ) Mesmo sendo inocente, foi preso. • Oração subordinada reduzida de . g) Trabalhe com afinco para aprender rapidamente. • Oração subordinada reduzida de . h) A melhor política é ser honesto. • Oração subordinada reduzida de . i) Escrevendo sem atenção, nada aprenderás. • Oração subordinada reduzida de . 4 Extensivo Terceirão 29.02. Desenvolva as orações reduzidas: a) Não há qualquer motivo para falar “off” em vez de “desconto”. b) Mesmo sofrendo com a redação, tinha boas ideias. c) Reconhecemos o problema lendo o texto. d) Publicado o nome na lista, comece a comemoração. e) Seria importante escrevermos muito ao longo do ano. f ) Precisando de apoio, peça. 29.03. Leia o trecho a seguir: O estudante de arte se deparou com uma tela antiquíssima visitando a galeria. a) Qual o sentido absurdo que se pode depreender do período? b) Desenvolva a oração reduzida destacada, evidenciando ora o sentido absurdo, ora o sentido lógico do texto. c) É possível resolver o problema de sentido sem desenvol- ver a oração reduzida e sem modificar drasticamente o período? Justifique. Instrução: Texto para a questão 29.04. © A ng el i/F ol ha d e S. P au lo 2 5. 06 .2 00 4/ Fo to ar en a 29.04. Destaque e classifique a oração reduzida que aparece em “- Tenho medo de abrir!”. Aperfeiçoamento29.05. Assinale como VERDADEIROS os períodos que apre- sentam ORAÇÃO REDUZIDA e como FALSOS aqueles em que isso não ocorre. ( ) Uma das melhores maneiras de amar e odiar as pesso- as é esta: convivendo com elas. ( ) Encontramos ontem, na mata, um animal que cavava a terra. ( ) É de admirar que isso ainda acorra. ( ) Feito por você, o trabalho certamente sairia perfeito. ( ) Se prevalecer essa política de contribuição previden- ciária, a nação estará arruinada. 29.06. (IFSP) – Assinale a alternativa em que se desenvolveu a oração reduzida em destaque de forma coerente com o sentido do texto. Na avaliação de profissionais que atuam no campo da adoção, as pessoas começaram a reava- liar seus sonhos de maternidade e paternidade ao perceber que aquele bebê loiro e de olhos azuis não existe nos abrigos. a) ... depois que percebessem... b) ... quando perceberam... c) ... ainda que tenham percebido... d) ... embora houvessem percebido... e) ... à medida que perceberão... Aula 29 5Português 8B 29.07. (UNISC – RS) – Quanto às possibilidades de reescrita para os enunciados a seguir, aponte a(s) afirmativa(s) que avalia(m) adequadamente as alterações. I. Nesse sentido, apregoa tal teoria que, se não forem reprimidos, os pequenos delitos ou contravenções conduzem, inevitavelmente, a condutas criminosas mais graves, em vista do descaso estatal em punir os responsáveis pelos crimes menos graves. Reescrita: Nesse sentido, apregoa tal teoria que, em sendo reprimidos, os pequenos delitos (...). Consideração: a substituição da construção com o uso de condicional pela forma reduzida não gera modificação alguma no sentido original do enunciado. II. Se admitirmos atitudes violentas como algo normal no desenvolvimento das crianças, o padrão de desenvol- vimento será de maior violência quando essas crianças se tornarem adultas. Reescrita: Caso sejam admitidas atitudes violentas (...). Consideração: a reescrita proposta mantém a relação original de condição, tendo sido feitas alterações, de forma adequada, na forma verbal. III. Se for aplicada de modo unilateral, pode facilmente ser usada como instrumento opressor pela autoridade fascista de plantão, tal como um ditador ou uma força policial dura. Reescrita: Aplicando-a de modo unilateral, (...). Consideração: a reescrita com emprego de uma oração reduzida de gerúndio manteve o mesmo grau de condi- cionalidade para que a afirmação a seguir seja sustentada. Assinale a alternativa correta. a) Somente a afirmativa I está correta. b) Somente as afirmativas II e III estão corretas. c) Somente a afirmativa III está correta. d) Somente a afirmativa II está correta. e) Todas as afirmativas estão corretas. 29.08. Leia o trecho abaixo: Mesmo sem saber quem está do outro lado, os usuários de aplicativos de encontros viram ami- gos ou até mesmo namorados virtuais. a) Destaque a oração reduzida. b) Substitua-a por uma oração desenvolvida (introduzida por conjunção e com o verbo no modo indicativo ou subjuntivo), sem produzir alteração do sentido. c) Reescreva a oração “os usuários de aplicativos de encon- tros viram amigos ou até mesmo namorados virtuais” sem mudar-lhe o sentido e sem provocar incorreção, apenas substituindo o verbo. Instrução: Texto para a questão 29.09. Casou Margarida, finalmente, aos 22 anos, já morto o velho Venceslau. Naquele sertão havia por esse tempo muita abastança, 1por modo que um grande pecúlio não era lá nenhum desses en- godos. Os mancebos, que frequentavam a casa, frequentavam-na sem dúvida por causa da moça, 2por via de ser ela muito de liberalidades, mui- to amiga de agradar, não poupando nem mesmo as pequenas carícias que uma donzela senhora de si pode conceder sem prejuízo da sua física inteireza. Aconteceu a uns dois se lhe apegarem de rijo, porém as respectivas famílias, com a im- posão que então os pais ainda abocanhavam, os desviaram; um deles, até à força bruta, quase amarrado, foi recambiado para Olinda, onde se ordenou. Todavia, contando-se este caso ao Rev. Visi- tador, que nesse tempo era o cura de Russas do Jaguaribe, balançou a cabeça em ar de motejo e de antigo entendedor de mulheres e de namoros: – Feiosa, baixa, entroncada, carrancuda ao menor enfado, disse ele, não admito que homem algum se apaixone pela filha do capitão-mor, sal- vo se não é aquela que eu tenho visto no Poço da Moita, onde cheguei a passar mais de uma semana com as febres. Vão ver que ela usou de feitiçaria... Ora se não é isso! Vão ver. – O Rev. Visitador ainda acredita em urucu- bacas? – Se creio! O Inimigo do gênero humano não dorme. E mulheres? Mulheres! mulheres! A nos- sa mãe Eva que não me deixe mentir. Em todo caso, razão tivesse ou não o sacerdo- te, é certo que o começo do tirano amor é sem- pre de umas exterioridadezinhas, pontinhas de dotes profundos, que, em faltando, a mulher pa- rece antes um homem, ou antes um animal sem sexo. Margarida era muitíssimo do seu sexo, mas das que são pouco femininas, pouco mulheres, pouco damas, e muito fêmeas. Mas aquilo tinha artes do Capiroto. Transfigurava-se ao vibrar de não sei que diacho de molas. 6 Extensivo Terceirão Esposando ao Major Joaquim Damião de Bar- ros, uns dezesseis anos mais avançado que ela na idade, passou a chamar-se Margarida Reginal- do de Oliveira Barros. Se, recebendo o nome do marido, ela fez tudo o mais que ordena a Santa Madre Igreja, a Deus pertence. PAIVA, Manuel de Oliveira. Dona Guidinha do Poço. São Paulo: Ática, 2000, 4ª ed. p.16-17 29.09. (UFCE) – Avalie o que se afirma sobre as expressões POR MODO QUE e POR VIA DE e, a seguir, assinale a alter- nativa correta. I. POR MODO QUE (ref. 1) e POR VIA DE (ref. 2) são sintática e semanticamente equivalentes. II. POR MODO QUE introduz uma oração desenvolvida e POR VIA DE, uma oração reduzida. III. A substituição por POR ISSO e POR, respectivamente, subtrai das construções parte do seu caráter regionalista. a) Apenas I é verdadeira. b) Apenas II é verdadeira. c) Apenas III é verdadeira. d) Apenas I e II são verdadeiras. e) Apenas II e III são verdadeiras. Instrução: Texto para a questão 29.10. Segundo a crença popular do Nordeste, quan- do morrem anjinhos, ainda não acostumados com as coisas da vida e quase sem conhecer as coisas de Deus, é preciso que os seus olhos sejam manti- dos abertos para que possam encontrar com mais facilidade o caminho do céu. Pois, com os olhos fechados, os anjinhos errariam cegamente pelo limbo, sem nunca encontrar a morada do Senhor. (Sebastião Salgado) 29.10. (MACK – SP) – Assinale a alternativa correta. a) A oração “que os seus olhos sejam mantidos abertos” é subordinada substantiva objetiva direta. b) No primeiro período há duas orações reduzidas, cuja função é caracterizar o sujeito da oração anterior, a qual é, por sua vez, subordinada adverbial temporal. c) A conjunção “pois” que inicia o segundo período dá ideia de conclusão. d) A terceira pessoa do plural de “sejam mantidos abertos” indica a indeterminação do sujeito. e) Quanto à predicação, o verbo “encontrar”, da última ora- ção, é transitivo direto e indireto. Aprofundamento Instrução: Leia o fragmento do romance O Cabeleira, abaixo, e responda à questão 29.11. O Cabeleira entretanto atravessava matos, ria- chos e tabuleiros por novos caminhos que, infati- gável e ousado, ia abrindo, em direitura ao lugar do seu nascimento. Sentia-se atraído para esse lugar por uma sau- dade infinda, por uma confiança enganosa e fatal. Parecia-lhe que ninguém, nem a justiça dos homens nem a de Deus, na qual desde os mais verdes anos o tinham ensinado a não acreditar, teriam poder para arrancá-lo desses sombrios e protetores esconderijos, dessas grutas insondá- veis, perpetuamente abertas às onças e a ele, per- petuamente fechadas ao restante dos animais e dos homens que não se animavam a transpor-lhes o escuro limiar 1com receio de ficarem sepultados para sempre em tão medonhos sarcófagos.Tendo-se afastado do pé da mata onde haviam sido vencidos e capturados em seus redutos os outros malfeitores, descreveu uma oblíqua de cer- ca de uma légua no rumo do ocidente e desceu depois a uma distância donde pudesse ter debai- xo das vistas o Tapacurá, que lhe servia de guia através do sertão. (TÁVORA, F. O Cabeleira. São Paulo: Martin Claret, 2003. p. 133.) 29.11. (UEL – PR) – No trecho “com receio de ficarem sepul- tados para sempre em tão medonhos sarcófagos”(referência 1), há uma oração reduzida a) subordinada adverbial final. b) subordinada adverbial temporal. c) subordinada substantiva objetiva indireta. d) subordinada substantiva completiva nominal. e) subordinada substantiva predicativa. Instrução: Texto para a questão 29.12. Como percepção da sociedade moderna, não há nada que se compare a ‘O Capital’, ao ‘Manifes- to Comunista’ e aos escritos sobre a luta de classes na França. A potência da formulação e da análise até hoje deixa boquiaberto. Dito isso, os prog- nósticos de Marx sobre a revolução operária não se realizaram, o que obriga a uma leitura distan- ciada. Outros aspectos da teoria, entretanto, fica- ram de pé, mais atuais do que nunca, tais como a mercantilização da existência, a crise geral sempre pendente e a exploração do trabalho. Nossa vida intelectual seria bem mais relevante se não fechás- semos os olhos para esse lado das coisas. (Roberto Schwarz, “Por que ler Marx”, Folha de S.Paulo, 22.02.2013) Aula 29 7Português 8B 29.12. (ESPM – SP) – No trecho: “Dito isso, os prognós- ticos de Marx sobre a revolução operária...”, a vírgula separa uma oração reduzida e isso também ocorre na frase: a) Nada influencia mais a mortalidade infantil, no Brasil de hoje, do que o baixo nível de escolaridade dos adultos. b) Nem a falta de dinheiro, de água ou de esgoto têm um impacto maior na mortalidade infantil. c) Se 1% dos adultos de uma cidade é alfabetizado, mais 47 crianças em média sobrevivem à primeira infância. d) O pesquisador do IBGE Celso Simões, autor do estudo, afirma que educação importa mais que saneamento. e) Tendo a mãe um pouco de educação, consegue-se que o filho tenha acesso aos programas sociais do governo. Instrução: Texto para a questão 29.13. O cajueiro já devia ser velho quando nasci. Ele vive nas mais antigas recordações de minha infân- cia: belo, imenso, no alto do morro, atrás de casa. Agora vem uma carta dizendo que ele caiu. Eu me lembro do outro cajueiro que era me- nor, e morreu há muito mais tempo. Eu me lembro dos pés de pinha, do cajá-manga, da grande tou- ceira de espadas-de-são-jorge (que nós chamáva- mos simplesmente “tala”) e da alta saboneteira que era nossa alegria e a cobiça de toda a meninada do bairro, porque fornecia centenas de bolas pretas para o jogo de gude. Lembro-me da tamareira, e de tantos arbustos e folhagens coloridas, lembro-me da parreira que cobria o caramanchão, e dos can- teiros de flores humildes, “beijos”, violetas. Tudo sumira; mas o grande pé de fruta-pão ao lado de casa e o imenso cajueiro lá no alto eram como ár- vores sagradas protegendo a família. Cada menino que ia crescendo ia aprendendo o jeito de seu tron- co, a cica de seu fruto, o lugar melhor para apoiar o pé e subir pelo cajueiro acima, ver de lá o telhado das casas do outro lado e os morros além, sentir o leve balanceio na brisa da tarde. (Rubem Braga: Cajueiro. In: O VERÃO E AS MULHERES. 5ª ed. Rio de Janeiro: Record, 1991, p.84-5.) 29.13. (UFSCAR – SP) – Há no texto orações reduzidas de gerúndio e de infinitivo. Assinale a alternativa em que a forma verbal da oração reduzida está DESENVOLVIDA corretamente, entre parênteses. a) ... protegendo a família (QUE PROTEGIAM A FAMÍLIA). b) ... para apoiar o pé... (PORQUE APOIARIA O PÉ). c) ... e subir pelo cajueiro acima... (E QUE SUBIRIA PELO CAJUEIRO ACIMA). d) ... ver de lá o telhado das casas do outro lado e os morros além... (PARA QUE VEJA DE LÁ O TELHADO DAS CASAS DO OUTRO LADO E OS MORROS ALÉM). e) ... sentir o leve balanceio da brisa da tarde (QUANDO SENTISSE O LEVE BALANCEIO DA BRISA DA TARDE). 29.14. (IMED – RS) – Em relação ao período Como os ne- gros não trabalhavam mais nas lavouras, os imigrantes começaram a ocupar seus lugares, plantando e colhen- do, mas cobravam pelos trabalhos realizados, são feitas as seguintes afirmações: I. É um período composto, formado por orações subor- dinadas e coordenadas. II. plantando e colhendo representam orações reduzidas de gerúndio. III. a ocupar seus lugares poderia ser expandida, assumindo a forma a ocupação de seus lugares. Quais estão corretas? a) Apenas I. d) Apenas I e II. b) Apenas II. e) Apenas II e III. c) Apenas III. Instrução: Texto para a questão 29.15. Desfazendo-se quase que inteiramente dos traços dos impressionistas, artistas como Van Gogh e Cézanne, explorando novas liberdades, fazem a arte ganhar novas técnicas e aproximar- -se da abstração. A dimensão psicológica do artista transparece em seus quadros: o quarto modestíssi- mo de Van Gogh sugere um cotidiano angustiado, seus campos de trigo parecem um dourado a saltar da tela. A Primeira Grande Guerra eliminará com- preensões mais inocentes do mundo, e o século XX em marcha acentuará as cores dramáticas, convul- sionadas, as formas quase irreconhecíveis de uma realidade fraturada. O cubismo, o expressionismo e o abstracionismo (Picasso, Kandinsky e outros) in- terferem radicalmente na visão “natural” do mundo. (BATISTA, Domenico, inédito) 29.15. (PUCCAMP – SP) – Considerada a frase destacada no texto, comenta-se com propriedade: a) As formas verbais de gerúndio Desfazendo-se e explo- rando devem ser entendidas como correspondendo às seguintes ideias: “Quando se desfaziam” e “se exploravam”. b) Em artistas [...] fazem a arte ganhar novas técnicas e aproximar-se da abstração, “fazem ganhar” constitui uma locução verbal. c) Desenvolvendo as orações reduzidas presentes em artis- tas [...] fazem a arte ganhar novas técnicas e aproximar-se da abstração, obtém-se “artistas [...] fazem que a arte ganha novas técnicas, se aproximando da abstração”. d) O emprego associado de quase e inteiramente, palavras que se excluem mutuamente, afeta a clareza da frase, cujo sentido pode ser apreendido apenas pelo conhecimento prévio do leitor acerca dos impressionistas. e) É aceitável admitir que as ações expressas pelos verbos “desfazer” e “explorar” se realizem em concomitância. 8 Extensivo Terceirão Instrução: Texto para a questão 29.16. REFLETINDO SOBRE APROPRIAÇÃO CULTURAL Os efeitos desta supervalorização da cultu- ra europeia é a existência de uma hierarquia cultural Já há algum tempo, acompanho esse debate so- bre apropriação cultural e, 1lendo os artigos produ- zidos (a favor ou contra), percebi que a maioria não consegue articular este debate com questões mais amplas: racismo e capitalismo. É preciso aceitar que há apropriação cultural. E que esta apropriação não é resultado de uma troca cultu- ral. E por quê? A cultura predominante em nosso país é a ocidental que nos obriga a digerir a cultura euro- peia. Isso é bem problemático numa sociedade mar- cada pela diversidade étnico-cultural. Os efeitos desta supervalorização da cultura europeia é a existência de uma hierarquia cultural. E é aqui que racismo e capita- lismo se articulam na apropriação da cultura do outro. Ninguém no Brasil é proibido de usar um tur- bante, uma guia ou de pertencer a alguma religião de matriz africana. 2Porém, há um olhar diferen- ciado quando negros ou negras usam um turbante, uma guia que os identificam com o candomblé em espaço público. Diferente de brancos. Os primeiros são logo tachados de macumbeiros e os segundos, na moda, estilo e tendência étnica. 3O cerne da questão se dá quando a cultura africa- na e afro-brasileira é apropriada por empresas e os pro- tagonistas são excluídos do processo. Outro problema da assimilação cultural é seu retorno. Esta retornana forma de mercadoria esvaziada de sentido. A filósofa e feminista negra Djamila Ribeiro faz a provocação: 4“A etnia Maasai não quer ser reparada pelo mundo da moda por apropriação, porque lucraram com sua cultura sem que eles recebessem por isso.” A relação entre capitalismo e racismo se manifesta desta forma. O debate sobre apropriação cultural propõe re- fletir sobre o uso da cultura africana e afro-brasileira por empresas sem a presença e um retorno aos pro- tagonistas. Para os que fazem este debate de forma ampla, há uma compreensão de que não é justo atingir pessoas. Estas não possuem um conhecimen- to sobre tal problemática. É preciso atacar as empre- sas que usam e abusam da cultura desses povos e a transformam em simples mercadoria. 5Chamo atenção (finalizando) para o fato de alguns artigos que, sem entender ou por pura de- sonestidade intelectual, procuram, ao combater os argumentos daqueles que escrevem sobre a apro- priação cultural, desqualificar toda uma produção de conhecimento forjada a partir de uma longa ex- periência no combate ao racismo. Penso que todo debate é válido, porém, sejamos éticos. FERREIRA, H. Refletindo sobre apropriação cultural. Disponível em: < http:// www.opovo.com.br/jornal/opiniao/2017/02/hilario-ferreira-refletindo- sobre-apropriacao-cultural.html>. Acesso em: 09 maio 2017 (adaptado). 29.16. (IFPE) – Com base nas estratégias lógico-discursivas mobilizadas no texto, considere as seguintes afirmativas. I. No trecho “lendo os artigos produzidos (a favor ou contra), percebi que a maioria não consegue articular este debate” (1º. parágrafo – referência 1), o verbo destacado institui uma oração subordinada reduzida de gerúndio e estabe- lece, com a oração seguinte, uma relação de alternância. II. Em “Porém, há um olhar diferenciado” (3º. parágrafo – referência 2), a conjunção destacada introduz uma ideia de oposição com relação ao período anterior. III. Em “O cerne da questão se dá quando a cultura africana e afro-brasileira é apropriada por empresas” (4º. parágra- fo – referência 3), a conjunção destacada introduz uma circunstância de tempo. IV. No trecho “A etnia Maasai não quer ser reparada pelo mundo da moda por apropriação, porque lucraram com sua cultura sem que eles recebessem por isso” (4º. parágrafo – referência 4), a expressão em destaque introduz a consequência do lucro do mundo da moda com a cultura Maasai. V. Em “Chamo atenção (finalizando) para o fato de alguns artigos que [...] procuram, ao combater os argumentos daqueles que escrevem sobre a apropriação cultural, desqualificar toda uma produção de conhecimento forjada” (6º. parágrafo – referência 5), a expressão verbal em destaque introduz uma oração reduzida de infinitivo que estabelece uma relação de conformidade com a oração anterior. Estão CORRETAS apenas as assertivas a) I e III. b) II e III. c) III e V. d) III, IV e V. e) I, II e IV. 29.17. (ESPCEX – SP) – Marque a opção que justifica a colo- cação do ponto e vírgula e da vírgula utilizados por José de Alencar no período. “Depois Iracema quebrou a flecha homicida; deu a haste ao desconhecido, guardando consigo a ponta farpada.” a) O ponto e vírgula indica citação e a vírgula indica locução. b) O ponto e vírgula separa oração coordenada e a vírgula separa oração reduzida. c) O ponto e vírgula indica citação e a vírgula separa termos da oração. d) O ponto e vírgula separa oração coordenada e a vírgula marca mudança de sujeito. e) O ponto e vírgula indica enumeração e a vírgula separa termos da oração. Aula 29 9Português 8B Instrução: Leia o trecho inicial do romance O Ateneu, de Raul Pompeia (1863-1895), para responder à questão 29.18. “Vais encontrar o mundo, disse-me meu pai, à porta do Ateneu. Coragem para a luta.” Bastante experimentei depois a verdade deste aviso, que me despia, num gesto, das ilusões de criança educada exoticamente na estufa de carinho que é o regime do amor doméstico; diferente do que se encontra fora, tão diferente, que parece o poema dos cui- dados maternos um artifício sentimental, com a vantagem única de fazer mais sensível a criatura à impressão rude do primeiro ensinamento, têmpe- ra brusca da vitalidade na influência de um novo clima rigoroso. Lembramo-nos, entretanto, com saudade hipócrita dos felizes tempos; como se a mesma incerteza de hoje, sob outro aspecto, não nos houvesse perseguido outrora, e não viesse de longe a enfiada das decepções que nos ultrajam. Eufemismo, os felizes tempos, eufemismo apenas, igual aos outros que nos alimentam, a saudade dos dias que correram como melhores. 1Bem considerando, a atualidade é a mesma em todas as datas. 2Feita a compensação dos desejos que variam, das aspirações que se transformam, alentadas perpetuamente do mesmo ardor, sobre a mesma base fantástica de esperanças, a atualida- de é uma. Sob a coloração cambiante das horas, um pouco de ouro mais pela manhã, um pouco mais de púrpura ao crepúsculo – a paisagem é a mesma de cada lado, beirando a estrada da vida. Eu tinha onze anos. (O Ateneu, 1999.) 29.18. (FUVEST – SP) – I. “Bem considerando, a atualidade ...”. (referência 1) II. “Feita a compensação dos desejos que…” (referência 2) Desdobre as duas orações reduzidas, sem alterar o significado. Desafio 29.19. Classifique as orações dos períodos abaixo. a) Dando bons conselhos, as pessoas dão aquilo de que mais necessitam. b) A função mais comum que tem a boca é esconder a verdade. c) É difícil julgar a beleza, por ser ela um enigma. (Dostoiévski) d) Há homens cuja alma apenas é capaz de impedir que o corpo se putrefaça. (Holmes) e) Ninguém concorda com as opiniões do próximo; concor- damos apenas com nossas próprias opiniões expressas por outra pessoa. 29.20. Leia o trecho abaixo e faça o que se pede. Certas vezes, as orações reduzidas de gerún- dio apresentam uma característica mais livre de análise, limitando-se aos fatores de contexto. a) Desenvolva a oração reduzida abaixo, dando a ela três sentidos distintos. Aponte a circunstância expressa em cada caso. Não estando em sala o austero professor, falam animadamente os alunos. 1. . 2. . 3. . 10 Extensivo Terceirão Gabarito 29.01. a) Ao retornar à sala, fiquei em silêncio. Oração subordinada adverbial temporal reduzida de infinitivo. b) Há muitos alunos reclamando do nível das provas. Oração subordinada adjetiva restritiva reduzida de gerúndio. c) Aborrecido com a matéria, xingava o mundo. Oração subordinada adverbial causal reduzida de particípio. d) Feito por você, o resultado seria melhor. Oração subordinada adverbial condicional reduzida de particípio. e) Por dizer a verdade, era leve e tranquilo. Oração subordinada adverbial causal reduzida de infinitivo. f ) Mesmo sendo inocente, foi preso. Oração subordinada adverbial concessiva reduzida de gerúndio. g) Trabalhe com afinco para aprender rapidamente. Oração subordinada adverbial final reduzida de infinitivo. h) A melhor política é ser honesto. Oração subordinada substantiva predicativa reduzida de infinitivo. i) Escrevendo sem atenção, nada aprenderás. Oração subordinada adverbial condicional reduzida de gerúndio. 29.02. a) Não há qualquer motivo para que/a fim de que se fale “off” em vez de “desconto”. b) Embora/Ainda que/Mesmo que sofresse com a redação, tinha boas ideias. c) Reconhecemos o problema quando/depois que relemos (relía- mos) o texto. d) Quando/Assim que seu nome for publicado na lista, comece a comemoração. e) Seria importante que escrevêssemos muito ao longo do ano. f ) Se precisar de apoio/Caso precise de apoio. 29.03. a) Pode-se pensar que a tela, e não o estudante, visitava a galeria. b) O estudante de arte se deparou com uma tela antiquíssima que visitava a galeria/O estudante de arte se deparou com uma tela antiquíssima quando ela visitava a galeria. (sentidos absurdos). O estudante de arte se deparou com uma tela antiquíssimaquando ele visitava a galeria. (sentido lógico) c) Sim, se alterarmos o posicionamento da oração reduzida, de maneira que ela desponte logo após o termo estudante de arte, é possível desfazer a ambiguidade. Valendo-se do uso de vírgulas e de ênclise, o período ficaria assim: O estudante de arte, visitando a galeria, deparou-se com uma tela anti- quíssima. 29.04. Tenho medo DE ABRIR > Trata-se de uma oração subordinada subs- tantiva completiva nominal reduzida de infinitivo (funciona como complemento do substantivo MEDO). 29.05. V – F – F – V – F 29.06. b 29.07. b 29.08. a) Mesmo sem saber. b) Embora/Ainda que não saibam quem está do outro lado. c) os usuários de aplicativos de encontros tornam-se amigos ou até mesmo namorados virtuais. 29.09. e 29.10. b 29.11. d 29.12. e 29.13. a 29.14. d 29.15. e 29.16. b 29.17. b 29.18. “Se considerarmos bem, a atualidade...” “Se tivermos a compensação dos desejos que...” 29.19. a) Dando bons conselhos > oração subordinada adverbial tempo- ral reduzida de gerúndio. as pessoas dão aquilo > oração prin- cipal. de que mais necessitam > oração subordinada adjetiva objetiva indireta. b) A função mais comum > oração principal. que tem a boca > oração subordinada adjetiva restritiva. é esconder a verdade > oração subordinada substantiva predicativa reduzida de infiniti- vo. c) É difícil > oração principal. julgar a beleza > oração subordinada substantiva subjetiva. Por ser ela um enigma > oração subordinada adverbial causal reduzida de infinitivo. d) Há homens > oração principal. cuja alma apenas é capaz > oração subordinada adjetiva restri- tiva. de impedir > oração subordinada substantiva completiva nominal reduzida de infinitivo. que o corpo se putrefaça > ora- ção subordinada adjetiva objetiva direta. (em relação a anterior) e) Ninguém concorda com as opiniões do próximo > oração co- ordenada assindética (inicial). concordamos apenas com nossas próprias opiniões > oração coordenada assindética. expressas por outra pessoa > oração subordinada adverbial temporal reduzida de particípio (tam- bém pode ser considerada adjetiva). 29.20. a) 1. Quando não está em sala o austero professor > tempo 2. Se não está em sala o austero professor > condição 3. Como não está em sala o austero professor > causa 11Português 8B Para começar A estrutura sintática de muitos enunciados pode apresentar – dada a consciência de quem os produz – um tipo de harmonia em sua construção reveladora de um trabalho de simetria. Diferentes modelos desse tipo simetria, como você verá logo a seguir, encontram lugar no chamado paralelismo, manobra em que, muitas vezes, lançamos mão de estruturas oracionais que podem vir reduzidas ou desenvolvidas, daí o estudo dessas estruturas na aula anterior. Posto isso, paralelismo pode ser considerado um mecanismo linguístico de coordenação de termos que apresen- tem alguma espécie de identidade ou de semelhança nos planos sonoro, sintático ou semântico. Estruturas paralelas tendem a criar uma relação harmônica dentro do enunciado, pois dispõem em equilíbrio as partes que enfocam. Como se frisou anteriormente, isso pode ocorrer em diferentes níveis. No caso do paralelismo sintático, por exemplo, coordenam-se, num enunciado, termos que apresentem a mesma função sintática. Provérbios e frases populares muitas vezes são marcados por claro paralelismo rítmico e formal, o que facilita sobremaneira a sua memorização. “Aqui se faz, aqui se paga” “Casa de ferreiro, espeto de pau” “Tal pai, tal filho” “Filho de peixe, peixinho é” Não há como não reconhecer que essas frases têm algo de especial. No ato da leitura, isso já se nota como que intuitivamente, certo? O que dizer, então, de uma estrofe de “Os Lusíadas” quando se faz a competente escansão em seus versos? “Ces / sem / do / SÁ / bio / GRE /go e / do / troi / A /no (4 – 6 – 10) as / na /ve /ga /ções / GRAN /des / que / fi /ZE /ram. (6 – 10) Ca /le- /se / DE A / le / XAN / dre e / de / Tra / JA / no (4 – 6 – 10) a / fa / ma / das / vi / TÓ /rias / que / ti / VE / ram, (6 – 10) Que eu / can / to o / PEI / to i / LUS / tre / lu /si / TA / no (4 – 6 – 10) a / quem / Ne / tu / no e / MAR / te o / be / de / CE /ram. (6 – 10) Ces /se / tu / do / que a / MU / sa an / ti / ga / CAN / ta (6 – 10) que ou / tro / va / lor / mais / AL /to / se a / le / VAN / ta.” (6 – 10) Inevitável e impressionante reconhecer que Camões obedeceu rigidamente a uma estrutura poética que repete o padrão verificado na estrofe. Ao longo de dez cantos, Os Lusíadas possui 1.102 estrofes de versos decassílabos, ou seja, de dez sílabas rítmicas, somando ao todo 8.816 versos. O esquema rítmico de cada estrofe é AB AB AB CC. Os primeiros seis versos são cruzados e os dois últimos empa- relhados. As tônicas, como você pode observar, estão sempre na mesma posição. Esse é um exemplo nítido de harmonia, organização entre partes, o que podemos entender como paralelismo no nível formal, de construção. Aula 30 Português 8BAula 30 Paralelismo 12 Extensivo Terceirão Riscos, acertos e desvios Se o enunciado coordena termos de diferentes funções sintáticas ou classes gramaticais distintas em uma mesma função sintática, em princípio, e salvo procedimento estilístico específico, ele não apresentará paralelismo sintático, o que deve ser notado como desvio do padrão. Uma frase como a do exemplo a seguir teria quebra do paralelismo sintático Amo muito meus filhos e ler. Qualquer usuário médio da língua estranha tal construção. Como explicar essa percepção de que há algo errado com a frase? Note: meus filhos ................(núcleo substantivo) Amo muito e ler ................(núcleo verbal) O problema aqui é que os termos que funcionam como objeto não se apresentam como itens de uma mesma classe gramatical. O primeiro é substantivo, e o segundo, uma forma verbal. Quebrou-se, portanto, o paralelismo sintático nesse enunciado, pois estão coordenados termos que ferem o padrão esperado em uma estrutura com paralelismo. Uma correção possível seria Amo muito meus filhos e livros (leitura) ou Amo muito brincar / ficar com meus filhos e ler. A manutenção do paralelismo sintático é necessária para que se garanta a correção de um enunciado. Entretanto, é verdade também que na literatura quebra-se com bastante frequência esse paralelismo, obtendo-se assim efeitos expressivos consideráveis. Veja a passagem extraída de Memórias Póstumas de Brás Cubas, em que Machado de Assis coordena dois elemen- tos de diferentes funções sintáticas e, com isso, realça a expressão do enunciado: “E foi assim que cheguei à cláusula dos meus dias, foi assim que me encaminhei para o “undiscovered country” de Hamlet, sem as ânsias nem as dúvidas do moço príncipe, mas pausado e trôpego, como quem se retira tarde do espetáculo. Tarde e aborrecido.” Nesta passagem, o autor retira efeito estilístico da coordenação de dois termos de função sintática, tarde e abor- recido, que aparecem no período final. Este período tem vários termos subentendidos (trata-se de elipses). De modo “completo”, seu significado é: ... como quem se retira tarde e aborrecido do espetáculo. adjunto adverbial predicativo do sujeito Uma possibilidade que decorre justamente da manutenção do paralelismo sintático é a quebra do paralelismo semântico, procedimento que também obtém largos efeitos expressivos. Quando se diz, por exemplo, Ela me fez engolir toda aquela comida e todas as suas palavras a coordenação em questão envolve dois objetos diretos, porém, cada qual relacionado à denotação e à conotação, respectivamente, o que imprime um especial efeito estilístico ao enunciado. Machado de Assis, evidentemente, manejava com maestria esse surpreendente recurso em suas obras, inclusive no já citado Memórias Póstumas de Brás Cubas: ...Marcela amou-me durante quinze meses e onze contos de réis (...) Assim, a duração do “amor” de Marcela por Brás Cubas se dá, segundo a ótica do narrador, a partir da marcação detempo – o que seria óbvio de se esperar – e da marcação de preço – o que pulveriza qualquer vestígio sincero e amoroso que pudesse haver naquela relação. Aula 30 13Português 8B Resumindo Didaticamente, podemos identificar três padrões de paralelismo mais cobrados em exames vestibulares: • Paralelismo rítmico – típico em versos, nas gradações, em enumerações com alguma forma de cadência melódica; • Paralelismo sintático; • Paralelismo semântico. Sempre que você estende uma exemplificação ou procura enumerar algum tipo de citação em seu texto, o paralelismo tende a aparecer. É importante notar a organização e a simetria entre os elementos que possam compor tais sequências. Fique atento às possibilidades de expressividade dessas construções e tome cuidado com os riscos de elas perderem o paralelismo. Testes Assimilação 30.01. Explique como se dá o paralelismo nos títulos de filmes a seguir. I II III © Po ly G ra m F ilm ed E nt er ta in m en t © C ol um bi a Pi ct ur es © Fl as hs ta r/ Fo cu s 14 Extensivo Terceirão 30.02. Leia o trecho abaixo: É enorme a diferença entre os torcedores e as cadeiras do estádio. a) O enunciado, apesar de claro em relação ao paralelismo sintático, apresenta um problema semântico. Explique. b) Reescreva a frase de modo a estabelecer o paralelismo. 30.03. Na pena de escritores brilhantes, a quebra da simetria semântica pode trazer interessantes efeitos de estilo. No conto O Enfermeiro, de Machado de Assis, ao anunciar que vai relatar um episódio, o narrador nos adverte de que seria capaz de contar toda sua vida, “mas para isso era preciso tempo, ânimo e papel”. Explique o efeito expressivo obtido nesse trecho. 30.04. (UNESP – SP) – Arte suprema Tal como Pigmalião, a minha ideia Visto na pedra: talho-a, domo-a, bato-a; E ante os meus olhos e a vaidade fátua Surge, formosa e nua, Galateia. Mais um retoque, uns golpes... e remato-a; Digo-lhe: “Fala!”, ao ver em cada veia Sangue rubro, que a cora e aformoseia... E a estátua não falou, porque era estátua. Bem haja o verso, em cuja enorme escala Falam todas as vozes do universo, E ao qual também arte nenhuma iguala: Quer mesquinho e sem cor, quer amplo e terso, Em vão não é que eu digo ao verso: “Fala!” E ele fala-me sempre, porque é verso. (Júlio César da Silva. Arte de amar. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1961.) O encerramento enfático do último verso se reforça estru- turalmente no poema pelo fato de criar uma relação de paralelismo sintático e de oposição de sentido com outro verso do poema. Aponte esse verso: a) Verso 2. d) Verso 8. b) Verso 4. e) Verso 11. c) Verso 6. Aperfeiçoamento Instrução: Texto para as questões 30.05, 30.06 e 30.07. Diverti-me imensamente com a história dos imbecis da web. Para quem não acompanhou, ¹foi publicado em alguns jornais e também on- -line que ²no curso de uma chamada ³lectio ma- gistralis em Turim eu teria dito que a web está cheia de imbecis. 4É falso. A lectio era sobre um tema completamente diferente, mas isso mostra como as notícias circulam e se deformam entre os jornais e a web. A história dos imbecis surgiu numa conferência de imprensa durante a qual, respondendo a uma pergunta que não me lem- bro mais, fiz uma observação de puro bom senso. Admitindo que em 7 bilhões de habitantes exista uma taxa inevitável de imbecis, muitíssimos deles costumavam comunicar seus delírios aos íntimos ou aos amigos do bar – e assim suas opiniões per- maneciam limitadas a um círculo restrito. Hoje uma parte consistente dessas pessoas tem a pos- sibilidade de expressar as próprias opiniões nas redes sociais e, portanto, tais opiniões alcançam audiências altíssimas e se misturam com tantas outras ideias expressas por pessoas razoáveis. [...] É justo que a rede permita que mesmo quem não diz coisas sensatas se expresse, mas o excesso de besteira congestiona as linhas. E algumas rea- ções descompensadas que vi na internet confir- mam minha razoabilíssima tese. Alguém chegou a dizer que, para mim, as opiniões de um tolo e aquelas de um ganhador do prêmio Nobel têm a mesma evidência e não demorou para que se di- fundisse 5viralmente uma inútil discussão sobre o fato de eu ter ou não recebido um prêmio Nobel – sem que ninguém consultasse sequer a Wikipédia. (Umberto Eco – Os imbecis e a imprensa responsável, 2017.) 30.05. (UFPR) – No trecho “Admitindo que em 7 bilhões de habitantes exista uma taxa inevitável de imbecis, muitíssimos deles costumavam comunicar seus delírios aos íntimos ou aos amigos do bar – e assim suas opiniões permaneciam limitadas a um círculo restrito”, as orações, cujos inícios estão sublinhados, correspondem, respectivamente, a: a) uma suposição e uma explicação. b) uma explicação e uma conclusão. c) uma causa e uma consequência. d) uma concessão e uma explicação. e) uma hipótese e uma consequência. Aula 30 15Português 8B 30.06. (UFPR) – A questão central apontada pelo autor no texto pode ser corretamente sintetizada no fato de que: a) ele tenha se divertido com os comentários a respeito da presença dos imbecis na web. b) na web, as opiniões atingem audiências altíssimas por expressarem ideias absurdas. c) a opinião de um ganhador do prêmio Nobel e a de um imbecil têm o mesmo peso na web. d) as notícias sofrem distorções durante o processo de circulação entre as diferentes mídias. e) os navegadores da web não conferiram a informação sobre ele ter recebido ou não um prêmio Nobel. 30.07. (UFPR) – Com base no texto de Eco, é correto afirmar: a) A oração “foi publicado em alguns jornais” (referência 1) trata-se de uma oração sem sujeito. b) A expressão “lectio magistralis” (referência 3) está desta- cada em itálico em virtude de seu emprego conotativo. c) A expressão “no curso de” (referência 2) pode ser substituída pela preposição “durante”, mantendo paralelismo semântico. d) O advérbio “viralmente” (referência 5) é uma figura de linguagem empregada para estabelecer um paradoxo. e) A oração “É falso” (referência 4) deveria apresentar con- cordância nominal de gênero com o termo antecedente “história dos imbecis”. Instrução: Texto para a questão 30.08. Brisa Vamos viver no Nordeste, Anarina. Vamos viver no Nordeste. Deixarei, aqui, meus amigos, meus livros, Minhas riquezas, minha vergonha. Deixarás, aqui, tua filha, tua avó, teu marido, Teu amante. Aqui, faz muito calor. No Nordeste, faz calor também. Mas lá tem brisa. Vamos viver de brisa, Anarina. Vamos viver de brisa. (Manuel Bandeira) 30.08. (MACK – SP) – Assinale a alternativa correta. a) No primeiro polo da oposição AQUI vs. LÁ, está o peso; no segundo, a leveza, representados respectivamente pela brisa e pela liberdade. b) Do verso 3 ao 6 , é reforçada a ideia de movimentos se- melhantes por meio do paralelismo sintático. c) O objeto direto de DEIXAR reúne, tanto na ação do eu, como na do tu, uma sequência linear, previsível e abso- lutamente material de significados. d) Em LÁ TEM BRISA há um erro gramatical, que empobrece o texto, pois enfraquece o significado de busca de liber- dade construído. e) O último verso desconecta a BRISA do valor LIBERDADE. Instrução: Texto para as questões 30.09 e 30.10. Porta de colégio Passando pela porta de um colégio, me veio a sensação nítida de que aquilo era a porta da pró- pria vida. Banal, direis. Mas a sensação era tocan- te. Por isso, parei, como se precisasse ver melhor o que via e previa. Primeiro há uma diferença de clima entre aque- le bando de adolescentes espalhados pela calçada, sentados sobre carros, em torno de carrocinhas de doces e refrigerantes, e aqueles que transitam pela rua. Não é só o uniforme. Não é só a idade. É toda uma atmosfera, como se estivessem ainda dentro de uma 1redoma ou aquário, numa bolha, resguardados do mundo. Talvez não estejam. Vá- rios já sofreram a pancada da separação dos pais. Aprenderam que a vida é também um exercício de separação. Um ou outro já transoudroga, e com isso deve ter se sentido (equivocadamente) muito adulto. Mas há uma sensação de pureza angelical misturada com palpitação sexual, que se exibe nos gestos sedutores dos adolescentes. Onde estarão esses meninos e meninas dentro de dez ou vinte anos? Aquele ali, moreno, de cabelos longos corri- dos, que parece gostar de esporte, vai se interessar pela informática ou economia; aquela de cabelos louros e crespos vai ser dona de boutique; aquela morena de cabelos lisos quer ser médica; a gor- duchinha vai acabar casando com um gerente de multinacional; aquela esguia, meio bailarina, achará um diplomata. Algumas estudarão Letras, se casarão, largarão tudo e passarão parte do dia levando filhos à praia e à praça e pegando-os de novo à tardinha no colégio. [...] Estou olhando aquele bando de adolescentes com evidente ternura. Pudesse passava a mão nos seus cabelos e contava-lhes as últimas histórias da carochinha antes que o lobo feroz as assaltasse na esquina. Pudesse lhes diria daqui: aproveitem en- quanto estão no aquário e na redoma, enquanto es- tão na porta da vida e do colégio. O destino também passa por aí. E a gente pode às vezes modificá-lo. SANT’ANNA, Affonso Romano de. Affonso Romano de Sant’Anna: seleção e prefácio de Letícia Malard. Coleção Melhores Crônicas. p. 64-66. 30.09. (UECE) – Atente ao parágrafo quatro, que é constituído de assertivas do enunciador sobre os adolescentes que vê na porta do colégio, partindo de previsões feitas por ele mesmo. I. Poderíamos dividir o parágrafo em duas partes, consi- derando a oposição individual/coletivo. II. Em uma das assertivas, verifica-se quebra de paralelismo sintático-semântico. III. Todas as assertivas constituem previsões. 16 Extensivo Terceirão Está correto o que se afirma em a) I e III apenas. c) I, II e III. b) I e II apenas. d) II e III apenas. 30.10. (UECE) – Assinale a opção em que há uma expressão INCORRETA sobre o emprego que o cronista faz dos vocábu- los redoma, aquário e bolha (ref. 1). a) As três expressões funcionam, no texto, como uma série sinonímica. b) As três expressões são usadas como metáforas de lugares e ambientes que oferecem segurança ao adolescente. c) O texto sugere que o traço de significação comum às três expressões é o material de que os objetos são feitos: vidro. d) A ordem em que o cronista dispõe as três expressões no texto é aleatória. Aprofundamento 30.11. (UFSC) – Leia os provérbios (itens A e B) e a citação (item C) abaixo. A. “A palavra é prata, o silêncio é ouro.” B. “Os sábios não dizem o que sabem, os tolos não sabem o que dizem.” C. “Há coisas que melhor dizem calando.” (Machado de Assis) Com base na leitura acima, assinale a(s) proposição(ões) CORRETA(S). 01) Em cada um dos provérbios, observa-se um paralelis- mo sintático que ajuda a conferir ritmo ao provérbio e favorece sua memorização. 02) No provérbio (A), ocorrem duas metáforas. 04) No provérbio (B), as orações “o que sabem” e “o que di- zem” funcionam como adjetivos que caracterizam, res- pectivamente, os sábios e os tolos. 08) Tanto o item A quanto o item C funcionam como elo- gios à discrição. 16) A frase de Machado de Assis contém um pleonasmo, porque é um exagero dizer que se pode falar calado. 32) No provérbio (B), temos a figura de linguagem para- doxo, porque é absurdo que os sábios tenham que se calar para que os tolos falem. 30.12. (UERJ) O melhor dos remédios, no segundo caso, é supô-los excelentes, e, se a razão não aceita esta imaginação, consultar pessoas que a aceitem, e crer nelas. A conjunção sublinhada e estabelece paralelismo sintático entre duas orações. Identifique-as. Reescreva o trecho acima, substituin- do a conjunção e por outra conjunção coordenativa, mantendo o mesmo sentido e a mesma estrutura do período original. Instrução: Texto para as questões 30.13 a 30.17. Viagens, cofres mágicos com promessas sonha- doras, não mais 1revelareis 2vossos tesouros in- tactos! Hoje, quando ilhas polinésias afogadas em concreto se transformam em porta-aviões ancora- dos nos mares do Sul, quando as favelas corroem a África, quando a aviação avilta a floresta americana antes mesmo de poder 3 destruir-lhe a virgindade, de que modo poderia a pretensa evasão da viagem conseguir outra coisa que não confrontar-nos com as formas mais miseráveis de nossa existência his- tórica? 4Ainda assim, compreendo a paixão, a loucura, o equívoco das narrativas de viagem. Elas criam a ilusão daquilo I__________ não existe mais, mas II__________ ainda deveria existir. Trariam nossos modernos Marcos Polos, das mesmas terras distan- tes, desta vez em forma de fotografias e relatos, as especiarias morais III_________ nossa sociedade experimenta uma necessidade aguda ao se sentir soçobrar no tédio? É assim 5que me identifico, viajante procurando em vão reconstituir o exotismo com o auxílio de fragmentos e de destroços. 6Então, 7insidiosamen- te, a ilusão começa a tecer suas armadilhas. Gos- taria de ter vivido no tempo das verdadeiras via- gens, quando um espetáculo ainda não estragado, contaminado e maldito se oferecia em todo o seu esplendor. 8Uma vez encetado, o jogo de conjectu- ras não tem mais fim: quando se deveria visitar a Índia, em que época o estudo dos selvagens brasi- leiros poderia levar a conhecê-los na forma menos alterada? Teria sido melhor chegar ao Rio no século XVIII? Cada década para 9trás 10permite 11salvar um costume, 12ganhar uma festa, 13partilhar uma crença suplementar. 14Mas conheço bem demais os textos do passa- do para não saber que, me privando de um século, renuncio a perguntas dignas de enriquecer minha reflexão. E eis, diante de mim, o círculo intranspo- nível: quanto menos as culturas tinham condições de se comunicar entre si, menos também os emis- sários 15respectivos eram capazes de perceber a ri- Aula 30 17Português 8B queza e o significado da diversidade. No final das contas, sou prisioneiro de uma 16alternativa: 17ora viajante antigo, confrontado com um prodigioso espetáculo do qual quase tudo lhe escapava 18– ainda pior, inspirava troça ou desprezo. 19–, 20ora viajante moderno, correndo atrás dos vestígios de uma realidade desaparecida. Nessas duas situações, sou perdedor, pois eu, que me lamento diante das sombras, talvez seja impermeável ao verdadeiro es- petáculo que está tomando forma neste instante, mas IV__________ observação, meu grau de hu- manidade ainda carece da sensibilidade necessária. Dentro de alguma centena de anos, neste mesmo lugar, outro viajante pranteará o desaparecimento do que eu poderia ter visto e que me escapou. Adaptado de: LÉVI-STRAUSS, C. Tristes trópicos. São Paulo: Cia. das Letras, 1996. p. 38-44. 30.13. (UFRGS) – Assinale a alternativa que preenche correta e respectivamente as lacunas indicadas pelas referências I, II, III e IV do texto. a) que - que - de que - para cuja b) que - de que - de que - cuja c) de que - de que - de que - para cuja d) que - que - que - cuja e) de que - que - que - cuja 30.14. (UFRGS) – Assinale com V (verdadeiro) ou F (falso) as afirmações abaixo, referentes às substituições de nexos no texto. ( ) A substituição da locução Ainda assim (ref. 4) pelo nexo Destarte preservaria a relação de sentido que se estabelece entre essa frase e o parágrafo anterior. ( ) O advérbio Então (ref. 6) poderia ser substituído por Não obstante, preservando o sentido e a correção, sem qualquer outra alteração na frase. ( ) O segmento Uma vez encetado (ref. 8) poderia ser substituído por Quando fosse encetado, preser- vando o sentido e a correção, sem qualquer outra alteração na frase. ( ) A substituição de Mas (ref. 14) pela conjunção Con- tudo preservaria a correção e a relação de contraste estabelecida na frase. A alternativa que preenche corretamente os parênteses, de cima para baixo, é a) F – V – V – V. c) V – F – F – F. e) F – F – V – V. b) V – V – F – F. d) F – F – F – V. 30.15. (UFRGS)– Considere as seguintes sugestões de mudança na pontuação do texto. I. Acréscimo de vírgula logo após o assim (ref. 5). II. Inserção de vírgula imediatamente após trás (ref. 9). III. Substituição dos travessões (refs. 18 e 19) por parên- teses. Quais preservariam a correção das frases em que ocorrem? a) Apenas I. c) Apenas III. e) I, II e III. b) Apenas II. d) Apenas I e II. 30.16. (UFRGS) – Considere as seguintes afirmações sobre a substituição de segmentos do texto. I. A substituição de revelareis (ref. 1) por revelarás exigiria que o pronome vossos (ref. 2) fosse ajustado para teus. II. A substituição de destruir-lhe (ref. 3) por destruir a tua preservaria a correção e o sentido da frase original. III. O adjetivo respectivos (ref. 15) poderia ser substituído, naquele contexto, por mútuos, preservando a correção e o sentido da frase original. Quais estão corretas? a) Apenas I. c) Apenas III. e) I, II e III. b) Apenas II. d) Apenas I e II. 30.17. (UFRGS) – Considere as seguintes afirmações acerca de expressões e trechos do texto. I. O emprego do advérbio insidiosamente (ref. 7) enfa- tiza o caráter enganador das ilusões a que se refere o texto naquela passagem. II. Os segmentos iniciados pelas formas verbais salvar (ref. 11) ganhar (ref. 12) e partilhar (ref. 13) estão em paralelismo sintático que indica serem, os três, comple- mentos de permite (ref. 10). III. O emprego de ora ... ora (refs. 17 e 20) está relacionado ao sentido da palavra alternativa (ref. 16). Quais estão corretas? a) Apenas I. c) Apenas III. e) I, II e III. b) Apenas II. d) Apenas I e II. 18 Extensivo Terceirão Instrução: Leia a seguir alguns trechos do capítulo 36, da obra SÃO BERNARDO, de Graciliano Ramos, e responda à questão 30.18. “Foi aí que me surgiu a ideia esquisita de, com o auxílio de mais entendidas que eu, compor esta história. A ideia gorou, o que já declarei. Há cerca de quatro meses, porém, enquanto escrevia a cer- to sujeito de Minas, recusando um negócio confu- so de porcos e gado zebu, ouvi um grito de coruja e sobressaltei-me.” (...) De repente voltou-me a ideia de construir o livro. Assinei a carta ao homem dos porcos e, de- pois de vacilar um instante, porque nem sabia co- meçar a tarefa, redigi um capítulo. Desde então procuro descascar fatos, aqui sen- tado à mesa da sala de jantar, fumando cachimbo e bebendo café, à hora em que os grilos cantam e a folhagem das laranjeiras se tinge de preto. (...) Anteontem e ontem, por exemplo, foram dias perdidos: Tentei de balde canalizar para termo ra- zoável esta prosa que se derrama como a chuva da serra, e o que me apareceu foi um grande des- gosto. Desgosto e a vaga compreensão de muitas coisas que sinto. 30.18. (PUC – SP) – Leia com atenção as afirmações a seguir. I. Em “Há cerca de quatro meses...”, se empregássemos o verbo HAVER por FAZER, teríamos: “Fazem cerca de quatro meses”. II. Em “fumando cachimbo e bebendo café”, há paralelismo sintático e ambas as orações são subordinadas adver- biais temporais, reduzidas de gerúndio. III. A oração “que me apareceu” é subordinada adjetiva, iniciada pejo conectivo “que”, pronome relativo, cuja função sintática é sujeito. Podemos considerar corretas as informações: a) I e II apenas; c) I e III apenas; e) nenhuma. b) II e III apenas; d) todas; Desafio 30.19. (FUVEST – SP) – Avalie a redação das seguintes frases: I. O futebol conquistou um papel na sociedade tanto culturalmente como econômico e político. II. Os clubes buscam a expansão do número de associados bem como reduzir gastos com publicidade. III. Doravante tais fatos, fica claro que o futebol exerce uma grande influência no cotidiano do brasileiro. IV. O técnico declarou aos jornalistas que, para o próximo jogo, ele tem uma carta na manga do colete. a) Reescreva as frases I e II, corrigindo a falta de paralelismo nelas presente. b) Reescreva as frases III e IV, eliminando a inadequação vocabular que elas apresentam. 30.20. Reescreva o trecho abaixo, corrigindo a quebra de paralelismo sintático ocorrida. “A ascensão do Brasil como um gigante eco- nômico é um dos maiores temas do nosso tempo. Não está somente redefinindo a América Latina, mas também a economia do mundo inteiro.” Aula 30 19Português 8B Gabarito 30.01. Os títulos são formados a partir da simetria estabelecida com clas- ses de palavras: I. numeral+substantivo E numeral+substantivo (Quatro+Casamentos E Um+Funeral) II. advérbio+pronome+verbo/advérbio+pronome+verbo. (Nunca+Te+Vi/Sempre+Te+Amei) III. Adjetivo+adjetivo+adjetivo (Feios+Sujos+Malvados) 30.02. a) Falta ao enunciado a simetria no plano das ideias: torcedores e cadeiras não podem ser comparados entre si. b) É enorme a diferença entre o número de torcedores e o de ca- deiras do estádio. 30.03. O termo papel, apresentado nessa sequência, surpreende o leitor e estabelece a ironia. Obter ou não obter papel é algo comum, tri- vial, corriqueiro. A falta de ânimo e tempo, de caráter mais pessoal, assume outro nível semântico. 30.04. d 30.05. e 30.06. d 30.07. c 30.08. b 30.09. b 30.10. c 30.11. 11(01+02+08) 30.12. Orações: supô-los excelentes/consultar pessoas. O melhor dos remédios, no segundo caso, é supô-los excelentes, ou, se a razão não aceita esta imaginação, consultar pessoas que a aceitam, e crer nelas. 30.13. a 30.14. d 30.15. c 30.16. a 30.17. e 30.18. b 30.19. a) I. O futebol conquistou um papel na sociedade tanto cultural como/quanto econômica e politicamente. II. Os clubes buscam a expansão do número de associados e/ bem como a redução dos gastos com publicidade. Os clubes buscam expandir o número de associados e/bem como redu- zir os gastos com publicidade. b) III. Em função de/Diante de/Considerando tais fatos, fica claro que o futebol exerce uma grande influência no cotidiano do brasileiro. IV. O técnico declarou aos jornalistas que, para o próximo jogo, ele tem uma carta na manga. O técnico declarou aos jornalistas que, para o próximo jogo, ele tem uma carta no bolso do colete. (A inadequação ocorre porque colete não tem manga). 30.20. Eis a quebra de paralelismo: “A ascensão do Brasil como um gigante econômico é um dos maiores temas do nosso tempo. Não está somente redefinindo a América Latina, mas também a econo- mia do mundo inteiro.” O último período é organizado pelo par correlativo NÃO SOMENTE...MAS TAMBÉM. No entanto, a primeira parte da estrutura é interrompida pelo verbo (“não ESTÁ somente”). Além disso, a locução “está redefinindo” também sofre interrupção. Alterando-se a ordem dos termos, tem-se ESTÁ REDEFININDO NÃO SOMENTE. Se a opção for por “Não somente está redefinindo”, a segunda parte da oração deverá apresentar outro verbo. Uma vez que a ideia é mostrar que a ascensão do Brasil está redefinindo duas coisas (América Latina e economia do mundo inteiro), a cor- relação virá após a forma verbal: “A ascensão do Brasil como um gigante econômico é um dos maiores temas do nosso tempo. Está redefinindo NÃO SOMENTE a América Latina, MAS TAMBÉM a economia do mundo inteiro.” Se, por acaso, a ideia for mostrar que a ascensão do Brasil está redefinindo a economia da América Latina e a economia do resto do mundo, tem-se: “Está redefinindo a economia NÃO SOMENTE da América Latina, MAS TAMBÉM do mundo inteiro” OU “Está redefinindo NÃO SOMENTE a economia da América Latina, MAS TAMBÉM a do mundo inteiro.” 20 Extensivo Terceirão20 Extensivo Terceirão Anotações
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