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Thais Alves Fagundes SCHITOSOMA MANSONI E ESQUISTOSSOMOSE SCHITOSOMA MANSONI CLASSIFICAÇÃO TAXONÔMICA • Filo platelmintos: o Simetria bilateral. o Corpo achatado dorsoventralmente. • Classe trematoda: o Corpo não segmentado. o Ventosas na região anterior como órgão de fixação. ▪ Schitosoma fica no sistema porta-hepático. ▪ Que tem alto fluxo sanguíneo, sendo assim o parasita fica contra fluxo. ▪ Necessitando de ventosas para fixação. • Família Schistosomatidae: o Sexos separados. o Dismorfismo sexual. ▪ Macho: possui opérculo, que permite que a fêmea entre no corpo do macho. ▪ Fêmea • Gênero Schistosoma o S. mansoni: esquistossomose intestinal ou moléstia de Pirajá da Silva. ▪ “Xistose”; “Barriga d’água”; Mal do caramujo. o S. japonicum: esquistossomose japônica ou de Katayama. o S. haematobium: esquistossomose vesical ou hematúria do Egito. Thais Alves Fagundes ORGANIZAÇÃO E FISIOLOGIA MACHO: • Shisto (fenda) e soma (sulco) o Presença de fenda que percorre as extremidades laterais do macho e se dobram no sentido ventral. • Comprimento: 0,6 a 1,4 cm. • Possui cor esbranquiçada. • Possui tegumento recoberto de minúsculos projeções. • Possui 2 porções: o Anterior ▪ Ventosa oral ▪ Ventosa ventral ou acetábulo o Posterior ▪ Inicia-se logo após a ventosa ventral. ▪ Onde encontramos o canal ginecóforo (Cg). • Não possuí órgão copulador, mas apresenta massa testiculares / testículos (T) que se abrem diretamente no canal ginecóforo (Cg). • Possui ceco ramificado (C) FÊMEA: • Comprimento: 1,2 a 1,6 cm (maior que o macho, parte dela fica para fora no macho). • Possui cor mais escura devido ao ceco com sangue digerido (sangue que ela ingere). • Possui 2 porções: o Anterior: ▪ Ventosa oral ▪ Ventosa ventral ou acetábulo o Posterior: ▪ Glândulas vitelinas (Gv) ▪ Ceco. • Presença de vulva (V) e útero (U) (1 ou 2 ovos - O) e o ovário (Ov). Thais Alves Fagundes MORFOLOGIA CASAIS DE SCHITOSOMA MANSONI: • Adultos acasalados ficam nas: o Vênulas do plexo hemorroidário superior. o Ramificações das veias mesentéricas. ▪ Caminhando contra a corrente sanguínea (importância das ventosas). • Cópula ocorre pela aproximação dos orifícios genitais masculino e feminino. o Fêmea encaixa no canal ginecóforo do macho. OVOS DE SHITOSOMA MANSONI: • 150 micrometros comprimento X 60 de largura. • Oval. • Sem opérculo. • Espícula presente na parte mais larga e voltada para trás. • Ovo maduro: o Presença de um miracídio (massa de células). o Visível pela transparência da casca. FORMAS EVOLUTIVAS DO SCHITOSOMA MANSONI: Miracídio: • Forma cilíndrica • 180/60μm • Cílios: o Permite a movimentação no meio aquático, para penetrar no caramujo vetor. • Extremidade anterior: o Papila apical (terebratorium). ▪ Onde ficam glândulas de penetração e sacos digestivos. ▪ Permitindo a penetração no caramujo vetor. Cercária: • 500μm • Ventosas oral e ventral • Cauda bifurcada: o Permite a movimentação, seguindo a luminosidade e temperatura. • Glândulas de penetração: o Permite a penetração ativa na pele ou mucosa dos hospedeiros vertebrados. ▪ Entra no hospedeiro e se transforma em esquistossômulo. Thais Alves Fagundes CICLO EVOLUTIVO • Homem adquire a infecção em contato com águas contaminadas (rios, lagoas, entre outros). o Água é fonte de lazer, higiene, alimentação - pesca, transporte. • Água contaminada com a cercária. o Cercária penetra na pele e perde a cauda (cauda não entra no nosso organismo). o Cercária se transforma em esquistossômulo. • Esquistossômulo migra por todo o organismo. o Passando pelo coração e pulmão. o Passando pelo fígado, amadurecem em fêmea e macho. o Chegando ao intestino. • Fêmea e macho realiza a cópula no intestino. o Migra para as veias mesentéricas. o Inicia a postura de ovos (300 ovos por dia). • Hospedeiro defeca, próximos a lagoas, riachos. o Ovo entra em contato com essas águas. o Ovo amadurece, saindo o miracídio (viável por 10 horas). • Miracídio se movimenta na água até o caramujo. o Caramujo da espécie biomphalaria glabrata (hospedeiro intermediário). o Miracídio se desenvolve em cercária dentro do caramujo. • Cercária é eliminada pelo caramujo (de 1000 a 3000 cercárias, que ficam viáveis por 48 horas). o Água contaminada com a cercaria. FISIOLOGIA E DESENVOLVIMENTO DO S. MANSONI NO HOSPEDEIRO VERTEBRADO: • Cercária: o Penetração na pele. o Transformação em esquistossômulos. • Esquistossômulos: o Passam pelo coração e pulmão (tosse seca). o No fígado: ▪ Amadurecimento sexual dos machos. ▪ Acasalamento e amadurecimento sexual das fêmeas. • Migração do macho e da fêmea para o plexo hemorroidário. o Veia mesentérica ou o Veias do reto, sigmoide e intestino grosso. o Onde fazem a ovoposição. • Podendo sobreviver no nosso organismo por mais de 10 anos. Thais Alves Fagundes EPIDEMIOLOGIA • Presente em mais de 50 países. • Segunda doença tropical mais prevalente no mundo. • Terceira doença parasitária mais frequente no mundo. • Brasil: o Pouco foco em regiões mais frias, como o sul do país. o Focos em Goiás, Pará, Piauí. o Áreas de alta endemicidade e endemicidade principalmente no norte de Minas e na Bahia. IMPORTÂNCIA DO CONTROLE DA DOENÇA NO MUNDO • Programas de controle: o Foco no tratamento quimioterápico apresenta efeitos limitados. ▪ Em algumas situações, com interrupção do tratamento pelo paciente. o Importância do controle da doença no Brasil. • Fatores que dificultam o controle da doença no Brasil: o Extensa disseminação do hospedeiro intermediário. o Inexistência de uma vacina capaz de prevenir a doença. o Dificuldades na implementação de educação sanitária efetiva. o Insuficiente abastecimento de água adequado. o Falta de medidas que impedem a contaminação dos recursos hídricos. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS FORMAS DE INFECÇÃO PELO SCHISTOSOMA MANSONI: • Aguda o Dificilmente detectada. o Detectadas na primeira infecção, no primeiro contato. o Habitantes de áreas endêmicas não apresentam a fase aguda, adquirem a forma crônica. • Crônica o Intestinal o Hepatointestinal o Hepatoesplênica: mais grave Thais Alves Fagundes ASPECTOS CLÍNICOS DA FASE AGUDA PRÉ-POSTURAL: • Dermatite cercariana: o 10 - 30 dias após a infecção. • Pré-postural: antes da postura dos ovos. o Sintomatologia variada: ▪ Mal-estar ▪ Febre ▪ Náuseas ▪ Cefaleia ▪ Anorexia o Assintomática: ▪ Habitantes de áreas endêmicas. • Início da postura de ovos: o 40 dias depois da exposição. • Pós-postural: depois da postura dos ovos. o Sintomatologia mais grave: ▪ Diarreia ▪ Náusea ▪ Febre alta ▪ Sudorese ▪ Cefaleia ▪ Anorexia, emagrecimento ▪ Leve hepatoesplenomegalia ▪ Exames laboratoriais: eosinofilia e leucocitose. FORMA AGUDA TÓXICA: • Ocorre em pacientes não imunes que visitam áreas endêmicas. • Sintomatologia muito grave: o Febre alta prolongada, calafrio o Fraqueza o Perda de apetite o Mialgia, artralgia. o Dor abdominal, náuseas, vômitos, diarreia o Cefaleia o Tosse seca o Leve hepatomegalia ASPECTOS CLÍNICOS DA FASE CRÔNICA • Intestinal: o Diarreia o Fígado e baço normais o Cólicas intestinais o Desconforto abdominal o Exames laboratoriais: ▪ Eosinofilia Thais Alves Fagundes • Hepatointestinal: o Diarreia o Hepatomegalia o Lesões hepáticas discretas o Exames laboratoriais: ▪ Eosinofilia • Hepatoesplênica: o Menos comum atualmente. o Alta mortalidade. o Hepatoesplênica compensada: ▪ Hepatoesplenomegalia ▪ Emagrecimento ▪ Varizes esofagianas ▪ Exames laboratoriais: • Leucopenia • Anemia o Hepatoesplênica descompensada: ▪ Hepatoesplenomegalia ▪ Varizes esofagianas ▪ Hemorragia digestiva ▪ Hipertensão porta ▪ Insuficiência hepática Circulaçãocolateral na forma hepatoesplênica ESQUISTOSSOMOSE PATOLOGIA • Gravidade da doença está relacionada com a presença de ovos, principalmente no fígado. • Postura dos ovos pelo parasito. o Ovo é grande demais para ser fagocitado pelo macrófago. o Antígenos solúveis secretados pelo parasito estimulam resposta imune do hospedeiro. o Iniciando essa resposta a partir de macrófagos e das células dendríticas. • Apresentação dos antígenos para os: o Linfócitos TCD4+ ▪ Se diferencia em linfócitos T helper 1 e 2 – TH1 e TH2 ▪ TH1: produz citocinas inflamatórias IL-2, TNF alfa, IFN gama. ▪ TH2: produz citocinas quimiotáticas para eosinófilos e neutrófilos IL-4 e IL5. o Linfócito B ▪ Produz anticorpos (plasmócito). • Acometimento do fígado, por reação granulomatosa. o Perda da função do fígado nas regiões de granuloma. ▪ Secreção de colágeno e formação de fibrose. ▪ Insuficiência hepática. • Pode ocorrer, menos frequentemente, no pulmão. Thais Alves Fagundes DIAGNÓSTICO • Clínico - Anamnese • Métodos parasitológicos: o Exame de fezes (EPF): ▪ Método de Kato- Katz → teste recomendado pela OMS ▪ Método de Lutz (HPJ) • Ausência de ovos no início da infecção. o Fase pré-postural, que consiste nos 10 primeiros dias de infecção. • Falso-negativo: o Após utilização de medicamentos, como os anti-parasitários. o Infecções leves, devido ao baixo número de ovos. o Infecções antigas, postura de ovos diminui com o tempo. o Eclosão de miracídeos: ▪ Cultivo das fezes. ▪ Se houverem ovos viáveis nas fezes cultivadas, os miracídios irão eclodir. ▪ Identificando os miracídios. o Biópia retal: ▪ Controle de cura. ▪ Pouco utilizado. • Métodos imunológicos → alta possibilidade de reação cruzada. o Intradermorreação ▪ Pouco utilizado. ▪ Consiste na injeção de antígenos da cercária ou do verme adulto no braço do paciente. o Fixação do complemento o Hemaglutinação o Imunofluorescência Indireta: ▪ IgM-IFT – Ags (polissacarídeos do intestino do verme adulto). ▪ Pouco utilizado. • Coloca o soro do indivíduo na cercária. • Observa se há antígenos contra à cercária no soro do indivíduo. o Técnica de ELISA: ▪ IgM-ELISA: fração de verme adulto TCA solúvel. ▪ IgG-ELISA: antígenos brutos do verme adulto. o Métodos bioquímicos: ▪ Reação em cadeia da polimerase (PCR). ▪ Detecta o DNA do parasito. ▪ Utilizado em laboratórios de pesquisa, método caro. Thais Alves Fagundes Diagnóstico da fase aguda da esquistossomose: • História clínica o Histórico epidemiológico • Hemograma: o Leucocitose o Neutrofilia/eosinofilia • Aumento de IgE. • Parasitológico de fezes: o Kato-Katz o HPJ ▪ 35/60 dias após a infecção. • Biópsia retal o Pouco utilizado. • Ultrasonografia abdominal: o Leve hepatoesplenomegalia. o Aumento de gânglios linfáticos periportais e peripancreáticos. TRATAMENTO DA ESQUISTOSSOMOSE OXAMNIQUINE: pouco utilizado • Age sobre as formas adultas. • Dose única (15mg/Kg), via oral. • Crianças com menos de 30Kg, duas doses (20mg/Kg e 10 mg/Kg). • Efeitos colaterais: tonturas, sonolências e cefaleia. • Pode causar resistência no parasito. PRAZIQUANTEL: primeira opção para tratamento da esquistossomose • Age contra todos os estágios. • Dose única (40mg/Kg), via oral. o Infecções pesadas: duas doses (25mg/Kg e 30 mg/Kg após 4 dias). • Efeitos colaterais: náusea, dor epigástrica, diarreia, urticária, cefaleia, tontura e sonolência. CRITÉRIO DE CURA: exame de fezes negativo por mais de 4 meses. PROFILAXIA E CONTROLE DA ESQUISTOSSOMOSE • Saneamento básico inadequado. o Principal fator para focos de transmissão. • Tratamento dos doentes • Educação sanitária • Obras de engenharia sanitária e agrícola • Combate ao caramujo transmissor o Foco de transmissão possui características próprias. o Estratégias de controle tem que levar em conta estas peculiaridades. ▪ Diminuir as taxas de incidência e prevalência. ▪ Impedir a expansão da doença para áreas indenes.
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