Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
PATOLOGIA BUCAL CISTOS ODONTOGÊNICOS Cistos odontogênicos Os cistos constituem um importante aspecto da patologia oral e maxilofacial, e são encontrados na prática odontológica de forma relativamente comum.. Com raras exceções, os cistos são observados somente nos ossos gnáticos (mandíbula e maxila), sendo considera as lesões ósseo destrutivas, mais comum do corpo humano. Conceito de cistos Os cistos são cavidades patológicas com conteúdo fluido, ou semifluido, no seu interior. São revestidos por epitélio, e sustentados por tecido conjuntivo fibroso. Classificação: cistos odontogênicos e não odontogênicos Ainda que alguns poucos cistos possam resultar da inclusão de epitélio (da face e da cavidade bucal) ao longo das linhas de fusão dos processos embrionários, a maioria dos cistos dos ossos gnáticos é revestida por epitélio derivado de epitélio odontogênico. Eles são denominados cistos odontogênicos. Já os pseudocistos, diferem dos cistos verdadeiros, por não apresentarem um revestimento epitelial Em geral, evita-se o uso do termo “cisto” para casos que mostram ausência do limitante epitelial, os quais devem ser de pseudocisto, ou cavidade. Patogênese Por volta da 6° semana de vida intra-uterina aparece a lâmina dentária (LD), como uma fina camada na margem lateral do estomódio, ou seja, da cavidade bucal primitiva. Ela se forma devido a uma proliferação das células basais mais rápida que a das células adjacentes, o que leva a formação de uma faixa de epitélio ao longo da linha externa do futuro arco dentário. Na lâmina dentária, a atividade proliferativa contínua e localizada, leva a formação de uma serie de invaginações epiteliais dentro do ectomesênquima em locais que correspondem às posições dos futuros dentes decíduos.. Dessa época em diante o desenvolvimento do dente prosseguirá em três estágios: fase de botão, fase de capuz e fase de campânula. Que são descritivos da morfologia do germe dentário em desenvolvimento. Durante a fase de campânula, ou durante a fase de sino, a lamina dentária, que liga o germe do dente ao epitélio bucal, desagrega-se em pequenas ilhas de células epiteliais, separando dessa forma o dente em desenvolvimento do epitélio bucal. A fragmentação da lâmina dentária resulta na formação de pequenos grupos de células epiteliais que normalmente se degeneram e são reabsorvidas, mas algumas destas células persistem de forma programada. Dessa forma, alguns cistos odontogênicos podem originar-se destes restos epiteliais da lâmina dentária que ocasionalmente não são reabsorvidos. O folículo pericoronário que recobre a coroa de um dente incluso, tem um componente epitelial representando pelo epitélio reduzido do órgão do esmalte firmemente aderido a coroa, como também, pelos cordões e ilhas de células odontogênicas derivadas da lamina dentária. Além disso, apresenta também um componente de tecido conjuntivo que representa o maior volume dos folículos, e, fora do espaço coronário, tem a forma de uma membrana ou de um saco. O epitélio reduzido do esmalte é derivado do órgão do esmalte e recobre a coroa totalmente formada de um dente não erupcionado. Este epitélio e as ilhas e cordões epiteliais remanescentes da LD, lideram constantemente fatores de crescimento epidérmico no tecido conjuntivo do folículo pericoronário. Este estimulador, juntamente com outros estimuladores ativos a partir da sua ação, induzem a reabsorção óssea pericoronária, um fenômeno essencial para a erupção dentária. Alguns cistos odontogênicos, podem ser derivados de remanescentes deste epitélio reduzido do esmalte, o qual sobre apoptose quando da erupção dentária.. Outro constituinte que podem derivar cistos, é a bainha epitelial de hertwig, que é formada pela fusão dos epitélios internos e externos do órgão do esmalte. É constituída ainda por duas fileiras de células cúbicas ou poliédricas. As células do epitélio interno induzem a diferenciação, em odontoblastos, das células do tecido conjuntivo da papila dentária, e assim que a primeira camada de dentina for depositada, a bainha perde a sua continuidade e sua intima relação com a superfície do dente. Alguns de seus resíduos podem resistir no liugamento periodontal, e são chamados de restos epiteliais de malassez. Os restos epiteliais de malassez foram descritos em 1885 por um pesquisador de nome Malassez. São remanescentes da bainha epitelial de hetwig encontrada no ligamento periodontal, e geralmente aparecem como grupos de 10 células poliédricas e uniformes com escasso citoplasma e um núcleo bastante grande. São ainda envolvidos externamente por uma membrana basal, e ficam a 20-40 micrometro de distância do cemento. Em adultos, predomina no 1/3 cervical, já em pessoas jovens, são mais numerosos, com uma frequência maior na região do periapice. Desta forma, essas estruturas se configuraram como um grupo de células epiteliais presente no ligamento periodontal, e classicamente consideradas estruturas latentes ou quiescentes; entretanto, ao longo dos anos esse paradigma foi sendo rompido, e hoje, não mais são considerados como restos celulares, mas sim como uma importante estrutura tecidual. Corte longitudinal (A) e corte transversal (B) de uma raiz dentária. É evidenciado no ligamento periodontal, em ambas as imagens, a presença dos chamados restos epiteliais de malassez. Classificação De acordo com sua origem, os cistos odontogênicos são subclassificados em cistos de desenvolvimento ou inflamatórios. Os cistos inflamatórios resultam da inflamação da região.. Os fatores precipitantes que iniciam a formação dos cistos do desenvolvimento são desconhecidos, mas essas lesões não parecem surgir em consequência de reação inflamatória. Independente da classificação, podem ocorrer no inteiro da mandíbula ou maxila, formando lesões intraósseas, como também podem se localizar nos tecidos moles dos maxilares, originando lesões extraósseas. Cistos inflamatórios Cisto radicular surgem associados a um dente sem vitalidade pulpar. .são os cistos maxilares mais comum, sendo mais de 50% das lesões de ossos gnáticos. seu revestimento epitelial deriva dos restos epitelias de malassez. dependendo da natureza da resposta inflamatória, pode haver quadros de inflamação crônica ou aguda, com aparecimento de abcessos. tem sido designado como Cisto Radicular Aspical, ou Cisto Periapical, quando localizado no ápice da raiz dentária, mas pode ainda formar-se ao longo da raiz, sendo assim, chamado de Cisto Radicular Lateral. Ainda pode surgir no local de um dente extraído, sendo chamado assim de Cisto Radicular Residual. são seguidos pelos cistos dentinogênicos e pelo ceratocisto que também apresenta uma origem odontogênica. geralmente se origina a partir de um granuloma periapical existente, associado à necrose pulpar do dente corresponde. A resposta inflamatória presente nesse micro ambiente, leva a um aumento na produção de citocinas pró inflamatórias, como por exemplo o fator de crescimento epidérmico, desencadeando assim, a proliferação dos restos epiteliais de malassez. a formação cística ocorre como resultado da proliferação epitelial que ajuda a separar o estimulo inflamatório da polpa necrótica com o osso circunjacente. a descamação de células no interior do lúmen cístico, leva a uma concentração de proteínas, produzindo uma elevação da pressão osmótica. O resultado é a condução de líquido através do revestimento epitelial para dentro do lúmen (dentro da luz cística), proveniente do tecido conjuntivo. a entrada de liquido auxilia no crescimento externo do cisto, e a reabsorção do osso pelos osteoclastos, e isto começa a se expandir. são caracterizados por uma cápsula de tecido conjuntivo fibroso revestida por epitélio com um lúmen contendo líquido erestos celulares. Teoricamente, à medida que o epitélio se descama para o interior do lúmen, aumenta o conteúdo proteico. a maioria dos cistos periapicais cresce lentamente e não atinge um tamanho grande. Geralmente não apresentam sintomas, a menos que exista uma exacerbação inflamatória aguda. acomete preferencialmente adultos entre a 3° e 6° décadas de vida, no entanto também podem aparecer em decíduos. estes estão mais associados aos molares e aparecem como uma zona radiolúcida circundante às raízes e que preenche o espaço interradicular na região de furca. Patogênese Passa por três fases: Fase de iniciação: onde ocorre a proliferação dos restos epiteliais de malassez, condicionada a um processo inflamatória. Fase de formação dos cistos: onde o epitélio em proliferação sobre degeneração e a morte das células centrais mantendo o revestimento epitelial. Fase de crescimento: ocorre diferença de pressão osmótica entre a cavidade cística e o meio extra cístico. OBS: a cárie não tratada, inicia um processo inflamatório, o qual pode resultar na necrose pulpar devido ao processo infeccioso, que no canal radicular, estimula a proliferação dos remanescentes epiteliais presentes no ligamento periodontal (restos epiteliais de malassez), os quais quando proliferados, resultam na formação do ninho epitelial. Quando este atinge um tamanho de aproximadamente 1 cm, o centro torna-se necrótico, levando a formação da futura cavidade cística que fica revestida por um tecido epitelial. Começa então a condução de líquidos através do revestimento epitelial, originando o fluido cístico. Essas etapas levam a formação do cisto radicular, uma cavidade redonda cheia de liquido, revestida por epitélio e suportada por um tecido conjuntivo fibroso. Destacados estão os restos epiteliais de malassez num granuloma periapical, geralmente originado de um processo inflamatório. Esta patologia, frequentemente origina o Cisto radicular Características histológicas é visível células necrosadas compondo a cavidade cística, presença de tecido epitelial e capsula de tecido conjuntivo, o qual apresenta intenso infiltrado inflamatório. o cisto é revestido por epitélio escamoso estratificado, o qual pode apresentar exocitose, espongiose ou hiperplasia. o lúmen do cisto pode ser preenchido por fluido e restos celulares. algumas vezes, o revestimento epitelial pode apresentar calcificações lineares ou em forma de arco, conhecidas como corpúsculos de Rushton. calcificações distróficas, cristais de colesterol com células gigantes multinucleadas, hemácias e áreas de pigmentação por hemossiderina podem estar presentes no lúmen, na cápsula ou em ambos. a cápsula do cisto consiste em tecido conjuntivo fibroso denso, muitas vezes com infiltrado inflamatório contendo linfócitos variáveis, permeados por neutrófilos, plasmócitos, histiócitos e (raramente) mastócitos e eosinófilos. Cisto revestido por epitélio escamoso estratificado. Observe a cápsula de tecido conjuntivo, a qual contém um infiltrado inflamatório crônico, hemossiderina e diversos cristais de colesterol. Revestimento epitelial escamoso estratificado contendo diversas células mucosas. Características radiográficas os cistos radiculares podem crescer continuamente, devido a pressão osmótica. Assim, o organismo responde a esse crescimento, resultando em uma esclerose óssea reacional. imagem radiolúcida, hipodensa, bem circunscrita, com limites definidos, unilocular, envolta por uma esclerose reacional (halo radiopaco bastante hiperdenso). possuem limites bem definido e corticalizados, provocando aumento de volume de corticais adjacentes, podendo ate rompê-las. Essa cortical limítrofe indica o crescimento lento dessa lesão. a medida que o cisto aumenta e causa reabsorção central do osso, maiores quantidades de ossos subperiosteal neoformado são depositados para manter a integridade do córtex, produzindo uma expansão óssea mais endurecida. Entretanto, o índice de expansão tende a ultrapassar o índice de deposição subperiosteal levando a um adelgaçamento, ou seja, essa cortical vai sendo mais delgada (fina) que pode ser deformada a palpação, produzindo sinais clínicos que são denominados de crepitação em casca de osso. eventualmente, o cisto pode perfurar a cortical e se apresentar como uma tumefação submucosa azulada e flutuante. A: . Área radiolúcida bem circunscrita intimamente associada ao ápice do incisivo central inferior. Observe a perda da lâmina dura na região da lesão. B: Área radiolúcida associada ao incisivo central superior, o qual apresenta reabsorção radicular significativa. a taxa de expansão tem sido estimada em aproximadamente em 5 mm de diâmetro por ano. o padrão radiográfico é idêntico ao granuloma periapical, ainda que os cisto atinjam tamanhos maiores que os granulomas, nem o tamanho e forma da lesão, podem ser considerados critérios para o diagnóstico definitivo. Quando são lesões em mandíbula, podem rechaçar o canal mandibular em direção a base da mesma, e nessa sirtualçao pode-s eividendiacr tumefacação sensivilidade leve, e deslovcxamento de dentes adjacentes. é possível que ocorra um crescimento significativo e podem ser observadas lesões ocupando todo um quadrante. Área radiolúcida unilocular de grande dimensão estendendo-se do primeiro molar inferior ao primeiro molar contralateral. Área radiolúcida envolvendo a região de furca e os ápices do segundo molar decíduo inferior direito. Tratamento a dificuldade de distinguir através de exames clínicos e radiográficos, reforçam a ideia de que o tratamento deve ser inicialmente conservador, ou seja, o tratamento dessa lesão deve consistir no tratamento endodôntico, tendo em vista que essas lesões originam a partir da necrose da polpa. Porém, se a lesão persistir a intervenção cirúrgica torna-se a melhor alternativa, para promover a cura desse processo patológico. apesar de alguns autores acreditarem que lesões císticas extensas não podem ser tratadas por tratamento endodôntico convencional, clínicos experientes utilizaram com sucesso o tratamento endodôntico não cirúrgico para regiões extensas de doença inflamatória periapical que alcançavam até 2,0 cm de diâmetro. lesões maiores associadas a dentes com possibilidade de restauração têm sido tratadas com sucesso por meio de tratamento endodôntico conservador quando combinado à biópsia e marsupialização, descompressão ou fenestração. o exame histopatológico é de grande valia. Cisto radicular lateral se desenvolvem ao longo da porção lateral da raiz. Semelhante ao cisto radicular apical, geralmente se origina dos restos epiteliais de malassez. a fonte da inflamação pode ser uma doença periodontal, ou a necrose pulpar com disseminação através de um forame lateral. apresenta-se como uma imagem radiolúcida discreta ao longo da porção lateral da raiz. num corte histológico, mostra- se a presença de um canal radicular acessório, desenvolvimento da lesão cística, cavidade preenchida por um material liquido semi-sólido, revestimento epitelial com suas particular e a capsula de tecido conjuntivo com um intenso infiltrado inflamatório. Cisto radicular residual o tecido inflamatório periapical que não foi coletado no momento da extração do dente pode dar origem a um cisto inflamatório que denomina-se de cisto radicular residual. apresenta-se como uma imagem radiolúcida de forma circular ou oval, de tamanho bastante variado, localizada no processo alveolar em um sítio de uma extração dentária prévia. Cisto radicular residual se origina ao longo de um terceiro molar parcialmente rompido envolvido por uma pericoronarite (um processo inflamatório do folículo pericoronário). ocorre em umdente parcialmente irrompido, frequentemente os terceiros molares inferiores. quase todos eles ocorrem na mandíbula e a maioria está localizada na vestibular ou na região distal. também são de origem inflamatória e provavelmente se originam em consequência da extensão para inflamação dessa pericoronarite, a qual estimula a proliferação é alteração cística do chamado epitélio reduzido do órgão do esmalte (que recobre a porção não irrompida da coroa). radiograficamente aparece como uma imagem radiolúcida bem circunscrita e delimitada, com halo radiopaco ao redor, relacionado a cervical do dente e ao terço coronário da raiz dental. o tratamento consiste na remoção do dente envolvido e curetagem desta região. macroscopicamente há uma cápsula bastante densa de tecido conjuntivo, e no interior há o revestimento epitelial. Cistos de desenvolvimento Geralmente são assintomáticos porém apresentam potencial de crescimento. Cisto dentígero ou cisto folicular. esse é o tipo mais comum de cisto odontogênico do desenvolvimento, sendo responsável por cerca de 20% de todos os cistos revestidos por epitélio nos ossos gnáticos. é definido como um cisto que se origina pela separação do folículo que fica ao redor da coroa de um dente incluso. envolve a coroa de um dente impactado e se conecta ao dente pela junção amelocementária. a patogênese desse cisto é incerta, mas aparentemente ele se desenvolve pelo acúmulo de fluido entre o epitélio reduzido do esmalte e a coroa do dente (após calcificação), Espécime macroscópico de um cisto dentígero envolvendo um dente canino superior. O cisto foi aberto para mostrar a relação da coroa do dente com o cisto. Características clínicas são processos macroscópico e histopatologicamente uniloculares e provavelmente nunca se apresentam como lesões multiloculares verdadeiras. pode ocorrer em associação com qualquer dente impactado, ele envolve, mais frequentemente, terceiros molares inferiores (2/3 dos caos). Outros sítios relativamente frequentes incluem os caninos e os terceiros molares superiores e os segundos pré-molares inferiores. raramente envolvem dentes decíduos inclusos. ocasionalmente, podem estar associados a dentes supranumerários ou a odontomas. embora o cisto dentígero possa ser encontrado em pacientes com uma ampla variação de idade, eles são descobertos mais frequentemente em pacientes entre 10 e 30 anos. há uma leve predileção pelo sexo masculino e maior prevalência em brancos do que em negros. cistos dentígeros pequenos em geral são completamente assintomáticos e são descobertos somente em exames radiográficos de rotina ou quando são feitas radiografias para determinar o motivo pelo qual um dente não erupciona. os cistos dentígeros podem atingir tamanho considerável e grandes cistos podem estar associados à expansão indolor do osso na área envolvida e deslocamento de dentes vizinhos. lesões extensivas podem resultar em assimetria facial.. quando localizados na região de terceiros molares podem destruir a região coronóide chegante até à região de côndilos. Variantes A relação cisto-coroa mostra diversas variações radiográficas: variante central: é a mais comum, o cisto envolve a coroa do dente e ela se projeta no cisto. variante lateral: geralmente está associada a terceiros molares inferiores impactados com inclinação mesioangular e que estão parcialmente erupcionados. O cisto cresce lateralmente ao longo da superfície radicular e envolve parcialmente a coroa. variante circunferencial: o cisto circunda a coroa e se estende por alguma distância ao longo da raiz, de forma que uma porção significativa da raiz parece estar dentro do cisto. Características radiográficas mostra tipicamente uma área radiolúcida unilocular que está associada à coroa de um dente incluso. a lesão radiolúcida geralmente apresenta uma margem bem definida e frequentemente esclerótica (que denota um crescimento lento), mas um cisto infectado pode mostrar margens pouco definidas. um cisto dentígero de grandes dimensões pode passar a impressão de um processo multilocular devido à persistência de trabéculas ósseas dentro da lesão radiolúcida. Lesão radiolúcida envolvendo a coroa de um pré-molar inferior não erupcionado. A distinção entre um cisto dentígero e um folículo aumentado para uma lesão desse tamanho através da radiografia, e mesmo da histopatologia, é difícil, se não impossível. É difícil a distinção radiográfica entre um pequeno cisto dentígero e um folículo coronário aumentado que está sobre a coroa de um dente incluso, o que se transforma, na maioria dos casos, somente em um exercício acadêmico. Para a lesão ser considerada como um cisto dentígero, alguns investigadores acreditam que o espaço radiolúcido que envolve a coroa do dente deve ser de aproximadamente 3 a 4 mm de diâmetro. Características histopatológicas as características variam dependendo se o cisto está inflamado ou não, uma vez que mesmo sendo cisto de desenvolvimento, pode haver inflamação, sendo um processo secundário. Cisto dentígero não inflamado: a cápsula de tecido conjuntivo fibroso está arranjada frouxamente e contém considerável substância fundamental amorfa composta por glicosaminoglicanos. o revestimento epitelial consiste em duas a quatro camadas de células achatadas não ceratinizadas, e a interface entre o epitélio e o tecido conjuntivo é plana. OBS: Pequenas ilhas e cordões de restos epiteliais odontogênicos de aspecto inativo podem estar presentes na cápsula fibrosa. Ocasionalmente, esses restos podem ser numerosos e, algumas vezes, os patologistas que não são familiarizados com as lesões da boca interpretam erroneamente esse achado como um ameloblastoma. Esse cisto dentígero não inflamado mostra um revestimento epitelial delgado, não ceratinizado. Cisto dentígero inflamado: é razoavelmente comum. a cápsula fibrosa é mais colagenizada, com um infiltrado inflamatório crônico variável. o revestimento epitelial pode mostrar quantidades variáveis de hiperplasia com o desenvolvimento de cristas epiteliais e características escamosas mais definidas. OBS: Uma superfície ceratinizada pode ser observada em algumas ocasiões, mas essas alterações devem ser diferenciadas daquelas observadas no ceratocisto odontogênico. Áreas focais de células mucosas podem ser encontradas no revestimento epitelial dos cistos dentígeros. Raramente, células colunares ciliadas estão presentes. Pequenos ninhos de células sebáceas podem ser notados raramente dentro da parede cística. Acredita-se que esses elementos mucosos, ciliados e sebáceos representem a multipotencialidade do revestimento epitelial odontogênico em um cisto dentígero. Esse cisto dentígero inflamado mostra um revestimento epitelial mais espesso, com cristas epiteliais hiperplásicas. A cápsula fibrosa do cisto mostra um infiltrado inflamatório crônico difuso. Tratamento e prognóstico o tratamento usual é a cuidadosa enucleação do cisto juntamente com a remoção do dente não erupcionado. e a erupção do dente envolvido for considerada possível, então o dente pode ser deixado em seu local após a remoção parcial da cápsula cística. pode ser que os pacientes necessitem de tratamento ortodôntico para auxiliar a erupção. grandes cistos dentígeros também podem ser tratados por meio de marsupialização, que permite a descompressão do cisto, com resultante redução no tamanho do defeito ósseo. O cisto pode então ser excisado em um momento posterior, com um procedimento cirúrgico menos extenso. o prognóstico para a maioria dos cistos dentígeros é excelente, e raramente nota-se recidiva após a remoção completa do cisto. Cisto de erupção ou hematoma de erupação. é o análogo, nos tecidos moles, do cisto dentígero. é uma lesão extraóssea localizada entre o epitélio reduzido do órgão do esmalte e uma coroa de um dente em erupção., o cisto se desenvolve como resultado da separação do folículo dentário da coroa de um dente em erupção que já está posicionado nos tecidos moles que recobrem o osso alveolar. provavelmente, os cistos se desenvolveram devido a uma deposição de colágeno no tecido conjuntivo gengival, o que resultou em um teto pericoronário mais espesso e menos penetrável, o que dificulta a erupção do dente. Características clínicas surge como um aumento de volume de consistência mole, frequentemente translúcido, na mucosa gengival que recobre a coroa de um dente decíduo ou permanente em erupção. a maioria dos exemplos é observada em crianças com menos de 10 anos de idade. apesar de esse cisto poder ocorrer em qualquer dente em erupção, a lesão é mais comumente associada a incisivos centrais decíduos inferiores, a primeiros molares permanentes e a incisivos decíduos superiores. o trauma em sua superfície pode resultar em uma quantidade considerável de sangue no fluido cístico, o que concede uma cor azul a marromarroxeada ao cisto. Essas lesões algumas vezes são denominadas de hematoma de erupção. Esse aumento de volume gengival de consistência mole contém considerável quantidade de sangue e pode também ser designado como um hematoma de erupção. Características histopatológicas Cistos de erupção intactos raramente são enviados para o laboratório de patologia oral e maxilofacial e a maioria dos exemplos consiste no teto cístico que foi excisado para facilitar a erupção do dente. Eles exibem o epitélio oral de superfície na porção superior. A lâmina própria subjacente mostra infiltrado inflamatório variável (evento secundário). A porção profunda do espécime, que representa o teto do cisto, mostra uma fina camada de epitélio escamoso não ceratinizado. Uma cavidade cística revestida por epitélio pode ser observada logo abaixo da mucosa de superfície. Tratamento e prognóstico Pode não haver necessidade de tratamento porque o cisto geralmente se rompe espontaneamente, permitindo a erupção do dente. Se isso não acontecer, então a simples excisão do teto do cisto geralmente permite a rápida erupção do dente. Ceratocisto odontogênico O ceratocisto odontogênico é uma forma diferente de cisto odontogênico do desenvolvimento que merece consideração especial devido às suas características histopatológicas e comportamento clínico específicos. Contexto histórico Hauer (1926) e Kostecka (1929): acreditava-se que sua origem estava na degeneração cística do epitélio do órgão do esmalte, ocorrendo no lugar de um dente, sendo assim chamada de cisto primordial. Philipsem (1956): foi introduzido o termo ceratocisto odontogênico para um grupo de cistos com características histopatológicas e comportamentos clínicos específicos. Acreditava-se surgir da lâmina dental, nos primórdios da odontogênese, assim, não necessariamente ocuparia o lugar de um dente. Esse conceito foi amplamente utilizado e os termos ceratocisto odontogenico e cisto primordial foram usados como sinônimos durante muito tempo. OMS (1972): recomendou-se o termo cisto primordial como termo preferencial para essa lesão. OMS (1992): após análise de que esses cistos não necessariamente substituiria um elemento dentário, passou-se a designar essa lesão como ceratocisto odontogênico. OMS (2005): após a analise de diversos casos clínicos, observou-se que essas lesões são bastante agressivas, com comportamento clínico semelhante às lesões tumorais, essas lesões foram denominadas de “tumor odontogênico ceratocístico”. Já as lesões menos agressivas passaram a ser chamadas de cistos odontogênicos ortoceratinizados OMS (2017): nessa classificação o ceratocisto retorna a categoria de lesões císticas, e passa a ser chamado novamente de ceratocisto odontogênico. Características clinica Apresenta diversas formas: envolvendo o dente, colateralmente as raízes dentárias, no lugar de um elemento dentário, e também na região posterior da mandíbula. podem ser encontrados em pacientes com idade variável, desde a infância até a velhice, mas cerca de 60% de todos os casos são diagnosticados em pessoas entre 10 e 40 anos. há uma leve preferência por homens. a mandíbula é acometida em 60% a 80% dos casos, com uma marcante tendência para o envolvimento do corpo posterior, ângulo e ramo da mandíbula. quando pequenos., geralmente são assintomáticos (a menos que ocorra secundariamente uma inflamação) e descobertos somente durante o curso de um exame radiográfico. quando em grandes dimensões, podem estar associados a dor, edema, tumefação e drenagem. Contudo, podem ser assintomáticos. tendem a crescer em uma direção ântero- posterior, dentro da cavidade medular do osso, sem causar expansão óssea óbvia. Essa característica pode ser útil para o diagnóstico diferencial clínico e radiográfico, pois os cistos dentígeros e radiculares de tamanho comparável geralmente estão associados à expansão óssea. Múltiplos ceratocistos odontogênicos podem estar presentes e tais pacientes devem ser avaliados, principalmente se estiverem na 2° ou 3° década de vida, em busca de outras manifestações da Síndrome do Carcinoma Nevoide Basocelular (Gorlin). Tais como: Carcinoma basocelular múltiplos, Ceratocistos odontogênicos, Foice do cérebro calcificada, Espinha bífica oculta das vertebras cervicais ou torácicas, entre outras manifestações desta síndrome. Características radiográficas exibem uma área radiolúcida, com margens escleróticas frequentemente bem definidas. lesões grandes, particularmente no corpo posterior e no ramo da mandíbula, podem se apresentar multiloculadas. a reabsorção das raízes dos dentes erupcionados adjacentes aos ceratocistos odontogênicos é menos comum do que a notada com os cistos dentígero e radicular. Grande cisto multilocular envolvendo a maior parte do ramo da mandíbula os cistos que envolvem extensas áreas da mandíbula podem deslocar o canal alveolar inferior, causar reabsorção da cortical óssea, bem como a perfuração destas corticais. Características histopatológicas exibe tipicamente uma cápsula delgada, friável, que muitas vezes provoca dificuldades em ser enucleada do osso em um único pedaço, devido às fragmentações. o lúmen cístico pode conter um líquido claro semelhante a transudato seroso ou pode estar preenchido por um material caseoso que, ao exame microscópico, consiste de restos em ceratinócitos. microscopicamente, a delgada parede fibrosa é essencialmente desprovida de qualquer infiltrado inflamatório. o revestimento epitelial é composto por uma camada uniforme de epitélio escamoso estratificado, geralmente com seis a oito células de espessura. O epitélio e a interface com o tecido conjuntivo geralmente são planos, e a formação de cristas epiteliais é inconspícua. destacamento de porções do revestimento epitelial da cápsula fibrosa do cisto pode ser comumente observado. a superfície luminal exibe células epiteliais paraceratóticas achatadas, que exibem um aspecto ondulado ou corrugado. a camada basal epitelial é composta por uma camada em paliçada de células epiteliais coloidais ou colunares, que frequentemente são hipercromáticas. pequenos cistos, cordões ou ilhas satélites de epitélio odontogênico podem ser observados na cápsula fibrosa. em raras ocasiões, foi observada cartilagem na parede de um ceratocisto odontogênico. O revestimento epitelial apresenta espessura de 6 a 8 células, com uma camada de células basais hipercromáticas e em paliçada. Note a superfície paraceratinizada corrugada. Na presença de alteraçõesinflamatórias, as características típicas do ceratocisto odontogênico podem exibir alterações. A superfície luminal paraceratinizada pode desaparecer e o epitélio pode proliferar formando cristas epiteliais com perda da característica em paliçada da camada basal (Fig. 15-18). Quando essas alterações envolvem a maioria do revestimento cístico, o diagnóstico de ceratocisto odontogênico não pode ser confirmado, a menos que outros cortes mostrem as típicas características descritas previamente Tratamento e prognóstico apesar de poder haver suspeita da presença de um ceratocisto odontogênico a partir dos exames clínicos e radiográficos, a confirmação histopatológica é requerida para o diagnóstico definitivo. a maioria dos ceratocistos odontogênicos é tratada de forma similar a outros cistos odontogênicos, ou seja, através de enucleação e curetagem. a remoção completa de um cisto em uma única peça frequentemente é difícil devido à natureza delgada e friável de sua parede cística. em contraste com outros cistos odontogênicos, os ceratocistos odontogênicos com frequência tendem a recorrer após o tratamento. Ainda não se pode determinar com certeza se isso se deve a fragmentos do cisto original que não foram removidos no momento da cirurgia, ou a “novos” cistos que se desenvolveram a partir de restos da lâmina dental na área geral do cisto original. a frequência descrita para a recidiva em vários estudos varia de 5% a 62%. Muitos recorrerem dentro do período de 5 anos após a cirurgia inicial. O acompanhamento clínico e radiográfico a longo prazo é, portanto, necessário. exceto pela tendência á recidivas, o prognóstico geral é bom. após cistectomia e biópsia incisional, alguns cirurgiões têm tratado grandes ceratocistos odontogênicos através da inserção de um dreno de polietileno para permitir a descompressão e a subsequente redução do tamanho da cavidade cística. Esse tratamento descompressivo resulta em espessamento do revestimento cístico, permitindo uma remoção mais fácil, com uma taxa de recidiva aparentemente mais baixa. Descompressão de um ceratocisto odontogênico. A, Grande imagem radiolúcida unilocular associada ao terceiro molar inferior direito. B, Seis meses após a inserção de um tubo de drenagem de polietileno para permitir a descompressão, o cisto diminuiu e o terceiro molar migrou para baixo e para frente. Cisto odontogênico ortoceratinizado A designação cisto odontogênico ortoceratinizado não denota um tipo clínico específico de cisto odontogênico, mas apenas se refere a um cisto odontogênico que microscopicamente apresenta um revestimento epitelial ortoceratinizado. Apesar de essas lesões terem sido originalmente denominadas como a variante ortoceratinizada do ceratocisto odontogênico, é aceito, de forma geral, que eles são clinicopatologicamente diferentes do ceratocisto odontogênico paraceratinizado, que é mais comum, e devem ser colocados em uma categoria diferente. Devido a discrepâncias quanto à sua classificação, estudos epidemiológicos não são precisos. No entanto, achados mais recentes, indicam que os cistos odontogênicos ortoceratinizados representam de 7% a 17% de todos os cistos ceratinizantes dos ossos gnáticos. Não apresenta uma etiologia conhecida. Os remanescentes da lâmina dentária aparecem como a fonte epitelial mais aceita, uma vez que a região posterior da mandíbula (local frequentemente acometido) é a que possui maior atividade e trajeto mais tortuoso, originando em sua desintegração e uma grande atividade de ilhas e restos epiteliais, os quais futuram podem originar as lesões císticas, como o cisto odontogênico ortoceratinizado. Características clinicas e radiológicas ocorrem predominantemente em adultos jovens, homens e leucoderma. apresenta pouca agressividade e baixo potencial de crescimento. duas vezes mais frequentemente na mandíbula do que na maxila, com uma tendência a envolver as regiões posteriores dos ossos gnáticos. não apresentam características clínicas ou radiográficas que os diferenciem de outros cistos odontogênicos inflamatórios ou do desenvolvimento. a lesão usualmente surge como uma imagem radiolúcida unilocular, mas ocasionais exemplos se apresentam multiloculados. cerca de dois terços dos cistos odontogênicos ortoceratinizados são encontrados em uma lesão que parece representar clínica e radiograficamente um cisto dentígero; eles envolvem mais frequentemente um terceiro molar inferior não erupcionado. o tamanho pode variar de menos de 1cm até grandes lesões, maiores do que 7cm de diâmetro. Imagem radiolúcida pequena e unilocular associada ao terceiro molar inferior esquerdo impactado. Um grande cisto envolvendo um terceiro molar inferior impactado horizontalmente. Características histopatológicas o revestimento cístico é composto por epitélio escamoso estratificado, que mostra uma superfície ortoceratinizada de espessura variada. os grânulos de cerato-hialina podem ser proeminentes na camada superficial do epitélio subjacente à ortoceratina. o revestimento epitelial pode ser relativamente delgado, e uma camada basal em paliçada proeminente, característica do ceratocisto odontogênico, não está presente Características microscópicas exibindo um delgado revestimento epitelial. A camada basal do epitélio não demonstra a paliçada. Os grânulos de cerato-hialina estão presentes e uma espessa camada de ortoceratina pode ser vista na superfície luminal. Tratamento e prognóstico a enucleação seguida de curetagem é o tratamento usual. as recidivas raramente têm sido observadas, e a frequência relatada está em torno de 2%, o que contrasta marcadamente com a taxa de recidiva de 30% ou mais associada aos ceratocistos odontogênicos. não estão associados à Síndrome do Carcinoma Nevoide Basocelular. Cisto gengival do recém-nascido também chamado de cisto alveolar; cisto da lâmina dura. são lesões assintomáticas e comum, sendo descrito que 80% dos recém-nascidos apresentam. tem sua origem a partir da proliferação de remanescentes da lâmina dentária, denominados restos de Serres, provenientes do processo involutivo (degeneração e lise) da lâmina dentária. Alguns remanescentes epiteliais têm a capacidade de proliferar, queratinizar e formar pequenos cistos. geralmente até os 3 meses de idade desaparecem espontaneamente através de sua ruptura dentro da cavidade oral, sendo assim, as lesões raramente são notadas ou examinadas por biópsia. surgem como pequenas pápulas esbranquiçadas, geralmente múltiplas, na mucosa que recobre o processo alveolar dos neonatos. os cistos individualmente, em geral, medem não mais do que 2 a 3 mm de diâmetro. o rebordo alveolar superior é mais comumente acometido do que o inferior. Múltiplas pápulas esbranquiçadas na crista alveolar de uma criança recém-nascida O exame de um cisto gengival intacto do recém- nascido exibe um revestimento epitelial delgado e achatado, com uma superfície luminal paraceratótica. O lúmen contém fragmentos de ceratina e, freqüentemente, contém células inflamatórias. não há indicação de nenhuma terapêutica específica para o tratamento dos cistos gengivais. Nódulos de Bohn e Pérolas de Epstein Cistos de inclusão similares (p. ex., pérolas de Epstein ou os nódulos de Bohn) são encontrados na linha média palatina ou lateralmente nos palatos duro e mole, além disso, são pequenas pápulas assintomáticas de coloração brancas ou brancas amareladas, ou ainda acinzentadas. Podem desaparecer na fase intrauterina. existe uma certa confusão entre os Nódulos de Bohn e Pérolas de Epstein em relação ao Cisto da Lâmina Dentária. as Pérolas de Epstein são nódulos císticos que ocorrem ao longo da rafe palatina mediana, e, não são de origem odontogênica (procedemdos remanescentes epiteliais aprisionados na rafe palatina mediana). Quando os processos palatinos se encontram e se fusionam na linha média, durante a vida embrionária para formar o palato secundário, pequenas ilhas epiteliais podem ficar aprisionadas por baixo da superfície tecidual ao longo da rafe palatina e futuramente originar essas lesões. já os Nódulos de Bohn, encontram-se na fase vestibular e lingual do rebordo alveolar e no palato, têm como origem remanescentes de epitélio glândulas (glândulas mucosas). Ocorrem discrepâncias literárias quanto a sua nomenclatura e localização. não requerem tratamento, geralmente regridem antes de completar semanas de vida. Provavelmente o epitélio degenera ou o cisto se rompe para a superfície e elimina a ceratina contida no seu interior. Cisto gengival do adulto é uma lesão extraóssea incomum. considera-se que represente a contraparte em tecidos moles do cisto periodontal lateral (próximo tópico), sendo derivado de restos da lâmina dental (restos de Serres). o diagnóstico do cisto gengival do adulto deveria ser restringido a lesões com as mesmas características histopatológicas que as do cisto periodontal lateral. Características clínicas em raras ocasiões, um cisto pode se desenvolver na gengiva, no local de um enxerto gengival; contudo, tais lesões provavelmente representam cistos de inclusão epitelial, que são uma consequência do procedimento cirúrgico. mostra uma predileção marcante para ocorrência na região de canino e pré-molares inferiores (60% a 75% dos casos). são mais comumente encontrados em pacientes na quinta e sexta décadas de vida. estão, quase que invariavelmente, localizados na gengiva vestibular ou na mucosa alveolar. Os cistos gengivais da maxila geralmente são encontrados nas regiões de incisivo, caninos e pré-molares. clinicamente, os cistos aparecem como um nódulo indolor, em forma de cúpula (preenchida por fluido), em geral com menos de 0,5 cm de diâmetro, apesar de raramente poderem apresentar tamanho maior. frequentemente são azulados ou cinza-azulados. em alguns casos, o cisto pode causar uma “reabsorção em taça” superficial do osso alveolar, o que geralmente não se detecta na radiografia, mas se torna aparente quando o cisto é excisado. se houver ausência de maior quantidade de osso, pode-se argumentar que a lesão pode ser um cisto periodontal lateral que erodiu a cortical óssea, em vez de um cisto gengival que se originou na mucosa. Tumefação retesada, preenchida por fluido, na gengiva vestibular responde bem à simples excisão cirúrgica. O prognóstico é excelente. Características histopatológicas consistindo em um revestimento epitelial delgado, achatado, não queratinizado, com ou sem placas focais que contêm células claras. pequenos agrupamentos (ninhos) de células epiteliais claras ricas em glicogênio, que representam restos de lâmina dental, também podem ser observados no tecido conjuntivo circunjacente, formando placas focais. algumas vezes, o revestimento cístico é tão delgado que é facilmente confundido com o revestimento endotelial de vasos sanguíneos dilatados. Fotomicrografia de pequeno aumento mostrando um cisto de paredes delgadas nos tecidos moles gengivais. Fotomicrografia de grande aumento mostrando um espessamento do revestimento epitelial semelhante à placa. Cisto periodontal lateral também chamado de Cisto odontogênico botrioide. Embora haja pouca dúvida de que os cistos periodontais laterais sejam de origem odontogênica, existem controvérsias sobre o epitélio odontogênico do qual eles surgem. Três são as mais prováveis possibilidades da origem dos cistos : 1) epitélio reduzido do esmalte, 2) remanescentes da lâmina dental e 3) restos de Malassez. Com relação a segunda hipótese, o cisto periodontal lateral e o cisto gengival do adulto teriam a mesma descendência: seriam originários do epitélio reduzido do esmalte, somente que, no cisto periodontal lateral, isto ocorreria antes da erupção do dente, enquanto que no cisto gengival do adulto, após a erupção do dente. é um tipo incomum de cisto odontogênico do desenvolvimento que ocorre tipicamente ao longo da superfície radicular lateral de um dente. é responsável por menos de 2% de todos os cistos dos ossos gnáticos revestidos por epitélio. acredita-se que surja dos restos da lâmina dental (folículo pericoronário) e represente a contraparte intra-óssea do cisto gengival do adulto. Características clínicas e radiográficas é mais frequentemente uma lesão assintomática que somente é detectada durante um exame radiográfico. ocorre com maior frequência em pacientes da quinta à sétima décadas de vida, raramente ocorrendo em pessoas com menos de 30 anos de idade. cerca de 75% a 80% dos casos ocorre na região de prémolares, canino e incisivo lateral inferiores. radiograficamente, aparece como uma área radiolúcida arredondada ou ovoide, bem definida por uma margem esclerosada, localizada lateralmente à raiz ou raízes de dentes com vitalidades. a maioria desses cistos possui menos de 1,0cm em seu maior diâmetro. as características radiográficas não são suficientes para fechar o diagnóstico; um ceratocisto odontogênico que se desenvolve entre as raízes de dentes adjacentes pode exibir achados radiográficos idênticos. A: Uma lesão maior provocando o afastamento das raízes. B: Lesão radiolúcida entre as raízes de um canino e de um primeiro pré-molar inferiores com vitalidade. Características histopatológicas semelhante ao Cisto Gengival do Adulto. apresenta uma cápsula fibrosa delgada, geralmente sem inflamação, com um revestimento epitelial que possui, em sua maior parte, apenas de uma a três camadas de espessura. esse epitélio geralmente consiste em células escamosas achatadas, mas algumas vezes as células são cuboides. focos de células claras ricas em glicogênio podem estar espalhados entre as células do revestimento epitelial. alguns cistos apresentam espessamentos nodulares focais do epitélio de revestimento, que são compostos principalmente por células claras. Cisto Gengival do Adulto x Cisto Periodontal Lateral As duas lesões apresentam características histológicas muito semelhantes. De uma forma geral, elas apresentam um revestimento epitelial com poucas camadas de células, sem projeções e com focos de espessamento (placas) para o interior do lúmen. Este espessamento ou placa epitelial presente nas duas lesões, é que levam alguns autores a concluírem que os dois cistos se originam do mesmo epitélio. As células da placa às vezes são fusiformes, grandes e claras, ricas em glicogênio, com um aspecto de edema intracelular, além de apresentarem o núcleo pequeno e picnótico. A cápsula do cisto pode exibir uma zona de hialinização, focos de calcificação e restos de lâmina dentária. Tratamento e prognóstico a enucleação conservadora do cisto periodontal lateral é o tratamento de escolha. Geralmente, isso pode ser atingido sem dano aos dentes adjacentes. a recidiva não é comum, apesar de ter sido relatada na variante botrioide, presumidamente devido a sua natureza policística. Ocasionalmente, a lesão pode apresentar um aspecto policístico; tais exemplos foram denominados cistos odontogênicos botrioides. Macro e microscopicamente, exibem um aspecto de cachos de uva devido aos pequenos cistos. Geralmente consideram-se tais lesões como representantes de uma variante do cisto periodontal lateral, possivelmente surgindo como resultado de degeneração cística e subsequente fusão de focos adjacentes de restos da lâmina dental. A variante botrioide com frequência mostra um aspecto radiográfico multilocular, mas também pode se mostrar unilocular. Espécime macroscópico de uma variante botrioide.Microscopicamente, esse agregado em forma de cacho de uva revelou três cavidades separadas.
Compartilhar