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Letícia Kariny Teles Deusdará / Odontologia UFPE CISTOS DE DESENVOLVIMENTO Cisto: Cavidade patológica (muitas vezes preenchida por líquido) revestida por epitélio. Se desenvolvem na região oral e maxilofacial, tendem a aumentar lentamente, possivelmente em resposta ao aumento da pressão hidrostática luminal. Cistos “fissurais”: Origem a partir do epitélio aprisionado ao longo das linhas de fusão dos processos embrionários. CISTOS PALATINOS DO RECÉM-NASCIDO: PÉROLAS DE EPSTEIN / NÓDULOS DE BOHN Mais comuns próximos à linha média da junção entre o palato duro e mole 65% a 85% dos neonatos Cistos de “inclusão” podem originar-se de duas maneiras: ➔ Quando os processos palatinos se encontram e se fusionam na linha média para formar o palato secundário, pequenas ilhas epiteliais podem ficar aprisionadas por baixo da superfície tecidual ao longo da rafe palatina e formar cistos. ➔ Surgimento a partir de remanescentes epiteliais oriundos do desenvolvimento de glândulas salivares menores do palato. PÉROLAS DE EPSTEIN: Ao longo da rafe palatina mediana. Provavelmente surgem de epitélio aprisionado ao longo da linha de fusão. NÓDULOS DE BOHN: Espalhados pelo palato duro, muitas vezes próximo à junção entre os palatos. Possivelmente derivados de glândulas salivares menores. CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS: Pequenos (1-3 mm), forma de pápulas brancas ou branco-amareladas. Preferencialmente ao longo da linha média, na junção do palato duro e mole. Podem ocorrer anteriormente, ao longo da rafe ou posteriormente, lateral à linha média. Grupo 2-6 cistos. Podem ocorrer isoladamente. CARACTERÍSTICAS HISTOPATOLÓGICAS: Cistos preenchidos por ceratina, revestidos por epitélio escamoso estratificado. Podem mostrar uma comunicação com a superfície mucosa. TRATAMENTO E PROGNÓSTICO: Lesões inócuas, nenhum tratamento é necessário. Sofrem regressão espontânea. O epitélio degenera, ou o cisto se rompe para a superfície mucosa e elimina a ceratina contida. Letícia Kariny Teles Deusdará / Odontologia UFPE CISTO NASOLABIAL: CISTO NASOALVEOLAR / CISTO DE KLESTADT CISTO NASOLABIAL: Raro; ocorre no lábio superior, lateral à linha média. Teorias da patogênese: ➔ Cisto “fissural” originado de remanescentes epiteliais aprisionados ao longo da linha de fusão do processo maxilar, processo nasal mediano e processo nasal lateral. ➔ Desenvolvem-se pela deposição ectópica do epitélio do ducto nasolacrimal (localização e aspecto histológico semelhantes). CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS: Aumento de volume do lábio superior lateral à linha média. Resulta na elevação da asa do nariz. Pode elevar a mucosa do vestíbulo nasal e causar apagamento do fundo de vestíbulo. Pode resultar em obstrução nasal ou interferir na utilização de uma prótese. Pode se romper espontaneamente e drenar para a cavidade oral ou nasal. Mais frequentes em adultos; pico de prevalência na 4-5 décadas de vida. Predileção pelo gênero feminino (relação M-H de 3:1). Apx 10% dos casos relatados são bilaterais. CARACTERÍSTICAS RADIOGRÁFICAS: Origina-se nos tecidos moles, na maioria dos casos não há alterações radiográficas. Pode ocorrer reabsorção do osso subjacente pela pressão exercida pelo cisto. CARACTERÍSTICAS HISTOPATOLÓGICAS: Revestido por epitélio colunar pseudoestratificado, exibindo muitas vezes células caliciformes e ciliadas. A parede do cisto é composta de tecido conjuntivo fibroso com tecido muscular esquelético adjacente. Áreas de epitélio cúbico, metaplasia escamosa e alterações apócrinas não são raras. TRATAMENTO E PROGNÓSTICO: Remoção cirúrgica total por acesso intraoral. Lesão geralmente próxima ao soalho nasal, muitas vezes é necessário retirar uma parte da mucosa nasal para garantir sua remoção completa. Recidiva rara. Abordagem alternativa via cavidade nasal permite a marsupialização endoscópica da lesão. “CISTO GLOBULOMAXILAR” Lesão radiolúcida de origem odontogênica entre o incisivo lateral e canino superior. Considerado um cisto fissural que se originava de epitélio aprisionado durante a fusão da porção globular do processo nasal mediano com o processo maxilar. Letícia Kariny Teles Deusdará / Odontologia UFPE Conceito questionado: A porção globular do processo nasal mediano está primariamente unida ao processo maxilar, e não ocorre fusão, não ocorrendo aprisionamento epitelial durante o desenvolvimento embrionário desta região. ➔ Muitos são revestidos por epitélio escamoso estratificado com inflamação, considerados cistos periapicais. ➔ Alguns exibem características histopatológicas específicas de um ceratocisto odontogênico ou de um cisto periodontal lateral. ➔ Algumas destas lesões podem surgir de uma inflamação do epitélio reduzido do esmalte na erupção dos dentes. ➔ Raramente, cistos da região globulomaxilar podem ser revestidos por epitélio colunar, pseudoestratificado ciliado - explicado pela proximidade com o revestimento do seio maxilar. CISTO DO DUCTO NASOPALATINO / CISTO DO CANAL INCISIVO Cisto não odontogênico mais comum da cavidade oral Possível origem a partir de remanescentes do ducto nasopalatino, estrutura embrionária que liga a cavidade nasal e oral na região do canal incisivo. Processos palatinos crescem horizontalmente (7-8 semana), fusionando-se com o septo nasal na linha média e com o palato primário ao longo da sua superfície anterior. 2 trajetos persistem entre o palato primário e o secundário: Canais incisivos e os ductos nasopalatinos são estruturas epiteliais que encontram-se dentro dos canais incisivos. CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS: Mais comum na 4-6 décadas de vida. Mais presente no sexo masculino. ➔ Tumefação da região anterior do palato, drenagem e dor. Muitas lesões são assintomáticas, sendo identificadas em radiografias de rotina. ➔ Raramente, um cisto grande pode produzir uma expansão “completamente” flutuante, envolvendo a região anterior do palato e mucosa alveolar. CARACTERÍSTICAS RADIOGRÁFICAS: Lesão radiolúcida bem-circunscrita próxima ou na linha média da região anterior de maxila, entre os ápices dos incisivos centrais. Reabsorção radicular raramente notada. Diâmetro radiográfico pode variar de lesões pequenas, menores que 6 mm, a lesões grandes destrutivas com mais de 6 cm. Letícia Kariny Teles Deusdará / Odontologia UFPE ➔ Lesão redonda ou oval, com margem esclerótica. ➔ Formato de pêra invertida possivelmente devido à resistência das raízes dos dentes adjacentes. ➔ Formato de coração pela sobreposição da espinha nasal ou chanframento causado pelo septo nasal. OBS: CISTOS DA PAPILA INCISIVA Cisto do ducto nasopalatino que se desenvolve nos tecidos moles da papila incisiva sem qualquer envolvimento ósseo. Usualmente exibe uma coloração azulada devido ao conteúdo líquido na luz do cisto. CARACTERÍSTICAS HISTOPATOLÓGICAS: Epitélio de revestimento dos cistos do ducto nasopalatino é variável: ➔ Epitélio escamoso estratificado ➔ Epitélio colunar pseudoestratificado ➔ Epitélio colunar simples ➔ Epitélio cúbico simples Os que se desenvolvem mais superiormente no canal, próximos à cavidade nasal, tendem a apresentar epitélio respiratório. Aqueles localizados próximos à cavidade oral geralmente exibem epitélio escamoso. ➔ Já que o cisto do ducto nasopalatino se origina do canal incisivo, nervos de tamanho moderado, artérias musculares pequenas e veias são frequentemente encontrados em sua parede. Letícia Kariny Teles Deusdará / Odontologia UFPE ➔ Frequentemente é notada na parede cística uma resposta inflamatória de natureza crônica, composta por linfócitos, plasmócitos e histiócitos. Às vezes, células inflamatórias agudas (neutrófilos) podem ser observadas. TRATAMENTO E PROGNÓSTICO: Enucleação cirúrgica com um retalho palatino rebatido após incisão ao longo da margem gengival lingual dos dentes anteriores superiores. Recidiva rara. Biópsia recomendada - lesão não diagnosticada por radiografia e existem outras lesões benignas e malignas semelhantes ao cisto do ducto nasopalatino. CISTO PALATINO (PALATAL) MEDIANO Cisto fissural raro, a partir do epitélio retido ao longo dalinha de fusão embrionária dos processos palatinos laterais da maxila. Pode representar cistos do ducto nasopalatino de localização posterior. ➔ Área radiolúcida na linha média sem evidência clínica de expansão é provavelmente um cisto do ducto nasopalatino. CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS: Tumefação firme ou flutuante na linha média do palato duro, posterior à papila incisiva. Aparece mais em adultos jovens. Muitas vezes, a lesão é assintomática, porém alguns pacientes queixam-se de dor ou expansão. Tamanho médio de 2x2 cm. CARACTERÍSTICAS RADIOGRÁFICAS: Radiografias oclusais revelam uma lesão radiolúcida bem circunscrita na linha média do palato duro, apicalmente aos incisivos centrais superiores. OBS: Diferenciação do cisto palatal mediano de outras lesões císticas da maxila ➔ Aparência grosseiramente simétrica ao longo da linha média do palato duro. ➔ Posterior à papila palatina. ➔ Formato circular ou ovóide na radiografia. ➔ Sem associação íntima de um dente não vital. ➔ Sem comunicação com canal incisivo. ➔ Sem evidências microscópicas de feixes neurovasculares, cartilagem hialina, ou glândulas salivares menores na parede cística. CARACTERÍSTICAS HISTOPATOLÓGICAS: Revestido por epitélio escamoso estratificado. Em alguns casos, áreas de epitélio colunar pseudoestratificado podem ser observadas. Inflamação crônica pode estar presente na parede do cisto. TRATAMENTO E PROGNÓSTICO: Remoção cirúrgica sem recidiva. “CISTO MANDIBULAR MEDIANO” Lesão controversa de existência questionável. Letícia Kariny Teles Deusdará / Odontologia UFPE Teoricamente representa um cisto fissural na linha média anterior da mandíbula, que se desenvolve de epitélio aprisionado durante a fusão das metades da mandíbula, na vida intrauterina. Na realidade, a mandíbula se desenvolve como uma proliferação mesenquimal bilobulada única com istmo central na linha média, eliminado conforme a mandíbula cresce. Portanto, não acontece fusão de processos limitados por epitélio e não é possível ocorrer retenção epitelial. Metaplasia pode ocorrer eventualmente em cistos odontogênicos. A maioria dos cistos da linha média da mandíbula é de origem odontogênica. CISTOS FOLICULARES DA PELE Lesões com ceratina no seu interior. Surgem de uma ou mais porções do folículo piloso após uma inflamação localizada. Provavelmente são uma proliferação não neoplásica do epitélio infundibular resultante do processo de cicatrização. Cisto epidermóide / infundibular: Tipo mais frequente; derivado do infundíbulo folicular. Cistos epidérmicos de inclusão (implantações epidérmicas): Cistos cutâneos preenchidos por ceratina podem surgir após a implantação traumática de epitélio. CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS: Cistos epidermoides (infundibulares) - 80% dos cistos foliculares cutâneos; mais comuns em áreas propensas ao desenvolvimento de acne na cabeça, pescoço e costas. São raros antes da puberdade, exceto quando estão associados à síndrome de Gardner. ➔ Lesões nodulares subcutâneas flutuantes podem estar ou não associadas à inflamação. Se uma lesão não inflamada se localiza em área de pele delgada, como o lóbulo da orelha, pode ser branca ou amarela. Cisto triquilemal, pilar ou cisto do istmo catagênico: 10% a 15% dos cistos cutâneos. Ocorre preferencialmente no couro cabeludo. 2x mais comuns em mulheres. Em geral, a lesão é móvel e se destaca facilmente. Letícia Kariny Teles Deusdará / Odontologia UFPE CARACTERÍSTICAS HISTOPATOLÓGICAS: Cisto epidermóide: Cavidade revestida por epitélio escamoso estratificado lembrando a epiderme. Camada granulosa bem desenvolvida e a luz preenchida por ortoceratina degenerada. Cisto pilar: Revestido por epitélio escamoso estratificado. Camada granulosa muito diminuída ou ausente. Ceratinócitos grandes nas camadas superiores do epitélio com transição abrupta para a ceratina densa e compacta que preenche a luz do cisto. TRATAMENTO E PROGNÓSTICO: Cisto epidermóide e o cisto pilar são tratados por excisão cirúrgica conservadora. Recidiva é incomum. Transformação maligna é raríssima. CISTO DERMOIDE Cisto dermóide: Revestido por epitélio semelhante à epiderme, e na parede contém anexos cutâneos. Não contém tecido dos três folhetos germinativos. Mais simples na estrutura que teratomas complexos ou cistos teratóides. Cisto epidermóide: Considerado uma forma cística benigna do teratoma. Cistos revestidos por epitélio idêntico à epiderme, porém anexos cutâneos não observados na parede do cisto. OBS: TERATOMA VERDADEIRO é um tumor do desenvolvimento que origina-se de células germinativas ou blastômeros totipotentes retidos, que podem produzir derivados das 3 camadas germinativas (ecto, meso e endoderma). Produzem vários tipos de tecido, dispostos de maneira desorganizada. Letícia Kariny Teles Deusdará / Odontologia UFPE ➔ Ocasionalmente, teratomas ovarianos ("dermóides") produzem dentes bem formados, ou até, maxilares parcialmente formados. ➔ Teratomas complexos da cavidade oral são raros, de natureza congênita. Geralmente se estendem através de uma fenda palatina até a hipófise através da bolsa de Rathke. Cisto teratoide: Forma cística de teratoma que contém uma variedade de derivados dos folhetos germinativos: 1. Anexos cutâneos (folículos pilosos, glândulas sebáceas e glândulas sudoríparas). 2. Elementos do tecido conjuntivo (músculo, vasos sanguíneos e osso). 3. Estruturas endodérmicas (revestimento gastrointestinal). Cistos gastrointestinais orais heterotópicos (enterocistomas, cistos de duplicação entérica): Cistos orais revestidos completamente pelo epitélio gastrointestinal. Condição rara. Coristomas ou tecido histologicamente normal encontrado em uma localização ectópica. CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS: Cistos dermóides ocorrem mais na linha média do soalho bucal. Na cavidade oral, variam de poucos mm até 12 cm de diâmetro. Mais frequente em crianças e adultos jovens. ➔ Cresce lentamente sem provocar dor, apresentando-se como uma massa borrachoide ou pastosa, que frequentemente retém a marca dos dedos sob pressão digital. ➔ Infecção secundária pode acontecer, e a lesão pode drenar para o interior da cavidade oral ou para a pele. ➔ Abaixo do m. gênio-hioideo, uma tumefação sublingual pode deslocar a língua superiormente e causar dificuldades na alimentação, fonação ou até respiração. ➔ Acima do m. gênio-hioideo produzem, uma tumefação submentoniana, com aparência de “queixo duplo”. CARACTERÍSTICAS RADIOGRÁFICAS: Delinear a extensão da lesão - IRM, TC ou radiografias com utilização de contraste. CARACTERÍSTICAS HISTOPATOLÓGICAS: Revestidos por epitélio escamoso estratificado ortoceratinizado, com uma camada granulosa proeminente. Ceratina abundante no interior da luz do cisto. Parede cística de tecido conjuntivo fibroso com 1 ou mais anexos cutâneos, como glândulas sebáceas, folículos pilosos ou glândulas sudoríparas. Letícia Kariny Teles Deusdará / Odontologia UFPE TRATAMENTO E PROGNÓSTICO: Remoção cirúrgica. Acima do músculo gênio-hioideo (incisão intraoral). Abaixo do músculo gênio-hioideo (podem necessitar de um acesso extraoral). Recidiva é incomum. Raros relatos de transformação maligna em carcinoma de células escamosas. CISTO DO DUCTO / TRATO TIREOGLOSSO Desenvolvimento da glândula tireóide como uma proliferação de células endodérmicas do soalho ventral da faringe. Primórdio da tireoide migra para o pescoço como divertículo bilobulado anterior ao osso hióide em desenvolvimento, atingindo posição final abaixo da cartilagem tireóide. Ducto tireoglosso: Trato epitelial que mantém união com a base da língua, intimamente associado ao osso hióide. Muitas vezes, o segmento caudal persiste, formando o lobo piramidal da glândula tireóide. O epitélio do ducto tireoglosso sofre atrofia e o ducto é obliterado. Cistos do ducto tireoglosso: Remanescentes deste epitélio que persistem dão origem a cistos ao longo deste trato. Causa para degeneração cística incerta (inflamação, principalmente de tecido linfóide adjacente ou retenção de secreções dentro do ducto). CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS: Desenvolvem-sena linha média e podem ocorrer desde o forame cego na língua até a chanfradura supra-esternal. Cistos supra-hióideos podem apresentar localização submentoniana. 60%-80% dos casos, o cisto desenvolve-se abaixo do osso hióide. Mais diagnosticados nas 2 primeiras décadas de vida; ➔ Tumefação móvel, flutuante e indolor, exceto em caso de infecção secundária. Se desenvolvem na área da cartilagem tireóide, são desviados lateralmente da linha média devido à margem anterior pronunciada da cartilagem tireóide. ➔ Na base da língua podem causar obstrução laríngea. Se o cisto mantém união com o osso hióide ou língua, pode se mover verticalmente durante a deglutição ou protrusão da língua. Letícia Kariny Teles Deusdará / Odontologia UFPE CARACTERÍSTICAS HISTOPATOLÓGICAS: Revestidos por epitélio escamoso estratificado ou colunar. Epitélio cúbico ou até epitélio do intestino delgado pode ser às vezes observado. Tecido tireoidiano pode ocorrer na parede do cisto. TRATAMENTO E PROGNÓSTICO: Técnica de Sistrunk - Cisto removido com o segmento central do osso hióide e ampla porção do tecido muscular ao longo do trato tireoglosso. Recidiva menor que 10%. O carcinoma que se origina do cisto do ducto tireoglosso é uma complicação rara. CISTO DA FENDA BRANQUIAL (LINFOEPITELIAL CERVICAL) Região lateral do pescoço. A patogênese é incerta. Teorias: ➔ Remanescentes das fendas branquiais. Acredita-se que 95% destes cistos originem-se do 2 arco branquial, com os 5% remanescentes originando-se do 1, 3 e 4 arcos branquiais. ➔ Degenerações císticas do epitélio da gl. parótida aprisionado nos linfonodos cervicais superiores. CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS: Ocorrem mais na região lateral superior do pescoço, mais do lado esquerdo, ao longo da margem anterior do músculo esternocleidomastoideo. Cistos bilaterais são raros. ➔ Massa mole, flutuante, com 1-10 cm de diâmetro. Dor ou sensibilidade devido à infecção secundária. ➔ A lesão pode se tornar evidente após um trauma ou infecção das vias aéreas superiores. Algumas lesões apresentam-se como canais ou fístulas que podem drenar muco para a pele. CARACTERÍSTICAS HISTOPATOLÓGICAS: Revestidos por epitélio escamoso estratificado que pode ou não estar ceratinizado. Alguns cistos exibem epitélio respiratório. A parede do cisto contém tecido linfóide, demonstrando muitas vezes formação de centros germinativos. TRATAMENTO E PROGNÓSTICO: Remoção cirúrgica. Quase nunca recidiva. Biópsia por aspiração com Letícia Kariny Teles Deusdará / Odontologia UFPE agulha fina pode ser útil para exclusão de malignidade. CISTO LINFOEPITELIAL ORAL Microscopicamente semelhante ao cisto da fenda branquial (linfoepitelial cervical), porém de tamanho muito menor. Se desenvolve dentro do tecido linfóide oral. Anel de Waldeyer: Amígdalas linguais, palatinas e adenóides faringianas. Tecido linfóide oral - Relação com epitélio de revestimento da mucosa, que apresenta invaginações para o tecido amigdaliano, resultando em bolsas cegas ou criptas amigdalianas que podem estar preenchidas com restos de ceratina. ORIGEM DO CLO: ➔ Criptas amigdalianas obstruídas ou estreitadas na superfície produzem cisto preenchido por ceratina dentro do tecido linfóide, abaixo da superfície mucosa. ➔ Desenvolvimento a partir do epitélio da mucosa de superfície ou do epitélio de glândula salivar retido no tecido linfóide durante a embriogênese. ➔ Também podem surgir de ductos excretores da glândula sublingual ou glândulas salivares menores - Tecido linfóide associado representa resposta imunológica secundária. CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS: Massa submucosa pequena, geralmente menor que 1cm de diâmetro; raramente maior que 1,5cm. Cisto pode ser firme ou mole à palpação, e a mucosa de revestimento é macia e não ulcerada. Lesão branca ou amarela. Pode conter em sua luz ceratina com aspecto caseoso ou cremoso. Geralmente assintomático. ➔ Alguns pacientes queixam-se de tumefação ou drenagem. Dor é rara, ocorrendo secundariamente a um traumatismo. ➔ Tecido linfóide oral normal ou acessório - Mais comum em soalho bucal, superfície ventral, margem lateral da língua, amígdala palatina ou no palato mole. CARACTERÍSTICAS HISTOPATOLÓGICAS: Cavidade cística revestida por epitélio escamoso estratificado paraceratinizado com células epiteliais descamadas preenchendo a luz do cisto. Sem projeções para o conjuntivo. Letícia Kariny Teles Deusdará / Odontologia UFPE Presença de tecido linfóide na parede cística (circundando o cisto ou apenas em parte da parede do cisto). Raramente o revestimento epitelial pode conter também células mucosas. Os cistos podem comunicar-se com a mucosa de revestimento. TRATAMENTO E PROGNÓSTICO: Excisão cirúrgica. Recidiva geralmente não ocorre. Biópsia nem sempre é necessária, desde que a lesão seja característica o bastante para o diagnóstico clínico. HEMI-HIPERPLASIA (HEMI-HIPERTROFIA) Rara. Crescimento acentuado e assimétrico de uma ou mais partes do corpo. Pode ocorrer de forma isolada (esporadicamente) ou estar associada a síndromes de malformação. Fatores etiológicos - teorias: Anormalidades linfáticas ou sanguíneas, distúrbios no SNC, disfunções endócrinas, mecanismos aberrantes de divisão e anomalias cromossômicas. CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS: Predileção por mulheres em relação a homens (2:1). Ocorre na maioria das vezes no lado direito. Aumento mais acentuado com a idade. ➔ Hemi-hiperplasia complexa: 1 lado inteiro do corpo. ➔ Hemi-hiperplasia simples: Aumento limitado a um único membro. ➔ Hiperplasia- hemifacial (hipertrofia hemifacial): Aumento confinado a um lado da face. ➔ Alterações podem envolver todos os tecidos no lado afetado, incluindo osso subjacente. ➔ A pele encontra-se espessada e pode apresentar aumento da pigmentação, hipertricose, telangiectasias ou nevo vascular. ➔ Macroglossia unilateral é comum, exibindo papilas linguais proeminentes. ➔ Pode haver aumento de outros tecidos moles da boca e do osso. ➔ A má oclusão com mordida aberta não é rara. Bibliografia: NEVILLE, B.W. et al Patologia Oral e Maxilofacial tradução de Luiz Carlos Moreira, 3a ed. Elsevier, Rio de janeiro 2009, 972 p.
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