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Constitucionalismo - Resumo do papai

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Direito Constitucional – Resumo do papai
Constitucionalismo
Pode ser entendido em dois sentidos: amplo e restrito. Em sentido amplo refere-se à existência de uma Constituição nos Estados. Todo Estado possui uma Constituição, seja ela escrita ou não, pois é a Constituição que organiza o Estado. Tal sentido não é muito utilizado.
Em sentido estrito Constitucionalismo se refere à garantia de direitos fundamentais dos indivíduos em face do Estado e a limitação de poder (contraposto ao absolutismo – limitar o poder do soberano e assegurar direitos).
Evolução histórica do Constitucionalismo
Constitucionalismo Antigo: da antiguidade até o século XVIII
Constitucionalismo Moderno: do século XVIII até a 2ª guerra mundial
Constitucionalismo Contemporâneo: da 2ª guerra em diante – neoconstitucionalismo.
Constitucionalismo Antigo: surgiu no Estado Hebreu, que era teocrático. Nesse período os dogmas religiosos eram limites ao poder político do soberano, razão pela qual se apresenta como um dos marcos de nascimento do constitucionalismo.
Já na Grécia também pode ser notado uma espécie de limitação do poder do soberano, pois as decisões eram tomadas com a participação direta dos indivíduos.
Também podemos fazer referência à Magna Carta e 1215, a Petition of Roghts de 1628, o Habeas Corpus Act de 1679, o Bill of Rights de 1689 e o Act of Settlement de 1701.
Nem todos os autores reconhecem o constitucionalismo antigo.
Constitucionalismo Moderno: muitos autores citam esse momento como o surgimento do constitucionalismo.
Aqui surgiram as primeiras constituições escritas, rígidas, formais e dotadas de supremacia. A primeira constituição escrita foi a dos EUA em 1787 e com ela se inaugura o constitucionalismo moderno.
A segunda constituição elaborada foi a da França em 1791.
Primeira Fase do Constitucionalismo Moderno
Surgiu com as revoluções liberais e a primeira constituição escrita (EUA). A liberdade era assegurada pela não intervenção Estatal, daí se falar em revolução liberal.
Aqui a ideia dominante era a ideia liberal, ou seja, que o Estado interviesse o mínimo possível nas liberdades individuais.
Contribuições dos EUA
1. Primeira Constituição escrita rígida e suprema: destaca-se que a constituição dos EUA sempre foi vista como suprema, diferente das primeiras constituições da Europa, que eram vistas como cartas de intenções.
2. Controle de Constitucionalidade: aqui surge o controle de constitucionalidade por meio do controle difuso. O controle difuso surge em 1803 no caso Marbury x Madison julgado pelo juiz Marshall.
3. Sistema presidencialista: surgiu como uma forma de substituir a figura do monarca. Assim, foi criada a figura do presidente.
4. Forma federativa de Estado: não foi criada nos EUA, mas aqui ganhou projeção mundial.
Contribuições da França
1. Constituição prolixa: isso não era comum na época. Lembrando que a constituição dos EUA é bem sintética.
2. Distinção entre Poder Constituinte Originário e Derivado: a teoria foi criada por Emmanuel Joseph Sieyès, que fez uma distinção entre o Primeiro Estado (nobreza), Segundo Estado (clero) e Terceiro Estado (povo). Nessa época as decisões eram tomadas por votos e cada “Estado” possuía direito a um vodo, de forma que mesmo sendo o povo a maior fração, sua vontade era usurpada pela vontade da minoria (nobreza e clero).
Estado de Direito (Liberal): tal modelo de Estado foi consagrado durante o constitucionalismo moderno. Vejamos as características:
1. Abstencionista: não intervém a esfera de liberdade do indivíduo, limitando-se à defesa da ordem e segurança e administração da justiça. É o Estado mínimo.
2. Direitos Fundamentais: apenas direitos da burguesia, ou seja, vida, liberdade, igualdade e propriedade, os quais eram reconhecidos apenas no aspecto formal.
3. Limitação do Soberano: não há sujeito que não esteja submetido à lei.
4. Princípio da legalidade: a Administração Pública passa a ser compreendida como atividade a ser exercida com base na lei.
Dimensões/Gerações de Direitos Fundamentais
No constitucionalismo moderno surgem os direitos fundamentais de primeira dimensão/geração, que são os ligados à liberdade (religiosa, de pensamento, locomoção, etc). São os chamados direitos civis e políticos.
Os direitos civis são relativos à defesa do indivíduo em face do Estado; são de caráter negativo, pois exigem uma abstenção do Estado.
Já os direitos políticos referem-se à participação do indivíduo na vida política do Estado.
Segunda Fase do Constitucionalismo Moderno e o Estado Social
Se inicia após a primeira guerra mundial, pois percebe-se a falência do liberalismo em face das demandas sociais.
Assim, surgem as primeiras constituições sociais, que são a Constituição Mexicana de 1917 e a Constituição de Weimar de 1919.
O Estado Social visa superar a dicotomia entre igualdade política e desigualdade social. 
Vejamos as características do Estado Social:
1. Intervencionista: abandona a postura abstencionista e passa a intervir no domínio social, econômico e laboral.
2. Produção e distribuição de bens: o Estado passa a regular e distribuir a produção de bens.
3. Preocupação com o bem estar social mínimo: as pessoas precisam ter um mínimo de bem estar para ter dignidade
Direitos Fundamentais de Segunda Dimensão/Geração
Com a segunda fase do constitucionalismo moderno surgem os direitos de segunda dimensão/geração que tem como valor a igualdade material. São os direitos sociais, econômicos e culturais.
Constitucionalismo Moderno/Neoconstitucionalismo
Com o fim da segunda guerra surge o Neoconstitucionalismo. Vejamos suas características:
1. Força normativa da constituição: com o fim da segunda guerra mundial houve o reconhecimento de que a constituição é uma norma jurídica e deve ser respeitada. Até esse momento a constituição era vista como um documento essencialmente político, inclusive na parte de direitos fundamentais.
Os direitos fundamentais não eram oponíveis ao Legislativo e muitas violações que ocorreram até então era oriundas do próprio Legislativo. Assim, a partir do fim da segunda guerra mundial os direitos fundamentais passaram a ser oponíveis a todos os poderes públicos, inclusive ao Poder Legislativo.
Vale destacar que na Europa a força normativa da Constituição ocorreu após a segunda guerra. No Brasil apenas com a Constituição de 1988.
2. Rematerialização dos textos constitucionais: os textos passaram a ser extensos, analíticos e regulamentares, pois foram editados após um período de autoritarismo e a intenção foi proteger os direitos de uma maneira abrangente.
3. Fortalecimento do Poder Judiciário: a garantia jurisdicional da constituição é advinda do direito norte americano. A ideia é que o Judiciário é o poder mais neutro entre os poderes.
A combinação entre o texto prolixo e a força normativa da constituição, assegurada pelo Judiciário, acaba fortalecendo tal Poder dando origem à judicialização das relações políticas e sociais, ou seja, questões anteriormente restritas ao âmbito político e social são levadas ao Judiciário.
4. Dignidade da pessoa humana: os terríveis atos praticados na segunda guerra mundial levaram à conclusão de que os direitos humanos precisavam ser consagrados no núcleo das constituições
A dignidade da pessoa humana surge para afastar qualquer tipo de hierarquia entre indivíduos, os quais devem sempre serem tratados como fins em si mesmos e nunca como meio para outros fins. A dignidade da pessoa humana passou a ser o núcleo axiológico das constituições.
Também surge a ideia de centralidade da constituição e dos direitos fundamentais, o que dá origem ao fenômeno da constitucionalização do Direito, que surgiu na constituição Alemã de 1949 e possui as seguintes características:
· Consagração de outras normas do direito nas constituições: as constituições passam a ser compostas não apenas de normas clássicas de direito constitucional, mas também de normas de direito administrativo, ordem econômica e financeira e etc.· Interpretação das leis conforme a constituição (filtragem constitucional): através da filtragem faz-se uma interpretação das leis conforme a constituição, extraindo-se do seu dispositivo o melhor significado.
· Eficácia horizontal dos direitos fundamentais: refere-se à aplicação dos direitos fundamentais oponíveis não apenas nas relações com o Estado, mas também na relação entre particulares.
Estado Democrático de Direito/Estado Constitucional de Direito
Busca fazer uma conexão entre o Estado de Direito e a democracia. A soberania popular é a viga mestra desse modelo. Aqui muda-se o paradigma e a ideia de império da lei é substituída pela ideia de força normativa da constituição. Vejamos as características:
1. Efetividade dos direitos fundamentais: há preocupação da efetividade dos direitos fundamentais e não apenas com a consagração formal na constituição.
2. Limitação do Poder Legislativo: antes o Poder Legislativo atuava apenas com a limitação do ponto de vista formal (controle de constitucionalidade sobre aspectos formais e de procedimento). Entretanto, atualmente controla-se também o aspecto material, ou seja, o conteúdo das leis e sua compatibilidade com a constituição.
3. Democracia substancial: é o respeito dos direitos fundamentais de todos, inclusive das minorias.
Direitos Fundamentais de Terceira Dimensão/Geração
Aqui o valor consagrado é o da fraternidade ou solidariedade. Protege-se o meio ambiente, autodeterminação dos povos, patrimônio comum da humanidade, consumidor, crianças e idosos.
Direitos Fundamentais de Quarta Dimensão/Geração
Se na terceira dimensão de direitos já não havia consenso, na quarta dimensão em diante o consenso é ainda menor.
Aqui os autores citam a democracia, a informação e o pluralismo.
A informação se refere ao direito de informar e ser informado. O pluralismo é um fundamento da República e embora a CF faça referência a pluralismo político, o termo pluralismo deve ser entendido de forma mais abrangente, alcançando à diversidade e diferenças de modo geral.

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