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@estudadireitosofia 2021.2 Psicologia Jurídica Psicologia Jurídica 1 História da Psicologia Jurídica A história da atuação de psicólogos brasileiros na área da Psicologia Jurídica teve seu início no reconhecimento da profissão, na década de 60. A inserção de tal ramo à psicologia deu-se de forma gradual e lenta, por vezes foi executado de maneira informal, através de trabalhos voluntários. Vale ressaltar que os primeiros trabalhos ocorreram na área criminal, focando os estudos acerca de adultos criminosos e adolescentes infratores da lei. Como dito anteriormente o primeiro contato entre psicólogos e o meio jurídico foi na área criminal, sendo uma das primeiras articulações a Psicologia do Testemunho que determinava uma nova linha de pensamento: não só os criminosos deveriam ser examinados, mas também as vítimas e testemunhas e os processos internos que propiciam ou dificultam a veracidade do relato das vítimas e testemunhas a respeito do que foi visto ou vivido. Essa atuação é chamada de entrevista forense e precisa ser feita por profissionais porque o trauma pode bloquear alguns acontecimentos da memória. O trabalho do psicólogo junto ao sistema penitenciário existe, ainda que não oficialmente, em alguns estados brasileiros há pelo menos 40 anos. Contudo, foi a partir da promulgação da Lei de Execução Penal (Lei Federal nº 7.210/84), que o psicólogo passou a ser reconhecido legalmente pela instituição penitenciária (Fernandes, 1998). Apesar da profissão só ter sido oficializada no Brasil somente vinte anos após o seu início, na década de 80, o estudo da história da psicologia jurídica nos revela que a preocupação com a avaliação do criminoso (principalmente se tratando de um doente mental delinquente) vem desde antes da década de 60. Durante a antiguidade e na idade média já haviam indícios da PJ, mas era uma época diferente onde existia ainda mais estigma sobre a saúde mental, então os casos de “loucura” eram privados as famílias dos acometidos, sendo assim era permitido que o “louco” circulasse livremente e os atendimentos médicos eram escassos. • Importante lembrar que em meados do séc. XVII a loucura se tornou ainda mais marginalizada, passando a ser caracterizada por uma necessidade de exclusão desses doentes mentais. Assim foram criados estabelecimentos para internações em toda a Europa, nos quais eram admitidos indivíduos que ameaçassem a ordem da razão e da moral da sociedade. A vertente jurídica da psicologia encontra suas raízes mais primitivas na França do século XIX, tendo como marco inicial o pioneiro estudo criminal-antropológico do filósofo e É por esse fato que a psicologia jurídica é conhecida por ser um ramo que estuda é de grande ajuda em casos como de grandes assassinos em série ou de crimes torpes, mas é importante lembrar que esse ramo da psicologia interdisciplinar ao direito NÃO estuda só isso, vai muito além. Importante: as instituições criadas na Europa não tinham condições ideais para a vida de uma pessoa mentalmente doente, era bem o contrário disso. A partir do século XVIII, na França, Pinel realizou a revolução institucional, liberando os doentes de suas cadeias e dando assistência médica a esses seres segregados da vida em sociedade (Pavon, 1997). **Um exemplo mais contemporâneo do que acontecia dessas instituições é o holocausto brasileiro. 2 psicólogo francês Prosper Despine (1812-92), entitulado de Psychologie naturelle (1868). Com o advento da Psicanálise, a abordagem frente à doença mental passou a valorizar o sujeito de forma mais compreensiva e com um enfoque dinâmico. Como consequência, o psicodiagnóstico ganhou força, deixando de lado um enfoque eminentemente médico para incluir aspectos psicológicos (Cunha, 1993). Os pacientes passaram a ser classificados em duas grandes categorias: de maior ou de menor severidade, ficando o psicodiagnóstico a serviço do último grupo. De acordo com Brito (2005), os psicodiagnósticos eram vistos como instrumentos que forneciam dados matematicamente comprováveis para a orientação dos operadores do Direito. Inicialmente, a Psicologia era identificada como uma prática voltada para a realização de exames e avaliações, buscando identificações por meio de diagnósticos. Essa época foi marcada pela estreia do uso de testes psicológicos e fez com que o psicólogo fosse visto como um testólogo, após esse período os psicólogos clínicos começaram a colaborar com os psiquiatras nos exames psicológicos legais e em sistemas de justiça juvenil. Com os novos estudos acerca dos sistemas de interrogatório, dos fatos delitivos, a detecção de falsos testemunhos, as amnésias simuladas e os testemunhos de crianças impulsionaram a ascensão da, até então denominada como, Psicologia do Testemunho. Atualmente o psicólogo utiliza estratégias de avaliação psicológica com objetivos bem definidos para encontrar respostas para solução de problemas. A testagem pode ser um passo importante do processo, mas constitui apenas um dos recursos de avaliação. como já relatado anteriormente a entrada oficial do psicólogo na área jurídica se deu em 1985, mas antes disso em 1979 já havia atuação profissional informal e voluntária no estado de São Paulo no Tribunal de Justiça para atendimento a famílias carentes. Direito e Psicologia Como pode ser evidenciado, o Direito e a Psicologia se aproximaram em razão da preocupação com a conduta humana. O momento histórico pelo qual a Psicologia passou fez com que, inicialmente, essa aproximação se desse por meio da realização de psicodiagnósticos, dos quais as instituições judiciárias passaram a se ocupar. Contudo, outras formas de atuação além da avaliação psicológica ganharam força, entre elas a implantação de medidas de proteção e socioeducativas e o encaminhamento e acompanhamento de crianças e/ou adolescentes. No campo do Direito Civil destaca-se o Direito da Infância e Juventude, área em que o psicólogo iniciou sua atuação no então denominado Juizado de Menores; O trabalho do psicólogo foi ampliado, envolvendo atividades na área pericial, acompanhamentos e aplicação das medidas de proteção ou medidas socioeducativas (Tabajaski, Gaiger & Rodrigues, 1998). Essa expansão do campo de atuação do psicólogo gerou um aumento do número de profissionais em instituições judiciárias mediante a legalização dos cargos pelos concursos públicos. Outro dado histórico importante foi a criação do Núcleo de Atendimento à Família (NAF), em outubro de 1997, implantado no Foro Central de Porto Alegre e pioneiro na justiça brasileira. O trabalho objetiva oferecer a casais e famílias com dificuldades de resolver seus conflitos um espaço terapêutico que os auxilie a assumir o controle sobre suas vidas, 3 colaborando, assim, para a celeridade do Sistema Judiciário (Silva & Polanczyk, 1998). em relação à área acadêmica, cabe citar que a Universidade do Estado do Rio de Janeiro foi pioneira em relação à Psicologia Jurídica. Foi criada, em 1980, uma área de concentração dentro do curso de especialização em Psicologia Clínica, denominada “Psicodiagnóstico para Fins Jurídicos”. Principais campos de atuação: Na Psicologia Jurídica há uma predominância das atividades de confecções de laudos, pareceres e relatórios, pressupondo-se que compete à Psicologia uma atividade de cunho avaliativo e de subsídio aos magistrados. Cabe ressaltar que o psicólogo, ao concluir o processo da avaliação, pode recomendar soluções para os conflitos apresentados, mas jamais determinar os procedimentos jurídicos que deverão ser tomados. Cabe ao juiz a decisão judicial; não compete ao psicólogo incumbir-se desta tarefa. • Direito de família: destaca-se a participação dos psicólogos nos processos de separação e divórcio, disputa de guarda e regulamentação de visitas.O psicólogo pode atuar como mediador, nos casos em que os litigantes se disponham a tentar um acordo ou, quando o juiz não considerar viável a mediação, ao psicólogo pode ser solicitada uma avaliação de uma das partes ou do casal. Nos processos de separação ou divórcio é preciso definir qual dos ex-cônjuges deterá a guarda dos filhos e os direitos de visitação (se houver). Em casos mais graves, podem ocorrer disputas judiciais pela guarda (Silva, 2006). Nesses casos, o juiz pode solicitar uma perícia psicológica para que se avalie qual dos genitores tem melhores condições de exercer esse direito. • Direito da Criança e do Adolescente: a atuação do psicólogo pode se dar em diversas formas nesse ramo do direito a começar pela adoção onde os psicólogos participam do processo de adoção por meio de uma assessoria constante para as famílias adotivas, tanto antes quanto depois da colocação da criança. • Destituição do poder familiar: o papel do psicólogo nesses casos é fundamental. É preciso considerar que a decisão de separar uma criança de sua família é muito séria, pois desencadeia uma série de acontecimentos que afetarão, em maior ou menor grau, toda a sua vida futura. Independentemente da causa da remoção - doença, negligência, abandono, maus- tratos, abuso sexual, ineficiência ou morte dos pais - a transferência da responsabilidade para estranhos jamais deve ser feita sem muita reflexão. • Adolescentes autores de atos infracionais: o Estatuto da Criança e do Adolescente prevê medidas socioeducativas que comportam aspectos de natureza coercitiva. São medidas punitivas no sentido de que responsabilizam socialmente os infratores, e possuem aspectos eminentemente educativos, no sentido da proteção integral, com oportunidade de acesso à formação e à informação. • Direito Civil: o psicólogo atua nos processos em que são requeridas indenizações em virtude de danos psíquicos e também nos casos de interdição judicial. **Dano psíquico: o dano psíquico pode ser definido como a sequela, na esfera emocional ou psicológica, de um fato particular traumatizante (Evangelista & Menezes, 2000). Pode-se dizer que o dano está 4 presente quando são gerados efeitos traumáticos na organização psíquica e/ou no repertório comportamental da vítima. • Direito Penal: o psicólogo pode ser solicitado a atuar como perito para averiguação de periculosidade, das condições de discernimento ou sanidade mental das partes em litígio ou em julgamento (Arantes, 2004). Portanto, destaca-se o papel dos psicólogos junto ao Penitenciário e aos Institutos Psiquiátricos Forenses. • Direito do Trabalho: o psicólogo pode atuar como perito em processos trabalhistas. A perícia a ser realizada nesses casos serve como uma vistoria para avaliar o nexo entre as condições de trabalho e a repercussão na saúde mental do indivíduo. Na maioria das vezes, são solicitadas verificações de possíveis danos psicológicos supostamente causados por acidentes e doenças relacionadas ao trabalho, casos de afastamento e aposentadoria por sofrimento psicológico. Cabe ao psicólogo a elaboração de um laudo, no qual irá traduzir, com suas habilidades e conhecimento, a natureza dos processos psicológicos sob investigação (Cruz & Maciel, 2005). • Vitimologia: objetiva a avaliação do comportamento e da personalidade da vítima. Cabe ao psicólogo atuante nessa área traçar o perfil e compreender as reações das vítimas perante a infração penal. A intenção é averiguar se a prática do crime foi estimulada pela atitude da vítima, o que pode denotar uma cumplicidade passiva ou ativa para com o criminoso. Para tanto, a análise é feita desde a ocorrência até as consequências do crime (Brega Filho, 2004). • Psicologia do testemunho: os psicólogos podem ser solicitados a avaliar a veracidade dos depoimentos de testemunhas e suspeitos, de forma a colaborar com os operadores da justiça. O chamado fenômeno das falsas memórias tem assumido um papel muito importante na área da Psicologia do Testemunho. Hoje, sabe- -se que o ser humano é capaz de armazenar e recordar informações que não ocorreram. A interdisciplinaridade: a psicologia pode influenciar e beneficiar o Direito em muitas áreas, pois estuda a personalidade do indivíduo na tentativa de explicar seus atos e assim poderá ser usada no Direito para a explicação e julgamento de criminosos, como por exemplo, assassinos. Dentre várias áreas incorporadas à Psicologia, uma que mais vai ser utilizada pelo Direito é a psicologia jurídica. A psicologia jurídica, é uma vertente de estudo da psicologia, consistente na aplicação dos conhecimentos psicológicos aos assuntos relacionados ao direito, principalmente quanto à saúde mental, quanto aos estudos sociojurídicos dos crimes e quanto a personalidade da pessoa natural e seus embates subjetivos. Tem como objetivo o estudo, tratamento e assessoramento de várias etapas da atividade jurídica, desde os cuidados relacionados às vítimas, infratores e até os profissionais do Direito. Funções do Psicólogo Jurídico Conscientizar • Colaborar com campanhas de prevenção social contra a criminalidade em meios de comunicação; Pesquisar • Problemas da Psicologia Jurídica; Ajudar a vítima • Contribuir para a melhoria da situação da vítima e para a sua interação com o sistema legal; Mediar • Apresentar soluções negociadas aos conflitos jurídicos por meio da intervenção mediadora. 5 Introdução a Psicologia Jurídica Para dar início é importante conceituar os dois elementos dessa matéria então vejamos: 1. Psicologia: busca compreender e explicar a conduta humana; 2. Direito: prevê e regula determinados tipos de comportamento com o objetivo de estabelecer um contrato social de convivência, ou seja, vai através das normas, regras e lei regular os comportamentos com o objetivo de ter bem-estar social. A Psicologia Jurídica deve restringir-se aos conteúdos da norma, sem procurar explicar se ela é ou não é justa, nem pretender argumentar sobre seus fins. Psicologia Jurídica cons- titui-se de um campo de investigação psicológico especializado, cuja a finalidade é o estudo do comportamento dos atores jurídicos no âmbito do Direito, da lei e da justiça. É importante manter a diferenciação entre psicologia, lei e suas vertentes, analise: • Psicologia na Lei: profissionais da lei requisitam a atuação dos psicólogos. Trata- se de uma psicologia aplicada à resolução de problemas; • Psicologia e Lei: a psicologia analisa componentes psicológicos no Direito, desenvolvendo investigação e teoria; • Psicologia da Lei: representa uma aproximação abstrata da lei como determinante do comportamento. Como a lei afeta a conduta humana. Especialidades da Psicologia Jurídica Psicologia da Delinquência; Psicologia Judicial (Juízes, Jurados e Testemunhos); Psicologia Policial e das Forças Armadas; Psicologia Penitenciária; Mediação Familiar; Técnicas de Entrevista e Interrogatório; Psicopatologia. Funções do Psicólogo Jurídico As condutas psicológicas dos atores jurídicos; Avaliar e Diagnosticar; Como perito, visando trazer para os autos informações psicológicas essenciais para a tomada de decisão; Assessorar, planejar e organizar programas de prevenção, tratamento de reabilitação e de integração de atores jurídicos Treinar e selecionar profissionais. Pertence ao Mundo do Dever Ser; Objetividade: Mundo da Ciência; Assenta-se no Princípio da Finalidade Pertence ao Mundo do Ser; Subjetividade: Mundo da reflexão e da Filosofia; Assenta-se na relação de Causalidade. O direito A psicologia Interface entre o Direito e a Psicologia Conceito 6 As funções do Psicólogo Jurídico são muitoabrangente, então é importante olhar o tema mais afundo: 1. Avaliar e Diagnosticar: as condutas psicológicas dos atores jurídicos; 2. Assessorar: como perito, visando trazer para os autos informações psicológicas essenciais para a tomada de decisão; 3. Intervir: planejar e organizar programas de prevenção, tratamento de reabilitação e de integração de atores jurídicos; 4. Educar: treinar e selecionar profissionais; 5. Conscientizar: colaborar com campanhas de prevenção social contra a criminalidade em meios de comunicação; 6. Pesquisar: problemas da Psicologia Jurídica; 7. Ajudar a vítima: contribuir para a melhoria da situação da vítima e para a sua interação com o sistema legal; 8. Mediar: apresentar soluções negociadas aos conflitos jurídicos por meio da intervenção mediadora. A psicologia cognitiva é uma área de conhecimento que se propõe em estudar como as pessoas são capazes de perceber, aprender, lembrar e pensar sobre determinadas situações da vida, ou seja, se propõe a estudar os processos mentais dos indivíduos. Para esse estudo é preciso analisar os seguintes requisitos: Sensação: algo do externo mexe com os sistemas sensoriais, podendo ser bom ou ruim. São reações a sentidos, por exemplo alguém que tem a sensação de desmaio ao ver sangue. Processo de detecção e de decodificação da energia de um estimulo do mundo exterior. A sensação se refere às informações que são apresentadas aos órgãos dos sentidos. A visão mais aceita é que os processos cognitivos são tão complexos que é muito difícil estabelecer uma nítida diferença entre sensação e percepção. Percepção: é a noção que o indivíduo tem do ambiente, pois já trás uma bagagem de vida. Os processos perceptivos são inconscientes. A percepção pode ser direta ou imediata, discriminativa e constante (ou altamente condicionada). Cognição: é a capacidade do ser humano raciocinar, a inteligência. Conjunto de atividades e processos pelos quais um organismo adquire informação e desenvolve conhecimento. Cognição é o processo de conhecer, é a memória, pensamento, linguagem, tomada de decisão. Representação Mental do Conhecimento Representações são como estados mentais que promovem um elo entre o organismo e um determinado contexto. Têm como característica trazer em si mesmas os objetos aos quais se referem, independentemente de os mesmos estarem ou não em sua presença. A noção de representação pode ser entendida tanto num sentido técnico, psicológico e semiológico. 1. Sentido Psicológico: representação é como um conjunto de propriedades, relações e valores ligados a um objeto do pensamento. Ex.: ver um cachorro igual a seu que faleceu na rua e sentiu saudades.; 2. Sentido Técnico: é a expressão de um conhecimento por meio de um sistema de signos. Ex.: usar um pegador de clips de papel, pois não tem outra coisa; Pode se resumir como um gatilho. 7 3. Sentido Semiológico: a representação é a relação entre o significante de um signo e seu objeto. Ex.: dar outro sentido a algo; Personalidade “Significa uma tendência consistente de se comportar de uma determinada maneira em diferentes situações” (CHIAVENATO, 2004). A consistência citada não é absoluta; Peculiaridade: o indivíduo age de uma determinada forma em situações semelhantes. A construção da personalidade é permanente, e possui alguns determinantes que afetam: hereditariedade e o ambiente. Há indivíduos que (durante a construção da personalidade) desenvolvem uma inflexibilidade de comportamento tal, que chegam a perder a capacidade de adaptação exigida pelas circunstâncias do trabalho. Podem ocorrer as seguintes situações: Desconfiança sistemática e excessiva, a ponto de o indivíduo interpretar de maneira errada ou distorcer as ações das outras pessoas, percebendo segundas intenções e objetivos escusos: onde qualquer detalhe gera suspeitas, cuja formulação o indivíduo concentra suas energias; Marcante indiferença a críticas e a elogios: o indivíduo aumenta a reserva, busca atividades solitárias e introspectivas; Impulsividade excessiva, a ponto de a pessoa facilmente “perder a cabeça”, envolvendo- se em conflitos... Expansividade inadequada para o local ou momento; Preocupação excessiva com as críticas, causando medo de decidir. Personalidade é um conjunto das características marcantes de uma pessoa, é a força ativa que ajuda a determinar o relacionamento das pessoas baseado em seu padrão de: individualidade pessoal e social, referente ao pensar, sentir e agir. A personalidade tem várias facetas que são considerados como parte integrante dela, e que influenciam as atitudes de cada pessoa. • A forma física pode influenciar na auto estima, de maneira positiva ou 8 negativamente alterando o comportamento e a percepção que a pessoa tem de si. • O temperamento é responsável pelo comportamento afetivo, à excitação e atenção. Pontua o doutrinador Fiorelli que: “Sintetizando as definições a personalidade conceitua-se como a condição estável e duradoura dos comportamentos da pessoa, embora não permanente”. Os comportamentos típicos, estáveis, persistentes que formam o padrão por meio do qual o indivíduo se comporta em suas relações, nas mais diversas situações do convívio social, de trabalho e familiar, recebem a denominação de características de personalidade. As manifestações dessas características formam a imagem mental, para os observadores, do comportamento mais esperado dessa pessoa em cada tipo de circunstância. Importante notar que não há personalidade “normal” ou características normais. Todos as apresentam em maior ou menor grau, combinadas de infinitas maneiras, o que torna cada indivíduo único em sua maneira de se comportar. Vejamos algumas dessas características: 1. Consciência social; 2. Antissocial; 3. Praticidade; 4. Imaginativo; 5. Esquizoide; 6. Independentes; 7. Dependentes; 8. Extroversão; 9. Introversão; 10. Evitativa; 11. Obsessão em fazer o certo; 12. Histrionismo; 13. Ousadia; 14. Otimismo; 15. Pessimismo; 16. Comportamento persecutório; 17. Conservadorismo; 18. Narcisismo. Vale ressaltar os pontos sobre estabilidade emocional onde as pessoas tendem a resolver, por elas mesmas, suas dificuldades, no limite de suas capacitações. Essa estabilidade proporciona uma visão mais realista dos fatos e maior facilidade para administrar situações de conflito. Já a instabilidade emocional é uma característica de personalidade que revela imaturidade, incapacidade de tolerar os aborrecimentos e as frustrações ocasionadas pela impossibilidade prática de satisfazer a todos os seus interesses. É preciso se atentar as alterações das características da personalidade que podem ser causadas, por exemplo, em casos de estresse prolongado e eventos traumáticos. As alterações de características de personalidade tem o objetivo de neutralizar a situação estressante, como uma pessoa expansiva pode ficar retraída ou um narcisista poderá acentuar certos comportamentos. • Personalidade esquizoide e histriônica No caso da personalidade esquizoide (muitas vezes erradamente confundido com esquizofrenia), a pessoa revela pouca vontade de se relacionar socialmente, muitas vezes se isolando. • Transtorno de personalidade histriônica É caracterizado por uma dramatização excessiva, necessidade de ser o centro da atenção e comportamentos provocantes a nível sexual. Principais atributos de personalidade que influenciam o comportamento: • Autoestima elevada; • Centro de controle; • Maquiavelismo; • Assumir riscos. 9 ( ) A teoria psicanalítica foi desenvolvida pelo neurologista austríaco Sigmund Freud (1856-1939) e estáintimamente relacionada a sua prática psicoterapêutica. É uma teoria que procura descrever a etiologia dos transtornos mentais, o desenvolvimento do homem e de sua personalidade, além de explicar a motivação humana. Freud inicia seu pensamento com a ideia de que nada existe ao acaso, há uma causa para todo tipo de pensamento, ideia similar a da ação e da reação, todo pensamento é fruto de uma ação anterior, nenhum pensamento surge sem houver um processo motivacional. Super estruturas da Personalidade Freud enfatizou que os primeiros cinco anos de vida são cruciais para a formação da personalidade adulta. O ID deve ser controlado para satisfazer demandas sociais; isso cria um conflito entre desejos frustrados e normas sociais. O ego e o superego se desenvolvem para exercer esse controle e direcionar a necessidade de gratificação para canais socialmente aceitáveis. A personalidade humana é dividida em três grandes superestruturas, estas compreendem os seguintes complexos: • Id: o id está relacionado aos instintos e é totalmente inconsciente. Essa estrutura é formada pelos impulsos, instintos e desejos. O ID estará sempre em busca do prazer, não lidando bem com frustrações e requer sempre uma solução imediata para tudo. **Essa estrutura desconhece a razão e os valores morais. • Ego: o ego é uma estrutura racional e controla os instintos (id). Ele funciona como um mediador e busca facilitar a interação do ID com as situações externas que ocorrem na vida de um indivíduo. O principal objetivo do ego é a busca por um equilíbrio entre os impulsos do ID e a repressão do superego. • Superego: essa estrutura representa a moral e os valores, com os seguintes objetivos: − Reprimir através de culpa; − Barrar os impulsos que são contrários as regras sociais; − Insistir para que o ego se comporte com moral. O superego é formado depois do ego, no momento em que a criança começa a assimilar todos os valores herdados dos pais. Desenvolvimento da Personalidade (psicossexual) O psicanalista Freud afirma que o desenvolvimento da personalidade ocorre em cinco fases distintas e que em cada uma das fases o indivíduo deve aprender a resolver certos problemas específicos, originados do próprio crescimento físico e da sua interação com o meio. Cada estágio representa a fixação de libido (sendo traduzida em “impulsos” ou “instintos sexuais”) em diferentes áreas do corpo. Vejamos: 1. Oral – 0 aos 1; 2. Anal – 01 a 2 anos; 3. Fálicos – 03 aos 05 anos; 4. Latência – 06 aos 09 anos; 5. Genital – 11 anos. Personalidade Criminosa Este tipo de personalidade resulta de um confronto entre o id (inconsciente) e o superego. Entre os “mestres” da psicologia, é associada ao transtorno de várias personalidades como: a Personalidade 10 Dissocial, Amoral, Antissocial, Associal, Psicopática e Sociopática.. • Chamados de Transtornos de TPA Os indivíduos que sofrem deste tipo de personalidade caracterizam-se por possuírem uma baixa tolerância à frustração e elevado nível de agressividade. Também têm tendência de culpar os outros ou inventar desculpas. Estes são os principais fatores que explicam o seu conflito com a sociedade. Os seus comportamentos podem variar, desde a agressão a pessoas e animais, destruição de propriedade, defraudação ou furto e violação de regras/normas/leis Antigamente, os criminosos dividiam-se em dois grupos principais: o criminoso ocasional e o criminal nato. O ocasional era considerado como uma pessoa normal que agia por diversas circunstâncias. O nato era aquele que agia, por aquilo (criminalidade) pertencer à sua parte biológica. Hoje em dia, ainda é usada a classificação formada por Cesare Lombroso – criminologista italiano – que consiste em 5 tipos de criminosos: ✓ criminoso nato, ✓ louco ou alienado, ✓ profissional, ✓ primário e por paixão. A personalidade depende do estado de ânimo, rendimento, motivação e atitude diante dos conflitos. Assim é possível afirmar que a personalidade interfere até na saúde. Um fígado ou um coração doentes produzem sintomas inconvenientes conforme a personalidade do doente, por exemplo, uma pessoa temerosa, apreensiva e sugestionável, tenderá a se deixar incapacitar mais do que aquela expansiva, despreocupada e pouco sugestionável. A personalidade intervém em nossa saúde igualmente como faz no restante do nosso comportamento e sua ação pode ser favorável ou desfavorável, do mesmo modo as ações de uma pessoa não dependem da sua personalidade. Dessa forma é possível analisar o homem sob três aspectos: 1. Enquanto indivíduo: essência biológica e física; 2. Enquanto pessoa: capaz de pensar com consciência racional; 3. Ao acrescentar a personalidade ao indivíduo, o diferenciamos de qualquer outro indivíduo dentro do grupo. A personalidade inclui elementos intelectuais, afetivos, impulsivos, volitivos, fisiológicos e morfológicos; é uma forma de responder diante dos estímulos. E as circunstâncias da vida com um selo peculiar e próprio e que dá resultado ao comportamento. Historicamente seguimos aprendendo que a hereditariedade e o ambiente são os principais elementos que moldam a nossa personalidade. Os pesquisadores descobriram que a genética explica em torno de 50% das diferenças da personalidade e aproximadamente 40% das variações de interesse no trabalho. Fatores genéticos: a posição genética sustenta que a última explicação da personalidade de um indivíduo está na estrutura molecular dos genes que se encontram nos cromossomos; Fatores hereditários: são transmitidos pelos genes que determinam o equilíbrio hormonal, que por sua vez determina o físico que dá forma a personalidade. 11 Mas o que o corpo determina sobre a personalidade?? No séc. V Hipócrates e Galeno apresentaram o estudo dos 4 temperamentos: Sanguíneo: expansivo, otimista, mas irritável e impulsivo; Fleumático: sonhador, pacífico e dócil, preso aos hábitos e distante das paixões; Colérico: ambicioso e dominador, tem propensão a reações abruptas e explosivas; Melancólico: nervoso e excitável, tendendo ao pessimismo, ao rancor e à solidão A ideia de que a forma do corpo relaciona-se com a personalidade está representada nos estereótipos populares: − Cesare Lombroso: professor universitário e criminologista italiano, tornou-se mundialmente famoso por seus estudos e teorias no campo da caracterologia, ou a relação entre características físicas e mentais. Segundo Lombroso, o criminoso possui traços que indicam sua criminalidade, alguns juristas costumam chamar isso de “tipo lombrosiano” ou de “ladrão com cara de ladrão”. Teoria Lombrosiana: estudioso da arte de Hipócrates e exímio pesquisador das patogenias mentais, Cesare Lombroso, com auxílio de verdadeiro acervo de compêndios médicos e jurídicos, conseguiu desenvolver os primeiros traços de um estereótipo criminoso. − Kretschmer: psiquiatra interessado nos transtornos psicológicos, elaborou uma classificação dos indivíduos com base em três tipos de estruturas físicas: Magra; Muscular; Obesa. Os indivíduos obesos tendiam a transtornos maníaco-depressivo, enquanto os demais tipos corporais eram propensos a esquizofrenia. Essa linha de pensamento foi retomada e ampliada por William Sheldon (1945), que estava preocupado em estudar as características de personalidades normais. Vejamos: O somatótipo define-se por 3 números que indicam o grau de cada característica corporal. Sheldon descreveu cada dimensão em detalhe. Ele acreditava que durante o desenvolvimento cada tipo reflete uma ênfase exagerada em uma das três capas. !!!!!!!! O biotipo somatótipo não se utiliza, é apontado apenas para fins de conhecimento. A Endomorfia é a tendênciaa gordura. Corpos endomórficos são suaves, redondos e inadequados ao esforço físico intenso. Daí a expressão “feito para a comodidade, não para a rapidez”. A Mesomorfia são aqueles mais bem dotados geneticamente falando porque são mais pré-dispostos a terem maiores ganhos musculares. Geralmente tem um visual mais atlético e sarado, tem boa postura e são simétricos. Mesomorfos são conhecidos por ganharem massa muscular muito mais rapidamente do que a maioria das pessoas. A Ectomorfia tendência a magreza, segundo Sheldon, esse tipo reflete certa prevalência da pele e do sistema nervoso. São corpos delicados , lineares e frágeis. Em comparação com o corpo, o seu cérebro é grande, mas podem ser facilmente fragilizados pelo estímulo externo e não são apropriados ao trabalho físico. 12 Físico Temperamento Endomorfismo: mole e arredondado. Viscerotonia: gosto pelo conforto, sociabilidade, alegria em comer. Mesomorfismo: sólido e retangular. Somatonia: gosto pela aventura e por correr riscos, agressivo. Ecotmorfismo: linear e frágil. Cerebrotonia: inibido, receoso, introvertido. Concluindo, os estudos apresentam evidência de que o tipo corporal se relaciona com os traços da personalidade. Muitas interrogações ainda existem. Porém, os estudos de Sheldon destacou um tema importante; A personalidade, tal qual o tipo corporal é hereditária. Mais tarde, cientistas desenvolveram estratégias de investigação que lhes permitem examinar a suposição de que as qualidades da personalidade são hereditárias. Os estudos modernos enfatizam a natureza emocional global do indivíduo para explicar personalidade e temperamento. Temperamentos: • Fatores Ambientais • Nível de atividade – Vigor • Sociabilidade • Emotividade Psicologia do Testemunho Historicamente, a Psicologia de Testemunho é uma das primeiras articulações entre Psicologia e Direito. Determina que não só os criminosos devem ser examinados, mas também os processos internos que propiciam ou dificultam a veracidade do relato das testemunhas a respeito do que foi visto ou vivido. A entrevista forense é um dos componentes mais importantes da investigação. A psicologia do testemunho é o conjunto de conhecimentos e investigações com os quais se busca garantir a qualidade dos relatos prestados pelas testemunhas oculares. “A memória nos trai. Seus conteúdos, as lembranças, estão muito longe de ser uma recriação fiel da realidade”. Quando contamos alguma coisa, cada vez a contamos de uma maneira diferente. De fato, a psicologia forense pede que as testemunhas não contem os fatos a ninguém, numa tentativa de não contaminar as lembranças. É curioso como a nossa mente funciona, e, em particular, a memória das testemunhas. Podemos realmente lembrar de algo que aconteceu? Sim, mas é preciso ter atenção ao fato que a mente pode trazer falsas memórias ou incluir elementos que não estavam naquela situação, contaminando-a. Elisabeth Loftus, matemática e psicóloga especializada neste campo, assegura que a memória Somatótipos 13 pode ser manipulada e, portanto, é possível “induzir” falsas memórias por meio da sugestão. Mais especificamente, ela considera que a memória das testemunhas é uma reconstrução. Quando alguém é testemunha de um fato, armazena dois tipos de informação. Por um lado, o que tenha sido obtido enquanto presenciava este fato e, por outro, o que lhe foi sendo proporcionado depois. Ambos se integram, dando lugar ao fenômeno da reconstrução. A pessoa pode chegar a se lembrar de detalhes do acontecimento que na verdade não viu, e, ao contrário, pode se esquecer de outros que presenciou. As testemunhas podem alterar a natureza de suas lembranças devido ao que ocorre depois de terem presenciado o delito. De fato, as perguntas feitas às testemunhas influenciam – e muito – aquilo de que se lembram. Como “consolo”, os estudos nos dizem que, normalmente, estas distorções afetam detalhes periféricos ou menores, de modo que não influenciam tanto as consequências do testemunho. O testemunho de uma pessoa sobre um acontecimento qualquer depende essencialmente de cinco fatores: a) do modo como percebeu esse acontecimento; b) do modo como sua memória o conservou; c) do modo como é capaz de evocá-lo; d) do modo como quer expressá-lo; e) do modo como pode expressá-lo. Toda percepção, por simples que seja, é algo mais do que a soma de um conjunto de sensações elementares. Toda percepção supõe uma “vivência”, isto é, uma experiência psíquica complexa na qual não se mistura, e sim se fundem elementos intelectuais, afetivos, conativos, para construir um ato psíquico, dinâmico, global e como tal irredutível. Sabe-se também que as figuras ou formas constituídas pelo especial agrupamento dos elementos percebidos, são essencialmente subjetivas, e como tais pessoais. Diferenças individuais: na análise da psicologia do testemunho, foi comprovado que as crianças e os idosos são mais vulneráveis a distorções. As crianças são menos precisas, enquanto os idosos estão mais convencidos de SUA própria verdade. Isto é, confiam mais na veracidade de suas falsas memórias. Confiança da testemunha: em geral, a segurança que a testemunha demonstra ao identificar o culpado não é um bom indicador da precisão daquilo que a testemunha manifesta. Por mais detalhes que revele, a emoção demonstrada ou a sua capacidade de convicção não são, em geral, sinônimos de veracidade. Fatores situacionais: em geral, os níveis médios de ativação são os mais adequados para recordar com precisão. Se o sujeito tem picos de ansiedade ou de estresse, se reduz a capacidade de recordar. A mesma forma, a maioria das testemunhas confirma que um evento violento fica gravado com mais força que um não violento. É especialmente curioso o efeito da focalização da arma. As testemunhas prestam tanta atenção na arma do agressor ue seu campo de visão se reduz apenas a ela, ignorando outros detalhes. A violência faz com que as testemunhas se lembrem mais da experiência central (arma) e menos das experiências periféricas. 14 A guarda dos filhos está disciplinada no art. 1.583 do Código Civil. Guarda Unilateral: ocorre quando apenas o pai ou a mãe mantém a criança em seu lar, podendo ser deferidas visitas para aquele que não detém a guarda, garantindo a este a supervisão dos interesses dos filhos. Ou seja, aquele que tem uma melhor relação com a criança deterá sua guarda. Será concedida a guarda àquele que possuir as melhores condições de exercê-la. Isto NÃO quer dizer que apenas o genitor que possua a melhor condição financeira conseguirá obter a guarda. Será ela concedida àquele que tiver condições de prestar assistência material, moral e educacional à criança ou adolescente, o que vai muito além do quesito financeiro. AFETO É ESSENCIAL! E vale mais do que qualquer quantia monetária. Esta modalidade de guarda não é recomendada e sua aplicação ocorre apenas em caráter excepcional, se devidamente comprovada a sua necessidade. Guarda Alternada: ocorre uma divisão entre pai e mãe em relação às responsabilidades com os filhos e consequentes mudanças periódicas (que podem ser semanais, quinzenais, mensais, etc.) destes para a casa de cada um dos pais. Não é um tipo de guarda adequada, pois a criança não tem um referencial domiciliar, tendo em vista que passa curtos períodos de tempo em cada residência. Não possui, portanto, uma rotina, não terá uma convivência contínua com vizinhos, amigos, entre outros, o que pode vir a prejudicar imensamente o seu desenvolvimento. A alternância entre casas pode implicar em dificuldades de adaptação, não apenas ao lar físico, como também as relações parentais e sociais. Guarda Compartilhada: foi disciplinada pela Lei nº 13.058/14 e é a modalidade que geralmente se adota nos dias atuais. Aqui faculta-se ao pai e a mãe o equilíbrio na convivência com os filhos, impondo responsabilidades mútuas nos direitos e deveres, buscando evitar prejuízos à criança pela descontinuidade de lar e de convivência; transforma-se o poder em dever familiar. A guarda compartilhada garante aos pais uma maior convivência com os filhos, que estarão em situação de igualdade, possuindo os mesmos direitos e os mesmos deveres para com seus filhos. Este plano de guarda divide a responsabilidade legal pela tomada de todas as decisões importantes que afetam a vida dos filhos menores. Assim, é preciso entender que todas as decisões que trazem determinado impacto na vida do filho, deverão passar pelo crivo do outro genitor. Entende-se que mesmo não tendo mais uma vida em comum como casal, os pais tomarão as decisões importantes da vida da criança de forma conjunta, o que torna a separação menos danosa para os filhos. 15 E a avaliação nos casos de guarda? Antes a criança era vista como um bem, propriedade pessoal. Assim, essa “propriedade pessoa”, se revertia para o marido e, portanto, os filhos ficavam com o pai; • Doutrina do anos tenros: a mãe considerada o melhor genitor, especialmente de crianças que eram mais novas – natureza maternal, cuidadora e carinhosa. Vigorou até aproximadamente a década de 70; • Houveram mudanças no padrão e ficou-se como maior importância o melhor interesse da criança. Observemos as mudanças dos critérios em casos de guarda, a que hoje prevalece o melhor interesse da criança: Lei Uniforme do Casamento e Divórcio (1979) 1. Saúde física e mental de todos os envolvidos nos cuidados das crianças; 2. Adaptação da criança à sua casa, escola e comunidade; 3. As condições dos pais de proverem as necessidades básicas; 4. A interação da criança com os pais, irmãos e etc; 5. O desejo dos pais e da criança Critérios de Michigan (1970) 1. O amor, afeição e outros vínculos emocionais existentes entre as partes envolvidas e a criança; 2. A capacidade e disposição das partes envolvidas para dar à criança, amor, afeição e orientação e continuar a educação e criação da criança no seu credo ou religião, se houver; 3. A capacidade e disposição das partes envolvidas de dar à criança alimento, vestuário, cuidados médicos ou outros cuidados medicamentos reconhecidos e permitidos segundo as leis desse estado em lugar dos cuidados médicos e outras necessidades materiais; 4. A duração de tempo em que a criança viveu em um ambiente estável e satisfatório e a indicação de manter a continuidade; 5. A continuidade, como unidade familiar, dos lares custodiais ou lares propostos ou existentes; 6. A adequação moral das partes envolvidas; 7. A saúde física e mental das partes envolvidas; 8. Os registros sobre o lar, escola e comunidade da criança; 9. A preferencia racional da criança, se a corte considerar que a criança tem idade suficiente pra expressar preferencias; 10. A disposição e capacidade de cada uma das partes de facilitar e incentivar uma relação de proximidade e continuidade entre a criança e o outro genitor ou entre a criança e os pais; 11. Violência doméstica, independente de se a violência foi dirigida contra ou testemunhada pela criança; 12. Qualquer outro fator considerado pela corte como relevante para a disputa de guarda de uma criança em particular. Diretrizes da APA (1994) Diretrizes orientadoras: objetivo de uma avaliação de guarda dos filhos. 1. O objetivo principal é avaliar os melhores interesses psicológicos da criança; 2. Os interesses e o bem-estar da criança são primordiais. 16 3. O foco da avaliação está na capacidade de paternagem, necessidades psicológicas e do desenvolvimento da criança e a adequação resultante. Diretrizes gerais: preparação para a avaliação de guarda dos filhos. 4. O papel do psicólogo é o de um profissional perito que se esforça para manter uma postura objetiva e imparcial. 5. O psicólogo adquire competência especializada. 6. O psicólogo conhece os preconceitos pessoais e da sociedade e se engaja em uma prática não discriminatória. 7. O psicólogo evita relações múltiplas. Diretrizes de procedimento: realizando uma avaliação de guarda dos filhos. 8. O âmbito da avaliação é determinado pelo avaliador. 9. O psicólogo obtém consentimento esclarecido dos participantes adultos e, quando necessário, informa as crianças participantes. 10. O psicólogo informa os participantes sobre os limites da confidencialidade e a divulgação de informações. 11. O psicólogo utiliza múltiplos métodos de coleta de dados. 12. O psicólogo não interpreta excessivamente nem interpreta inapropriadamente os dados clínicos ou da avaliação. 13. O psicólogo não dá opinião referente ao funcionamento psicológico de um indivíduo que não tenha sido avaliado pessoalmente. 14. As recomendações, se houver, estão baseadas nos melhores interesses psicológicos da criança. 15. O psicólogo esclarece as combinações financeiras. 16. O psicólogo mantém registros por escrito. François Dolto refere deve-se atender a três referenciais de continuidade: • O continuum de afetividade; • O continuum social, que indica a necessidade de preservação do ambiente e do relacionamento social, até então vivido pela criança; • O continuum espacial, determinando a preservação do espaço da criança, porque a personalidade dela é construída dentro de um espaço, a fim de não perder seus referenciais. Processo de interferência na formação psicológica da criança ou do adolescente, promovido ou induzido por um dos genitores, ou familiares que detém a guarda/autoridade, com o objetivo construir um sentimento de repúdio ao outro genitor, causando, assim, prejuízo ao estabelecimento ou à manutenção de vínculos entre estes. • Trata-se de um fenômeno familiar complexo; • Comum em contextos familiares em litígio; Síndrome da alienação parental (SAP) Termo cunhado por Richard Gardner – 1985, é muito criticado pelos especialistas e não reconhecido pelo DSM-IV e pelo CID-10, ou seja, não é reconhecida como uma doença; 17 X • Campanha de desqualificação da conduta do genitor no exercício da paternidade ou maternidade; • Dificultar o exercício da autoridade parental; • Dificultar o contato da criança/adolescente com o genitor; • Dificultar o exercício do direito regulamentado de convivência familiar; • Omitir deliberadamente o genitor informações relevantes sobre a criança/adolescente (escolares, médicas, alterações de endereço); • Apresentar falsa denúncia contra o genitor, contra familiares para obstar ou dificultar a convivência; • Mudar de domicílio para local distante, sem justificativa, visando dificultar a convivência. IMPORTANTE!!!!!!!!!!!!!! Não há nenhum abuso parental verdadeiro e/ou negligência por parte do genitor alienado; Criação, distorção e/ou exagero na interpretações de situações cotidianas para “justificar” a necessidade do afastamento do outro genitor. − Psicopatia grave; − Abandono; − Abuso sexual; − Agressões diversas. Quem é esse alienador?? Mãe e/ou familiares X Pai Pai e/ou familiares X Mãe Pai X Mãe (alienação cruzada) Ou seja, a genitora materna e/ou seus familiares exercem alienação sobre a criança em relação ao seu genitor paterno e vise versa. Ainda pode ocorrer casos de alienação cruzada onde ambos os genitores desqualificam as condutas um do outro para a criança. *O que pode influenciar a alienação?? Conjugalidade e parentalidade. Lei nº 12.318, de 26 de agosto de 2010.Art 5º. Havendo indício da prática de ato de alienação parental, em ação autônoma ou incidental, o juiz, se necessário, determinará perícia psicológica ou biopsicossocial. §1º O laudo pericial terá base em ampla avaliação psicológica ou biopsicossocial, conforme o caso, compreendendo, inclusive, entrevista pessoal com as partes, exame de documentos dos autos, histórico do relacionamento do casal e da separação, cronologia de incidentes, avaliação da personalidade dos envolvidos e exame da forma como a criança ou adolescente se manifesta acerca de eventual acusação contra genitor. O que o juiz pode fazer diante da alienação? I. declarar a ocorrência de alienação parental e advertir o alienador; II. ampliar o regime de convivência familiar; III. estipular multa para o alienador; IV. determinar acompanhamento psicológico e/ou biopsicossocial; V. determinar a alteração da guarda a guarda compartilhada ou sua inversão; Alienador Alienado Algoz; Cruel; Merece punição. Vítima; Merece ser defendido. Fenômeno familiar – Coautoria Ativo > Passivo **Falsas memórias causadas pela alienação parental 18 VI. determinar a fixação cautelar do domicílio da criança/adolescente; VII. declarar a suspensão da autoridade parental. 1. Análise dos autos do processo; 2. Análise do discurso e do comportamento dos genitores nos atendimentos e ao longo do estudo psicológico; 3. Análise do discurso e dos comportamentos das crianças/adolescentes nos atendimentos e ao longo do estudo psicológico; E nas crianças e adolescentes? • Denigre o genitor alienado com linguagem imprópria e severo comportamento opositor, como uma repetição do discurso o alienador. Dá motivos frágeis, absurdos ou frívolos para sua raiva. Falta de ambivalência afetiva. • Declara que ela mesma teve a ideia de denegrir o pai alienado – Fenômeno do “pensador independente”. Comportamentos comuns aos alienadores: 1. Recusar-se a passar as chamadas telefônicas aos filhos; 2. Organizar atividades em momentos de visita do outro genitor; 3. Apresentar o novo cônjuge como “seu novo pai” ou “sua nova mãe”; 4. Interceptar o contato do filho com o genitor; 5. Desvalorizar ou insultar o outro genitor na presença dos filhos; 6. Recusar informações importantes ao outro genitor; 7. Impedir o direito de visitas; 8. Tomar decisões importantes sobre o filho sem consultar o outro genitor; 9. Recusar-se a passar as chamadas telefônicas aos filhos; 10. Organizar atividades em momentos de visita do outro genitor; 11. Apresentar o novo cônjuge como “seu novo pai” ou “sua nova mãe”; 12. Interceptar o contato do filho com o genitor; 13. Desvalorizar ou insultar o outro genitor na presença dos filhos; 14. Recusar informações importantes ao outro genitor; 15. Impedir o direito de visitas; 16. Tomar decisões importantes sobre o filho sem consultar o outro genitor; 17. Sair de férias sem os filhos, deixando- os com outras pessoas que não o outro genitor, ainda que este esteja disponível e queira ocupar-se dos filhos; 18. Proibir os filhos de usar a roupa e outras ofertas do genitor; 19. Ameaçar punir os filhos se eles telefonarem, escreverem ou se comunicarem com o outro genitor de qualquer maneira; 20. Culpar o outro genitor pelo mau comportamento dos filhos; 21. Ameaçar a mudança de residência para lugar longínquo; 22. Telefonar frequentemente (sem razão aparente) para os filhos durante as visitas do outro genitor. 19 • O filho sente a necessidade de proteger o pai alienador – Pacto de lealdade. Medo em desagradar e de ser abandonado e por isso constrói uma aliança. • Menciona situações que não poderia lembrar – implantação de falsas memórias. • Extensão da animosidade para amigos e/ou membros da família do genitor alienado. Esquiva, desrespeito e evitações. • Orientação psicoeducativa para os pais, em escolas, creches, ambulatórios e serviços de apoio às famílias; • Acompanhamento psicoterápico individual ou familiar; • Buscar reduzir a intervenção judicial como instituição paternalista e fomentadora de litígios; • Fortalecimento de trabalhos de mediação e conciliação; • Estabelecimento da guarda compartilhada nos casos cabíveis. Justiça Familhista (A prática do psicólogo) O estudo da prática do psicólogo na justiça da família é imprescindível para o entendimento de toda a estrutura envolvendo a família como ramo do direito, como por exemplo, os casos de guarda e alienação parental. Então, vejamos: Mudanças na estrutura da organização jurídica da família • Declínio do patriarcalismo: movimento feminista (Revolução do séc. XX – década de 60); • Liberalização sexual; • Mudanças nas legislações; • Confusão nos papeis de masculino e feminino; • Crise nas famílias? evolução histórica; • Família plural e em movimento – Rearranjos; Evolução da Família • Ruína do princípio da indissolubilidade do casamento; 1977: Lei do divórcio – Princípio da Liberdade • Mulher como Sujeito de Desejo; • Mudança de paradigma no Direito de Família: família como núcleo econômico e de reprodução Constituição de 1988: consolidação da evolução do Direito de Família: a partir dos princípios fundamentais (questão de Direitos Humanos). Ilegitimidade dos filhos; Superioridade do homem; Casamento como única forma de família. Novas legislações: • Lei 8.069/90 – Estatuto da Criança e do Adolescente; • Lei 8.560/92 – Investigação de paternidade; • Leis 8.971/94 e 9.278/96 – União estável e concubinato; • Código Civil – 2002; • Lei 12.318/2010 – Alienação Parental; • Lei 13.058/2014 – Guarda Compartilhada. Palavra de ordem: CIDADANIA 20 Quebra de paradigmas: Introdução e interferência da Psicanálise; Inconsciente: consideração da subjetividade; Novo entendimento de sexualidade revalorizando o amor e o afeto; Afeto como um valor jurídico: legalidade da subjetividade. 1. Princípio da dignidade humana: macro princípio sob o qual irradiam e estão contidos outros princípios e valores essenciais como a liberdade, autonomia, cidadania, igualdade e etc. • Coleção de princípios éticos; • Kant: O valor intrínseco que faz do homem um ser superior às coisas é a dignidade. As coisas têm preço e as pessoas, dignidade. 2. Princípio da monogamia: não é uma norma moral ou moralizante. Um principio básico e organizador das relações jurídicas da família do mundo ocidental; • A caracterização do rompimento do princípio da monogamia não está nas relações; extraconjugais, mas na relação extraconjugal em que se estabelece uma família simultânea àquela já existente; • Dever de fidelidade recíproca; • Proibição da bigamia. 3. Princípio do melhor interesse da criança/adolescente: criança e adolescente como destaque, em razão de não ter alcançado maturidade suficiente para conduzir a própria vida sozinho; • Estão em processo de amadurecimento e formação da personalidade; • Relativo – Sofre variações culturais e sociais; • Análise do caso concreto; 4. Princípio da igualdade e o respeito às diferenças: o respeito às diferenças constituem um dos princípios-chave para as organizações jurídicas, especialmente o Direito de Família; • Sem ele, não há dignidade > Não há justiça; • Se todos são iguais perante a lei, todos devem estar incluído no laço social; A desbiologização da paternidade, 1979 – João Baptista Villela – base para a paternidade socioafetiva. “Dignidade é o pressuposto da ideia de justiça humana, porque ela é quedita a condição superior do homem como ser de razão e sentimento. Por isso é que a dignidade humana independe de merecimento pessoal ou social. Não se há de ser mister ter de fazer por merecê-la, pois ela é inerente à vida e, nessa contingência, é um direito pré-estatal” “A relatividade e o ângulo pelo qual se pode verificar a decisão mais justa passa por uma subjetividade que veicula valores morais perigosos”. “Zelar pelo interesse da criança é cuidar da sua boa formação moral, social e psíquica. É a busca da saúde mental, a preservação da sua estrutura emocional e de seu convívio social”. “Para se atender ao princípio do melhor interesse da criança, devemos abandonar o preconceito e nos livrarmos de concepções morais estigmatizantes”. 21 • Para se construir um discurso ético, é preciso ir além da igualdade genérica. Devemos inserir no discurso da igualdade o respeito às diferenças; • É a partir da diferença, da alteridade, que se torna possível existir um sujeito. 5. Princípio da autonomia e da menor intervenção estatal: direito de família no limite entre o público e o privado – controvérsias; • Família regulada ostensivamente > Família que valoriza o afeto, a solidariedade e a cooperação entre seus membros. 6. Princípio da pluralidade de formas de família: marco histórico na Constituição de 1988, rompeu o modelo familiar fundado unicamente no casamento. Dispôs de outras formas de família: União estável e família monoparental. • Paulo Lôbo (2004 ) esclareceu que o rol constitucional seria meramente exemplificativo, não restringindo as entidades familiares às hipóteses prescritas no texto legal. Sendo assim, além do casamento, da união estável e da família monoparental, podemos conceber as uniões homoafetivas, as famílias parentais, a família extensa ou ampliada e as famílias recompostas ou reconstituídas entre outras que ainda podem surgir. 7. Princípio da afetividade: para que haja uma entidade familiar, é necessário um especial ou, mais precisamente, afeto familiar, que pode ser conjugal ou parental. • É o afeto um elemento essencial de todo e qualquer núcleo familiar, inerente a todo e qualquer relacionamento conjugal ou parental. Além do afeto, é necessária a ostensibilidade e a estabilidade para se considerar a família. • Ex.: Paternidade socioafetiva 8. Princípio da solidariedade: solidariedade implica em respeito e consideração mútuos em relação aos membros da entidade familiar. A solidariedade não é apenas patrimonial, como também afetiva e psicológica. Resume-se no dever de mútua assistência que os parentes possuem uns com os outros. Assim a fonte da obrigação alimentar são os laços de parentalidade que ligam as pessoas que constituem uma família. 9. Princípio da paternidade responsável: significa responsabilidade e esta começa na concepção e se estende até que seja necessário e justificável o acompanhamento dos filhos pelos pais, respeitando-se assim, as garantias fundamentais. • A Paternidade Responsável deve ser exercida desde a concepção do filho, a fim de que o pai, seja ele biológico ou afetivo, responsabilize-se pelas obrigações e direitos daí advindos; “Vê-se o fim da hierarquização de seus componentes, que se igualam em direitos e deveres, em que se encontra presente uma autonomia de vontade que deve ser respeitada, sobretudo, pelo Estado”. “Está-se diante de um notório processo de privatização das relações, com propagação da interferência mínima do Estado no âmbito das relações privadas” “A intervenção do Estado deve, apenas e tão somente, ter o condão de tutelar a família e dar-lhe garantias, inclusive ampla manifestação da vontade e de que seus membros vivam em condições propícias à manutenção do núcleo afetivo” 22 • Tal princípio possui estreita ligação com o princípio da dignidade da pessoa humana e com o planejamento familiar, o qual deve ser exercido de forma igualmente responsável. Família como primeira instituição com a qual os indivíduos mantêm contato e estabelecem relações; Responsável pela educação e socialização, apoio financeiro, geração de proteção e afeto; Atribuições materiais e afetivas – além de ensinar valores éticos e culturais, regras, papéis, crenças; Transmissão de herança familiar que perpassa gerações. Intergeracionalidade e família Baseada nos estudos de Albert Bandura – Aprendizagem social (princípio da modelação); Transmissão de conhecimento não só de modo formal, mas também pautado na observação do comportamento de adultos tidos como modelo; Família: aprendidas as primeiras convenções sociais, e desenvolvidos os padrões de comportamento – modelo de relações sociais; Durante as transmissões geracionais, podem ser feitas modificações criativas e transformações na herança geracional, ou se pode repeti-las; É possível perceber a transmissão tanto de experiências benéficas quanto de experiências prejudiciais; Refere-se aos comportamentos dos pais em relação aos filhos durante a interação entre eles; Vai além das práticas parentais propriamente ditas; Pode ser entendido como o clima emocional que perpassa as atitudes dos pais, cujo efeito é o de alterar a eficácia de práticas disciplinares específicas, além de influenciar a abertura ou predisposição dos filhos para socialização. Linha do tempo • Primeiros trabalhos: • Atitudes coercitivas (punição física e gritos); • Atitudes afetivas (demonstrar emoções, dar afeto). • 1966 – Baumrind (até a década de 80) • Autoritativo; • Autoritário; • Permissivo. • 1983 – Maccoby e Martin • Exigência: todas as atitudes que buscam controlar o comportamento dos filhos, impondo-lhes limites e estabelecendo limites. • Responsividade: atitudes compreensi- vas e que visam, através do apoio emocional e bi-direcionalidade na comunicação, favorecer o desenvolvimento da autonomia e da autoafirmação. IEP (inventário de Estilos Parentais) – Gomide Práticas educativas positivas As práticas educativas positivas são: • Monitoria Positiva: esta prática positiva consiste no estabelecimento de regras, “Mesmo quando os filhos, ao se tornarem adultos, decidem transmitir exatamente o oposto do que aprenderam em suas gerações, é comum que essa busca pelo adverso acabe por fortalecer, na prática, a dinâmica familiar anterior que teoricamente se quer evitar” 23 acompanhamento e supervisão dos pais em relação às atividades e companhias dos filhos permeados por um diálogo amigo e seguro. • Comportamento Moral: esta prática educativa consiste em que os pais ofereçam aos seus filhos oportunidades de experienciarem as virtudes da solidariedade, justiça, empatia e argumentos morais inibindo desta forma o desencadeamento de comportamentos antissociais. As práticas educativas negativas são: • Negligência: esta variável negativa é caracterizada pelo baixo nível de controle e responsividade, omissão de atenção, ausência dos pais, falta de cuidados físicos como alimentação, abrigo e higiene. • Abuso Físico e psicológico: o abuso físico é caracterizado pela disciplina corporal que se utiliza de agressões corporais como surras e pancadas, podendo provocar dano corporal com o objetivo de controlar o comportamento da criança. • Monitoria Negativa: a monitoria negativa é também chamada de supervisão estressante. Caracteriza-se pela exagerada vigilância ou fiscalização dos pais em relação aos filhos e pela alta frequência de instruções repetitivas que em sua maioria não são obedecidas e que geram uma relação pais-filhos baseada na hostilidade, insegurança e dissimulações. • Punição Inconsistente: na prática educativa Punição Inconsistente, também conhecida por humor instável, os pais se orientampelo seu humor na hora de punir ou reforçar e não pelo ato praticado pelo filho. • Disciplina Relaxada: caracterizada pelo não cumprimento das regras pré-estabelecidas. Nesta prática educativa os pais estabelecem as regras, ameaçam, e quando se confrontam com comportamentos opositores e agressivos dos filhos, abrem mão de seu papel educativo. 1. Diálogo; 2. Expressão de sentimentos de agrado e desagrado; 3. Expressão de opiniões e a solicitação adequada de mudança de comportamento; 4. Cumprir promessas; 5. Entendimento do casal quanto à educação do filho e participação de ambos os genitores na divisão de tarefas educativas; 6. Dizer não, negociar e estabelecer regras; 7. Desculpar-se. Atuação do Psicólogo (Perícia Psicológica Forense) Como já foi falado no começo dessa apostila os cargos de psicólogos no Poder Judiciário foram criados no ano de 1980 em São Paulo, antes dessa criação as demandas eram direcionadas ao Judiciário, e não a um psicólogo. Trabalho interdisciplinar: como se o Estado respondesse ao demandante que aquele problema não pode ser resolvido juridicamente se não forem compreendidas, avaliadas ou trabalhadas algumas questões emocionais” (CFP, 2010). O trabalho do psicólogo: “Recomendável que o profissional inicialmente decodifique, de acordo com o conhecimento teórico da Psicologia, as perguntas e demandas que lhe são dirigidas, procurando interpretar a problemática de acordo com o referencial próprio à sua disciplina (...)” (CFP, 2010) “(...) se coloca o desafio de não responder a demanda nos termos como é formulada, mas subvertê-la, 24 redefini-la, dizer NÃO, ali onde o pedido supera as nossas possibilidades” (BARROS, 2002, P.26) Assim é possível dizer que o psicólogo forense trabalha com sua capacidade de tradução do interesse dos agentes jurídicos em relação às teorias, contratos e comportamentos que podem ser observados pelos psicólogos e que teriam relevâncias legal para a questão jurídica em discussão. • Discriminar o que é possível atender, considerando os limites da ciência psicológica. Como o psicólogo pode ajudar??? 1. Esclarecimento dos Fatos: Procedimentos periciais que visam avaliar a veracidade e a validade das provas apresentadas. Avaliar a capacidade de responsabilidade dos agentes envolvidos; 2. Modo de proceder: Encontrar melhor maneira de proceder na busca de fatos como nos interrogatórios; 3. Predição de Conduta: Auxilia na definição de saídas da prisão, definição de horários de visita aos filhos, medidas socioeducativas e etc. • Perícia; • Assessoramento; • Orientação; • Aconselhamento; • Encaminhamento; • Atendimento psicológico individual e/ou com a família e pessoas significativamente implicadas na questão; • Elaboração de documentos (laudos, pareceres.); • Mediação; • Participação em audiências. Pressupostos das Varas de Família • Paradigma da interdisciplinaridade; • Entendimento das situações em sua dimensão sociofamiliar; • Busca-se reconhecer o indivíduo como um sujeito singular, conhecendo o conjunto de suas características pessoais e sociais; • A convivência familiar da criança é um direito que deve ser mantido, procurando- se, sempre que possível, a equidade entre as responsabilidades parentais. AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA • Coleta de dados; • Exame; • Apresentação de evidências aos propósitos judiciais. “o trabalho pericial poderá contemplar observações, entrevistas, visitas domiciliares e institucionais, aplicação de testes psicológicos, utilização de recursos lúdicos e outros instrumentos, métodos e técnicas reconhecidas pela ciência psicológica (...)” (Art.3º CFP nº 017/2012) 25 Atendimentos de seus membros separadamente ou em conjunto quando necessário, visando: • Diagnóstico da situação; • Orientação; • Mediação familiar; • Encaminhamentos. não se recomenda que a criança seja questionada com quem deseja ficar (há entendimento que a criança/adolescente se culpe posteriormente por ter escolhido um ao outro; • Fenômeno da parentalização: inversão de papeis entre pais e filhos > Escolha pela fragilidade de um ou de outro genitor; • Não cabe ao psicólogo a tarefa de inquirir a criança para que ela responda com quem deseja permanecer. Objetivo da avaliação forense • O objetivo final da avaliação será sempre, através da compreensão psicológica do caso, responder a uma questão legal; • Alguns aspectos clínicos – diagnóstico e necessidade de tratamento – ficam em segundo plano, em relação a outros aspectos de relevância legal no caso; • Principal desafio do psicólogo “A identificação de estados psicopatológicos na avaliação forense só será de interesse se apresentar repercussões quanto às questões legais” Compromissos éticos e políticos • Cabe aos psicólogos averiguar as colaborações mais adequadas que possam oferecer ao contexto jurídico, não sendo indicado que se submetam acriticamente a funções previamente estabelecidas; • Quando solicitado a desempenhar determinada tarefa, deve avaliar se esta diz respeito às atribuições de um profissional de psicologia e qual a melhor maneira de desenvolvê-la; • O psicólogo não deve aguardar que o juiz, ou outro operador do Direito, defina a sua atuação, mas deve participar ativamente das discussões acerca de seu afazer profissional. Perito oficial Assistente técnico • Confiança do Juiz; • Auxilia o juiz nas suas decisões; • Analisa os fatos de uma determinada questão; • Elabora um laudo. • Confiança da parte; • Auxilia a parte; • Analisa os procedi- mentos e os achados do perito; • Redige um parecer crítico; • Trabalho posterior ao do perito. • Resolução CFP nº 008/2010 - Dispõe sobre a atuação do psicólogo como perito e assistente técnico no Poder Judiciário. “O psicólogo assistente técnico não deve estar presente durante a realização dos procedimentos metodológicos que norteiam o atendimento do psicólogo perito e vice-versa, para que não haja interferência na dinâmica e qualidade do serviço realizado.” (Art. 2ª - CFP nº 008/2010) 26 Ética e perícia psicológica • Fundamentado no código de ética da profissão; • Avaliar se há algum relacionamento com as partes que possa comprometer a avaliação; • Avaliar se possui formação adequada para a atividade; • Deixar claro os limites de confidencialidade; • Seguir o princípio da pertinência Art. 6 b) Compartilhará somente informações relevantes para qualificar o serviço prestado, resguardando o caráter confidencial das comunicações, assinalando a responsabilidade, de quem as receber, de preservar o sigilo. (CEPP, 2005) Metodologia da avaliação 1. Iniciação do caso; 2. Preparação do expediente; 3. Avaliação de necessidades e coleta de dados; 4. Seleção de estratégias; 5. Elaboração de documento escrito; 6. Participação em audiência. Iniciação do caso • Leitura dos autos do processo; • Avaliação se o profissional sente-se apto para realizar o trabalho e se não há conflito de interesses; • Identificar o prazo de entrega do estudo (30 dias na teoria); • Avaliar se há quesitos a serem respondidos; • No caso de assistentes técnicos, avaliar a complexidade do caso para formulação do orçamento. Preparação para o expediente • Criação de formulários para organização, administração e integração de todos os dados; • Ficha de dados das partes e do processo; • Cronologia do caso – Resumo; • Anotações das entrevistas. OBS.: Guardar todo o material por, no mínimo, 5 anos. Caucus: técnica da psicologia que diz respeito ao atendimentode forma separada; É preciso guardar todo material da avaliação psicológica por no mínimo 5 anos; Tudo o que o psicólogo faz é baseado nos princípios. Estudo psicológico das peças processuais Entrevistas iniciais não-estruturadas Primeiras Hipóteses Entrevistas semi- estruturadas Anamneses Aplicação de testes Busca e coleta de dados mais específicos; Levantamento de novas hipóteses. 27 Instrumentos que podem ser utilizados resolução 007/2003. • PRINCÍPIOS TÉCNICOS DA LINGUAGEM ESCRITA: • Redação bem estruturada e definida, expressando o que se quer comunicar; • Clareza, a concisão e a harmonia. • PRINCÍPIOS ÉTICOS E TÉCNICOS: • Devem se basear exclusivamente nos instrumentais técnicos (entrevistas, testes, observações, dinâmicas de grupo, escuta, intervenções verbais) que se configuram como métodos e técnicas psicológicas para a coleta de dados, estudos e interpretações; • Deve-se restringir pontualmente às informações que se fizerem necessárias, recusando qualquer tipo de consideração que não tenha relação com a finalidade do documento específico • Escrito pelo perito oficial • Resultado da avaliação psicológica Laudos • Escrito pelo assistente técnico • Finalidade de comentar criticamente o laudo do perito oficial • Feito após a realização da perícia Pareceres 28 Laudo ou Relatório • É uma apresentação descritiva acerca de situações e/ou condições psicológicas e suas determinações históricas, sociais, políticas e culturais, pesquisadas no processo de avaliação psicológica; • A finalidade do relatório psicológico será a de apresentar os procedimentos e conclusões gerados pelo processo da avaliação psicológica; • O relatório psicológico deve conter, no mínimo, 5 (cinco) itens: identificação, descrição da demanda, procedimento, análise e conclusão. Parecer • Parecer é um documento fundamentado e resumido sobre uma questão focal do campo psicológico cujo resultado pode ser indicativo ou conclusivo; • Tem como finalidade apresentar resposta esclarecedora, no campo do conhecimento psicológico, através de uma avaliação especializada, de uma “questão-problema”; • O parecer é composto de 4 (quatro) itens: 1) Identificação; 2) Exposição de motivos; 3) Análise; 4) Conclusão. Resoluções do CFP 007/2003: Institui o Manual de Elaboração de Documentos Escritos pelo psicólogo, decorrentes de avaliação psicológica; 010/2005: Aprova o Código de Ética Profissional do Psicólogo; 008/2010: Dispõe sobre a atuação do psicólogo perito e assistente técnico no Poder Judiciário; 017/2012: Dispõe sobre a atuação do psicólogo como Perito nos diversos contextos. para que haja ainda mais apoio a família o psicólogo pode indicar livros como “20 pedidos dos filhos de pais separados” ou “alienação parental, a maior vítima é seu filho”, além disso há a oficina de pais e mães (CNJ) e o centro de apoio psicossocial (CAP – TJPE). Falaremos agora mais especificamente do Centro de Apoio Psicossocial do TJPE. • Órgão auxiliar do Tribunal de Justiça de Pernambuco; • Vinculado administrativamente à Secretaria Judiciária do TJPE; • Atualmente regido pela Resolução nº 302/2010, Seção I, arts. 136 a 139, das normas internas do TJPE. Histórico – CAP: • 1992 - Surgimento do CAP Solicitação Des. Milton Neves ao Corregedor Etério Galvão • 1998 – Ordem de Serviço 01/98 Serviço auxiliar do TJPE - Detalhou atribuições e competências • Resolução 302/2010, seção 1, arts. 136 a 139 Atualização à realidade da época. Atende: 12 Varas de Família do Recife, duas de Acidentes de Trabalho e o Juizado Informal de Família. Composição – CAP: • Chefia Geral: Helena Maria Ribeiro Fernandes; • Chefias dos Núcleos: Psicologia: Nathália Della Santa; 29 Serviço Social: Fabiana da Silva Gomes; Apoio Técnico: Maria Quitéria Lustosa. • 10 Assistentes Sociais e 12 Psicólogas Competência – CAP: Assessorar a autoridade judiciária em matéria condizente com sua habilidade e formação profissional, respeitados os Códigos de Ética, as leis e as normas internas do TJPE, por meio da emissão de laudos e pareceres que contribuam para o embasamento técnico das decisões. Principais atividades – CAP: • Avaliação psicológica e social no contexto jurídico; Entrevistas e atendimentos lúdicos Visitas domiciliares e institucionais; • Supervisão de visitas de pais a filhos; • Orientação às partes, sugestão de encaminhamento; • Palestras, promoção e participação em eventos. Trâmite – CAP: 1ª Etapa: Análise de cada ação, verificando os prazos e urgências; 2ª Etapa: Distribuição para psicólogo, assistente social ou ambos; 3ª Etapa: Realização da perícia; 4ª Etapa: Devolução à Vara de origem. Tipos de ações mais comuns – CAP: • Guarda; • Regulamentação de Visitas; • Alteração de registro civil; • Identificação de paternidade socioafetiva; • Investigação e anulação de paternidade; • Alienação parental; • Interdição e curatela. Vitimologia “O termo Vitimologia, etimologicamente deriva do latim e do grego. Chama-se vítima, entre os povos primitivos, ao animal destinado a ser sacrificado para aplacar a ira divina ou oferecido em ação de graças pelos benefícios recebidos. O latim empregava, no primeiro caso, a palavra hóstia e, no segundo victima” (MASON: 1962, 1) “Vitimologia é o estudo da vítima no que se refere à sua personalidade, quer do ponto de vista biológico, psicológico e social, quer o de sua proteção social e jurídica, bem como dos meios de vitimização, sua inter-relação com o vitimizador e aspectos interdisciplinares e comparativos” (apud MOREIRA FILHO, 2004: 23). Assim, fica claro que a vítima será estudada sob um aspecto amplo e integral, envolvendo: • Psicológico; • Social; • Econômico; • Jurídico. Jean Pinatel enquadrou três modalidades de relações interpessoais em três tipos de vítimas: 1. Vítima determinante: é aquela que em relação neurótica, provoca com seus distúrbios de personalidade, atos desastrosos para si mesma; 2. Vítima facilitadora: encontra-se na relação psicológica, despertando o apetite do autor ao gerar a ocasião para o ato criminoso, como por exemplo, se evidencia na chantagem ou em práticas de 30 estelionato, quando o delinquente joga com o instinto de desonestidade da vítima; 3. Vítima socializável: encontra-se na relação onde a possibilidade de readaptação social e elevação moral da vítima na comunidade se faz através da aplicação dos princípios e regras da Pedagogia, Psicologia (PINATEL: 1961, 344) Nesse ponto vamos partir para uma revisão sobre personalidade, assim é possível perceber como esse assunto é extremamente IMPORTANTE, para todo o nosso estudo. Vamos lá: Personalidade: estão relacionados a personalidade, o temperamento e o caráter. Esses componentes são de suma importância, porque de suas bases pode surgir o desequilíbrio da conduta que incide em qualquer hipótese possível de precipitação ao crime, no que diz respeito à vitimologia. Quanto ao caráter, a palavra de origem grega, significa marca, sinal, distintivo, figura, cunho; Ela é empregada em dois sentidos distintos: A maneira de ser de cada um; E de conteúdo ético. Não é fácil formar o próprio caráter. É uma luta de cada um contra si mesmo, contra os defeitos de seu natural. Luta que exige boa vontade, perseverança e, sobretudo, paciência do lutador consigo mesmo. As perturbações da personalidade, em conformidade com os ensinamentos de Alfred Freedman, Harold Kaplan e Benjamin Sadock (1975) compreendem essas
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