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PATOLOGIA GERAL @andreiadivensi 1 Introdução Patologia é a ciência que estuda as causas das doenças, os mecanismos que as produzem, os locais onde ocorrem e as alterações moleculares, morfológicas e funcionais que apresentam. SAÚDE E DOENÇA Pode-se definir saúde como o estado de equilíbrio do bem-estar físico, mental e social do indivíduo, onde o mesmo não apresenta sinais ou alterações orgânicas. Já o conceito de doença seria o estado de falta de adaptação ao ambiente físico, psíquico e social, onde o indivíduo se sente mal (tem sintomas) e/ou apresenta alterações orgânicas evidenciáveis objetivamente (sinais clínicos). DIVISÕES DA PATOLOGIA A Patologia geral estuda os aspectos comuns às diferentes doenças no que se referem às suas causas, mecanismos patogênicos, lesões estruturais e alterações das funções. A Patologia especial se ocupa das doenças de um determinado ou sistema (ex: cavidade oral), ou estuda as doenças agrupadas por suas causas (infecciosas, causadas por radiação, etc). Etiologia: estuda as causas das lesões Patogênese: se atém ao mecanismo de formação das lesões Morfopatologia subdivide-se em: Anatomia Patológica: estuda características macroscópicas das lesões Histopatologia: estuda as características microscópicas das lesões Fisiopatologia: estudo das alterações das funções de órgãos lesados. Propedêutica e Semiologia estudo dos sinais (manifestações percebidas por outras pessoas) e sintomas (queixas apresentadas em relação ao que o paciente está sentindo) DOENÇA COMO PROCESSO Período de incubação: sem manifestações Período prodrômico: sinais e sintomas inespecíficos Período de Estado: sinais e sintomas típicos Evolução: cura (com ou sem sequela). Cura-> cronificação -> complicações -> óbito. Lesões Celulares Lesões e doenças são provocadas por causas (agressões) muito diversas. Dependendo da intensidade, do tempo de ação e da constituição do organismo (capacidade de reagir), qualquer estímulo da natureza pode produzir lesão. PRINCIPAIS CAUSAS DE LESÕES Hipóxia: redução no fornecimento de O² Anóxia: interrupção do fornecimento de O² Isquemia: diminuição ou interrupção do fluxo sanguíneo Agentes físicos: incluem força mecânica (traumatismo), radiações, variações de temperaturas e alterações da pressão atmosférica, choque Agentes químicos e drogas: englobam uma enorme variedade de tóxicos, como defensivos agrícolas, poluentes ambientais, álcool, tabaco... Agentes infecciosos: representado por vírus, bactérias, protozoários. Reações imunológicas: Defesa do organismo, ocorre como exemplo em pessoas com doenças autoimunes e com alergia. Distúrbios genéticos: herdados geneticamente. Podem ser de grande porte, como o caso de síndromes, ou de pequeno porte, como exemplo intolerância à lactose. Desequilíbrios Nutricionais envolvem tanto a deficiência como o excesso de nutrientes. TIPOS DE LESÃO A adaptação ocorre devido a constante necessidade da célula de se adaptar a possíveis mudanças ocorridas em seu meio. A adaptação pode ser: Fisiológica: costumam representar respostas a estímulos normais de hormônios ou substancias químicas endógenas. ADAPTAÇÃO CELULAR PATOLOGIA GERAL @andreiadivensi 2 Patológicas: mesmo mecanismo, mas o principal objetivo é permitir que a célula tenha como sobreviver às agressões. TIPOS DE ADAPTAÇÕES de CRESCIMENTO. Hiperplasia. Caracterizada por aumento do nº de células em um tecido ou órgão. Muito comumente ocorre simultaneamente com a hipertrofia. Pode ser: Fisiológica: Hormonal. Exemplificada pela proliferação do epitélio glandular da mama feminina na puberdade e durante a gravidez. Compensatória. Na qual cresce tecido residual após a remoção ou perda de um órgão. Por exemplo, na hepactetomia quando o fígado é parcialmente removido, a atividade mitótica das células restantes inicia-se 12hs depois, restaurando o fígado ao seu peso normal Patológica. Causada na maioria das vezes por estimulação excessiva hormonal ou por fatores do crescimento. Como, por exemplo, na hiperplasia endometrial pela ação do estrogênio (espessamento parede do endométrio, causa muita cólica e sangramento). De TAMANHO. Atrofia. Diminuição do tamanho da célula por perda de componentes estruturais, inicia-se como hipotrofia e quando um nº suficiente de células está envolvido, todo o tecido ou órgão diminui. A atrofia pode ser: Fisiológica. Diminuição do tamanho do útero após o parto. Patológica. Depende da causa básica e pode ser local ou generalizada. Exemplos: Atrofia de desuso. Redução da carga de trabalho. Quando um osso fraturado é imobilizado em gesso, para de fazer academia, rapidamente os músculos esqueléticos sofrem atrofia. Poliomelite (paralisia infantil) Perda da inervação das pernas, e a musculatura atrofia. Diminuição do suprimento sanguíneo. Isquemia Perda da estimulação endócrina. Mama, órgãos reprodutivos Envelhecimento atrofia senil, por perda de massa muscular Pressão. Compressão tecidual De TAMANHO. Hipertrofia. Aumento do tamanho da célula com consequente aumento do tamanho do órgão. Não tem novas células, apenas células maiores – maior síntese de componentes estruturais. Não existe divisão celular. Fisiológica. Estimulação hormonal, ex: aumento da mama e do útero induzidos por hormônio durante a gravidez. Patológica. Hipertrofia mamária puberal ou ginecomastia (crescimento das mamas em homens – ocorre por distúrbios hormonais ou contato com hormônios femininos). Resposta adaptativa. Musculo esquelético: carga de trabalho Músculo cardíaco: sobrecarga, hipertensão. Gera insuficiência cardíaca De DIFERENCIAÇÃO. Metaplasia. Mudança de formato. A mais perigosa das lesões reversíveis. Alteração da diferenciação celular, transformação de um tipo de tecido totalmente adulto e diferenciado (epitelial ou mesenquimal) para outro tipo de tecido igualmente adulto e diferenciado. Exemplos: irritações persistentes de qualquer natureza, agressões mecânicas repetidas (próteses dentárias), irritação química (tabagismo), calor (alimentos quentes) e inflamação crônica (colo uterino, gástrica, esôfago). PATOLOGIA GERAL @andreiadivensi 3 Consequências da metaplasia: Positivo: Tecido mais resistente ao ambiente adverso. Negativos: lesão pré-neoplásica (portanto pode causar câncer quando virar neoplasma). De DIFERENCIAÇÃO. Displasia. Anomalias que ocorrem durante o desenvolvimento de um órgão ou tecido, onde ocorre proliferação celular de células com tamanhos, forma e características alteradas. A lesão celular pode ser reversível onde a célula é exposta a um estímulo nocivo leve que promove pequenas alterações funcionais passíveis de correção pela célula. A célula não perde sua estrutura primordial. Em algumas ocasiões, mesmo havendo a lesão reversível, a célula não consegue reparar por completo o dano causado, desta forma, a célula desencadeia a apoptose para que ela não venha prejudicar futuramente um tecido funcional. Lesão irreversível, ocorre quando o estímulo nocivo ultrapassa o ponto de não retorno de lesão celular, acarretando em: Necrose. A necrose é desorganizada e provoca uma resposta imune de inflamação. É sempre um processo patológico, podendo ser causado por hipóxia, isquemia, trauma físico, toxinas e infecções. Dano permanente. Dano severo a membrana, enzimas lisossômicas entram e digerem a célula ocorrendo extravasamento dos componentes celulares Fatores nucleares: Picnose: cromatina se concentra, volume fica reduzido, hipercorado. Cariorrexe: distribuição irregular da cromatina. Cariólise: dissolução da cromatina e perda da coloração do núcleo. Finalização da morte celular. Alterações citoplasmáticas: Devido aoaumento da eosinofilia, o citoplasma fica mais avermelhado, ocorre grande presença de granulações e tumefação das mitocôndrias (ficam inchadas). Tipos de necrose: Necrose de Coagulação ou Isquêmica (célula fantasma) acontece em células ricas em proteínas, que se coagulam e viram uma espécie de gel no citoplasma, mantendo o formato fantasma da célula morta, mas sem o núcleo. Em geral, acontece em problemas sistêmicos, como exemplo no infarto. LESÃO CELULAR REVERSÍVEL LESÃO CELULAR IRREVERSÍVEL PATOLOGIA GERAL @andreiadivensi 4 Necrose Liquefativa. Acontece em órgãos e células ricas em enzimas lisossômicas (ricas em enzimas digestivas). Por não ter muita proteína, não coagula e as enzimas lisossômicas quando morrem são liberadas e “derretem” as células. Características de células do cérebro e pulmão. Comum nas infecções bacterianas. Necrose Caseosa. Acontece no pulmão, onde tem áreas de necrose liquefativa circuladas por tecido de cicatrização. A aparência do órgão macroscopicamente parece um queijo suíço. ex: tuberculose bacteriana. Necrose Gomosa. Ocorre na doença sífilis. Fases da sífilis. 1º cancro (verrugas na área genital) 2º invade a corrente circulatória, formando manchas vermelhas por todo o corpo. 3º provável processo de esterilidade e aparecimento de necroso em várias partes do corpo, principalmente na boca. Se ainda assim não for tratada leva ao óbito. Mais viscosa e elástica que a caseosa. Esteatonecrose. Acontece no fígado e pâncreas. É uma necrose que tem um acumulo de gordura sobre as células. Comum na pancreatite. A necrose é sempre um processo patológico enquanto a apoptose ocorre em vários processos normais não sendo obrigatoriamente associados a lesão celular Apoptose. É organizada e divide a célula em pequenos pacotes que podem ser recolhidos e reciclados por outras células. Tem como causa a falta de sinais de sobrevivência ou mutações de DNA/proteínas. Morte celular programada. Estímulos nocivos que danificam o DNA induzem a morte celular por dissolução do núcleo sem perda total da integridade da membrana. Características morfológicas: 1. Arredondamento da célula. 2. Retração. O citoplasma começa a perder proteínas estruturais, fica menor e a membrana começa a se invaginar e forma os pseudópodes. 3. Fragmentação da membrana. Núcleo começa a ficar picnótico, e se quebra em pedaços que são fagocitados por nossas células de limpeza (macrófagos). Não existe mais vestígios como na necrose. PATOLOGIA GERAL @andreiadivensi 5 Causas Fisiológicas de Apoptose. -Involução dependentes de hormônios: Colapso endometrial no ciclo menstrual, atresia ovariana na menopausa, regressão mamária após desmame. -Eliminação celular em populações em proliferação: Epitélio da cripta intestinal. -Morte celular que já cumpriu o seu propósito: neutrófilos e linfócitos. Causas Patológicas de Apoptose. Quando temos uma lesão no DNA (ex: queimadura solar, raio X). MECANISMOS Como começa a picnose? Quando a mitocôndria não consegue mais respirar (ex: isquemia), diminui o ATP e a célula tenta fazer respiração anaeróbia, que gera ácido lático que é acido e faz o Ph da célula diminuir, iniciando a picnose. Fora do núcleo, essa diminuição de ATP faz com que o citoplasma não tenha mais energia para as bombas (sódio, potássio, ATPase...), elas não funcionam mais e começa a sair potássio (que não deveria) entrar cálcio, sódio (que não deveriam). O sódio faz com que entre água e a célula incha e estoura. Ainda, diminui a síntese de proteína (que também precisa de ATP), e a membrana perde posição de lipídios, proteínas... Quando a célula realmente morre? Quando ela perde sua função mitocondrial.
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