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@estudadireitosofia 2021.2 Direito Processual Civil V Direito Processual Civil V 1 Procedimentos Especiais O Título III do Livro I da Parte Especial do Código de Processo Civil, artigos 539 ao 770, disciplina os procedimentos especiais. Os procedimentos especiais tem como finalidade a simplificação e agilização dos trâmites processuais, por meio de expedientes específicos, com prazos adequados, eliminando assim atos desnecessários para a solução do conflito proposto. Para que seja aplicado o procedimento especial, há requisitos materiais e processuais a serem atendidos, que são os seguintes: • Requisito material do procedimento especial: está relacionado a pretensão de direito material, que deve corresponder ao rito. A inexistência desse requisito causa a improcedência do pedido; • Requisitos processuais do procedimento especial: estão relacionados aos requisitos que condicionam a forma e o desenvolvimento do processo. Os procedimentos especiais se dividem em duas modalidades, sendo elas: a) Jurisdição Contenciosa: procedimentos em que efetivamente há um conflito de interesses a ser resolvido pelo Poder Judiciário; b) Jurisdição Voluntária: procedimentos em que a atuação do juiz é quase de caráter administrativo, apenas uma exigência legal para o alcance dos objetivos pretendidos pela norma jurídica. Como aponta Scarpinella o Código de Processo Civil divide em procedimentos especiais de jurisdição contenciosa em 14 Capítulos do Título III do Livro I da Parte Especial. Já o 15º Capítulo do mesmo título é ocupado pelos procedimentos de jurisdição voluntária que se subdividem em 12 seções. Então vejamos a divisão feita pelo Código de Processo Civil de 2015. Procedimentos especiais de jurisdição contenciosa: I. Ação de consignação em pagamento; II. Ação de exigir contas; III. Ações possessórias; IV. Ação de divisão e de demarcação de terras particulares; V. Ação de dissolução parcial de sociedade; VI. Inventário e partilha; VII. Embargos de terceiro; VIII. Oposição; IX. Habilitação; X. Ações de família; XI. Ação monitória; XII. Homologação do penhor legal; XIII. Regulação de avaria grossa; XIV. Restauração de autos. Procedimentos especiais de jurisdição voluntária: I. Notificação e interpelação; II. Alienação judicial; III. Divórcio e separação consensuais, extinção consensual de união estável e alteração do regime de bens do matrimônio; IV. Testamentos e condicilos; V. Herança jacente; VI. Bens dos ausentes; VII. Coisas vagas; VIII. Interdição; “Os procedimentos especiais, sendo indiferente para essa finalidade a distinção entre os de “jurisdição contenciosa” e os de “jurisdição voluntária”, devem ser compreendidos como variantes do “procedimento comum”, que é o paradigmático, o padrão, tal qual estabelecido pelo CPC de 2015.” Scarpinella, Cassio. – Manual de Direito Processual Civil – 2020. 2 IX. Disposições comuns à tutela e à curatela; X. Organização e fiscalização das fundações; XI. Ratificação dos protestos marítimos e dos processos testemunháveis formados a bordo. Reforçando: Foi a lentidão causada pelo procedimento comum que levou o legislador a criar alguns procedimentos para que os processos corressem mais rápido, assim surgiram os P.E (proced. especiais), para que as demandas pudessem ser resolvidas em menos tempo. O procedimento se diferencia de processo, é possível definir o procedimento como uma sucessão de atos, já o processo é a relação jurídica processual. Vale ainda lembrar que o procedimento é o componente extrínseco do processo, mais especificamente a sequência de atos que estão encadeados lógica e cronologicamente. **Durante as próximas aulas será visto detalhadamente cada uma das modalidades de procedimento especial. Artigos 539 ao 549 do Código de Processo Civil. Na obra Manual de Processo Civil elucida Scarpinella: a chamada “ação de consignação em pagamento” é o procedimento especial de jurisdição contenciosa que pretende a prestação de tutela jurisdicional no reconhecimento judicial de extinção da obrigação pelo devedor em face de seus credores, mediante o pagamento da consignação. Art. 334, CC. Considera-se pagamento, e extingue a obrigação, o depósito judicial ou em estabelecimento bancário da coisa devida, nos casos e forma legais. Em resumo: assim como o credor tem o direito de receber a dívida, o devedor também tem o direito de pagar e a consignação é a forma de manifestar essa vontade. Vale ressaltar que o código civil trata do direito de pagar ou receber quitação através de um procedimento especial (presente no CPC). Direito Material: do pagamento em consignação. Art. 335, CC. Direito Processual: da ação de consignação em pagamento. Art. 539, CPC. Cabimento Art. 335, CC. A consignação tem lugar: I. se o credor não puder, ou, sem justa causa, recusar receber o pagamento, ou dar quitação na devida forma; II. se o credor não for, nem mandar receber a coisa no lugar, tempo e condição devidos; III. se o credor for incapaz de receber, for desconhecido, declarado ausente, ou residir em lugar incerto ou de acesso perigoso ou difícil; IV. se ocorrer dúvida sobre quem deva legitimamente receber o objeto do pagamento; V. se pender litígio sobre o objeto do pagamento. Competência Art. 337, CC. O depósito requerer-se-á no lugar do pagamento, cessando, tanto que se efetue, para o depositante, os juros da dívida e os riscos, salvo se for julgado improcedente. (código civil) Art. 540, CPC. Requerer-se-á a consignação no lugar do pagamento, cessando para o devedor, à data do depósito, os juros e os riscos, salvo se a demanda for julgada improcedente. 3 **Regra especial para competência: Art. 101, I, CDC. Domicílio do autor quando se tratar de relação de consumo. Legitimidade Ativa: devedor / Passiva: credor Art. 547. Se ocorrer dúvida sobre quem deva legitimamente receber o pagamento, o autor requererá o depósito e a citação dos possíveis titulares do crédito para provarem o seu direito. A consignação em pagamento poderá ter duas formas de execução, a judicial e a extrajudicial. O Código Civil vai apontar os casos que são cabíveis a consignação em pagamento e o Código de Processo Civil vai dizer como se dá a ação de consignação. Modalidades de Consignação a) Consignação extrajudicial: está regida pelo CPC e pela Lei Federal n. 8.951/94. Só servirá quando a dívida for dinheiro. ------- O que será feito? --------------------- Art. 539. Nos casos previstos em lei, poderá o devedor ou terceiro requerer, com efeito de pagamento, a consignação da quantia ou da coisa devida. §1º Tratando-se de obrigação em dinheiro, poderá o valor ser depositado em estabelecimento bancário, oficial onde houver situado no lugar do pagamento, cientificando-se o credor por carta com aviso de recebimento, assinado o prazo de 10 (dez) dias para a manifestação de recusa. §2º Decorrido o prazo do § 1º, contado do retorno do aviso de recebimento, sem a manifestação de recusa, considerar-se-á o devedor liberado da obrigação, ficando à disposição do credor a quantia depositada. §3º Ocorrendo a recusa, manifestada por escrito ao estabelecimento bancário, poderá ser proposta, dentro de 1 (um) mês, a ação de consignação, instruindo-se a inicial com a prova do depósito e da recusa. §4º Não proposta a ação no prazo do § 3º, ficará sem efeito o depósito, podendo levantá-lo o depositante. Em concordância com o artigo acima citado o procedimento em caso extrajudicial será: Primeiro se realizará depósito em banco oficial (podendo ser qualquer banco, pois todos tem carta patente do banco central) numa conta de consignação; Em segundo lugarserá feito o envio de carta para o credor com o aviso de recebimento; e por terceiro (e último), após a devolução do AR (aviso de recebimento) conta-se o prazo de 10 dias, se houver silêncio do credor será entendido como quitação, já se houver recusa resultará em ação de consignação (sendo de 1 mês o prazo para ingresso da ação). b) Consignação Judicial: também regida pelo CPC, mas nesse caso servirá para qualquer tipo de obrigação (dinheiro, dar, fazer ou não fazer). ------- Como funciona? --------------------- O autor da ação, que é o devedor (consignante), ajuizará petição inicial (com os requisitos do art. 319 do CPC), se foi feito depósito deverá ser juntando a P.I. e se ainda não foi efetuado o depósito não se faz necessário ser feita a juntada na P.I. (art. 543, P.U.). Explicada a causa de pedir na petição, ela seguirá para que o juiz defira a consignação (despacho de deferimento) e desse momento passa a contar o prazo de 5 dias para depósito (IMPORTANTE: é prazo processual, logo será 4 contado em dias úteis. Art. 543, I, CPC) ou terá o mesmo prazo para se indicar dia e hora para cumprimento da tarefa (art. 342, CCB). Uma vez que o depósito for feito será realizada a citação do credor ou dos possíveis credores, assim haverá prazo de contestação (15 dias) onde o credor poderá alegar várias coisas, dentre elas que não é o credor ou que o valor está incorreto. Decorrido o prazo o juiz dará a sentença. Artigos citados: Art. 319, CC. A petição inicial indicará: I. o juízo a que é dirigida; II. os nomes, os prenomes, o estado civil, a existência de união estável, a profissão, o número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas ou no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica, o endereço eletrônico, o domicílio e a residência do autor e do réu; III. o fato e os fundamentos jurídicos do pedido; IV. o pedido com as suas especificações; V. o valor da causa; VI. as provas com que o autor pretende demonstrar a verdade dos fatos alegados; VII. a opção do autor pela realização ou não de audiência de conciliação ou de mediação. §1º Caso não disponha das informações previstas no inciso II, poderá o autor, na petição inicial, requerer ao juiz diligências necessárias a sua obtenção. §2º A petição inicial não será indeferida se, a despeito da falta de informações a que se refere o inciso II, for possível a citação do réu. §3º A petição inicial não será indeferida pelo não atendimento ao disposto no inciso II deste artigo se a obtenção de tais informações tornar impossível ou excessivamente oneroso o acesso à justiça. Art. 542. Na petição inicial, o autor requererá: I. o depósito da quantia ou da coisa devida, a ser efetivado no prazo de 5 (cinco) dias contados do deferimento, ressalvada a hipótese do art. 539, § 3º ; II. a citação do réu para levantar o depósito ou oferecer contestação. Parágrafo único. Não realizado o depósito no prazo do inciso I, o processo será extinto sem resolução do mérito. Fluxograma: Petição Inicial Deferimento do Juiz Sentença 5 dias para depósito Contestação (15 dias) Citação O consignante pode se arrepender e sacar de volta o dinheiro depositado, mas perde o direito de consignar (propor ação). **Esse saque só poderá ser feito ANTES da contestação, sendo assim após contestado não existe mais essa possibilidade. Se estiver faltando parte do pagamento a lei da 10 dias para que se faça o complemento. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm#art539§3 5 Ação de Exigir Contas Procedimento especial de jurisdição contenciosa pelo qual aquele que se afirma titular do direito de exigir contas fórmula pedido de tutela jurisdicional para aquele fim. Trata-se de rito especial litigioso manejado pelo credor (autor) em face do devedor (réu) a fim de que disponibilize as contas detalhadas, podendo o autor impugna-las em 15 dias. É um processo bifásico em que, primeiro, discute-se o direito do autor de exigir as contas e depois, desde que o direito seja reconhecido, que criam condições para que as contas sejam efetivamente prestadas, seguindo-se, conforme o caso, a cobrança de eventuais valores em aberto. a) Condenar o Réu à prestar as contas (obrigação de fazer); b) Apresentadas as contas, caso haja algum saldo devedor, o magistrado também procede à condenação do Réu no pagamento do saldo residual (obrigação de pagar). Obs.: Aqui, o juiz enfrenta o pedido do autor: • Primeiro analisa se há o devedor/obrigação de prestar contas; • Se for acolhido; • Poderá analisar o pedido subsidiário de obrigação de pagar; • Se for acolhido, condena o réu ao pagamento; • Se o pedido de obrigação de pagar for rejeitado, condena o autor na sucumbência. Art. 550. Aquele que afirmar ser titular do direito de exigir contas requererá a citação do réu para que as preste ou ofereça contestação no prazo de 15 (quinze) dias. §1º Na petição inicial, o autor especificará, detalhadamente, as razões pelas quais exige as contas, instruindo-a com documentos comprobatórios dessa necessidade, se existirem. §2º Prestadas as contas, o autor terá 15 (quinze) dias para se manifestar, prosseguindo-se o processo na forma do Capítulo X do Título I deste Livro. §3º A impugnação das contas apresentadas pelo réu deverá ser fundamentada e específica, com referência expressa ao lançamento questionado. §4º Se o réu não contestar o pedido, observar-se-á o disposto no art. 355 . §5º A decisão que julgar procedente o pedido condenará o réu a prestar as contas no prazo de 15 (quinze) dias, sob pena de não lhe ser lícito impugnar as que o autor apresentar. §6º Se o réu apresentar as contas no prazo previsto no § 5º, seguir-se-á o procedimento do § 2º, caso contrário, o autor apresentá-las-á no prazo de 15 (quinze) dias, podendo o juiz determinar a realização de exame pericial, se necessário. Art. 551. As contas do réu serão apresentadas na forma adequada, especificando-se as receitas, a aplicação das despesas e os investimentos, se houver. §1º Havendo impugnação específica e fundamentada pelo autor, o juiz estabelecerá prazo razoável para que o réu apresente os documentos justificativos dos lançamentos individualmente impugnados. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm#art355 6 §2º As contas do autor, para os fins do art. 550, § 5º , serão apresentadas na forma adequada, já instruídas com os documentos justificativos, especificando-se as receitas, a aplicação das despesas e os investimentos, se houver, bem como o respectivo saldo. Art. 552. A sentença apurará o saldo e constituirá título executivo judicial. Art. 553. As contas do inventariante, do tutor, do curador, do depositário e de qualquer outro administrador serão prestadas em apenso aos autos do processo em que tiver sido nomeado. Parágrafo único. Se qualquer dos referidos no caput for condenado a pagar o saldo e não o fizer no prazo legal, o juiz poderá destituí-lo, sequestrar os bens sob sua guarda, glosar o prêmio ou a gratificação a que teria direito e determinar as medidas executivas necessárias à recomposição do prejuízo. Legitimidade: Ativa (capacidade para ser parte autora): fundamentada no art. 550 do CPC. Sendo aquele que tiver o direito de exigir contas. • A legitimidade ativa é apenas daquele que teve seus bens, valores ou interesses administrados. Passiva (capacidade para ser parte ré): também fundamentada no art. 550 do CPC. É aquele que tiver a obrigação legal. • No polo passivo deverá estar aquela pessoa que administrou os bens, valores ou interesses de terceiro. Ex.: Inventariante, administrador judicial (Aqueles que mantémgestão de patrimônio alheio. 1. Havendo litispendência (duas ações de exigir contas autônomas ou uma autônoma e uma incidental) o Juiz declara esta situação. Competência A ação de exigir contas deve ser ajuizada no foro do lugar do ato ou fato para a ação em que for réu o administrador ou gestor de negócios alheios (art. 53, IV, “b” do CPC). • Foro de eleição (se houver contrato e estiver exposto ali o foro); • Foro do local onde se deu a administração; • Se as contas a serem prestadas por aquele que foi nomeado judicialmente (inventariante, tutor, curador, etc...), será no mesmo juízo que atribuiu o encargo em apresso aos autos do processo principal. É a hipótese restringe-se ao pedido a ser formulado por quem, na perspectiva do plano material, afirma-se titular do direito de exigir as contas de outrem. A ação de exigir contas deve ser proposta por que teve os bens administrados por outrem. Seu procedimento possui duas fases: 1. O juiz decide sobre a existência da obrigação; 2. O réu prestará contas e será avaliado. Obs.: Como demonstrar o interesse de agir? O autor deverá comprovar o dever do réu em prestar as contas, demonstrando que houve recusa na prestação extrajudicial, sob pena de extinção do processo sem resolução do mérito por ausência de interesse de agir (art. 485, VI, CPC). Obs.: Art. 553. As contas do inventariante, do tutor, do curador, do depositário e de qualquer outro administrador serão prestadas em apenso aos autos do processo em que tiver sido nomeado. a) Se o processo ainda estiver tramitando, a demanda de exigir contas tramitará incidentalmente; b) Se o processo já tiver se encerrado, mesmo assim aquele juízo será o competente, e haverá uma ação autônoma de exigir contas de quem foi nomeado judicialmente administrador. Obs2.: Advogado x Cliente = Justiça Comum Estadual http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm#art550§5 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm#art550§5 7 Então vejamos de maneira detalhada cada uma das fases. Primeira Fase O autor deve apresentar em sua petição inicial o motivo pelo qual deseja a prestação de contas, pedindo ao juiz a citação do réu para em 5 dias apresentar as contas ou contestar. Após a citação o réu pode: a) Reconhecer que deve prestar contas e apresentá-las. Neste caso o juiz ouvirá no prazo de 5 dias o autor da ação, determinando provas necessárias e designando a audiência de instrução e julgamento, decidindo sobre a existência de saldo; b) Ficar inerte. O juiz aplicará revelia, determinando que o réu preste as contas em 48 horas, sob pena de não ser possível impugnar as contas que o autor apresentar; c) Contestar, indicando inexistência de obrigação por não ter relação com a parte autora ou por já ter prestado as contas. O juiz determinará a produção de provas e proferirá a sentença; d) Contestar e apresentar as contas, passando o processo para a segunda fase. Da decisão que encerra a primeira parte. A decisão que condenar o réu a prestar contas não termina o processo apenas da início a segunda fase deste. Tal decisão é atacável por agravo de instrumento. Desta forma preceitua o art. 550, §5º do Código de Processo Civil. Assim o magistrado condenará o réu a pagar os honorários advocatícios referentes à primeira fase, mas caso ele preste as devidas contas e o autor as aceite não serão fixados honorários advocatícios referentes à segunda fase. !!!!!!!!! Entretanto, havendo divergências quanto as contas apresentadas, que para serem solucionadas dependam de produção de novas provas deverão novos honorários ser fixados. Segunda Fase Na segunda fase, o réu será intimado para, dentro de 48 horas, apresentar as contas, sob pena de não poder impugnar as contas prestadas pelo autor da ação. O réu, depois de intimado, tomará uma das seguintes atitudes: a) Apresentará as contas: o autor será ouvido, não as aceitando, o juiz determinará provas a serem produzidas e julgará o feito; b) Não prestará as contas: ocasião em que o autor irá apresentar as contas, e o juiz as julgará , podendo determinar exame pericial ou provas para sua convicção; As contas apresentadas em juízo devem ser feitas de forma mercantil, discriminando as receitas e aplicações. Se não for respeitada a forma, as contas serão tidas como não prestadas. Por isso, tanto o autor como o réu devem se ater aos detalhes ao apresentar as contas. Nesse sentido preceitua Marcus Vinicius Rios Gonçalves: “As contas devem vir acompanhadas dos documentos comprobatórios. Se houver a indicação de gastos, é indispensável que sejam comprovados com os recibos ou notas fiscais correspondentes. Se aquele que prestar contas não apresenta dessa maneira, o juiz considerará não prestadas.” (GONÇALVES, Marcus Vinicius Rios, 2005, p. 857) Em resumo. Petição inicial – art. 550 CPC; Defesa + reconvenção; Autor (apresentação das contas); Impugnar as contas; Regra: art. 552; Decisão. 8 Petição inicial: requisitos do 319 e 320, mas com o detalhamento das razões que motivam a exigência de prestação de contas, especificações da origem do direito de exigir contas e do dever de prestá-las. Ações Possessórias As ações possessórias ou interditos possessórios se assentam sobre a ofensa ao direito à posse, e não sobre o direito de proprietário (direito a pro- priedade). CC, Art. 1.210, §2º. Não obsta à manutenção ou reintegração na posse a alegação de propriedade, ou de outro direito sobre a coisa. CPC, Art. 557. Na pendência de ação possessória (na existência de ação possessória) é vedado (proibido), tanto ao autor quanto ao réu, propor ação de reconhecimento do domínio (proibido propor nova ação com o tema da propriedade até se resolver a ação possessória), exceto se a pretensão for deduzida em face de terceira pessoa. Parágrafo único. Não obsta à manutenção ou à reintegração de posse a alegação de propriedade ou de outro direito sobre a coisa (CC, art. 1.210, §2º). • Ação de reconhecimento de domínio = propriedade. Enunciado 78, I Jornada de Direito Civil, CJF: Tendo em vista a não-recepção (não é admitido pelo), pelo novo Código Civil, da exceptio proprietatis (defesa processual com base na propriedade) (art. 1.210, §2º) em caso de ausência de prova suficiente para embasar decisão liminar ou sentença final ancorada exclusivamente no ius possessionis, deverá o pedido ser indeferido e julgado improcedente, nõa obstante eventual alegação e demonstração de direito real sobre o bem litigioso. Enunciado 79, I Jornada de Direito Civil, CJF: A exceptio proprietatis (exceções), como defesa oponível às ações possessórias típicas, foi abolida pelo Código Civil de 2002, que estabeleceu a absoluta separação entre os juízos possessório (ação possessória: ação com base no exercício da posse) e petitório (ação petitória: ação com base no direito de propriedade). É possível dizer que a ação possessória (posse) se sobrepõe a ação de reconhecimento de domínio (propriedade). Se José tem ação possessória é proposta contra Paulo, ele poderia propor uma ação petitória contra Karina??? As normas estudadas acima indicam que a ação possessória é uma condição suspensiva do direito de ação de demandas petitórias (propriedade), se sobrepondo a ela. Contudo, essa condição suspensiva somente se aplica se, na ação petitória houver as mesmas partes que na ação possessória (exceção na parte final do art. 557, CPC). Se as partes forem diferentes, então, é possível haver uma ação possessória e uma ação petitória ao mesmo tempo. • A exceção é o poder público que pode pleitear ação possessória e ação petitória com as mesmas partes. A defesa da posse não pode ser prejudicada por questõesde propriedade, tudo isso tendo em vista que posse e propriedade são dois institutos distintos. Exemplos de exercício da posse contra o proprietário: Quando Augusto, locatário (inquilino) de uma casa sai para viajar, o locador (proprietário) Frederico esbulha o imóvel (invade o imóvel), passando a residir naquela casa que é de sua propriedade. Augusto (locatário) (possuidor de direito) pode entrar com ação possessória contra Frederico (locador) (proprietário e possuidor indireto) e este não poderá opor sua condição de proprietário do bem, para frear a pretensão de Augusto (locatário). Assim, as normas protegem o possuidor de atos do proprietário que: a) Esbulha; b) Turba; Ações possessórias Propriedade 9 c) Ameaça o exercício do direito de posse. Em ação possessória entre particulares é cabível o oferecimento de oposição (é um tipo de ação possessória) pelo ente público, alegando-se incidentalmente o domínio de bem imóvel como meio de demonstração da posse. STJ. Corte Especial. EREsp 1134446-MT, Rel. Min. Benedito Gonçalves, julgado em 21/03/2018 (Info 623). O particular não pode alegar usucapião contra o poder público; O particular, na posse de um bem, é entendido como MERO DETENTOR. O doutrinador Orlando Gomes dividiu a propriedade em 3 conceitos para facilitar, vejamos: a) Sintético: é a ideia de domínio, onde a propriedade é a submissão de um bem, em todas as suas relações jurídicas a uma pessoa; b) Analítico: esse é o conceito incorporado no Código Civil onde a propriedade é um feixe de direitos, que o seu titular pode exercer, quais sejam: direito de usar, direito de fruir, direito de dispor (destruir ou retirar o bem de sua esfera de patrimônio; ou de destinar o bem a um uso especial) e o direito de alienar (retirar de sua esfera de direitos e transferir para a esfera de direito de outra pessoa); c) Descritivo: é o mais moderno dos conceitos, leva em conta a função social da propriedade. Assim diz que a propriedade é um direito complexo, absoluto, perpetuo e exclusivo. Em que, um bem está submetido a vontade de uma pessoa dentro dos limites da lei. Exercício da Posse, direito de natureza especial. O direito de posse é um fato; Está baseado no elemento “complexo” do conceito de propriedade; Art. 1.196 do CC – é um exercício positivo (comissivo) de uma pessoa sobre um bem. Enunciado n. 492, V Jornada de Direito Civil, CJF: A posse constitui direito autônomo em relação à propriedade e deve expressar o aproveitamento dos bens para o alcance de interesses existenciais, econômicos e sociais merecedores de tutela. CC, Art. 1.196. Considera-se possuidor todo aquele que tem de fato o exercício, pleno ou não, de algum dos poderes inerentes à propriedade. Ex.: desapropriação privada por posse trabalho. Elementos da Posse Autotutela (desforço necessário ou defesa da posse): a defesa deve ser proporcional. Ex.: construir muro. Heterotutela: demanda de reintegração, manutenção e interdito proibitório. Exemplo: Tobias pulou o muro da casa de Joaquim e em reação ele (Joaquim) atirou no possível ladrão que invadia sua residência, essa forma não é cabível, pois não houve proporcionalidade. PORÉM, se nesse mesmo cenário Tobias estivesse armado, pulando o muro da casa de Joaquim e o possuidor atirasse teria agido de maneira proporcional. 10 Existem três razões as quais levam alguém a propor uma ação possessória e cada uma dessas razões representa um tipo de violação a posse. Vejamos: a) Demanda de reintegração de posse: é utilizada para hipótese de esbulho, isto é, perda da posse. Ex.: alguém invade sua casa e não deixa você entrar nela. Ou seja, a pessoa perdeu a posse da sua casa, alguém está exercendo-a! OBS.: Há uma perda TOTAL da posse. b) Demanda de manutenção de posse: é utilizada para hipótese de turbação, isto é, há um sacrifício parcial do exercício da posse. Ex.: alguém começa a impedir que você exerça sua posse na totalidade. Um vizinho começa a construir um muro e invade parcialmente o seu terreno! Ou seja, a pessoa perdeu a faculdade de exercer a posse naquela localidade, naquele espaço que o vizinho invadiu. c) Demanda de interdito proibitório: é utilizada em hipótese de ameaça de agressão à posse. Ex.: se verificar que há pessoas se encaminhando para o seu bem, indicando que há ameaça, perigo de perda da possa, haverá então a possibilidade de evitar que a ameaça se consolide. Art. 554. A propositura de uma ação possessória (reintegração, ou manutenção, ou interdito) em vez de outra (apresentei a ação errada) não obstará a que o juiz conheça do pedido e outorgue a proteção legal correspondente aquela cujos pressupostos estejam provados – fungibilidade. Aqui o juiz analisa a entrega da tutela devida. Elementos necessários da ação possessória 1. Competência: esse elemento se subdivide em dois tipos: a competência em razão da matéria e a competência em razão do território. Competência em razão da matéria: quanto à competência jurisdicional, é recorrente se vislumbrar ações possessórias correndo na Justiça comum Estadual. OBS1.: Se houver interesse da União Federal, a ação será distribuída na Justiça Federal. Art. 109, inc. I da CF. OBS2.: Súmula Vinculante 22, STF: A Justiça do Trabalho é competente para processar e julgar ação possessória ajuizada em decorrência do exercício do direito de greve pelos trabalhadores da iniciativa privada. OBS3.: Competência, comodato, relação trabalhista. Compete à Justiça do Trabalho apreciar e julgar a controvérsia sobe a reintegração do empregador na posse de imóvel dado em comodato ao empregado para sua moradia durante o contrato de trabalho. Isso se deve às alterações promovidas pela EC n. 45/2004 no art. 114, VI, da CF/1988. CC57.524-PR, Rel. Min. Carlos Alberto Menezes Direito, julgado em 27/09/2006 (informativo 298). Competência em razão do território: a) Art. 46. A ação fundada em direito pessoal ou direito real sobre bens móveis será proposta, em regra, no foro de domicílio do réu; b) Art. 47. Para as ações fundadas em direito real sobre imóveis é competente o foro de situação da coisa. §2º A ação possessória imobiliária será proposta no foro de situação da coisa, cujo juízo tem competência absoluta. 11 2. Legitimidade para a causa: aqui também se subdividirá em duas categorias: Legitimidade ativa: possuidor direto que alega que sua posse está sendo turbada, esbulhada ou ameaçada. OSB.: Em alguns casos, o possuidor indireto poderá figurar como autor ou réu na ação possessória. Ex.: contrato de locação, depósito ou até mesmo de comodato. Legitimidade Passiva: aquele que estaria ameaçando, turbando ou esbulhando a posse do possuidor direto. 3. Procedimento: o esquema apresentado é baseado nos procedimentos de manutenção (turbação) e de reintegração (esbulho). Liminar (antes da citação): Para o deferimento da liminar, é preciso: a) Demonstração de que o ato de agressão à posse deu-se há menos de ano e dia; b) Instrução da petição inicial que, em cognição sumária do juiz, permita a formação de convencimento de que há probabilidade de o autor ter direito à tutela jurisdicional – que ele tem o direito exercício sobre a posse esbulhada, turbada ou ameaçada. OBS.: A notificação prévia dos ocupantes não é documento essencial à propositura da ação possessória. Antes da citação, determina-se a realização de audiência prévia de justificação, e, após os esclarecimentos (que não é mérito), o juízo poderá decidir sobre a liminar, ou seja, poderá o juízo até propor conciliação. Após a justificação, o magistrado poderá deferir ou não a liminar. Incontinenti,o réu será citado e o procedimento seguirá sob o rito comum (contestação, providências preliminares, saneamento, audiência de instrução e julgamento, sentença). Posso propor a ação possessória contra réus incertos? Quando o ato é praticado por uma multidão de pessoas, é difícil individualizar todos os agressores. Ainda, alguns grupos que organizam invasões não detém personalidade jurídica, o que torna mais difícil sua individualização. Assim, a demanda poderá ser proposta contra réus incertos. Veremos que a citação nesses casos é diferenciada (art. 554, CPC). Petição Inicial (Art. 319 CC e Art. 561 do CPC) Posse Nova Menos de um ano e dia; Art. 300 do CPC. Posse Velha Mais de um ano e dia; Art. 555 do CPC. Qual é o valor da causa??? sabendo que a posse possui expressão econômica, o valor da causa deve corresponder ao valor econômico da posse + outros pedidos. Pode ser deferida a liminar contra a Fazenda Pública??? há vedação a concessão de liminar contra a Fazenda Pública, porquanto se presume que os entes públicos atuam dentro da legalidade (presunção de veracidade e legalidade de seus atos) e, por isso, deve haver a prévia audiência dos respectivos representantes judiciais (art. 562, PU, CPC). 12 Caução: 1. O réu alega que está sendo prejudicado pela ação possessória do autor; 2. Prova que o autor não tem indoniedade financeira; 3. O Juízo, entendendo o medo do réu, em caso de sucumbência do autor, determina que seja paga uma caução (real ou fiança), em favor do réu, para o caso da sucumbência (perda da ação pelo autor e vitória do réu). Art. 559. Se o réu provar, em qualquer tempo, que o autor provisoriamente mantido ou reintegrado na posse carece de idoneidade financeira para, no caso de sucumbência, responder por perdas e danos, o juiz designar-lhe-á o prazo de 5 (cinco) dias para requerer caução, real ou fidejussória, sob pena de ser depositada a coisa litigiosa, ressalvada a impossibilidade da parte economicamente hipossuficiente. Enunciado 179, FPPC: (arts. 559 e 139, VI): O prazo de cinco dias para prestas caução pode ser dilatado, nos termos do art. 139, inc VI. Enunciado 180, FPPC: (art. 559): A prestação de caução prevista no art. 559 poderá ser determinado pelo juiz, caso o réu obtenha a proteção possessória, nos termos no art. 556. Especialidades do Litígio Coletivo: arts. 554 e 178. Art. 554. A propositura de uma ação possessória em vez de outra não obstará a que o juiz conheça do pedido e outorgue a proteção legal correspondente àquela cujos pressupostos estejam provados. §1º No caso de ação possessória em que figure no polo passivo grande número de pessoas, serão feitas a citação pessoal dos ocupantes que forem encontrados no local e a citação por edital dos demais, determinando-se, ainda, a intimação do Ministéro Público e, se envolver pessoas em situação de hipossuficiência econômica, da Defensoria Pública. §2º Para fim da citação pessoal prevista no § 1º, o oficial de justiça procurará os ocupantes no local por uma vez, citando-se por edital os que não forem encontrados. §3º O juiz deverá determinar que se dê ampla publicidade da existência da ação prevista no § 1º e dos respectivos prazos processuais, podendo, para tanto, valer-se de anúncios em jornal ou rádio locais, da publicação de cartazes na região do conflito e de outros meios. Ações de Dissolução Parcial da Sociedade A dissolução parcial da sociedade é gerada por qualquer ocorrência que leva a uma extinção parcial do contrato de sociedade, de modo que, resolvida essa crise jurídica, a sociedade continua a existir. Fundamento legal Art. 599. A ação de dissolução parcial de sociedade pode ter por objeto: I. a resolução da sociedade empresária contratual ou simples em relação ao sócio falecido, excluído ou que exerceu o direito de retirada ou recesso; e Sociedade de pessoas ou pessoal: affectio societatis. II. a apuração dos haveres do sócio falecido, excluído ou que exerceu o direito de retirada ou recesso; ou Sociedade de Capital. Oficial de Justiça + Editais No caso de ação possessória em que figure no polo passivo grande número de pessoas, a ampla divulgação prevista no §3º do art. 544 compete a inteligência do art. 301, com a possibilidade de determinação de registro de protesto para consignar a informação do litígio possessório na matrícula imobiliária respectiva. 13 III. somente a resolução ou a apuração de haveres. Um sócio e substituído por outro. Em razão do falecimento de sócio:Realizada de forma extrajudicial e ainda pode haver cláusula de arbitragem. Art. 1.028. No caso de morte de sócio, liquidar-se-á sua quota, salvo: Em regra, a quota do sócia falecido não se transfere por herança aos herdeiros. I. se o contrato dispuser diferentemente; O contrato social dispor sobre a sucessão do herdeiro na posição de sócio. II. se os sócios remanescentes optarem pela dissolução da sociedade; Haverá dissolução da sociedade (total). A sociedade deixa de existir. III. se, por acordo com os herdeiros, regular- se a substituição do sócio falecido. Sociedades familiares. Requisitos da PI: Art. 599, CPC. §1º A petição inicial será necessariamente instruída com o contrato social consolidado. Documento essencial! §2º A ação de dissolução parcial de sociedade pode ter também por objeto a sociedade anônima de capital fechado quando demonstrado, por acionista ou acionistas que representem cinco por cento ou mais do capital social, que não pode preencher o seu fim. Competência: Onde a ação será proposta, aqui é preciso tomar cuidado, pois: • se a ação de dissolução parcial for formulado em razão da morte do sócio, o foro será o citado no artigo 53 do CPC; • Já se formulada por direito de recesso ou exclusão do sócio, será o domicílio do autor da ação. Legitimidade Legitimidade ativa: Art. 600. A ação pode ser proposta: I. pelo espólio do sócio falecido, quando a totalidade dos sucessores não ingressar na sociedade; II. pelos sucessores, após concluída a partilha do sócio falecido; III. pela sociedade, se os sócios sobreviventes não admitirem o ingresso do espólio ou dos sucessores do falecido na sociedade, quando esse direito decorrer do contrato social; IV. pelo sócio que exerceu o direito de retirada ou recesso, se não tiver sido providenciada, pelos demais sócios, a alteração contratual consensual formalizando o desligamento, depois de transcorridos 10 (dez) dias do exercício do direito; V. pela sociedade, nos casos em que a lei não autoriza a exclusão extrajudicial (sendo este tema trata pelos arts. 1.003, 1.004 e 1.085, CC57); ou VI. pelo sócio excluído. Parágrafo único. O cônjuge ou companheiro do sócio cujo casamento, união estável ou convivência terminou poderá requerer a apuração de seus haveres na sociedade, que serão pagos à conta da quota social titulada por este sócio. Em sociedade anônima fechada, além do estatuto social, o requerimento deve ser feito por 5% do total do capital social. A disciplina de sociedade anônima de capital fechado, para a dissolução parcial de sociedade, é similar a da sociedade. Ex.: limitada (sociedade de pessoas). judicial 14 Legitimidade passiva: Art. 601. Os sócios e a sociedade serão citados para, no prazo de 15 (quinze) dias, concordar com o pedido ou apresentar contestação. Parágrafo único. A sociedade não será citada se todos os seus sócios o forem, mas ficará sujeita aos efeitos da decisão e à coisa julgada. Apuração de Haveres Etapa que acontece para saber quanto se deve pagar, descobrindo quanto vale a sociedade. Art. 604. Para apuração dos haveres,o juiz: I. fixará a data da resolução da sociedade; É a data da foto do patrimônio da sociedade “na dia” que foi decretada a sua dissolução; II. definirá o critério de apuração dos haveres à vista do disposto no contrato social; e III. nomeará o perito. §1º O juiz determinará à sociedade ou aos sócios que nela permanecerem que depositem em juízo a parte incontroversa dos haveres devidos. §2º O depósito poderá ser, desde logo, levantando pelo ex-sócio, pelo espólio ou pelos sucessores. §3º Se o contrato social estabelecer o pagamento dos haveres, será observado o que nele se dispôs no depósito judicial da parte incontroversa. Atenção: Se desde o início, com a contestação ou outros documentos no processo, o Juízo verificar que já há valor da quota incontrovertido, será determinado aos réus que depositem esse valor judicialmente, para que os sucessores recebam imediatamente a quantia (execução/cumprimento de sentença definitiva parcial). Falecimento Data do Óbito Retirada imotivada 60 dias após a notificação Recesso Dia Do recebimento da notificação Retirada por justa causa e exclusão judicial Trânsito em julgado Exclusão extrajudicial Data da assembleia ou da reunião Art. 606. Em caso de omissão do contrato social, o juiz definirá, como critério de apuração de haveres, o valor patrimonial apurado em balanço de determinação, tomando-se por referência a data da resolução e avaliando-se bens e direitos do ativo, A concordância do pedido. Contestação: declaração de dissolução parcial, determinando a exclusão do sócio. • Procede-se para apuração de haveres ido que é devido (do que é devido para o sócio que saiu); • Não há recurso contra a decretação de dissolução da sociedade (decisão interlocutória); • Se ele julgar improcedente o pedido de dissolução, cabe apelação (decisão de mérito). Art. 605. A data da resolução da sociedade será: I. no caso de falecimento do sócio, a do óbito; II. na retirada imotivada, o sexagésimo dia seguinte ao do recebimento, pela sociedade, da notificação do sócio retirante; III. no recesso, o dia do recebimento, pela sociedade, da notificação do sócio dissidente; Data de Resolução da Sociedade Exclusão judicial do sócio por direito de retirada dos remanescentes Dissolução parcial de sociedade Direito Potestativo: precisa ser exercido pelo interessado Apuração de Haveres Direito de Exigir: prazo prescricional – art. 205, CC. 10 anos 15 tangíveis e intangíveis, a preço de saída, além do passivo também a ser apurado de igual forma. Nos casos de omissão do contrato social leva-se em consideração 3 parâmetros: primeiro o do valor patrimonial apurado em balanço, segundo os bens e direito que compõe o ativo da empresa e terceiro o passivo. Parágrafo único. Em todos os casos em que seja necessária a realização de perícia, a nomeação do perito recairá preferencialmente sobre especialista em avaliação de sociedades. O que o ex-sócio recebe ao final da ação??? Art. 608. Até a data da resolução, integram o valor devido ao ex-sócio, ao espólio ou aos sucessores a participação nos lucros ou os juros sobre o capital próprio declarados pela sociedade e, se for o caso, a remuneração como administrador. Parágrafo único. Após a data da resolução, o ex- sócio, o espólio ou os sucessores terão direito apenas à correção monetária dos valores apurados e aos juros contratuais ou legais. Em suma: Inventário e Partilha O inventário e a partilha devem ser compreendidos como procedimentos especiais destinados a identificar os vens deixados pelo falecido, verificar sua exatidão, inclusive na perspectiva de herdeiros preteridos ou de bens que devam ser trazidos à colação, quantificar seu valor, apurar e providenciar o recolhimento do tributo incidente pela transferência de bens em virtude da morte, paga seus credores e partilhá-los (no sentido de dividi-los) entre os herdeiros e legatários. Inventário: o inventário tem como objetivo justamente identificar o patrimônio do de cujus, com a indicação de bens (móveis e imóveis), créditos, débitos, e quaisquer outros direitos de natureza patrimonial que compõem o acervo hereditário. O inventário pode ser judicial ordinário ou judicial especial/sumário, que leva o nome de arrolamento (art. 659 do CPC) ou arrolamento comum (art. 664 do CPC). Partilha: a partilha tem como objetivo à individualização do que cabe a cada um dos sucessores, com o estabelecimento e a consequente adjudicação do quinhão hereditário a cada um deles. Importante lembrar que há ainda a possibilidade de inventário e partilha extrajudiciais. Vejamos os requisitos: a) Todos os sucessores sejam capazes; b) Não exista testamento; c) Que todos estejam de acordo com a divisão de bens; d) Estejam as partes interessadas assistidas por advogado ou defensor público. Petição Inicial Despachada Juízo Concordância Revelia Contestação (procedência do pedido de resolução e método de apuração de haveres). Procedência (não cabe recurso, interlocutória. Improcedência (cabe recurso, apelação). Apuração de Haveres (contrato social. Art. 606 a 608 CC). 16 Art. 666. Independerá de inventário ou de arrolamento o pagamento dos valores previstos na Lei nº 6.858, de 24 de novembro de 1980 . a) Justiça Brasileira é a única competente para julgar as ações de inventário e partilha de bens situados em território nacional (art. 24, II, CPC); b) Em matéria de sucessões hereditária, proceder à confirmação de testamento particular e ao inventário e à partilha de bens situados no Brasil, ainda que o autor da herança seja de nacionalidade estrangeira ou tenha domicílio fora do território nacional OBS.: Se houver sentença estrangeira dispondo sobre bens situados no Brasil, a sentença não poderá ser homologado pelo STJ. OBS2.: competência territorial – Art. 48. OBS3.: após o óbito tem 2 meses para abrir o inventário e no máximo 12 meses para encerra-lo. 1. Petição Inicial Legitimados ativos: Art. 616. Têm, contudo, legitimidade concorrente: I. o cônjuge ou companheiro supérstite (meieiro); II. o herdeiro (sucessores legítimos); III. o legatário (recebedor de doação por testamento); IV. o testamenteiro (responsável pela abertura do testamento); V. o cessionário do herdeiro ou do legatário (quem recebe cessão de direito de um herdeiro ou de um legatório); VI. o credor do herdeiro, do legatário ou do autor da herança; VII. o Ministério Público, havendo herdeiros incapazes; VIII. a Fazenda Pública, quando tiver interesse; IX. o administrador judicial da falência do herdeiro, do legatário, do autor da herança ou do cônjuge ou companheiro supérstite. 2. Com a P.I.: I. Identidade de pessoas entre as quais devam ser repartidos os bens; II. Heranças deixadas pelos dois cônjuges ou companheiros; III. Dependência de uma das partilhas em relação à outra. 3. Estando regular a PI, o juiz despacha a inicial e o nomeia inventariante. 4. Responsabilidades do inventariante – Art. 618 e 619, CPC. Relembrando o que já foi estudado anteriormente sabemos que o processo do inventário começa com Na ausência destas condições, será necessário o inventário na sua forma judicial, e, logo, não significa, sempre, que haverá litígio!! Pode ser, apenas, a presença de um herdeiro incapaz. Quem pode ser inventariante?? I. Cônjuge, companheiro (art. 1.830); II. Qualquer herdeiro considerando a vocação hereditária; III. Qualquer um dos herdeiros, quando não haja a administração do espoçio. Art. 618 – São deveres próprios (indicar quem é credor do espólio, antes e para depois da partilha); Art. 619 – Dependem de autorização judicial(apurar as divididas e pagá-las, preferencialmente, antes da partilha). http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L6858.htm 17 a petição inicial (p.i.) e assim segue para nomeação do inventariante. Então vejamos um esquema de resumo do processo de inventário. Obs.: Só após as primeiras declaração que haverá a citação e essa (citação) que levará aos litisconsortes; Após a citação pode haver impugnação das primeiras declarações; Se houver a impugnação quanto à qualidade de herdeiro será aberto um processo paralelo pelas vias ordinárias. A partilha tem início após a conclusão da fase de inventário, quando apurados quais os bens que efetivamente compõe a herança, os herdeiros, e o quinhão que vai caber a cada um. Consiste na distribuição de bens entre os sucessores, pressupondo a existência de mais de um herdeiro, pois, se houver só um, os bens serão adjudicados ao sucessor único. Nas hipóteses do art. 610, §1º, do CPC, o inventário e a partilha podem ser feitos por escritura pública, sem intervenções do Judiciário. Assim a partilha pode se apresentar de duas formas: a) Amigável: pode ser feita extrajudicialmente; b) Contenciosa: há litígio entre os sucessores. Ainda pode acontecer em vida como doação ou testamento. Depois de feito o pagamento dos credores, e apurado o conjunto de bens que deverá ser partilhado, o juiz concederá às partes o prazo de quinze dias para formular o seu pedido de quinhão. Petição Inicial Colação Primeiras declarações O juízo nomeará o inventariante. A.R. e editais (art. 259, inc. III). Decisão sobre o valor dos bens Avaliação dos Bens Cônjuge/companheiro, herdeiros, legatários e, havendo, o testamenteiro, que formarão litisconsórcio necessário. A Fazenda e o MP deverão ser intimados, na pessoa de seu representante nos casos de herdeiro incapaz ou ausente Impugnação, em 15 dias das primeiras declarações. Após a sentença, a decisão passa integrar e gerar efeitos no processo de inventário, alterando a colação e a indicação dos herdeiros conforme o caso. 15 dias para impugnar a avaliação. Se houver a impugna- ção quanto à qualidade de herdeiro (incluir ou excluir). Assim vira um processo pelas vias ordinárias. Reserva-se bens para cobrir a quota como se herdeiro fosse. O mesmo vale quanto à discussão sobre a titularidade de bem apontado pelo inven- tariante como do Espólio e está na posse de outra pessoa. 18 Art. 647. Cumprido o disposto no art. 642, § 3º , o juiz facultará às partes que, no prazo comum de 15 (quinze) dias, formulem o pedido de quinhão e, em seguida, proferirá a decisão de deliberação da partilha, resolvendo os pedidos das partes e designando os bens que devam constituir quinhão de cada herdeiro e legatário. Parágrafo único. O juiz poderá, em decisão fundamentada, deferir antecipadamente a qualquer dos herdeiros o exercício dos direitos de usar e de fruir de determinado bem, com a condição de que, ao término do inventário, tal bem integre a cota desse herdeiro, cabendo a este, desde o deferimento, todos os ônus e bônus decorrentes do exercício daqueles direitos. Art. 648. Na partilha, serão observadas as seguintes regras: I. a máxima igualdade possível quanto ao valor, à natureza e à qualidade dos bens; II. a prevenção de litígios futuros; III. a máxima comodidade dos coerdeiros, do cônjuge ou do companheiro, se for o caso. Em seguida será proferida decisão de deliberação sobre a partilha, resolvendo pedido entre as partes e designado os quinhões de cada um. Depois dessa deliberação sobre a partilha, os autos serão enviados ao partidor, para que elabore um esboço, de acordo com o que o juiz decidiu, observando as dívidas atendidas, a meação do cônjuge, a parte disponível e os quinhões hereditários, a começar do herdeiro mais velho. Sobre o esboço as partes terão um prazo de cinco dias para falar. Após as partes terem se manifestado em relação ao esboço da partilha, feito o pagamento de imposto mortis causa, o juiz julgará a partilha por sentença, contra qual cabe apelação. Com o trânsito em julgado da sentença que julga a partilha, ou que determina a adjudicação de todos os bens a único herdeiro, desaparece o espólio e cessam as funções do inventariante. Em suma: A máxima igualdade possível quanto ao valor, à natureza e à qualidade dos bens. Decisão do juiz para que os sucessores apontem como querem que os bens sejam entregues. O juiz, após a apresentação em 15 dias da sugestão de cada sucessor sobre quais bens integram seu quinhão, decidirá sobre a partilha. A prevenção de litígios futuros. A máxima co- modidade dos coerdeiros, do cônjuge ou do companheiro, se for o caso. Encaminhamento da decisão para o partidor, a fim elaborar o formal de partilha (art. 651 do CPC). Esboço I. Dividas atendidas; II. Meação do cônjuge; III. Meação disponível; IV. Quinhões hereditários, a começar pelo coerdeiro mais velho. Transitado em julgado a homologação do esboço, tem-se o formal de partilha I. Termo de inventariante e título de herdeiros; II. Avaliação dos bens que constituíram o quinhão do herdeiro; III. Pagamento do quinhão hereditário; IV. Quitação dos impostos; V. Sentença. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm#art642§3 19 Importante citar que ainda pode haver o arrolamento e os requisitos são: 1. Todos os herdeiros forem capazes e existir acordo quanto á partilha; 2. Quando houver herdeiro único. Lembrando que a conversão do inventário em arrolamento é de rito ordinário (art. 664, CC). Procedimento de Jurisdição Voluntária É uma atividade estatal de integração e fiscalização, ou seja, vai ser buscado do Poder judiciário a integração da vontade, para torná-la apta a produzir determinada situação jurídica. • Existem alguns efeitos jurídicos decorrentes da vontade humana, que somente podem ser obtidos após a integração dessa vontade perante o Estado-juiz, que o faz após a fiscalização dos requisitos legais para a obtenção do resultado almejado. Aqui é possível observar algumas das características dos procedimentos voluntário, que se diferenciam dos de jurisdição contenciosa. Vejamos: a) Obrigatoriedade; b) Princípio Inquisitivo; c) Em regra, há participação do MP como fiscal da lei (art. 178 do CPC); d) Ausência de lide (a decisão judicial não é substitutiva da vontade das partes); e) Não há partes (legitimidade ativa e passiva), o que há são interessados; f) Não há processo no sentindo clássico ou tradicional, mas sim PROCEDIMENTO; g) Não há coisa julgada material. Já sabendo as principais características sobre os procedimentos de jurisdição voluntária, é preciso saber que sob a ótica procedimental, há dois tipos de regras (procedimentos): a) comuns (arts. 719-725); b) especiais (arts. 726 e ss.). • Instaura-se o processo por petição inicial, por provocação do interessado, do Ministério Público ou da Defensoria Pública, com atribuição de valor da causa e identificação da providência judicial almejada; • As despesas processuais são antecipadas pelo requerente e rateadas entre todos os interessados; • Os interessados têm o prazo de quinze dias para poder manifestar-se; • A Fazenda Pública será sempre ouvida, nos casos em que tiver interesse (art. 722, CPC); • O Ministério Público será ouvido, apenas nos casos do art. 178 do CPC (art. 721); • O pedido será resolvido em dez dias, por sentença, que é apelável (arts. 723-724 do CPC). Os pedidos que tramitam peloprocedimento comum de jurisdição voluntária estão regulados pelo art. 725, CPC. Extrajudicial Judicial, pedido de adjudicação do espólio em seu favor. Su m ár io Art. 723, PU, do CPC. O julgamento pode ser por equidade, ou seja, contra a lei e contra a vontade das partes, mas desde que a decisão seja razoável e proporcional ao caso. Maiores poderes de buscar as provas, independentemente da vontade dos requerentes e dos requeridos. Como acontece esse procedimento??? 20 Já sabendo as características e como funciona o procedimento no meio comum, podemos, por fim, analisar quais são procedimentos especiais de jurisdição voluntária: I. notificação, interpelação e protesto; II. alienação judicial; III. homologação de divórcio e separação consensuais; IV. homologação de extinção consensual da união estável e matrimônio; V. alteração consensual de regime de bens do matrimônio; VI. abertura de testamento e codicilo; VII. arrecadação de bens da herança jacente; VIII. arrecadação de bens dos ausentes; IX. arrecadação de coisas vagas; X. interdição; XI. organização e fiscalização das fundações; XII. ratificação dos protestos marítimos e dos processos testemunháveis formados a bordo. É um procedimento de jurisdição voluntária e tem como objetivos: a) evitar que o requerido venha a alegar ignorância ou boa-fé quanto ao objeto da comunicação; b) interromper a prescrição (art. 202, II, do CC); c) evitar que se consume a decadência; e d) constituir o devedor em mora nas obrigações sem termo assinalado. ato pela qual uma parte deseja declarar algo juridicamente relevante à outra parte com quem mantém uma relação jurídica (DEVER ou CONTRATO). Esse procedimento está legalmente fundamentado no art. 726 do CPC e tem como principal objetivo a ciência. Art. 726. Quem tiver interesse em manifestar formalmente sua vontade a outrem sobre assunto juridicamente relevante poderá notificar pessoas participantes da mesma relação jurídica para dar-lhes ciência de seu propósito. §1º Se a pretensão for a de dar conhecimento geral ao público, mediante edital, o juiz só a deferirá se a tiver por fundada e necessária ao resguardo de direito. §2º Aplica-se o disposto nesta Seção, no que couber, ao protesto judicial. OBS.: A notificação, pelo CPC, pode ser realizada extrajudicialmente. a declarar algo juridicamente relevante ao outro polo da relação jurídica, porém, busca-se constituir a parte interpelada em mora, ou seja, já houve inadimplemento obrigacional (vide o art. 397 do CC). Assim, têm-se que é uma ciência objetivando ação do interpelado. Esse procedimento está legalmente fundamentado no art. 727 do CPC e tem como principal objetivo constituir em mora. Art. 727. Também poderá o interessado interpelar o requerido, no caso do art. 726 , para que faça ou deixe de fazer o que o requerente entenda ser de seu direito. OBS.: A interpelação, pelo CPC, caso seja entendido que precisa de uma ciência mais ampla e socialmente reconhecida, busca-se o PJ. Há defesa ou recurso contra a decisão que defere a notificação ou interpelação???? Não!! Nem defesa, nem recurso. Resta então à parte inconformada, diante da garantia previsto no art. 5º, inciso XXXV da CRFB/88, a impetração de Mandado de Segurança. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm#art726 21 Alienar é a transferência da propriedade ou domínio útil de um determinado bem a outra pessoa, como por exemplo, ocorre na compra e venda de um bem. Está fundamentada legalmente no art. 730 do CPC. • Caso haja necessidade de manifestação inequívoca da vontade do vendedor (alienante), poderá ser legitimada essa vontade, ou substituída, através do procedimento. Art. 730. Nos casos expressos em lei, não havendo acordo entre os interessados sobre o modo como se deve realizar a alienação do bem, o juiz, de ofício ou a requerimento dos interessados ou do depositário, mandará aliená-lo em leilão, observando- se o disposto na Seção I deste Capítulo e, no que couber, o disposto nos arts. 879 a 903 . O que significa manifestação inequívoca ou substituição da vontade: não havendo acordo entre os interessados sobre o modo como se deve realizar a alienação do bem, o juiz, de ofício ou a requerimento dos interessados ou do depositário, mandará aliená-lo em leilão, observando-se o disposto na Seção I deste Capítulo e, no que couber, o disposto nos arts. 879 a 903. Exemplos: a) Os bens nas heranças arrecadadas; b) Os bens vagos; c) Os bens de incapazes; d) Quinhão do condômino na coisa indivisível; e) Os bens necessários para o pagamento do passivo do inventário; f) Os bens achados, quando não encontrado quem mostre domínio. Ordem do procedimento: Casos de Alienação Judicial previstos em lei A dissolubilidade do casamento é prevista em texto constitucional, sendo um ato de autonomia, um exercício de liberdade. Evidentemente que este percurso histórico do direito não foi rápido, muito menos sem os percalços naturais. O art. 2º da Lei Federal 6.515/1977 (Lei do Divórcio) constitui marco jurídico relevante desta situação, pois representou a eliminação do antigo art. 315 do CC/16. O divórcio no Brasil só foi permitido a partir da Emenda Constitucional 9/77 e pela Lei do 1- Requerimento do Interessado 2- Deliberação Judicial de Ofício 7- Ouvida dos interessados em 15 dias 3- Resolução das impugnações eventuais, em 10 dias 8- Designação de leilão judicial 4- Publicação de Edital. Presencial (art. 879). Eletrônico (art. 879). 5- Cientificação dos Interessados. 9- Realização do Pregão. 6- Lavratura e assinatura do auto de arrematação. 10- Extingue-se o procedimento. Arrematação à vista (art. 892). Arrematação à prazo (art. 895). http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm#art879 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm#art903 http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/155571402/constituição-federal-constituição-da-republica-federativa-do-brasil-1988 http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/155571402/constituição-federal-constituição-da-republica-federativa-do-brasil-1988 http://www.jusbrasil.com.br/topicos/11290779/artigo-2-da-lei-n-6515-de-26-de-dezembro-de-1977 http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/103444/antiga-lei-do-divórcio-e-da-separação-judicial-lei-6515-77 http://www.jusbrasil.com.br/topicos/11464018/artigo-315-da-lei-n-3071-de-01-de-janeiro-de-1916 https://tre-pr.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/23169028/conflito-de-competencia-cc-16-pr-trepr http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/103919/emenda-constitucional-9-77 22 Divórcio. O CC/02 mantém, na cabeça do art. 1.571, redação idêntica. Art. 1.571. A sociedade conjugal termina: I. pela morte de um dos cônjuges; II. pela nulidade ou anulação do casamento; III. pela separação judicial; IV. pelo divórcio. § 1º O casamento válido só se dissolve pela morte de um dos cônjuges ou pelo divórcio, aplicando-se a presunção estabelecida neste Código quanto ao ausente. § 2º Dissolvido o casamento pelo divórcio direto ou por conversão, o cônjuge poderá manter o nome de casado; salvo, no segundo caso, dispondo em contrário a sentença de separação judicial. • Ainda existe procedimento de separação judicial e extrajudicial – EC 66: o STJ possui jurisprudência atual e iterativa no sentido da permanência legal da separação e consensual, mesmo após a promulgação da EC n66/2010 (Informativo 604). a) Judicial (que se processa perante o juízo competente); e b) Extrajudicial (que se dá junto ao cartório de notas, através de escritura pública). Requisitos: 1. Ambos os cônjuges manifestem o consentimento, perante o juízo; 2. Ambos estejamde acordo com o término do casamento ou da sociedade conjugal (separação); 3. O acordo preserve adequadamente os interesses dos filhos ou de um dos cônjuges. Procedimento: Judicial: Extrajudicial: O CNJ regulamentou o procedimento extrajudicial através da Resolução nº 35/2007. • Escritura pública: o casal não pode ter filhos menores ou incapazes e devem estar assistidos por advogado. • Documentação: a) Certidão de casamento; b) Documento de identidade oficial e CPF/MF; c) Pacto antenupcial, se houver; d) Certidão de nascimento ou outro documento de identidade oficial dos Petição Inicial Documentos: a) Certidão de casamento, e de eventual pacto antenupcial; b) Certidões de nascimento dos filhos, se houver; e c) Comprovantes de pro- priedade de bens, se houver. a) As disposições relativas à descrição e à partilha dos bens comuns; Sim! É possível ter divorcia ou separação sem a partilha dos bens. b) As disposições relativas à pensão alimentícia entre os cônjuges; c) O acordo relativo à guarda dos filhos incapazes e ao regime de visitas; d) O valor da contribuição para criar e educar os filhos. Negar o pedido. Aceitar: a) A sentença que homologa o divórcio/separação será averbada à margem do assento de casamento no Registro Civil; b) Se houver partilha de imóveis, far-se-á também o com- petente lançamento no Registro Imo- biliário. http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10625978/artigo-1571-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002 23 filhos absolutamente capazes, se houver; e) Certidão de propriedade de bens imóveis e direito a eles relativos; e f) Documentos necessários à comprovação da titularidade dos bens móveis e direito, se houver. Cuidado! Será deferido, salvo se a alteração pretendida prejudicar direito de terceiros, logo, sob pena de indeferimento. • Terceiros podem impugnar! Bastando que se prove o prejuízo. A sucessão testamentária decorre de expressa manifestação de ultima vontade, em testamento ou codicilo. A vontade do falecido, a quem a lei assegura a liberdade de testar, limitada apenas pelos direitos dos herdeiros necessários, constitui, neste caso, a causa necessária e suficiente da sucessão. Tal espécie permite a instituição de herdeiros e legatários, que são, respectivamente, sucessores a título universal e particular. Importante: • Na sucessão hereditária (arts. 1.829 a 1.856 do CC), a transmissão dos bens deixados pelo falecido é determinada pela vontade da lei. • Na sucessão testamentária, a transmissão dos bens se dará segundo a vontade do falecido, que determinará em ato jurídico solene a destinação dos seus bens para depois da morte. A chamada ordem de vocação hereditária, estabelecida pela legislação civil, determinará os requisitos para enquadrar-se na qualidade de herdeiro e ainda, o percentual que caberá a cada um. É um negócio jurídico pelo qual alguém, unilateralmente, declara a sua vontade, segundo pressupostos de existência, validade e eficácia, com o propósito de dispor, no todo ou em parte, dos seus Havendo alteração do nome de algum cônjuge em razão de escritura de separação, restabelecimento da sociedade conjugal ou divórcio consensuais, o que deve fazer o Oficial de Registro Civil???? Separação Consensual: a) Um ano de casamento; b) Manifestação de vontade espontânea e isenta de vícios em não mais mantes a sociedade conjugal e desejar separação conforme as cláusulas ajustadas; c) Ausência de filhos menores não emancipados ou incapazes do casal. É possível alterar o regime de bens do casal durante a vigência do matrimônio??? Pode alterar pro procedimento especial chamado de Alteração do Regime de Bens do Matrimônio. 100% do patrimônio exclusiva do autor da herença. • Herdeiros obrigatórios, que são os chamados detentores o direito da legítima (recebem 50%); 50% do patrimônio em causa de legítima, é que poderá ser testado; • A meação NÃO é herança. Ela decorre da relação conjugal; • O conjugue só receberá a herança caso não haja mais ninguém com a possibilidade de recebe-la. 24 bens, bem como de determinar diligências de caráter não patrimonial para depois da sua morte. Além disso o testamento é o ato personalíssimo e revogável pelo qual alguém, de conformidade com a lei, não só dispõe, para depois de sua morte, no todo ou em parte, do seu patrimônio, mas também faz estipulações. Características a) É um ato personalíssimo: privativo do autor da herança, não se admite sua feitura por procuração nem mesmo com poderes especiais; b) Constitui um negócio jurídico unilateral: isto é, aperfeiçoa-se com uma única manifestação de vontade, a do testador, e presta-se à produção de diversos efeitos por ele desejados e tutelados na ordem jurídica; c) É solene: só terá validade se forem observadas todas as formalidades essenciais prescritas na lei. Não podem elas serem postergadas, sob pena de nulidade do ato; d) É um ato gratuito: pois não visa obtenção de vantagens para o testador; e) É revogável: pode o testador usar o direito de revogá-lo total ou parcialmente, quantas vezes quiser, salvo na parte em que o testador tenha reconhecido um filho havido fora do patrimônio; f) É um ato causa mortis: produz efeitos apenas após a morte do testador. Capacidade Testamentária Sendo o testamento um negócio jurídico, requer para sua validade agente capaz, objeto lícito e forma prescrita ou não defesa em lei. Daí ser imprescindível, para que seja válido, a capacidade testamentária não só ativa como passiva, pois a grande importância do testamento é produzir efeitos jurídicos após a morte do disponente, pelos interesses econômicos-morais que a ele se prendem, mais apurados devem ser os requisitos para a sua validez. Capacidade testamentária ativa: o Código Civil ao prescrever a capacidade testamentária reconheceu a todas a pessoas o direito de dispor de seus bens por testamento, qualquer que seja sua nacionalidade, ao firmar o princípio da lei domiciliar como reguladora da sucessão legítima e testamentária. Desse modo, não pode ser admitidos outros casos de incapacidade, além dos que a lei taxativamente determina. São incapazes para testar: 1. Os menores de 16 anos. Permite, porém, que o menor entre 16 e 18 anos faça testamento livremente, mesmo sem a assistência de seu representante legal; 2. Os desprovidos de discernimento, por estarem impossibilitados de emitir vontade por não se encontrarem no gozo das faculdades mentais. Capacidade testamentária passiva: o Código Civil, art. 1.801, arrola os casos de incapacidade testamentária passiva relativa, proibindo que se nomeie herdeiros e legatários: a) a pessoa que, a rogo, escreveu o testamento, nem o seu cônjuge ou companheiro, ou os seus ascendentes e irmãos; b) as testemunhas do testamento; c) o concubino do testador casado, salvo se este, sem culpa sua, estiver separado de fato do cônjuge há mais de cinco anos; d) o tabelião, civil ou militar, ou o comandante ou escrivão, perante quem se fizer, assim como o que fizer ou aprovar o testamento. http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/111983995/código-civil-lei-10406-02 http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/111983995/código-civil-lei-10406-02 http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10606766/artigo-1801-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002 25 Tipos de Testamentos Testamento Ordinário Os testamentos ordinários são os mais comuns e estão elencados no art. 1.862, são eles: a) Testamento Público (arts. 1.864 a 1.867 CC): para ter validade, o testamento público deve ser lavrado por tabelião ou por seu substituto legal em livro de notas, e o testador (queé a pessoa que pretende destinar os seus bens para depois da morte) comparece ao cartório e apresenta ao tabelião as declarações que pretende constar em seu testamento. • O tabelião lavra o instrumento (escrito manualmente ou mecanicamente), o lê em voz alta ao testador e a duas testemunhas; • O próprio testador também pode ler o seu testamento, após lavrado, nesse caso, deverá fazê-lo na presença de duas testemunhas e do oficial do cartório; • Após a leitura, o testamento será assinado pelo testador, pelas testemunhas e pelo tabelião; • Se o testador não souber ou não puder assinar, o tabelião ou seu substituto legal assim o declarará, assinado, neste caso, pelo testador, e, a seu rogo, uma das testemunhas instrumentárias; • Caso o testador seja inteiramente surdo, sabendo ler, lerá o testamento, e, se não o souber, designará quem o leia em seu lugar, presentes as testemunhas. Procedimento de Jurisdição Voluntária de abertura de testamento público: a) O procedimento judicial visando o cumprimento do testamento público tem início com a sua apresentação ao juízo; b) O juiz deverá verificar se existem vícios que o torne suspeito de nulidade ou falsidade; c) Ouve-se o Ministério Público; d) Não havendo dúvidas a serem esclarecidas mandará cumprir o testamento. b) Testamento Cerrado: o testamento cerrado também é conhecido, entre outros nomes, por testamento místico ou testamento secreto. Recebe esses nomes porque é escrito pelo próprio testador e permanece em segredo até a sua apresentação e abertura em juízo. • O testamento cerrado é a única espécie de testamento que não é lido em voz alta; • O testamento cerrado fica na posse do testador ou de quem ele tenha designado para essa função; entre outras diferenças. Artigos 1.868 a 1.875 do Código Civil: • O testador escreverá seu testamento (manual ou mecanicamente; em língua nacional ou estrangeira), ou determinará que outra pessoa o escreva a seu rogo e, logo após, o levará ao cartório para aprovação; • No cartório, o tabelião receberá o testamento cerrado na presença de duas testemunhas. O testador deverá declarar que aquele é o seu testamento e seu desejo pela aprovação; • O tabelião lavrará termo de aprovação na presença de duas testemunhas e depois fará sua leitura (do termo de aprovação) na presença do testador e de duas testemunhas; • Depois de aprovado e cerrado, será o testamento entregue ao testador, e o tabelião lançará, no seu livro, nota do lugar, dia, mês e ano em que o testamento foi aprovado e entregue. 26 Procedimento de Jurisdição Voluntária de abertura de testamento cerrado: a) O procedimento do testamento tem início com o pedido de abertura feito pelo interessado; b) O juiz deverá verificar se existência, assim como no testamento público, de vício externo que o torne suspeito de nulidade ou falsidade; c) Não existindo vícios, o juiz determinará que seja aberto o testamento e mandará que o escrivão o leia em presença do apresentante; d) Do termo de abertura constarão o nome do apresentante e como ele obteve o testamento, a data e o lugar do falecimento do testador, com as respectivas provas, e qualquer circunstância digna de nota, conforme art. 735 §1º do CPC; e) Ouve-se o Ministério Público; f) Não havendo dúvidas a serem esclarecidas, o juiz mandará registrar, arquivar e cumprir o testamento (art. 735 §2º do CPC). c) Testamento Particular: é aquele escrito (de próprio punho ou por processo mecânico); em língua nacional ou estrangeira, desde que as testemunhas compreendam o seu conteúdo e é lido pelo próprio testador na presença de três testemunhas, que deverão assiná-lo ao final em conjunto com o testador. • Observem que o testamento particular não é levado ao cartório para validação ou registro; OBS.: os procedimentos necessários à sua validação serão realizados em juízo. • Este testamento também é chamado de hológrafo. Procedimento de Jurisdição Voluntária de abertura de testamento particular: a) Conhecer a declaração de última vontade do morto; b) Verificar a regularidade formal do testamento; c) Ordenar seu cumprimento; Na prática o procedimento é utilizado para validação com o “cumpra-se” determinado pela autoridade judicial; É importante lembrar que nesse procedimento, o juiz não adentra em questões de maior profundidade, que serão discutidas pelas vias ordinárias. Etapas do Procedimento de Testamento Particular: Os artigos 735 a 737 do CPC dão conta de todo o procedimento para apresentação do testamento em juízo, sendo certo que a competência será do juízo do lugar onde se achar o apresentador do documento. O procedimento do testamento particular possui algumas peculiaridades, uma vez que não foi confeccionado, nem mesmo confirmado por tabelião em cartório, como os testamentos público e cerrado, respectivamente. Etapas: a) O procedimento tem início com a petição do herdeiro ou de algum interessado, conforme art. 737 do CPC; b) Após o pedido para publicação do testamento, o juiz mandará intimar os herdeiros que não tiverem requerido a publicação do testamento e marcará O art. 1.872 dispõe que não pode dispor de seus bens em testamento cerrado quem não sabia ou não possa ler. O art. 1.873 do Código Civil autoriza a confecção de testamento cerrado por surdo-mudo, desde que os requisitos dispostos na legislação sejam observados. 27 audiência para inquirição das testemunhas testamentárias, ou seja, aquelas testemunhas que assinaram o documento junto com o testador; c) A finalidade dessa audiência é confirmar junto às testemunhas a veracidade das disposições contidas no documento. Evitando-se possíveis fraudes e concluios com o intuito de alterar as disposições de última vontade do testador; d) O que as testemunhas devem confirmar: 1) que o testador era capaz quando testou; 2) que o escrito é realmente o testamento que testemunharam; 3) que as assinaturas do testamento são autênticas que ouviram a leitura do testamento em voz alta. e) Após o Ministério Público será ouvido, e então o juiz confirmará o testamento. Testamento Especial Os testamentos especiais estão elencados no art. 1.886 do CC, são eles: a) Testamento Marítimo ou Aeronáutico: poderá ocorrer quando o testador estiver a bordo de navios de guerra ou mercante, em viagens de alto-mar (CC, art. 1.888). • Pode ter forma assemelhada ao testamento público ou ao testamento cerrado; • As regras para esses dois testamentos são bastante semelhantes, consiste no testamento feito a bordo de navios ou aeronaves de guerra, ou mercantes, também de transporte, durante as viagens, portanto não podem ser feitos em caso de navio ancorado ou aeronave em solo, diante de perigo e iminente possibilidade de o navio vir a afundar ou a aeronave cair, pode alguém, como manifestação de última vontade, no caso de navio será diante do comandante e de duas testemunhas, obedecidas a regras do testamento público ou particular cerrado, testamento será registrado no diário de bordo, sendo em aeronave, o comandante irá designar alguém para registrar as ordens do testador. Dadas as circunstâncias excepcionais, o juiz poderá admitir o testamento sem testemunhas (art. 1.979), o comandante ficará com a guarda do documento. O artigo 1.891 do Código Civil estabelece o prazo de eficácia dessa forma especial de testamento: “caducará o testamento marítimo, ou aeronáutico, se o testador não morrer na viagem, nem nos 90 (noventa) dias subsequentes ao seu desembarque em terra, onde possa fazer, na forma ordinária, outro testamento”. b) Testamento Militar: é declaração de última vontade feita
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