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Maria Luiza Sena – Med XIV FASA Tecido muscular esquelético é formado por feixes de células muito longas (até 30cm), cilíndricas, multinucleadas e que contêm muitos filamentos – miofibrilas. ❖ Essas fibras se originam no embrião pela fusão de células alongadas – mioblastos. Os numerosos núcleos localizam-se na periferia das fibras, nas proximidades do sarcolema. ❖ Essa localização ajuda a distinguir o músculo esquelético do cardíaco – no cardíaco, os núcleos são centrais. ORGANIZAÇÃO DO MÚSCULO ESQUELÉTICO Fibras musculares estão organizadas em grupos de feixes, e o conjunto de feixes é envolvido por uma camada de tecido conjuntivo -> epimísio, que recobre o músculo inteiro. Perimísio: finos septos de tecido conjuntivo que partem do epimísio e se dirigem para o interior do músculo, separando os feixes. ❖ Envolve cada feixe de fibras. Cada fibra muscular, individualmente é envolvida pelo endomísio - > formado pela lâmina basal da fibra muscular, associada a fibras reticulares. Apresenta escassa população celular constituída por células do conjuntivo, sobretudo fibroblastos. O que mantém as fibras musculares unidas é tecido conjuntivo, possibilitando que a força de contração gerada individualmente por elas atue sobre o músculo inteiro. ❖ Força de contração do músculo pode ser regulada pela variação do número de fibras estimuladas pelos nervos. Vasos sanguíneos penetram o músculo pelos septos de tecido conjuntivo e formam rede de capilares que correm entre as fibras musculares. Tecido conjuntivo do músculo também contém vasos linfáticos e nervos. O tecido muscular esquelético tem uma coloração que varia do rosa ao vermelho, devido ao seu rico suprimento vascular e pela presença de pigmento mioglobina. ❖ Proteínas transportadoras de O2 semelhantes à Hb, porém menores. Tecido Muscular Esquelético Maria Luiza Sena – Med XIV FASA ORGANIZAÇÃO DAS FIBRAS MUSCULARES ESQUELÉTICAS Os músculos esqueléticos, além de sarcolema, sarcoplasma e miofibrilas, contém também um extenso retículo sarcoplasmático (RS): retículo endoplasmático modificado que envolve cada miofibrila. ❖ É formado por túbulos longitudinais com porções terminais alargadas -> cisternas terminais. ❖ Concentra e sequestra Ca2+ presente na membrana do RS. A liberação de cálcio do RS produz um sinal de cálcio que desempenha um papel chave na contração muscular. Cisternas terminais são associadas aos TÚBULOS T -> rede ramificada de túbulos transversos. Eles permitem que os potenciais de ação se movam rapidamente da superfície para o interior da fibra muscular. Sem os Túbulos T, os potenciais de ação alcançariam o centro da fibra somente por condução do potencial pelo citosol -> processo mais lento e menos direto = retardar tempo de resposta da fibra. Fibra muscular esquelética é formada pela fusão dos mioblastos, que se unem para formarem células longas e multinucleadas. Ela é preenchida com subunidades dispostas longitudinalmente -> miofibrilas, que se estendem por todo o comprimento da célula muscular. Cada miofibrila é composta por diversos tipos de proteínas organizadas em estruturas contráteis repetidas -> SARCÔMEROS. As proteínas das miofibrilas incluem: MIOSINA (proteína motora), que forma os filamentos grossos; e os microfilamentos de ACTINA que formam os filamentos finos; as proteínas reguladoras tropomiosina e troponina, e duas acessórias -> tinina e nebulina. MIOSINA É uma proteína motora com capacidade de produzir movimento. As cabeças da miosina possuem uma região elástica em dobradiça -> permite movimento. Cada cabeça de miosina possui uma cadeia proteica pesada e uma leve. A pesada é o domínio motor capaz de ligar o ATP e utilizar a energia dele para gerar movimento. ❖ Domínio motor funciona como uma enzima -> miosina-ATPase. No músculo esquelético, cerca de 250 moléculas de miosina unem- se para formar um FILAMENTO GROSSO -> estão organizados de modo que as cabeças da miosina fiquem agrupadas nas extremidades dos filamentos. ACTINA Proteína que forma os FILAMENTOS FINOS da fibra muscular. É uma proteína globular (actina G). normalmente, várias moléculas de actina G polimerizam para formar filamentos chamados de actina F. ❖ No músculo esquelético, 2 polímeros de actina F enrolam-se um no outro para formar filamentos finos da miofibrila. Maria Luiza Sena – Med XIV FASA Os filamentos grossos e finos de cada miofibrila estão conectados por ligações cruzadas de miosina. ❖ Cada molécula de actina G tem um único sítio de ligação à miosina. ❖ Cada cabeça da miosina tem um sítio de ligação à actina e um sítio de ligação ao ATP. As ligações cruzadas formam-se quando as cabeças de miosina dos filamentos grossos se ligam à actina dos filamentos finos. Elas têm dois estados: um de baixa energia (músculos relaxados) e um estado de alta energia (contração muscular). O arranjo de filamentos grossos e finos em uma miofibrila gera um padrão repetido de bandas claras e escuras alternadas -> uma única repetição do padrão forma um SARCÔMERO (unidade contrátil da miofibrila), cada um é constituído de: ❖ Banda I: coloração mais clara. Representa uma região ocupada apenas pelos filamentos finos. Reflete a luz de maneira uniforme ao microscópio (isotrópica). Disco Z atravessa o centro de cada banda I – cada metade de uma banda I pertence a um sarcômero diferente. ❖ Banda A: mais escura e engloba todo o comprimento de um filamento grosso. O centro é ocupado apenas por filamentos grossos. As proteínas dessa região desviam a luz de modo irregular (anisotrópica). ❖ Zona H: região central da banda A, é mais clara que as porções laterais. Ocupada apenas por filamentos grossos. ❖ Linha M: proteínas que formam o sítio de ancoragem dos filamentos grossos. Cada linha M divide banda A ao meio. O alinhamento adequado dos filamentos finos e grossos dentro de um sarcômero é assegurado por duas proteínas: TITINA e NEBULINA. ❖ Titina: molécula elástica grande – maior proteína conhecida. Uma única molécula se estende do disco Z até linha M vizinha. Tem função de estabilizar a posição dos filamentos contráteis e de fazer os músculos estriados retornarem ao seu comprimento de repouso. ❖ Nebulina: auxilia a titina. Proteína gigante não elástica que acompanha os filamentos finos e se prende ao disco Z. Auxilia no alinhamento dos filamentos de actina do sarcômero. Características como diâmetro da fibra muscular, quantidade de mioglobina, quantidade de mitocôndrias, extensão do retículo sarcoplasmático e da concentração e variação de enzimas, definem se a fibra muscular é vermelha, branca ou intermediária. CONTRAÇÃO E RELAXAMENTO MUSCULAR A contração muscular ocorre porque as cabeças de miosina se prendem e “caminham” ao longo dos filamentos finos nas duas extremidades de um sarcômero, empurrando os filamentos finos na direção da Linha M. Consequentemente, filamentos finos deslizam para dentro e se encontram no centro do sarcômero. Conforme vão deslizando, Bandas I e Zona H se estreitam e, por fim, desaparecem quando o músculo está em contração máxima. Com os filamentos finos em cada lado do sarcômero estão presos às Linhas Z, quando os filamentos finos deslizam, elas se aproximam e o sarcômero encurta. Maria Luiza Sena – Med XIV FASA ❖ Encurtamento do sarcômero -> encurtamento de toda a fibra -> encurtamento de todo o músculo. CICLO DA CONTRAÇÃO Inicialmente, retículo sarcoplasmático (RS) libera íons cálcio no sarcoplasma, onde se ligam à troponina, a qual faz com que a tropomiosina se movimente para longe dos locais de ligação com miosina na actina. Liberados os locais de ligação, o ciclo de contração começa. 01 – Hidrólise de ATP: cabeça da miosina englobaum local de ligação com ATP, ATPase (hidrolisa ATP em ADP) e um grupo fosfato. Essa reação de hidrólise energiza a cabeça de miosina. 02 – Acoplamento da miosina à actina para formar pontes transversas: cabeças de miosina energizadas fixam aos locais de ligação com a miosina na actina e liberam o grupo fosfato. Quando elas se prendem à actina durante a contração = pontes transversas. 03 – Movimento de força: formadas pontes transversas, ocorre movimento de força. Local na ponte onde o ADP ainda está ligado se abre, ponte roda e libera ADP. Ao rodar, ela gera força em direção ao centro do sarcômero, deslizando filamento fino pelo grosso em direção da Linha M. 04 – Desacoplamento da miosina da actina: ponte permanece presa à actina após o final do movimento de força, até se ligar a outra molécula de ATP. Quando ATP se liga com ATP na cabeça de miosina, ela se solta da actina. Esse ciclo se repete conforme ATPase da miosina vai hidrolisando moléculas ligadas de ATP e continua enquanto houver ATP disponível e nível de Ca2+ perto do filamento fino tiver alto. Pontes transversas se mantêm rodando a cada movimento de força, puxando filamentos finos na direção da Linha M. Com a continuidade do ciclo, movimento das pontes transversas aplica a força que puxa Linhas Z uma na direção da outra -> encurtamento do sarcômero. ❖ Na contração máxima, distância entre duas Linhas Z pode diminuir para a metade da que está em repouso. Linhas Z puxam sarcômeros vizinhos e toda fibra encurta. Na medida em que as células de um músculo esquelético começam encurtar, puxam seus tendões e revestimentos de tecido conjuntivo -> estes estiram e se tensionam, e essa tensão puxa os ossos aos quais estão presos = movimento de uma parte do corpo. ACOPLAMENTO EXCITAÇÃO -CONTRAÇÃO Elevação de Ca2+ no sarcoplasma começa a contração, e a diminuição cessa. Na fibra relaxada, a concentração de Ca2+ no sarcoplasma é baixa, mas uma quantidade grande está armazenada no RS. Conforme potencial de ação vai se propagando no sarcolema e Túbulos T, canais de liberação de Ca2+ na membrana do RS se abrem -> Ca2+ sai do RS para sarcoplasma -> concentração de Ca2+ no sarcoplasma sobe. Ca2+ liberados se combinam com troponina, mudando de forma -> isso movimenta tropomiosina para longe dos locais de ligação com a miosina na actina. Esses locais livres, as cabeças de miosina se ligam a eles para formar pontes transversas e o ciclo da contração começa. ❖ Esses eventos são o acoplamento excitação-contração: constituem as etapas que conectam a excitação (PA se propagando pelo sarcolema e nos Túbulos T) à contração (deslizamento dos filamentos). Maria Luiza Sena – Med XIV FASA Membrana do RS contém bombas de transporte ativo de Ca2+ que usam ATP para movimentar Ca2+ constantemente do sarcoplasma para o RS. Enquanto PA musculares se propagam pelos Túbulos T, canais de liberação de Ca2+ são abertos -> íons Ca fluem para o sarcoplasma mais rápido do que são transportados de volta pelas bombas. Depois da propagação pelos Túbulos T do último PA, canais de liberação de Ca2+ fecham. Ca2+ de volta para RS, a concentração de íons Ca no sarcoplasma diminui rápido. Dentro do RS, moléculas de calsequestrina se ligam ao Ca2+ -> mais Ca2+ é sequestrado ou armazenado dentro do RS -> com queda do nível de Ca2+, tropomiosina cobre os locais de ligação da miosina -> relaxamento da fibra. JUNÇÃO NEUROMUSCULAR Neurônios somáticos motores: são os neurônios que estimulam as fibras musculares a se contraírem. Cada um apresenta axônio que se estende do encéfalo/medula até um grupo de fibras. ❖ Fibra contrai em resposta a um ou mais PA que se propagam ao longo do seu sarcoplasma e pelo sistema de Túbulos T. Os PA emergem na junção neuromuscular (JNM) -> sinapse entre um neurônio motor e uma fibra muscular. Devido à fenda sináptica, durante as sinapses as células não se tocam fisicamente e o PA não consegue “pular” esse intervalo, então, a primeira célula se comunica com a segunda liberando um neurotransmissor. NA JNM, a terminação do neurônio motor (terminal axônico) divide-se em grupo de botões sinápticos -> parte neural da JNM. ❖ No citosol dentro de cada botão, tem as vesículas sinápticas, e dentro de cada vesícula há moléculas de acetilcolina (ACh) -> neurotransmissor liberado na JNM. PLACA MOTORA é a região do sarcolema oposta aos botões, é a parte da fibra na JNM. Dentro de cada uma, há milhões de receptores de ACh, proteínas às quais ACh se liga. ❖ Esses receptores são abundantes nas dobras juncionais - > sulcos profundos na placa motora com grande área de superfície para ACh. ! Receptores de Ach são canais iônicos dependentes de ligante. Potencial de Ação Nervoso evoca um Potencial de Ação Muscular: 1 – Liberação de ACh: chegada de impulso nervoso nos botões estimula abertura dos canais dependentes de voltagem. Com íons de Ca mais concentrados no líquido extracelular, Ca2+ flui para dentro pelos canais abertos -> estimula vesículas sinápticas -> liberação de ACh na fenda sináptica -> ACh se difunde pela fenda entre o neurônio motor e placa motora. 2 – Ativação dos receptores de ACh: ligação de 2 moléculas de ACh ao receptor na placa motora abre um canal iônico no receptor de ACh. Aberto, pequenos cátions (sobretudo Na2+), podem fluir pela membrana. 3 – Produção de um PA muscular: influxo de Na2+ torna o interior da fibra mais carregada positivamente -> mudança no potencial de membrana desencadeia um PA muscular. Cada impulso nervoso evoca um PA muscular -> se propaga pelo sarcolema -> sistema de Túbulos T -> RS libera Ca2+ armazenados no sarcoplasma -> fibra muscular contrai. 4 – Término da atividade da ACh: efeito da ligação da ACh dura pouco, pois ela logo é degradada pela acetilcolinesterase (AChE).
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