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ANÁLISE, O DIÁRIO DE ANNE FRANK - HISTORIOGRAFIA

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO 
CENTRO DE FILOSOFIA E CIÊNCIA HUMANAS 
DEPARTAMENTO DE HISTÓRIA 
HISTORIOGRAFIA - 2021.2 
 
 
 
THALYA MARIA RODRIGUES 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ANÁLISE DA OBRA O DIÁRIO DE ANNE 
FRANK 
DE ANNE FRANK 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
RECIFE 
2021 
THALYA MARIA RODRIGUES 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O DIÁRIO DE ANNE FRANK 
 
 
 
 
 
 
 
 
Trabalho produzido com o principal intuito de fazer uma 
análise sobre a obra de Anne Frank intitulada por O diário 
de Anne Frank. A análise busca cumprir às exigências 
para a obtenção de nota da disciplina de Historiografia do 
curso de Licenciatura em História da Universidade Federal 
de Pernambuco. 
 
Docente: Prof. Dra. Regina Beatriz de Guimarães 
Neto 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
RECIFE 
2021 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ANNE FRANK 
[...] Espero poder confiar inteiramente em você como 
jamais confiei em alguém até hoje, e espero que você 
venha a ser um grande apoio e um grande conforto 
para mim. 
 
- trecho do livro O diário de Anne Frank 
SUMÁRIO 
INTRODUÇÃO ……………………………………………………………………………. 5 
SOBRE O ROMANCISTA ……………………………………………………………….. 6 
TEMA E MOMENTO HISTÓRICO ………………………………………...…………... 8 
A ESTRUTURA NARRATIVA E PERSONAGENS …………………………………… 10 
CRÍTICA SOCIAL: Intolerância religiosa e racismo ……………………………………... 12 
RELAÇÃO DE ACONTECIMENTOS HISTÓRICOS E A HISTÓRIA DO 
ROMACE…………………………………………………………………………………… 15 
CONSIDERAÇÕES FINAIS ……………………………………………………………… 16 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ……………………………………………………. 18 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
5 
 
INTRODUÇÃO 
 De início, é imprescindível ressaltar-se a importância de analisar a obra O diário de 
Anne Frank, da escritora Anne Frank. Isso porque diante da sua narrativa e sua construção 
textual pode-se analisar como o autor transmite por meio de sua obra, os reflexos de suas 
idealizações em dinâmica com as sucessões de fatos que ocorrera em sua vida. 
 Também, ressalta-se que a constituição da obra de Anne Frank, é uma resposta diante 
da sua vivência no dado período de sua narrativa. No período que compreende-se a escrita do 
livro, entre junho de 1942 e 1º de agosto de 1944, nota-se que está localizado nos anos que 
compete a Segunda Guerra Mundial e, também, o período de ocupação da Holanda pelos 
nazistas. 
Contudo, é de extrema relevância citar-se que nesse período histórico ocorreu o 
Holocausto, que foi o assassinato em massa, premeditado, de milhões de pessoas inocentes. 
Os nazistas eram incentivados por uma ideologia racista que considerava os judeus “vermes 
parasitas”, cujo os quais deveriam ser eliminados (ENCICLOPÉDIA DO HOLOCAUSTO 
DOS ESTADOS UNIDOS, [s.d.]. Diante disso, pode-se correlacionar esses dois fatos 
históricos com a criação e manutenção de estereótipos que limitam a atuação social dos 
adeptos de determinadas religiões bem como, também, o estigma a raça, gerando-se assim, 
duas críticas e problemáticas na obra de Anne Frank: a intolerância religiosa e o racismo. 
O diário de Anne Frank trata-se de um romance epistolar cujo qual demonstra-se ser 
uma “conversa” da autora e o período exposto, indicando-se assim que não é apenas um tema 
corriqueiro, mas denota-se a sua preferência diante dos acontecimentos que estão 
intrinsecamente correlacionados com os seus sentimentos e posicionamentos; sendo 
determinante para a edificação da temática de sua obra. 
Também, observa-se que Anne Frank busca problematizar e expor de forma nua e crua 
acerca de tudo aquilo que ainda hoje é atual. A problemática proposta pela autora denota a 
preocupação do quanto um momento histórico ocorrido foi de fato, propulsor de um estigma 
atual. 
Ressalta-se, pois, que o romance de Frank e as questões levantadas em sua obra ainda 
permanecem vivas. Todo esse processo supracitado de momentos históricos constituídos na 
obra, traz o fortalecimento e a relação da narrativa com os discursos do pensador Walter 
Lippmann, de que os rótulos negativos não podem ser vistos como algo neutro. Este teórico 
afirma que as representações guiam o indivíduo e o auxiliam quando ele precisa lidar com 
informações complexas, entretanto, estas representações funcionam também como defesas 
que possibilitam ao mesmo proteger os seus valores, os seus interesses, as suas ideologias. 
https://encyclopedia.ushmm.org/narrative/3508/pt-br
6 
 
Neste caso, as representações não possuem uma posição neutra, pois sofrem uma influência 
maior do observador do que do objeto propriamente dito (RAPOSO, 2013). 
 Por essa ótica, cabe analisar quem foi o romancista e quais os reflexos da época em 
que o romance foi escrito, a estrutura de sua narrativa, as relações e as questões sociais, bem 
como também, o tema do romance e o momento histórico em que se passa, a fim de que possa 
ser possível compreender-se, a partir do viés do autor, como tudo isso contribuiu de forma 
positiva, no campo da historiografia. 
 
SOBRE O ROMANCISTA E O ROMANCE 
A escritora Annelies Marie Frank, mais conhecida por Anne Frank, foi uma adolescente 
alemã de origem judaica, sendo uma entre cerca de 6 milhões de vítimas do Holocausto. 
Nascida em Frankfurt, Prússia, na República de Weimar, Alemanha, no dia 12 de junho de 
1929 e, também, filha dos judeus Otto Frank e de Edith Holländer Frank. Os seus pais, 
juntamente com a sua irmã mais velha Margot, eram judeus liberais, cujo quais não seguiam 
todos os costumes da religião judaica (ANNE FRANK, 2021). 
O seu pai, Otto, tratava-se de um veterano de guerra, tendo em vista que o mesmo já 
serviu ao Exército Imperial Alemão na Primeira Guerra Mundial. Otto foi promovido a 
tenente após a sua atuação na Batalha de Cambrai, mas logo em seguida assumiu um banco 
de negócios, juntamente com os seus irmãos, que anteriormente pertencia a seu pai. Contudo, 
na década de 1930 houve a Grande Depressão, então por consequência, ocorreu o declínio do 
seu negócio (ANNE FRANK, 2021). 
Em 1933, especificamente no mês de março, ocorreu a eleição federal e o Partido 
Nacional-Socialista dos Trabalhadores Alemães (NSDAP), mais conhecido como Partido 
Nazista, tendo por líder Adolf Hitler, saiu vitorioso (ENCICLOPÉDIA DO HOLOCAUSTO 
DOS ESTADOS UNIDOS, 2019). Então, Hitler foi nomeado Chanceler da Alemanha e como 
resultado ocorreram manifestações antissemitas massivas no país (MADE FOR MINDS, 
2013). Diante disso, a família Frank cogitou a possibilidade de emigrar. Edith foi a primeira 
que emigrou com as suas filhas, Margot e Anne Frank, para a casa de sua mãe, Rosa 
Holländer, que fica localizada em Aachen, cidade que faz fronteira com a Bélgica e os Países 
Baixos. 
Otto, por sua vez, optou por permanecer em Frankfurt. Contudo, ocorrera uma proposta 
da abertura de uma companhia em Amsterdã o que fez com que ele emigrasse para a Holanda, 
a fim de que pudesse organizar o seu novo negócio e conseguir acomodações para a sua 
família. Após o início de uma filial em Opekta Works, cuja qual era especializada em 
7 
 
comercialização da pectina, ele conseguiu encontrar um apartamento em Rivierenbuurt, um 
bairro que a maioria dos judeus de origem alemã conseguiram estabelecer-se (SCHAF, 2016). 
Edith e Margot foram ao encontro de Otto no ano de 1933, mês de dezembro. Já a Anne, 
permaneceu com a sua avó materna até o mês de fevereiro do ano de 1934. É importante 
frisar-se que a família Frank faz parte do grupo de 300 mil judeus que partiram da Alemanha 
nos anos que competem entre 1933 a 1939 (ANNE FRANK HOUSE, [s.d.]. 
No ano de 1939, a avó, Rosa Holländer, decidiu imigrar de forma definitiva para os 
Países Baixos, passando então a viver na casa dos Frank. Contudo, A Alemanha Nazista 
conseguiu invadir os Países Baixos, em maio de 1940. Então o governo de ocupação iniciou 
às perseguições aos judeus com implementação de leis restritivas e discriminatórias; registrosobrigatórios e segregações aconteceram posteriormente (ANNE FRANK, 2021). 
O patriarca da família, diante de tantas perseguições, em abril de 1941 optou por 
transferir suas ações para um de seus principais colaboradores, Jan Gies, a fim de que sua 
empresa não sofresse ainda mais impactos negativos. Além das ações transferidas, Jan Gies, 
também recebeu os ativos das empresas. Nesse mesmo período, Otto buscou conseguir visto 
nos Estados Unidos (EU), mas o seu pedido jamais foi processado visto que ocorreu o 
fechamento do consulado norte-americano em Roterdã, uma das inúmeras consequências da 
destruição na cidade após a Batalha dos Países Baixos. 
Anne Frank sempre foi incentivada pelos pais a enriquecer-se com leituras. Além de 
sua paixão por história e por escrever, Anne foi reconhecida por historiadores como um 
símbolo contra a intolerância religiosa e na busca pela igualdade racial que ainda hoje tenta-
se ser superada como um problema em nossa matriz da sociedade mundial. Ao longo dos 
anos, também, Anne Frank tem sido uma das figuras mais discutidas da história 
contemporânea. 
Constata-se, em síntese, que além de uma figura extremamente importante para a 
obtenção de laudos históricos, a sua obra causou grandes impactos ao que refere-se ao 
levantamento de dados sobre o momento que fora vivido, o Holocausto; como também a 
constituição de uma crítica social, de forma indireta, a intolerância. Anne teve sua vida 
interrompida de forma precoce e por isso, os seus romances resumem-se a apenas uma obra: 
O diário de Anne Frank, cuja a qual fora publicada após o seu falecimento. Todavia, pode-se 
perceber que Anne, mesmo tendo apenas uma obra relatada e publicada, quis ser escritora 
para ter o seu nome gravado para sempre na história e mesmo sem saber, ela conseguiu; 
conseguiu alcançar o mundo através da sua vivência em um período doloroso para todos 
aqueles que sofreram com os efeitos devastadores do nazismo. 
8 
 
TEMA E MOMENTO HISTÓRICO 
 O diário de Anne Frank, tem como tema central a história relatada pela adolescente, 
Anne, diante do tempo que ficou escondida, juntamente com a sua família, dos nazistas. A 
história inicia-se a partir do dia 14 de junho de 1942, que fora dois dias antes de Anne Frank 
completar os seus 13 anos de idade (SCHAF, 2016). 
Annelies Frank relatava em seu diário sobre todo o sofrimento passado durante o regime 
de Hitler. A princípio o tema central do livro era a Holanda ocupada pelos nazistas, o que 
tornava a situação dos judeus cada vez mais difícil de lidar. Contudo, algumas semanas 
posteriormente, Anne decidiu começar a narrar em seu diário, diário este que era seu aliado leal 
e maior confidente, como era o seu dia a dia no esconderijo que ficava em um anexo secreto 
nos fundos da empresa de seu pai, Otto Frank. 
 Quando a perseguição aos judeus começou, Otto teve a brilhante ideia de criar esse 
esconderijo em Amsterdã, na Holanda. E em meio a esse cenário, Anne começou a perceber a 
necessidade que tinha ao escrever o que passava-se ali. O seu diário tornou-se uma espécie de 
amiga e confidente, que ela batizou de Kitty (BATISTOTI, 2018). 
 Assim como Anne e a sua família que escondeu-se ali, havia também, mais quatro 
pessoas do envio certo ao campo de concentração. Diante daquele cenário, todos que estavam 
naquele esconderijo desfrutaram de muita angústia e medo de serem descobertos a qualquer 
instante, além disso, tinham que lidar com as necessidades que passava-se ao estarem 
escondidos dos nazistas. Esse período de esconder-se durou longos e dolorosos 25 meses. Como 
a própria Anne relatou: “Sem Deus eu já teria sucumbido. Eu sei que não tenho segurança, 
tenho medo das celas e do campo de concentração, mas sinto que criei mais coragem e estou 
nos braços de Deus.” 
 Otto, juntamente com alguns dos seus funcionários, Miep Gies, Johannes Kleiman, 
Victor Krugler e Bep Voskuijl, já estavam cogitando o mergulho, que nada mais é que a entrada 
para a existência na ilegalidade. Em um período de dois anos, os Van Pels e Fritz Pfeffer 
protegeram e alimentaram a família Frank diante do cenário que estavam vivenciando no 
regime de Hitler. É importante frisar que a tensão, o medo e o temor de serem descobertos como 
cúmplices da família Frank era grande, visto que qualquer mínimo descuido por parte deles, 
poderiam levá-los à morte. 
 A vida daqueles oito judeus no anexo da empresa de Otto é extremamente cansativa e 
assustadora, isso porque durante o dia todos só poderiam andar de cócoras e sussurrarem entre 
si. Já no período noturno, o cuidado era dobrado, pois a vizinhança não poderia ouvi-los ou 
simplesmente suspeitarem que ali haviam esses oito judeus escondidos. 
9 
 
 Anne Frank apesar de sua pouca idade, seus 13 anos, mostrava-se madura e assertiva. 
Surpreendendo aos seus leitores a cada relato descritivo de seu cotidiano com muita 
preocupação diante da possibilidade da falta de comida e de certos momentos lidar com a 
terrível fome, mas ainda sim com a pior parte: o medo e o horror de serem descobertos. 
 O romance passa-se durante o período da Segunda Guerra Mundial. Anne e seus 
familiares fugiram da Alemanha para Holanda com o objetivo de escapar da perseguição nazista 
contra os judeus. Diante dos relatos feitos por Anne percebe-se o quanto esse momento 
histórico, era difícil de lidar e vivenciá-los. 
 A palavra Holocausto vem do grego, que significa: sacrifício pelo fogo. Na Alemanha, 
quando os nazistas chegaram ao poder, os milhões de judeus que estavam distribuídos ali e até 
mesmo os seus colaboradores, depararam-se com a perseguição e o extermínio em massa, 
organizado e patrocinado pelo governo nazista. Cerca de seis milhões de judeus foram 
exterminados. Isso porque, em janeiro de 1933 os nazistas que alcançaram o poder, acreditavam 
que os alemães eram “racialmente superiores” aos judeus e também, que eles eram uma ameaça 
externa a chamada comunidade racial alemã (ENCICLOPÉDIA DO HOLOCAUSTO DOS 
ESTADOS UNIDOS, [s.d.]). 
 Nos primórdios do regime nazista, o Partido Nacional-Socialista dos Trabalhadores 
Alemães (PNSTA), decidiram criar os campos de concentração a fim de que pudessem deter 
seus oponentes políticos e até mesmo ideológicos. Em junho de 1941, após a invasão da União 
Soviética pela Alemanha, as chamadas Einsatzgruppen, Unidades Móveis de Extermínio, em 
comum acolhimento ao exército nazista, permaneciam atrás das linhas de fogo a fim de que 
pudessem realizar as operações de assassinato em massa dos judeus e outros grupos que por 
eles, eram reprovados (ENCICLOPÉDIA DO HOLOCAUSTO DOS ESTADOS UNIDOS, 
[s.d.]). 
 As unidades militares alemãs juntamente com a polícia, conseguiram assassinar mais de 
um milhão de mulheres, crianças e homens judeus e mais milhares de pessoas que faziam parte 
de outros grupos ideológicos, como os comunistas, e outros grupos étnicos. No período que 
compete entre 1941 e 1944, os nazistas conseguiram deportar milhões e milhões de judeus da 
Alemanha. Os judeus que foram deportados, tanto dos territórios ocupados quanto dos países 
que eram aliados a eles, eram direcionados para centros de extermínio ou campos de extermínio 
e lá, eles eram mortos nas câmaras de gás que foram criadas especialmente para aquela 
finalidade (ENCICLOPÉDIA DO HOLOCAUSTO DOS ESTADOS UNIDOS, [s.d.]). 
 É imprescindível, por fim, ressaltar-se que no ano de 1933, os judeus europeus eram 
cerca de nove milhões pessoas. Em 1945, os nazistas e todos os seus apoiadores, através da 
10 
 
operação chamada de “solução final”, conseguiram assassinar cerca de dois entre cada três 
judeus europeus. 
 Diante desses dados, percebe-se que Anne e sua família eram apenas mais alguns 
desses números apresentados pelo domínio nazista. Quando ela, juntamente com seus 
familiares, estavam escondidos naquele anexo, viam como a última e talvez única, 
oportunidade de saírem vivos. O diário de Anne Frank relata comveemência o que era 
vivenciado durante o período do Holocausto. Sendo a minoria, a classe dominada e não a 
dominante, a única chance de talvez sair dali era acreditar que em algum momento, a 
intolerância e o racismo seriam deixados para trás. 
 
ESTRUTURA NARRATIVA E OS PERSONAGENS 
Na obra O diário de Anne Frank, é cabível ressaltar-se que o relato da jovem judia em 
seu diário é escrito em primeira pessoa, dando-nos acesso aos seus pensamentos. Também, é 
necessário compreender que como a obra de Anne é pertencente ao gênero diário, é comum 
nessa temática, encontrar o registro de opiniões e ideias do autor, que no caso do romance, faz 
a mesclagem de relatos pessoais e os acontecimentos históricos (MACIEL C., 2016). 
 
Personagens 
 Para atribuir mais vida ao enredo, é necessário saber quais são os personagens 
principais e seu papel na narrativa da obra O diário de Anne Frank, seja de forma direta ou 
indireta. Também, é importante saber dados parentais e até mesmo laços afetivos, a fim de 
que possa-se compreender as menções dos mesmos no diário de Anne durante o 
vivenciamento do império e da perseguição nazista. 
 
ANNELIES MARIE FRANK 
Protagonista da história, Annelies trata-se da autora da grande e atemporal obra, O 
diário de Anne Frank. Uma adolescente de apenas 13 anos de idade que enfrentou todas as 
privações e sofrimentos, diante de um país tomado pelas leis antissemitas. Annelies Marie 
Frank, seu nome completo, foi uma jovem judia que morreu no campo de concentração de 
Bergen-Belsen, na Alemanha. Ela deixou um diário e o mesmo foi publicado pelo seu pai, 
Otto Frank, sobrevivente do campo de concentração (ANNE FRANK, 2021). 
Assim como Anne, toda a sua família sofreu com as perseguições nazistas. Seu pai Otto 
Heinrich Frank foi um empresário alemão e casado com Edith Frank. A sua esposa Edith 
11 
 
Holländer-Frank e mãe de suas duas filhas, Anne Frank e Margot Frank, diante do período da 
Segunda Guerra Mundial escondeu-se no Anexo Secreto. O Anexo Secreto que foi planejado 
por Otto Frank, abrigou não só a família Frank como também outros quatro judeus. A 
permanência da Srª. Frank durou até o momento em que foram capturados pela Schutzstaffel 
(SS) no ano de 1944. Mas seu papel na narrativa não acaba aí, quando fora capturada, pois Edith 
mesmo estando presa no campo de concentração de Auschwitz, ela tentou manter as suas duas 
filhas vivas, dando-as de comer (EDITH FRANK, 2021). 
Margot Betti Frank, assim como Anne, sofreram durante a sua formação escolar. Isso 
porque durante o período da Segunda Guerra Mundial, em torno do mês de maio de 1940, 
houve a invasão da Holanda pelos nazistas e durante essa mesma época foi dado o início as 
restrições contra os judeus com o avanço dos decretos antissemitas. Margot, foi uma das oito 
pessoas que estavam escondidas no Anexo Secreto. Além de ter sido uma das vítimas do 
holocausto, ela também escreveu um diário, todavia nunca foi encontrado. Assim como Anne, 
seus pais e os demais judeus que estavam escondidos no anexo, Margot foi transportada para 
o campo de extermínio em Bergen-Belsen junto com Anne e ali morreu de tifo (MARGOT 
FRANK, 2021). 
No Anexo Secreto estava a família de Anne – como já fora supracitado e os Van Pels, 
Hermann que foi o sócio da empresa de Otto, amigo pessoal da família e, também, foi um 
importante aliado da família Frank (HERMANN VAN PELS, 2021), sua esposa Auguste e 
seu filho Peter. Peter Van Pels tinha um relacionamento próximo com Anne, isso porque ela 
escreveu em seu diário várias vezes sobre ele. Em 18 de fevereiro de 1944, Anne relata que: 
“Não pense que estou apaixonada, porque não estou, mas tenho a sensação de que vai se 
desenvolver uma coisa linda entre Peter e eu, uma espécie de amizade e uma sensação de 
confiança.” 
Peter e seus pais viviam em Osnabrün na Alemanha. Após o grande avanço do Terceiro 
Reich, o pai de Peter, decidiu procurar um lugar seguro para abrigar-se com a sua família 
(PETER VAN PELS, 2021). Na narrativa, temos outros personagens importantes, isso porque só foi 
possível a sobrevivência dessas duas famílias durante dois anos, a partir do apoio e a manutenção do 
cuidado pelas mulheres Miep Gies e Bep Voskuilj que levaram comidas para eles (BEP VOSKUILJ, 
2021). 
Ainda na narrativa de Anne, pode-se perceber a importância de mais dois 
personagens: Victor Kugler, empresário austro-hungaro e o escriturário neerlandês, Johannes 
Kleiman, ambos foram colaboradores que auxiliava no cuidado das pessoas refugiadas no 
anexo secreto (VICTOR KUGLER, 2021), (JOHANNES KLEIMAN, 2021). 
12 
 
Durante a narrativa, é importante ressaltar-se a importância do personagem Otto 
Frank, pois mesmo tendo sido capturado e transportado, juntamente com os demais, para 
Auschwitz, foi o único sobrevivente do grupo que estavam escondidos no anexo e, também, 
foi quem decidiu publicar os diários da filha mais nova (OTTO FRANK, 2021). Hermine 
Miep Gies, também, foi a responsável por encontrar os diários de Anne Frank e foi quem, 
depois da guerra, dedicou-se a participar da difusão do diário (MIEP GIES, 2021). 
Anne Frank traz a narrativa as suas vivências diante do período de ocupação nazista, 
deixando por escrito os momentos vivenciados por ela, sua família e outros judeus que 
estavam escondidos no anexo secreto na empresa de seu pai, Otto Frank. Em sua obra fica 
claro todo o sofrimento e privações ali vividas bem como também, as ações dos nazistas 
contra os judeus, as leis antissemitas e o imperialismo. Anne Frank morreu de tifo em 1945, 
com seus 15 anos de idade. 
 
CRÍTICA SOCIAL: INTOLERÂNCIA RELIGIOSA E RACISMO 
 A obra O diário de Anne Frank retrata a vivência de uma menina que resiste a opressão 
do império nazista e a intolerância religiosa. Na narrativa, vê-se uma adolescente que é 
perseguida, têm os seus sonhos interrompidos e foi morta pelos nazistas por simplesmente ser 
judia. Além disso, o sofrimento não restringia-se apenas aos judeus, mas também a todos 
aqueles que eram, de acordo com os nazistas, de “raça inferior”. 
Percebe-se que a intolerância religiosa, fora e dentro da literatura, parte de um 
pressuposto de que há o certo e o errado, onde o direito da existência de dogmas, de práticas e 
crenças religiosas, são feridas. Além dessa problemática que é relatada na obra, diante da 
historicidade e dos fatos históricos ocorridos, é imprescindível citar-se que a intolerância 
religiosa não era o único problema no imperialismo do governo de Hitler, mas existia também 
o Arianismo que era propagado pelo chanceler da Alemanha. 
 Hitler mesmo vindo de um berço cristão, tinha um posicionamento intolerante religioso 
como também obsessões por questões raciais. Em seus discursos e até mesmo artigos, ele 
disseminava suas crenças sobre o que chamava-se de “pureza” racial e a superioridade da “raça 
germânica” (ENCICLOPÉDIA DO HOLOCAUSTO DOS ESTADOS UNIDOS, [s.d.]). O 
Arianismo, o ideário nazista, trazia a máxima de que os germânicos tinham como delegação 
manter-se puros a fim de que um dia dominassem o mundo. É necessário salientar-se que tudo 
isso é apenas a ponta do iceberg, porque Hitler e todos os que faziam parte e acreditavam em 
seu governo, agiram de forma intolerante – não só religiosamente falando, como também, 
atuando de forma abrupta contra minorias étnicas e até mesmo, arianos que eram deficientes, 
13 
 
os quais traziam riscos para a pureza racial imposta por seu governo. 
 Diante da narrativa de Anne relatando sobre o cotidiano de um judeu em somativa com 
o que a literatura passa-nos sobre o que foi o império nazista, percebe-se que Hitler e outros 
tantos líderes nazistas viam os judeus não só como um grupo religioso, entretanto com uma 
“raça” que enfraqueciam outras raças, segundo os nazistas os judeus, eram uma “raça” venenosa 
que “aproveitavam-se” de outras raças (ENCICLOPÉDIA DO HOLOCAUSTO DOS 
ESTADOS UNIDOS, [s.d.]). Essa disseminaçãode ódio, ou podemos chamar de xenofobia, 
era somado, também, ao sofrimento vivenciado por outros grupos étnicos, que existiam em sua 
minoria e vivenciavam, também, a perseguição do governo de Hitler. 
 Contudo, é importante recorrer ao que a filósofa Hannah Arendt apresenta em seu livro 
Origens do totalitarismo, como o povo judeu veio a ser vistos como pessoas supérfluas, além 
do fato dos extremismos existentes bem como, também, as políticas do imperialismo. Hannah 
traz dentro de sua obra a ideia de que os acontecimentos como o totalitarismo, o antissemitismo 
e o imperialismo foram os propulsores da ruptura na história humana. 
 Para Hanna Arendt, o antissemitismo moderno (1942, p.37), entra no quadro mais amplo 
do desenvolvimento do Estado-Nação. Mas, também, coincide com o declínio desse Estado, 
afinal, para “que um grupo de pessoas se tornasse antissemitas em um dado país num dado 
momento histórico dependia exclusivamente das circunstâncias gerais que os levavam a 
violento antagonismo contra o governo” (ARENDT, 1989, p.48.) é, de acordo com Hannah 
Arendt, distinto a aversão ao judeu, de origem religiosa. 
 Dessa forma, a autora difere o antissemitismo moderno da cólera ao judeu de origem 
religiosa, repudiando como fingidas todas as teorias que o analisam dentro de um panorama de 
perseguição milenar ou argumentar-se pelo aparato do bode expiatório. Como nos lembra L. 
Dumont (1993, p.142), “a continuidade do antissemitismo desde a Idade Média não explica a 
sinistra invenção do extermínio, tal como a continuidade da ideologia alemã, está longe de 
explicar a catastrófica metamorfose nazista”. A tese do bode expiatório segundo Hannah Arendt 
engabela, sobretudo, a relevância do antissemitismo e vai a ponto de ratificar que os próprios 
judeus imaginaram que o antissemitismo era um meio adequado de manter-se a simetria do 
povo judeu e da validação da vida eterna. 
 É importante frisar, que diante do que é apresentado pela obra de Hannah Arendt, 
compreende-se que pela perspectiva arendtiana, o totalitarismo é uma “criação” totalmente 
humana. Isso porque, como Arendt falou: “esse corpo político absolutamente ‘original’ foi 
planejado por homens e, de alguma forma está respondendo a necessidades humanas” 
(ARENDT, 1989, p.256.). O totalitarismo difere-se totalmente de outros tipos de tiranias 
14 
 
políticas, isso porque em outros tipos de tiranias, ainda existia a liberdade de escolher a 
oposição – mesmo sendo uma liberdade limitada, pois quem escolhia a oposição, sabia que 
arriscaria a sua vida a ser torturado ou assassinado. Porém, essa liberdade era negada à vítima 
do sistema totalitário. 
 O totalitarismo contenta-se não só em eliminar a liberdade em todo o sentido do 
indivíduo, como ocorreu com os judeus durante o regime de Hitler, bem como, também, a fonte 
propulsora da liberdade do homem que, segundo Hannah Arendt, essa liberdade está contida 
no nascimento do ser humano e em sua capacidade de iniciar tudo de novo. Seguindo a mesma 
linha de raciocínio, pode-se afirmar que o totalitarismo através do ponto de vista da filósofa, vê 
como a “ideologia” sendo a única fonte para descrever de forma geral o curso da história: “os 
segredos do passado, as complexidades do presente, as incertezas do futuro” (ARENDT, 1989, 
p.521.). 
 Constata-se, finalmente, que o totalitarismo trazido por Hannah Arendt, mostra que o 
regime de Hitler e todas as suas leis antissemitas, trata-se de uma ideologia que é apresentada 
como algo irrecusável. Desse modo, essa ideologia é trabalhada para que o homem não possa 
pensar, como nos lembra Bauman (2000, p.94.); a ideologia quer fazer com que o pensamento 
humano seja “impotente, irrelevante e sem influência para o sucesso ou fracasso do poder”. No 
final, é criado um mundo utópico cujo qual é logicamente coerente de acordo com os parâmetros 
estabelecidos pela ideologia racionalizada por um governante ou todo um governo. 
 A intolerância religiosa e o racismo nazista trouxeram reflexos negativos e dolorosos na 
história mundial. Quando atrelamo-nos aos fatos históricos, vemos que Hitler não só feriu a 
existência das vítimas que morreram ou sobreviveram ao seu império, mas também, atingiu a 
milhares de pessoas com suas religiões, dogmas e práticas religiosas e, também, as diversas 
etnias encontradas pelo mundo. A maior problemática encontrada diante desse governo não foi 
só por milhões de vítimas causadas – que não deixam de ser importantes, bem como, também, 
a existência de um regime totalitário, mas pelos retratos negativos em existir. 
 Percebe-se que esses reflexos negativos deixaram sequelas físicas, mentais e 
existenciais de pessoas no mundo todo. É necessário discutir-se acerca do quanto um momento 
histórico, como foi o nazismo, trouxe impactos significativos mundialmente falando. Quando 
para-se para analisar o que foi a perseguição nazista, os impactos causados, as vítimas e as 
ideologias propagadas, percebe-se que não há como negligenciar e nem permitir-se que 
qualquer resquício do nazismo ou até mesmo da intolerância e do racismo seja visto como um 
problema qualquer. 
O sociólogo Zygmunt Bauman aponta que diante da influência do pessimismo que 
15 
 
instala-se sobre os indivíduos, principalmente após a Segunda Guerra Mundial, faz com que a 
sua teoria da modernidade líquida, seja relevante. Isso porque as pessoas, por não acreditarem 
mais em sociedades utópicas, estão aceitando quadros sociais negativos, como por exemplo, a 
naturalização da xenofobia, intolerância religiosa e o racismo. 
 Anne mesmo sendo de pouca idade, fazia reflexões importantes acerca da existência. 
Em uma de suas falas, Anne deixa-nos uma reflexão sobre a importância da formação de caráter, 
pois mesmo Hitler vindo de um berço que não propagava a intolerância, Hitler optou por fazer 
o seu próprio caminho e, consequentemente, formou o seu caráter. Combater a intolerância 
religiosa e o racismo não é apenas o certo a fazer-se e nem a garantia de um direito dado por 
uma constituição – como no Brasil, por exemplo; mas é lembrar-se diariamente que os reflexos 
negativos trazidos apenas por uma ideologia, podem causar impactos em toda uma história. 
Como diz Anne Frank no dia 15 de julho de 1944: “Apesar de tudo, eu ainda creio na bondade 
humana”. 
 
RELAÇÃO DE ACONTECIMENTOS HISTÓRICOS E A HISTÓRIA DO ROMANCE 
 As relações que podemos indicar entre a história do romance e os acontecimentos 
históricos presentes nos textos de Anne, são as relações entre governo e povo no contexto da II 
Guerra Mundial, da comunidade judaica e das relações sociais entre os diversos grupos que 
constituíram a sociedade neerlandesa daquele período. O romance é a junção das páginas do 
diário da autora e os acontecimentos narrados e estão no âmbito do que podemos classificar 
como fatos históricos, um grande e longo relato de experiência. 
A autora, Annelies Marie Frank, escreveu enclausurada — e deixou isto claro em seu 
texto —, a perseguição promovida pelo governo do III Reich. Este fato mostra a relação entre 
o governo e o povo governado, naquele tempo e naquele lugar. Em alguns momentos, a ajuda 
de conhecidos para o fornecimento de alimentação é narrada, e isto também nos mostra as 
condições da comunidade judaica em tal contexto bem como aspectos dessas relações sociais. 
Diante da análise desses pontos, é possível compreender-se que essa narrativa factual e 
algumas relações descritas, conseguem encontrar correspondências com os acontecimentos 
históricos — afinal, o homem não está isolado de seu tempo, ele vive no tempo, dele é fruto e 
com ele interage — e o esforço de compreensão do porquê as coisas são narradas das formas 
que são, o porquê de algumas coisas ocorrerem das formas em que ocorreram com a autora, sua 
família e amigos/colegas/conhecidos, faz-nos perceber a História do Cotidiano, a História 
Familiar, intrinsecamente ligada à Macro História, àHistórias das Instituições Políticas, à 
História Internacional. 
16 
 
 O ponto de vista da autora é aquele da História vista de baixo: ela narrou os 
acontecimentos a partir de sua perspectiva, mas todos os acontecimentos — e isto podemos 
perceber através da análise — estão correlacionados às decisões políticas dos países europeus 
envolvidos na II Guerra Mundial (sobretudo a atual Alemanha e os Países Baixos). Ou seja, o 
ponto de vista dela é micro, Anne narrou o que pôde ver com seus olhos e ouvir com seus 
ouvidos, enclausurada onde estava e sendo apenas uma pessoa de pouca idade. 
O romance não desligou-se ou sequer pretendeu desligar-se de seu tempo, muito pelo 
contrário, ele narra o seu tempo da forma mais clara possível. O que a autora viu, ouviu, sentiu 
e pensou só ocorreu da forma como está escrito por causa do contexto histórico ao qual Anne 
Frank pertencia: espera-se que uma menina de 13 anos narre histórias de suas vivências 
escolares, por exemplo, que apesar de serem citadas no texto não são o foco da narrativa, ela 
viveu um tempo que explicitamente não permitiu-se estar escondido (nenhum tempo se 
esconde, mas em alguns talvez seja um pouco mais difícil de perceber). 
Dessa forma, podemos compreender a História, ou até melhor dizendo “os aspectos 
históricos”, acerca dos sentimentos e ações que o contexto permitia que pessoas naquelas 
condições sentissem e agissem. Nós podemos compreender como as decisões macro políticas, 
tomadas como estratégia para se vencer uma guerra mundial, afetam diretamente a vida de 
pessoas distantes dos gabinetes de governo e que nenhuma responsabilidade tiveram com a 
existência da disputa. Podemos compreender, também, aspectos culturais dos povos incluídos 
na narrativa (judeus, neerlandeses, alemães...). 
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 O romance é envolvente e o romancista soube usar da narrativa para prender a atenção 
do leitor, mesmo esta não sendo sua intenção primeira de quando começou a escrever — afinal, 
trata-se de um diário. No campo da Historiografia o romance tem um uso que atrela-se aos 
Annales. 
O campo da Historiografia foi fortemente influenciado pela Escola dos Annales a partir 
da década de 1920 (é certo que a força maior vem a partir da década de 1970). Essa escola dos 
Annales prega, dentre outras coisas, a construção de uma narrativa histórica que contemple a 
diversidade de visões para compreender-se a experiência do homem no tempo e no espaço de 
forma mais completa possível (BURKE, 2011). Em outras palavras, é olhar para um 
acontecimento não apenas a partir de uma fonte, mas de diversas fontes, observar suas 
convergências e divergências, procurar compreendê-las, notar intencionalidades, reunir o 
máximo de informações possíveis sobre um acontecimento, vindas das mais variadas fontes e 
17 
 
suportes, e situar aquele acontecimento na conjuntura a qual ele pertence. Este romance auxilia 
neste movimento. 
 Ele é uma fonte a mais sobre a II Guerra Mundial, falando em uma perspectiva mais 
global. O romance, também, é uma fonte a mais sobre a comunidade judaica fora do Oriente 
Médio, sobre a História da Alemanha, sobre a História dos Países Baixos, até sobre a História 
do Brasil, uma vez dados da década de 1940 sobre São Paulo, Rio de Janeiro, Bahia e 
Pernambuco são citados. 
Podemos construir uma visão sobre a II Guerra Mundial a partir dos documentos escritos 
e governamentais do III Reich, e sobre essa visão construir também significados. Mas este 
movimento estaria mais pareado com ideais Positivistas: a História Oficial e/ou historicizante. 
A partir de uma influência da Escola dos Annales, a visão e os significados sobre a II 
Guerra Mundial podem ser mais robustos e completos — nunca absolutamente completos, é 
válido salientar — a partir de filmes e documentários da época, fotografias, reportagens de 
jornais e telejornais, programas de rádio, revistas, músicas e canções e também a partir da 
literatura, dentre tudo isto, a partir do romance O Diário de Anne Frank. Ele constitui-se em 
uma das fontes históricas sobre o período e, levando em conta o que é defendido pela Escola 
dos Annales, é uma fonte que não deve deixar de ser considerada para compreender-se o homem 
no tempo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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https://pt.wikipedia.org/wiki/Victor_Kugler

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