Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Ginecologia Mila Schiavini MED101 Doença inflamatória pélvica ❖ Fator de risco para infertilidade. ❖ Introdução: é causada por microrganismos que ascendem do trato genital inferior (IST’s). Infecção polimicrobiana oriunda da vagina cérvice que acomete endométrio, trompas, ovários, superfície peritoneal e/ou superfícies contiguas e fígado. ❖ Fatores de risco: • Idade < 25 anos (ectopia cervical, baixa prevalência de anticorpos contra clamídia e muco cervical mais permeável, passando mais microrganismos). • Inicio precoce das relações sexuais. • Baixo nível socio-econômico. • Parceiros múltiplos. • Sexo inseguro. • Parceiro portador de uretrite. • História prévia de DST e/ou DIP. • Duchas terapêuticas e tampões vaginais, modificando o ph da vagina. • Manipulação do trato genital e procedimentos intrauterinos. • Tabagismo, alcoolismo e drogas ilícitas (cofatores imunossupressores). ❖ Epidemiologia: • Mulheres de 15-25 anos. 3x mais em adolescentes (devido ao muco cervical menos espesso). • 60% dos casos são subclínicos, desses 10 a 40% desenvolvem DIP. • Alta taxa de morbidade. • 12% das mulheres ficarão inférteis após um episódio de DIP, 25% após dois episódios e 50% após três ou mais episódios. • 6 a 10x maior chance de desenvolver gravidez ectópica. • Baixa taxa de mortalidade. • Afeta mais de 1 milhão de mulheres ao ano. • 20 a 30% são adolescentes, devido a cérvice imatura e comportamento de risco. • Uso de métodos de barreira – condon e diafragma impedem a ascensão, atuam como fator de proteção. Não deixando passar o sptz nem o tricomonas, que são vetores de bactérias causadoras de DIP. • O contraceptivo anovulatório deixa o muco mais espesso, dificultando a ascensão, diminuído a permeabilidade da cérvice. • DIU: fator de risco. Não tem efeito protetor. • Duchas vaginais. • Manipulação do endométrio. ❖ Defesa natural: • Flora vaginal x lactobacilus acidophilus. • pH da vaginal: entre 3,8 e 4,2. • Muco cervical com ph ácido forma uma barreira protetora. • No período da menstruação, há uma queda dos lactobacilus, quebrando um mecanismo de proteção. Sendo uma época mais propícia. ❖ Etiologia: • Etiologia polimicrobiana: aeróbios facultativos e anaeróbios. • Transmissão sexual: chlamydia trachomatis (principal) e neisseria gonorrhoeae (2/3 dos casos são causados por eles). • Não transmitidos sexualmente: Bacilo de Koch: DIP tuberculosa, via disseminação hematogênica, de caráter insidioso e paciente não responde ao tratamento convencional. Actomyces israelli: fungo comum em usuárias de DIU. Ginecologia Mila Schiavini MED101 • HIV positivas: agentes etiológicos semelhante às soronegativas, porém, possuem mais infecções concomitante por M. hominis, candidíase de repetição, estreptococos e HPV (16 e 18). ❖ Patogênese: • Mecanismo de infecção dos órgãos genitais superiores. • Espermatozoides e trichomonas vaginallis agem como vetores. • No período de menstruação por mecanismo de sucção da própria contração uterina. ❖ Terminologias da infecção pélvica: endometrite (acomete o endométrio), salpingite (acomete a trompa), salpingooforite (acometimento de trompa e ovário), anexite (acometimento de todo anexo), parametrite, abscesso tubo-ovariano, pelviperitonite, peri hepatite – síndrome de Fitz Hugh Curtis. ❖ Fisiopatologia: ascensão de microrganismo pelo trato genital. Período perimenstrual e menstrual proporcionam uma abertura do colo, fluidez do muco cervical (ação estrogênica) e sucção do conteúdo vaginal (contratilidade uterina). Ginecologia Mila Schiavini MED101 ❖ Quadro clínico: • Exame físico: Tax > 38,3° Dor a palpação e a descompressão brusca em baixo ventre. Dor a palpação do colo uterino, toque e anexos. Palpação de tumor anexial – abscesso tubo-ovariano. Abaulamento doloroso em fundo de saco – abscesso. Canal cervical com leucorreia, amarelada geralmente. Colo friável. Sangramento anormal. Sangramento pós-coito. Corrimento vaginal mucopurulento. Dispareunia, disúria. Náusea/vômitos/anorexia por irritação do nervo frênico. Dor no abdome superior, pélvica e lombossacral. Peritonite. ❖ Dor pélvica aguda • Abordagem: Anamnese. Exame físico completo. Investigação: hemograma, PCR, VHS, B-HCG (para descartar gravidez, ectópica ou não), provas de função hepática, pancreática, sorologia, urina, urinocultura, cultura, bacteroscopia, histopatológico. Rotina de abdome agudo. USG, culdocentese (punção de fundo de saco posterior – quase não é mais realizada), histeroscopia, histerossalpingografia (saber se as trompas estão viáveis ou não, injeta contraste), TC, RNM. Cirurgia (laparotomia x videolaparoscopia). ❖ Diagnóstico: • Exames complementares: Teste de gravidez: excluir gravidez ectópica ou abortamento séptico. Hemograma: leucocitose com desvio a esquerda. Aumento de VHS e/ou PCR. EAS e/ou urinocultura: afastar ITU. Cultura de material de cérvice uterino. Exame bacterioscópico de outros sítios. Sorologia para sífilis, hepatite B e HIV e imunofluorescência indireta para clamídia. USG abdominal e pélvica: podem revelar liquido livre na pelve, abcessos tubo ovarianos e pélvicos. Avaliar líquido em fundo de saco e avaliação anexal Biópsia endometrial: confirmação de endometrite. Videolaparoscopia: diagnóstico acurado de salpingite. Ginecologia Mila Schiavini MED101 ❖ Tratamento da DIP pode ser clinico ou cirúrgico: • Clínico ambulatorial: Esquema 1: cefoxitina IM 2g + probenicida 2g VO ou ceftriaxona 250 mg IM dose única associada a doxiciclina 100 mg 12/12h 14 dias, ou doxi associada a azitromicina 1g VO. Esquema2: ofloxacina 400mg 12/12h por 14 dias associado a clindamicina 300 mg 2 cp VO 8/8 h ou metronidazol 500 mg 12/12 h por 14 dias. • Clinico hospitalar: Ginecologia Mila Schiavini MED101 Esquema 1: cefoxitina 2g IV 6/6h + doxiciclina 100 mg VO 12/12 h, ou cefotetan 2g IV 12/12 h ou metronidazol 500 mg IV 12/12h por 14 dias. Esquema 2: clindamicina 900 mg IV 8/8 h associado a gentamicina 3 mg/kg IV ou IM 8/8 h. Avaliar função renal. Esquema alternativo: ampicilina/sulbactam (3g IV de 6/6 h) + doxiciclina 100 mg VO 12/12 h por 14 dias. • Cirúrgico: colpotomia (via vaginal), laparoscopia (por vídeo), laparotomia (cirurgia convencional). Indicado na presença de massa pélvica que não diminui ou aumenta durante a terapia, presença de abscesso de fundo de saco de Douglas, falha do tratamento clínico, presença de hemoperitôneo e suspeita de rotura de abscesso tubo ovariano. Videolaparoscopia: ausência de resposta ao tratamento parenteral após 72h e duvida diagnóstica, condições clinicas da paciente permitirem essa abordagem, pode diagnosticar e estadiar a DIP, proporciona a coleta de material para exames microbiológicos, também permite aspirar exsudatos presentes na cavidade peritoneal e romper as aderências existentes. Laparotomia: indicada em casos de emergência quando há instabilidade hemodinâmica (rotura de abscesso tubo ovariano). ❖ Seguimento: • Tratamento ambulatorial: reavaliadas em 72 horas. • Tratamento hospitalar: reexaminadas diariamente. • Reavaliadas todas aspacientes cada três meses no primeiro ano após a DIP. • Rastreamento para gonococo e clamydia após 4 a 6 semanas do tratamento nas pacientes com diagnóstico bacteriológico ou sorológico positivo. • Mulheres com infecção por gonococo ou clamídia diagnosticadas tem maior risco de apresentar reinfecção após seis meses de tratamento. ❖ Manejo dos parceiros: examinados e tratados se tiverem tido contato sexual com elas nos 60 dias que precederam o inicio dos sintomas da paciente.
Compartilhar