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Cistos do Desenvolvimento

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Maria Eduarda de Alencar – Odontologia 2019.2 
Cistos do Desenvolvimento 
Introdução 
- Cisto é uma cavidade patológica revestida por 
epitélio, muitas vezes preenchida por um líquido, 
semissólido – cristais de colesterol – circundado 
por uma cápsula de tecido conjuntivo fibroso – 
com células inflamatórias; 
 
OBS.: Os cristais de colesterol são mais 
presentes em cistos de origem inflamatória. Nelas, 
o colesterol presente no sangue se transporta 
para fora dos vasos, podendo ficar na cápsula 
ou entrar na cavidade cística. Em preparos 
histológicos, essa estrutura se desprende, ficando 
apenas o seu formato – formato de cristais ou 
agulhas. 
 
- Por estímulos que se desconhece, 
remanescentes epiteliais, odontogênicos ou não 
odontogênicos, sofrem uma proliferação, ao 
ocorrer isso, as células epiteliais centrais 
degeneram e morrem, por falta de nutrição – 
proveniente do tecido conjuntivo – formando a 
cavidade patológica – o cisto; 
→ Cistos da Cabeça e Pescoço 
- Patologia mais frequente dos maxilares – 
maxila e mandíbula; 
- Assintomáticos em fase inicial – muitas vezes 
essa falta de dor vai até o período expansivo; 
- Possuem crescimento lento – possivelmente 
em resposta a um ligeiro aumento da pressão 
hidrostática luminal – e expansivo não infiltrante 
– ou seja, não penetra no tecido ósseo e nos 
tecidos moles; 
- Mais frequente entre segunda e terceira 
década de vida; 
- Afetam ambos os sexos; 
- Mais frequentes na mandíbula do que na 
maxila; 
- Uma variedade de cistos do desenvolvimento da 
cabeça e pescoço foi descrita. Alguns deles foram 
historicamente considerados cistos “fissurais”, 
porque se acreditava que se originavam do 
epitélio aprisionado ao longo das linhas de 
fusão dos processos embrionários. Porém, o 
conceito de uma origem fissural para muitos 
destes cistos tem sido questionado nos últimos 
anos; 
- Em vários casos, a patogênese exata destas 
lesões é ainda incerta; 
→ Classificação 
!!! Odontogênicos: Epitélio que faz parte do 
desenvolvimento dentário; 
!!! Não Odontogênicos: São oriundos de 
remanescentes epiteliais nas linhas de fusão – 
união de dois processos embrionários, acredita-se 
que isso ocorra em pouquíssimas estruturas, um 
exemplo é o palato – ou nivelamento – 
nivelamento dos sulcos que unem esses 
processos, um exemplo é o processo maxilar e o 
mandibular – entre os processos embrionários 
– epitélio que não participou do desenvolvimento 
dentário, ex.: epitélio do palato. São eles: 
- Cisto Nasolabial, Cisto Nasoalveolar ou Cisto 
de Klestadt; 
- Cisto Globulomaxilar; 
- Cisto do Ducto Nasopalatino ou Cisto do Canal 
Incisivo; 
- Cistos Medianos Palatinos e Mandibular; 
- Cisto Dermóide; 
- Cisto da Fenda Branquial ou Cisto Linfoepitelial 
Cervical; 
- Cisto Linfoepitelial Oral. 
Cisto Nasolabial 
- O cisto nasolabial é um cisto do desenvolvimento 
raro que ocorre no lábio superior, lateral à linha 
média; 
→ Patogênese 
- A sua patogênese é desconhecida, embora 
existam duas teorias principais: 1° Considera o 
cisto nasolabial um cisto “fissural” originado de 
remanescentes epiteliais aprisionados ao longo 
da linha de fusão do processo maxilar, processo 
nasal mediano e processo nasal lateral; 
2° Sugere que estes cistos se desenvolvam pela 
deposição ectópica do epitélio do ducto 
nasolacrimal, devido à sua localização e aspecto 
histológico semelhantes; 
→ Características Clínicas e Radiográficas 
- Aumento de volume do lábio superior lateral 
à linha média, resultando na elevação da asa do 
nariz; 
 
- Muitas vezes, o aumento eleva a mucosa do 
vestíbulo nasal e causa apagamento do fundo 
de vestíbulo. Ocasionalmente, esta expansão 
pode resultar em obstrução nasal ou interferir 
na utilização de uma prótese; 
 
- A dor é rara, exceto quando a lesão está 
infectada secundariamente; 
- O cisto pode se romper espontaneamente e 
drenar para a cavidade oral ou nasal; 
- São observados com maior frequência em 
adultos, com pico de prevalência na quarta e 
quinta década de vida; 
- Existe uma predileção significativa pelo gênero 
feminino; 
- Aproximadamente 10% dos casos relatados são 
bilaterais; 
- Como o cisto nasolabial origina-se nos tecidos 
moles, na maioria dos casos não há alterações 
radiográficas – quando a lesão expande muito 
pode-se observar um abaulamento da parede da 
cavidade nasal, mas as alterações em tecido mole 
só poderão ser vistas em um ultrassom – porém, 
ocasionalmente, pode ocorrer reabsorção do 
osso subjacente pela pressão exercida pelo 
cisto; 
→ Características Histopatológicas 
- Caracteristicamente revestido por epitélio 
colunar pseudoestratificado, exibindo muitas 
vezes células caliciformes e ciliadas – ele 
apresenta essa conformação, pois é derivado do 
trato respiratório; 
- A parede do cisto é composta de tecido 
conjuntivo fibroso com tecido muscular 
esquelético adjacente; 
- Áreas de epitélio cúbico e metaplasia escamosa 
não são raras; 
 
- A inflamação pode ser observada quando a 
lesão está infectada secundariamente – modifica 
a estrutura histológica do cisto; 
- Alterações apócrinas também foram relatadas; 
→ Tratamento e Prognóstico 
- O tratamento de eleição consiste na remoção 
cirúrgica total por acesso intraoral; 
- Como a lesão geralmente está próxima ao 
assoalho nasal, muitas vezes é necessário 
retirar uma parte da mucosa nasal para garantir 
a remoção completa da lesão; 
- A recidiva é rara; 
- Recentemente foi sugerida uma abordagem 
alternativa via cavidade nasal que permite a 
marsupialização endoscópica da lesão. 
Cisto Globulomaxilar 
- Como descrito originalmente, o cisto 
globulomaxilar foi considerado um cisto fissural 
que se originava de epitélio aprisionado durante 
a fusão da porção globular do processo nasal 
mediano com o processo maxilar; 
- Entretanto, este conceito tem sido questionado, 
porque a porção globular do processo nasal 
mediano está primariamente unida ao processo 
maxilar, e não ocorre fusão. Por conseguinte, não 
ocorre aprisionamento epitelial durante o 
desenvolvimento embrionário desta região; 
- Existe ainda outra teoria que diz que pode ter 
origem nos remanescentes epiteliais presentes no 
ducto lacrimal, portanto, pode-se ter nele 
remanescentes odontogênicos – do epitélio 
odontogênico próximo ao ducto; 
→ Características Clínicas e Radiográficas 
- Clinicamente observa-se o afastamento dos 
dentes; 
- Praticamente todos os cistos que ocorrem na 
região globulomaxilar – entre o incisivo lateral e o 
canino – podem ser explicados com uma base 
odontogênica; 
- Quando uma lesão radiolúcida – com formato 
de pera invertida – for encontrada entre o incisivo 
lateral e canino superior, o clínico deve 
considerar primeiro uma origem odontogênica 
para a lesão; 
 
→ Características Histopatológicas 
- Em raras ocasiões, os cistos da região 
globulomaxilar podem ser revestidos por epitélio 
colunar, pseudoestratificado, ciliado –tem 
origem na parte globular do processo nasal 
mediano, esses casos sustentam a crença na 
teoria de origem fissural – ou ainda epitélio 
estratificado pavimentoso – origem no processo 
maxilar; 
- Entretanto, este epitélio pode ser explicado pela 
grande proximidade com o revestimento do seio 
maxilar. Além disso, epitélio respiratório também 
tem sido relatado nos cistos periapicais, cistos 
dentígeros, e cistos odontogênicos glandulares 
encontrados em outras localizações; 
→ Tratamento e Prognóstico 
- O tratamento de eleição consiste na remoção 
cirúrgica. 
Cisto do Ducto Nasopalatino 
- Também chamado de cisto do canal incisivo, é 
o cisto não odontogênico mais comum da 
cavidade oral, ocorrendo em cerca de 1% da 
população; 
- Acredita-se que ele se origine de remanescentes 
do ducto nasopalatino – estrutura embrionária 
que liga a cavidade nasal e oral na região do canal 
incisivo; 
→ Características Clínicas e Radiográficas 
- Pode se desenvolver praticamente em qualquer 
idade, porém ele é mais comum na quarta a 
sexta décadas de vida;- Apesar de ser um cisto do “desenvolvimento”, o 
cisto do ducto nasopalatino é raramente 
observado durante a primeira década de vida; 
- A maioria dos estudos mostra uma preferência 
pelo gênero masculino; 
- Os sinais e sintomas mais comuns incluem 
tumefação da região anterior do palato, 
drenagem e dor. Às vezes, os pacientes relatam 
uma história longa destes sintomas, 
provavelmente devido à sua natureza intermitente. 
Contudo, muitas lesões são assintomáticas, 
sendo identificadas em radiografias de rotina; 
 
- Raramente, um cisto grande pode produzir uma 
expansão “completamente” flutuante, envolvendo 
a região anterior do palato e a mucosa alveolar; 
- As radiografias geralmente demonstram uma 
lesão radiolúcida bem-circunscrita próxima ou 
na linha média da região anterior de maxila, 
entre os ápices dos incisivos centrais; 
- A reabsorção radicular é raramente notada; 
- A lesão em geral é redonda ou oval, com uma 
margem esclerótica. Alguns cistos podem ter um 
formato de pera invertida, possivelmente devido 
à resistência das raízes dos dentes adjacentes. 
Outros casos podem exibir o formato clássico 
de coração, como resultado da sobreposição da 
espinha nasal ou pelo chanframento causado pelo 
septo nasal; 
 
- O diâmetro radiográfico do cisto do ducto 
nasopalatino pode variar de lesões pequenas, 
menores que 6 mm, a lesões grandes destrutivas 
com mais de 6 cm. Entretanto, a maioria dos 
cistos varia de 1 a 2,5 cm, com diâmetro médio 
de 1,5 a 1,7 cm; 
- Pode ser difícil distinguir um cisto do ducto 
nasopalatino pequeno de um forame incisivo 
grande. Geralmente, considera-se que 6 mm é o 
limite máximo para o tamanho de um forame 
incisivo normal. Logo, uma imagem radiolúcida 
com 6 mm ou menos nesta área é considerada 
um forame normal, exceto quando outros 
sinais e sintomas estejam presentes; 
- Em raras ocasiões, pode se desenvolver nos 
tecidos moles da papila incisiva sem qualquer 
envolvimento ósseo – cistos da papila incisiva, 
estes cistos usualmente exibem uma coloração 
azulada devido ao conteúdo líquido na luz do cisto; 
 
→ Características Histopatológicas 
- O epitélio de revestimento dos cistos do ducto 
nasopalatino é variável. Ele pode ser constituído 
de: Epitélio pavimentoso ou escamoso 
estratificado – mais comum – epitélio colunar 
pseudoestratificado – tem sido relatado desde 
um terço até três quartos de todos os casos – 
epitélio colunar simples e epitélio cúbico 
simples; 
 
- Frequentemente, mais de um tipo de epitélio é 
encontrado no mesmo cisto. O epitélio cúbico 
simples e o epitélio colunar são observados mais 
raramente; 
- Células caliciformes e cílios podem ser 
encontrados em associação do epitélio 
colunar. O tipo de epitélio pode estar 
relacionado com a posição vertical do cisto 
dentro do canal incisivo – cistos que se 
desenvolvem mais superiormente no canal, 
próximos à cavidade nasal, tendem a apresentar 
epitélio respiratório, enquanto que aqueles 
localizados próximos à cavidade oral geralmente 
exibem epitélio escamoso; 
- Os componentes da parede do cisto podem 
auxiliar no diagnóstico; 
- Em virtude de o cisto do ducto nasopalatino se 
originar do canal incisivo, nervos de tamanho 
moderado, artérias musculares pequenas e 
veias são frequentemente encontrados na 
parede do cisto; 
- Pequenas glândulas mucosas têm sido 
observadas em um terço dos casos. Às vezes, 
podem ser encontradas pequenas ilhas de 
cartilagem hialina. Frequentemente, uma 
resposta inflamatória é notada na parede 
cística e pode variar de suave a intensa. Tal 
inflamação é de natureza crônica e composta 
por linfócitos, plasmócitos e histiócitos. 
Algumas vezes, células inflamatórias agudas – 
neutrófilos – podem ser observadas; 
→ Tratamento e Prognóstico 
- Os cistos do ducto nasopalatino são tratados por 
enucleação cirúrgica; 
- O melhor acesso cirúrgico é realizado com um 
retalho palatino rebatido após uma incisão ao 
longo da margem gengival lingual dos dentes 
anteriores superiores; 
- A biópsia é recomendada, porque a lesão não 
é diagnosticada por radiográfica e existem outras 
lesões benignas e malignas semelhantes ao cisto 
do ducto nasopalatino; 
- A recidiva é rara. A transformação maligna tem 
sido relatada em alguns casos escassos, mas esta 
é uma complicação rara. 
Cisto Palatal Mediano 
- Também chamado de cisto palatino mediano, é 
um cisto fissural raro, que teoricamente se 
desenvolve do epitélio retido ao longo da linha 
de fusão embrionária dos processos palatinos 
laterais da maxila; 
- Este cisto pode ser difícil de ser diferenciado 
de um cisto do ducto nasopalatino. Na verdade, 
a maioria dos “cistos palatinos medianos” 
pode representar cistos do ducto nasopalatino 
localizados posteriormente; 
- Em decorrência de os ductos nasopalatinos 
terem um trajeto superior e posterior, conforme se 
estendem do canal incisivo para a cavidade nasal, 
um cisto do ducto nasopalatino que se origine 
de remanescentes posteriores deste ducto 
próximo à cavidade nasal pode ser confundido 
com um cisto palatino mediano. Por sua vez, se 
um cisto palatino mediano verdadeiro se 
desenvolver na porção anterior do palato, ele 
será facilmente confundido com um cisto do 
ducto nasopalatino; 
→ Características Clínicas e Radiográficas 
- Apresenta-se como uma tumefação firme ou 
flutuante na linha média do palato duro, 
posterior à papila incisiva; 
- A lesão aparece mais em adultos jovens; 
- Muitas vezes, a lesão é assintomática, porém 
alguns pacientes queixam-se de dor ou 
expansão; 
- O tamanho médio deste cisto é de 2x2 cm, porém 
algumas vezes pode se tornar maior; 
- As radiografias oclusais revelam uma lesão 
radiolúcida na linha média do palato duro. 
Ocasionalmente, alguns relatos têm mostrado a 
divergência dos incisivos centrais, apesar de ser 
difícil, nestes casos, excluir o cisto do ducto 
nasopalatino; 
 
- Para diferenciar o cisto palatal mediano de 
outras lesões císticas da maxila, Gingell e 
colaboradores sugeriram os seguintes critérios 
diagnósticos: 
!!! Aparência grosseiramente simétrica ao longo 
da linha média do palato duro; 
!!! Localização posterior à papila palatina; 
!!! Formato circular ou ovoide na radiografia; 
!!! Ausência de associação íntima de um dente 
não vital; 
!!! Ausência de comunicação com o canal incisivo; 
!!! Ausência de evidências microscópicas de 
feixes neurovasculares, cartilagem hialina, ou 
glândulas salivares menores na parede cística; 
- Deve-se ressaltar que um cisto palatal mediano 
verdadeiro deve apresentar clinicamente um 
aumento de volume no palato. Uma área 
radiolúcida na linha média sem evidência 
clínica de expansão é provavelmente um cisto 
do ducto nasopalatino; 
→ Características Histopatológicas 
- Usualmente revestido por epitélio escamoso ou 
pavimentoso estratificado; 
- Em alguns casos, áreas de epitélio colunar 
pseudoestratificado podem ser observadas; 
- Uma inflamação crônica pode estar presente na 
parede do cisto; 
→ Tratamento e Prognóstico 
- O cisto palatal mediano é tratado por remoção 
cirúrgica. A recidiva não ocorre. 
Cisto Mandibular Mediano 
- O cisto mandibular mediano é uma lesão 
controversa de existência questionável; 
- Teoricamente, ele representa um cisto fissural 
na linha média anterior da mandíbula, que se 
desenvolve de epitélio aprisionado durante a 
fusão das metades da mandíbula, na vida 
intrauterina; 
- Entretanto, na realidade, a mandíbula se 
desenvolve como uma proliferação mesenquimal 
bilobulada única com um istmo central na linha 
média. Conforme a mandíbula cresce, o istmo é 
eliminado. Portanto, como não acontece fusão 
de processos limitados por epitélio, não é 
possível ocorrer retenção epitelial; 
- Como a metaplasia pode ocorrer eventualmente 
em cistos odontogênicos, parece que a maioria 
dos cistos – se não todos – da linha média da 
mandíbula é de origem odontogênica; 
→ Características Clínicas e Radiográficas 
- Área radiolúcida ou radiotransparente na linha 
mediana entreos incisivos superiores; 
 
→ Tratamento e Prognóstico 
- O cisto palatal mediano é tratado por remoção 
cirúrgica. 
Cisto Dermóide 
- O cisto dermoide é uma malformação cística do 
desenvolvimento incomum; 
- Tal cisto é revestido por epitélio semelhante à 
epiderme, e na parede contém anexos cutâneos; 
- Geralmente, o cisto epidermoide é considerado 
uma forma cística benigna do teratoma – tumor 
do desenvolvimento composto por tecidos 
derivados dos três folhetos germinativos, 
ectoderma, mesoderma e endoderma; 
- Os cistos dermoides são mais simples na 
estrutura que os teratomas complexos ou 
cistos teratoides; 
- Embora não contenham tecido dos três folhetos 
germinativos, provavelmente representam uma 
forma frustra de um teratoma; 
→ Características Clínicas e Radiográficas 
- Ocorrem mais na linha média do assoalho 
bucal, ainda que ocasionalmente se localizem 
lateralmente ao assoalho bucal ou em outras 
localizações; 
- Quando o cisto se desenvolve abaixo do 
músculo gênio-hioideo, uma tumefação 
sublingual pode deslocar a língua superiormente e 
causar dificuldades na alimentação, na fonação 
ou até na respiração; 
- Os cistos que surgem acima do músculo gênio-
hioideo produzem, muitas vezes, uma tumefação 
submentoniana, com aparência de “queixo 
duplo”; 
- Os cistos dermoides da cavidade oral podem 
variar de poucos milímetros até 12 cm de 
diâmetro; 
- Eles são mais frequentes em crianças e 
adultos jovens, 15% dos casos relatados são de 
origem congênita; 
- Em geral, a lesão cresce lentamente sem 
provocar dor, apresentando-se como uma 
massa borrachoide ou pastosa, que 
frequentemente retém a marca dos dedos sob 
pressão digital; 
- Infecção secundária pode acontecer, e a lesão 
pode drenar para o interior da cavidade oral ou 
para a pele; 
- Para delinear a extensão da lesão, a ressonância 
magnética, a TC ou radiografias com utilização de 
contraste podem ser úteis; 
→ Características Histopatológicas 
- São revestidos por epitélio escamoso 
estratificado ortoceratinizado, com uma 
camada granulosa proeminente; 
 
- É comum encontrar queratina abundante no 
interior da luz do cisto; 
- Em raras ocasiões, áreas de epitélio respiratório 
podem ser observadas; 
- A parede cística é composta por tecido 
conjuntivo fibroso que contém um ou mais 
anexos cutâneos, tais como glândulas sebáceas, 
folículos pilosos ou glândulas sudoríparas; 
 
→ Tratamento e Prognóstico 
- Os cistos dermoides são tratados por remoção 
cirúrgica; 
- Aqueles localizados acima do músculo gênio-
hioideo podem ser removidos por incisão 
intraoral, e os situados abaixo do músculo 
gênio-hioideo podem necessitar de um acesso 
extraoral; 
- A recidiva é incomum. São raros os relatos de 
transformação maligna em carcinoma de células 
escamosas. 
Cisto da Fenda Branquial 
- O cisto da fenda branquial ou cisto linfoepitelial 
cervical é um cisto do desenvolvimento da região 
lateral do pescoço, cuja patogênese é incerta; 
- A teoria clássica sustenta que o cisto se 
desenvolve de remanescentes das fendas 
branquiais, pelo fato de ocorrer na região de 
aparatos dos arcos embrionários – essa teoria é 
suportada por análises imuno-histoquímicas. Uma 
segunda teoria considera que esta lesão se 
origine de degenerações císticas do epitélio da 
glândula parótida que ficou aprisionado nos 
linfonodos cervicais superiores, durante a vida 
embrionária; 
- Acredita-se que 95% destes cistos originem-se 
do segundo arco branquial, com os 5% 
remanescentes originando-se do primeiro, 
terceiro e quarto arcos branquiais; 
→ Características Clínicas e Radiográficas 
- Ocorrem mais na região lateral superior do 
pescoço – mais comum do lado esquerdo e 
raramente se desenvolvendo bilateralmente – ao 
longo da margem anterior do músculo 
esternocleidomastoideo; 
 
- É mais comum em adultos jovens entre 20 e 
40 anos; 
- Clinicamente, o cisto apresenta-se como uma 
massa mole, flutuante, que pode variar de 1 a 
10 cm de diâmetro; 
- Algumas vezes, pode ocorrer dor ou 
sensibilidade devido à infecção secundária; 
- Ocasionalmente, a lesão pode se tornar evidente 
após um trauma ou infecção das vias aéreas 
superiores; 
- Algumas lesões apresentam-se como canais ou 
fístulas que podem drenar muco para a pele; 
OBS.: Os cistos linfoepiteliais – derivados do 
epitélio da glândula parótida aprisionado dentro de 
um linfonodo – são raros dentro da glândula 
parótida propriamente dita. Contudo, nos 
últimos anos, um aumento do número de cistos 
linfoepiteliais na parótida foi relatado em pacientes 
infectados pelo HIV. Tais lesões, provavelmente, 
estão relacionadas com a linfadenopatia na 
parótida associada à infecção pelo HIV. 
→ Características Histopatológicas 
- Mais de 90% dos cistos da fenda branquial são 
revestidos por epitélio escamoso estratificado 
que pode ou não estar ceratinizado; 
 
- Alguns cistos exibem epitélio respiratório; 
- Tipicamente, a parede do cisto contém tecido 
linfoide, demonstrando muitas vezes formação de 
centros germinativos. Entretanto, ocasionalmente, 
foram relatados cistos sem tecido linfoide; 
→ Tratamento e Prognóstico 
- O cisto da fenda branquial é tratado por 
remoção cirúrgica; 
- A lesão quase nunca recidiva. Raros exemplos 
de transformação maligna foram relatados nestes 
cistos; 
- Ainda que a ocorrência de malignidade seja 
teoricamente possível, a maioria destes casos 
representa metástases císticas de carcinomas não 
identificados previamente na região de cabeça e 
pescoço, especialmente da base da língua, 
amígdala lingual ou amígdala palatina; 
- Durante a avaliação de pacientes com massas 
císticas no pescoço, a biópsia por aspiração 
com agulha fina pode ser útil para exclusão de 
malignidade antes da cirurgia. 
Cisto Linfoepitelial Oral 
- O cisto linfoepitelial oral é uma lesão rara da 
cavidade oral, que se desenvolve dentro do 
tecido linfoide oral; 
- É microscopicamente semelhante ao cisto da 
fenda branquial, porém de tamanho muito menor; 
- Desenvolvem-se no tecido linfoide oral – o anel 
de Waldeyer – o qual inclui as amígdalas linguais 
e palatinas e as adenoides faringianas. Além 
disso, amígdalas orais acessórias e agregados 
linfoides podem ocorrer no assoalho bucal, 
superfície ventral de língua e palato mole; 
- Também é possível que os cistos linfoepiteliais 
orais possam se desenvolver de epitélio da 
mucosa de superfície ou do epitélio de glândula 
salivar que ficou retido no tecido linfoide durante a 
embriogênese. Foi sugerido ainda que estes cistos 
possam surgir de ductos excretores da glândula 
sublingual ou de glândulas salivares menores, e 
que o tecido linfoide associado representa uma 
resposta imunológica secundária; 
→ Características Clínicas 
- O cisto linfoepitelial oral apresenta-se como uma 
massa submucosa pequena, geralmente menor 
que 1 cm de diâmetro – raramente a lesão pode 
ser maior que 1,5 cm; 
 
- O cisto pode ser firme ou mole à palpação, e a 
mucosa de revestimento é macia e não 
ulcerada; 
- Caracteristicamente, a lesão é branca ou 
amarela e muitas vezes contém em sua luz 
queratina com aspecto caseoso ou cremoso; 
- O cisto geralmente é assintomático, embora, 
ocasionalmente, alguns pacientes queixem-se de 
tumefação ou drenagem; 
- A dor é rara, porém pode ocorrer 
secundariamente a um traumatismo. 
- Podem se desenvolver em qualquer idade, 
porém são mais frequentes em adultos jovens; 
- A localização mais comum é o assoalho bucal, 
com pelo menos metade dos casos ocorrendo 
nesta região. A superfície ventral e a margem 
lateral da língua são as outras localizações 
comuns; 
- Tais cistos também podem se desenvolver na 
amígdala palatina ou no palato mole. Todas 
estas localizações representam áreas de tecido 
linfoide oral normal ou acessório; 
→ Características Histopatológicas 
- Cavidade cística revestida por epitélio 
escamoso estratificado sem projeções para o 
conjuntivo; 
 
- Este epitélio é classicamente paraqueratinizado 
com células epiteliais descamadaspreenchendo a 
luz do cisto. Em raras ocasiões, o revestimento 
epitelial pode, também, conter células mucosas; 
- O achado mais notável é a presença de tecido 
linfoide na parede cística. Na maioria dos casos, 
este tecido linfoide circunda o cisto, porém, 
algumas vezes, ocorre em apenas uma parte da 
parede do cisto; 
 
- Ocasionalmente, os cistos podem comunicar-
se com a mucosa de revestimento; 
- Usualmente, mas nem sempre, os centros 
germinativos podem estar presentes; 
→ Tratamento e Prognóstico 
- O cisto linfoepitelial oral é em geral tratado pela 
excisão cirúrgica e a recidiva geralmente não 
ocorre; 
- Pelo fato de a lesão ser assintomática e inócua, 
a biópsia nem sempre é necessária, desde que 
a lesão seja característica o bastante para o 
diagnóstico ser feito com base na clínica.

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