Buscar

Experiência_de_ser_idoso

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 9 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 9 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 9 páginas

Prévia do material em texto

SIMULAÇÃO DA EXPERIÊNCIA SENSORIAL E MOTORA DE SER IDOSO 
Maria de Lurdes Ferreira de Almeida (mlurdes@esenfc.pt) 
Doutora em Ciências de Enfermagem; Professora Coordenadora da Escola Superior de 
Enfermagem de Coimbra 
RESUMO 
As práticas laboratoriais (PL) em Enfermagem assumem uma importância vital na 
preparação dos futuros profissionais, pela oportunidade de treino que proporciona uma 
situação simulada. O estudo de situações práticas através da simulação apresenta-se como 
uma forma de aprimorar a aprendizagem dos conceitos, de desenvolver novos 
conhecimentos e também como um meio de motivar os estudantes. 
Com introdução da simulação como recurso didáctico pretendíamos que os estudantes de 
enfermagem identificassem as áreas de comprometimento motor e sensorial e 
descrevessem as dificuldades que experienciaram na realização de algumas actividades de 
vida diária. Participaram no estudo estudantes do Curso de Licenciatura em Enfermagem, 
inscritos na unidade curricular de Enfermagem de Saúde do idoso. 
As opiniões dos estudantes sobre o desenvolvimento de habilidades reforçam a 
contribuição da simulação em laboratório, considerando-a um recurso que facilita o ensinar 
e o aprender, particularmente na compreensão das dificuldades do idoso. 
Palavras-chave: simulação; idoso; sensorial; motora; mobilidade 
INTRODUÇÃO 
A simulação como estratégia foi, a princípio, uma forma encontrada de fazer com que os 
estudantes se envolvessem e se comprometessem mais com a disciplina de Enfermagem de 
Saúde do Idoso e Geriatria. A simulação tem como positivo a possibilidade de expor um 
grupo de estudantes a uma mesma experiência que ilustre a aprendizagem que se pretende 
que ocorra. O projecto de usar a simulação como estratégia de ensino aprendizagem desde 
o seu início criou expectativa e interesse nos estudantes. 
As práticas laboratoriais (PL) em Enfermagem assumem uma importância vital na 
preparação dos futuros profissionais, pelas oportunidades e treino que proporcionam em 
situação simulada. São um tipo de ensino realizado em laboratório, com base na simulação 
de situações práticas que têm por finalidade a aprendizagem e exploração dos métodos, 
processos e técnicas de aplicação da compreensão dos factos, considerados no ensino 
teórico e/ou teórico-prático, que conduzem ao desenvolvimento de competências 
cognitivas e psicomotoras. 
Os cenários de simulação oferecem experiências cognitivas, psicomotoras e afetivas, 
contribuindo para a transferência de conhecimento da sala de aula para os ambientes 
clínicos (Tuoriniemi, Schott-Bauer, 2008) que procuram uma aproximação com a 
anatomia, a fisiologia e as respostas ao processo saúde-doença dos seres humanos. 
Com a utilização desta metodologia de ensino/aprendizagem pretendemos identificar, de 
forma experienciada, as áreas de comprometimento motor e sensorial que ocorrem no 
processo de envelhecimento, descrever as principais dificuldades na realização de 
actividades diárias e contribuir para a compreensão das dificuldades dos idosos e, dessa 
forma, para a melhoria dos cuidados. 
 
METODOLOGIA 
Simular uma situação didática, em qualquer contexto, envolve a preparação do local, do 
material, do conteúdo e do instrutor. Em cenários preparados nos laboratórios (sala de estar 
com vários tipos de cadeiras; quarto de hospital; escadarias; sistema de som, sacos de água 
quente e de gelo, revistas, copo, caneca, garrafa de água, porta moedas com moedas de 
vários tamanhos) procedeu-se à utilização do simulador de velhice, modelo de baixa 
fidelidade, composto por óculos, luvas, tampões auditivos, bengala, constritores para 
aplicação nos membros superiores, inferiores e região dorso lombar e pesos (com 500grs 
cada) para as pernas e braços. 
O estudante com todos os constritores colocados realiza actividades propostas no guião 
direccionadas para a mobilidade (marcha sentar e levantar da cama e cadeira; subir e 
descer escadas) e sensoriais (audição, visão e tacto) e regista, em grupo, as alterações que 
experienciam. 
Participaram nas aulas práticas, com o simulador de idoso, 360 estudantes do 3º ano do 
Curso de Licenciatura em Enfermagem, inscritos na unidade curricular de Enfermagem de 
Saúde do Idoso e Geriatria, mas os resultados que apresentamos contemplam a análise dos 
relatos de 6 grupos (entre 12 e 15 elementos por cada grupo). Cada sessão teve a duração 
de três horas/ grupo com a orientação do professor. 
No final, em grupo, os estudantes relataram, sob forma de texto, sensações aquando da 
utilização do simulador. Os relatos foram analisados com recurso á técnica de análise de 
conteúdo, adaptada de Bardin (2004). A análise compreendeu três etapas: a pré-análise, na 
qual é feita a leitura flutuante para a identificação dos indicadores que fundamentam a 
interpretação dos dados; a exploração do material para a codificação dos dados, a partir das 
unidades de registros; o tratamento dos dados que consiste na classificação dos elementos 
explorados, considerando-se as semelhanças e as diferenças entre eles, para posterior 
categorização com ênfase nas características comuns. 
RESULTADOS 
A experiência relatada pelos estudantes resultou na construção de três categorias: 
comprometimento sensorial, comprometimento motor e vantagens da experiência de “ser 
idoso”. 
As duas primeiras categorias foram trabalhadas por subcategorias. Na apresentação e 
análise das mesmas explicitamos os materiais utilizados, as actividades propostas de 
acordo com um guião prévio e as alterações relatadas pelos estudantes. 
COMPROMETIMENTOS SENSORIAL 
Seguidamente apresentamos cada uma das subcategorias encontradas. 
Audição 
Para simular os efeitos do envelhecimento a nível da audição os estudantes utilizaram 
tampões nos ouvidos ou em sua substituição pequenos rolos de algodão. As actividades 
consistiam em identificar a origem do som, o tipo de som e a audição de uma música. 
Nos relatos foi evidenciada: a dificuldade na localização da origem do som e em 
diferenciar alguns tipos de sons, principalmente os mais agudos; a diminuição da acuidade 
auditiva (os sons só se tornam perceptíveis quando apresentam uma frequência elevada) e 
aumento da sensibilidade ao ruído de fundo. 
Visão 
Para simular os efeitos do envelhecimento a nível da visão os estudantes utilizaram os 
óculos do equipamento e objectos e folhas de papel de várias cores. 
Nos relatos, os estudantes referiram: diminuição do campo de visão (visão periférica); 
diminuição da acuidade visual; visão turva, com maior dificuldade na leitura e percepção 
do tamanho e limites das imagens; diminuição da percepção das cores, com 
amarelecimento; dificuldade em identificar as cores: azul, o verde e o roxo; dificuldade na 
avaliação da profundidade, quando realizavam o exercício de descer e subir escadas. 
Tacto 
Para simular os efeitos do envelhecimento a nível do tacto os estudantes utilizaram luvas 
brancas de algodão. 
As actividades consistiam em identificar várias texturas de materiais a sensibilidade o 
quente e ao frio com recurso a saco de água quente e saco de gelo. 
Os relatos evidenciaram: diminuição da capacidade táctil acompanhada por uma perda da 
sensibilidade a texturas (lisas e ásperas); dificuldade de preensão das folhas e objectos de 
textura lisa; diminuição da sensibilidade térmica (registaram maior dificuldade na 
percepção do frio). 
COMPROMETIMENTO MOTOR 
Para simular os efeitos do envelhecimento a nível da mobilidade os estudantes “vestiam” 
todas as partes do simulador (colete, constritores para restringir a mobilidade dos membros 
superiores e inferiores e mãos, acompanhados de pesos que se colocam no punho e no 
tornozelo). 
As actividades propostas consistiam em fazer marcha, subir e descer escadas, sentar em 
vários tipos de cadeiras/cadeirões. 
A nível da mobilidade considerámos as subcategorias mobilidade global, do tronco e 
cabeça, membrosinferiores, membros superiores e motricidade fina e que explicitamos 
seguidamente. 
Mobilidade global 
A nível da mobilidade global todos os relatos incluíam os achados seguintes: marcha mais 
lenta, arrastada e hesitante com necessidade de apoio em corrimões; passos curtos, 
dificuldade em levantar os pés do chão (“esta dificuldade sente-se tanto na locomoção em 
zonas com obstáculos e escadas como também em zonas planas; membros “mais 
pesados”); dificuldade no controlo dos movimentos articulares devido não só ao peso dos 
membros exercido sobre o corpo, como também à diminuição da mobilidade das 
articulações (são exemplo a articulação do joelho); redução de equilíbrio e/ou coordenação 
dos movimentos. 
Tronco e cabeça 
Nos movimentos do tronco e cabeça, os estudantes referiram: dificuldade nos movimentos 
amplos com o pescoço e tronco, em baixar-se ou curvar-se tornando mais difícil manter a 
posição erecta, tanto sentado como em pé, com acentuada tendência para a curvatura do 
tronco; dificuldade em passar da posição erecta para sentada e/ou vice-versa ou da posição 
erecta para deitado e/ou vice-versa. 
Membros inferiores 
A nível dos membros inferiores foram referidas as alterações seguintes: dificuldade na 
execução dos movimentos articulares; aumento da sensação de peso e falta de força, assim 
como dificuldade em ultrapassar degraus altos; dificuldade na extensão e/ou flexão dos 
membros. 
Membros superiores 
Nos membros superiores também foi sentido o aumento de peso, com diminuição da força, 
diminuição da flexão do punho; diminuição dos movimentos articulares, nomeadamente da 
flexão e redução da amplitude dos movimentos. Na mão relataram: diminuição da 
amplitude dos movimentos e flexão dos dedos; dificuldades na preensão e falta de força 
para segurar alguns objectos. 
Motricidade fina 
Nesta subcategoria os estudantes relataram dificuldades mais específicas no manuseamento 
de objectos para actividades específicas (escrever, utilização de talheres, abertura de 
garrafas, utilizar o telemóvel e teclado do computador); dificuldade na realização de acções 
que exigem maior movimentação dos dedos, parecendo que há uma diminuição de força e 
dificuldade na percepção das dimensões dos objectos. 
VANTAGENS DA EXPERIÊNCIA DE “SER IDOSO” 
O resultado da aprendizagem mostrou-se evidente no momento em que os estudantes 
conseguiam sentir os efeitos do envelhecimento e discutiam os resultados obtidos. Na 
opinião dos mesmos a utilização desta metodologia permite uma melhor compreensão das 
alterações fisiológicas do envelhecimento e as repercussões das mesmas nas actividades de 
vida diária, ao mesmo tempo que, possibilita a reflexão sobre a adopção de práticas 
conducentes à promoção do bem-estar da pessoa idosa, como está explicitado nos relatos 
seguintes: 
“ (…) foi uma experiência (…) interessante (…) importante, na medida em que 
pudemos “sentir na pele” (…) o que os idosos sentem e pelo que passam todos 
os dias para se movimentar e realizar algumas actividades que para nós não 
apresentam dificuldades. Desta forma, levou-nos a perceber o porquê de alguns 
comportamentos que os idosos adoptam de forma a compensar as suas 
dificuldades. (APL5) “ 
“(…) com todas estas alterações torna-se complicado e difícil realizar as 
actividades de vida diária de forma eficaz e com a rapidez a que estávamos 
habituados, ou seja, depois de sabermos qual a sensação de “sermos idosos”, 
mesmo que por apenas alguns momentos, percebemos o quão complicado é o 
seu dia-a-dia”. (APL4) 
Esta experiência também contribuiu para a aquisição de competências sociais e de 
cidadania, expressas nos relatos seguintes: 
“ (…) com as experiências vivenciadas nesta aula, concluímos que: o envelhecimento 
provoca grandes alterações a nível físico que se reflecte numa menor qualidade de 
vida; que nunca olharemos para as pessoas mais velhas da mesma forma; ficamos mais 
despertos para as dificuldades dos idosos e devemos interagir e ajudar pessoas nesta 
faixa etária quando nos cruzamos com elas na rua, nos autocarros, etc. “(Bpl4) 
 
“A experiência com o simulador de Idoso, fez-nos perceber (…)a angústia das 
limitações que a perda dessas capacidades representa(…) o mundo que antes nos era 
ajustado deixa de o ser, começam os obstáculos, proporcionados pelas incapacidades 
físicas em conjunto com a falta de adaptação do meio social aos Idosos”(BPl6) 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
A realização das actividades propostas, permitiu que os estudantes experienciassem 
diferentes alterações que ocorrem ao longo do processo de envelhecimento, nomeadamente 
a nível sensorial e motor, identificassem as dificuldades mais comuns com que as pessoas 
idosas se deparam no seu dia-a-dia, ajudando-os ainda, nesta fase de aprendizagem, a 
entender os comportamentos dos idosos em situações do dia-a-dia. 
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
- Bardin, L (2004). Análise de conteúdo. 3.ed. Lisboa: Edições 70. 
- Teixeira, Carla Regina de Souza, Kusumota, Luciana, Braga, Fernanda Titareli 
Merizio Martins, Gaioso, Vanessa Pirani, Santos, Cláudia Benedita dos, Silva, 
Vivian Libório de Sousa e, & Carvalho, Emilia Campos. (2011). O uso de 
simulador no ensino de avaliação clínica em enfermagem. Texto & Contexto - 
Enfermagem, 20 (spe), 187-193. Consultado a 27 de Maio de 2013, de 
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-
07072011000500024&lng=en&tlng=pt. 10.1590/S0104-070720110005000 
- Tuoriniemi, P.; Schott-Baer, D (2008). Implementing a highfidelity simulation 
program in a community college setting. Nursing Education Perspectives, .29 (2), 
p.105-109.

Outros materiais